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Síndromes neuróticas

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SÍNDROMES NEURÓTICAS
AGORAFOBIA
Na agorafobia, o medo e a angústia
relacionam-se a um conglomerado de pessoas (em
supermercados, shopping centers, congestionamento
no trânsito, entre outros lugares) em espaços amplos
ou em locais de onde possa ser difícil escapar ou onde
o auxílio ou a presença de pessoas próximas não seja
rapidamente acessível.
Os indivíduos com agorafobia têm
frequentemente crises de medo, que chegam ao
pânico quando estão fora de casa. Têm, com
frequência, medo de viajar de ônibus, automóvel ou
avião. Há tendência de evitar tais situações, o que
geralmente leva ao estreitamento das possibilidades
vivenciais do indivíduo, restringindo-o, às vezes, a sua
casa e a ambientes muito familiares e seguros.
FOBIA SIMPLES OU ESPECÍFICA
A fobia simples ou específica caracteriza-se por
medo intenso, persistente, desproporcional e irracional,
como medo de animais (barata, sapo, cobra,
passarinho, cachorro, cavalo, entre outros), medo de
ver objetos cortantes, como seringas, faca, vidros
quebrados, ou medo de ver sangue.
A exposição ao objeto ou animal fobígenos
geralmente deflagra um estado de angústia, que pode
chegar a uma crise de pânico. Os indivíduos
acometidos reconhecem o caráter irracional e
desproporcional de seus medos.
FOBIA SOCIAL
A ansiedade social e a fobia social
caracterizam-se por medo intenso e persistente de
situações sociais que envolvam expor-se ao contato
interpessoal, demonstrar capacidade de desempenho
ou participar de situações competitivas e de cobrança.
“Ansiedade social” e “fobia social” são termos
usados muitas vezes como sinônimos, mas tende-se a
ver a fobia social como um quadro mais grave que a
ansiedade social.
O indivíduo sente intensa angústia ao ter de
falar em público, apresentar um seminário, chegando a
apresentar dificuldade até em utilizar banheiros
públicos, alimentar-se em refeitórios públicos ou
assinar cheques na frente de pessoas desconhecidas.
O medo da exposição é mais forte com
pessoas estranhas ou tidas, por algum motivo, como
hierarquicamente em posição superior (chefes no
trabalho, diretor da escola, professores, entre outras). O
indivíduo tenta evitar tais situações e reconhece o
caráter absurdo de seus temores.
Há, geralmente, grande sofrimento com tais
dificuldades, que pode comprometer a carreira
estudantil e profissional das pessoas acometidas e
limitar sua vida social, emocional e de lazer.
TRANSTORNO DISSOCIATIVO
(HISTERIA)
As crises histéricas, com acometimento da
consciência, desmaios, movimentos abruptos e
marcantes, parecidos (mas, na verdade, distintos) com
a crise tônico-clônica de epilepsia, ou os quadros
conversivos com afonia, cegueira ou paralisias
psicogênicas, ocorriam, muitas vezes, em pessoas com
comportamento e personalidade caracteristicamente
dramáticos, certo infantilismo e, eventualmente,
sedução pueril e necessidade de ser o centro das
atenções.
Segundo van Den Berg (1970), o paciente
histérico apresenta uma peculiaridade: necessita de
contato e tem incapacidade de mantê-lo e
aprofundá-lo. Do ponto de vista existencial, tais
indivíduos vivem em um contexto de inautenticidade
no contato interpessoal; suas relações soam falsas, eles
parecem que precisam representar constantemente
em seu relacionamento com as pessoas.
Subdividiam-se os quadros histéricos em três
grandes subgrupos:
- histeria de conversão ou conversiva (que
corresponde ao atual transtorno conversivo, no
DSM-5),
- histeria dissociativa (que corresponde ao atual
“transtorno dissociativo”) e
- forma mista de histeria (com conversão e
dissociação).
Conforme salienta Ramadan (1985, p. 8), o
comprometimento provocado pela histeria não é
equivalente à função biológica ou natural do órgão,
segundo suas estruturas e disposições
Psiquiatria
Mariana Melo
anatomofuncionais; o distúrbio corresponde, sempre, à
utilização habitual que o paciente faz do órgão, ou à
representação imaginária e simbólica que tem daquela
função.
Ao quebrar e subdividir a histeria ou neurose
histérica em transtornos como transtorno da
personalidade histriônica, transtorno dissociativo de
movimentos, sensação ou cognição, transtorno
dissociativo de identidade, amnésia dissociativa, fuga
dissociativa e transtorno conversivo, os sistemas DSM
e CID desmontaram a noção de uma entidade
nosológica unitária, com subformas inter-relacionadas,
em várias condições relativamente independentes. No
entanto, ao que parece, tal mudança tem produzido
pouco avanço tanto para a compreensão
psicopatológica como para o tratamento das pessoas
acometidas.
O sistema da CID (CID-10 e CID-11), de certa
forma, mantém parcialmente a noção de histeria, ao
agrupar os transtornos dissociativos e os conversivos
sob a rubrica única de “transtornos dissociativos”.
Entretanto, os elementos da personalidade histriônica
que eram integrados aos sintomas dissociativos e
conversivos para formar o conceito clássico de histeria
são também abandonados pela CID.
CONVERSÃO
Na conversão, ocorrem tipicamente alterações
das funções sensoriais ou das funções motoras, que
lembram sintomas neurológicos, mas que são, na
realidade, claramente distintos das condições
neurológicas. Há, assim, a conversão de um conflito
psíquico inconsciente (desejos, temores inconscientes
e inaceitáveis para o indivíduo) para o corpo; conversão
aqui significa, portanto, “salto” do plano psíquico para o
plano de sintomas corporais.
Em relação às funções sensoriais, pode haver
anestesias de partes do corpo, perda da visão, do olfato
ou da audição. Em relação às funções motoras, pode
haver fraqueza ou paralisias, contraturas, movimentos
anormais, perturbações do andar e no ficar de pé
(astasia-abasia) e rouquidão psicogênicas ou perda
total da voz (afonia conversiva).
Por serem psicogênicas (de causa
predominantemente psicológica), as alterações
sensoriais, como perda da visão ou audição, perda da
voz, anestesia das mãos ou de um braço, ou as
motoras, como paralisias de membros, correspondem
à representação mental e simbólica do corpo, e não à
neuroanatomia objetiva ou à função neurológica. Por
exemplo, as paralisias de braços ou das pernas, nos
quadros conversivos, não têm padrão neurológico, ou
seja, no exame neurológico da região não
correspondem a nenhuma síndrome neurológica,
como síndrome hemiplégica piramidal, paralisia
decorrente de lesão medular ou de nervo periférico.
Exames como ressonância magnética do cérebro ou da
coluna vertebral ou eletroneuromiografia da parte
afetada são, geralmente, normais. Por isso, no DSM-5,
os transtornos conversivos são também chamados de
transtornos de sintomas neurológicos funcionais –
denominação infeliz, pois não são, de fato, sintomas
neurológicos.
Chama atenção, eventualmente, nesses
pacientes, o fato de, não notarem seus distúrbios
corporais aparentemente muito graves (paralisias,
cegueira, anestesias, entre outros), reagirem com certa
indiferença. A isso, os clínicos antigos denominaram la
belle indifférence des hystériques (a bela indiferença
das histéricas). Essa indiferença seria devida, talvez, à
noção (mesmo que inconsciente) de que tal alteração
(paralisia, cegueira, entre outras) é, na realidade,
transitória e passageira.
ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO (TEPT)
TEPT é um transtorno com forte componente
de ansiedade que se desenvolve após a exposição do
indivíduo a um ou mais eventos extremamente
ameaçadores, traumáticos e horríveis (como estupro,
sequestro, assalto, homicídio, desabamentos,
incêndios, catástrofes naturais, eventos de guerra, entre
outros).
O TEPT se caracteriza por lembranças ou
recordações vívidas que invadem a consciência do
indivíduo que passou pelo trauma, os chamados
flashbacks (ou em forma de pesadelos). Estes, com
frequência, se acompanham por emoções fortes e
profundas, com ansiedade, medo e/ou horror e
sensações físicas marcantes. Ocorrem, assim, de forma
recorrente, a intensa sensação física e/ou sentimentos
de que se está imerso nas mesmas emoções de
quando se experimentou o evento traumático.
O paciente busca evitar os pensamentos e as
recordações doevento traumático ou, ainda, evitar
atividades, situações ou pessoas que de alguma forma
representem reminiscências do evento.
Psiquiatria
Mariana Melo
No TEPT, o indivíduo experimenta um estado
de contínua sensação de ameaça; tende a estar
hipervigil ou pronto para reagir a estímulos, como
ruídos inesperados. Os sintomas duram muitas
semanas ou meses e causam grande sofrimento.
Como a sociedade brasileira apresenta níveis
de violência muito altos, o TEPT representa uma
condição de grande relevância clínica e social para os
profissionais da saúde mental.
REAÇÃO AGUDA APÓS ESTRESSE
A reação aguda ao estresse, também chamada
de choque psíquico, estado de crise, fadiga de
combate, ou ainda, popularmente conhecido como
“estado de choque”, trata-se de uma resposta não
adaptativa a um acontecimento particularmente
estressante ou uma alteração particularmente
marcante na vida de uma pessoa.
Caracteriza-se por iniciar-se logo após o evento
traumático.
- Estado de atordoamento acompanhado de
tristeza, ansiedade, raiva, desespero, etc,
- Sensação de impotência frente ao ocorrido
- Sintomas dissociativos, como sensação de
distanciamento, redução da consciência quanto
às coisas que a rodeiam, desrealização,
despersonalização e incapacidade de recordar
algum aspecto importante do trauma.
- No máximo 3 ou 4 semanas e depois consegue
seguir a vida.
TRANSTORNO
OBSESSIVO-COMPULSIVO
Eles se caracterizam por ideias, fantasias e
imagens obsessivas e por atos, rituais ou
comportamentos compulsivos.
Esses quadros são vividos como uma pressão
sobre o indivíduo, como algo que o obriga e a que se
submete.
Os quadros obsessivo-compulsivos dividem-se
em dois subtipos básicos:
- aqueles nos quais predominam as ideias
obsessivas e
- aqueles nos quais predominam os atos e os
comportamentos compulsivos.
Muito frequentemente, entretanto, se
observam formas mistas.
Os quadros obsessivos, portanto,
caracterizam-se por ideias, pensamentos, fantasias ou
imagens persistentes que surgem de forma recorrente
na consciência; são vivenciados com angústia e como
algo que “invade” a consciência.
O indivíduo reconhece o caráter irracional e
absurdo desses pensamentos e tenta, às vezes, lutar
contra eles ou neutralizá-los com outros pensamentos
ou com atos e rituais específicos. No entanto,
geralmente, tais tentativas fracassam.
Nos quadros compulsivos, predominam
comportamentos e rituais repetitivos, como lavar as
mãos inúmeras vezes, tomar muitos banhos, verificar
se as portas e janelas estão trancadas dezenas de
vezes, colocar todos os objetos do quarto em certa
ordem, etc., assim como atos mentais, como repetir
palavras mentalmente em silêncio, fazer listas mentais,
fazer determinadas contas, em geral em resposta a
uma ideia obsessiva.
Os comportamentos e os atos compulsivos
também podem surgir como forma de cumprir regras
mágicas que precisam ser rigidamente seguidas. Outras
razões para os atos e os rituais compulsivos são
pensamentos mágicos que vinculam a realização do
ato compulsivo com o afastamento de algum evento
temível ou indesejado.
Na prática clínica, nem sempre é fácil demarcar
com precisão o limite entre a obsessão e a fobia (p. ex.,
obsessão por limpeza, fobia de sujeira ou
contaminação) ou entre a ideia delirante e a obsessão
com pouca crítica e insight. Da mesma forma, em
alguns casos, é difícil diferenciar entre o ato compulsivo
(vivenciado como obrigatório e desprazeroso) e o ato
impulsivo.
NEURASTENIA
Está em relativo desuso e tende a ser
substituída pelos conceitos de síndrome da fadiga
crônica, distimia, fibromialgia, entre outros.
A neurastenia se caracteriza por fadiga fácil
depois de esforço físico ou mental, dores musculares,
dificuldade em relaxar, sensação de fraqueza e
exaustão corporal, irritabilidade, dificuldade em
concentrar-se, tonturas, cefaleias e insegurança. Pode
haver dificuldades com o sono. Sintomas depressivos
sobrepõem-se amplamente aos da neurastenia.
Psiquiatria
Mariana Melo
HIPOCONDRIA
No transtorno hipocondríaco (transtorno de
ansiedade de doença, CID-11 e DSM-5, nosofobia,
CID-11), predominam os temores e as preocupações
intensas com a ideia de ter uma patologia grave. Essas
ideias surgem geralmente a partir de sensações
corporais ou sinais físicos mínimos ou insignificantes.
O indivíduo procura constantemente médicos
e serviços de saúde para ver se “agora tem a doença
mesmo” ou para receber garantias do contrário.
Entretanto, embora haja preocupação enorme com a
possibilidade de sofrer de tais doenças, tal
preocupação não tem caráter delirante, e o indivíduo
pode fazer uma crítica, em algum momento, quanto ao
caráter absurdo de suas preocupações.
Os instrumentos padronizados de avaliação de
quadros ansiosos, Escala de Avaliação de Ansiedade de
Hamilton, e de TOC, Escala Yale-Brown de Obsessões
e Compulsões (Y-BOCS), estão disponíveis no hotsite
do livro.
TRANSTORNO NEUROVEGETATIVO
SOMATOFORME
O termo “somatização” tem significação ampla,
referente ao processo pelo qual um indivíduo padece
em seu corpo sintomas físicos, que não têm origem
exclusiva em uma doença física, mas se relacionam
bem mais a dificuldades psicológicas, psicossociais ou
interpessoais.
Sintomas comuns nesses quadros são dores
difusas (cefaleias, lombalgias, artralgias, dores
abdominais, “corpalgias”, entre outras), sintomas
gastrintestinais (náuseas, diarreia, dispepsia), fadiga,
sono ruim e sintomas psicopatológicos inespecíficos,
como ansiedade, depressão e irritabilidade.
A somatização pode acontecer na presença de
doença física demonstrável (intensificando
demasiadamente a apresentação sintomática), assim
como na ausência de qualquer doença ou condição
física.
Pode haver (mas não obrigatoriamente) o
desejo, consciente ou inconsciente, de estar no papel
de doente físico a fim de obter de alguma forma
ganhos primários (nesse caso, tentativa inconsciente
de se reequilibrar psicologicamente) ou ganhos
secundários (benefícios sociais ou interpessoais
concretos, como licenças médicas e aposentadoria).
Além disso, é possível que a somatização sirva
como um meio de comunicação quando a expressão
verbal mais direta está bloqueada. Pode também
representar uma forma de expressão de sofrimento e
desconforto em pessoas que não conseguem
reconhecer e verbalizar seus sentimentos.
Os quadros de somatização podem ser
situacionais e transitórios (durante uma fase difícil da
vida) ou estáveis e duradouros, passando a ser um
estilo ou modo de conduzir a vida.
ANOTAÇÕES
- Transtorno fóbicos ansiosos
- TOC: obsessão: ideia, pensamento; compulsão:
comportamento, ação.
- Transtorno por estresse: reação aguda do
estresse, pós traumático e adaptação
(relacionado a perdas, falecimentos, período de
luto até 3 anos.)
- Transtorno dissociativos/conversivos
- Transtorno somatoformes
Tratamento de ansiedade:
- inibidor seletivo: fluoxetina, sertralina,
paroxetina, escitalopram. Efeitos colaterais:
alterações no TGI. Devem ser tomadas durante
o dia. Pode dar sonolência no início.
Psiquiatria
Mariana Melo

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