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Sumário 
Direito Constitucional ........................................................................................................................................ 2 
Direito Penal ..................................................................................................................................................... 55 
Direito Processual Penal ................................................................................................................................ 108 
Legislação Penal e Processual Penal Extravagante ........................................................................................ 155 
Direito Administrativo .................................................................................................................................... 201 
Direito Financeiro e Tributário ....................................................................................................................... 255 
Direito Ambiental ........................................................................................................................................... 271 
Medicina Legal ............................................................................................................................................... 288 
Criminalística .................................................................................................................................................. 302 
Criminologia ................................................................................................................................................... 314 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
329 
500 DICAS: DELEGADO PC-RN 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
DICA 1 - NATUREZA, DEFINIÇÃO E OBJETO 
A Constituição é a “norma marco”, segundo Konrad Hesse, de forma que apresenta um conjunto de 
princípios e de elementos que norteiam a organização de uma determinada comunidade. 
Nessa espreita, o Direito Constitucional é o ramo do direito interno público destinado a estudar as normas 
supremas e estruturantes do Estado. Dedica-se à interpretação das normas constitucionais e tem por função 
regulamentar e delimitar o poder estatal, além de garantir os direitos considerados fundamentais. Pode ser 
classificado em direito constitucional positivo, em direito constitucional comparado e em direito 
constitucional geral. 
 
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Positivo
estudo uma determinada constituição
estudo de direitos e garantias fundamentais e 
da organização político-administrativa de um 
dado Estado
Comparado
compara duas ou mais Constituições
estudo comparativo e crítico das normas 
constitucionais positivadas de distintos Estados
Geral
tenta vislumbrar elementos e conceitos que 
devem estar presentes em todas as 
constituições
identificação de pontos comuns concernentes 
às matérias tipicamente constitucionais, a partir 
da análise de distintos ordenamentos jurídicos
 
 
 
 
 
 
 
3 
329 
DICA 2 - FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
Norberto Bobbio (BOBBIO, 1996): 
(1) originárias: a própria constituição; 
(2) derivadas: os frutos da competência atribuída pelo Poder Originário ao Poder Derivado para legislar 
e para interpretar as normas jurídicas. 
Dirley da Cunha Júnior (CUNHA, 2008): 
(1) imediatas: Constituição escrita e os costumes constitucionais. 
(2) mediatas: jurisprudência e doutrina. 
Há ainda os que enumeram fontes: 
(1) formais: Constituição Federal e os Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos. 
(2) complementares: a jurisprudência e a doutrina. 
O costume constitucional, associado à Constituição escrita, tem um papel de destaque na interpretação das 
normas jurídicas, mormente em relação às omissões constitucionais. A prática reiterada de certos atos cria 
em determinada comunidade uma convicção quanto à obrigatoriedade de seu cumprimento. No entanto, 
quando contrário a uma norma constitucional formal (contra constitutionem), não deve ser aceito como 
fonte nem para criação e nem para negação de normas jurídicas. Só são admitidos como origem do Direito 
Constitucional quando utilizados para interpretação de dispositivos constitucionais positivados ou para 
preencher eventuais lacunas deixadas pelo legislador constituinte. 
Vale dizer ainda que o Judiciário atua como legislador negativo quando declara a inconstitucionalidade de 
uma lei, já que no momento que uma lei é anulada, uma norma jurídica geral e coercitiva é criada. 
Na doutrina, tem-se a descrição do direito vigente, sua análise conceitual e a apresentação de propostas 
para a solução de problemas jurídicos, embora não possua caráter vinculante, contribui para aplicação e 
interpretação de normas jurídicas e para a formação dos atributos judiciais. 
Assim, podemos concluir que a Constituição não é a única fonte do Direito Constitucional, mas é a suprema. 
Costumes, doutrina e jurisprudência, de modo secundário, também produzem normas e regras jurídicas 
organizadoras do Estado. 
DICA 3 - CONSTITUCIONALISMO 
O Direito Constitucional surgiu da necessidade de se organizar uma sociedade, com regras e condutas 
predeterminadas, visto que o homem primitivo vivia segundo as suas próprias razões, baseado na defesa 
própria (a chamada autotutela), que perpetuava a lei do mais forte, na qual o direito era imposto por aqueles 
que detinham maior força física e estratégias de guerra. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
329 
A inexistência de codificação desses ditames causava injustiças, porque não havia equidade. Surgiu, então, 
um movimento destinado a romper com esse desmando: o Constitucionalismo. 
Dirley da Cunha Júnior (JUNIOR, 2006) define Constitucionalismo como “um movimento político 
constitucional que pregava a necessidade da elaboração de Constituições escritas que regulassem o 
fenômeno político e o exercício do poder, em benefício de um regime de liberdades públicas.” 
Marcelo Novelino (NOVELINO, 2015), por sua vez, admite dois conceitos de Constitucionalismo, no mais 
amplo, é empregado para apontar que não há Estado sem Constituição, mesmo os absolutistas e os 
totalitários, já que todos tiveram normas básicas (expressas ou tácitas) que legitimaram o poder do 
soberano. Nesses termos, toda civilização, desde o passado remoto, possuiu Constituição. Um bom exemplo 
para aplicarmos é o Código de Hamurabi, escrito no ano 1772 antes de Cristo. 
No sentido mais restrito, o Constitucionalismo está associado à ideia de separação de poderes e à garantia 
de direitos fundamentais. Diz respeito a um movimento que impôs a positivação dos Direitos Humanos 
(Século XVIII) e a extinção de um poder soberano no Estado. Trata-se de movimento político-jurídico 
inspirado em teorias liberalistas. 
DICA 4 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Constitucionalismo Antigo, entre a antiguidade e o séc. XVIII: 
● Estado hebreu: Costumes, dogmas religiosos e leis não escritas eram a principal fonte do direito do 
povo hebreu. 
● Grécia: adotou a democracia constitucional, mas não adotou a Constituição escrita. 
● Roma: editadas normas jurídicas: constitutio. 
● Inglaterra: o poder político passou a ser limitado por lei. Respeitados os direitos e garantias 
individuais. Instituída a Magna Carta. 
Constitucionalismo Moderno, entre as revoluções liberais do final do Séc. XVIII até a promulgação das 
constituições pós-bélicas, meados do Séc. XX: Constituição escrita, rígida e solene. Proteção aos direitos 
fundamentais. Garantia da Separação de Poderes. Constituições Liberais pautadas na liberdade: Estados 
Unidos e França. Constituições Sociais pautadas na igualdade: México e Alemanha 
Constitucionalismo Contemporâneo, (Após a 2ª Guerra Mundial): Dignidade da pessoa humana passou a ter 
força normativa. Surgiram direitos fundamentais de 3ª, 4ª e 5ª dimensões. Início do Estado Democrático de 
Direito. 
Constitucionalismo do futuro: Verdade, solidariedade, consenso, continuidade, participação, integração e 
continuidade. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
329 
DICA 5 - NEOCONSTITUCIONALISMO OUCONSTITUCIONALISMO 
CONTEMPORÂNEO 
O fim da Segunda Guerra Mundial trouxe significativas mudanças para o constitucionalismo europeu, de 
forma que a Constituição passou a ser concebida como sistema aberto no sistema social. O nazismo e toda 
a barbárie da guerra despertaram um novo pensar, uma necessidade de resguardar a própria condição 
humana, de assegurar a existência da humanidade. A dignidade da pessoa humana deixou de ter natureza 
meramente filosófica para ter força normativa, já que passou a ser um consenso teórico universal. 
Os direitos e garantias fundamentais deixaram de ser norteadores apenas da relação Estado-indivíduo e 
passaram a permear a relação entre indivíduo-indivíduo (eficácia horizontal dos direitos fundamentais). 
As Constituições surgidas a partir do final do século XX, ainda no que concerne aos direitos fundamentais 
passaram a incluir direitos de terceira dimensão (direitos difusos relacionados à ideia de fraternidade), de 
quarta dimensão (democracia, pluralismo político) e de quinta dimensão (paz). 
DICA 6 - PRINCIPAIS ASPECTOS DO NEOCONSTITUCIONALISMO 
Daniel Sarmento (2007) aponta três marcos fundamentais do neoconstitucionalismo: 
 
Neoconstitucionalismo é a superação do positivismo jurídico, representa o movimento do Direito que 
objetiva a proteção aos direitos fundamentais por meio da reestruturação do ordenamento jurídico, que não 
mais tem as suas bases no estrito cumprimento da lei, mas na aplicação valorativa da Constituição. 
Marcos
Histórico
surgimento do Estado Constitucional de Direito, pós a 
Segunda Guerra Mundial
Filosófico
pós-positivismo
integração entre direito e ética
valorização dos direitos fundamentais
Teórico
extraído essencialmente do pensamento de Konrad Hesse, 
encontrado na obra Força Normativa da Constituição
 
 
 
 
 
 
 
6 
329 
 
No neoconstitucionalismo, tem-se a transição do Estado de Direito para o Estado Democrático de Direito. 
DICA 7 - CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO: 
Sentido Sociológico 
(Ferdinand Lassalle) 
Constituição é a soma dos fatores reais de poder. Existe no Estado uma 
Constituição real e efetiva e uma escrita (folha de papel). 
Sentido Político 
(Carl Schmitt) 
Constituição é uma decisão política. Há diferença entre Constituição e leis 
constitucionais. As últimas se sujeitam às primeiras, pois apenas têm forma 
de Constituição. 
Sentido Material 
A Constituição apenas trata de assuntos essenciais, fundamentais para a 
existência do Estado. Pode ter a forma escrita ou não escrita. 
Sentido Formal 
A Constituição é um documento solene dedicado à organização do Estado. 
Pode conter qualquer assunto. 
Sentido Jurídico 
(Hans Kelsen) 
A Constituição é a lei suprema do Estado, o fundamento de validade do 
ordenamento jurídico. É concebida no campo lógico-jurídico e no jurídico-
positivo. No primeiro, busca alicerce na norma fundamental. No segundo, 
a própria Constituição sustenta o ordenamento jurídico. 
Sentido Pós-
positivista 
A Constituição é a lei suprema do Estado, mas não pode ser apenas “norma 
pura”, porque deve apresentar correspondência com a realidade, deve 
equilibrar direito e justiça; norma jurídica e ética. 
Força normativa da 
Constituição 
(Konrad Hesse) 
A Constituição tem valor normativo, validade jurídica e, por isso é capaz de 
fixar ordem e conformação à realidade política e social. 
Sentido Culturalista 
Trata-se uma Constituição Total, influenciada por questões sociológicas, 
políticas, filosóficas e jurídicas. 
DICA 8 - CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES 
Quanto ao conteúdo: Material (matérias tipicamente constitucionais) ou Formal (assuntos variados, no 
mesmo documento solene). 
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supremacia da Constituição
proteção aos direitos fundamentais
força normativa dos princípios constitucionais
constitucionalização do Direito
ampliação da jurisdição constitucional
 
 
 
 
 
 
 
7 
329 
Quanto à forma: Escrita (um documento solene) ou Não-escrita (leis esparsas, costumes, jurisprudências). 
Quanto ao modo de elaboração: Dogmática (órgão constituinte que reuniu os dogmas de estruturação do 
Estado em um único documento) ou Histórica (fruto da lenta evolução histórica de um povo, por isso 
encontrada em variados documentos). 
Quanto à extensão: Analítica (texto é extenso) ou Sintética: (texto é conciso). 
Quanto à finalidade: Garantia: (limitar poderes e organizar a estrutura mínima do Estado) ou Dirigente 
(dirigir o Estado acerca de variados assuntos). 
Quanto à origem: Outorgada (imposta ao povo), Promulgada (feita por representantes do povo), Cesarista 
(submetida à consulta popular) ou Pactuada (fruto do acordo entre duas ou mais forças políticas). 
Quanto à estabilidade: Imutável: (não admite atualizações), Rígida (atualizada por meio de processo 
legislativo mais rigoroso que o da lei), Flexível (atualizada da mesma forma que a lei comum) ou Semirrígida 
(dois procedimentos de modificação: um mais rígido que a lei e outro igual). 
Quanto à correspondência com a realidade: Semântica (não tem valor jurídico, é apenas instrumento de 
legitimação de poder), Nominal (embora tenha valor jurídico, ainda não apresenta completa 
correspondência com a realidade) ou Normativa (legitimamente criada e guarda correspondência com a 
realidade). 
Quanto à ideologia: Ortodoxa (admite apenas uma ideologia) ou Eclética (admite ideologias opostas). 
Quanto à origem da decretação: Autoconstituição (criada por órgão constituinte do próprio Estado) ou 
Heteroconstituição (Criada por órgão constituinte de outro Estado ou por órgão internacional). 
Quanto ao objeto: Liberal (pautada na liberdade individual e na proibição de agir para o Estado) ou Social 
(pautada na igualdade e na obrigatoriedade de que o Estado desenvolva políticas públicas em defesa dos 
hipossuficientes). 
Quanto ao sistema: Principiológica (normas de alta abstração, enumera valores que precisam ser 
perqueridos pelo Estado) ou Preceitual (prima por regras jurídicas e não por princípios jurídicos). 
DICA 9 - ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO 
Na perspectiva do Direito Constitucional Contemporâneo, o objeto da Constituição ganha dimensões amplas, 
pois além de estabelecer a estrutura do Estado (organização político-administrativa) e os direitos e garantias 
fundamentais, também se propõe a fixar os fins socioeconômicos do Estado e os objetivos a realizar. 
Em decorrência dessa ampliação, as Constituições contemporâneas contêm variados assuntos, que estão 
sistematizados em um mesmo documento, mas são classificados em títulos e capítulos, conforme o conteúdo 
tratado. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
329 
A partir da finalidade de cada agrupamento (títulos e capítulos), têm-se os denominados elementos das 
Constituições. A doutrina diverge sobre o assunto, mas a definição adotada por José Afonso da Silva foi a que 
ganhou maior expansão, cuja estrutura normativa da Constituição pode ser definida em cinco categorias de 
elementos: orgânicos, limitativos, socioideológicos, de estabilização e de aplicabilidade. 
 
orgânicos regulam a estrutura do Estado e do poder
limitativos
normas protetoras dos direitos e garantias fundamentais (excluídos os 
direitos sociais, porque fazem parte da próxima categoria)
socioideológicos
compromisso constitucional entre o Estado individualista (liberal) e o 
Estado intervencionista (social)
estabilização
defesa do Estado e de suas instituições democráticas, bem como à 
solução de conflitos constitucionais, com vistas a garantir a paz social.
aplicabilidade
o § 1º do artigo 5º, segundo o qual “as normas definidoras de direitos e 
garantias fundamentais têm aplicação imediata
 
 
 
 
 
 
 
9 
329 
DICA 10 - CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
DICA 11 - PODER CONSTITUINTE 
Poder Constituinte é a manifestação da vontade política soberana de um povo, que está organizado 
juridicamente e socialmente. É o poder utilizado para criar uma Constituição e para atualizar os seus 
dispositivos. 
A titularidade do poderconstituinte é do povo, mas seu exercício é dos representantes do povo, escolhidos 
democraticamente ou não. 
Para a doutrina clássica, há duas espécies de poder constituinte: originário e derivado. 
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1824 - Brasil 
Império
Outorgada, Monarquia constitucional, autocrática, quatro poderes 
(moderador), mulheres não votam, sem liberdade de crença e 
semirrígida
1891 - Brasil 
República
Promulgada (liberal), República Federativa democrática, 
presidencialista, três poderes, voto aberto, HC, controle difuso de 
constitucionalidade, direitos de 1 ª geração
1934 - Brasil 
República
Promulgada (Estado Social), voto secreto e mulheres podem votar, 
direitos de 2ª geração, MS e ação popular, representação interventiva 
e recurso extraordinário
1937 - Constituição 
Polaca - Estado 
Novo
Outorgada (Nazifascista), autoritários e centralista, sem direito 
fundamentais , criadas pena de morte e censura prévia
1946 - Quarta 
República
Promulgada (Liberal), Democrática, ampliação dos direitos 
fundamentais, direito de greve, sufrágio universal, mandados de 5 
anos, sem reeleição.
1967/Emenda 1 de 
1969 - Ditadura 
Militar
Outorgada, excesso de poder ao Presidente, modificação de normar 
por AI, voto indireto, restrição de direitos, criação de pena de 
confisco, morte e prisão perpétua.
1988 - Constituição 
Cidadã
Promulgada, direitos e garantis fundamentais, HD e MI, Concurso 
Públicos, voto direto, secreto e universal, meio ambiente equilibrado, 
ADI, ADC e ADPF
 
 
 
 
 
 
 
10 
329 
 
A PEC deve ser votada em dois turnos em cada Casa do Congresso Nacional, aprovada por 3/5. Matéria 
constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta 
na mesma sessão legislativa. 
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de estado de defesa, estado de sítio ou de intervenção 
federal e as emendas não podem abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e 
periódico; a separação de Poderes; os direitos e garantias individuais. Esses assuntos são denominados 
cláusulas pétreas. 
DICA 12 - PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
O Poder Constituinte Originário é um poder político, supremo, incondicionado e ilimitado, destinado a 
estabelecer a Lei Maior do Estado, não havendo um procedimento previamente estabelecido para a sua 
atuação, de maneira que pode atuar tanto por convenção (processo democrático) quanto por imposição (de 
um grupo revolucionário). 
Quando a Constituição resulta do trabalho de um órgão constituinte que se reúne para a elaboração de um 
documento escrito, tem-se o poder concentrado, mas quando a Constituição é consuetudinária, tem-se o 
poder Difuso, inspirada em Carl Schmitt. 
A concepção positivista é a adotada no Brasil, tanto pelo Supremo Tribunal Federal, quanto por boa parte da 
doutrina. Assim sendo, o Poder Constituinte Originário não é um poder jurídico, porque não encontra 
Po
d
er
 C
o
n
st
it
u
in
te
Originário 
Cria a constituição
ilimitado, incondicionado, 
insubordinado, inicial, 
autônomo, permanente
Derivado
Reformador
atualiza a Constituição 
Federal por meio de 
emendas
Revisor
atualizar a Constituição 
Federal em sessão 
unicameral do Congresso 
Nacional; quórum de 
maioria absoluta
Decorrente
cria a Constituição 
Estadual
 
 
 
 
 
 
 
11 
329 
fundamento em ordem jurídica precedente, é um poder inicial, porque instaura uma nova ordem jurídica e 
cria o Estado. 
Agora, todo o cuidado, prezado leitor, precisa ser tomado nas provas, quando forem apresentadas outras 
duas características (aliás, são as mais cobradas pelas bancas examinadoras): permanente e ilimitado. 
Não se pode confundir o Poder Originário com a Constituição e nem com a assembleia constituinte. Poder 
Originário é o poder do povo para criar Constituição. 
Nesses termos, podemos afirmar que o Poder Originário é permanente, pois não se esgota quando a 
Constituição surge, ele subsiste e pode se manifestar a qualquer momento. Uma vez elaborada a 
Constituição, o Poder Originário fica em condição de latência e aguarda uma futura manifestação. Para 
exemplificar, podemos pensar na atual situação do Brasil. Por último, o Poder Constituinte Originário é 
juridicamente ilimitado, pois não se sujeita ao direito anterior, nem mesmo a cláusulas pétreas. De igual 
modo, não se admite o controle de constitucionalidade de normas constitucionais originárias, porque são 
frutos de um poder político ilimitado, que não reconhece a existência de normas jurídicas precedentes. 
De acordo com a concepção positivista, o Poder Originário é ilimitado de modo absoluto, ou seja, tem plena 
liberdade para definir o conteúdo a ser consagrado no texto constitucional. Já para a concepção 
jusnaturalista, a característica de ilimitado é relativa. 
Jorge de Miranda (2000) ensina que fora do direito positivo interno, existem três categorias de limitações 
materiais estabelecidas ao Poder Originário: 
❖ limitação transcendente: imposta pelo direito natural, em que uma nova Constituição não poderia 
provocar o retrocesso social e nem afrontar a dignidade da pessoa humana; 
❖ limitação heterônoma: que relativiza a soberania do Poder Constituinte, tendo em vista que normas 
do direito internacional impõem ao Poder restrições, mormente aquelas fundadas em direitos 
humanos; 
❖ limitação imanente: de ordem lógica, que assegura a continuidade do Estado e garantia de sua 
soberania. 
DICA 13 - PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
O Poder Constituinte Derivado é o que atualiza a Constituição Federal, por meio de emendas, e o que cria a 
Constituição estadual. Sua natureza é jurídica, como indica o nome “derivado”, porque criado pelo Poder 
Originário, de forma que está previsto expressamente ao longo do texto da Constituição. 
A relação entre Poder Derivado e Poder Originário é a de criatura - criador. Dessa forma, o Poder Constituinte 
Derivado é limitado e subordinado ao criador, pois sofre restrições de ordem material, circunstancial e 
formal. É também secundário, dependente e condicionado, de modo que sua atuação deve seguir 
firmemente as regras previamente estabelecidas pelo texto constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
329 
Poder Constituinte Derivado, em que pese alguma divergência doutrinária, pode ser classificado como 
Reformador, Revisor e Decorrente. 
DICA 14 - PODER DERIVADO REFORMADOR 
A Constituição Federal é rígida, de modo que admite atualizações em seu texto, mas exige para tal um 
processo legislativo bem mais complexo do que o utilizado para modificação das demais leis. Esse processo 
rigoroso é o de reforma constitucional. 
No Brasil, o Poder Reformador está expresso no artigo 60 e no artigo 5º, parágrafo terceiro, da Lei Maior 
(artigo que trata do processo legislativo especial das emendas). 
As emendas constitucionais têm espécie de processo legislativo especial e rigoroso, cuja iniciativa é apenas 
de: a) um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados; b) um terço, no mínimo, dos membros 
do Senado Federal; c) o Presidente da República; d) mais da metade das assembléias Legislativas, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
Orientamos a seguir a literalidade do texto constitucional e o posicionamento da maioria: não há iniciativa 
reservada (privativa) no processo de reforma da Constituição Federal. 
No processo legislativo destinado à alteração da Constituição dos estados-membros, não há nenhum óbice 
à iniciativa popular, não obstante esta não exista no processo de reforma da Constituição Federal. 
DICA 15 - PROCESSO DE APROVAÇÃO DAS EMENDAS 
CONSTITUCIONAIS 
O Legislativo da União é composto por duas Casas (Câmara e Senado) e ambas atuam no processo de criação 
de diferentes espécies normativas. 
No processo legislativo das leis, a Casa que primeiro recebe o projeto é chamada de “iniciadora” e que a 
recebe depois de “revisora”. Tanto Câmara quanto Senado podem atuar como Casa iniciadoraou como Casa 
revisora, a depender de quem foi a iniciativa. 
No processo de emenda à Constituição Federal, não há propriamente Casa revisora, uma vez que a segunda 
Casa não estará revisando o trabalho da primeira, mas agindo em total condição de igualdade. Assim sendo, 
se a segunda Casa emendar o texto da PEC, esta deverá retornar à primeira Casa, que poderá aprová-lo, 
rejeitá-lo ou novamente modificar o texto. Em caso de modificação, o projeto deverá retornar à segunda 
Casa, que poderá exercer as mesmas ações anteriormente enumeradas. Esse “pingue e pongue” só será 
encerrado quando houver a concordância das duas Casas. 
Tem prevalecido a ideia de que se a PEC for do Presidente da República, seu início deve ser na Câmara; e se 
for de mais da metade das Assembleias, no Senado (artigo 212 do Regimento Interno do Senado). 
 
 
 
 
 
 
 
13 
329 
Se um projeto de lei for de iniciativa do Presidente da República e sua tramitação tiver início no Senado, 
haverá inconstitucionalidade formal, por ofensa ao disposto no artigo 64 da Constituição Federal. Todavia, 
se uma proposta de emenda for apresentada pelo Chefe do Executivo e sua tramitação tiver início no Senado 
Federal, não será possível afirmar existir inconstitucionalidade, pois a CF não trata desse assunto. 
DICA 16 - TURNOS E QUÓRUM DE VOTAÇÃO DAS EMENDAS 
CONSTITUCIONAIS 
Em regra, as proposições são discutidas e votadas em cada Casa do Congresso Nacional em um turno de 
votação e com quórum de maioria simples. As propostas de emenda, lado outro, devem ser votadas em dois 
turnos em cada Casa legislativa e devem atingir, para serem aprovadas, em cada Casa e em cada turno de 
votação, o quórum qualificado de três quintos do total dos membros. 
Para ilustrar, suponha que uma proposta de emenda tenha iniciado a sua tramitação na Câmara dos 
Deputados. Submetida à votação, atingiu o quórum de aprovação: 3/5 do total de membros. Nesse caso, 
agora a PEC deve ser submetida, na Câmara ainda, ao segundo turno de votação. Perceba que a dificuldade 
do processo legislativo está em votar a PEC duas vezes na Casa e aprová-la, pois, do contrário, o texto será 
rejeitado e a proposta arquivada, de forma que não seguirá para a outra Casa legislativa. 
Se a PEC for rejeitada no primeiro turno, será arquivada; se aprovada, submetida ao segundo turno de 
votação. Caso rejeitada no segundo turno, arquivada; se aprovada, encaminhada à segunda Casa, em que 
todo o procedimento se repetirá. Assim, uma proposta de emenda só segue para promulgação depois de ter 
sido votada quatro vezes, sendo duas consecutivas em cada Casa legislativa. 
Em se tratando de PEC, o interstício é o definido no Regimento Interno das Casas Legislativas. No caso da 
Câmara, o interstício é de cinco sessões (artigo 202, parágrafo 6º, do Regimento Interno). No Senado, de 
cinco dias úteis (artigo 362 do Regimento Interno). Como a Constituição Federal não fixou um intervalo 
temporal mínimo entre os dois turnos de votação, é permitida, inclusive, a "quebra de interstício”, isto é, a 
votação antecipada dos turnos, sem haver obediência aos prazos regimentais, conforme a vontade política. 
A antecipação dos turnos resulta de ato interna corporis e não encontra impedimento constitucional (ADI 
4.425/DF). 
DICA 17 - PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DAS EMENDAS 
CONSTITUCIONAIS 
Nos termos do parágrafo 5º, do artigo 60, da Constituição Federal, “a matéria constante de proposta de 
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa.” 
Entende-se por sessão legislativa o período de trabalho do Congresso Nacional, que tem início no dia 02 de 
fevereiro e segue até 22 de dezembro, com um recesso entre o dia 18 de julho e 31 de julho (artigo 57, caput, 
da CF). Nesse período, caso uma PEC seja apreciada e rejeitada, por qualquer das Casas legislativas, em 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
qualquer dos turnos de votação, ou mesmo caso reste prejudicada, o mesmo assunto não poderá retornar, 
noutra PEC, ainda dentro da sessão legislativa. 
A irrepetibilidade da PEC é absoluta, diferente da irrepetibilidade aplicada aos projetos de lei (artigo 67 da 
CF) que é relativa. 
Não se pode confundir a votação de substitutivos com a votação da PEC. Uma vez apresentada uma proposta 
de emenda, é possível que seja apresentado um substitutivo ao texto original da PEC e este deverá ser, 
evidentemente, votado antes da proposição. Caso seja rejeitado, a proposta de emenda original será votada 
e tudo isso poderá ocorrer dentro da mesma sessão legislativa. 
Esse é o posicionamento do STF, conforme se pode notar abaixo: 
“ (...) II - Mérito. (...). 2. É de ver-se, pois, que tendo a Câmara dos Deputados apenas rejeitado o 
substitutivo, e não o projeto que veio por mensagem do Poder Executivo, não se cuida de aplicar 
a norma do art. 60, § 5º, da Constituição. Por isso mesmo, afastada a rejeição do substitutivo, 
nada impede que se prossiga na votação do projeto originário. O que não pode ser votado na 
mesma sessão legislativa é a emenda rejeitada ou havida por prejudicada, e não o substitutivo 
que é uma subespécie do projeto originariamente proposto. (...)” (STF, Pleno, MS 22.503/DF, 
Relator: Ministro Marco Aurélio, Publicação em 06/06/1997). 
DICA 18 - DOS LIMITES MATERIAIS AO PODER DE REFORMAR 
No que tange às limitações materiais podem ser classificadas como expressas (cláusulas pétreas) ou 
implícitas. 
Não obstante parte da doutrina utilize a expressão “cláusula de imutabilidade” para fazer referência às 
cláusulas pétreas, na verdade, essas últimas não são intangíveis propriamente, porque poderão ser objeto 
de reforma, desde que a emenda não tenha o propósito de suprimir a cláusula pétrea nem o de prejudicar o 
seu campo de proteção, ou seja, o assunto que não pode ser suprimido, retirado, destruído, banido. 
Uma cláusula pétrea pode ser modificada, nos termos da jurisprudência do STF, em três situações: a) para 
ampliar; b) para reduzir, desde que não prejudique o núcleo essencial; c) para alterar a expressão literal, a 
redação da cláusula pétrea, desde que não afete o núcleo de proteção. 
A doutrina aponta, ainda, uma série de limitações materiais implícitas ao poder de reforma da Constituição. 
Apesar de não constarem do texto constitucional expressamente, a interpretação da Lei Maior possibilita a 
conclusão de que outros assuntos também não poderão ser abolidos nem por emenda, pois do contrário, 
haveria uma subversão da própria Constituição. São eles: (1) a titularidade do Poder Constituinte; (2) o 
exercício do Poder Constituinte, assim, seria inconstitucional, por exemplo, uma emenda que delegasse ao 
Presidente a prerrogativa de alterar a Constituição, conforme a sua conveniência, como aconteceu na 
Alemanha nazista; e (3) o próprio processo de modificação da Constituição; os Princípios Fundamentais 
contidos entre o artigo 1º e o 4º da Constituição; e forma republicana e sistema presidencialista de governo. 
 
 
 
 
 
 
 
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DICA 19 - DOS LIMITES CIRCUNSTANCIAIS, FORMAIS E TEMPORAIS 
AO PODER DE REFORMAR 
A fim de dar ao texto constitucional maior proteção e, consequentemente, ao Estado maior estabilidade, o 
artigo 60, parágrafo 1º, da CF, proíbe a modificação da Lei Maior enquanto perdurar o estado de defesa, o 
estado de sítio e a intervenção federal. Essas são as chamadas limitações circunstanciais ao Poder de 
Reforma da Constituição, evitando uma grande instabilidade ou mesmo precipitação por parte do legislador, 
razão por que foi instituída a vedação. 
Uma vez tendo o Presidente decretado o estado de defesa, o estado de sítio ou a intervenção federal, 
propostas de emenda não poderão ser votadas, promulgadas e nem publicadas, pois a Constituição não pode 
sofrer reforma nesse período. Noutro giro, não há impedimento de que PEC seja apresentada ao Congresso 
Nacional, o que se veda é apenas a modificação da Constituição. 
As limitações formais (ou processuais) dizem respeito ao processolegislativo especial das emendas. Se uma 
emenda à Constituição não observar as restrições quanto à iniciativa, turnos de votação, quórum de 
aprovação, tramitação, promulgação, irrepetibilidade, ainda que tenha conteúdo perfeito, padecerá de 
inconstitucionalidade formal. 
De início, cumpre dizer que a atual Constituição brasileira não adotou limitação temporal ao Poder de 
Reforma. Com isso, cuidado para não confundir limitação temporal com limitação circunstancial. As 
primeiras fixam um prazo mínimo a ser aguardado até que a Constituição possa ser modificada. A segunda 
(circunstancial) é momentânea, pode ocorrer a qualquer tempo, resulta não de um prazo, mas de uma 
situação (estado de sítio, estado de defesa, intervenção federal). 
DICA 20 - CLÁUSULAS PÉTREAS 
Forma federativa de 
Estado 
De acordo com o STF, a forma federativa de Estado deve ser conceituada a partir do 
modelo adotado, de fato, pelo Poder Constituinte Originário e não de um modelo 
ideal de federação (ADI 2.024/DF). 
Os princípios federativos não poderão ser afetados por emenda. Dessa forma, seria 
inconstitucional a retirada de autonomia de qualquer dos entes federativos; a 
admissão da secessão; a extinção do órgão que representa os estados (Senado); a 
tomada da função de guarda da Constituição do STF; a transformação da nossa 
Constituição rígida em flexível. 
Voto direto, 
secreto, universal e 
periódico 
O que se ampara aqui é o direito de votar, o sufrágio. Note que a cláusula pétrea não 
é o dever de votar, mas o direito. Dessa forma, pode perfeitamente uma emenda à 
Constituição abolir o dever fundamental de votar e transformar o alistamento 
eleitoral e o voto em facultativos. 
Separação de 
Poderes 
Tem o objetivo de limitar o poder do Estado por meio da repartição das funções 
estatais (legislar, administrar e julgar) entre órgãos distintos. Dessa forma, um órgão 
fiscaliza o outro e proporciona equilíbrio à federação. Embora as funções estatais 
 
 
 
 
 
 
 
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não sejam exclusivas, mas típicas, há inconstitucionalidade quando um órgão invade 
a atribuição de outro. 
Direitos e garantias 
individuais 
Os direitos e garantias individuais estão espalhados na Constituição e não se 
restringem ao artigo 5º. 
O STF já reconheceu como cláusulas pétreas os seguintes direitos e garantias: a) 
legalidade tributária (artigo 150, I, da CF) e legalidade administrativa (artigo 37, 
caput); b) anterioridade e irretroatividade tributária (artigo 150, III, “a”/”b”, da CF); 
c) anterioridade eleitoral (artigo 16 da CF). 
Vale dizer que, respeitadas as divergências doutrinárias, as cláusulas pétreas não se 
restringem a direitos e garantias individuais (artigo 5º), mas alcançam os direitos e 
garantias fundamentais como um todo (Título II da CF). Esse é o posicionamento que 
tem prevalecido na doutrina (MENDES, 2007 e BRANDÃO 2007). 
DICA 21 - GRAU DE APLICABILIDADE DA CONSTITUIÇÃO 
 
DICA 22 - HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
➢ a interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas 
(Princípio da Unidade da Constituição); 
➢ na resolução dos problemas jurídicos-constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios 
favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidade política (Princípio do efeito 
integrador); 
➢ a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe conceda (Princípio da 
máxima efetividade); 
Norma Plena Imediata Direta Integral
Norma Contida Imediata Direta
Possivelmente não 
integral
Norma Limitada Mediata Indireta
Depende de 
regulamentação
 
 
 
 
 
 
 
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329 
➢ os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional não poderão chegar a uma posição que 
subverta, altere ou perturbe o esquema organizacional constitucionalmente estabelecido pelo legislador 
constituinte originário (Princípio da conformidade funcional); 
➢ exige-se a coordenação e a combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total 
de uns em relação aos outros (Princípio da harmonização); 
➢ entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garanta maior eficácia, 
aplicabilidade e permanência das normas constitucionais (Interpretação conforme a Constituição); 
➢ O intérprete deve dar à Constituição máxima aplicabilidade (Princípio da força normativa da Constituição); 
➢ Na interpretação de direitos fundamentais, quando houver colisão de valores, o intérprete deverá analisar 
o caso concreto, para selecionar o direito aplicado e relativizar o outro, a partir da ponderação de bens 
jurídicos (Princípio da razoabilidade); 
➢ A validade de qualquer norma jurídica é extraída da Constituição (Princípio da Supremacia da 
Constituição); 
➢ As leis são presumidas constitucionais, de forma que a declaração de inconstitucionalidade deve ser 
evitada (Presunção de Constitucionalidade das leis). 
DICA 23 - MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 
O método jurídico (hermenêutico clássico) define os cânones tradicionais de hermenêutica, os mesmos 
utilizados para a interpretação das demais leis, porque a Constituição é uma espécie do gênero “lei”. O texto 
constitucional é o ponto de partida e o limite do trabalho do intérprete, de modo que o hermeneuta não 
poderá ultrapassar o teor literal da Constituição. 
Por outro lado, enquanto o método jurídico busca a valorização do texto constitucional, o método tópico 
problemático dá maior relevo ao problema, isto é, a interpretação das normas constitucionais é feita a partir 
de um processo aberto de argumentação entre os vários intérpretes, de maneira a adequar a Constituição 
ao problema e este à Constituição. 
O método hermenêutico-concretizador impulsiona a interpretação da Constituição a partir de um 
movimento de “ir e vir”, do subjetivo para o objetivo e deste para o subjetivo. O intérprete tem uma pré-
compreensão da Constituição, mas quando analisa o caso concreto, é possível que seu pensamento seja 
reformulado. 
No método tópico-problemático, a norma se adequa ao problema. Por outro lado, no método hermenêutico-
concretizador, parte-se da norma para o problema. 
 
 
 
 
 
 
 
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No método científico-espiritual, a realidade da comunidade e os valores de um povo norteiam a atividade 
de interpretação da Constituição, de forma que as normas constitucionais se integram à realidade espiritual 
da comunidade. 
Por último, o método normativo-estruturante diferencia a norma jurídica do texto normativo. A norma 
jurídica ultrapassa o texto normativo e é formada também pela atividade jurisdicional e pela administrativa. 
Assim, deve o intérprete buscar não apenas compreender o texto literal da Constituição, mas buscar a sua 
concretização na realidade social. 
DICA 24 - DIREITOS FUNDAMENTAIS BÁSICOS 
O caput do artigo 5º da Constituição Federal garante aos brasileiros e aos estrangeiros - também são 
destinados aos estrangeiros não residentes no Brasil e às pessoas jurídicas, dada a característica da 
universalidade - residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade. 
Os cinco direitos enumerados (vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade) são classificados como 
direitos fundamentais básicos (ou raízes), pois dão origem a todos os outros. Desses direitos, em conjunto 
ou separadamente, os demais direitos individuais surgem. Essa é a razão de constarem na cabeça do artigo. 
Do direito à vida, por exemplo, nascem as vedações à pena de morte e a proibição à tortura e ao tratamento 
desumano ou degradante. Do direito à liberdade advém a liberdade de crença religiosa, o direito de 
informação, o direito de reunião, a liberdade de locomoção, dentre outros. Ao tempo em que se assegura a 
propriedade, em suas variadas formas (bem móvel ou imóvel; corpóreo ou incorpóreo), também se 
determina que a propriedade cumpra a sua função social, razão por que são admitidas a desapropriação e a 
requisição. Nota-se, nesse ponto,a conjugação do direito de propriedade com o direito à igualdade. 
DICA 25 - DIREITO À VIDA 
Trata-se da proteção biológica da vida do ser humano, desde a vida uterina e tem dupla acepção, uma 
negativa (garantia de estar vivo) e uma positiva (garantia de uma vida digna). 
O direito à vida deve ser tutelado tanto em sua dimensão subjetiva (o indivíduo em face do Estado) quanto 
em sua dimensão objetiva (a comunidade em face do indivíduo e/ou do Estado). 
O direito à vida, embora seja o mais fundamental dos direitos, não é absoluto, de modo que, no caso 
concreto, em hipótese de colisão com outros bens, poderá sofrer a relativização. Vale destacar os seguintes 
exemplos: pena de morte em caso de guerra declarada; aborto, nas exceções legais; uso de células-tronco 
embrionárias para fins terapêuticas, desde que produzidos por fertilização in vitro, inviáveis ou congelados 
há três anos; lei do abate, aeronaves classificadas como hostis ou suspeitas de tráficos de drogas, após 
esgotamento dos demais meios; estado de necessidade, legitima defesa e estrito cumprimento do dever 
legal. 
 
 
 
 
 
 
 
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DICA 26 - PRINCÍPIO DA IGUALDADE 
A primeira acepção de igualdade foi apenas formal, no sentido de exigir idêntico tratamento a todos os seres 
humanos, sem distinção oriunda de nenhuma circunstância ou condição. Trata-se de uma perspectiva apenas 
negativa, que objetiva subordinar a todos ao crivo da lei. 
A segunda acepção de igualdade teve início no século XX, com o advento do Estado Social. No período, notou-
se que a igualdade formal igualou pessoas que se encontravam em condição totalmente desigual, o que 
provocou grandes injustiças. Evidentemente, patrões e empregados não podem ser tratados da mesma 
forma, pois estes representam a parte frágil da relação, são hipossuficientes. De igual maneira, pobres e 
ricos; analfabetos e letrados; homens e mulheres não podem sempre ser igualados pela lei, pois há 
diferenças naturais entre esses grupos. 
Nesse diapasão, a igualdade material, inspirada na lógica aristotélica, buscou igualar a todos na qualidade 
de seres humanos, mas reconheceu as diferenças existenciais entre os diferentes grupos ou classes sociais. 
Daí falar-se em Estado Social, Estado que intervém na economia e busca amparar os hipossuficientes. 
Em sua dimensão objetiva, a igualdade impõe ao Poder Público a adoção de medidas que reduzam as 
desigualdades sociais e regionais e de medidas que amparem a todos quantos estiverem em situação de 
desigualdade. 
Por outro lado, em sua dimensão subjetiva, o princípio da igualdade assegura prestações negativas (o 
indivíduo tem o direito de defesa perante o Estado, de modo que este não aja arbitrariamente por meio de 
igualizações) e prestações positivas (grupos têm o direito de exigir políticas públicas que minimizem a 
desigualdade de fato, como por exemplo, quotas para negros nas universidades e quotas para deficientes na 
Administração Pública). 
DICA 27 - AÇÕES AFIRMATIVAS DO ESTADO 
Consistem em políticas públicas ou programas de ação que buscam a redução das desigualdades decorrentes 
de discriminação étnica, de gênero, de classe social, ou por deficiência física ou mental, por meio da 
concessão de uma vantagem compensatória. É o caso da “Lei Maria da Penha”, por exemplo, que reconhece 
a desigualdade histórica e física entre homens e mulheres e trata as mulheres de modo desigual. 
As ações afirmativas, em geral, são temporárias, têm prazo de duração. A partir de um estudo denso em que 
se constate a impossibilidade de, num espaço curto de tempo, um determinado grupo conseguir a sua 
inserção social, o Poder Público promove as suas ações. É de se notar que tal temporariedade tem o 
propósito de impedir que se promova a discriminação reversa, isto é, prejudicar o direito dos que não foram 
contemplados pelas ações do Estado. 
A seguir, algumas dessas ações afirmativas, à luz da legislação pátria e da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal: 
➢ Ações em defesa das mulheres 
 
 
 
 
 
 
 
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➢ Ações em defesa de negros e pardos 
➢ Ações em defesa dos desfavorecidos economicamente 
DICA 28 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
O princípio da legalidade não se confunde com o princípio da reserva legal. O primeiro assevera a submissão 
à lei e o segundo determina que determinadas matérias sejam disciplinadas por lei formal. 
Ramificação do princípio genérico da legalidade é o princípio da legalidade penal, postulado do Estado 
Democrático de Direito, segundo o qual somente a lei formal, criada por representantes do povo, para 
retratar os anseios de uma determinada sociedade, pode descrever, crimes, contravenções penais e penas. 
Nessa toada, espécies normativas secundárias não são capazes de fazer tipificação penal. Nos termos do 
artigo 62 da Constituição Federal, nem mesmo a medida provisória poderá dispor sobre matéria penal, 
apenas a lei formal (parágrafo 1º, inciso I, alínea b). 
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, as convenções internacionais, como a Convenção de Palermo, 
não são aptas a tipificar crimes e nem a fixarem penas, pois somente lei interna é fonte formal e direta de 
direito penal (RHC 121.835). 
A respeito da fixação de crimes e de penas, para criminalizar alguém, não apenas é suficiente a lei, mas é 
necessário que a lei seja anterior à conduta da pessoa (anterioridade penal), eis que ninguém pode ser 
surpreendido por uma atuação punitiva legislativa do Estado. 
DICA 29 - LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, DE EXPRESSÃO E DE 
MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO 
A manifestação do pensamento deve ser livre, de forma que é vedado ao Poder Público condicionar a sua 
manifestação a qualquer forma de licença. De igual modo, a censura (controle de informação que pode ou 
não ser divulgada, a partir de análises de cunho moral, político ou religioso) é vedada, quer seja prévia ou 
repressiva. 
A liberdade de manifestação do pensamento também tem seu ônus e pode gerar a responsabilidade civil 
e/ou criminal para quem inadvertidamente a utilizar e ainda dá ao ofendido o direito de resposta. Essa é a 
razão de a Constituição vedar o anonimato. Deve o indivíduo identificar-se, assumir claramente a autoria do 
produto do pensamento manifestado, a fim de que, se for o caso, repare o dano causado a terceiros. 
Disso resulta a impossibilidade de o Estado, tendo por únicos fundamentos tais escritos apócrifos, dar início, 
somente por meios deles, à persecutio criminis (instaurar inquérito policial ou oferecer denúncia). 
Por outro lado, as peças apócrifas e as delações anônimas, segundo o STF (Inquérito 1.957/PR), podem até 
ser utilizadas como provas formais, quando produzidas pelos próprios acusados ou para constituir o corpo 
de delito do crime (bilhetes de pedido de resgate, cartas para ameaçar, etc). 
 
 
 
 
 
 
 
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As delações anônimas (“denúncias apócrifas”) não podem ser desprezadas, pois os crimes são cada vez mais 
complexos e os criminosos estão cada dia mais organizados, de modo que, por motivo de segurança, é 
natural que as pessoas comuns não queiram ser identificadas ao fazerem a comunicação de crime. 
Com efeito, em caso de “denúncias apócrifas”, a autoridade policial deverá realizar investigações 
preliminares para confirmar a veracidade da informação recebida. Uma vez sendo constata a procedência 
da informação, o inquérito poderá ser instaurado. Note que a simples delação não identificada não é 
suficiente para instaurar o inquérito. 
DICA 30 - INVIOLABILIDADE DA CASA 
A Constituição Federal, ao estabelecer que a casa é o asilo inviolável do indivíduo, objetivou garantir uma 
das vertentes do direito à privacidade. Asilo é lugar de abrigo, de proteção, de maneira que a todo indivíduo 
é garantido o direito de encontrar, em sua casa, proteção à individualidade e à vida privada. 
A entrada na casa de alguém depende, em regra, de autorização, ressalvadas as hipóteses taxativamente 
descritas na Constituição Federal. O consentimento para entrada no domicílio só poderáser dado por 
morador (não proprietário; não empregado). Deve ser sempre espontâneo e manifestado pelo titular do 
direito, pelo ocupante do local. 
Excepcionalmente, sem que haja consentimento do ocupante, é permitida a entrada na casa, a qualquer 
hora, em casos de flagrante delito (próprio ou impróprio), desastre (inundações, desmoronamentos) ou 
prestação de socorro. 
Durante o dia, sem autorização do morador, será possível ainda entrar na casa mediante ordem judicial. 
Nesta hipótese, nota-se a reserva de jurisdição: somente por ordem judicial. Autoridades administrativas, 
policiais ou membros do Ministério Público apenas poderão requerer a entrada no domicílio às autoridades 
judiciais. Determinações administrativas de buscas e apreensões de documentos, ainda que haja indícios de 
existência de provas contundentes, são inconstitucionais e geram provas ilícitas. 
Qualquer que seja a espécie de flagrante, próprio ou impróprio, é permitida a prisão, mediante entrada 
forçada na casa do indivíduo, sem ordem judicial. (RHC 91.189). 
DICA 31 - SIGILO DE COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA 
O sigilo de comunicação telefônica tem uma proteção mais abrangente que o sigilo de dados, de maneira 
que só poderá ser quebrado se preenchidas três exigências: 1) existência de lei que regulamente as hipóteses 
e na forma da interceptação (reserva legal), pois a norma é de eficácia limitada; 2) ordem judicial específica; 
3) investigação criminal ou instrução processual penal. 
A Lei 9.296/1996 regulamentou o dispositivo e estabeleceu que a quebra de sigilo só poderá ser feita quando 
houver indícios de autoria ou participação em crimes puníveis com pena de reclusão. É preciso individualizar 
quem sofrerá a quebra de sigilo. O prazo é de quinze dias, admitindo-se prorrogação, desde que sempre por 
ordem judicial fundamentada. 
 
 
 
 
 
 
 
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A autoridade policial, o Ministério Público e a CPI não têm legitimidade para autorizar quebra de sigilo. 
Imperioso também observar que a interceptação de conversa telefônica tem o objetivo de produzir prova 
para ser utilizada numa investigação criminal ou numa instrução processual penal. Note: não se admite 
quebra de sigilo de comunicação telefônica para instrução de processo civil, processo trabalhista ou processo 
administrativo. Apenas para investigação criminal ou instrução processual penal 
Lado outro, o Supremo Tribunal Federal já admitiu a utilização de interceptação telefônica, legitimamente 
produzida, na modalidade prova emprestada, a outros processos criminais, ainda que as condutas sejam 
puníveis com detenção (HC 83.515/RS), e até mesmo a processos administrativos disciplinares ou fiscais 
(RMS 28.774/DF). 
Para a doutrina, há distinção conceitual de interceptação telefônica, gravação telefônica e interceptação 
ambiental. Na primeira situação, temos a captação de diálogo entre duas pessoas, por terceira pessoa não 
autorizada. Na gravação telefônica, um dos interlocutores faz a gravação, mas sem o consentimento do 
outro. Na interceptação ambiental é feita a captação de diálogo no local em que se realiza, sem o 
consentimento de, pelo menos, um dos interlocutores. 
DICA 32 - LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
A liberdade de locomoção compreende o direito de ir, vir e o de permanecer em determinado local. É livre a 
locomoção no território nacional, em tempo de paz. Em situação de guerra declarada, não há falar em 
liberdade de locomoção. 
Embora a locomoção seja uma das ramificações da liberdade, como os direitos fundamentais não são 
absolutos, mesmo em tempo de paz, será possível restringir a circulação no território nacional. A decretação 
de estado de sítio pode impor a obrigação de permanência em determinada localidade (artigo 137, I, da CF). 
O estado de defesa, igualmente, limita a locomoção, dada a possibilidade de prisão por crime de Estado 
determinada pelo executor da medida (artigo 136, parágrafo 3º, inciso I, da CF). 
Acrescente-se ainda o fato de o direito de ir e vir poder ser reduzido sempre que houver uma fundamentação 
baseada em outros direitos de hierarquia constitucional, como por exemplo, a determinação de “toque de 
recolher” numa situação de calamidade pública ou o confinamento compulsório de pessoas contaminadas 
por radiação ou por epidemia, a fim de que a vida e a saúde da coletividade não sejam afetadas. 
Para combater ato ilegal ou abusivo que esteja ferindo ou que ameace ferir a liberdade de locomoção será 
cabível habeas corpus. 
DICA 33 - TRIBUNAL DO JÚRI 
A Constituição Federal reconhece a instituição do tribunal do júri como um dos princípios democráticos que 
confere ao cidadão o direito de ser julgado por seus pares, no caso de prática de crime doloso contra a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
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É preciso deixar claro que a competência do júri não é absoluta, de forma que a própria Constituição a afasta 
nos casos em que define foro por prerrogativa de função a determinadas autoridades. O Presidente da 
República, por exemplo, ainda que praticasse crime doloso contra a vida, na vigência do mandato, valendo-
se da prerrogativa do cargo, não seria levado a júri, mas o processo seria da competência originária do 
Supremo Tribunal Federal. Assim, quando o foro por prerrogativa de função é dado pela Constituição 
Federal, fica afastada a competência do tribunal do júri. 
Por outro lado, se o foro por prerrogativa de função for dado unicamente pela Constituição Estadual, 
prevalecerá a competência do tribunal do júri para julgar crimes dolosos contra a vida (Súmula Vinculante 
45). 
Plenitude de defesa, sigilo das votações a soberania dos veredictos são princípios constitucionais do tribunal 
do júri. A ofensa a qualquer desses princípios gera a nulidade do veredicto. 
Interessante destacar que a decisão do júri pode ser alvo de revisão criminal, nos termos da lei, o que 
relativiza a soberania do veredicto. O Tribunal de segunda instância, ao julgar a ação de revisão criminal, 
dispõe de competência plena para formular tanto o juízo rescindente (judicium rescindens), que viabiliza a 
desconstituição da autoridade da coisa julgada penal mediante invalidação da condenação criminal, quanto 
o juízo rescisório (judicium rescissorium), que legitima o reexame do mérito da causa e autoriza, até mesmo, 
quando for o caso, a prolação de provimento absolutório, pois a soberania do veredicto representa garantia 
fundamental do acusado, e não pode, ela própria, constituir paradoxal obstáculo à restauração da liberdade 
jurídica do condenado (ARE 674.151). 
DICA 34 - CRIMES INAFIANÇÁVEIS E CRIMES IMPRESCRITÍVEIS 
Crimes Inafiançáveis Imprescritíveis 
Não admitem o 
perdão 
Racismo X X 
Ação de grupos armados X X 
Tortura X X 
Terrorismo X X 
Tráfico ilícito de 
entorpecentes e 
drogas afins 
X X 
Hediondos X X 
O STF, no MI 4.733 e na ADO 26, entendeu que houve omissão inconstitucional do Congresso Nacional por 
não editar lei que criminalize atos de homofobia e de transfobia. Nessa toada, a partir da decisão, homofobia 
e transfobia também tipificam o racismo. 
 
 
 
 
 
 
 
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DICA 35 - PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS PENAS 
O princípio da intranscendência das penas, também conhecido como pessoalidade da pena ou da 
personalidade da pena, preconiza que somente a pessoa do condenado poderá ser penalizada pelos seus 
atos. Trata-se de garantia de que terceiros não poderão ser punidos em razão da conduta praticada por 
aquele que foi condenado. Daí falar-se em extinção de penalidade em razão da morte do agente, 
independentemente do tipo da pena, ainda que a de multa. 
Por outro lado, é dever dos sucessores reparar o dano que o falecido causou a terceiros, até o limite do valor 
do patrimônio a eles transferido pela sucessão. 
O princípio da individualização da pena impõe que o legislador, ao regular a imposição de pena, considere as 
características pessoais do infrator e a reprovabilidade de sua conduta. Questões como primariedade, bons 
antecedentes, parentesco, crueldade, dentre outros,precisam ser considerados pelo legislador, quando da 
definição das penas. Daí a Constituição citar que “a lei regulará a individualização da pena.” 
Penas permitidas (rol exemplificativo) Penas proibidas (rol taxativo) 
Privação ou restrição da liberdade De morte, salvo em caso de guerra declarada 
Perda de bens De caráter perpétuo 
Multa De trabalhos forçados 
Prestação social alternativa Cruéis 
Suspensão ou interdição de direitos 
DICA 36 - DIREITOS DOS PRESO 
É dever do Estado, que tem a tutela do preso, preservar-lhe a incolumidade do próprio corpo e da moral e 
garantir-lhe a vida digna. 
Nesse diapasão, quando o Estado não cumpre tal dispositivo constitucional, passa a ser responsável pela 
morte do detento e tem o dever de responder civilmente, devendo indenizar os familiares do falecido (RE 
841.526). 
O preso tem o direito de permanecer calado, o direito de não ser obrigado a produzir contra si prova, quer 
seja em fase de inquérito policial ou de processo judicial. Aliás, tal garantia é estendida aos acusados e 
investigados em geral, quer seja em processo administrativo, judicial ou perante comissão parlamentar de 
inquérito, pois o ônus da prova cabe àquele que acusa. 
Agora, é preciso deixar claro que o princípio constitucional da autodefesa, seja por meio do silêncio ou de 
criação de tese não compatível com a verdade, não alcança aquele que atribui falsa identidade perante 
autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada 
pelo agente (RE 640.139). 
A Lei Maior permite apenas três espécies de prisão: a) proveniente de ordem judicial; b) flagrante; c) 
transgressão ou crime militar. Perceba que a prisão administrativa não é permitida, exceto durante o estado 
de defesa (artigo 136, parágrafo 1º da CRFB/88) e o estado de sítio (art. 139 da CRFB/88). 
 
 
 
 
 
 
 
25 
329 
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra deve serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A prisão ilegal será imediatamente relaxada 
pela autoridade judiciária. Eis a razão de o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 347 ter 
determinado a juízes e tribunais a realização de audiência de custódia, para viabilizar o comparecimento do 
preso perante a autoridade judiciária e até 24 horas contadas do momento da prisão. 
A regra, dada a presunção de inocência, é responder em liberdade, de maneira que ninguém será levado à 
prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, independentemente de fiança. 
O preso deve ser informado de seus direitos, dentre os quais o de saber a identificação dos responsáveis por 
sua prisão ou por seu interrogatório policial e de ser assistido pela família e por advogado. 
As presidiárias têm o direito de permanecer com os filhos durante o período de amamentação. 
DICA 37 - PROVAS ILÍCITAS 
Prova ilícita é a que foi obtida em desobediência ao direito material, é a que foi produzida por meio ilícito, 
como por exemplo, uma confissão obtida mediante tortura, ou uma busca e apreensão sem ordem judicial, 
ou uma interceptação telefônica feita pela polícia sem autorização do juízo competente. 
A inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos não tem o condão de invalidar todo o processo, de 
torná-lo nulo. As provas ilícitas devem ser retiradas dos autos, em qualquer fase do inquérito ou do processo. 
Se existirem outras provas, lícitas, o feito deve seguir o seu curso normal e o réu poderá ser condenado, 
evidentemente, com base em prova lícita. 
Vale destacar que a prova ilícita originária contamina todas as outras que dela derivarem, de forma que todas 
deverão ser desentranhadas dos autos. Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo 
válido, em momento subsequente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de 
prova comprometida pela mácula da ilicitude originária. 
Se, no entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de 
informação a partir de uma fonte autônoma de prova - que não guarde qualquer relação de dependência 
nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal –, tais dados 
probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude 
originária (HC 93.050). 
A prova não poderá ser considerada ilícita quando produzida em legítima defesa (de si ou de outrem), por 
ser esta uma causa de excludente de ilicitude. É o caso, por exemplo, do filho que grava a cuidadora 
maltratando sua mãe idosa. 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
DICA 38 - PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
A presunção de não culpabilidade trata, mais do que de uma garantia, de um direito substantivo. Direito 
material que tem por conteúdo a presunção de não culpabilidade. Não pode o Estado tratar como se fosse 
culpado aquele que ainda não sofreu condenação penal irrecorrível. 
No processo penal, não pode o Estado tratar como culpado aquele que não sofreu condenação penal 
transitada em julgado. Assim, embora na fase de pronúncia prevaleça a dúvida em favor da sociedade (in 
dubio pro societate), no julgamento deve prevalecer a dúvida em favor do réu. Essa é a razão de o Supremo 
Tribunal Federal, no processo criminal, absolver o réu em caso de empate na votação (AP 470/MG). 
Nessa espreita, o STF julgou procedente o pedido formulado em arguições de descumprimento de preceito 
fundamental, para declarar a não recepção da expressão "para o interrogatório" constante do art. 260 do 
CPP, e a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus 
para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de 
ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado (ADPF 395). 
Por outro lado, a garantia da presunção de não culpabilidade não impede a decretação ou manutenção de 
prisão cautelar, desde que seja demonstrada sua necessidade concreta e estejam presentes os requisitos do 
artigo 312 do Código de Processo Penal. 
Questão controvertida tem sido a possibilidade de execução provisória da pena antes do trânsito em julgado 
da sentença penal condenatória. O Supremo Tribunal Federal já alterou a sua jurisprudência duas vezes. Em 
novembro de 2019, o Plenário, no julgamento das ADCs 43, 44 e 54, passou a inadmitir a execução provisória 
da pena, dependendo do trânsito em julgado de sentença condenatória. 
DICA 39 - PRISÃO CIVIL 
No Brasil, é vedada a prisão civil em decorrência de dívida, ressalvados os casos previstos na Constituição 
Federal. A prisão, normalmente, é consequência da prática de crime e resulta de flagrante ou de ordem 
judicial, exceto a prisão por indisciplina militar. 
O devedor não é um criminoso e sua insolvência não poderá ser cobrada à custa de sua liberdade. O credor 
tem outros meios de satisfação da dívida que não a prisão. Dessa feita, a Constituição Federal proíbe a prisão 
civil por dívida, exceto em dois casos: inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a 
do depositário infiel. 
A prisão em decorrência do inadimplemento de obrigação alimentícia só poderá ocorrer se a insolvência for 
voluntária e inescusável. Em caso de força maior, não há que falar em prisão. 
Quanto ao depositário infiel, não obstante o fato de a Constituição prescrever a prisão, o instituto não está 
sendo aplicado desde o ano de 2007, por força de decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 466.343-1. A 
Corte Constitucional entendeu que tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pelo 
Congresso Nacional, por meio do processo legislativo simples do decreto legislativo, têm valor de norma 
supralegal, de modo que o Pacto de San Jose da Costa Rica, ratificado em 1992, ao não admitir a prisão do 
 
 
 
 
 
 
 
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depositário infiel, mas tão somente a prisão civil por dívida em razão de inadimplemento deobrigação 
alimentícia, derrogou a legislação infraconstitucional brasileira contrária. 
O texto constitucional não sofreu nenhuma alteração, pois o tratado está subordinado à Lei Maior. O que se 
tem, na verdade, é a impossibilidade de aplicação da prisão do depositário infiel, dada a inexistência de 
regulamentação do assunto. 
Para evitar controvérsia a respeito do assunto, foi editada a Súmula Vinculante 25, com a seguinte redação: 
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.” 
DICA 40 - HABEAS CORPUS 
Habeas Corpus é ação judicial constitucionalizada desde 1891. Todas as Constituições brasileiras posteriores 
mantiveram esse remédio, embora na vigência do Ato Institucional nº 5, a garantia tenha sido suspensa. A 
atual Constituição dispõe sobre o assunto no artigo 5º, inciso LXVIII. Os artigos de 647 a 667 do Código de 
Processo Penal regulamentam o habeas corpus. 
Trata-se de ação de natureza penal, de procedimento especial, gratuita, em defesa da liberdade de 
locomoção. É utilizada para combater ilegalidade ou abuso de poder que possam violar o direito de ir e vir 
do indivíduo. Tem prioridade sobre todas as demais ações, inclusive as ações constitucionais. 
Por se tratar de garantia individual, não poderá ser suprimido nem por emenda. Todavia, decretado o estado 
de defesa (artigo 136 da CF) e o estado de sítio (artigo 136 da CF), tal garantia tem sua abrangência diminuída 
(nunca suprimida), já que as prisões poderão ser decretadas por autoridades administrativas. 
A Constituição Federal e o Código de Processo Penal não fazem nenhuma referência à hipótese de cabimento 
de habeas corpus coletivo. Porém, em fevereiro de 2018, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, entendeu 
cabível a impetração, por parte da Defensoria Pública da União, em substituição processual, de habeas 
corpus coletivo preventivo, para determinar a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar de 
todas as mulheres gestantes, puerpérias, mães de crianças ou de deficientes sob sua guarda, exceto nos 
casos de crimes praticados com emprego de violência ou grave ameaça ou contra seus descendentes. (HC 
143.641) 
DICA 41 - PROCESSO LEGISLATIVO - CARACTERÍSTICAS GERAIS 
O objeto do processo legislativo é a elaboração de leis em sentido material e formal. Nos termos do artigo 
59 da Constituição Federal, o processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
As espécies normativas acima são denominadas "normas primárias", porque são derivadas diretamente da 
Constituição Federal. Essas espécies normativas têm processos legislativos e finalidades diferentes, mas não 
há entre elas, ressalvadas as emendas, que produzem normas constitucionais, hierarquia e nem relação de 
vinculação ou de subordinação. 
O Brasil adota o modelo indireto de processo legislativo, de forma que o povo elege, no âmbito nacional, 
deputados e senadores para a elaboração das leis. No âmbito estadual e distrital, são eleitos deputados e, 
no âmbito municipal, vereadores. Agora, por força do princípio democrático, no Brasil, há meios de 
participação popular no processo de elaboração de leis ordinárias e de leis complementares, por meio da 
iniciativa (projeto de lei subscrito por cidadãos). 
O Princípio da Separação de Poderes rege o processo legislativo, de maneira que a função 
precípua de legislar é do Poder Legislativo, em que pese o fato de o Executivo e o Judiciário, 
atipicamente, criarem normas jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
DICA 42 - PROCEDIMENTOS ENVOLVENDO A ELABORAÇÃO 
LEGISLATIVA 
 
DICA 43 - PROCESSO LEGISLATIVO E MATÉRIAS DE INICIATIVA 
PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
A Constituição Federal enumera no § 1º do artigo 61 um rol taxativo de assuntos sobre os quais o projeto 
de lei é de iniciativa privativa do Presidente da República. Tal iniciativa não pode ser presumida e nem 
interpretada amplamente (ADI-MC 724/RS). 
Os assuntos de iniciativa privativa do Presidente da República são, no que couber, por força do 
princípio da simetria, de iniciativa privativa de Governadores e Prefeitos. Note que Estados, 
Distrito Federal e Municípios devem repetir obrigatoriamente em suas Constituições ou Leis 
Orgânicas o processo legislativo federal, inclusive no que tange à iniciativa privativa. 
 
 
 
 
 
 
 
30 
329 
A não observância desse regramento constitucional implicará em declaração de inconstitucionalidade do 
diploma jurídico. 
 
Os assuntos da iniciativa privativa do Presidente da República, que por simetria, são também da 
iniciativa de Governadores e de Prefeitos, não podem ser tratados, por iniciativa parlamentar, 
nas Constituições Estaduais e nem nas Leis Orgânicas Municipais. 
No processo legislativo das emendas à Constituição Federal, não há iniciativa privativa. Entretanto, no 
processo legislativo de emenda à Constituição Estadual ou de emenda à Lei Orgânica do Município ou do 
Distrito Federal há restrição quanto à iniciativa. Isso se dá porque, sabendo que sobre um determinado 
assunto, é vedada a iniciativa parlamentar no processo legislativo das leis, algumas Assembleis Legislativas 
começaram a, por iniciativa parlamentar, emendar a Constituição do Estado. Evidentemente, essa prática 
fere a reserva constitucional de iniciativa do Chefe do Executivo. Ora, se não pode por lei, não pode por 
emenda! 
Art. 61, 
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou 
aumento de sua remuneração; 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e 
pessoal da administração dos Territórios; 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, 
estabilidade e aposentadoria; 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais 
para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Territórios; 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no 
art. 84, VI; 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, 
estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
DICA 44 - INICIATIVA POPULAR 
A iniciativa popular, nos termos do artigo 14 da Constituição Federal, é uma das formas de participação 
direta do cidadão no processo democrático brasileiro (democracia semidireta). Trata-se do direito do 
cidadão (eleitor) de propor um projeto de lei ao Legislativo. 
Note que o instituto iniciativa popular é típico de democracias semidiretas, aquela em que o povo elege 
representantes para a tomada de decisões, mas preserva mecanismos de participação direta, de que são 
exemplos o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. No caso brasileiro, a iniciativa popular foi criada 
pela atual Constituição Federal. 
 
DICA 45 - PROCEDIMENTO LEGISLATIVO ESPECIAL DAS EMENDAS 
CONSTITUCIONAIS 
A Constituição Federal é rígida, razão pela qual embora admita atualizações em seu texto, exige um processo 
legislativo bem mais complexo do que o utilizado para modificação das demais leis. Esse processo rigoroso é 
o de reforma constitucional. 
 
Também denominado por parte da doutrina de “competência reformadora”, é destinado a criar normas 
constitucionais derivadas, por meio de emendas ou de tratados internacionais sobre direitos humanos 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
incorporados ao ordenamento jurídico com valor de emendas, conforme rezam o artigo 60 e o artigo 5º, 
parágrafo terceiro, da Lei Maior (artigo que tratado processo legislativo especial das emendas). 
A tramitação de propostas de emenda à Constituição segue os seguintes passos: 
 
 
Nos termos do parágrafo 5º, do artigo 60, da Constituição Federal, “a matéria constante de 
proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta 
na mesma sessão legislativa.” 
 
A irrepetibilidade da PEC é absoluta, diferente da irrepetibilidade aplicada aos projetos de lei 
(artigo 67 da CF) que é relativa. Assim, no primeiro caso, um assunto que tramitou numa PEC que 
veio a ser rejeitada só poderá voltar a ser discutido noutra sessão legislativa. Já no segundo caso 
(projeto de lei), poderia retornar ainda na mesma sessão legislativa, caso houvesse a solicitação 
da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. 
DICA 46 - LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA 
O Poder Constituinte Derivado é limitado pelo Poder Originário, de forma que o Congresso Nacional não está 
autorizado a utilizar o processo legislativo das emendas para alterar qualquer assunto, de qualquer maneira, 
na Lei Maior. Nesses termos, a reforma da Constituição deve respeitar limitações: 
 
 
 
 
 
 
 
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329 
a) materiais - assuntos da Constituição não poderão ser abolidos nem mesmo por emenda. 
 
1) Forma federativa de Estado; 
2) Voto direto, secreto, universal e periódico; 
3) Separação de Poderes; 
4) Direitos e garantias individuais. 
 
b) circunstanciais - o artigo 60, parágrafo 1º, da CF, proíbe a modificação da Lei Maior enquanto 
perdurar o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção federal. Essas são as chamadas 
limitações circunstanciais ao Poder de Reforma da Constituição. As circunstâncias são atípicas, 
especiais, de extrema gravidade. A reforma constitucional na vigência de qualquer delas poderia 
proporcionar uma grande instabilidade ou mesmo precipitação por parte do legislador, razão por 
que foi instituída a vedação. 
 
c) formais - dizem respeito ao processo legislativo especial das emendas. Se uma emenda à 
Constituição não observar as restrições quanto à iniciativa, turnos de votação, quórum de aprovação, 
tramitação, promulgação, irrepetibilidade, ainda que tenha conteúdo perfeito, padecerá de 
inconstitucionalidade formal. 
DICA 47 - TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS 
Os tratados internacionais são celebrados privativamente pelo Presidente da República (artigo 84, VIII, da 
CF), mas só passam a compor o ordenamento jurídico brasileiro após aprovação do Congresso Nacional 
(artigo 49, I, da CF), por meio de decreto legislativo. 
Tratados internacionais, regra geral, são incorporados ao ordenamento brasileiro com hierarquia de leis. 
Todavia, se o tratado internacional for sobre direitos humanos, dada a relevância da matéria, 
terá hierarquia superior à da lei. 
Nos termos do artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal, se o tratado internacional for sobre direitos 
humanos (somente direitos humanos!) e se for aprovado pelo Congresso Nacional por meio do mesmo 
procedimento utilizado para aprovar PEC, isto é, votado em dois turnos em cada Casa do Congresso, com 
quórum de 3/5, terá o valor de emenda constitucional. 
Caso o tratado internacional seja sobre direitos humanos, mas tenha sido aprovado pelo Congresso por 
meio de procedimento simples, segundo o Supremo Tribunal Federal, seu valor será o de norma supralegal. 
É de se notar, então, que tratado internacional poderá produzir norma constitucional, que 
embora não conste expressamente do texto da Constituição Federal, terá o mesmo valor de 
uma emenda à Constituição. 
 
 
 
 
 
 
 
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DICA 48 - PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DAS MEDIDAS 
PROVISÓRIAS 
As medidas provisórias (MPs) são normas com força de lei, editadas pelo Presidente da República, em 
situações de relevância e urgência. Trata-se de ato normativo excepcional, da responsabilidade do Chefe 
do Executivo, no exercício da função atípica de legislar. 
As medidas provisórias, embora não sejam leis em sentido estrito, têm força de lei, isto é, inovam o 
ordenamento jurídico, no momento de sua edição, e criam direitos, deveres, garantias e obrigações, mesmo 
que em caráter provisório. 
A competência para editar MPs é privativa do Presidente da República (artigo 84, XXVI, da CF) e não pode 
ser delegada aos Ministros de Estados ou a qualquer outra autoridade. Nos Estados, evidentemente, a 
competência é do Governador e, nos Municípios, do Prefeito. 
 
O prazo de eficácia da medida provisória é de sessenta dias, a partir de sua edição, admitindo-
se uma prorrogação por mais sessenta dias. Como o próprio nome indica, a medida excepcional 
é provisória, tem prazo de validade. Foi editada apenas para atender a uma situação de extrema 
urgência e relevância, porque a regra no ordenamento jurídico é a lei formal, a lei em sentido 
estrito, e não a atuação unilateral do Presidente da República. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
329 
Para evitar que uma medida provisória perca a eficácia por esgotamento de prazo, foi criado o regime de 
urgência, em razão do qual após 45 dias contados da edição, as demais proposições da Casa em que estiver 
a MP ficarão sobrestadas, até que se ultime a votação. 
Cuidado para não confundir! Estamos agora tratando de outro prazo. Uma coisa é prazo de 
validade (60 dias + 60 dias). Outra coisa é o prazo do regime de urgência (45 dias). Se a medida 
provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação (votada 
nas duas Casas), entrará em regime de urgência, para evitar, por meio do sobrestamento de 
pauta, que a MP venha a perder a eficácia. 
A partir do 46º dia, se estiver na Câmara, sobrestará a pauta da Casa, se estiver no Senado, 
sobrestará a pauta do Senado, não obstante ainda conte com 15 dias do prazo de validade e 
ainda uma prorrogação. 
DICA 49 - PODER EXECUTIVO - IMPEDIMENTO E VACÂNCIA DO 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Compete ao Vice-Presidente da República substituir o Presidente, nos casos de impedimento, e sucedê-lo 
nos casos de vacância. 
O impedimento ocorre em situações temporárias, nos casos em que o cargo de Presidente fica 
momentaneamente desocupado. Por outro lado, a vacância se dá em situações definitivas. Nessa linha, 
substituir é assumir temporariamente a Presidência e suceder é assumir com definitividade, tornar-se o 
Presidente. 
Vejamos as hipóteses: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O artigo 83 da Constituição Federal dispõe que o Presidente e o Vice- Presidente da República 
não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a 
quinze dias, sob pena de perda do cargo. 
 
Para o STF, em decorrência do princípio da simetria, a Constituição estadual deve estabelecer 
sanção para o afastamento do governador ou do vice-governador do Estado sem a devida licença 
da Assembleia Legislativa (ADI 3.647). Entretanto, a exigência de autorização do Legislativo para 
a saída do Governador e do Vice, em prazo inferior ao definido pela Constituição Federal, é 
inconstitucional (ADI 307/CE). Assim, deve prevalecer o mesmo regramento constitucional: prazo 
superior a 15 dias. 
Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão 
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado 
Federal e o do Supremo Tribunal Federal (artigo 80 da CF), nessa ordem. 
DICA 50 - RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
O Presidente da República, no exercício do mandato, poderá ser responsabilizado tanto por crime comum 
quanto por crime de responsabilidade (artigos 85 e 86 da CF). 
Segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, diferente do que se aplica aos demais agentes 
políticos, o Presidente da República não se submete à responsabilidade civil pelos atos de improbidade 
administrativa, mas tão somente a um único regime sancionatório decorrente da responsabilização político-
administrativa por crime de responsabilidade. 
Para o Tribunal, os

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