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então ocorre um deplacement176 dos trabalhadores empregados na pro-
dução daquelas mercadorias. Parte do capital, que antes produzia meios
de subsistência necessários, passa a ser reproduzida de outra forma.
Durante a queda dos preços de mercado e o deplacement de capital,
os trabalhadores empregados na produção dos meios de subsistência
necessários também são “liberados” de parte de seu salário. Ao invés,
portanto, de provar que a maquinaria, mediante a liberação dos tra-
balhadores dos meios de subsistência, transforma os últimos simulta-
neamente em capital para o emprego dos primeiros, o Sr. Apologista
prova, com a consagrada lei da oferta e da procura, que a maquinaria
põe, não só no ramo da produção em que é introduzida, mas também
nos ramos da produção em que não é introduzida, trabalhadores no
olho da rua.
Os fatos verdadeiros, transvestidos pelo otimismo econômico, são
estes: os trabalhadores deslocados pela maquinaria são jogados da ofi-
cina para o mercado de trabalho, aumentando o número de forças de
trabalho já disponíveis para a exploração capitalista. Na Seção VII
vai-se mostrar que esse efeito da maquinaria, que nos é aqui apresen-
tado como uma compensação para a classe trabalhadora, atinge o tra-
balhador como o mais temível dos flagelos. Aqui, só isso: os operários
postos fora de um ramo da indústria podem, na verdade, procurar
emprego em qualquer outro ramo. Se o encontram e, com isso, se re-
compõe o laço que havia entre eles e os meios de subsistência com
eles liberados, então isso acontece por intermédio de novo capital adi-
cional, que procura aplicação; de nenhum modo, porém, por intermédio
do capital que já funcionava antes e agora se transformou em maqui-
naria. E mesmo então, quão limitada perspectiva têm eles! Atrofiados
pela divisão do trabalho, esses pobres-diabos têm tão pouco valor fora
de seu velho círculo de atividade que só conseguem acesso a alguns
poucos ramos inferiores de trabalho, portanto, ramos constantemente
saturados e sub-remunerados.177 Além disso, cada ramo industrial atrai
anualmente novo afluxo de seres humanos, que lhe fornece seu con-
tingente para substituição e crescimento regulares. Assim que a ma-
quinaria libera parte dos trabalhadores até então ocupados em deter-
minado ramo industrial, o pessoal de reserva também é redistribuído
e absorvido em outros ramos de trabalho, enquanto as vítimas originais
em grande parte decaem e perecem no período de transição.
OS ECONOMISTAS
72
176 Deslocamento. (N. dos T.)
177 Um ricardiano observa quanto a isso contra as sensaborias de J.-B. Say: “Com divisão de
trabalho desenvolvida, a qualificação do trabalhador só é aplicável no ramo particular em
que ela foi adquirida: eles mesmos são uma espécie de máquina. Por isso, não adianta em
absoluto palrar como um papagaio que as coisas têm tendência a encontrar seu nível.
Precisamos olhar ao nosso derredor e ver que não podem por longo tempo encontrar seu
nível; e, quando o encontram, o nível está mais baixo do que no começo do processo”. (An
Inquiry into those Principles Respecting the Nature of Demand etc. Londres, 1821. p. 72.)

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