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Beatriz Nicoli – Medicina Ufes T106 Compartimento anterior e lateral da coxa · Introdução · Os músculos da coxa são organizados em três compartimentos, divididos por septos intermusculares, que são os compartimentos anterior, medial e posterior · Músculos do compartimento anterior da coxa · O grande compartimento anterior da coxa contém os músculos anteriores da coxa, os flexores do quadril e os extensores do joelho. · Os músculos anteriores da coxa são os: · Músculo pectíneo, um músculo quadrangular plano, localizado na parte anterior da face superior e medial da coxa · Músculo iliopsoas (o principal flexor da coxa), formado pela fusão de dois músculos, os músculos psoas maior e ilíaco. As partes carnosas dos dois músculos situam-se na parede posterior do abdome e na pelve maior, fundindo-se à medida que entram na coxa, passando abaixo do ligamento inguinal e inserindo-se ao trocanter menor do fêmur. Esse músculo também é um músculo postural, ativo durante a posição ortostática, na manutenção da lordose lombar normal e, indiretamente, da cifose torácica compensatória (curvatura da coluna vertebral) · Músculo sartório, o músculo do costureiro (L. sart, alfaiate), um longo músculo semelhante a uma fita, que é o músculo mais superficial do compartimento anterior da coxa. Segue um trajeto oblíquo (de lateral para medial) através da parte superior e anterior da coxa. Atua nas articulações do quadril e do joelho e, quando atua bilateralmente, os músculos levam os membros inferiores na posição sentada de pernas cruzadas. Nenhuma dessas ações é forte; por conseguinte, trata-se principalmente de um sinergista, que atua com outros músculos da coxa que produzem esses movimentos · Músculo quadríceps femoral, o grande extensor da articulação do joelho, que forma a massa principal dos músculos anteriores da coxa. O músculo cobre quase toda a face anterior e as laterais do fêmur. Esse músculo possui quatro partes: · O músculo reto femoral, o “músculo do chute”, que cruza a articulação do quadril e ajuda o músculo iliopsoas a fletir essa articulação. A sua capacidade de estender o joelho é comprometida durante a flexão do quadril · O músculo vasto lateral, o maior componente do músculo quadríceps femoral, localizado na face lateral da coxa, em todo o seu comprimento · O músculo vasto intermédio, situado abaixo do músculo reto femoral, entre os músculos vasto medial e vasto lateral · O músculo vasto medial, que cobre a face medial dos dois terços distais da coxa. · Os tendões das quatro partes do músculo quadríceps femoral unem-se na parte distal da coxa para formar o tendão do músculo quadríceps femoral (ver Figura 7.15B). O ligamento da patela, que é a continuação do tendão do músculo quadríceps femoral no qual a patela está inserida, estão fixado à tuberosidade tibial. · Musculo articular do joelho derivado do músculo vasto intermédio, vai se fixar superiormente à parte inferior da face anterior do fêmur e, inferiormente, à membrana sinovial da articulação do joelho e à parede da bolsa suprapatelar · Os músculos vasto medial e vasto lateral também se fixam independentemente à patela e formam aponeuroses, os retináculos medial e lateral da patela. Esses retináculos reforçam a cápsula articular do joelho, de cada lado da patela, no trajeto até a sua fixação no platô tibial. A patela fornece uma alavanca adicional para o músculo quadríceps femoral, posicionando o tendão mais anteriormente, mais distante do eixo da articulação, fazendo com que se aproxime da tíbia com uma posição de maior vantagem mecânica. · · Músculos mediais da coxa · Os músculos mediais da coxa – coletivamente denominados grupo adutor –, encontram-se no compartimento medial da coxa e são inervados principalmente pelo nervo obturatório. O grupo adutor é constituído pelos seguintes músculos: · Músculo adutor longo: o mais anterior dos músculos do grupo · Músculo adutor curto: abaixo (posteriormente) dos músculos pectíneo e adutor longo · Músculo adutor magno: o maior músculo adutor, composto das partes adutora e isquiotibial; as partes diferem nas suas inserções, inervação e ações principais · Músculo grácil: músculo longo, semelhante a uma correia, situado ao longo da face medial da coxa e do joelho; é o único músculo adutor que cruza e atua na articulação do joelho, bem como na articulação do quadril · Músculo obturador externo: músculo em forma de leque de localização profunda nas partes superior e medial da coxa. · Hiato dos adultores abertura localizada na inserção aponeurótica distal da parte adutora do músculo adutor magno e o tendão de sua parte isquiotibial. O hiato dos adutores fornece uma passagem para a artéria e a veia femorais provenientes do compartimento anterior da coxa em seu trajeto até a fossa poplítea, posteriormente ao joelho · · Trígono femoral e canal dos adutores · Trígono femoral espaço subfascial no terço anterior e superior da coxa. Ele aparece como uma depressão triangular abaixo do ligamento inguinal quando se realiza a flexão, a abdução e a rotação lateral da coxa. O trígono femoral é limitado pelas seguintes estruturas: · Superiormente, pelo ligamento inguinal, que forma a base do trígono femoral · Medialmente, pelo músculo adutor longo · Lateralmente, pelo músculo sartório; o ápice do trígono encontra-se no local onde a margem medial do músculo sartório cruza a margem lateral do músculo adutor longo. · O assoalho muscular do trígono femoral é formado pelo músculo iliopsoas, lateralmente, e pelo músculo pectíneo, medialmente. · O teto do trígono femoral é formado pela fáscia lata, pela fáscia cribriforme, pela tela subcutânea e pela pele. · Abaixo do ligamento inguinal, o espaço retroinguinal constitui uma importante via de passagem que une o tronco/cavidade abdominopélvica ao membro inferior. · É criado à medida que o ligamento inguinal estende-se sobre o espaço entre a EIAS e o tubérculo púbico. · O espaço retroinguinal é dividido em dois compartimentos pela fáscia do músculo iliopsoas. · O compartimento lateral é o compartimento muscular através do qual passam o músculo iliopsoas e o nervo femoral; o compartimento medial possibilita a passagem das veias, artérias e vasos linfáticos entre a pelve maior e o trígono femoral. · O conteúdo do trígono femoral, de lateral para medial, é o seguinte: · O nervo femoral e seus ramos (terminais) · A artéria femoral e vários de seus ramos · A veia femoral e suas tributárias proximais (p. ex., as veias safena magna e femoral profunda) · Os linfonodos inguinais profundos e vasos linfáticos associados. · · A artéria e a veia femorais dividem ao meio o trígono femoral e entram e saem do canal dos adutores no ápice do trígono. · O canal dos adutores (canal de Hunter) estende-se a partir do ápice do trígono femoral, onde o músculo sartório cruza sobre o músculo adutor longo, até o hiato dos adutores, no músculo adutor magno. · O canal fornece uma passagem intermuscular para a artéria e a veia femorais, para o nervo safeno e para o músculo vasto medial, proporcionando o trajeto dos vasos femorais até a fossa poplítea, onde se tornam os vasos poplíteos. O canal dos adutores é limitado, anterior e lateralmente, pelo músculo vasto medial, posteriormente, pelos músculos adutores longo e magno e, medialmente, pelo músculo sartório, que passa sobre o sulco entre os músculos acima, formando o teto do canal. · Nervo femoral · Maior ramo do plexo lombar, se origina no abdome, dentro do músculo psoas maior, e desce em direção posterior e lateral pela pelve até o ponto médio do ligamento inguinal. Em seguida, segue abaixo desse ligamento (no compartimento muscular do espaço retroinguinal) e entra no trígono femoral, lateralmente aos vasos femorais · Após entrar no trígono femoral, o nervo femoral divide-se em vários ramos terminais para os músculos anteriores da coxa · Ele também emite ramos articulares para as articulações do quadril e do joelho e fornece ramos cutâneos para as faces anterior e medial da coxa. · O ramo cutâneo terminal do nervo femoral, o nervo safeno,desce através do trígono femoral, lateralmente à bainha femoral que contém os vasos femorais. · O nervo safeno acompanha a artéria e a veia femorais pelo canal dos adutores e torna-se superficial, passando entre os músculos sartório e grácil, quando os vasos femorais atravessam o hiato dos adutores. · O nervo safeno segue em direção anterior e inferior para inervar a pele e a fáscia nas faces anteriores e mediais do joelho, da perna e do pé. · Bainha femoral · A bainha femoral é um tubo fascial afunilado, de comprimento variável (habitualmente 3 a 4 cm), que passa por baixo do ligamento inguinal e envolve as partes proximais dos vasos femorais, criando o canal femoral medialmente a eles. · A bainha é formada por um prolongamento inferior da fáscia transversal e fáscia do músculo iliopsoas do abdome/pelve maior. · A bainha femoral não envolve o nervo femoral. Ela termina inferiormente, tornando-se contínua com a túnica adventícia, a cobertura de tecido conjuntivo frouxo dos vasos femorais. · Quando existe uma bainha femoral longa, a sua parede medial é perfurada pela veia safena magna e pelos vasos linfáticos. · A bainha femoral permite o deslizamento da artéria e da veia femorais abaixo do ligamento inguinal durante os movimentos da articulação do quadril. · Essa bainha é subdividida em três compartimentos por septos verticais de tecido conjuntivo extraperitoneal, que se estendem a partir do abdome, ao longo dos vasos femorais. · Os compartimentos da bainha femoral são o compartimento lateral para a artéria femoral; o compartimento intermédio, para a veia femoral; e o compartimento medial, que forma o canal femoral. · O canal femoral é o menor dos três compartimentos. É curto e cônico e situa-se entre a margem medial da bainha femoral e a veia femoral. O canal femoral: · Estende-se distalmente até o nível da margem proximal do hiato safeno · Possibilita a expansão da veia femoral quando o retorno venoso a partir do membro inferior aumenta, ou quando a pressão intra-abdominal aumentada provoca estase temporária na veia · Contém tecido conjuntivo frouxo, gordura, alguns vasos linfáticos e, algumas vezes, um linfonodo inguinal profundo (linfonodo de Cloquet). · A base do canal femoral, formada por uma pequena abertura proximal (cerca de 1 cm de diâmetro) em sua extremidade abdominal, é o anel femoral. Os limites do anel femoral são os seguintes: lateralmente, um septo femoral entre o canal femoral e a veia femoral; posteriormente, o ramo superior do púbis coberto pelo ligamento pectíneo; medialmente, o ligamento lacunar; e, anteriormente, a parte medial do ligamento inguinal. · Artéria femoral · A artéria femoral, a principal artéria do membro inferior, é a continuação da artéria ilíaca externa, distal ao ligamento inguinal. A artéria femoral: · Entra no trígono femoral abaixo do ponto médio do ligamento inguinal (a meio caminho entre a EIAS e o tubérculo púbico), lateralmente à veia femoral · Situa-se abaixo da fáscia lata e desce pelas margens adjacentes dos músculos iliopsoas e pectíneo · Divide ao meio o trígono femoral e deixa o seu ápice para entrar no canal dos adutores, abaixo do músculo sartório · Sai do canal dos adutores, atravessa o hiato dos adutores e torna-se a artéria poplítea. · A artéria femoral profunda é o maior ramo da artéria femoral e a principal artéria da coxa. Origina-se da artéria femoral no trígono femoral. · No terço médio da coxa, é separada da artéria femoral e da veia pelo músculo adutor longo. · Emite três ou quatro artérias perfurantes, que passam em torno da face posterior do fêmur e irrigam os músculos adutor magno, isquiotibiais e vasto lateral. · As artérias circunflexas femorais são habitualmente ramos da artéria femoral profunda, mas podem originar-se da artéria femoral. · As artérias circunflexas femorais circundam a coxa, anastomosam-se entre si e com outras artérias e irrigam os músculos da coxa e a extremidade proximal do fêmur. · A artéria circunflexa femoral medial fornece a maior parte do sangue para a cabeça e o colo do fêmur por meio de seus ramos, as artérias retinaculares posteriores. · Ela segue profundamente, entre os músculos iliopsoas e pectíneo, para alcançar a face posterior do colo do fêmur, onde segue o seu trajeto abaixo (anteriormente) do músculo quadrado femoral. · A artéria circunflexa femoral lateral segue lateralmente através da cápsula articular, irrigando principalmente os músculos na face lateral da coxa. · Veia femoral · A veia femoral é a continuação da veia poplítea, proximal ao hiato dos adutores. · À medida que ascende pelo canal dos adutores, a veia femoral situa-se posterior e lateralmente e, em seguida, posteriormente à artéria femoral. · A veia femoral entra na bainha femoral, lateralmente ao canal femoral e torna-se a veia ilíaca externa no local onde passa posteriormente ao ligamento inguinal. · Na parte inferior do trígono femoral, a veia femoral recebe a veia femoral profunda, a veia safena magna e outras tributárias. · A veia femoral profunda, que é formada pela união de três ou quatro veias perfurantes, entra na veia femoral, abaixo do ligamento inguinal, e inferiormente à terminação da veia safena magna. · Artéria obturatória e nervo obturatório · A artéria obturatória origina-se habitualmente da artéria ilíaca interna. · Em cerca de 20% dos indivíduos, um ramo púbico aumentado da artéria epigástrica inferior assume o lugar da artéria obturatória (artéria obturatória substituta) ou une-se a ela, como artéria obturatória acessória. · A artéria obturatória atravessa o forame obturado, entra no compartimento medial da coxa e divide-se em ramos anterior e posterior, que se estendem sobre o músculo adutor curto. · A artéria obturatória irriga os músculos obturador externo, pectíneo, adutores da coxa e grácil. Seu ramo posterior emite um ramo acetabular, que irriga a cabeça do fêmur. · O nervo obturatório (L2-L4) desce ao longo da margem medial do músculo psoas e entra na coxa através do forame obturado, com a artéria e a veia obturatórias. · Divide-se em ramos anterior e posterior, os quais, à semelhança dos vasos, estendem-se sobre o músculo adutor curto. · O ramo anterior inerva os músculos adutor longo, adutor curto, grácil e pectíneo, enquanto o ramo posterior inerva os músculos obturador externo e adutor magno.
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