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1 1 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP SP 1.5 OBJETIVOS: 1. Descrever o papel dos rins na homeostase. 2. Descrever o mecanismo de filtração glomerular. 3. Descrever os mecanismos de secreção e reabsorção do ultrafiltrado nas diferentes regiões tubulares renais e da influência funcional destes no equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico. 4. Descrever a composição e produção da urina. 5. Relacionar o papel do sistema urinário contribui no controle de compartimentos hídricos corporais. 6. Compreender a magnitude das doenças renais no conjunto de cuidados à saúde da população. 7. Compreender a necessidade da substituição da função renal no contexto psicológico e social dos pacientes nefropatas crônicos. 8. Compreender a história natural da insuficiência renal aguda e crônica e suas causas. 9. Discutir a rede de atenção ao paciente renal crônico, inclusive transplante. 10. Correlacionar a regulação hormonal e função renal na manutenção da volemia. 1. DESCREVER O PAPEL DOS RINS NA HOMEOSTASE. FUNÇÕES Os rins desempenham muitas funções homeostáticas importantes, incluindo as seguintes: • Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas. • Regulação do equilíbrio de água e dos eletrólitos. • Regulação da osmolalidade dos líquidos corporais e da concentração de eletrólitos. • Regulação da pressão arterial. • Regulação do equilíbrio ácido-base. • Regulação da produção de hemácias. • Secreção, metabolismo e excreção de hormônios. • Gliconeogênese. EXCREÇÃO: Esses produtos incluem ureia (do metabolismo dos aminoácidos), creatinina (da creatina muscular), ácido úrico (dos ácidos nucleicos), produtos finais da degradação da hemoglobina (tais como a bilirrubina) e metabólitos de vários hormônios. Os rins também eliminam a maioria das toxinas e das outras substâncias estranhas que são produzidas pelo corpo e ingeridas, tais como pesticidas, fármacos e aditivos alimentícios. EQUILÍBRIO DE ÁGUA E ELETRÓLITOS: Caso o ganho exceda a excreção, a quantidade de água e de eletrólitos no corpo aumentará. Caso o ganho seja menor que a excreção, a quantidade de água e de eletrólitos no corpo diminuirá. A entrada de água e de muitos eletrólitos é controlada principalmente pelos hábitos da ingestão de sólidos e de líquidos da pessoa, requerendo que os rins ajustem suas intensidades de excreção para coincidir com a ingestão de várias substâncias. Cerca de 2 a 3 dias, após a elevação da ingesta de sódio, a excreção renal também aumenta para aproximadamente 300 mEq/dia, de modo que o equilíbrio entre a ingestão e a excreção é restabelecido rapidamente. Entretanto, durante os 2 a 3 dias de adaptação renal, à alta entrada de sódio, ocorre acúmulo modesto de sódio que discretamente eleva o volume de líquido extracelular e desencadeia alterações hormonais e outras respostas compensatórias. Essas respostas sinalizam os rins para que aumente a excreção de sódio. A capacidade dos rins de alterar a excreção de sódio em resposta às alterações na ingestão de sódio é enorme. 2 2 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP PRESSÃO ARTERIAL: Os rins têm papel dominante na regulação da pressão arterial a longo prazo, pela excreção de quantidades variáveis de sódio e água. Os rins também contribuem para a regulação a curto prazo da pressão arterial, pela secreção de hormônios e fatores ou substâncias vasoativas (p. ex., renina) que levam à formação de produtos vasoativos. EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE: Os rins contribuem para a regulação do equilíbrio ácido-base, junto com os pulmões e os tampões dos líquidos corporais, pela excreção de ácidos e pela regulação dos estoques de tampões dos líquidos corporais. Os rins são a única forma de eliminar certos tipos de ácidos do corpo, tais como os ácidos sulfúrico e fosfórico, gerados pelo metabolismo das proteínas. PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS: Os rins secretam a eritropoetina que estimula a produção de hemácias pelas células-tronco hematopoéticas na medula óssea. Estímulo importante para a secreção de eritropoetina pelos rins é a hipoxia. Pessoas com doença renal grave ou que tiveram seus rins removidos e fazem hemodiálise desenvolvem anemia grave, como resultado da diminuição da produção de eritropoetina. PRODUÇÃO DE 1,25 -DI-HIDROXIVITAMINA D3: Os rins produzem a forma ativa de vitamina D, 1,25- di-hidroxivitamina D3 (calcitriol); O calcitriol é essencial para a absorção de cálcio pelo trato gastrointestinal e pela deposição normal de cálcio nos ossos, além de um importante regulador do cálcio e do fosfato; SÍNTESE DE GLICOSE: Durante o jejum prolongado, os rins sintetizam glicose a partir de aminoácidos e outros precursores, processo conhecido como gliconeogênese. 2. DESCREVER O MECANISMO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR. O primeiro passo na formação de urina é a filtração de grandes quantidades de líquidos através dos capilares glomerulares para dentro da cápsula de Bowman — quase 180 L ao dia. A maior parte desse filtrado é reabsorvida, deixando apenas cerca de 1 L de líquido para excreção diária, embora a taxa de excreção renal de líquidos possa ser muito variável, dependendo da ingestão. A elevada taxa de filtração glomerular depende da alta taxa de fluxo sanguíneo renal, bem como de propriedades especiais das membranas nos capilares glomerulares. COMPOSIÇÃO DO FILTRADO GLOMERULAR: Como a maioria dos capilares, os capilares glomerulares são relativamente impermeáveis às proteínas, assim, o líquido filtrado (chamado filtrado glomerular) é essencialmente livre de proteínas e desprovido de elementos celulares como as hemácias. As concentrações de outros constituintes do filtrado glomerular, incluindo a maior parte dos sais e moléculas orgânicas, são similares às concentrações no plasma. Quase metade do cálcio e a maior parte dos ácidos graxos plasmáticos estão ligadas às proteínas plasmáticas e essa parte ligada não é filtrada pelos capilares glomerulares. A FG é determinada pelo (1) balanço das forças hidrostáticas e coloidosmóticas, atuando através da membrana capilar; e (2) o coeficiente de filtração capilar (Kf), o produto da permeabilidade e da área de superfície de filtração dos capilares. Os capilares glomerulares têm elevada intensidade de filtração, muito maior que a maioria dos outros capilares, devido à alta pressão hidrostática glomerular e ao alto Kf. 3 3 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP No ser humano adulto médio, a FG é de cerca de 125 mL/min, ou 180 L/dia. A fração do fluxo plasmático renal filtrado (a fração de filtração) é, em média, de 0,2, significando que cerca de 20% do plasma, que fluem pelos rins, são filtrados pelos capilares glomerulares. MEMBRANA CAPILAR GLOMERULAR: A membrana capilar glomerular é semelhante à encontrada em outros capilares, exceto por ter três (em vez de duas) camadas principais: (1) o endotélio capilar; (2) a membrana basal; e (3) a camada de células epiteliais (podócitos), sobre a superfície externa da membrana basal capilar. Juntas, essas camadas compõem uma barreira à filtração que, apesar das três camadas, filtra diversas centenas de vezes mais água e solutos do que a membrana capilar normal. Mesmo com essa alta intensidade da filtração, a membrana capilar glomerular normalmente não filtra proteínas plasmáticas. O endotélio capilar é perfurado por milhares de pequenos orifícios chamados fenestrações, embora menores que as fenestrações do fígado. Embora as fenestrações sejam relativamente grandes, as proteínas das células endoteliais são ricamente dotadas de cargas fixas negativas que impedem a passagem das proteínas plasmáticas. A membrana basal que consiste em uma trama decolágeno e fibrilas proteoglicanas com grandes espaços, pelos quais grande quantidade de água e de pequenos solutos pode ser filtrada. A membrana basal evita de modo eficiente a filtração das proteínas plasmáticas, em parte devido às fortes cargas elétricas negativas associadas aos proteoglicanos. A camada de células epiteliais que recobre a superfície externa do glomérulo não é contínua, mas têm longos processos semelhantes a pés (podócitos) que revestem a superfície externa dos capilares. Os podócitos são separados por lacunas, chamadas fendas de filtração, pelas quais o filtrado glomerular se desloca. Apesar da alta intensidade da filtração, a barreira de filtração glomerular é seletiva na determinação de quais moléculas serão filtradas, com base no seu tamanho e em sua carga elétrica. Eletrólitos, tais como sódio e pequenos compostos orgânicos como a glicose, são livremente filtrados. Conforme o peso molecular da molécula se aproxima ao da albumina, a filtrabilidade rapidamente diminui em direção ao de zero. O diâmetro molecular da proteína plasmática albumina é de apenas cerca de 6 nanômetros, enquanto se supõe que os poros da membrana glomerular tenham cerca de 8 nanômetros (80 ângstrons). No entanto, a albumina tem filtração restrita por causa da sua carga negativa e da repulsão eletrostática exercida pelas cargas negativas dos proteoglicanos presentes na parede dos capilares glomerulares. Em certas doenças renais, as cargas negativas, na membra na basal, são perdidas até mesmo antes que ocorram alterações histológicas dignas de nota, condição referida como nefropatia com alteração mínima. Como resultado dessa perda das cargas negativas nas membranas basais, algumas das proteínas, com baixo peso molecular, especialmente a albumina, são filtradas e aparecem na urina, condição conhecida como proteinúria ou albuminúria. 4 4 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP 3. DESCREVER OS MECANISMOS DE SECREÇÃO E REABSORÇÃO DO ULTRAFILTRADO NAS DIFERENTES REGIÕES TUBULARES RENAIS E DA INFLUÊNCIA FUNCIONAL DESTES NO EQUILÍBRIO HIDROELE TROLÍTICO E ACIDOBÁSICO. Após o filtrado glomerular entrar nos túbulos renais, ele flui pelas porções sucessivas do túbulo (túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distai, túbulo coletor e, finalmente, dueto coletor) antes de ser excretado como urina. Ao longo desse curso, algumas substâncias são seletivamente reabsorvidas dos túbulos de volta para o sangue enquanto outras são secretadas, do sangue para o lúmen tubular. Por fim, a urina total formada representa a soma de três processos renais básicos — filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular Para muitas substâncias, a reabsorção tem papel bem mais importante do que o da secreção na determinação da intensidade final de excreção urinária. No entanto, a secreção é responsável por quantidades significativas de íons potássio, íons hidrogênio e de outras poucas substâncias que aparecem na urina. Diante disso, é evidente que a reabsorção seleciona substâncias do filtrado glomerular para serem resgatas de volta para a circulação, enquanto a secreção realiza o processo inverso, liberando nos túbulos o que deverá ser excretado na urina. Esses processos participam do controle dos rins na composição dos líquidos corporais. MECANISMOS DE REABSORÇÃO TUBULAR A reabsorção tubular é bastante seletiva. Eletrólitos como sódio, cloreto e bicarbonato são muito reabsorvidos, ou seja, excretados em pequenas quantidades na urina, dependendo da necessidade do organismo. Entretanto, algumas substâncias nutricionais, como aminoácidos e glicose são totalmente reabsorvidas, não aparecendo na urina. Além disso, são pouco reabsorvidos e muito excretados os produtos do metabolismo, como a ureia, creatinina e ácido úrico. Alguns fármacos e substâncias estranhas também são pouco reabsorvidos e, além disso, são secretados do sangue para os túbulos, tornando sua intensidade de excreção alta. Para a substância ser reabsorvida, primeiro ela precisa ser transportada através das membranas epiteliais dos túbulos para o interstício renal (filtração glomerular), e depois através da membrana dos capilares peritubulares para retornar ao sangue. → Água e solutos podem ser transportados por via transcelular, atravessando as próprias membranas celulares, ou por via paracelular, através das junções celulares. → Depois da absorção através das células epiteliais tubulares para o líquido intersticial, a água e solutos são transportados através dos capilares peritubulares para o sangue, por ultrafiltração, processo passivo promovido pelo gradiente de pressões hidrostática e coloidosmótica. 5 5 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP → Então, a reabsorção pelos túbulos para o líquido intersticial inclui transporte ativo ou passivo, dependendo da substância que precisa ser reabsorvida. TRANSPORTE ATIVO: No transporte ativo há gasto de energia. Quando a fonte de energia está ligada diretamente ao transporte, é chamado transporte ativo primário. Porém, quando a fonte de energia está indiretamente ligada ao transporte, chama-se transporte ativo secundário. • Transporte ativo primário Um exemplo de transporte ativo primário é a reabsorção de sódio. As membranas basolaterais do epitélio tubular possuem bombas de Na+ /K+ - ATPase, que hidrolisam ATP e geram energia para transportar sódio para fora da célula e potássio para dentro. O bombeamento de sódio para fora favorece sua difusão passiva através do lúmen tubular para dentro da célula (retrovazamento). Isso devido à (1) existência de gradiente de concentração favorável, visto que a concentração extracelular de sódio se torna menor que a intracelular, e (2) do potencial intracelular negativo atrai íons Na+. Essa reabsorção ativa do sódio ocorre na maior parte do túbulo. No túbulo proximal existe ainda uma extensa borda em escova no lado luminal da membrana, que aumenta a superfície de contato, aumentando a reabsorção. • Transporte ativo secundário: Já um exemplo desse tipo de transporte é o cotransporte de sódio e glicose. A difusão do sódio pelo gradiente eletroquímico, libera energia que é utilizada para mover simultaneamente a glicose. SGLT2 e SGLT1 são cotransportadores de sódio e glicose que ficam na borda em escova das células tubulares proximais e transportam a glicose para o meio intracelular contra seu gradiente de concentração, junto com o sódio. A maior parte da glicose é reabsorvida pelo SGLT2 na parte inicial do tubo coletor (segmento S1), e o restante é captado pelo SGLT1 na porção final desse tubo (segmento S3). Algumas partes do túbulo, reabsorvem moléculas grandes por pinocitose, que também requer energia. Nesse processo, a proteína adere à borda em escova e sofre invaginação da membrana luminal. No citosol, essa proteína é digerida em seus aminoácidos, os quais são reabsorvidos para o interstício pela membrana basolateral. → A maioria das substâncias reabsorvidas ou secretada obedece a um limite na intensidade de transporte, chamada de transporte máximo. Esse limite corresponde à saturação do sistema, quando a quantidade de soluto liberado para o túbulo (carga tubular) excede a capacidade das proteínas transportadoras envolvidas no seu transporte. → A glicose, por exemplo, é quase 100% reabsorvida no túbulo proximal. Quando a carga de glicose filtrada excede a capacidade de reabsorção dos túbulos, ela acaba sendo excretada na urina, o que ocorre em pacientes diabéticos. 6 6 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP → Algumas substâncias não têm transporte máximo, pois a intensidade de seu transporte é determinada pelo gradiente eletroquímico, permeabilidade da membrana e o tempo que a substância permaneceno túbulo. Além disso, hormônios como a aldosterona alteram esse transporte máximo. TRANSPORTE PASSIVO: → O principal exemplo de transporte passivo é o transporte da água, que reabsorvida principalmente por osmose. Algumas partes do túbulo renal, são bastante permeáveis à água, que atravessa principalmente as junções oclusivas. Outras partes são praticamente impermeáveis à água, sendo auxiliadas pela ação do hormônio ADH. → Nas partes do néfron em que a água é transportada por via paracelular, as substâncias nela dissolvidas, principalmente os íons K+, Cl- e Mg2+, são transportados em conjunto, processo chamado de arrasto de solvente. → Outro exemplo de transporte passivo é o transporte de cloreto. O transporte de sódio, gera potencial elétrico que atrai os íons negativos como cloreto, que são transportados, passivamente, em conjunto. O cloreto também pode ser transportado com o cotransporte de cloreto e sódio (transporte ativo secundário). → A ureia é produzida como resíduo do metabolismo do nitrogênio, como ocorre na quebra de proteínas no fígado. Cerca de 50% da ureia filtrada é excretada. Mas a ela também é reabsorvida passivamente, devido ao gradiente de concentração estabelecido pela reabsorção da água e em algumas partes do néfron ela utiliza transportadores específicos. REABSORÇÃO E SECREÇÃO AO LONGO DO NÉFRON . Túbulo Proximal → As células epiteliais do túbulo proximal têm alto metabolismo e grande quantidade de mitocôndrias para sustentar a intensidade dos transportes ativos. → Essas células também possuem borda em escova na membrana luminal, além de canais basais e intercelulares que, em conjunto, aumentam a superfície de transporte. → A membrana da borda em escova possui muitas moléculas carreadoras, que transportam íons sódio e nutrientes orgânicos por cotransporte, como já mencionado. → O sódio adicional é transportado para o interior da célula por mecanismo de contratransporte, que reabsorve o sódio ao mesmo tempo que secreta outras substâncias, especialmente íons hidrogênio. → Na primeira metade do túbulo proximal, o sódio é reabsorvido por cotransporte junto com glicose, aminoácidos e outros solutos. Na segunda metade, entretanto, o sódio é reabsorvido principalmente com íons cloreto, graça ao gradiente eletroquímico – como no início do tubo há a preferência pela reabsorção de sódio, glicose e aminoácidos, a concentração de cloreto no restante do tubo se elava e gera gradiente que leva à difusão desse íon. → O túbulo proximal também é local de secreção de ácidos e bases orgânicas, como sais biliares, oxalato, urato e catecolaminas, que normalmente são produtos finais de metabolismo, sendo minimamente reabsorvidos e altamente excretados. O mesmo ocorre com fármacos e drogas, que sofrem depuração rápida pelos rins. . Alça de Henle 7 7 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP → Consiste em três segmentos distintos: segmento descendente fino, segmento ascendente fino e segmento ascendente espesso. Os segmentos finos têm membrana epitelial fina, sem borda em escova e baixo nível metabólico. → A porção descendente do segmento fino é muito permeável à água e moderadamente permeável para maioria dos solutos, incluindo ureia e sódio. A função desse segmento é principalmente permitir a difusão simples dessas substâncias. → Os dois segmentos ascendentes são impermeáveis à água, característica importante para a concentração de urina. →O segmento espesso possui células são capazes de reabsorver ativamente Na+ , Cl- e K + , além de Ca2+ e outros íons. As bombas de Na+ /K+ -ATPase presentes nas células epiteliais desse segmento são importantes para a reabsorção desses solutos, pois cria gradiente de concentração favorável. → No segmento espesso, a movimentação do sódio pela membrana luminal é mediada principalmente pelo cotransportador de 1- sódio, 2-cloreto e 1-potássio. Esse cotransportador, embora mova cátions e ânios em quantidades iguais para dentro e fora da célula, ocorre discreto retrovazamento de íons K+, gerando potencial positivo no lúmen tubular. Por sua vez, esse potencial faz com que íons cálcio e magnésio se difundam para o espaço intersticial. → O componente ascendente fino tem baixa capacidade de reabsorção e componente descendente não absorve quase nenhum soluto. → O segmento ascendente espesso é o local de ação de potentes diuréticos (“de alça”), furosemida, ácido etacrínico e bumetanida, que inibem a ação do cotransportador de sódio, 2-cloreto, potássio. → No segmento ascendente espesso também ocorre reabsorção significativa de cátions Mg+, Ca++, Na+ e K+, devido à carga parcialmente positiva do lúmen tubular em relação ao interstício. Além disso, ele é praticamente impermeável à água. . Túbulo Distal → Recebe o conteúdo proveniente do segmento ascendente espesso da alça de Henle. → Sua primeira porção forma a macula densa, grupo de células epiteliais agrupadas que fazem parte do complexo justaglomerular e faz controle de feedback da filtração glomerular e fluxo sanguíneo no néfron. → A segunda porção do túbulo distal é chamada de segmento de diluidor, ela é muito permeável à maioria dos solutos, porém praticamente impermeável à água e ureia, tornando o líquido tubular ainda mais diluído. → Os diuréticos tiazídicos agem nessa porção do tubo. São muito utilizados no controle de hipertensão e insuficiência cardíaca, agem inibindo o cotransportador de sódiocloreto. Esse cotransportador move cloreto de sódio do lúmen tubular para a célula, sendo bloqueado, o sódio fica no lúmen tubular e consequentemente “puxa” mais água por osmose, diminuindo o volume plasmático. . Túbulo Distal Final e Túbulo Coletor Cortical → Essas duas porções do túbulo compartilham características similares. São formados por dois tipos de células: principais e intercaladas. → As células principais reabsorvem sódio e água e secretam íons potássio para o lúmen. Já as células intercaladas reabsorvem íons potássio e secretam íons hidrogênio. →A atividade das células principais depende da bomba de Na+ /K+ -ATPase, a qual mantém a concentração intracelular de sódio baixa, favorecendo sua difusão pelos canais especiais para dentro da célula. Já o potássio entra na célula pela bomba, e por conta do gradiente estabelecido, ele é difundido através da membrana luminal para o líquido tubular. → As células principais são locais de ação dos diuréticos poupadores de potássio, como espironolactona, eplerenona, amilorida e triantereno. A espironolactona e a eplerenona competem com a aldosterona pelos sítios nas células principais, inibindo o efeito desse hormônio. 8 8 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP → A amilorida e o triantereno são bloqueadores do canal de sódio, inibindo diretamente a entrada desse íon pelas membranas luminais, portanto também diminuem a excreção urinária de potássio (diuréticos poupadores de potássio). → A secreção de íon H+ pelas células intercaladas é mediada pelo transportador de hidrogênio-ATPase. Para cada íon H+ liberado, um íon de bicarbonato fica disponível para reabsorção através da membrana basolateral. → A permeabilidade à água no túbulo distal final e coletor cortical é controlada pela concentração de aldosterona. Sem esse hormônio, esses túbulos são praticamente impermeáveis à água. . Ducto Coletor Medular → É o local de processamento final da urina. Suas células epiteliais têm sua permeabilidade à água regulada pelo ADH, que aumenta a retenção de água à medida que seu nível aumenta. → O ducto medular também é permeável à ureia e possui cotransportadores específicos dessa substância e, além disso, esse ducto é capaz de secretar íons H+ contra grande gradiente de concentração, desempenhando papelimportante na regulação do equilíbrio acidobásico. 4. DESCREVER A COMPOSIÇÃO E PRODUÇÃO DA URINA. As intensidades com que as diferentes substâncias são excretadas na urina representam a soma de três processos renais: (1) filtração glomerular; (2) reabsorção de substâncias dos túbulos renais para o sangue; e (3) secreção de substâncias do sangue para os túbulos renais. A formação da urina começa quando grande quantidade de líquido praticamente sem proteínas é filtrada dos capilares glomerulares para o interior da cápsula de Bowman. A maior parte das substâncias no plasma, exceto as proteínas, é livremente filtrada, de modo que a concentração dessas substâncias no filtrado glomerular da cápsula de Bowman é a mesma do plasma. Conforme o líquido filtrado sai da cápsula de Bowman e flui pelos túbulos, é modificado pela reabsorção de água e solutos específicos, de volta para os capilares peritubulares ou pela secreção de outras substâncias dos capilares peritubulares para os túbulos. A substância, mostrada no painel A, é livremente filtrada pelos capilares glomerulares, mas não é reabsorvida e nem tampouco secretada. Portanto, a intensidade da excreção é igual à intensidade com que foi filtrada. Certas substâncias indesejáveis no corpo, tais como a creatinina, são depuradas pelos rins dessa maneira, permitindo a excreção de praticamente todo o filtrado. No painel B, a substância é livremente filtrada, mas também é parcialmente reabsorvida pelos túbulos de volta para a corrente sanguínea. Portanto, a intensidade da excreção urinária é menor que a da filtração pelos capilares glomerulares. Nesse caso, a intensidade da excreção é calculada como a intensidade da filtração menos a da reabsorção. Esse padrão é típico para muitos eletrólitos corporais, como os íons sódio e cloreto. No painel C, a substância é livremente filtrada pelos capilares glomerulares, mas não é excretada na urina porque toda a substância filtrada é reabsorvida pelos túbulos de volta para a corrente sanguínea. Esse padrão ocorre para algumas substâncias nutricionais que estão presentes no sangue, como aminoácidos e glicose. Esse tipo de depuração permite a conservação dessas substâncias nos líquidos corporais. A substância no painel D é livremente filtrada pelos capilares glomerulares, não sendo reabsorvida, mas quantidades adicionais dessa substância são secretadas do sangue capilar peritubular para os túbulos renais. Esse padrão frequentemente ocorre com os ácidos e as bases orgânicas e permite que essas substâncias sejam rapidamente retiradas do sangue, para serem excretadas, em grande quantidade, na urina. A intensidade da excreção, nesse caso, é calculada como a intensidade da filtração mais a de secreção tubular. Para cada substância plasmática, ocorre combinação de filtração, reabsorção e secreção. A intensidade com que cada substância é excretada na urina depende das intensidades relativas desses três processos renais básicos. 9 9 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP FILTRAÇÃO, REABSORÇÃO E SECREÇÃO DE DIFERENTES SUBSTÂNCIAS Em geral, a reabsorção tubular é quantitativamente mais importante do que a secreção na formação da urina, mas a secreção tem papel importante na determinação das quantidades de potássio, íons hidrogênio e outras poucas substâncias que são excretadas na urina. A maioria das substâncias que devem ser retiradas do sangue, principalmente os produtos finais do metabolismo, como ureia, creatinina, ácido úrico e uratos, é pouco reabsorvida e, assim, excretada em grande quantidade na urina. Certos fármacos e substâncias estranhas são também pouco reabsorvidos, mas, além disso, são secretados do sangue para os túbulos, de modo que suas intensidades de excreção são altas. De modo oposto, eletrólitos como os íons sódio, cloreto e bicarbonato, são reabsorvidos e, assim, pequena quantidade aparece na urina. Certas substâncias nutricionais, como os aminoácidos e a glicose, são completamente reabsorvidas dos túbulos para o sangue e não aparecem na urina, mesmo que grande quantidade seja filtrada pelos capilares glomerulares. Cada um dos processos — filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular — é regulado de acordo com as necessidades corporais. Por exemplo, quando ocorre excesso de sódio no corpo, a intensidade com que o sódio normalmente é filtrado aumenta e pequena fração do sódio filtrado é reabsorvida, resultando em excreção urinária aumentada de sódio. Para a maioria das substâncias, as intensidades de filtração e de reabsorção são extremamente altas em relação às de excreção. Portanto, mesmo ligeiras alterações na filtração glomerular ou na reabsorção tubular podem levar a alterações relativamente grandes da excreção renal. Por exemplo, aumento da filtração glomerular (FG) de apenas 10% (de 180 para 198 L/dia) poderia elevar o volume urinário por 13 vezes (de 1,5 para 19,5 L/dia) se a reabsorção tubular permanecesse constante. Na realidade, alterações da filtração glomerular e da reabsorção tubular geralmente agem de forma coordenada para produzir as alterações necessárias da excreção renal. 5. RELACIONAR O PAPEL DO SISTEMA URINÁRIO CONTRIBUI NO CONTROLE DE COMPARTIMENTOS HÍDRICOS CORPORAIS. O líquido corporal total está distribuído principalmente em dois compartimentos: o líquido extracelular e o líquido intracelular. O líquido extracelular é dividido em líquido intersticial e plasma sanguíneo. Existe outro compartimento menor de líquido, conhecido como líquido transcelular. Esse compartimento inclui o líquido dos espaços sinoviais, peritoneais, pericárdicos, intraoculares e o líquido cefalorraquidiano; esse líquido geralmente é considerado tipo especializado de líquido extracelular, embora em alguns casos sua composição seja notadamente diferente dos líquidos intersticial ou plasmático. Todos os líquidos transcelulares juntos constituem cerca de 1 a 2 litros. COMPARTIMENTO LÍQUIDO INTRAC ELULAR Em torno de 28 a 42 litros de líquido do corpo estão dentro dos 100 trilhões de células e são coletivamente designados como líquido intracelular. Dessa maneira, o líquido intracelular constitui cerca de 40% do total do peso corporal em pessoa “média”. O líquido de cada célula contém sua composição individual de diferentes substâncias, porém as concentrações dessas substâncias são similares de uma célula para outra. Na verdade, a composição dos líquidos celulares é muito similar mesmo em diferentes animais, desde o mais primitivo microorganismo até os humanos. Por essa razão, o líquido 10 10 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP intracelular — conjunto de todas as diferentes células — é considerado como um grande compartimento de líquido. COMPARTIMENTO LÍQUIDO EXTRACELULAR Todos os líquidos por fora das células são coletivamente designados como líquidos extracelulares. Juntos, esses líquidos constituem em torno de 20% do peso corporal, cerca de 14 litros no homem adulto com 70 quilos. Os dois maiores compartimentos do líquido extracelular são o líquido intersticial, que corresponde a mais de três quartos (11 litros) do líquido extracelular, e o plasma, responsável por quase um quarto do líquido extracelular, algo em torno de 3 litros. O plasma é a parte não celular do sangue; ele troca continuamente substâncias com o líquido intersticial através dos poros das membranas capilares. Esses poros são altamente permeáveis a quase todos os solutos do líquido extracelular, com exceção das proteínas. Portanto, os líquidos extracelulares estão constantemente em contato, de forma que o plasma e os líquidos intersticiais têm aproximadamente a mesma composição, exceto pelas proteínas em alta concentração no plasma. REGULAÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA E DE SOLUTOS Embora as perdas de água e desolutos através do suor e da exalação aumentem durante o exercício físico, a eliminação do excesso de água ou de solutos corporais ocorre principalmente pelo controle de sua perda urinária. O grau de perda de sais urinários (NaCl) é o principal fator que determina o volume de líquidos corporais. O motivo para que isso ocorra é que “a água segue os solutos” na osmose e os dois principais solutos do líquido extracelular (e da urina) são os íons sódio (Na +) e os íons cloreto (Cl –). De maneira semelhante, o principal fator que determina a osmolaridade dos líquidos corporais é o volume de perda urinária de água. Como a nossa dieta diária contém um teor altamente variável de NaCl, a excreção urinária de Na + e de Cl – também deve variar para que a homeostasia seja mantida. Variações hormonais regulam a perda urinária desses íons, que, por sua vez, afeta o volume de sangue. A ingestão aumentada de NaCl promove aumento nos níveis plasmáticos de Na + e de Cl – (os principais responsáveis pela osmolaridade do líquido extracelular). Como resultado, a osmolaridade do líquido intersticial aumenta, causando um movimento de água do LIC para o líquido intersticial e, então, para o plasma. Esses movimentos de água aumentam o volume sanguíneo. Os três hormônios mais importantes que regulam a reabsorção renal de Na + e de Cl – (e, desse modo, os íons perdidos na urina) são a angiotensina II, a aldosterona e o peptídio natriurético atrial (PNA). Quando seu corpo está desidratado, a angiotensina II e a aldosterona promovem a reabsorção urinária de Na + e de Cl – (e de água por osmose com os eletrólitos), conservando o volume de líquidos corporais pela redução de sua perda urinária. Um aumento no volume sanguíneo, como pode ocorrer após você ingerir um volume grande de bebidas, dilata os átrios do coração, promovendo a liberação de peptídio natriurético atrial. O PNA promove a natriurese, a elevação da excreção urinária de Na + (e de Cl –), que é seguida pela excreção de água, diminuindo o volume sanguíneo. Uma elevação no volume sanguíneo também diminui a liberação de renina pelas células justaglomerulares renais. Quando os níveis de renina diminuem, menos angiotensina II é formada. Uma diminuição nos níveis de angiotensina II de moderada para baixa aumenta a taxa de filtração glomerular e reduz a reabsorção de Na +, Cl – e água pelos túbulos renais. Além disso, menos angiotensina II promove níveis menores de aldosterona, fazendo com que a reabsorção do Na + e do Cl – filtrados diminua nos túbulos coletores renais. Mais Na + e Cl – filtrados permanecem no líquido tubular para serem excretados na urina. A consequência osmótica do aumento da excreção de Na + e de Cl – é a perda de mais água pela urina, diminuindo o volume e a pressão sanguíneos. PERDA DE ÁGUA PELOS RINS Outra via pela qual o corpo perde água é pela urina excretada pelos rins. Múltiplos mecanismos controlam a intensidade da excreção urinária. De fato, o meio mais importante pelo qual o corpo mantém o equilíbrio entre o ganho e a perda de água, bem como o equilíbrio entre o ganho e a perda de eletrólitos, é pelo controle da intensidade com que os rins excretam essas substâncias. Por exemplo, o volume da urina pode ser tão baixo quanto 0,5 L/dia, em pessoa desidratada, como tão alto quanto 20 L/dia em pessoa que vem ingerindo grande quantidade de água. O ganho de eletrólitos pelo corpo também é bastante variável. Isso ocorre com o sódio, o cloreto e o potássio. Em algumas pessoas, o ganho de sódio pode ser tão baixo quanto 20 mEq/dia, enquanto em outras a entrada de sódio 11 11 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP pode ser muito alta (p. ex., 300 a 500 mEq/dia). Os rins deverão ajustar precisamente a intensidade da excreção de água e eletrólitos com a entrada dessas substâncias, bem como compensar a perda excessiva de líquidos e eletrólitos que ocorrem em determinadas doenças. 6. COMPREENDER A MAGNITUDE DAS DOENÇAS RENAIS NO CONJUNTO DE CUIDADOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO. É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores de risco e proteção para a doença renal crônica. Os profissionais de saúde desse nível de atenção devem estar preparados para identificar, por meio da anamnese e do exame clínico, os casos com suspeita e referenciá-los para a Atenção Especializada para investigação diagnóstica definitiva e tratamento. A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unidades hospitalares e ambulatoriais, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico responsáveis pelo acesso às consultas e exames especializados. Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em protocolos de regulação gerenciados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, as quais competem organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial, definindo os estabelecimentos para os quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser encaminhados. O Ministério da Saúde - por meio do Departamento de Atenção Especializada e Temática, da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAE/DAET/SAS) - é o gestor, a nível federal, das ações na Atenção Especializada às pessoas com doenças renais crônicas. Compete à pasta definir normas e diretrizes gerais para a organização do cuidado e efetuar a homologação da habilitação dos estabelecimentos de saúde aptos a ofertarem o tratamento aos doentes renais crônicos, de acordo com critérios técnicos estabelecidos previamente. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde ofertar apoio institucional às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no processo de qualificação e de consolidação da atenção em saúde, bem como promover mecanismos de monitoramento, avaliação e auditoria, com vistas à melhoria da qualidade das ações e dos serviços ofertados, considerando as especificidades dos serviços de saúde e suas responsabilidades. COMO PREVENIR AS DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS: A prevenção das doenças renais crônicas está diretamente relacionada a estilos e condições de vida das pessoas. Tratar e controlar os fatores de risco como diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares e tabagismo são as principais formas de prevenir doenças renais. Essas doenças são classificadas como Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que respondem por cerca de 36 milhões, ou 63%, das mortes no mundo, com destaque para as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doença respiratória crônica. No Brasil, corresponderam a 68,9% de todas as mortes, no ano de 2016. A ocorrência é muito influenciada pelos estilos e condições de vida. O tratamento de fatores de risco das Doenças Crônicas Renais faz parte das estratégias lideradas pelo governo federal, previstas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil para 2011-2022. Entre as metas propostas no Plano, destacam-se aquelas que possuem associação entre fatores de risco e o desenvolvimento da DRC, como reduzir a taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por Doença Renal Crônica em 2% ao ano; deter o crescimento da obesidade em adultos; aumentar a prevalência de atividade física no lazer; aumentar o consumo de frutas e hortaliças; e reduzir o consumo médio de sal. Para prevenção e tratamento da Doença Renal Crônica, o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, na Atenção Básica e Especializada, com a realização de transplantes. Diretrizes para o cuidado de doenças crônicas: POR QUE ORGANIZAR A ATENÇÃO ÀS PESSOAS COM DOENÇAS CRÔNICAS NO SUS? As doenças crônicas constituem problema de saúde de grande magnitude, correspondendo a 72% das causas de mortes. Hoje, são responsáveis por 60% de todo o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, serão responsáveis por 80% da carga de doença dos países em desenvolvimento. Atualmente, nesses países,a aderência aos tratamentos chega a ser apenas de 20% (OMS, 2003). Os determinantes sociais também impactam fortemente na prevalência das doenças crônicas. As desigualdades sociais, diferenças no acesso aos bens e aos serviços, baixa escolaridade e desigualdades no acesso à informação determinam, de modo geral, maior prevalência das doenças crônicas e dos agravos decorrentes da evolução dessas doenças. 12 12 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP 7. COMPREENDER A NECESSIDADE DA SUBSTITUIÇÃO DA FUNÇÃO RENAL NO CONTEXTO PSICOLÓGICO E SOCIAL DOS PACIENTES NEFROPATAS CRÔNICOS. O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por 87,2% do custo total da terapia de substituição renal (TSR). De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), no Brasil, existem 684 centros de tratamento dialítico. Dentre as diversas definições de qualidade de vida, pode-se citar a proposta pela Organização Mundial da Saúde, que compreende este conceito como a "percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores em que vive e em relação a suas expectativas, seus padrões e suas preocupações"(3). As mudanças no estilo de vida acarretadas pela insuficiência renal crônica e pelo tratamento dialítico ocasionam limitações físicas, sexuais, psicológicas, familiares e sociais, que podem afetar a qualidade de vida. Na vivência cotidiana com estes pacientes, os mesmos expressam sentimentos negativos, como medo do prognóstico, da incapacidade, da dependência econômica e da alteração da autoimagem. Por outro lado, eles também reconhecem que o tratamento lhes possibilita a espera pelo transplante renal e, com isso, uma expectativa de melhorar sua qualidade de vida. As mudanças decorrentes do tratamento atingem seus familiares, pois esses necessitam ajustar sua rotina diária às necessidades de apoio ao familiar que apresenta insuficiência renal crônica. Desse modo, faz-se necessário que os trabalhadores da saúde e da Enfermagem, em particular, considerem a relevância dessas questões na sua abordagem e na elaboração do seu plano de cuidados. Neste sentido, a Enfermagem vem desenvolvendo pesquisas voltadas para a melhoria da qualidade de vida de pacientes acometidos por doenças crônicas, acompanhando a tendência da área da saúde, pois, além do esforço e investimento direcionados ao aumento de anos de vida, com êxito, faz-se necessária a preocupação com a qualidade na vida aos anos a mais que foram conquistados. Para tanto, acredita-se ser necessário atuar de modo mais próximo a estes pacientes; conhecer suas percepções frente às limitações enfrentadas e ao tratamento dialítico; descobrir os possíveis comprometimentos decorrentes destas situações, bem como as adaptações necessárias em suas vidas para a concretização do tratamento. As percepções do impacto da doença e do tratamento dialítico A insuficiência renal crônica representa a perda gradativa, lenta e progressiva da função de alguns néfrons, mantendo outros, com suas funções em condições adequadas até a irreversibilidade do comprometimento das funções renais. É também uma condição silenciosa, pois o paciente só começa a perceber que apresenta alguma alteração renal quando inicia o aparecimento dos sintomas urêmicos, ou seja, quando os rins perdem aproximadamente 50% de sua função Após a descoberta do diagnóstico de IRC, os pacientes passam por um processo de rejeição/aceitação frente à necessidade do tratamento dialítico, podendo apresentar diferentes reações e modos de agir durante o processo de enfrentamento. A hemodiálise acarreta sentimentos ambíguos de aceitação e revolta nos sujeitos que necessitam deste tratamento para sobreviver, pois ao mesmo tempo em que garante a vida, torna a pessoa dependente da tecnologia. Há um simbolismo atribuído à hemodiálise, tratando a mesma como uma relação de "vida e morte", considerando que a sobrevivência é possível pelo procedimento de hemodiálise. Os sentimentos relatados pelos pacientes incluem angústia, insegurança, pânico, depressão, desânimo, sensação de prisão da máquina, medo relacionado às limitações decorrentes desta situação e das suas repercussões e modificações no modo de ser e viver, com possíveis alterações em sua qualidade de vida. A IRC e a necessidade de realizar um tratamento dialítico provocam sucessivas mudanças na vida dos pacientes, tanto físicas, quanto psicológicas e sociais. Há a necessidade de mudar hábitos na alimentação: evitar o sal, a gordura e o excesso de líquidos, exigindo um controle que antes não era realizado por estes pacientes. A modificação de hábitos alimentares e hídricos foi necessária para que estes pacientes melhorassem sua qualidade de vida. Para tanto, foi fundamental a ação educativa da equipe de saúde esclarecendo os questionamentos relativos à dieta e suas restrições; o controle da ingestão hídrica e, também, os nutrientes indispensáveis para uma alimentação equilibrada e adequada ao quadro clínico. Essas mudanças nos hábitos de vida não se restringem à alimentação e hidratação. Quando se apresenta uma doença crônica, a necessidade de mudanças pode se estender a hábitos relacionados com a atividade física, lazer e trabalho. Além disso, o paciente permanece dependente de tecnologias, podendo ser necessária a utilização contínua de medicações, assim como a dependência de familiares, de profissionais de saúde e ou de outros cuidadores. Assim, a vida pode tornar-se um desafio. 13 13 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP A restrição física de um dos braços, em decorrência da fístula arteriovenosa (FAV), e do desconforto causado pelo cateter no pescoço provocou mudanças no desempenho das atividades diárias e profissionais dos pacientes, tornando-os mais inseguros no cuidado consigo mesmo. A interrupção das atividades profissionais em decorrência do diagnóstico e do tratamento dialítico, na visão destes pacientes, foi influenciada por vários fatores, dentre os quais ressaltam o fato de ter que se submeter às sessões de tratamento dialítico, de modo contínuo, por três dias na semana, necessitando ausentar-se do seu local de trabalho repetidamente e por muito tempo. Além do trabalho, essas mudanças atingem outras dimensões da vida social, pois as relações sociais que estabeleciam no ambiente de trabalho, nas atividades de lazer e nas viagens são alteradas pelo tratamento. A alegria de viver associada ao prazer de viajar, de visitar a família, valorizada por eles como importantes para manter sua qualidade de vida, ficam comprometidas, inicialmente, por sentirem-se inseguros com o cuidado com a fístula e, também, por estarem receosos em realizar o tratamento dialítico em outra instituição de saúde com uma equipe desconhecida da sua, em outra cidade. Posteriormente, quando se habituam ao tratamento, passam a superar as limitações e os desconfortos ocasionados pelo tratamento, realizando as adaptações necessárias, e readequando suas atividades de acordo com que lhes é possível como portadores de uma doença crônica. 8. COMPREENDER A HISTÓRIA NATURAL DA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA E CRÔNICA E SUAS CAUSAS. As doenças renais graves podem ser divididas em duas categorias principais: 1. Injúria renal aguda (IRA), na qual se produz uma perda brusca da função renal em um prazo de dias: o termo insuficiência renal aguda deve ser reservado para lesões renais agudas e graves, nas quais os rins subitamente param de funcionar de modo total ou quase total, sendo necessário um tratamento de substituição renal, por exemplo, diálise. Em alguns casos, os pacientes com lesão renal aguda, podem posteriormente recuperar uma função renal quase normal. 2. Doença renal crônica (DRC), na qual há perda progressiva da função de número crescente de néfrons que, de modo gradual, vão diminuindo a função geral dos rins. INJÚRIA RENAL AGUDA As causas da injúriarenal aguda podem ser divididas em três categorias principais: 1. A injúria renal aguda decorrente da diminuição do aporte sanguíneo para os rins. Essa condição é conhecida como injúria renal aguda pré-renal, por refletir uma anormalidade originada fora dos rins. Por exemplo, a insuficiência renal aguda pré-renal pode ser consequência de insuficiência cardíaca, com redução do débito cardíaco e pressão sanguínea baixa, ou de condições associadas a menor volume de sangue e pressão sanguínea baixa, como nas hemorragias graves. 2. Injúria renal aguda intrarrenal, decorrente de anormalidades nos próprios rins, incluindo as que afetam os vasos sanguíneos, os glomérulos ou os túbulos. 3. Injúria renal aguda pós-renal, decorrente da obstrução do sistema coletor de urina, em qualquer ponto, desde os cálices até a saída da bexiga. As causas mais comuns de obstrução do trato urinário fora do rim são cálculos renais causados por precipitação de cálcio, urato ou cistina. A DOENÇA RENAL CRÔNICA É FREQUENTEMENTE ASSOCIADA A UMA PERDA IRREVERSÍVEL DE NÉFRONS FUNCIONAIS A DRC é definida normalmente como a presença de um dano renal ou uma redução da função renal que persiste durante pelo menos 3 meses. Frequentemente está associada a perda progressiva e irreversível de grande número de néfrons funcionais. Normalmente, não ocorrem sintomas clínicos sérios até que o número de néfrons funcionais diminua, pelo menos, a 70% a 75% abaixo do normal. Na verdade, concentrações relativamente normais da maioria dos eletrólitos e dos volumes de líquidos corporais normais ainda podem se manter até o número de néfrons funcionais cair abaixo de 20% a 25% do normal. Em geral, a nefropatia crônica, bem como a insuficiência renal aguda, pode ocorrer devido a distúrbios nos vasos sanguíneos, nos glomérulos, nos túbulos, no interstício renal e no trato urinário inferior. A despeito da grande variedade de doenças capazes de levar à nefropatia crônica, o resultado final é essencialmente o mesmo — a redução do número de néfrons funcionais. 14 14 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP Algumas causas da DRC: Distúrbios Metabólicos Diabetes melito; Obesidade; Amiloidose; Hipertensão Distúrbios Vasculares Renais Aterosclerose; Nefrosclerose-hipertensão; Distúrbios Imunológicos; Glomerulonefrite; Poliarterite nodosa; Lúpus eritematoso Infecções Pielonefrite; Tuberculose Distúrbios Tubulares Primários Nefrotoxinas (analgésicos, metais pesados) Obstrução do Trato Urinário Cálculos renais; Hipertrofia da próstata; Compressão uretral Distúrbios Congênitos Doença policística; Ausência congênita de tecido renal (hipoplasia renal) 9. DISCUTIR A REDE DE ATENÇÃO AO PACIENTE RENAL CRÔNICO, INCLUSIVE TRANSPLANTE. Acesso e regulação das doenças renais crônicas: É papel da Atenção Básica a atuação na prevenção dos fatores de risco e proteção para a doença renal crônica. Os profissionais de saúde desse nível de atenção devem estar preparados para identificar, por meio da anamnese e do exame clínico, os casos com suspeita e referenciá-los para a Atenção Especializada para investigação diagnóstica definitiva e tratamento. A Atenção Especializada, por sua vez, é composta por unidades hospitalares e ambulatoriais, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico responsáveis pelo acesso às consultas e exames especializados. Logo, o acesso à Atenção Especializada é baseado em protocolos de regulação gerenciados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, as quais competem organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial, definindo os estabelecimentos para os quais os pacientes que precisam do cuidado deverão ser encaminhados. A Terapia Renal Substitutiva é uma das modalidades de substituição da função renal por meio dos seguintes procedimentos: • Hemodiálise; • diálise peritoneal; • transplante renal. Para os pacientes com Doença Crônica Renal, o SUS oferta duas modalidades de Terapia Renal Substitutiva (TRS), tratamentos que substituem a função dos rins: a hemodiálise, que bombeia o sangue através de uma máquina e um dialisador, para remover as toxinas do organismo. O tratamento acontece em clínica especializada três vezes por semana. A diálise peritoneal feita diariamente na casa do paciente e a diálise peritoneal, que é feita por meio da inserção de um cateter flexível no abdome do paciente, é feita diariamente na casa do paciente, normalmente no período noturno. Transplante renal: Para começar, é preciso estar inscrito no Cadastro Técnico Único – CTU (antes conhecido como Lista Única). Nesta lista de espera são aceitos potenciais receptores, como você, que estejam com diagnóstico de insuficiência renal crônica. O Cadastro Técnico Único, é formado pelos potenciais receptores brasileiros (natos ou naturalizados) e estrangeiros residentes no país, inscritos para transplante. Cada tipo de órgão, tecido, célula ou parte do corpo tem sua própria lista. O CTU não é como uma fila comum. Além da ordem de inscrição, os critérios são elaborados e regulamentados pelo Ministério da Saúde e analisados pelo seu médico para que o órgão selecionado para você seja o mais adequado possível a sua necessidade. Em lista de transplantes, quando um paciente é priorizado significa que ele se encaixa nos critérios de gravidade estabelecidos e pré-determinados pelo Ministério da Saúde. Para transplante de rim, o critério é impossibilidade técnica total e permanente para obtenção de acesso para a 15 15 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP realização de qualquer das modalidades de diálise. A solicitação de priorização de um paciente é de competência da equipe médica transplantadora munida dos documentos que comprovem a gravidade do quadro clínico. Estes são enviados a Central de Transplantes, que por sua vez lança no sistema a priorização. 10. CORRELACIONAR A REGULAÇÃO HORMONAL E FUNÇÃO RENAL NA MANUTENÇÃO DA VOLEMIA . FONTE 1 Os rins podem regular a pressão arterial pelo aumento ou pela diminuição do volume sanguíneo. Essa regulação é por meio de um mecanismo hormonal, chamado sistema renina- angiotensina-aldosterona. Quando a pressão cai até valores inferiores a normalidade, o fluxo sanguíneo pelos rins diminui, fazendo com que o rim secrete a importante substância chamada renina para o sangue. A renina atua como uma enzima convertendo uma das proteínas plasmáticas, o substrato da renina, no hormônio angiotensina I. Esse hormônio tem efeito pouco intenso sobre a circulação e é rapidamente convertido em um segundo hormônio, a angiotensina II, por meio da enzima conversora (ECA). Essa enzima conversora é encontrada apenas nos vasos de menor calibre dos pulmões. A angiotensina II permanece no sangue por pouco tempo, apenas de 1 a 3 minutos, por ser inativada por outras enzimas, encontradas no sangue e no tecido, e chamadas coletivamente de angiotensinas. Não obstante seu reduzido tempo de ação, e que está circulando no sangue, a angiotensina II produz vasoconstrição nas arteríolas, fazendo a pressão aumentar até o seu valor normal. FONTE 2 Uma terceira forma de elevação da pressão arterial é por meio do aumento do aporte líquido ao sistema. Isso ocorre quando os rins funcionam mal e são incapazes de remover a quantidade adequada de sal e água do organismo. O volume de sangue no corpo aumenta e a pressão arterial também. Por outro lado, se a função de bombeamento de sangue do coração diminui, se as artérias dilatarem ou se houver perda de líquido do sistema, a pressão arterial é reduzida. Os ajustes desses fatores são regidos por alterações da função renal e do sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso que regula automaticamente muitas funções do organismo). O sistema nervoso simpático, o qual faz parte do sistema nervosoautônomo, aumenta temporariamente a pressão arterial durante a resposta de “luta ou fuga” (reação física diante de uma ameaça). O sistema nervoso simpático aumenta tanto a frequência quanto a força dos batimentos cardíacos. Ele também produz uma contração da maioria das arteríolas, mas expande as arteríolas de determinadas áreas, como na musculatura esquelética, onde é necessária uma maior irrigação sanguínea. Além disso, o sistema nervoso simpático diminui a excreção renal de sal e água, aumentando assim o volume sanguíneo do corpo. O sistema nervoso simpático também libera os hormônios epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina), os quais estimulam o coração e os vasos sanguíneos. Os rins controlam a pressão arterial de vários modos. Se a pressão aumenta, os rins aumentam a excreção de sal e água, o que reduz o volume sanguíneo e faz a pressão retornar ao normal. Por outro lado, se a pressão cai, os rins diminuem a excreção de sal e água e, consequentemente, o volume sanguíneo aumenta e a pressão retorna ao normal. Os rins também podem elevar a pressão arterial secretando a enzima renina, a qual estimula a produção do hormônio angiotensina, o qual, por sua vez, desencadeia a liberação do hormônio aldosterona. Em razão ao importante papel dos rins no controle da pressão arterial, muitas doenças e anomalias renais podem causar o aumento da pressão arterial. Por exemplo, o estreitamento da artéria que irriga um dos rins (estenose da artéria renal) pode causar hipertensão. Da mesma forma, inflamações renais de diversos tipos e à lesão renal uni ou bilateral também podem provocar aumento da pressão arterial. Sempre que uma alteração provoca a elevação da pressão arterial, é desencadeado um mecanismo de compensação que procura compensar esse aumento e manter a pressão em níveis normais. Assim, um aumento no volume do sangue bombeado pelo coração, o qual tende a aumentar a pressão arterial, faz com que os vasos sanguíneos dilatem e que os rins aumentem a excreção de sal e água, o que tende a 16 16 Lucas Ferraz Medicina – 2ºP reduzir a pressão arterial. Entretanto, a arteriosclerose produz enrijecimento das artérias, impedindo sua dilatação, a qual auxiliaria na redução da pressão arterial aos seus níveis normais. Alterações arterioscleróticas renais podem comprometer a capacidade dos rins de excretar sal e água, o que contribui para a elevação da pressão arterial. Uma queda na pressão arterial (1) provoca a liberação de renina, uma enzima renal. Por sua vez, a renina (2) ativa a angiotensina (3), um hormônio que provoca contração das paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas), aumentando a pressão arterial. A angiotensina também desencadeia a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais (4), provocando a retenção de sal (sódio) e a excreção de potássio. O sódio promove a retenção de água e, dessa forma, provoca a expansão do volume sanguíneo e o aumento da pressão arterial.
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