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Olá, primeiramente irei me apresentar a você, caro aluno, meu nome é Paulo Roberto do Vale, sou formado em Engenharia Mecânica pela UFRN, atualmente sou Perito Criminal e professor das disciplinas de Medicina Legal e Criminalística. Na minha carreira de concurseiro, fui aprovado para os cargos de agente administrativo da Secretaria da Saúde, Guarda Municipal, DataNorte, Ministério do Trabalho e Emprego, Petrobrás e para o cargo que exerço atualmente, o de Perito Criminal do ITEP/RN, neste tendo sido classificado em 1º lugar. Agora apresentado, estarei discorrendo sobre a disciplina de Medicina Legal que é essencial para a sua prova. Sendo assim, vamos começar?! Sumário 1. Introdução: .......................................................................................................................... 8 2. Breve Histórico da Medicina Legal: ................................................................................... 8 4. Perícia Médico-Legal ........................................................................................................ 16 4.1 Peritos Oficiais ................................................................................................................ 16 6. Morte ................................................................................................................................. 21 4.1 Morte Natural ................................................................................................................. 21 4.2 Morte Violenta ................................................................................................................ 21 4.3. Tipos de Morte Violenta ............................................................................................... 21 5. Balística Forense .............................................................................................................. 34 5.1. Definição ........................................................................................................................ 34 5.2. Objetivo .......................................................................................................................... 34 5.3. Estudo da arma ............................................................................................................. 34 5.6. Exame balístico.............................................................................................................. 35 6. Classificação das armas de fogo: ...................................................................................... 35 6.1. Quanto à alma do cano .................................................................................................. 35 6.2. Quanto à dimensão ........................................................................................................ 35 6.3. Quanto ao carregamento ............................................................................................... 35 6.4. Quanto ao calibre........................................................................................................... 36 7. Classificação dos tiros ...................................................................................................... 36 7.1. Quanto ao trajeto ........................................................................................................... 36 7.1.1. Penetrante. ................................................................................................................. 37 7.1.2. Transfixante. .............................................................................................................. 37 7.1.3 Raspão .......................................................................................................................... 38 7.2. Quanto à distância ........................................................................................................ 38 7.2.1. Tiro à distância: .......................................................................................................... 38 7.2.2. Tiro à curta distância ou queima roupa ..................................................................... 38 7.2.3. Tiro encostado / tiro apoiado ...................................................................................... 39 8. Agentes Físicos ................................................................................................................. 40 8.1 Conceito .......................................................................................................................... 40 8.2 Tipos de agentes físicos .................................................................................................. 40 8.3 Calor ............................................................................................................................... 40 8.3.1. Temperatura ............................................................................................................... 40 8.4. Pressão atmosférica ....................................................................................................... 43 8.4 Por baixa pressão atmosférica:....................................................................................... 43 8.4 Por alta pressão atmosférica: ......................................................................................... 43 8.5. Eletricidade ................................................................................................................... 44 8.6 Radioatividade ................................................................................................................ 45 8.7 Luz .................................................................................................................................. 46 8.8 Som ................................................................................................................................. 46 9. Asfixiologia ....................................................................................................................... 46 9.1 Conceito........................................................................................................................... 46 9.2 Classificação Médico Legal ............................................................................................. 47 9.3 Puras ............................................................................................................................... 47 9.4 Complexas ....................................................................................................................... 47 9.5 Mistas.............................................................................................................................. 47 9.6 Por Modificação Física do Meio ...................................................................................... 47 9.6 Gases irrespiráveis ......................................................................................................... 47 9.6 Confinamento ................................................................................................................. 47 9.6 Monóxido de Carbono ..................................................................................................... 47 9.6 Por Vícios de ambiente ................................................................................................... 48 9.6.1 Por Constrição no Pescoço ........................................................................................... 48 9.7 Sinais de asfixia .............................................................................................................. 49 9.7.1 Sinais externos ............................................................................................................ 49 9.7.2. Sinais internos: ...........................................................................................................49 9.7.3 Enforcamento............................................................................................................... 50 9.7.4 Causa jurídica .............................................................................................................. 50 9.7.5 Estudo do laço .............................................................................................................. 50 9.7.6 Ponto de fixação ........................................................................................................... 50 9.7.7. Classificação de enforcamento ................................................................................... 50 9.7.8 Sinais de Enforcamento ............................................................................................... 51 9.8 Estrangulamento ............................................................................................................ 52 9.8.1 Sinais de Estrangulamento ......................................................................................... 52 10 Esganadura:..................................................................................................................... 54 10.1 Definição ....................................................................................................................... 54 10.2 Causa jurídica ............................................................................................................... 54 10.3 Sinais ............................................................................................................................ 54 11 Soterramento ................................................................................................................... 54 11.1 Definição ....................................................................................................................... 54 11.2 Causa jurídica ............................................................................................................... 54 11.3 Sinais ............................................................................................................................ 54 12 Afogamento ...................................................................................................................... 55 12.1 Definição ....................................................................................................................... 55 12.4 Sinais ............................................................................................................................ 55 13 Tanatologia Forense ........................................................................................................ 56 13.1 Definição ....................................................................................................................... 56 13.2. Tipos de Morte ............................................................................................................. 56 13.3 Natural ......................................................................................................................... 56 13.4 Súbita ............................................................................................................................ 56 13.5 Violenta ......................................................................................................................... 56 13.6 Fetal .............................................................................................................................. 56 13.7 Materna ........................................................................................................................ 56 13.8 Catastrófica .................................................................................................................. 56 13.9 Presumida ..................................................................................................................... 56 14. Tanatologia: .................................................................................................................... 57 14.7. Aspectos Médicos Legais da Morte.............................................................................. 57 14.8.1 Importância Médica: .................................................................................................. 57 14.8.2 Importância Jurídica ................................................................................................. 58 14.8.3 Comoriência ............................................................................................................... 58 14.8.4 Premoriência .............................................................................................................. 58 16. Tanatocronologia ou Cronotanatognose ......................................................................... 59 16.1 Livores e Manchas de Hipóstase .................................................................................. 59 16.2 Rigidez Cadavérica ....................................................................................................... 60 16.3 Período da Coloração (Fase Cromática): ..................................................................... 60 16.4 Período Enfisematoso (Fase Gasosa): .......................................................................... 61 16.4 Formação de gases da putrefação....................................................................................61 16.5 Fase Coliquativa: .......................................................................................................... 61 16.6 Fase de Esqueletização ................................................................................................. 62 16.7 Fauna Cadavérica ........................................................................................................ 62 16.8 Gases de Putrefação ..................................................................................................... 64 16.8 Gases não inflamáveis .................................................................................................. 64 16.8 Gases inflamáveis ......................................................................................................... 64 16.8 Gases não inflamáveis .................................................................................................. 64 16.9 Cristais de Sangue Putrefeito ...................................................................................... 64 17. Tanatoscopia: .................................................................................................................. 65 17.1. Conceito ....................................................................................................................... 65 17.2 Sinonímias .................................................................................................................... 65 17.3. Finalidades .................................................................................................................. 65 17.4 Legislação ..................................................................................................................... 65 18 Exames Necroscópicos ..................................................................................................... 65 18.1. Inspeção externa .......................................................................................................... 65 18.2 Inspeção interna ........................................................................................................... 65 19. Lesões “intra vitam” e “post mortem” ............................................................................ 65 9.2. Tanatoconservação ........................................................................................................ 66 19.3 Tanatolegislação ...........................................................................................................66 20. Exumação ....................................................................................................................... 68 20.1 Etimologia/conceito ....................................................................................................... 68 20.2 Legislação ..................................................................................................................... 68 20.3 Tipos de exumação ........................................................................................................ 69 20.4 Administrativas ............................................................................................................ 69 20.5 Judiciárias .................................................................................................................... 70 21. Tipos de mortes violentas ............................................................................................... 71 22. Sexologia forense ............................................................................................................ 72 23. Conjunção carnal ............................................................................................................ 72 24. Estupro qualificado ........................................................................................................ 73 25. Importunação sexual ...................................................................................................... 73 26. Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia. ...................................................................................................................... 73 27. Violência sexual mediante fraude .................................................................................. 75 28. Estupro de vulnerável .................................................................................................... 75 29. Abortamento ................................................................................................................... 75 29.1 Conceitos ....................................................................................................................... 75 29.1.1 Jurídico ...................................................................................................................... 75 28.1.2 Médico ........................................................................................................................ 75 29.2. Tipos de aborto ........................................................................................................... 76 29.2.1 Aborto provocado pela gestante ................................................................................ 76 28.2.2 Aborto provocado por terceiro ................................................................................... 76 29.2.4. Aborto necessário ou terapêutico : ........................................................................... 76 29.2.5. Aborto sentimental (piedoso) – gravidez resultante de estupro - documentos necessários: ........................................................................................................................... 77 29.2.6 Aborto seletivo (Eugênico) ......................................................................................... 77 30. Toxicologia Forense ........................................................................................................ 77 30.1 Dependência ................................................................................................................. 79 30.2 Dependência psíquica. .................................................................................................. 79 30.3 Dependência física. ....................................................................................................... 79 30.4 Síndrome de abstinência. ............................................................................................. 79 30.5 Tolerância. .................................................................................................................... 79 31 Overdose. ......................................................................................................................... 80 32 Embriaguez ...................................................................................................................... 80 32.1 Fases da Embriaguez: .................................................................................................. 80 32.2 Tolerância ..................................................................................................................... 81 32.3 Imputabilidade penal segundo o Código Penal: ........................................................... 81 33. Modificadores e limitadores da Imputabilidade Penal e da Capacidade Civil: ............. 83 33.2 O Sexo: .......................................................................................................................... 84 33.4 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. ....................................... 84 33.5 Emoção ou Paixão. ........................................................................................................ 84 33.6 Homicídio simples......................................................................................................... 84 34.1 Agonia. .......................................................................................................................... 85 34.2. De ordem Psicopatológica. ........................................................................................... 85 34.2.1 Surdimutismo: ........................................................................................................... 85 34.2.2 Hipnotismo. ............................................................................................................... 86 34.2.3 Prodigalidade. ............................................................................................................ 86 34.2.4 Embriaguez. (Ver Capítulo 32). ................................................................................. 86 34.2.5 Doença Mental. .......................................................................................................... 86 34.2.6 Desenvolvimento Mental Incompleto. ....................................................................... 87 34.2.7 Retardo Mental. ......................................................................................................... 87 34.2.8 Perturbação mental. .................................................................................................. 87 35. Maus tratos a menores ................................................................................................... 88 36. Aspectos médico-legais do testemunho, da confissão e da acareação. ........................... 89 37. Noções de Identificação e Antropologia Forense ............................................................ 90 38. Métodos Científicos de Identificação Criminal .............................................................. 91 38. Métodos Antropométricos: .............................................................................................. 91 38 Métodos Antropográficos: ................................................................................................ 93 38 Métodos Dermopapiloscópicos: ........................................................................................ 94 39. Regiões anatômicas do corpo humano ............................................................................ 97 40. Questões ........................................................................................................................ 100 41. Gabarito das Questões: .................................................................................................111 42. Referências: .................................................................................................................. 112 @ paulovale.pericia 8 1. Introdução: Esta obra pretende abranger conceitos fundamentais em Medicina Legal de uma forma direta, simples e descomplicada sem perder a essência, sendo destinada inicialmente para o estudante que pretende ingressar na carreira pericial ou para todo aquele interessado nessa área, tais como advogados, promotores, juízes, assistentes técnicos, Peritos judiciais, entre outros, que possam dela se utilizar como uma ferramenta de trabalho. Dessa forma, não há aqui nenhuma pretensão de esgotar esse tema e tudo o que dele deriva, mas sim como um auxílio rápido e eficaz para a compreensão desta importante disciplina que é a Medicina Legal. Espero que lhe seja bastante útil e desejo um bom aprendizado e sucesso! 2. Breve Histórico da Medicina Legal: A Medicina Legal deu início ao desenvolvimento da Datiloscopia e de todo o sistema da Criminalística. Foi na Medicina Legal que iniciaram-se os primeiros estudos científicos com metodologia científica aplicando, tais métodos, nas investigações de crimes contra a pessoa e a vida. Pré-História: historiadores citam a existência de reproduções de impressões a tinta, desenhos em cavernas, vestígios de mãos e dedos; Ano 44 a. C: Júlio César foi assassinado e o exame do cadáver realizado por Antisius constatou 23 golpes, sendo apenas um fatal; China (1248): primeiro registro de uma obra médico-legal. É o Hsi Yuan Li; França (1374): primeira permissão para realização de necropsia concedida pelo Papa à Universidade de Montpellier; @ paulovale.pericia 9 Alemanha (1507): Código Bambergense, torna obrigatória a necropsia, sem evisceração, nos casos de morte violenta; Alemanha (1532): Constitutio Criminalis Carolina, conhecida como Lex Carolina Criminalis, abordava uma série de matérias médico-legais e exigia a presença de Peritos nos exames de delitos. Ambroise Paré (França, 1575): Primeiro tratado ocidental sobre Medicina Legal; Fortunatus Fidelis (Palermo, 1602): lançou o primeiro tratado sobre o assunto, de forma mais completa e detalhada, sob o título De Relatoribus Libri Quator in Quibis e a Omnia quae in Forensibus ae Publicis Causis Medici Preferre Solent Plenissime Traduntur. Paolo Zacchias (Itália, 1651), nessa mesma época, lançou outra obra, intitulada Questiones Medico Legales Opus Jurisperitis Maxime Necessarium Medicis Perutile. É considerado o verdadeiro pai da Medicina Legal. • Importante: A medicina legal brasileira recebeu maior influência da medicina legal francesa. 1560 (França): Ambroise Paré estudou os ferimentos produzidos por arma de fogo; 1563 (Portugal): João de Barros desenvolveu a Datiloscopia, com estudos das linhas papilares; 1665 (Itália): Marcelo Malpighi, médico anatomista, deu continuidade ao trabalho, empregando conhecimentos de anatomia estudando as papilas dérmicas nas mãos e nas extremidades dos dedos. 1753 (França): Boucher realizou estudos sobre balística, disciplina que mais tarde se chamaria Balística Forense; @ paulovale.pericia 10 1805 (Áustria): teve início o ensino da Medicina Legal; na Escócia ocorreu em 1807 e na Alemanha, em 1820; por essa época também se verificou na França e na Itália; 1823 (Alemanha): João Evangelista Purkinje, professor de anatomia na Universidade de Breslaw, agrupou os desenhos papilares das extremidades digitais em nove tipos fundamentais e estabeleceu o sistema déltico; 1858 (Inglaterra): William James Herschel: iniciou estudos sobre as impressões digitais, concluindo pela sua imutabilidade; 1891 (Argentina): Francisco Latzina e Juan Vucetich implementaram o sistema datiloscópico que é usado até hoje no Brasil; 1893 (Alemanha): Hans Gross, Juiz de instrução e professor de Direito Penal, autor da obra “System der Kriminalistik - Sistema de Criminalística” é considerado o “PAI DA CRIMINALISTICA”; 1894 (França): Alphonse Bertillon passou a tomar as impressões digitais como sistema organizado em uma ficha. (Bertillonage) 1902 (Portugal): início da utilização das impressões plantares e palmares como complemento da identificação datiloscópica; 1903 (Brasil): Implantação do Sistema Dactiloscópico de VUCETICH; 1947 (Brasil): I Congresso de Criminalística; 1988 (Constituição Federal): Avanços no campo legislativo e estrutural; Novas Constituições Estaduais; Início da desvinculação dos órgãos periciais da estrutura da Polícia Civil; @ paulovale.pericia 11 2008 - Lei Federal nº. 11.690 de 09 de Junho - Alterou o Código de Processo Penal: Estabelece que a perícia deve ser realizada por perito oficial, portador de curso superior; que nos locais sem perito oficial a perícia deve ser realizada por dois profissionais com nível superior; prevê a indicação e atuação de assistentes técnicos; prevê disponibilização no ambiente do órgão oficial, que mantém a guarda, do material probatório que serviu de base à perícia, para exame pelos assistentes, na presença de perito oficial. 2009 - Lei Federal 12.030 de 17 de setembro – Estabelece normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal; assegura autonomia técnica, científica e funcional para o perito oficial; que os peritos estão sujeitos à regime especial de trabalho; que são os peritos oficiais os peritos criminais, os médicos-legistas e os odontolegistas. 3. Medicina Legal – Conceito A Medicina legal, assim como a Criminalística, tem sido definida de forma variada por diversos autores. A definição que consideramos mais abrangente e direta é a dada pelo ilustre médico-legista paraibano Genival Veloso França que assim a definiu: “É a Medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais”. Segundo Hélio Gomes, Medicina Legal é o conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito, cooperando na execução dos dispositivos legais atinentes ao seu campo de ação de medicina aplicada. Para Flamínio Fávero, Medicina Legal é a aplicação de conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução das leis que deles carecem. Para Buchner, Medicina Legal é a ciência do médico aplicada aos fins da Ciência do Direito. No entendimento de Francisco Morais Silva, Medicina Legal constitui-se em ciência e arte que tem por objetivo a @ paulovale.pericia 12 investigação de fatos médicos e biológicos, empregando recursos atualizados disponíveis em todas as áreas do conhecimento técnico e científico. Para Nerio Rojas, Medicina Legal é a aplicação dos conhecimentos médicos aos problemas judiciais. Os exames dos vestígios intrínsecos (na pessoa) são da alçada da Medicina Legal. 3.1 Divisões da Medicina Legal em Ângulos: Segundo França, se divide em ângulos histórico, profissional, doutrinário e didático: Ângulo Histórico: diz respeito às várias fases evolutivas desta ciência, que a divide em: Medicina Legal Pericial, Medicina Legal Legislativa, Medicina Legal Doutrinária, Medicina Legal Filosófica. Medicina Legal Pericial: também chamada de Medicina Forense ouMedicina Legal Judiciária, é a sua forma mais anterior e está voltada aos interesses legispericiais da administração da justiça. Medicina Legal Legislativa: contribui na elaboração e revisão das leis em que se disciplinam fatos ligados às ciências bio às ciências biológicas ou afins. Medicina Legal Doutrinária: Trata de temas subsidiários que sustentam e explicam certos institutos jurídicos onde o conhecimento médico. Medicina Legal Filosófica: discute os assuntos ligados à Ética, à Moral e a Bioética Médica no exercício ou em face do exercício da Medicina. @ paulovale.pericia 13 Ângulo Profissional: se relaciona à forma como se exerce na prática essa atividade. Assim, divide-se em Medicina Legal Pericial, Criminalística e Antropologia Médico-Legal, que são, que são exercidas respectivamente pelos Institutos de Medicina Legal, de Criminalística e de Identificação Ângulo Doutrinário: leva em conta o interesse doutrinário do Direito nas diversas especificidades da Medicina Legal (penal, civil, trabalhista, canônica, administrativa). Ângulo Didático: divide-se em Medicinal Legal Geral e Medicina Legal Especial. Medicinal Legal Geral: também chamada de Jurisprudência Médica, estudam-se as obrigações e deveres (Deontologia) e os direitos (Diceologia) dos médicos. Relaciona- com o exercício regular da profissão. Medicina Legal Especial: São os ramos mais específicos da disciplina. As principais subdivisões da Medicina Legal Especial são: • Patologia Forense - área da Ciência Forense mais preocupada em determinar a causa da morte de uma vítima. • Toxicologia Forense - Ciência que detecta e identifica a presença de drogas e venenos em fluídos corpóreos, tecidos e órgãos. • Infortunística – acidentes de trabalho, doenças profissionais e doenças do trabalho. • Antropologia Forense - Tem como principal objetivo a identidade e identificação do ser humano através de um processo técnico cientifico sistematizado. • Criminalística - Investiga tecnicamente os indícios materiais do crime, seu valor e sua interpretação nos elementos constitutivos do corpo de delito. @ paulovale.pericia 14 • Psiquiatria Forense - auxiliará a justiça, entre outras finalidades, no comportamento dos indivíduos com as outras pessoas na sociedade, principalmente para o estudo da imputabilidade penal e consequente responsabilidade. (Croce e Croce Júnior, 2007, Hercules, 2008). • Deontologia - compreende e sistematiza as regras para se manter uma ética profissional e os seus deveres. • Tanatologia Forense - estuda a morte e o morto e suas implicações na esfera jurídico-social. • Vitimologia - estuda a vítima e principalmente o seu comportamento por ocasião do delito. • Criminologia - estuda os diversos aspectos da natureza do crime, do criminoso, da vítima e do ambiente. • Psicologia médico-legal - Analisa o psiquismo normal e as causas que podem deformar a capacidade de entendimento da testemunha, da confissão, do delinquente e da própria vítima. • Psiquiatria médico-legal - Estuda os transtornos mentais e da conduta, os problemas da capacidade civil e da responsabilidade penal sob o ponto de vista médico-forense. • Asfixiologia médico-legal - Detalha os aspectos das asfixias de origem violenta, como esganadura, enforcamento, afogamento, estrangulamento, soterramento, sufocação direta e indireta, e as asfixias produzidas por gases irrespiráveis. • Toxicologia médico-legal - Estuda os cáusticos e os venenos, e os procedimentos periciais nos casos de envenenamento. • Medicina Legal Desportiva - Tem importância econômica, social e cultural, como também nos esportes de competição, com ênfase para o sigilo profissional, prontuários, dopings consentidos ou tolerados, quantificação e qualificação do dano com repercussão no rendimento esportivo. @ paulovale.pericia 15 • Genética médico-legal - Especifica as questões voltadas ao vínculo genético da paternidade e maternidade, assim como outros assuntos ligados à herança. 3.2 Medicina Legal 3.2.1 Áreas de atuação Na área Criminal: estuo das lesões corporais, homicídio, abortos (legal e criminoso), infanticídio, crimes contra a liberdade sexual, etc.; Na área Civil: nas questões de paternidade, anulabilidade de casamento, testamento, etc.; Direito Administrativo: quando avalia as condições dos servidores públicos no ingresso, nos afastamentos por doenças ou invalidez e aposentadorias. Direito Trabalhista: no estudo das doenças do trabalho, das doenças profissionais, do acidente do trabalho, com a prevenção de acidentes, com a insalubridade e a higiene do trabalho. Direito Processual Civil e Penal - quando estuda a psicologia da testemunha, da confissão, do delinquente e da vítima. Direito Ambiental - quando se envolve nas questões ligadas às condições de vida satisfatórias em um ambiente saudável, seja nos locais de trabalho, seja fora deles. Direito Internacional Público, ao considerar as razões médico-legais implicadas nos tratados dos quais nosso país é signatário no concerto das nações. Direito Internacional Privado - ao decidir as questões civis relacionadas com o estrangeiro no Brasil. @ paulovale.pericia 16 4. Perícia Médico-Legal É o exame feito pelo perito Médico- Legista com o objetivo de esclarecer à polícia e à Justiça acerca de um definido fato criminoso. 4.1 Peritos Oficiais Pessoas habilitadas, experientes em determinado assunto, que têm a tarefa de esclarecer um fato de interesse da Justiça. A partir da Constituição de 1988 passou-se a exigir concurso público para o cargo. Onde não houver Peritos Oficiais a lei faculta a nomeação de peritos “Ad hoc”, que são aqueles nomeados pelo juiz ou pela Autoridade Policial quando não há Peritos oficiais. Nesse caso, são nomeados dois peritos não-oficiais, observando-se: a idoneidade, a capacidade técnica e o curso superior. São chamados também como: Ad-hoc, auxiliar, substituto, nomeado e ainda louvado. PERITOS “Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.” § 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre DE OFÍCIO (Lei 12.030, de 17/9/2009) Médico Legista Odontolegista Perito Criminal NÃO-OFICIAIS Louvados, Do Juízo, Nomeados, “Ad hoc” LEI Nº 11.690 DE 09 DE JUNHO DE 2008 @ paulovale.pericia 17 as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. § 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.” § 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. § 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: I –requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, odendo apresentar as respostas em laudo complementar; II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal. LEI Nº 12.030 DE 17 DE SETEMBRO DE 2009 @ paulovale.pericia 18 Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial. Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza criminal, os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem vinculados. Art. 4o (VETADO) Art. 5o Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o perito se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de cada órgão e por área de atuação profissional. Art. 6o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação. 4.2 Compromisso do Perito . PROCESSO PENAL Os Peritos Oficiais prestam compromisso solene no ato de investidura no cargo. art. 159, § 2 o . Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. PROCESSO CIVIL Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. § 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. § 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Msg/VEP-758-09.htm @ paulovale.pericia 19 4.3 PERÍCIA É o conjunto de procedimentos técnicos que tem como finalidade esclarecer fatos de interesse da Justiça. A necessidade da perícia é esclarecer questões de fato de interesse da Justiça. Pode ser realizada em qualquer dia, a qualquer hora e lugar, com exceção do exame necroscópico, chamado de Autópsia no Art. 162 do CPP: “Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes” 4.3.1 TIPOS DE PERÍCIAS O Médico-Legista realiza exames periciais em vivos e em mortos. Nos vivos podemos destacar os exames de lesões corporais, conjunção carnal, embriaguez, psiquiatria e de definição de gênero. Nos mortos destacamos a necropsia e a exumação. “Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.” ADMINISTRATIVAS Previdenciárias Trabalhistas Securitárias Auditorias FORENSES Cíveis Criminais @ paulovale.pericia 20 5. CORPO DE DELITO É a base residual do crime, sem o que ele não existe” (Genival Veloso de França). Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) ATENÇÃO: NO PROCESSO PENAL A PERÍCIA CRIMINAL É OBRIGATÓRIA (Art. 158, caput, do CPP) Pode eivar de nulidade o processo, segundo o Art. 564, III-b: b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167. Não pode ser suprida pela confissão (ressalvadas as condições da Lei 9099/95 e a do Art. 167 do CPP) Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. EXAME INDIRETO Não há indícios, desapareceram ou foram destruídos. O Perito pode realizar a perícia de forma indireta por meio do exame de fotografias, vídeos ou outros meios. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm @ paulovale.pericia 21 6. Morte Definição: A morte poder-se-á definir como a cessação total e permanente das funções vitais. MORTE: RESOLUÇÃO CFM Nº 2.173/2017. Publicado no D.O.U. de 15 de dezembro de 2017, Seção I, p. 274-6. Define os critérios do diagnóstico de morte encefálica. Pode ser classificada em: 4.1 Morte Natural: É aquela que sobrevêm de um processo esperado e previsível, como decorrente do envelhecimento, ou em função de agentes patogênicos. 4.2 Morte Violenta: É aquela que tem como causa determinante a ação abrupta e intensa, ou continuada e persistente de um agente mecânico, físico ou químico sobre o organismo, decorrente de um homicídio, suicídio ou acidente, sendo esta o objeto da Medicina Legal. 4.3. Tipos de Morte Violenta: Compreende as mortes por homicídio, suicídio, acidente, infanticídio e aborto ilegal. Estudaremos, a seguir, os agentes que podem produzir mortes violentas: a) Agente Mecânico – Aquele que tem a capacidade de modificar o estado de repouso ou de movimento do corpo. Temos então a seguinte classificação: Armas Naturais: Mão, pé, unha, cotovelo, cabeça, etc; Armas propriamente ditas: armas de fogo, espada, sabre, punhal, etc.; Armas eventuais (arma branca): faca, facão, foice, tesoura, lâmina de barbear, etc.; @ paulovale.pericia 22 Peças de máquinas e maquinismos: moentes, polias, correias, cabos, etc.; Animais: cães, cobras, felinos, etc.; Mistos: precipitações, explosões, desabamento, etc. b) Modo de ação dos Agentes Mecânicos:→ Ativo: objeto em movimento, corpo em repouso. → Passivo: objeto em repouso, corpo em movimento. → Misto: tanto o objeto como o corpo estão em movimento. c) Formas de ação: → Flexão → Extensão → Torção → Pressão-compressão Os instrumentos mecânicos classificam-se em: cortantes, contundentes, perfurantes, perfuro-cortantes, corto- contundentes e perfuro-contundentes. Produzem ferimentos, respectivamente, incisos, contusos, puntiformes, perfuro-incisos, corto contusos, perfuro-contusos. Para resumir faremos uma tabela para melhor fixação: Instrumento Tipo de Aplicação Mecanismo s Tipo de Lesões Exemplos Perfurantes Ponto Pressão + Penetração Puntiforme (Punctória) Agulha, Alfinete, Prego, Espinho, Seta, etc. Contundentes Área + Massa Choque, Pressão, Etc. Contusa Pau, tábua, cano, granada, pedra, cassetete, tijolo, etc. @ paulovale.pericia 23 Cortantes Linha Deslizamento Incisa (Cortante, segundo Genival Veloso de França) Lâmina de barbear, navalha, bisturi, etc. Perfuro- Cortantes Ponto + Linha Pressão + Secção (Deslizamento) Perfuro - Incisa Faca, canivete, punhal, lima, peixeira, etc. Perfuro- Contundentes Ponto + Massa Penetração + Pressão Perfuro- Contusa Projétil de arma de fogo, ponta de guarda-chuva, ponta de grade de ferro, etc. Corto- Contundentes Linha + Massa Deslizamento + Pressão Corto- Contusa Machado, facão, foice, enxada, dentes, etc. Veremos agora as características das lesões produzidas pelos tipos de instrumentos acima citados: d) Instrumentos Perfurantes: Atuam por pressão através da ponta, afastando as fibras do tecido, e raramente, seccionando-as; possuem forma cilíndrico-cônica. Exemplos: Características das feridas puntiformes ou punctórias: @ paulovale.pericia 24 Forma arredondada da ferida; Diâmetro da ferida menor que o diâmetro do instrumento; Pouco sangrantes; Termina em fundo cego (fundo de saco – lesão penetrante); Pode ser transfixante com orifício de saída semelhante ao de entrada. Quando a lesão tiver a profundidade de penetração maior que o próprio comprimento do instrumento, devido à depressibilidade dos tecidos superficiais, como no ventre, essa lesão se chama “Ferida em Acordeão ou de Lacassagne”. Importante observar que o aspecto dos ferimentos na pele é definido pelas Leis de Filhos e pela Lei de Langer: Primeira Lei de Filhos (Lei da Semelhança): As soluções de continuidade são feridas que se assemelham às produzidas por instrumentos perfuro-cortantes de dois gumes e de lâmina achatada. Segunda Lei de Filhos (Lei do Paralelismo): Os instrumentos cilíndricos ou cilindro cônicos determinam direção constante para cada região do corpo onde as linhas de força tenham um só sentido. Lei de Langer (Lei do Polimorfismo): Um instrumento cilíndrico, exercendo ação perfurante em um ponto da pele onde convergem linhas de força de sentidos diferentes, produz ferida triangular, ou em ponta de seta, ou mesmo em quadrilátero. @ paulovale.pericia 25 e) Instrumentos Cortantes: Agem por deslizamento produzindo a secção uniforme dos tecidos. Exemplos: Características das feridas incisas: Bordas regulares; Vertentes regulares; Bordas separadas; Sangramento abundante; Centro mais profundo que as extremidades; Presença de cauda de escoriação quando há angulação no corte; (praticamente imperceptível em ferimentos retos e com mesma pressão em toda a sua extensão) Ausência de vestígios traumáticos. @ paulovale.pericia 26 Feridas especiais produzidas por instrumentos cortantes: 1. Na parte anterior do pescoço: Esgorjamento; 2. Na parte posterior do pescoço: secção quase total do pescoço denomina-se: Degolamento; (http://reginaldofranklin.com.br/degolamento) 3. Quando há a separação total da cabeça do restante do corpo denomina-se: Decapitação; 4. Esquartejamento: separar em quartos; @ paulovale.pericia 27 5. Espostejamento: Quando há a separação do corpo em múltiplas partes irregulares; 6. Evisceração: Corte com exposição das vísceras; 7. Lesões de defesa: Geralmente são encontradas em mãos e antebraços; 8. Castração: Extirpação do órgão sexual masculino. f) Instrumentos Contundentes: @ paulovale.pericia 28 São todos os objetos capazes de agirem traumaticamente sobre o organismo. As lesões podem ser produzidas por: pressão, explosão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, fricção, contragolpe ou de forma mista. Exemplos: Taco de Beisebol, rocha. O choque de superfícies pode se dar de forma – Ativa: quando o instrumento é projetado contra a vítima. Ex.: uma paulada na vítima. – Passiva: quando a vítima vai ao encontro do objeto. Ex.: uma vítima que sofre uma queda ou – Mista: ambos em movimentação. Ex.: um atropelamento em que pedestre e veículos estão em movimentação. Devido à elasticidade da pele, esta se conserva íntegra e a lesão se produz em nível profundo. Os principais tipos de lesões contundentes são: Escoriação: O atrito (deslizamento) provoca o arrancamento da epiderme e desnudamento da derme; É comum nas quedas (lesões nos joelhos, cotovelos, etc.); Ocorre formação de crosta que pode ser serosa (predomínio de linfa) ou hemática (predomínio sanguíneo); A recuperação se dá em prazo curto. Interesse Jurídico: arrastamento, atropelamento, lesões de defesa (unhadas) etc. @ paulovale.pericia 29 Exemplo de Escoriação. Equimose: quando há rompimento de vasos e derrame sanguíneo infiltrando os tecidos. Contusão mais frequente e mais importante na prática. Suas características são: O tecido externo apresenta-se íntegro; Ocorre derrame sanguíneo interno e, com isto, ocorre produção de mancha de variado tamanho, conforme a extensão da área que sofreu o choque; O material extravasado vai ser reabsorvido e isto provoca uma variação cromática que vai do início ao pleno reparo da lesão. É o chamado espectro equimótico que serve para: Avaliar a data da lesão ou se ocorreram várias lesões em dias diferentes; Precisar a sede da contusão; Indicar o instrumento contundente; Afirmar a natureza do atentado; Traduzir fenômeno vital. O Espectro equimótico em geral, é lívida ou avermelhado no 1.º dia; arroxeada entre o 2.º e o 3.º; azulado entre o 4.º e o 6.º; esverdeada entre o 7.º e o 10.º; amarelada entre o 12.º e o 15.º dias, e depois a tendência é desaparecer. @ paulovale.pericia 30 Exemplo de Equimose. Tipos de equimoses: 1) Petéquias: pequeno ponto vermelho no corpo - na pele ou mucosas, causado por uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos, tendem adesaparecer em 4 a 5 dias. 2) Sugilação: É um conjunto de petéquias numa área de maior pressão decorrente de uma sucção (chupão) ou ventosas. 3) Víbices: Duas equimoses paralelas com centro livre como no caso de lesão produzida por instrumento cilíndrico (cassetete). Exemplo de Víbices. 4) Bossas e hematomas: quando o derrame sanguíneo não encontra condições de se difundir e forma coleções localizadas. A Bossa é o acúmulo de sangue sobre planos ósseos, conhecido como “Galo”. Já o Hematoma é uma coleção sanguínea produzida por extravasamento de sangue de um vaso bastante calibroso e a sua não difusão nas malhas dos tecidos moles. Tem absorção mais @ paulovale.pericia 31 demorada do que as equimoses, forma relevo na pele e comprime os tecidos vizinhos. Hematoma (Crédito: Reginaldo Franklin). 5) Luxação: é a separação do osso de sua articulação. 6) Fraturas: São soluções de continuidade, parcial ou total, dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes. g) Instrumentos Perfuro cortantes: São aqueles instrumentos que tem uma ponta e pelo menos uma lâmina ou gume. Age afastando as fibras facilitando a penetração, depois seccionando-as. Produzem ferimentos perfuro-incisos. Exs.: Monocortante (um gume): faca, canivete, espada, etc; Bicortante (dois gumes): punhal, faca vazada, etc; Tricortante (três gumes): lima. Características das feridas perfuro-incisas: → Forma de botoeira; → Bordas regulares; → Vertentes regulares; → Bastante sangrantes; → Profundidade maior que o comprimento; → Bordas separadas; @ paulovale.pericia 32 → Ausência de vestígios traumáticos. h) Instrumentos Corto contundentes: São aqueles instrumentos que possuem uma lâmina ou borda cortante, mas também atuam agridem pela contusão. Exs.: Exemplos: foice, facão, machado, enxada, dentes, rodas de trem, guilhotina, etc. • Características da lesões: São lesões sempre profundas, com bordas e formas irregulares, com destruição de tecidos, inclusive com fraturas. Exemplo de instrumentos corto contundentes. i) Instrumentos Perfuro Contundentes: Agem perfurando e contundindo. Exemplos: projétil de arma de fogo, ponta de guarda-chuva, ponta de vergalhão, etc. Características das lesões perfuro-contusas: → Causam perfuração e ruptura dos tecidos; → bordas irregulares; → predomínio da profundidade; → caráter penetrante ou transfixante. Resumo das características dos ferimentos produzidos por projéteis de arma de fogo: @ paulovale.pericia 33 Ferimento de entrada Forma arredondada (regular); Bordas invertidas; Possui as orlas e zonas (dependendo o aparecimento desta última da distância do tiro); O diâmetro é proporcional ao projétil (em geral, inferior devido à retratibilidade da pele); Há pouco sangramento. Ferimento de saída Forma irregular; Bordas evertidas; Não possuem orlas e zonas; O diâmetro é desproporcional; Há muito sangramento. • Ao atingir o corpo, o projétil provoca: – Rompimento na pele, formando um orifício em forma tubular no qual se enxuga seus detritos (Orla de enxugo); – Arrancamento da epiderme (Orla de contusão). • Ao se formar o túnel de entrada: – Pequenos vasos se rompem formando equimoses em torno do ferimento (Orla equimótica). @ paulovale.pericia 34 4 OBS: Quando há um anteparo rígido sob o ferimento de saída pode ocorrer a formação de uma orla de contusão (escoriação) e de aréola equimótica (Sinal de Romanese). 5. Balística Forense: 5.1. Definição: É a ciência que estuda as armas de fogo e os projéteis de armas de fogo. 5.2. Objetivo: Identificação da arma pelo projétil ou pelo estojo (cápsula). Projétil Estojo ou cápsula 5.3. Estudo da arma: revólver, pistola, espingarda, etc. 5.4. Estudo da munição: Estojo ou cápsula, Pólvora, Bucha, Espoleta, Projétil. 5.5 Cartuchos das armas raiadas (componentes): 1. Orla de enxugo 2. Orla equimótica 3. Zona de esfumaçamento 4. Zona de tatuagem 1 2 3 @ paulovale.pericia 35 1 - Projétil 2 – Estojo ou Cápsula. 3 – Propelente (Carga de projeção) 4 - Espoleta. 5.6. Exame balístico: utilizado para examinar o funcionamento das armas e munições, bem como realizar a comparação balística entre a munição e a arma suspeita de ter sido utilizada em alguma ação criminosa. 6. Classificação das armas de fogo: 6.1. Quanto à alma do cano: 6.2. Quanto à dimensão: 6.3. Quanto ao carregamento: Armas de cano liso: espingardas Armas raiadas: revólver, pistola Curtas Longas Portáteis ou individuais Não-portáteis ou coletivas Ante carga: Espingarda. (Munição introduzida pela parte anterior da arma (boca do cano). Retro carga: Revólver, Pistola. (Munição introduzida pela parte posterior da arma (tambor ou pente) @ paulovale.pericia 36 6.4. Quanto ao calibre: Obs.: O calibre nominal é usado para designar um tipo particular de munição. Também é utilizado nas armas nas quais este tipo de munição é empregado. O calibre nominal, de forma diferente do calibre real, não se refere apenas ao diâmetro do projétil, Apresenta, também, uma série de outras informações, como comprimento do estojo; a forma de travamento desse estojo na câmara, indicando assim se este estojo é com aro ou sem aro ou se é do tipo garrafinha, cinturado ou apresenta ainda outras formas construtivas; o sistema de percussão, se de fogo central ou de fogo circular. Portanto, cartucho de mesmo calibre não significa que pode ser utilizado em outra arma de igual calibre. 6.5. Anatomia da arma de fogo: 7. Classificação dos tiros: 7.1. Quanto ao trajeto: Real – Medido na boca do cano (arma raiada ou em ponto médio do cano em arma de alma lisa. Nominal – Definido pelo fabricante. @ paulovale.pericia 37 7.1.1. Penetrante. 7.1.2. Transfixante. Características dos ferimentos de entrada e saída: Ferimento de Entrada Ferimento de Entrada Arredondadas ou ovaladas Bordas regulares e invertidas Menor que a ferida de saída Orla de Contusão Orla de Enxugo Aréola Equimótica Ferimento de Saída Forma Irregular Bordas irregulares e evertidas Maior que a ferida de entrada Ausência de orlas ou zonas (Exceção: Sinal de Romanese onde há a presença de orla de escoriação (contusão). @ paulovale.pericia38 7.1.3 Raspão – Ferimento tangencial (Sedenho): O projétil produz um ferimento tangencial, formando um túnel na camada subcutânea da pele. Exemplo: 7.2. Quanto à distância: 7.2.1. Tiro à distância: Ausência de sinais secundários do tiro 7.2.2. Tiro à curta distância ou queima roupa: Características: Presença de sinais secundários do tiro a) Tiro à distância. b) Curta distância ou queima roupa. c) Encostado / Arma apoiada. Orla de escoriação (Anel de Fish) Orla de enxugo Orla equimótica Orla de escoriação Orla de enxugo Orla equimótica Zona de tatuagem Zona de esfumaçamento Zona de Chamuscamento (nem sempre presente) Zona de Compressão de Gases (nem sempre presente) @ paulovale.pericia 39 Zona de Chamuscamento e Zona de Esfumaçamento 7.2.3. Tiro encostado / tiro apoiado: Características: Ferida de entrada maior que a de saída; Bordas irregulares, de forma estrelada e evertidas (para fora); Boca de Mina de Hoffman: resultante de expansão interna dos gases da combustão no interior do local atingido, onde há um anteparo rígido. Sinal de Werkgaertner (marca do cano e/ou da massa de mira da arma); Sinal de Benassi (resíduos da pólvora que ficam impregnados na tábua óssea). Boca de Mina de Hoffmann @ paulovale.pericia 40 Sinal de Werkgaertner 8. Agentes Físicos: 8.1 Conceito: capazes de modificar o estado físico dos corpos e de provocar lesões corporais e morte, como a temperatura, a eletricidade, a pressão atmosférica, assim como a luz e o som. 8.2 Tipos de agentes físicos: Calor, Pressão, Eletricidade, Som, Luz, Radiação. 8.3 Calor: corresponde à energia em trânsito que se transfere de um corpo para outro em razão da diferença de temperatura. 8.3.1. Temperatura: Os animais e o corpo humano exposto por períodos prolongados a temperaturas muito baixas são passíveis de congelação, designando-se Geladuras as lesões corporais resultantes da mesma. Segundo Callisen, as geladuras comportam-se em três graus: Eritema, Flictenas e Necrose ou Gangrena. Diminuição Frio Queimadura Geladura Pé de trincheira @ paulovale.pericia 41 1.º grau: Eritema; 2º grau: Flictenas; 3º Grau: Necrose ou Gangrena. O Calor irradiante pode produzir os seguintes sintomas, de acordo com o tipo de ambiente, se aberto ou fechado, e se classificam em graus, segundo Hoffmann: Aumento Calor local Fogo Gases superaquecidos Líquidos escaldantes Calor difuso Insolação – ambiente aberto, (raramente em locais confinados). Intermação – ambiente confinado. No vivo: Sonolência; Perturbação dos movimentos; Anestesia; Congestão; Sinais de anemia visceral; Convulsões. Na necropsia: Hipóstase vermelha-claro Rigidez cadavérica precoce Sangue de tonalidade menos escura Sinais de anemia cerebral Congestão polivisceral Espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, Infiltrado hemorrágico na mucosa gástrica (sinal de Wischnewski), Sinais no Frio: @ paulovale.pericia 42 Queimaduras de 1º Grau (Sinal de Christinson): lesão na camada mais externa da pele causando Eritemas, edema e dor local; Queimadura de 2º Grau (Sinal de Chambert): lesão na camada mais externa da pele e em camadas subjacentes causando Bolhas (Flictenas) além dos sinais das queimaduras de 1º grau; Queimadura de 3º Grau (Escaras): Lesão (escaras) estende-se para camadas mais profundas da pele causando extensos danos. A escarificação atinge planos ósseos. Ocorre a necrose dos tecidos moles. A cicatriz pode ser retrátil ou meramente queloidiana. Queimadura de 4º Grau: ocorre a carbonização do plano ósseo. Podem ser locais ou generalizadas. Há redução do volume do corpo por condensação dos tecidos. O corpo adquire a “posição de boxeador” ou de “saltimbanco”. As flictenas no cadáver não tem conteúdo seroso com exsudato leucocitário (Sinal de Janesie-Jeliac). Quando queimado ainda vivo, Insolação: Palidez Angústia precordial Forte dor na cabeça Transpiração Perda de consciência e coma Rigidez da nuca (Sinal de Kernig) Trismo (impossibilidade da abertura da boca) Convulsões, precedendo a morte Intermação: Mal-estar Nervosismo Cefaleia, Náuseas Taquicardia Pulso filiforme, sudorese, angústia, sede intensa, Midríase, hipertermia (às vezes, hipotermia), Coma e morte. @ paulovale.pericia 43 podem ser encontradas fuligens nas suas vias respiratórias (Sinal de Montalti). 8.4. Pressão atmosférica: as alterações provocadas no corpo humano pela permanência em ambientes de pressão atmosférica muito alta, muito baixa ou decorrente de variações bruscas da pressão, são denominadas de Baropatias. Por baixa pressão atmosférica: Mal das Montanhas ou dos Aviadores: baixa concentração de oxigênio se traduz por náuseas, dispneia, escotomas (ponto cego no olho), vertigens, desmaios, epistaxe (sangramento pelo nariz), otorragia (soroche andino), podendo a morte sobrevir por hemorragia cerebral. Por alta pressão atmosférica: Doença dos Caixões ou Mal dos Escafandristas: A doença por descompressão, também conhecida como mal dos mergulhadores, mal de descompressão ou doença do caixão, trata-se de um grupo de sintomas manifestados por pessoas que são expostas a uma significativa redução de pressão do ar que a circunda. Consiste em um tipo de disbarismo. Quando um indivíduo se desloca de um ambiente de alta pressão para um de baixa pressão, os gases que se encontram dissolvidos na corrente sanguínea podem dar origem a bolhas, que levam à obstrução dos vasos sanguíneos, ocasionando dor e outros sintomas. Isso ocorre ao subir de uma imersão. @ paulovale.pericia 44 8.5. Eletricidade: Artificial: Eletroplessão (Marca elétrica de Jellinek) – marca da queimadura do fio elétrico). Aspecto duro e seco. Indica local de entrada da corrente elétrica. Pode, em alguns casos, não estar presente. Marca elétrica de Jellinek. Eletrocussão: Execução judicial por eletricidade. Ex.: Cadeira elétrica. Eletricidade Natural (raio): Quando fatal se chama Fulminação. Se chama Fulguração quando não letal, podendo deixar na vítima a Marca de Lichtenberg (lesão com aspecto arboriforme). @ paulovale.pericia 45 Natureza Resultado Descarga letal Ferimento Industrial Eletroplessão (Pode ser letal ou não) Eletrocussão Marca de Jellineck Natural Fulguração (Não letal) Fulminação Marca de Lichtenberg 8.6 Radioatividade: As lesões locais são conhecidas como Radiodermites. Essas podem ser agudas ou crônicas: As agudas podem ser divididas em 1º, 2º e 3º grau. São de duas formas: Depilatória e Eritematosa.A de 1º Grau dura cerca de 60 dias e apresenta uma mancha escura que desaparece lentamente. A de 2º grau (forma pápulo-eritematosa), tem ulceração muito dolorosa e recoberta por crosta seropurulenta. Difícil cicatrização. A de 3º grau tem o aspecto ulceroso, contendo várias zonas de necrose. São conhecidas por Úlceras de Röentgen. Lesões por Energia Nuclear: Lesões traumáticas: Onda de choque da explosão, queimaduras e efeitos tardios da exposição à radiação. Raios Alfa: Causam queimaduras; Raios Beta e Gama: Penetram no organismo e podem provocar alterações celulares, o que pode causar câncer. Exemplos reais: Césio 137, no Brasil. Efeitos físicos e biológicos. @ paulovale.pericia 46 Bomba atômica Hiroshima e Nagasaki (Japão). Efeitos físicos e biológicos. Chernobyl (Ucrânia). Efeitos físicos e biológicos. 8.7 Luz A incidência de feixes luminosos de alta intensidade sobre os olhos, pode provocar perturbações neurossensoriais nos globos oculares e perda irreparável da visão. Lesões agudas: Luz de alta potência (laser) - Pode levar à cegueira imediata. Lesões crônicas: Exposição solar não protegida - Danos à córnea, cristalino e retina - Perda gradual da visão. 8.8 Som Onda sonora ou som é uma perturbação ou distúrbio mecânico transmitido através de um meio elástico em que a oscilação é a pressão. Ondas sonoras com frequência abaixo de 20Hz) são chamadas infrassom e acima de 20.000Hz, ultrassom. → Lesões agudas - Sons extremamente altos (ex.: explosões); lesão imediata do sistema auditivo. → Lesões crônicas - Exposição demorada a ruídos altos (>85dB, 40h/semana); danos à cóclea (células ciliares); zumbidos; perda bilateral, lenta e progressiva da audição; zumbidos crônicos. 9. Asfixiologia: Disciplina médico-legal que estuda todos os tipos de asfixia. 9.1 Conceito: É o impedimento da hematose (troca gasosa ao nível da membrana alveolar) devido às alterações da mecânica respiratória ou do meio ambiente. @ paulovale.pericia 47 9.2 Classificação Médico Legal: As asfixias são classificadas, segundo Afrânio Peixoto, em: 9.3 Puras: mecanismo respiratório (hipóxia - redução do oxigênio e hipercapnia- aumento do gás carbônico): Confinamento, Sufocação Direta, Sufocação Indireta, Soterramento, Afogamento. 9.4 Complexas: mecanismo respiratório, vascular e nervoso: Enforcamento e Estrangulamento. 9.5 Mistas: Esganadura. 9.6 Asfixias Puras: 9.6 – Por Modificação Física do Meio Meio Gasoso (Ar) por Meio Líquido ou Semilíquido: Afogamento. Meio Gasoso (Ar) por Meio Sólido ou Pulverulento: Soterramento. Gases Irrespiráveis: Confinamento, Monóxido de Carbono e outros Vícios de ambientes (gases tóxicos). Gases irrespiráveis: Confinamento: permanência em ambiente com pouca renovação do ar, consumindo, assim, o oxigênio e aumentando o teor de gás carbônico. Monóxido de Carbono: O CO (monóxido de carbono) se fixa à hemoglobina impedindo o transporte de oxigênio aos diversos tecido do corpo. A rigidez cadavérica e a putrefação é tardia, face rósea, manchas de hipóstases claras, sangue fluido e róseo (acarminado). @ paulovale.pericia 48 Por Vícios de ambiente: asfixia por permanência em ambientes saturados de gases como de esgotos, fossas, além dos seguintes: Gases de combate: Bromureto de Benzila, Iodureto de Benzila, Gás mostarda. Gases sufocantes: Cloro, Oxicloreto de carbono. Gases industriais: Gás Butano, Gás das Minas de Metano, Carvão. Gases anestésicos: Éter, Clorofórmio, Halotano. 9.6.1 – Por Constrição no Pescoço: Enforcamento: Laço acionado pelo peso da vítima (contrição passiva do pescoço). Estrangulamento: Constrição ativa do pescoço por força externa através de um laço ou outra parte do corpo como antebraço, joelho, etc. Esganadura: Constrição do pescoço pelas mãos do agressor. 9.6.2 - Por Sufocação Direta: Obstrução das vias aéreas superiores. Ex.: Mãos tapando boca e nariz. Corpo estranho nas vias aéreas inferiores impedindo passagem do ar para os pulmões. Ex. alimento preso na traqueia ou na laringe. 9.6.3 - Sufocação indireta: Impedimento do funcionamento da caixa torácica ou sufocação posicional. Exs.: Viga sobre o tórax devido desmoronamento impedindo a movimentação torácica e a crucificação são exemplos desse dois tipos de sufocação indireta. A Máscara Equimótica de Morestin ou @ paulovale.pericia 49 Cianose Cervicofacial de Le Dentut é uma característica desse tipo de morte. 9.7 Sinais de asfixia: 9.7.1 Sinais externos: Congestão da face (face avermelhada); Equimose da pele e das mucosas: frequente nas conjuntivas palpebral e ocular; Manchas de hipóstase: escuras (róseas nas asfixias por monóxido de carbono) Cianose intensa nos lábios e unhas (formação arroxeada); Exoftalmia (projeção dos olhos); Protrusão da língua (projeção da língua); Cogumelo de espuma; Relaxamento dos esfíncteres: Eliminação de fezes, urina e esperma. 9.7.2. Sinais internos: Equimoses nas pleuras; (Manchas de Paltauf – típica dos afogados); Equimoses viscerais do pulmão (Manchas de Tardieu); Sangue fluido e vermelho escuro; (vermelho claro nos afogados e acarminado na sufocação por monóxido de carbono); Edema cerebral e pulmonar; @ paulovale.pericia 50 Congestão polivisceral (todos os órgãos ficam cheios de sangue, principalmente o fígado e o mesentério - Sinal de Etiénne-Martin). 9.7.3 Enforcamento: É a constrição do pescoço feita por um laço, tendo como força ativa o peso do próprio corpo. 9.7.4 Causa jurídica: Suicídio: mais comum; Homicídio: por indução, incitamento ou de maneira forçosa; Acidente: raro; Execução Judicial: em alguns países. 9.7.5 Estudo do laço: 9.7.6 Ponto de fixação: Árvores, Armadores, Caibros, etc. 9.7.7. Classificação de enforcamento: Suspensão Incompleta ou Atípica: quando parte do corpo da vítima se apoia no solo ou outra superfície. Nó Fixo Corrediço Alça Situação Lateral Anterior Posterior Constituição Tipos de laços Moles: cortinas, gravatas, lençóis. Semirrígido: não de aço e ferro, e sim couro, por exemplo, como os cintos, alças de bolsas. Rígidos: correntes, fios elétricos, arames, cordas, punhos de redes, ou seja, feitos de aço e ferro. @ paulovale.pericia 51 Suspensão Incompleta Suspensão Completa ou Típica: o corpo está suspenso totalmente. Suspensão completa 9.7.8 Sinais de Enforcamento: Externos: Sulco incompleto (interrompido pelo nó), oblíquo, ascendente, único em sua maioria, acima da cartilagem tireoide. (Figuras abaixo) @ paulovale.pericia 52 9.8 Estrangulamento: 1. Definição: É a constrição