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Fenômenos de Direito Constitucional Intertemporal - revogação, desconstitucionalização, repristinação, recepção e não recepção

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Deise Emanuelle via Passei Direto
Fenômenos de Direito Constitucional
Intertemporal 
Revogação Global 
No Brasil, entre um ordenamento
constitucional novo e as normas
constitucionais anteriores, em regra,
sempre se operou o fenômeno da
revogação global, que significa dizer que
a Constituição nova revoga a
Constituição que a antecedeu, deixando
esta última de produzir seus efeitos
jurídicos. Como são normas de mesma
hierarquia e versam igualmente sobre
matéria constitucional, aplica-se o
princípio geral do direito no sentido de
que a lei nova revoga completamente a
anterior. 
O fenômeno é simples de entender se
considerarmos a instabilidade da vida
política do país, num contexto que
sempre oscilou entre regime ditatorial
(civil ou militar) com a
pseudodemocracia. Nada impede,
entretanto, que com base na liberdade
jurídica do poder constituinte originário,
outro fenômeno venha a ser adotado no
Brasil. 
Quanto à extensão a revogação poderá
ser total (ab-rogação) ou parcial
(derrogação). Portanto, quando uma
nova Constituição é promulgada, salvo
disposição em sentido contrário, haverá
a revogação total no texto constitucional
anterior. 
Desconstitucionalização 
A desconstitucionalização ocorre quando
a nova Constituição dispõe que alguns
dispositivos da ordem constitucional
anterior serão mantidos válidos perante
o novo ordenamento, mas não sob a
forma de Constituição, e sim sob a forma
de norma infraconstitucional. Não é um
fenômeno automático e, para acontecer,
deverá vir expresso no novo texto da
Constituição. 
Vacatio Constitutionis
A vacatio constitutionis é o período de
tempo entre a publicação de uma nova
Constituição e a sua entrada em vigor.
Não é, em regra, adotado no país, muito
embora a Constituição de 1967,
promulgada no dia 24 de janeiro de
1967, o tenha estabelecido
expressamente: “Art. 189. Esta
Constituição será promulgada,
simultaneamente, pelas Mesas das Casas
do Congresso Nacional e entrará em
vigor no dia 15 de março de 1967”. 
Ressalte-se que a Constituição de 1988
entrou em vigor na data da sua
promulgação, não estabelecendo o
referido fenômeno. Não existindo uma
cláusula estabelecendo a vacatio,
Deise Emanuelle via Passei Direto
entende-se que a vigência é imediata, a
partir da sua promulgação. 
Durante a vacatio constitutionis toda
norma que tenha sido criada e que
contrarie as normas constitucionais já
existentes será inválida, ainda que esteja
de acordo com a Constituição
promulgada, mas não em vigor. De outro
lado, as leis que tenham sido
promulgadas nesse período em
conformidade com as regras
constitucionais vigentes valem enquanto
durar a vacatio, mas ficam revogadas
com a entrada em vigor do novo texto
constitucional, caso não estejam em
conformidade material com a nova
Constituição. 
Recepção e Não Recepção 
A recepção é um fenômeno de natureza
material porque não analisa o processo
legislativo que fundamentou a
elaboração da norma, fixando-se na
verificação de seu conteúdo, pois, se o
olhar da Constituição sobre o
ordenamento anterior fosse muito
rigoroso, pouquíssimas seriam as
normas efetivamente recepcionadas.
Além do que, a norma que vai reger o
processo legislativo é a que existia no
momento de sua elaboração (tempus
regit actum), e não as normas de uma
Constituição futura. Por isso, a recepção
vai analisar o conteúdo da lei, se este for
compatível com os princípios e as regras
da nova Constituição, vai ser mantida,
não sendo compatível, será afastada,
deixando de produzir seus efeitos
jurídicos. A recepção é um fenômeno
automático. As normas anteriores,
incompatíveis formalmente com a nova
Constituição, serão por ela recebidas se
houver compatibilidade material e
passarão a ter status formal
determinado pelo novo ordenamento
constitucional. Podemos citar como
exemplo, o Código Tributário Nacional –
CTN, que foi feito sob a forma de lei
ordinária e a Constituição de 1988
determina que as normas gerais
tributárias sejam tratadas por lei
complementar. 
As normas não compatíveis
materialmente com a nova Constituição,
não serão recepcionadas. Em face da
incompatibilidade material da norma
pré-constitucional com a nova
Constituição, a lei anterior deixará de
produzir seus efeitos jurídicos por força
da revogação. 
Importante destacar que o parâmetro de
recepção ou de não recepção não se
esgota na Constituição originária, mas
abrange também as normas
constitucionais derivadas. 
Repristinação 
De acordo com o art. 2º, § 3º, da Lei de
Introdução às normas do Direito
brasileiro, uma lei validamente revogada
não volta a produzir efeitos jurídicos com
a revogação da lei que a revogou. Esse é
um fenômeno salutar de sucessão
legislativa no país. A sociedade muda e
as normas precisam acompanhá-la, sob
Deise Emanuelle via Passei Direto
pena de descompasso temporal entre a
realidade e as leis. 
Entretanto, conforme a parte inicial do
dispositivo da lei sob nossa análise, é
possível que mediante disposição
expressa, a lei nova, revogadora de
outra, que revogou a que a antecedeu
“repristine” (restaure os efeitos
jurídicos) de uma norma já revogada,
realizando o fenômeno da repristinação.

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