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Protagonismo na educação infantil

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS 
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
CLAUDIA RAMOS 
 
 
 
 
 
PROTAGONISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: professores e alunos como 
sujeitos mais ativos no processo ensino e aprendizagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LEOPOLDO 
2021
 
CLAUDIA RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROTAGONISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: professores e alunos como 
sujeitos mais ativos no processo ensino e aprendizagem 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial para obtenção do título de 
Licenciada em Pedagogia, pelo Curso de 
Pedagogia, da Universidade do Vale do 
Rio dos Sinos – UNISINOS. 
 
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Marques 
Mandarino 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LEOPOLDO 
2021 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, criador do nosso Universo, senti sua presença ao meu lado durante 
todo o trabalho, foi o maior orientador da minha vida e nunca me abandonou nos 
momentos de necessidade, sem a sua direção a conclusão deste trabalho não seria 
possível. 
Ao meu esposo e companheiro João, sólido apoio nos momentos de fraqueza, 
incentivo nas horas em que meus passos se tornaram lentos, pelo apoio incondicional 
oferecido em todos os aspectos. 
À minha querida mãe, Cleoci, que sempre permite e valoriza o meu 
protagonismo, minha árvore da vida, cujo empenho em me educar sempre veio em 
primeiro lugar, que me ensinou como me reerguer diante das adversidades da vida, 
sempre me colocando em primeiro lugar e correndo atrás de tudo para que eu 
alcançasse meus objetivos. 
Ao meu irmão caçula, Vinícius, que sempre, com muita dedicação, me deu 
suporte nos trabalhos acadêmicos, sendo companheiro e cúmplice em minhas 
escolhas. 
Ao meu padrasto Clair, pelas palavras de incentivo e motivação. 
À minha fada madrinha, Nilce, que segurou as mãos de minha mãe em muitos 
momentos, sempre otimista e incentivando a continuar a trajetória. 
Ao meu amado avô de criação, Antônio Kappes (in memoriam), meu maior 
exemplo de um ser humano íntegro e ético, mesmo sem a presença física, sentir que 
estava por perto foi essencial. Meu maior incentivador desde o início, tenho certeza 
de que, se estivesse aqui, estaria orgulhoso de ver o ser humano que me tornei. 
Ao meu professor orientador, Dr. Cláudio Marques Mandarino, cuja dedicação 
e paciência serviram como pilar de sustentação para a conclusão deste trabalho. 
Às professoras entrevistadas e à Associação do Bem Estar da Criança e do 
Adolescente de Gravataí, pela participação e disponibilidade para a realização deste 
trabalho. 
Agradeço, também, a todos os professores que passaram pela minha trajetória 
acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Deixem que o futuro diga a verdade e avalie cada um com o seu 
trabalho e realizações. O presente pertence a eles, mas o futuro 
pelo qual eu sempre trabalhei pertence a mim." 
 
Nikola Tesla 
 
RESUMO 
 
Este estudo teve como objetivo geral analisar a importância do papel do professor 
para favorecer o protagonismo do aluno em relação ao ensino e aprendizagem. Está 
dividido em quatro objetivos específicos: conhecer a relação entre professor e aluno, 
analisar a pedagogia interativa, avaliar como ocorre a relação de professor e aluno no 
processo de ensino e aprendizagem e entender a importância da vivência e 
convivência de modo ativo no desenvolvimento do ensino e aprendizagem. Na 
fundamentação teórica a escrita e pesquisa está pautada em autores como Lóris 
Malaguzzi (1999), Carla Rinaldi (2012), Maria da Graça Souza Horn (2004), Cláudia 
Inês Horn (2017), entre outros. Considera-se a criança como Protagonista ativa em 
seu processo de ensino e aprendizagem, tendo capacidade de se envolver e participar 
da busca por novas aprendizagens e conhecimentos. Quanto à metodologia, trata-se 
de um estudo qualitativo, tendo sido realizado através de entrevistas semiestruturadas 
com duas professoras que trabalham em escola de Educação Infantil, na cidade de 
Gravataí/RS, para verificar a forma de atuação em que o Protagonismo Infantil era 
favorecido. Nos resultados foram encontradas 5 categorias de análise: organização, 
crianças, escola, professor e escola X família e, a partir de 80 unidades de significado, 
foram identificadas 5 categorias de análise. Como conclusão, entende-se que o 
estudo contribuiu para a área de conhecimento da Pedagogia, porém demanda de 
novos desafios e uma observação de campo, de escola e de outras escolas que não 
fazem parte de nossa rotina. Além do mais, esse estudo demanda maiores desafios, 
não só para professores, mas para alunos e família em geral, demonstra um novo jeito 
de agir e pensar, o de fazer e acontecer, para que todos possam trabalhar de maneira 
conjunta e compartilhada, com mais diálogo, principalmente de escola e família, de a 
escola mostrar à família como funciona a organização escolar e como a família pode 
e deve participar dessa organização, pois isso é parceria e, consequentemente, o 
desenvolvimento da criança será fortalecido e que o objetivo seja o desenvolvimento 
de tornar a criança como ser capaz de autonomia e ser protagonista de sua 
aprendizagem. 
 
Palavras-chave: Educação Infantil. Protagonismo infantil. Planejamento. Ensino e 
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................7 
1.1 PROBLEMA E PERGUNTA DE PESQUISA..........................................................9 
1.2 OBJETIVOS............................................................................................................9 
1.2.1 Objetivo Geral.....................................................................................................9 
1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................................9 
1.3 OS CAMINHOS QUE ME LEVARAM A EDUCAÇÃO...........................................10 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................12 
2.1 METODOLOGIA ATIVA........................................................................................12 
2.2 PROTAGONISMO INFANTIL...............................................................................13 
2.2.1 O que diz a BNCC sobre o Protagonismo Infantil.........................................14 
2.3 ESTADO DA ARTE...............................................................................................15 
2.3.1 Livros................................................................................................................16 
2.3.2 Dissertações.....................................................................................................17 
2.3.3 Teses.................................................................................................................18 
2.3.4 Artigos Acadêmicos........................................................................................18 
3 METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................................20 
3.1 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE INFORMAÇÕES....................................20 
3.2 CONTEXTO DA PESQUISA.................................................................................21 
3.3 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES......................................21 
3.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................22 
4 DISCUSSÃO..........................................................................................................26 
4.1 ORGANIZAÇÃO...................................................................................................26 
4.2 PROFESSOR.......................................................................................................30 
4.3 CRIANÇAS...........................................................................................................334.4 ESCOLA X FAMÍLIA.............................................................................................36 
4.5 ESCOLA...............................................................................................................38 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................40 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................45 
APÊNDICE A - TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA Nº 01........................................46 
APÊNDICE B - TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA Nº 02.........................................49 
APÊNDICE C - CARTA DE APRESENTAÇÃO.........................................................55 
APÊNDICE D - CARTA DE ANUÊNCIA PARA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA....56 
 
APÊNDICE E - TERMO DE CONFIDENCIALIDADE PARA COLETA DE 
INFORMAÇÕES DE EMPRESA/INSTITUIÇÃO........................................................57 
APÊNDICE F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..............58 
APÊNDICE G - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.............59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
1 INTRODUÇÃO 
 
Heidegger (1979, p. 257) diz: “Dou uma pequena pista para quem quer escutar: 
não se trata de ouvir uma série de frases que enumeram algo; o que importa é 
acompanhar a marcha de um mostrar”. 
Entende-se por Protagonismo Infantil que a criança é alguém potente, sendo 
capaz de criar, comunicar-se e de relacionar-se com tudo o que está a sua volta desde 
o início da sua vida. Por esse motivo, desde cedo já tem autonomia na participação 
do processo de ensino e aprendizagem. Partindo deste princípio, esse estudo se deu 
pelos momentos da minha trajetória de vida, tanto profissional quanto pessoal. 
Percebendo a necessidade de compreender o processo de ensino e 
aprendizagem por meio da contribuição dos principais indivíduos inseridos dentro da 
sala de aula: o professor e o aluno. Dentro da sala de aula, tanto professor quanto 
aluno, aprendem, ensinam e desenvolvem/compartilham conhecimentos. 
Na Educação Infantil, por se tratar da primeira infância da criança, tudo está em 
transformação constante e crescente, como a educação. 
As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (DCNEI) preconizam: 
 
O atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças se 
afirma na Constituição de 1988, com o reconhecimento da Educação Infantil 
como dever do Estado com a Educação. O processo que resultou nessa 
conquista teve ampla participação dos movimentos comunitários, dos 
movimentos de mulheres, dos movimentos de trabalhadores, dos 
movimentos de redemocratização do país, além, evidentemente, das lutas 
dos próprios profissionais da educação. Desde então, o campo da Educação 
Infantil vive um intenso processo de revisão de concepções sobre educação 
de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas 
pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das 
crianças. Em especial, têm se mostrado prioritárias as discussões sobre 
como orientar o trabalho junto às crianças de até três anos em creches e 
como assegurar práticas junto às crianças de quatro e cinco anos que 
prevejam formas de garantir a continuidade no processo de aprendizagem e 
desenvolvimento das crianças, sem antecipação de conteúdos que serão 
trabalhados no Ensino Fundamental. (BRASIL, 2010, p. 9). 
 
O conceito que consta nas DCNEI (BRASIL, 2010, p. 14) é: 
 
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às 
quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que 
constituem 8 estabelecimentos educacionais públicos ou privados que 
educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em 
jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão 
competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. É dever do 
8 
Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, 
sem requisito de seleção. 
 
Os recursos utilizados foram tecnológicos e humanos, que buscaram seguir 
uma avaliação criteriosa, obras foram averiguadas e autores consultados para o 
presente trabalho, servindo de embasamento ao estudo. 
O estudo buscou a compreensão do processo de ensino e aprendizagem por 
meio do protagonismo de professor e aluno e suas contribuições para o 
desenvolvimento relacionado dentro e fora do ambiente escolar. 
Sabe-se que o objetivo maior na Educação Infantil é o cuidar e educar ao 
mesmo tempo, pois a criança imagina e cria possibilidades diante do mundo à sua 
volta, sendo que cabe ao professor proporcionar e participar de momentos 
representativos e significantes para ela, sem deixar de ter o cuidado com criança, mas, 
também, promovendo a sua inserção no mundo social, para tanto, a Pedagogia existe 
para que isso ocorra de maneira adequada, sendo o professor o agente 
transformador, pois é ele que faz mediações dos saberes da vida das crianças. Indo 
ao encontro disso, Antunes (2003) afirma que esse mesmo professor deve criar, em 
sala de aula, um clima socioafetivo inspirado em projetos de cooperação nos quais se 
compartilham, identificam e constroem saberes. 
Professores não são donos da verdade ou do conhecimento, nem proprietários 
do saber, a Pedagogia interativa afirma que são necessários mestres que questionem 
os alunos, que lancem desafios, criem problemas, discutam casos, mas que isso não 
venha a causar um desequilíbrio no contexto escolar, mas, sim, que os alunos 
observem os caminhos, que sejam racionais, que percebam que existem maneiras 
diversas para a construção do conhecimento. 
Para tanto, existe nos professores a capacidade de transformar a pedagogia 
de certezas por uma pedagogia dos questionamentos, do melhoramento de interação 
das informações, estando sempre de "portas abertas", pois surpresas e imprevistos 
são constantes e, muitas vezes, inevitáveis. 
Sendo assim, posso afirmar que esta monografia, nascida de minhas 
experiências de infância com o protagonismo, busca informações da rotina e vivência 
diária de duas professoras formadas no Magistério e estudantes de Pedagogia lotadas 
em Escola de Educação Infantil, localizada no município de Gravataí/RS. As docentes 
convidadas para o desenvolvimento desta pesquisa, ambas em fase final de formação 
na graduação, atuam como titulares de suas respectivas turmas. 
9 
Na escola, atende-se a crianças com faixa etária de 03 a 06 anos, em turno integral 
(turmas de maternais) e meio turno (turmas de pré-escola). 
 
1.1 PROBLEMA E PERGUNTA DE PESQUISA 
 
A pesquisa busca constatar o esclarecimento de como a atitude do professor 
produz efeito no aluno em relação ao protagonismo no processo de ensino e 
aprendizagem. A partir disso, o presente estudo baseia-se nas seguintes questões 
norteadoras de pesquisa: quais as estratégias de ensino e aprendizagem que podem 
ser utilizadas para potencializar o protagonismo infantil? Como as crianças se 
articulam diante das metodologias ativas do ensino? Como o professor se apresenta 
frente às situações em que promove o protagonismo infantil? Como a convivência se 
torna importante para o ensino e aprendizagem, tanto para o professor quanto para o 
aluno? 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
1.2.1 Objetivo Geral 
 
Analisar a importância do protagonismo do aluno no processo de ensino e 
aprendizagem. 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 
a) Conhecer a relação entre professor e aluno no ambiente escolar; 
b) Analisar a pedagogia interativa no ambiente escolar; 
c) Avaliar como ocorre a relação de professor e aluno no processo de ensino 
e aprendizagem; 
d) Entender a importância da vivência e convivência de modo ativo no 
desenvolvimento do ensino e aprendizagem (professor e aluno). 
 
 
 
 
10 
1.3 OS CAMINHOS QUE ME LEVARAM A EDUCAÇÃO 
 
Em minha experiência de infância vivenciei e passei por processos que 
reproduziam o que eu entendia porescola, por querer ser professora e por ser criança, 
com as minhas bonecas e, também, com quem brincava comigo. Desde muito cedo 
participava de eventos e momentos que me remetiam à escola e foi a partir desses 
momentos e eventos que foi possível observar meu próprio protagonismo na minha 
aprendizagem, sendo que eu conseguia aproveitar todo o tipo de material que me era 
entregue, os usava como fonte de leitura e escrita, descobrindo os vários mistérios 
das palavras. Minha infância seguiu dessa maneira, com muitas brincadeiras, mas 
sempre tive uma preferida, como a maioria das crianças têm, brincar de professora e, 
assim, todos que frequentavam minha casa eram convidados a brincar de escolinha. 
Esse trabalho retrata sobre o Protagonismo Infantil, o interesse nesse tema se 
deu quando iniciei minha primeira experiência dentro da sala de aula, no estágio não 
obrigatório do Magistério, em uma Escola da rede municipal de Campo Bom/RS, 
quando, inicialmente, mal sabia como se realizava um planejamento diário, então 
comecei a observar as crianças, quais eram suas curiosidades, suas preferências por 
brincadeiras e músicas e, então, a partir dessas observações, o interesse em 
favorecer o Protagonismo Infantil ganhou uma ênfase maior. Desde então sempre 
trabalhei na área da educação Infantil, concluí o Magistério realizando o estágio 
obrigatório em uma Escola da rede municipal da cidade de Novo Hamburgo/RS, na 
turma de 3º ano do ensino fundamental e, ali, percebi que o meu interesse maior 
estava voltado à Educação Infantil, em acompanhar e fazer parte do processo de 
desenvolvimento das crianças. 
Até então tem sido um processo de grandes aprendizagens, conhecendo 
muitas pessoas que fazem parte deste processo, bem como as próprias crianças, que 
são parte fundamental deste processo. Sempre tive uma boa relação com as crianças 
e, principalmente, com as famílias, que desempenham papel fundamental no 
desenvolvimento escolar. 
 Atualmente residindo na cidade de Gravataí/RS, tive a oportunidade de 
ingressar na Associação do Bem Estar da Criança e do Adolescente de Gravataí - 
ABEMGRA, que é uma entidade de caráter beneficente, assistencial e educativo, não 
governamental, fundada em 11 de agosto de 1976, tendo como objetivo proporcionar 
condições dignas para o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, 
11 
seguindo leis específicas. É administrada por uma diretoria e conselho fiscal, que são 
eleitos trienalmente. A ABEMGRA conta, atualmente, com 10 escolas de Educação 
Infantil, que atendem cerca de 700 crianças de 2 a 6 anos em turno integral. 
Atualmente sou professora titular na Escola Tia Leonor (parte da rede ABEMGRA) no 
turno da tarde da turma de maternal. Sinto satisfação e gratidão pelas experiências 
que já vivenciei e vivencio todos os dias e, mesmo diante da Pandemia COVID-19, a 
rede não tem deixado de prestar todos os serviços e, principalmente, o acolhimento 
às crianças e famílias, o que reflete na confiança familiar e da comunidade. 
Sendo estudante e futura professora graduada em Pedagogia, posso afirmar 
que a Pedagogia me proporcionou uma rede infinita de novas aprendizagens e novos 
horizontes para o desenvolvimento contínuo da educação e, conforme Barros (2008): 
 
Acho que o quintal onde a gente brincou é maior que a cidade. A gente só 
descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas 
há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. [...] Sou hoje 
um caçador de achadouros de infância. Vou meio dementado e enxada às 
costas a cava no meu quintal vestígios dos meninos que fomos [...]. 
 
Assim como apontado acima, por Barros (2008), tornei-me uma “caçadora" 
incansável de achadouros de infância, estou sempre em buscar para me aproximar 
mais dos pensamentos das crianças, buscando ver o mundo de uma outra forma, 
buscando resgatar dentro de mim a menina que outrora fui, pois antes mesmo de 
pensar neste Protagonismo Infantil, fui protagonista e hoje percebo, ainda mais, que 
as crianças precisam ser ouvidas, que as práticas pedagógicas precisam partir da 
escuta das crianças. 
Sendo assim, a partir do que tenho para este momento acerca dos caminhos 
que me levam à vida profissional da educação, apresento as etapas que compõem 
esta monografia, dividindo-se em: fundamentação teórica, a partir de pesquisas sobre 
a temática do protagonismo infantil, citando autores como Carla Rinaldi (2012), Maria 
da Graça Souza Horn (2004), Cláudia Inês Horn (2017), Carolyn Edwards (1999), Júlia 
Oliveira (2007), entre outros; metodologia, procedimentos para a coleta de 
informações e as estratégias para realizar a análise, tendo como autor principal Lóris 
Malaguzzi (1999), no qual me baseio para apresentar e desenvolver o processo de 
análise de conteúdo; e, por fim, as considerações finais, onde apresento o 
cumprimento dos objetivos e discussão acerca das contribuições e alcances deste 
estudo. 
12 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Sempre houve a necessidade de estudar, analisar e inovar a educação, que 
vem evoluindo de maneira lenta, mas progressiva. O que se sabe hoje é que toda 
informação tem chegado de forma rápida e, dessa forma, também é compartilhada. 
Percebe-se isso através do uso das tecnologias, sendo que as crianças já nascem 
num mundo tecnológico, o que faz com que o professor precise agir de forma a trazer 
esses conhecimentos para dentro da sala de aula, no ambiente escolar, mas não 
deixando que essa tecnologia seja a protagonista. É necessário pensar em maneiras 
criativas de dar aula. 
Tendo como princípio o protagonismo infantil para desenvolvimento da criança 
no processo de ensino e aprendizagem, este capítulo aborda a metodologia ativa e o 
protagonismo infantil e traz uma breve apresentação do que a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) apresenta sobre o protagonismo infantil e a abordagem do 
protagonismo infantil de professor e aluno. 
 
2.1 METODOLOGIA ATIVA 
 
Metodologias ativas são estratégias de ensino que valorizam a potencialidade 
dos alunos, significando a participação no processo de aprendizagem e, dessa forma, 
criando experiências, sendo que o importante é o aprender fazendo. 
As metodologias ativas, segundo Moran (2018, p. 27), “[...] dão ênfase ao papel 
protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas 
as etapas do processo”. 
O professor possui papel de auxiliar a criança, sendo o mediador. É observador, 
reflexivo, identificador e, principalmente, ouvinte. A escola de Educação Infantil possui 
espaços interessantes para a criança, por mais que todos os dias sejam os mesmos, 
mas a cada dia ela se surpreende, para tanto, o espaço escolar deve complementar 
a educação da família, é a escola que realiza o processo de construção através dos 
conhecimentos, identidade da criança e suas habilidades. Tanto professor quanto 
criança são capazes de viver situações em que há trocas de experiências e, dessa 
forma, constroem suas identidades. 
 
13 
[...] considerar a infância como uma condição da criança. O conjunto de 
experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos, geográficos e 
sociais é muito mais do que uma representação dos adultos sobre esta fase 
da vida. É preciso conhecer as representações da infância e considerar as 
crianças concretas, localizá-las nas relações sociais, etc., e conhecê-las 
como produtoras da história (KUHLMANN Jr., 1998, p. 31). 
 
2.2 PROTAGONISMO INFANTIL 
 
Pode-se observar crianças brincando com suas brincadeiras/brinquedos 
preferidos e analisando como interagem entre si e com o professor, elas criam regras 
para suas brincadeiras, criam formas diferentes para o brincar. Dessa forma, o 
professor analisa comportamentos, relacionamentos, interação das crianças com 
outras crianças e com elas mesmas e como interagem com o ambiente à sua volta. 
Vygotsky apud Souza e Martins (2006, p. 114),destaca: 
 
A brincadeira expressa à forma como uma criança reflete, ordena, 
desorganiza, destrói e reconstrói o mundo à sua maneira, é também um 
espaço onde a criança pode expressar, de modo simbólico, suas fantasias, 
seus desejos, medos, sentimentos, conhecimentos que vão sendo 
construídos, a partir das experiências que vivem. 
 
O professor precisa ter condições para a compreensão de seus alunos, precisa 
conhecer seus alunos, saber das curiosidades deles, dessa forma, desenvolverá um 
trabalho por excelência e adequado à idade das crianças. O professor também precisa 
saber lidar com a diferença nas mais diversas características das crianças, há as que 
necessitam de um auxílio maior, visto que elas estão em formação, em 
desenvolvimento constante e crescente. Para cada faixa etária da Educação Infantil 
há características, necessidades e maneiras diferentes de entender as coisas, sendo 
que cabe ao professor contribuir para o desenvolvimento para que todos os fatores 
sejam sentidos, principalmente no que tange ao desenvolvimento afetivo. 
Um dos estudiosos que trouxe grandes contribuições à educação foi Piaget. 
Ele considera que o sujeito aprende construindo e reconstruindo o seu pensamento, 
ou seja, o conhecimento é uma construção progressista, que vai se organizando 
conforme o sujeito interage com o mundo ao seu redor. 
A aprendizagem é um processo que é construído de maneira interna e, para 
que ocorra com êxito é necessário que o sujeito passe por todos os níveis de 
desenvolvimento. Becker (2012, p. 168) afirma: “Piaget diz que aprender é criar 
14 
estruturas de assimilação. A cada patamar de desenvolvimento, construído pelo 
sujeito, correspondem novas possibilidades de aprendizagem”. 
Analisando a fala de Piaget compreende-se que o aluno passa a assumir um 
papel ativo no processo de construção do conhecimento, cabe então ao professor 
oportunizar e oferecer possibilidades para que, dessa forma, o aluno progrida 
conforme cada estágio do desenvolvimento. Sendo assim, o professor passa a 
exercer a função de mediador. Segundo as DCNEI (BRASIL, 2013, p. 89): 
 
Educar do modo indissociado do cuidar é dar para as crianças explorarem o 
ambiente de diferentes maneiras (manipulando matérias da natureza ou 
objetos, observando, nomeando objetos, pessoas, ou situações, fazendo 
perguntas, etc.) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à 
medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo 
singular das formas culturais de agir, sentir, pensar. Isso requer do professor 
ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção 
especial conforme as necessidades que identifica nas crianças. 
 
2.2.1 O que diz a BNCC sobre o Protagonismo Infantil 
 
A BNCC se aplica através dos conhecimentos para que haja sentido na 
aprendizagem e no protagonismo, sendo de extrema importância à construção do 
projeto de vida da criança. O protagonismo é a capacidade de enxergar-se, sendo o 
principal agente da sua própria vida, sendo responsável por suas ações e, assim, as 
distinguindo das ações de outros indivíduos, a capacidade de expressão e confiança 
em si próprio e além disso, tendo responsabilidade por suas atitudes. 
O aluno que é protagonista tem a confiança que pode e consegue aprender, 
indo em busca das mais diversas maneiras e formas para que isso ocorra e faz isso 
não somente de maneira individual, mas coletivamente, com todos os indivíduos 
colaborando juntos e unidos. 
A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, assim a BNCC traz 
os seis direitos de aprendizagem e seus desenvolvimentos para esta fase, tão 
simbólica e primordial para a vida das crianças, a partir do conviver, brincar, participar, 
explorar, expressar e conhecer-se. 
É nessa fase que o professor deve garantir e lançar o protagonismo infantil, 
dessa forma a crianças já começa a exercitar o protagonista que há dentro de si. A 
criança se torna ativa com a criação de propostas de atividades em sala de aula, ela 
já consegue escolher as atividades que mais lhe chamam a atenção e que gostam, os 
15 
ambientes da escola que mais lhe agradam e nos quais se sentem mais confortáveis 
e, dessa forma, desenvolvem linguagens de expressão e de opinião, tornando-se 
indivíduos críticos e, assim, desenvolvem conhecimentos. 
O professor tem papel fundamental no protagonismo infantil, sendo ele, 
também, um agente protagonista, mas cabe a ele incentivar e mediar as crianças para 
que elas tentem solucionar conflitos do cotidiano, que as instigue a serem 
questionadoras e que interajam com os demais colegas e com o professor. Agindo 
assim, o professor coloca a criança no centro do processo que gera inúmeras 
possibilidades de uma aprendizagem coletiva e ampla, tornando o plano de aula 
curioso e com várias portas que serão abertas a cada momento através da curiosidade 
do professor e do aluno, gerando o protagonismo infantil dentro da sala de aula. 
Kinney e Wharton (2009, p. 23) confirmam a seguinte ideia: 
 
Devemos reconhecer que as crianças são participantes ativos da sua própria 
aprendizagem. Isso significa colocá-las no centro do processo, garantindo 
que estejam totalmente envolvidas no planejamento e na revisão da sua 
aprendizagem juntamente com os educadores e que possam se envolver em 
conversas importantes com os adultos e com outras crianças, de modo a 
estender suas ideias e pontos de vista. 
 
Pode-se destacar que são os professores (os adultos) a principal conexão entre 
as crianças e suas ações continuadas. A partir disso, Malaguzzi (1999, p. 98) afirma: 
“Aprender a reaprender com as crianças é a nossa linha de trabalho, [...] as crianças 
não são moldadas pela experiência, mas dão forma à experiência”. Através de tal 
afirmação é possível observar e ter convicção de que as crianças são o centro do 
ensino e aprendizagem, é através delas que os professores analisam e planejam seus 
planejamentos de aula e que a escola cria uma conexão com a família, tornando o 
comprometimento a base de tais ações. 
 
2.3 ESTADO DA ARTE 
 
Para a elaboração do trabalho buscou-se por materiais teóricos em diversas 
plataformas de pesquisa online, utilizando-se das seguintes palavras-chave: criança 
protagonista, pedagogia da escuta, protagonismo infantil e educação infantil. A partir 
disso foram encontrados vários trabalhos que desenvolveram pesquisas centradas ao 
tema que buscava que era o protagonismo infantil e professores e alunos ativos. 
16 
Sendo assim, para uma melhor compreensão do tema optou-se por organizar as 
pesquisas separadamente, em seções de livros, dissertações, tese e artigos 
acadêmicos, conforme segue. 
 
2.3.1 Livros 
 
Um dos livros utilizados foi o "Histórias, Ideias e Filosofia Básica - As cem 
linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na Educação da primeira 
infância", de Loris Malaguzzi, in: Carolyn Edwards, Lella Gandini e Geroge Forman. 
Malaguzzi foi pedagogo e começou a ensinar nas escolas primárias de 
Sologno, próximo a Reggio Emilia, nos anos seguintes juntou-se em um projeto de 
construir e operar uma escola para crianças em uma pequena aldeia em Reggio Emilia 
e foi a partir daí que outras escolas começaram a nascer nos bairros pobres da cidade. 
Malaguzzi era defensor da pedagogia da escuta ativa, fazendo relações entre as 
linguagens oral e escrita e fazia questão de que o cérebro fosse exercitado, 
relacionando o processo de aprendizagem, assim como Dewey no aprender fazendo, 
sendo primordial o aprender com a experiência. As crianças demonstram facilidade 
em se expressar de forma artística e isso também é uma forma de manifestar sua 
linguagem. Cada criança possui características diferentes e cada uma possui uma 
maneira de se manifestar e, a partir disso, pode-se destacar que cada uma possui 
infinitas linguagens de comunicação. 
Malaguzzi (1999) observa que cada disciplina se vinculacom outra, nenhuma 
é isolada. As cem linguagens são estratégias que se ligam para a construção, 
conforme mostra o trecho retirado de As Cem Linguagens da Criança de Malaguzzi 
(1999, p. 3). 
 
A criança é feita de cem. 
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar 
e de falar. 
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. 
Cem alegrias para cantar e compreender. 
Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. 
Cem mundos para sonhar. 
A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe 
noventa e nove. 
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo. 
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de 
não falar, 
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no 
Natal. 
17 
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem, roubaram-lhe 
noventa e nove. 
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a 
imaginação, 
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas. 
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem 
existem. 
 
O segundo livro, “Pedagogia(s) da Infância: dialogando com o passado: 
construindo o futuro”, de Júlia Oliveira-Formosinho, professora aposentada da 
Universidade de Minho, resume que é necessário desconstruir a forma participativa 
antiga da educação. É de extrema necessidade que haja diálogo com a história para 
que se possa construir não somente o presente, mas o futuro. Para tanto, apresenta 
o educador italiano Malaguzzi e sua obra, especialmente suas ideias sobre a criança 
pequena, sendo este o centro de sua pedagogia. A pedagogia de Malaguzzi é uma 
descoberta para o leitor conhecer sua dimensão, intenções, princípios, concepções 
sobre a criança e a participação da família, assim como o trabalho pedagógico 
comprometido no âmbito da educação pública. 
O terceiro livro, “Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender”, 
de Carla Rinaldi, que foi diretora dos centros municipais para a primeira infância de 
Reggio Emilia e sucessora de Malaguzzi, traz em si o relato de uma proposta 
transformadora em educação, idealizada por Malaguzzi, trazendo, também, a 
pedagogia da escuta, tendo a criança como protagonista em seu processo de 
conhecimento e aprendizagem. Também relata algo que é fundamental atualmente 
no cotidiano, a participação da família na vida escolar, é um registro de abordagens 
pedagógicas, incluindo práticas e experiências. 
 
2.3.2 Dissertações 
 
Para a pesquisa buscou-se pela palavra-chave “protagonismo infantil”, 
obtendo-se inúmeros resultados, sendo que o interesse foi pela dissertação de 
Mariângela Costa Schneider, a qual se refere exclusivamente ao protagonismo. Na 
segunda pesquisa de dissertação o filtro foi “educação infantil” a partir da qual foram 
obtidos inúmeros resultados, mas o interesse foi pela dissertação de Simone de Melo. 
 A dissertação de Mariângela Costa Schneider foi publicada em 2016 e foi citada 
por outros sete trabalhos acadêmicos, sua publicação foi realizada em um período em 
que já havia outros temas relacionados ao protagonismo infantil. Trata-se de uma 
18 
pesquisa que analisa e investiga as estratégias de ensino que favorecem o 
protagonismo infantil na sala de aula e como as crianças se apresentam diante das 
propostas feitas pela professora. 
A dissertação de Simone de Melo foi publicada em 2019, não tendo sido citada 
ainda em outro trabalho, busca identificar e refletir as compreensões das práticas 
pedagógicas na Educação Infantil expressas por acadêmicas egressas do curso de 
Pedagogia da UFFS e o confronto com contextos de Educação Infantil, é um trabalho 
que precisa de uma continuidade e estudos mais abrangentes. 
 
2.3.3 Teses 
 
Para a pesquisa de teses, a palavra-chave utilizada foi “criança protagonista”, 
tendo sido encontrados 680 trabalhos, sendo escolhido o de Cláudia Inês Horn, que 
traz um título bastante pertinente: “Documentação Pedagógica: a produção da criança 
protagonista e do professor designer”. A tese foi publicada no ano de 2017, sendo 
citada em dois trabalhos, ela faz com que se possa refletir sobre a documentação 
pedagógica, bem como a aprendizagem das crianças, mostrando a importância da 
investigação para a compreensão das práticas de registros, demonstrando as 
particularidades de cada criança em seu cotidiano no ambiente escolar. A tese 
destaca o protagonismo infantil, sendo a criança protagonista, demonstrando aquilo 
que deseja "aprender" e o professor designer sendo o mediador, trazendo inovação 
para dentro da sala de aula e, dessa forma, redirecionando os modos de ser docente 
na Educação Infantil. O título da tese faz refletir justamente pela frase: “a criança 
protagonista e o professor designer”, mostrando mais uma vez que dentro da sala de 
aula o professor é o mediador, auxiliador, aquele que tem o “poder” de nortear a 
criança. 
 
2.3.4 Artigos Acadêmicos 
 
Em pesquisa associada ao tema deste trabalho, foram encontrados vários 
artigos acadêmicos. A pesquisa foi realizada no site “Google Acadêmico” e foi usada 
a palavras-chave “criança protagonista”. Em uma segunda pesquisa realizada no site 
“Passei Direto”, a palavra-chave usada foi “pedagogia da escuta”. 
19 
O primeiro artigo localizado foi publicado em 2014, sendo o seguinte: “A criança 
como protagonista de transformação na escola: a educação empreendedora em 
questão”, de Camila Benatti Saroba, citado em dois trabalhos. Tal artigo faz refletir 
que o ambiente escolar tem função essencial para formar crianças como agentes 
transformadores no futuro e agentes empreendedores, afirmando, também, que todo 
agente protagonista é um agente empreendedor, pois estão inseridos e em 
desenvolvimento para o crescimento econômico, apontando que o ser humano tem 
capacidade de construir uma sociedade melhor. 
No segundo artigo, publicado em 2019: “A pedagogia da escuta na prática 
pedagógica da educação infantil”, de Mayara Soares Pereira e Márcia Agostinho, tem-
se a convicção de que a criança é protagonista em seu processo de ensino e 
aprendizagem, que é necessária uma aprendizagem/estudo maior para os 
profissionais da educação, pois é preciso dar espaço para elas adquirirem 
experiências e práticas, apontando, também, que professor é mediador e auxiliador 
no processo de ensino e aprendizagem. 
 
20 
3 METODOLOGIA DE PESQUISA 
 
A metodologia de pesquisa desenvolveu-se a partir da curiosidade da autora 
em analisar e relatar a experiência de duas professoras formadas no Magistério e 
cursando Pedagogia, que atuam em uma escola de educação infantil, sendo ambas 
titulares em turmas do Pré. A coleta de informações foi realizada em formato de 
entrevistas, que apresentaram contribuições e visões em relação ao protagonismo 
infantil, tratando de professores e alunos como sujeitos mais ativos no processo de 
ensino e aprendizagem. Para a realização da coleta de informações, foi organizado 
um roteiro de perguntas para a entrevista, dividindo-a em sete perguntas específicas, 
além disso, o diálogo da entrevista foi gravado por áudio para que absolutamente nada 
do que fosse falado naquele momento pudesse ser perdido ou esquecido. 
Posteriormente, a entrevista foi transcrita, a fim de que pudessem compor o corpus 
analítico desta monografia. 
 
3.1 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE INFORMAÇÕES 
 
Para dar início ao processo investigativo de entrevistas, de início, foram 
cumpridos os ritos legais, isto é: foi entregue a identificação da autora para a Escola 
Tia Leonor, a qual a diretora da escola passou para a administração da ABEMGRA 
para o aval de concordância, através da Carta de Apresentação (APÊNDICE C). Após, 
foram coletadas as assinaturas da direção da Escola Tia Leonor e da administração 
da ABEMGRA, no Termo de Confidencialidade para Coleta de Informações de 
Instituição (APÊNDICE E) e na Cartade Anuência para Autorização da Pesquisa 
(APÊNDICE D). Para as professoras-alvo de pesquisa, solicitou-se que autorizassem 
sua participação, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(APÊNDICES F e G). 
Realizados os trâmites legais, partiu-se para a entrevista, que é investigativa e 
de cunho qualitativo. Para os questionários lançados às entrevistadas, utilizou-se das 
sete seguintes questões-chave: 
 
a) Como você organiza seus projetos e planejamentos diários? 
b) Poderia me relatar como é a rotina em sua sala de aula? 
21 
c) Poderia me dar um exemplo de uma aprendizagem que achou 
significativa e que marcou seu projeto/planejamento? 
d) Poderia me descrever estratégias de ensino e como as crianças 
responderam a elas? 
e) Como você percebe a importância do brincar na infância em sua sala de 
aula? 
f) Quais desafios tens encontrado para realizar sua proposta educativa? 
g) Você já desenvolveu alguma proposta a partir dos interesses que as 
crianças apresentaram em sala de aula? 
 
Em relação às entrevistas, as professoras convidadas para essa pesquisa 
foram nomeadas como "A" e "B", a fim de suas identidades serem preservadas. A 
título de apresentar mais os sujeitos da pesquisa, informou-se que a professora "A" 
atua na educação infantil há 5 anos, trabalha com a faixa etária do Pré aos 3 anos e 
cursa o 7º semestre de Pedagogia. A entrevista ocorreu no dia 01 de abril de 2021, 
de forma presencial, na escola e foi gravada por áudio. Já a professora "B" atua na 
educação infantil há 14 anos, trabalha com a faixa etária do Pré aos 13 anos e cursa 
Pedagogia, sendo que a sua entrevista ocorreu no dia 15 de abril de 2021, de forma 
presencial, na escola e foi gravada por áudio. 
 
3.2 CONTEXTO DA PESQUISA 
 
A Associação do Bem Estar da Criança e Adolescente de Gravataí - 
ABEMGRA, entidade de caráter beneficente, assistencial e educativo, não 
governamental, fundada em 11 de agosto de 1976, que tem como objetivo 
proporcionar condições dignas para o pleno desenvolvimento da criança e do 
adolescente, seguindo as leis específicas como: LDB, ECA E LOAS, é administrada 
por uma Diretoria e Conselho Fiscal, eleitos trienalmente. 
A associação conta, atualmente, com dez Escolas de Educação Infantil – EEIs, 
que atendem cerca de 700 crianças de 2 a 6 anos de idade, em turno integral. A 
ABEMGRA é um centro de referência na região, pela qualidade do processo 
educacional desenvolvido e pela excelência do desempenho, união e 
comprometimento de seus funcionários. 
22 
Possui a missão de assegurar um ensino de qualidade, formando cidadãos 
críticos, conscientes e participativos, capazes de interagir, e intervir na realidade. Ser 
espaço de conhecimento, lazer, brincadeira, cultura, pesquisa, e criatividade, onde o 
aperfeiçoamento constante favoreça o aprimoramento da formação pedagógica e 
técnico-científico, de forma a responder às necessidades emergentes da sociedade, 
visando que a criança consiga sair da pré-escola preparada para a escola, inclusive, 
a escola da vida. 
A ABEMGRA dá ênfase em especial aos valores e atitudes universais, 
destacando a fé, esperança, solidariedade, competência, liberdade, responsabilidade, 
coerência, respeito, honestidade, dignidade e justiça. Também são trabalhados: 
disciplina, compromisso ético, humildade, amor, perseverança, companheirismo e 
cooperação. 
 
3.3 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES 
 
No material das entrevistas, primeiramente, são identificadas as unidades de 
significado, após são organizadas em categorias de análise: organização, crianças, 
escola, professor e escola X família. Conforme são descritas as informações, 
estabelecem-se formas seguras para que o objetivo geral seja contemplado. 
A análise de informações é uma maneira de explorar e descobrir novos 
conhecimentos. As informações remetem a representações sociais e mentais, 
produzidas perante as mais diversas condições: históricas, econômicas ou 
socioculturais. 
 
3.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 
Para analisar os resultados, os temas foram divididos em categorias de análise 
para que seja melhor a compreensão. Em respeito às orientações, o quadro 1 
apresenta os dados coletados, extraídos das falas das entrevistadas e analisados. 
A partir da transcrição das entrevistas, conforme desenvolvimento das 
conversas e falas das professoras, foram classificadas por unidade de significado, 
após foram desenvolvidas as categorias de análise, classificadas em: organização, 
crianças, escola, professor e escola X família. Assim, em seguida, foi elaborada a 
23 
discussão sobre cada categoria de análise citada e apresenta-se as falas das 
professoras relacionando-as com os autores estudados. 
 
Quadro 1 - Análise de Conteúdo 
Unidade de Significado Categoria de Análise 
- organizar/organização/organizassem; 
- organização da sala de aula; 
- participação da limpeza e alimentação; 
- analisam sugestões; 
- hora das refeições/horários/almoço/higiene pessoal; 
- hábito de guardar; 
- separar/separei tudinho/separar brinquedos; 
- duas caixas; 
- hábito de uma rotina; 
- dentro da sala de aula/sala; 
- criar regras/formulam regras; 
- ordem; 
- estratégias de ensino; 
- planejar; 
- maternal – crianças pequenas. 
Organização 
 
 
 
 
- crianças; 
- crianças cuidavam; 
- resposta das crianças sempre imediata; 
- crianças poderiam pegar qualquer brinquedo; 
- 22 crianças; 
- perfil/personalidade da criança (brigões/brigar/ 
obediente/ativas/agitados); 
- criança não vem na escola; 
- crianças gostavam; 
- entusiasmo; 
- alegria; 
- experimenta o mundo; 
- chegam chorando/sorrindo; 
- querem brinquedinho/massinha; 
- questão do limite/não tinham limite/limite com 
brincadeiras na rua e pracinha/noção de limite; 
- bebês/não entendiam/não falavam; 
- 3 anos; 
- divertido; 
- brincar livremente/brincar com tudo da sala; 
- organiza suas emoções; 
- desafio; 
Crianças 
24 
- conversação. 
- autonomia; 
- liberdade; 
- espaço escolar/escola; 
- aberto todos os dias; 
- novidades; 
- relações sociais; 
- boa resposta; 
- segue orientações; 
- pedagogas/montagem das pedagogas; 
- reúne com as demais colegas; 
- sugestões; 
- pátio/brincadeiras na rua/pracinha; 
- rodinha; 
- qualquer momento do dia; 
- quadra/areia/casinha; 
- estrutura; 
- resultado; 
Escola 
- orientar brincadeiras/dirigindo brincadeiras; 
- sequência de atividades/atividades/englobando um 
todo de atividades; 
- planejamentos diários/planejamentos/trocando o 
planejamento; 
- 3 ou 4 atividades; 
- dinâmicas/brincar no barro; 
- materiais simples/trabalho com coisas 
simples/atividades simples; 
- aula de qualidade; 
- procuro trazer algo que vá chamar a atenção/ 
procuro dar uma modificada; 
- estratégias; coisas do interesse deles/partir daquilo 
que eles gostam/chama atenção; 
- boa aula; 
- propor atividade; 
- coisa diferente; 
- nossa função; 
- trabalhar com uma organização; 
- decidi trabalhar com as crianças; 
- sempre pergunto; 
- incluir todas as crianças; 
- incentivo; 
- trazer curiosidades; 
- disposição/trabalhar; 
Professor 
25 
- trabalha isso com minha colega/colega não ligava; 
- conhecer as crianças; 
- participação da família; 
- pais estão participando; 
- não interagem; 
- família em geral; 
- famílias sempre comentam; 
- alguém para cuidar; 
Escola X Família 
Fonte: Banco de dados da pesquisadora, entrevistadas A e B (2021). 
 
 
26 
4 DISCUSSÃO 
 
4.1 ORGANIZAÇÃO 
 
Salienta-se a importância da organização do espaço escolar no que tange ao 
processo educativo, pois é o espaço escolar que auxilia trazendo contribuições ao 
processo de ensino e desenvolvimento na aprendizagem da criança. Quando a 
organização ocorre, há infinitas possibilidades de interações e traz-se grandes 
experiências na prática educativa. Ressalta-se, também, que a criança é responsávelpela organização da sala de aula, sendo assim promotora do protagonismo do seu 
ambiente escolar. 
 
É no espaço físico que a criança consegue estabelecer relações entre o 
mundo e as pessoas, transformando-o em um pano de fundo no qual se 
inserem emoções. Essa qualificação do espaço físico é que o transforma em 
um ambiente. [...] nessa dimensão o espaço é entendido como algo 
conjugado ao ambiente e vice-versa. Todavia é importante esclarecer que 
essa relação não se constitui de forma clara. Assim sendo, em um mesmo 
espaço podemos ter ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não 
significa que sejam iguais. Eles se definem com a relação que as pessoas 
constroem entre elas e o espaço organizado (HORN, 2004, p. 28). 
 
O ambiente escolar deve ser planejado e organizado para que possa atender 
às crianças e, assim, desenvolvê-las para que sejam cidadãos críticos e reflexivos. 
Além disso, deve-se sempre investigar as necessidades do ambiente, possibilitando 
ser uma forma de chamar a atenção das crianças para aquele lugar, que se tornará a 
sua segunda casa e, visto que muitas crianças passam a maior parte do seu tempo 
dentro desse ambiente, rodeadas de pessoas que, de início, podem causar 
estranhamento, pois não faziam parte de seu convívio. 
É necessário, muitas vezes, haver uma readequação ao ambiente para assim 
atingir ao alvo, que são as crianças, por isso a necessidade de ter pessoas gestoras 
dentro do ambiente escolar. Além disso, o ambiente escolar deve ser pensado para a 
criança, não deve ser um ambiente adultocêntrico, sendo que a maior envolvida nesse 
ambiente é a criança, visto isso, conforme Malaguzzi (1999, p. 86): 
 
Valorizamos o espaço devido a seu poder de organizar, de promover 
relacionamentos agradáveis entre as pessoas de diferentes idades, de criar 
um ambiente atraente, de oferecer mudanças, de promover escolhas e 
atividades, e devido a seu potencial para iniciar qualquer espécie de 
aprendizagem social, afetiva e cognitiva. Tudo isto contribui para uma 
27 
sensação de bem-estar nas crianças. Também pensamos que o espaço deve 
ser uma espécie de aquário que espalhe as ideias, os valores, as atitudes e 
a cultura das pessoas que vivem nele. 
 
No espaço escolar são as crianças e os professores que compartilham espaço, 
ideias, aprendizagens, conhecimentos e, assim, criam vínculos. É importante que o 
professor também dê oportunidade à criança para que haja trocas. Observa-se que 
dentro da sala de aula, muitas crianças, em certos momentos do dia, buscam refugiar-
se em algum cantinho da sala para ficarem sozinhas ou em pequenos grupos, 
ressaltando-se que é importante que a criança tenha o seu espaço, o seu momento. 
Além de ter a organização do ambiente escolar é necessário que haja 
organização quanto ao planejamento diário, por esse motivo, é importante entender 
como a colaboradora destaca o planejamento: “Olha no geral, independente, às vezes 
tu planeja uma coisa e as crianças não vem na escola, tu planeja uma boa aula e as 
crianças não vem, esse é um desafio.” (ENTREVISTADA B). 
A partir desse relato, pode-se verificar quatro (4) unidades de significado, são 
elas: tu planeja, crianças, tu planeja uma boa aula, esse é um desafio. Sendo assim, 
a partir do que a entrevistada B manifesta ao planejar se percebe a unidade de 
significado “tu planeja uma boa aula” como de maior significado diante das demais, 
percebe-se que as ações do cotidiano que as crianças realizam no ambiente escolar 
fazem parte fundamental do currículo, entendendo que na área da Educação Infantil 
o planejar do professor é parte essencial da organização para que haja um bom 
andamento de sua aula, compreendendo, assim, uma construção de conhecimento 
de forma articulada. 
Rinaldi (2012, p. 88) pontua que: “No que tange à organização, eu gostaria de 
reiterar que organização e planejamento também são cruciais para a participação”. 
Indo ao encontro disso, compreende-se que a partir do ato de planejar uma boa aula 
o professor cria uma expectativa pensando no próximo dia ou momento que terá com 
sua turma, visando sua proposta de trabalho que tem tudo para ser realizada com 
êxito, porém, ocorre que, muitas vezes, sua proposta é frustrada, pelo fato de as 
crianças não irem à escola ou, até mesmo, por não participarem do que é proposto, 
sendo que a partir disso surge um grande desafio de reorganização, mas, também, 
relata-se a importância de se destacar sobre as crianças presentes, que de alguma 
forma contribuíram para o seu protagonismo naquele momento, participaram e 
realizaram atividades que oportunizaram crescimento no processo do ensino e 
28 
aprendizagem. Salienta-se, ainda, a importância e o dever de as crianças 
frequentarem a escola, participando de discussões e vivenciando a construção de 
uma aprendizagem adequada, tornando-se, assim, evidente o protagonismo das 
crianças que estarão em cena no ambiente escolar, para tanto, Rinaldi (2012, p. 162) 
salienta que: 
 
É agindo e fazendo que as crianças se tornam capazes de compreender a 
trilha de seu aprendizado e a organização de sua experiência, de seu 
conhecimento e do significado dos seus relacionamentos com os outros. Ao 
refletir sobre as próprias ações, as pessoas ajudam a construir a 
diferenciação que molda o sujeito inteligente, o objeto conhecido e as 
ferramentas do saber. 
 
Pensando na fala de Rinaldi, destaca-se que as crianças possuem inúmeras 
capacidades de agir sem a interferência dos adultos, as crianças conseguem 
organizar-se, da sua forma e, assim, adquirem suas próprias experiências, sendo 
assim, continuo a enfatizar o que Malaguzzi (1999) salienta, afirmando que as 
crianças são capazes, de um modo autêntico, de construir mapas para a sua própria 
aprendizagem. Pensando nisso, as crianças podem, sim, construir sua própria 
organização e contribuir para a organização do ambiente escolar. 
Os planejamentos diários precisam ser construídos para as crianças e com o 
auxílio delas através de suas curiosidades, suas perspectivas e expectativas de 
conhecimentos, lembrando sempre que o ambiente escolar, a sala de aula, deve ser 
um ambiente confortável, afinal é a segunda casa da criança e do professor, para 
tanto, deve trazer o sentimento de estar em casa, de sentir-se à vontade e sentir-se 
bem. Malaguzzi (1999, p. 75) salienta: 
 
Essa escola exige pensamento e o planejamento cuidadosos com relação 
aos procedimentos, às motivações e aos interesses. Ela deve incorporar 
meios de intensificar os relacionamentos entre os três protagonistas centrais, 
de garantir completa atenção aos problemas da educação e de ativar a 
participação e pesquisas. Estas são as ferramentas mais efetivas para que 
todos os envolvidos - crianças, professores e pais - tornem-se mais unidos e 
conscientes das contribuições uns aos outros. 
 
Os professores, com suas formas de planejar, são fundamentais para que as 
crianças exerçam suas funções de protagonistas da sua própria aprendizagem, 
sabendo que o seu planejar pode e deve ser construído com o auxílio e colaboração 
de cada criança. O professor aparece como um mediador do vínculo da criança e 
29 
escola e, consequentemente, a família torna-se grande aliada no processo de ensino 
e aprendizagem. O planejar possibilita inúmeras aprendizagens e novas descobertas 
a partir das questões e curiosidades das crianças relacionadas ao meio em que estão 
inseridas. 
Quando se fala que a escola deve ser confortável é pelo motivo de ela ser o 
segundo lar da criança e, também, do professor. Malaguzzi (1999, p. 61) afirma que: 
"as coisas relativas às crianças e para as crianças somente são aprendidas através 
das próprias crianças." 
As crianças são participantes ativas das suas próprias aprendizagens, o 
aprender e o reaprender com as crianças deve ser tido como um principal objetivo, 
pois as crianças aprendem com as experiências e as experiências irão moldando-as.Conforme dados coletados através da colaboradora, tratando de uma turma de 
maternal, ou seja, crianças pequenas, a Entrevistada B afirmou o seguinte: 
 
“Então comecei a trabalhar a organização com eles, separar brinquedos e 
comecei a fazer brincadeiras na rua, minha colega também não levava eles 
para o pátio com medo que eles se machucassem, só que eu tinha uma 
esperança que fosse mudar, comecei a trabalhar com eles o limite com 
brincadeiras na rua e pracinha e funcionou, a questão dos brinquedos eu 
comecei a separar, um dia peguei duas caixas e separei tudinho e aí já fui 
trabalhando formas, cores, seriando e classificando as coisas, tudo bem, 
valeu, foi bem básico para eles porque era maternal.” 
 
No trecho acima foram encontradas dez unidades de significado, sendo elas: 
trabalhar a organização, separar brinquedos, brincadeiras na rua, o pátio, esperança 
que fosse mudar, comecei a trabalhar com eles o limite, brincadeiras na rua e 
pracinha, separar, separei tudinho, trabalhando formas, cores, seriando e 
classificando as coisas. A partir disso, analisando esse trecho da entrevista, entende-
se que há a necessidade de uma organização dentro do ambiente escolar, a 
organização que se deve ter em sala de aula, para assim chamar a atenção das 
crianças, pois sabe-se que o momento da adaptação escolar é complicado e quando 
temos dentro da sala de aula um ambiente organizado, com objetos ao alcance do 
olhar das crianças, isso se torna um atrativo e as crianças exploram o seu 
protagonismo próprio. Dentre as unidades de significado a que soa com maior 
intensidade é “trabalhar a organização”, sendo que de primeiro impacto a impressão 
é de que o organizar é complicado e nos traz certos receios e dificuldades 
momentâneas, mas, pelo contrário, é necessário um planejamento do cotidiano para 
30 
que a organização aconteça. A organização do espaço escolar molda as relações 
entre professor e aluno, podendo trazer grandes benefícios e, em alguns casos, 
malefícios também. Conforme Malaguzzi (1999, p. 86): 
 
Valorizamos o espaço devido a seu poder de organizar, de promover 
relacionamentos agradáveis entre as pessoas de diferentes idades, de criar 
um ambiente atraente, de oferecer mudanças, de promover escolhas e 
atividades, e devido a seu potencial para iniciar qualquer espécie de 
aprendizagem social, afetiva e cognitiva. Tudo isto contribui para uma 
sensação de bem-estar nas crianças. Também pensamos que o espaço deve 
ser uma espécie de aquário que espalhe as ideias, os valores, as atitudes e 
a cultura das pessoas que vivem nele. 
 
No trabalhar da organização todos que estão envolvidos no ambiente irão 
compartilhar os mais diversos e diferentes aprendizagens, visto isso, conforme relato 
de Branzi (2013, p. 134): “as questões predominantes no espaço relacional são as 
relações que este espaço permite”. É preciso considerar um todo no ambiente escolar, 
considera-se a criança, o professor e o ambiente ao todo e, dessa forma, todos 
poderão criar e recriar relações entre si, gerando novas trocas. Salienta-se que a 
criança cria relações com o espaço que está inserida. 
 
4.2 PROFESSOR 
 
Em épocas passadas o professor era o centro de transmissão de 
conhecimentos e o agente principal de informações, atualmente o professor vem 
abrindo novos horizontes para novos agentes transmissores de conhecimentos e 
aprendizagens significativas, onde todos dentro do ambiente escolar tem voz e vez 
ativa. Diante de tantas mudanças na área da educação, o professor continua tendo 
papel fundamental na educação de indivíduos. 
Segundo Vygotsky (1988 apud PELLEGRINI, 2001, p. 25), "O indivíduo não 
nasce pronto, nem é cópia do ambiente externo". Vygotsky entendia que o 
desenvolvimento é fruto das experiências. 
A união de professor e criança é uma relação extremamente séria e os dois 
estão muito comprometidos no que tange ao ensino e à aprendizagem. As crianças 
sabem trabalhar de forma atenciosa na construção do ensino e da aprendizagem, pois 
sabe-se que, no fundo, as crianças sentem aquilo que é importante para os 
professores, só não entendem a proporção da importância de determinado assunto. 
31 
A necessidade de conhecer as mais diversas formas de como as crianças são 
protagonistas em seus momentos diários na escola, principalmente quando 
encontram-se nos momentos "livres" realizando aquilo que desejam, que querem, que 
sentem necessidade e curiosidade, sem ter a intervenção do professor. 
De acordo com a Entrevistada B: “Os planejamentos diários, antes de 
organizar, procuro primeiro conhecer as crianças para estabelecer uma sequência de 
atividades diárias, conforme a necessidade delas.” 
No trecho acima há três unidades de significado, sendo elas: planejamentos 
diários, conhecer as crianças e estabelecer uma sequência de atividades diárias. 
Analisando o trecho da entrevista pode-se destacar a unidade de significado 
“conhecer as crianças” com maior ênfase, sendo que para tal unidade de significado 
observa-se que, antes de uma organização de planejamentos diários deve haver uma 
busca rápida de conhecer as crianças, saber o que desejam, suas curiosidades, suas 
vivências e a realidade atual de cada criança. 
Conforme Jablon, Dombro e Dichtelmiller (2009, p. 13): 
 
Conhecer as crianças como pessoas e como aprendizes fornece as 
informações que você precisa para ser um tomador de decisões efetivo na 
sala de aula. Com as informações que você adquire ao observar, você pode 
selecionar os materiais certos, planejar atividades adequadas e fazer 
perguntas que orientem as crianças para aprender a entender o mundo que 
as rodeia. 
 
Sendo assim, escutar e o observar como as crianças se comportam e lidam 
com os desafios e com seus próprios questionamentos é de extrema importância, pois 
dessa forma professor e aluno vão se conhecendo e sabendo lidar com a necessidade 
de cada um, com isso, o professor dará vida ao seu planejamento e à sequência de 
atividades propostas. Destaca-se a “pedagogia da escuta”, conforme Derrida (2004, 
p. 43 apud Rinaldi, 2012): 
 
A pedagogia da escuta trata o saber como algo construído, em perspectiva e 
provisório, e não a transmissão de um corpo de conhecimentos que 
transforma o Outro num igual. Para cada questão, é preciso abrir-se para a 
Alteridade – receber abertamente o estranho, o que significa uma afirmação, 
um sim, sim, sim ao Outro, o estranho. Ou mesmo mais que isso, uma 
afirmação da Alteridade da existência. 
 
Se todos os professores chegassem em sala de aula já aplicando a sequência 
de atividades que consta em seu planejamento, com um conteúdo já bem 
32 
estabelecidos e sem o auxílio dos próprios alunos, com certeza não haveria espaço 
para uma construção coletiva de aprendizagem. 
Professores devem estar atentos às crianças, observando os aspectos que as 
envolvem para que possam fortalecer vínculos e atingir os objetivos ainda não 
descritos pelas crianças através de suas curiosidades, nas brincadeiras e atividades 
propostas, através de observar o quão atenciosas estão, para que, de alguma forma, 
o professor possa colaborar para sanar a curiosidade e as aguçar, trazendo novas 
situações. 
Edwards (1999, p. 160) afirma que: 
 
As crianças, como entendidas em Reggio, são protagonistas ativas e 
competentes que buscam a realização do diálogo e da interação com outros, 
na vida coletiva das salas de aula, da comunidade e da cultura, com os 
professores servindo como guia. 
 
É papel do professor proporcionar momentos de descobertas dentro e fora da 
sala de aula, o professor atuará como um observador e, em muitos momentos, como 
mediador dos momentos, não como um interventor, pois assim poderá induzir as 
crianças a alguma situação que talvez seja o que o professor deseja, mas o importante 
é deixar as crianças realizarem suas próprias descobertas, da maneira que é 
significativo para elas e, assim que a criança tiver alguma necessidadeirá buscar 
auxílio do professor, mas o professor também precisa estar envolvido naquela 
situação, precisa fazer parte das descobertas, das experiências, das novas 
aprendizagens e dos novos conhecimentos para que mais adiante trabalhe em cima 
das curiosidades das crianças, buscando saná-las e chamar a atenção delas, 
provocando e instigando a imaginação das crianças. 
Sendo assim, é importante entender como a colaboradora apresenta suas 
estratégias de chamar a atenção e curiosidade das crianças. 
 
“A minha estratégia é de como vou chamar a atenção deles, então eu procuro 
trazer algo que vá chamar a atenção deles... 
... partir daquilo que eles gostam. Sempre pegar coisas do interesse deles.” 
(ENTREVISTADA B). 
 
No trecho acima há três (3) unidades de significado, sendo elas: estratégia, 
chamar a atenção deles e partir daquilo que eles gostam. Os trechos anteriormente 
citados se complementam, sendo que nesse trecho as unidades de significado estão 
33 
bem presentes e a de mais impacto é “chamar a atenção deles”, é o que 
provavelmente muitos educadores estão buscando e se aperfeiçoando, ou seja, 
trabalhar naquilo que chama a atenção dos alunos, aquilo que é de curiosidade deles. 
Nessa unidade de significado observa-se o protagonismo infantil, sendo a 
criança a protagonista daquilo que deseja aprender e de suas maiores curiosidade, o 
professor tem o “poder” de influenciar as curiosidades das crianças desde que deixe 
que elas se expressem, deve haver uma interação entre ambos. Conforme Malaguzzi 
(1999, 91): “[...] gostaria de salientar a participação das próprias crianças: elas são 
capazes, de um modo autônomo, de extrair significado de suas experiências 
cotidianas através de atos mentais envolvendo planejamento, coordenação de ideias 
e abstrações.” 
É necessário darmos voz às crianças e aceitar todas as partes do seu 
desenvolvimento, mas, também, é preciso reconhecer que o protagonismo não é 
exclusivo da criança, é um conjunto entre professor e criança. 
 
4.3 CRIANÇAS 
 
Quando a criança entra para conviver no ambiente escolar automaticamente 
ela se distancia do ambiente familiar, pois começa a se inserir neste novo ambiente, 
não abandonando o ambiente familiar, mas o mesmo já não se torna uma constante 
em seu cotidiano, começando a criar vínculos novos. 
A criança pequena passa por momentos delicados, um exemplo é na 
adaptação ao novo ambiente, ambiente escolar, onde passa a conhecer novas 
pessoas, novas crianças e isso é importante que seja respeitado, pois cada criança 
tem seu tempo, suas fases, e as fases dessa adaptação são importantes para que 
nenhuma fase venha a ser pulada ou esquecida. É nesse momento que o ato de 
comunicação é importante para o processo de ensino e aprendizagem. 
Participando desses momentos de rotina para as crianças, os vínculos irão 
tornando-se fortalecidos, o brincar torna-se fundamental no ambiente escolar. Para 
tanto, em relato da Entrevistada A: “Eu vejo o brincar como uma linguagem natural da 
criança onde ela experimenta o mundo, as relações sociais, a autonomia, ela organiza 
suas emoções e habilidades motora.” 
No relato acima há seis unidades de significado, são elas: brincar, linguagem 
natural da criança, relações sociais, autonomia, emoções e habilidades motoras. 
34 
Dentre as unidades de significado destaca-se o “brincar”, pois o brincar é algo que se 
pode trabalhar de muitas formas, a criança aprende brincando e é brincando que 
acontece o seu desenvolvimento. O brincar é um meio de interação da criança com o 
adulto e com o mundo, é através do brincar que a criança demonstra o seu dia a dia, 
o brincar gera um processo de aprendizagem e, dessa forma, facilita o seu senso 
crítico, trazendo consigo a autonomia, criatividade e o faz de conta, formando uma 
espécie de brincadeiras e jogos, mas, acima de tudo, formando uma aprendizagem 
significativa. 
O brincar é extremamente necessário para a criança, pois gera uma 
comunicação com o mundo. O social também é brincar, pois ao refletir sobre a criança 
brincando, percebe-se que ela não brinca sozinha, ela tem algum objeto, um 
brinquedo, um momento e ambiente, a criança tem uma história do porquê estar 
brincando de algo ou com algo. Na escola o professor media o brincar, tornando, 
assim, mais estimulante a aprendizagem da criança. O brincar produz 
desenvolvimento físico, social, afetivo, emocional e cognitivo, sendo necessária a 
conscientização dos educadores para que tragam para o ambiente escolar a 
ludicidade, para uma aprendizagem prazerosa. É no brincar, na ludicidade que a 
criança cria suas regras e se habitua com as regras já concretas, dessa forma a 
criança resolve seus conflitos, realiza suas reflexões, cria oportunidades e novos 
desafios. 
Segundo Oliveira (2000, p. 67): 
 
o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como 
uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo 
mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de 
trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a sua vida. 
 
Vygotsky (1998), uma das pessoas mais importantes da psicologia, afirma que 
o sujeito se constitui nas relações com os outros, sendo assim, o brincar infantil é um 
privilégio para a constituição do sujeito, saindo da visão tradicional. 
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil: 
 
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que 
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as 
crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e 
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel 
assumido, utilizando-se de objetos substitutos. (BRASIL, 1998, p. 27) 
 
35 
É nas brincadeiras livres que as crianças estão sendo protagonistas principais, 
pois é ali nas brincadeiras que criam e recriam, inventam e imaginam novas regras, 
novas formas de brincadeiras, construindo, assim, uma forma lúdica e única de 
reflexão sobre todas as coisas que estão à sua volta. Pensando que o 
diálogo/conversação entre as crianças e professor é essencial em sala de aula, 
entende-se a importância da ênfase da colaboradora no trecho a seguir, citado pela 
Entrevistada B: “sempre, ao iniciar a aula tem a rodinha de conversa em que as 
crianças têm a oportunidade de se expressar, e esse momento é aberto todos os dias, 
porque sempre elas têm novidade.” 
No trecho acima, coletado da entrevista, há três unidades de significado, sendo 
elas: rodinha de conversa, se expressar e elas têm novidade. Cada uma das unidades 
de significado se liga às outras, todos os dias as crianças chegam à escola com uma 
novidade, algo que elas querem expressar, expor o que sentem, querem contar o que 
passaram nas horas que estavam em casa, afinal, o mundo da criança é um mundo 
imaginário, com desafios e muitas novidades. 
Na sala de aula, principalmente com crianças, a roda de conversa é uma prática 
fundamental e faz parte do cotidiano, isso gera um aumento da comunicação entre 
criança e criança e criança e adulto (professor), sendo que as crianças interagem entre 
si, relatando fatos do cotidiano e usando a imaginação e a criatividade em histórias 
projetadas por elas mesmas, além disso, também é na roda de conversa que se 
desenvolve a autonomia e a capacidade de expressar pensamentos e ideias. 
A roda de conversa promove um desenvolvimento na oralidade e comunicação, 
é nessa conversa que cada criança tem a liberdade de expressão, com isso, vai 
desenvolvendo-se e fazendo parte do contexto do outro, gerando, também, o respeito 
para com o outro. 
 
[...] quanto mais às crianças puderem falar em situações diferentes, como 
contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, 
explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderá desenvolver suas 
capacidades comunicativas de maneira significativa [...](BRASIL, 1998, p. 
121). 
 
Na minha trajetória de sala de aula observo o quão importante é sentar e ouvir 
as crianças, apenas ouvir, sem interferências, apenas fazer parte daquele momento 
da criança, onde ela se torna a protagonista principal. No meu caso, não fui 
matriculada na educação infantil, então na minha época não havia o diálogo de 
36 
professor e aluno, o aluno estava na sala de aula para copiar a matéria, realizar as 
atividades e provas e posso afirmar que isso fez muita falta, até mesmo para o meu 
desenvolvimento da oralidade e comunicação com as demais pessoas, sendo assim, 
hoje, em sala de aula, observo crianças falantes querendo contar sobre tudo o que 
acontece fora do ambiente escolar e chego à conclusão de como elas se espelham 
nos professores, observam as atitudes e querem fazer exatamente o mesmo que eles. 
Segundo Roncato e Lacerda (2005) a capacidade de desenvolvimento de 
linguagem nas crianças é marcada pelas possibilidades de trocas verbais e o 
professor tem a função importante nesse processo no âmbito escolar, possibilitando 
a promoção de diversas atividades para auxiliar nessa evolução. 
A presença e a prática de participação do professor nesses momentos de roda 
são de suma importância, pois o professor também tem a possibilidade de nortear a 
conversa para que as crianças conversem mais, se expressem mais, afinal, professor 
e aluno são indivíduos que se complementam e a necessidade de os dois estarem 
unidos em um só propósito é fundamental. 
 
4.4 ESCOLA X FAMÍLIA 
 
Na vida da criança é necessário o acompanhamento da família na vida escolar, 
não somente quando há alguma dificuldade ou quando está tudo certo com o 
desempenho da criança, mas no processo de aprendizagem, em geral, é essencial a 
participação da família dentro da escola, bem como da escola dentro da família, 
ambas estão inseridas no mesmo contexto e ambas devem andar juntas. A partir 
disso, Reis (2007, p. 6) afirma que: 
 
Os pais devem tomar consciência de que a escola não é uma entidade 
estranha, desconhecida e que sua participação ativa nesta é a garantia da 
boa qualidade da educação escolar. As crianças são filhos e estudantes ao 
mesmo tempo. Assim, as duas mais importantes instituições da sociedade 
contemporânea, a família e a escola, devem unir esforços em busca de 
objetivos comuns. 
 
As famílias precisam serem convidadas a fazer parte do contexto escolar, 
porém sabe-se que, atualmente, devido à pandemia COVID-19 não é possível ter esse 
contato tão presente, mas em outras oportunidades o ato de convidar a família a 
conhecer a sala de aula e a estar presente em certos momentos dentro do ambiente 
37 
escolar é fundamental, sendo necessário que se tenha esse compartilhamento. 
Conforme destaca Rinaldi (2012, p. 100): 
 
(...) a participação e a administração devem ser vistas como um projeto que 
gira em torno de um projeto educativo mais amplo, centrado na comunicação. 
Seus três principais protagonistas devem ser a criança, a família e o 
educador, cujos destinos são fortemente ligados. 
 
A família precisa e deve saber o que os professores estão trabalhando na 
escola para, assim, dar continuidade, se necessário, em casa. O autor Rinaldi ainda 
complementa afirmando que (2012, p. 90): 
 
O grande inimigo contra o qual devemos lutar é a separação, o isolamento; o 
grande valor a ser alcançado é a informação, a comunicação. Uma espécie 
de comunicação, conforme observamos em diversas ocasiões, que é 
informativa, formativa e inclusiva, de modo que ninguém seja excluído dela e 
na qual todo mundo trabalha junto para encontrar soluções alternativas. Um 
tipo de comunicação que compreende e respeita integralmente as diferenças, 
que passam a ser vistas como fontes de nutrição para a qualidade e a 
quantidade da própria comunicação. Uma categoria de comunicação e um 
tipo de relacionamento (criança-educador-pai/mãe-cidadão) que são 
buscados e usufruídos pelos participantes ativos, mas cuja principal 
beneficiária é sempre e acima de tudo a criança, que obterá o máximo de 
vantagem dessa atmosfera de diálogo. 
 
Pode-se perceber que quando a escola e a família são ativas e participantes 
do processo de ensino e aprendizagem da criança, a prática educativa torna-se 
garantida, assim, trazendo novos significados a todos os envolvidos. Sendo assim, 
pensando em um desenvolvimento amplo e indo ao encontro dos autores já citados, 
o seguinte trecho, extraído da Entrevistada A, aponta para a participação das famílias 
relatando a importância já mencionada: “As famílias sempre comentam, sempre tive 
uma boa resposta, eles gostam que trabalhe com a natureza, esse é um diferencial 
para eles.” 
Ao pensar a educação da criança, sabe-se que família e escola são duas 
instituições distintas, porém que precisam andar conectadas, pois o único objetivo é a 
condução da criança, para que ela se torne um adulto responsável. 
Segundo a LBD (2004, p. 27): 
 
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho. 
38 
Escola e família não podem (con)viver isoladamente, uma complementa a outra 
e deve-se ter por objetivo fazer com que a criança aprenda para ter e buscar um futuro 
melhor para, com isso, buscar construir uma sociedade mais justa e adequada de se 
viver. Indo ao encontro disso, pode-se afirmar que a escola possui objetivos e 
obrigações bem abrangentes, de ensinar conteúdo específicos em cada área do 
saber, além disso, também pode-se destacar a escola ensina muito mais que 
conteúdo específicos, principalmente na educação infantil, onde a escola ensina 
valores morais e sociais, mas, também, ressalta-se que cada uma das partes (escola 
e família) tem muitos interesses em comum, para tanto, cabe a cada uma a sua 
participação no educar. 
A família presente na escola mostra que a escola pode contar com essa família 
para sanar dificuldades, demonstrando participação, afinal a família tem papel 
fundamental na aprendizagem da criança, pois está ligada à escola, é a família a 
primeira porta de educação na vida da criança, sendo que, segundo Szymanzki (2003 
p. 22): "é na família que a criança encontra os primeiros "outros" e, por meio deles, 
aprende os modos de existir - seu mundo adquire significado e ela começa a constituir-
se como sujeito." 
Observa-se que a família participativa, conforme relatado nas entrevistas, é 
muito útil para a educação da criança e, como diz Szymanzki (2003, p. 101): 
 
As famílias podem desenvolver práticas que venham a facilitar a 
aprendizagem na escola (por exemplo: preparar para a alfabetização) e 
desenvolver hábitos coerentes com os exigidos pela escola (por exemplo: 
hábitos de conversação) ou não. 
 
4.5 ESCOLA 
Fazendo uma relação entre ESCOLA X FAMÍLIA, trago mais uma vez a 
participação dos pais dentro do ambiente escolar, pois é de extrema importância o 
contato com a escola, Arribas (2004, p. 393) destaca que: 
 
[...] a escola deverá fomentar e organizar sua tarefa de forma que pais e 
professores se envolvam em um objetivo comum: colaborar de forma ativa e 
responsável na educação das crianças." Reforço mais uma vez a importância 
do trabalhar unidos escola (professores) e família (principalmente os pais). 
 
39 
Sabe-se da dificuldade que ainda há na relação de família e escola, há muito 
trabalho pela frente para que essas dificuldades sejam sanadas. Segundo Freire 
(1997, p. 67): 
 
[...] a escola democrática não apenas deve estar permanentemente aberta à 
realidade contextual de seus alunos, para melhor compreendê-los, para 
melhor exercer sua atividade docente, mas também disposta a aprender de 
suas relações com o contexto concreto. Daí, a necessidade de, professando-
se democrática, ser realmente humilde para poder

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