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GUIA PRÁTICO DA INTRADERMOTERAPIA PRESSURIZADA DRª RHAYSSA RIBEIRO INTRADERMOTERAPIA PRESSURIZADA Sem dúvidas a Intradermoterapia Pressurizada tem sido hoje um dos tratamentos mais procurados nas clínicas e consultórios de estética em todo Brasil. Isso porque atende as necessidades das pacientes que buscam resultados através de tratamentos livres de dor e também daquelas pacientes com verdadeiro pavor de agulhas, mas que sempre sonharam em fazer tratamentos com “enzimas” e bioestimuladores. Em minha clínica desde que comecei a trabalhar com a Intradermoterapia Pressurizada cada vez mais pacientes tem se encantado com os resultados seja da técnica isolada ou associada a outros tratamentos. Eu vejo a Intradermoterapia Pressurizada como um tratamento versátil, seguro e bastante promissor uma vez que a indústria da estética não para de lançar novos ativos e aplicadores. Por isso para dividir esse conhecimento com vocês eu escrevi com muito carinho esse Ebook. SUMÁRIOSUMÁRIO 4 01 5 A Intradermoterapia Pressurizada (IP) é um tratamento onde é feita a administração de substâncias farmacológicas em várias camadas da pele ou no tecido de gordura sem a utilização de agulhas. É uma forma de tratamento inspirada na Intradermoterapia Clássica (IC), onde através de uma agulha e seringa são administrados medicamentos e demais ativos farmacológicos para tratar diversas condições clínicas. O objetivo da IP é produzir os mesmos resultados que a IC mas sem utilizar um instrumento perfuro cortante como agulha. E como isso pode acontecer? Vamos entender agora! 6 O aplicador de intradermoterapia pressurizada é chamado de injetor. Eles são dispositivos em formato de uma caneta aplicadora. Os injetores não são invenções de agora, eles já existem há muitos anos e são utilizados para aplicações de insulina e até de vacinas. Porém novos modelos surgiram para atender a necessidade dos tratamentos estéticos e a cada dia que passa mais marcas investem não apenas nos injetores mas também em ativos farmacológicos específicos para esse tratamento. COMO FUNCIONA UM INJETOR DE INTRADERMOTERAPIA PRESSURIZADA? Os injetores são dotados de um sistema de mola ou de compressão de ar (pneumáticos). No Brasil, até os dias atuais os sistemas de mola são os mais predominantes. Quando a mola no interior do injetor está encurtada ela acumula energia e após ser liberada cria um jato de alta velocidade de aproximadamente 180 metros por segundo e força o líquido (ativo farmacológico) a romper a barreira da pele. É assim que o ativo penetra na pele e a partir de agora fará a sua ação. Portanto os resultados da IP não estão relacionados a forma de aplicação e sim a ação específica de cada substância no organismo. A INTRADERMOTERAPIA PRESSURIZADA É CONSIDERADA UM TRATAMENTO INVASIVO? Sim, ele pode ser chamado também de minimamente invasivo pois abrange o tratamento da epiderme, derme e se limita a hipoderme (tecido subcutâneo). EPIDERME DERME TECIDO SUBCUTÂNEO Foto 1. Anatomia da pele humana e tecido subcutâneo. 8 MAS, SERÁ MESMO QUE ESSE SISTEMA DE ALTA VELOCIDADE É SUFICIENTE PARA ROMPER A RESISTÊNCIA DA PELE E ENTREGAR OS ATIVOS NA ÁREA DE TRATAMENTO? Alguns trabalhos científicos já comprovaram a deposição dos ativos utilizando injetores de Intradermoterapia. Esses estudos mostram que há diferenças entre a aplicação de ativos com agulha e utilizando um injetor. Um ponto importante observado é que a deposição dos ativos através de injetores é mais difusa horizontalmente que na aplicação com agulhas, levando a supor que seriam necessários menos pontos de aplicação no paciente quando comprado a Intradermoterapia Clássica. Um outro ponto importante mostrado nos trabalhos científicos é sobre a profundidade que as substâncias alcançam dentro do corpo humano. Alguns trabalhos mostraram que a profundidade de penetração não está relaciona ao volume injetado da substância nem a densidade destas, mas sim a pressão programada no equipamento. Porém alguns modelos de equipamentos Brasil não permitem ajustes de pressão. 9 Foto 2. Comparação da penetração de ativos na pele através da Intradermoterapia Pressurizada e Intradermoterapia Clássica. Intradermoterapia Pressurizada Intradermoterapia Clássica Foto 3. Padrão de penetração e deposição das substâncias utilizando 2 pressões diferentes através da pressurização. Foto 3. Créditos: Seok J et al. Investigating skin penetration Depth and Shape following needle-free injection at diferente pressures: a cadaveric study. Laser in Sugery and Medice, 2016. 11 02 12 PRINCIPAIS VANTAGENS Aplicação sem dor: tolerado até por pacientes com fobia a agulha. Penetração mais difusa: necessita de menor quantidade de ativos. Fibrose e equimoses: menor risco de fibrose e equimoses pós tratamento (elimina-se o trauma da agulha) DESVANTAGENS Maior custo de aplicação (quando comparado a intradermoterapia clássica). Alguns bioativos não podem ser aplicados via pressurização. 13 TODOS OS ATIVOS FARMACOLÓGICOS PODEM SER USADOS NA INTRADERMOTERAPIA PRESSURIZADA? Não. A IP tem uma característica que a difere da intradermoterapia clássica. Para que um ativo alcance a área alvo do tratamento (ex: camada de gordura) ele terá que passar obrigatoriamente por todas as camadas anteriores, ou seja epiderme e derme, sendo portanto também depositado em menor quantidade nestas camadas. Por essa razão alguns ativos por terem uma característica irritativa para a pele não devem ser pressurizados, como no caso das lipossomas de girassol, deoxicólico e desoxicolato, pois ao se depositarem nessas camadas desencadearam um processo inflamatório com risco de inflamação, necrose e hiperpigmentação à pele. 14 03 Como dito anteriormente o responsável pelos resultados do tratamento são as substâncias que são entregues à área de tratamento. Para intradermoterapia pressurizada podem utilizadas ativos farmacológicos isolados como exemplo L-carnitina, cafeína, ou soluções de substâncias combinadas que formam o que conhecemos com mescla de tratamento foto 5) Mesclas são soluções combinadas normalmente por vitaminas, aminoácidos, extratos de plantas e fitoterápicos. Porém o termo enzimas ficou consagrado pelo uso, na verdade a grande maioria das mesclas não contem enzimas (substâncias catalisadoras de reações químicas do organismo humano). Atenção: Para que uma mescla ou ativo isolado seja considerado ideal para IP ele precisa ser estéril e próprio para ser injetável no organismo (sempre peça informações ao fabricante). Foto 4. Duas formas de apresentação dos ativos. Mescla pronta (à esquerda) e ativos isolados em flaconetes (à direita). Podemos dividir as “mesclas” em 3 grandes grupos: Lipolíticos: agem estimulando a lipólise ou inibindo a lipogênese. Euritróficos: são responsáveis por melhorar o tecido conjuntivo, estimulam a formação de colágeno e matriz extracelular. Venotróficos: melhoram a microcirculação local. Possuem efeitos vasodilatadores, diminuem a estase venosa e linfática. Principais ativos utilizados em Intradermoterapia Pressurizada LIPOLÍTICOS • Cafeína • L-carnitina • Fosfatidilcolina • Extrato de Alcachofra • Extrato de Sundew conhecida como planta carnívora) EURITRÓFICOS • Silício orgânico • Colágeno • Elastina • DMAE • Coenzima Q10 • Raffermine • Vitamina C • Coenzima Q.10 VENOTRÓFICOS • Blufomedil • Benzopiridona • Cafeína CAPILARES • Cooper peptídeo • Fatores de crescimento • Biotina • D-pantenol * Reparem que optei por separar os capilares em outro grupo, porém em sua maioria são venotróficos ou eritróficos. 17 04 18 INDICAÇÕES Disfunções estéticas corporais: celulite, flacidez, gordura localizada e estrias. Capilar: eflúvio telógeno, alopecia androgenética Facial: tratamento de hiperpigmentação, hidratação cutânea e rugas. CONTRAINDICAÇÕES: Infecção local Feridas abertas Alergia a algumas das substâncias da mescla Doenças autoimunes doenças renais Gestação e amamentação19 05 20 Para a realização da intradermoterapia pressurizada você irá precisar de: injetor, ampola (também chamada de seringa), adaptador e a mescla e pressurizador Atenção: a ampola e adaptador devem sem compatíveis com o modelo de injetor utilizado. Foto 5. Modelo de Injetor Foto 6. Ampola Foto 7. Adaptador conectado a ampola Foto 8. Adaptador. Modelo compatível para encaixe em seringa. Permitindo o profissional extrair a mescla diretamente da seringa sem necessitar do frasco 21 06 22 PASSOS PARA A APLICAÇÃO: Passo 1: Caso a mescla não tenha vindo pronta é necessário primeiro prepará-la. Você precisará de um frasco estéril Deve-se aspirar cada um dos ativos com uma seringa e deposita-los no frasco estéril. Caso o Ph de cada substância tenha sido informado você deve aspira-las seguindo uma ordem crescente ou decrescente de acordo com o PH. Sempre peça também informações específicas de preparo junto ao fabricante (ex: diluição necessária...) Passo 2: abastecer a ampola com a mescla no volume desejado para o tratamento. Para esse passo você deve conectar o adaptador ao frasco e depois à ampola. É através do adaptador que você consegue retirar a mescla que está no frasco para dentro da ampola (lembre-se que a técnica é feita sem agulha por isso as ampolas não possuem agulhas na ponta necessitando do adaptador para essa etapa). Passo 2. Abastecendo a ampola com a mescla de tratamento 23 Passo 3: Pressurize o injetor (você deve “arma- lo” ou deixa-lo pronto para o disparo). A pressurização pode ser feita através de uma alavanca no próprio injetor ou através de um dispositivo a parte. Nesse passo você deve também selecionar no injetor a pressão (caso o modelo permita) e informar ao equipamento o volume de mescla que será entregue naquele disparo. Passo 3. Pressurizando o injetor 24 Passo 4: Conecte a ampola ao injetor. Normalmente esse encaixe é rosqueado. Passo 4. Conectando a ampola ao injetor Passo 5: higienize e demarque a área tratada. Você pode demarcar utilizando mini quadrantes de 2cm x 2 cm ou 3cm x 3 cm ou 5 x 5 cm. Quanto maior for o quadrante maior quantidade de mescla por ponto pode ser pressurizada. Passo 5. Aplicação. Reparem que nos pontos onde já foram feitas aplicações há uma marca característica do formato da ampola e do orifício de entrada da mescla 26 07 27 A cada dia surgem novos modelos de injetores no Brasil, cada um como suas peculiaridades, vantagens e desvantagens. Eu considero que o Injetor ideal seja diferente para cada profissional. Por isso é importante a escolha de um modelo que irá se adequar melhor as suas necessidades de tratamentos (se você atende mais facial, corporal, usa doses maiores ou micro doses...). Então para te ajudar na escolha fiz uma lista com aspectos importantes a serem observados: Registro na Anvisa: a utilização de equipamentos e produtos sem o devido Registro junto a Anvisa configura crime. Como é feita a pressurização: necessita de equipamento extra para pressurizar ou o próprio injetor possui alavanca de pressurização? 28 Ajuste de Pressão: permite ajuste da pressão ou apenas um nível de pressão? Já existem modelos de aplicadores que permitem selecionar pressões maiores para atingir camadas mais profundas e menores quando a entrega de ativos deve ser feita mais superficialmente. Lembre-se o que determina a profundidade de penetração é a pressão que a substância é injetada. Volume ofertado em cada disparo: alguns injetores permite ofertar em cada disparo até 0,5 ml outros o máximo a ser ofertado é 0,1 ml. Em alguns modelos após cada disparo a ampola precisa ser abastecida e em outros é possível efetuar vários disparos antes de reabastecer. Esse é um quesito muito importante a ser analisado antes da compra. Valor dos insumos descartáveis: analise qual o valor das ampolas e adaptadores. Como são insumos de uso único você terá que realizar a compra junto ao fabricante. 29 08 30 Por ser um tratamento minimamente invasivo é passível de contaminação da área do tratamento por patógenos, o que pode causar infecções locais e você profissional deve ser o responsável por garantir a biossegurança do procedimento. Dicas importantes para garantir segurança do tratamento: ▪ Higienize corretamente as mãos; ▪ Sempre use EPIS (luvas, touca, máscara); ▪ Higienize a área tratada com álcool a 70% ou Clorexidene; ▪ Utilize gaze estéril; ▪ Não reutilize as ampolas nem adaptadores. Estes entram em contato com sangue e fluídos do paciente; ▪ As mesclas que entraram em contato com a ampola e/ou adaptador devem ser desprezadas após a utilização. 31 09 32 Sim, eu minha vivência clínica faço diversas associações de tratamentos. E elas em conjunto potencializam os resultados. Faz-se também necessário que o paciente seja informada das orientações de pós tratamento como a realização de atividade física e restrições alimentares que forem importantes. As sessões de Intradermoterapia pressurizada podem ser realizadas semanalmente ou em intervalos de 15 dias. É importante que nenhum outro tratamento seja realizado na mesma área da Intradermoterapia pressurizada antes de 48 horas. É um bom espaço de tempo para identificar se há alguma reação indesejada e para que a mescla de tratamento tenha já tenha sido quase que totalmente absorvida da área. Como o resultado do tratamento será dado pela ação específica da mescla não queremos que ela seja absorvida precocemente. Algumas associações possíveis e seguras: ultrassom, radiofrequência, carboxiterapia, ultracavitação, hidrolipoclasia, massagem modeladora e drenagem linfática. 33 10 34 Todo esse material foi preparado com muito carinho porque eu acredito o conhecimento é a chave para o sucesso profissional, por isso o compartilho com colegas de profissão. Se você ainda não me conhece eu sou Rhayssa Rhaquel Ribeiro, mãe, Fisioterapeuta Dermatofuncional formada há 10 anos, Mestre em Fisioterapia pela UFRN e professora convidada em programas de Pós graduação pelo Brasil. A minha missão é conduzir profissionais da saúde estética a alcançarem o próximo nível em suas carreiras e por isso esse é apenas um dos materiais que compartilho. Para acompanhar e ter acesso a todos eles é só me seguir nas redes sociais. Rhayssa Ribeiro @rhayssarribeiro 35 FONTES Park G et al. The Effect of Jet Shape on Jet Injection. Conf Proc IEEE Eng. Med Biol Soc. 2015. Seok J et al. Investigating Skin Penetration Depth and Shape Following Needle-Free Injection at Different Pressures: A Cadaveric Study. Lasers in Surgery and Medicine, 2016. Erlendsson et al. Needle‐Free Injection Assisted Drug Delivery. Histological Characterization of Cutaneous Deposition. Lasers in Surgery and Medicine, 2019. Schoubben A. et al. Dynamic behavior of a spring-powered micronozzle needle-free injector. International Journal of Pharmaceutics 491, 2015.
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