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MEDICINA LEGAL APOSTILA

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Olá, primeiramente irei me apresentar a você, caro aluno, meu 
nome é Paulo Roberto do Vale, sou formado em Engenharia Mecânica 
pela UFRN, atualmente sou Perito Criminal e professor das disciplinas 
de Medicina Legal e Criminalística. Na minha carreira de concurseiro, 
fui aprovado para os cargos de agente administrativo da Secretaria da 
Saúde, Guarda Municipal, DataNorte, Ministério do Trabalho e 
Emprego, Petrobrás e para o cargo que exerço atualmente, o de Perito 
Criminal do ITEP/RN, neste tendo sido classificado em 1º lugar. Agora 
apresentado, estarei discorrendo sobre a disciplina de Medicina Legal 
que é essencial para a sua prova. Sendo assim, vamos começar?! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sumário 
 
1. Introdução: .......................................................................................................................... 8 
2. Breve Histórico da Medicina Legal: ................................................................................... 8 
4. Perícia Médico-Legal ........................................................................................................ 16 
4.1 Peritos Oficiais ................................................................................................................ 16 
6. Morte ................................................................................................................................. 21 
4.1 Morte Natural ................................................................................................................. 21 
4.2 Morte Violenta ................................................................................................................ 21 
4.3. Tipos de Morte Violenta ............................................................................................... 21 
5. Balística Forense .............................................................................................................. 34 
5.1. Definição ........................................................................................................................ 34 
5.2. Objetivo .......................................................................................................................... 34 
5.3. Estudo da arma ............................................................................................................. 34 
5.6. Exame balístico.............................................................................................................. 35 
6. Classificação das armas de fogo: ...................................................................................... 35 
6.1. Quanto à alma do cano .................................................................................................. 35 
6.2. Quanto à dimensão ........................................................................................................ 35 
6.3. Quanto ao carregamento ............................................................................................... 35 
6.4. Quanto ao calibre........................................................................................................... 36 
7. Classificação dos tiros ...................................................................................................... 36 
7.1. Quanto ao trajeto ........................................................................................................... 36 
7.1.1. Penetrante. ................................................................................................................. 37 
7.1.2. Transfixante. .............................................................................................................. 37 
7.1.3 Raspão .......................................................................................................................... 38 
7.2. Quanto à distância ........................................................................................................ 38 
7.2.1. Tiro à distância: .......................................................................................................... 38 
7.2.2. Tiro à curta distância ou queima roupa ..................................................................... 38 
7.2.3. Tiro encostado / tiro apoiado ...................................................................................... 39 
8. Agentes Físicos ................................................................................................................. 40 
 
 
8.1 Conceito .......................................................................................................................... 40 
8.2 Tipos de agentes físicos .................................................................................................. 40 
8.3 Calor ............................................................................................................................... 40 
8.3.1. Temperatura ............................................................................................................... 40 
8.4. Pressão atmosférica ....................................................................................................... 43 
8.4 Por baixa pressão atmosférica:....................................................................................... 43 
8.4 Por alta pressão atmosférica: ......................................................................................... 43 
8.5. Eletricidade ................................................................................................................... 44 
8.6 Radioatividade ................................................................................................................ 45 
8.7 Luz .................................................................................................................................. 46 
8.8 Som ................................................................................................................................. 46 
9. Asfixiologia ....................................................................................................................... 46 
9.1 Conceito........................................................................................................................... 46 
9.2 Classificação Médico Legal ............................................................................................. 47 
9.3 Puras ............................................................................................................................... 47 
9.4 Complexas ....................................................................................................................... 47 
9.5 Mistas.............................................................................................................................. 47 
9.6 Por Modificação Física do Meio ...................................................................................... 47 
9.6 Gases irrespiráveis ......................................................................................................... 47 
9.6 Confinamento ................................................................................................................. 47 
9.6 Monóxido de Carbono ..................................................................................................... 47 
9.6 Por Vícios de ambiente ................................................................................................... 48 
9.6.1 Por Constrição no Pescoço ........................................................................................... 48 
9.7 Sinais de asfixia .............................................................................................................. 49 
9.7.1 Sinais externos ............................................................................................................ 49 
9.7.2. Sinais internos: ...........................................................................................................49 
9.7.3 Enforcamento............................................................................................................... 50 
9.7.4 Causa jurídica .............................................................................................................. 50 
9.7.5 Estudo do laço .............................................................................................................. 50 
 
 
9.7.6 Ponto de fixação ........................................................................................................... 50 
9.7.7. Classificação de enforcamento ................................................................................... 50 
9.7.8 Sinais de Enforcamento ............................................................................................... 51 
9.8 Estrangulamento ............................................................................................................ 52 
9.8.1 Sinais de Estrangulamento ......................................................................................... 52 
10 Esganadura:..................................................................................................................... 54 
10.1 Definição ....................................................................................................................... 54 
10.2 Causa jurídica ............................................................................................................... 54 
10.3 Sinais ............................................................................................................................ 54 
11 Soterramento ................................................................................................................... 54 
11.1 Definição ....................................................................................................................... 54 
11.2 Causa jurídica ............................................................................................................... 54 
11.3 Sinais ............................................................................................................................ 54 
12 Afogamento ...................................................................................................................... 55 
12.1 Definição ....................................................................................................................... 55 
12.4 Sinais ............................................................................................................................ 55 
13 Tanatologia Forense ........................................................................................................ 56 
13.1 Definição ....................................................................................................................... 56 
13.2. Tipos de Morte ............................................................................................................. 56 
13.3 Natural ......................................................................................................................... 56 
13.4 Súbita ............................................................................................................................ 56 
13.5 Violenta ......................................................................................................................... 56 
13.6 Fetal .............................................................................................................................. 56 
13.7 Materna ........................................................................................................................ 56 
13.8 Catastrófica .................................................................................................................. 56 
13.9 Presumida ..................................................................................................................... 56 
14. Tanatologia: .................................................................................................................... 57 
14.7. Aspectos Médicos Legais da Morte.............................................................................. 57 
14.8.1 Importância Médica: .................................................................................................. 57 
 
 
14.8.2 Importância Jurídica ................................................................................................. 58 
14.8.3 Comoriência ............................................................................................................... 58 
14.8.4 Premoriência .............................................................................................................. 58 
16. Tanatocronologia ou Cronotanatognose ......................................................................... 59 
16.1 Livores e Manchas de Hipóstase .................................................................................. 59 
16.2 Rigidez Cadavérica ....................................................................................................... 60 
16.3 Período da Coloração (Fase Cromática): ..................................................................... 60 
16.4 Período Enfisematoso (Fase Gasosa): .......................................................................... 61 
16.4 Formação de gases da putrefação....................................................................................61 
16.5 Fase Coliquativa: .......................................................................................................... 61 
16.6 Fase de Esqueletização ................................................................................................. 62 
16.7 Fauna Cadavérica ........................................................................................................ 62 
16.8 Gases de Putrefação ..................................................................................................... 64 
16.8 Gases não inflamáveis .................................................................................................. 64 
16.8 Gases inflamáveis ......................................................................................................... 64 
16.8 Gases não inflamáveis .................................................................................................. 64 
16.9 Cristais de Sangue Putrefeito ...................................................................................... 64 
17. Tanatoscopia: .................................................................................................................. 65 
17.1. Conceito ....................................................................................................................... 65 
17.2 Sinonímias .................................................................................................................... 65 
17.3. Finalidades .................................................................................................................. 65 
17.4 Legislação ..................................................................................................................... 65 
18 Exames Necroscópicos ..................................................................................................... 65 
18.1. Inspeção externa .......................................................................................................... 65 
18.2 Inspeção interna ........................................................................................................... 65 
19. Lesões “intra vitam” e “post mortem” ............................................................................ 65 
9.2. Tanatoconservação ........................................................................................................ 66 
19.3 Tanatolegislação ...........................................................................................................66 
20. Exumação ....................................................................................................................... 68 
 
 
20.1 Etimologia/conceito ....................................................................................................... 68 
20.2 Legislação ..................................................................................................................... 68 
20.3 Tipos de exumação ........................................................................................................ 69 
20.4 Administrativas ............................................................................................................ 69 
20.5 Judiciárias .................................................................................................................... 70 
21. Tipos de mortes violentas ............................................................................................... 71 
22. Sexologia forense ............................................................................................................ 72 
23. Conjunção carnal ............................................................................................................ 72 
24. Estupro qualificado ........................................................................................................ 73 
25. Importunação sexual ...................................................................................................... 73 
26. Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou 
de pornografia. ...................................................................................................................... 73 
27. Violência sexual mediante fraude .................................................................................. 75 
28. Estupro de vulnerável .................................................................................................... 75 
29. Abortamento ................................................................................................................... 75 
29.1 Conceitos ....................................................................................................................... 75 
29.1.1 Jurídico ...................................................................................................................... 75 
28.1.2 Médico ........................................................................................................................ 75 
29.2. Tipos de aborto ........................................................................................................... 76 
29.2.1 Aborto provocado pela gestante ................................................................................ 76 
28.2.2 Aborto provocado por terceiro ................................................................................... 76 
29.2.4. Aborto necessário ou terapêutico : ........................................................................... 76 
29.2.5. Aborto sentimental (piedoso) – gravidez resultante de estupro - documentos 
necessários: ........................................................................................................................... 77 
29.2.6 Aborto seletivo (Eugênico) ......................................................................................... 77 
30. Toxicologia Forense ........................................................................................................ 77 
30.1 Dependência ................................................................................................................. 79 
30.2 Dependência psíquica. .................................................................................................. 79 
30.3 Dependência física. ....................................................................................................... 79 
30.4 Síndrome de abstinência. ............................................................................................. 79 
 
 
30.5 Tolerância. .................................................................................................................... 79 
31 Overdose. ......................................................................................................................... 80 
32 Embriaguez ...................................................................................................................... 80 
32.1 Fases da Embriaguez: .................................................................................................. 80 
32.2 Tolerância ..................................................................................................................... 81 
32.3 Imputabilidade penal segundo o Código Penal: ........................................................... 81 
33. Modificadores e limitadores da Imputabilidade Penal e da Capacidade Civil: ............. 83 
33.2 O Sexo: .......................................................................................................................... 84 
33.4 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. ....................................... 84 
33.5 Emoção ou Paixão. ........................................................................................................ 84 
33.6 Homicídio simples......................................................................................................... 84 
34.1 Agonia. .......................................................................................................................... 85 
34.2. De ordem Psicopatológica. ........................................................................................... 85 
34.2.1 Surdimutismo: ........................................................................................................... 85 
34.2.2 Hipnotismo. ............................................................................................................... 86 
34.2.3 Prodigalidade. ............................................................................................................ 86 
34.2.4 Embriaguez. (Ver Capítulo 32). ................................................................................. 86 
34.2.5 Doença Mental. .......................................................................................................... 86 
34.2.6 Desenvolvimento Mental Incompleto. ....................................................................... 87 
34.2.7 Retardo Mental. ......................................................................................................... 87 
34.2.8 Perturbação mental. .................................................................................................. 87 
35. Maus tratos a menores ................................................................................................... 88 
36. Aspectos médico-legais do testemunho, da confissão e da acareação. ........................... 89 
37. Noções de Identificação e Antropologia Forense ............................................................ 90 
38. Métodos Científicos de Identificação Criminal .............................................................. 91 
38. Métodos Antropométricos: .............................................................................................. 91 
38 Métodos Antropográficos: ................................................................................................ 93 
38 Métodos Dermopapiloscópicos: ........................................................................................ 94 
39. Regiões anatômicas do corpo humano ............................................................................ 97 
 
 
40. Questões ........................................................................................................................ 100 
41. Gabarito das Questões: .................................................................................................111 
42. Referências: .................................................................................................................. 112 
 
@ paulovale.pericia 
8 
 
1. Introdução: 
Esta obra pretende abranger conceitos fundamentais em 
Medicina Legal de uma forma direta, simples e descomplicada sem 
perder a essência, sendo destinada inicialmente para o estudante 
que pretende ingressar na carreira pericial ou para todo aquele 
interessado nessa área, tais como advogados, promotores, juízes, 
assistentes técnicos, Peritos judiciais, entre outros, que possam 
dela se utilizar como uma ferramenta de trabalho. 
Dessa forma, não há aqui nenhuma pretensão de esgotar esse 
tema e tudo o que dele deriva, mas sim como um auxílio rápido e 
eficaz para a compreensão desta importante disciplina que é a 
Medicina Legal. 
 Espero que lhe seja bastante útil e desejo um bom aprendizado 
e sucesso! 
2. Breve Histórico da Medicina Legal: 
A Medicina Legal deu início ao desenvolvimento da 
Datiloscopia e de todo o sistema da Criminalística. Foi na Medicina 
Legal que iniciaram-se os primeiros estudos científicos com 
metodologia científica aplicando, tais métodos, nas investigações de 
crimes contra a pessoa e a vida. 
 Pré-História: historiadores citam a existência de 
reproduções de impressões a tinta, desenhos em cavernas, vestígios 
de mãos e dedos; 
 Ano 44 a. C: Júlio César foi assassinado e o exame do 
cadáver realizado por Antisius constatou 23 golpes, sendo apenas 
um fatal; 
 China (1248): primeiro registro de uma obra médico-legal. É 
o Hsi Yuan Li; 
 França (1374): primeira permissão para realização de 
necropsia concedida pelo Papa à Universidade de Montpellier; 
@ paulovale.pericia 
9 
 
 Alemanha (1507): Código Bambergense, torna 
obrigatória a necropsia, sem evisceração, nos casos de morte 
violenta; 
 Alemanha (1532): Constitutio Criminalis Carolina, 
conhecida como Lex Carolina Criminalis, abordava uma série de 
matérias médico-legais e exigia a presença de Peritos nos exames 
de delitos. 
 Ambroise Paré (França, 1575): Primeiro tratado ocidental 
sobre Medicina Legal; 
 Fortunatus Fidelis (Palermo, 1602): lançou o primeiro 
tratado sobre o assunto, de forma mais completa e detalhada, sob o 
título De Relatoribus Libri Quator in Quibis e a Omnia quae 
in Forensibus ae Publicis Causis Medici Preferre Solent 
Plenissime Traduntur. 
 Paolo Zacchias (Itália, 1651), nessa mesma época, lançou 
outra obra, intitulada Questiones Medico Legales Opus 
Jurisperitis Maxime Necessarium Medicis Perutile. É 
considerado o verdadeiro pai da Medicina Legal. 
• Importante: A medicina legal brasileira recebeu maior 
influência da medicina legal francesa. 
 1560 (França): Ambroise Paré estudou os ferimentos 
produzidos por arma de fogo; 
 1563 (Portugal): João de Barros desenvolveu a 
Datiloscopia, com estudos das linhas papilares; 
 1665 (Itália): Marcelo Malpighi, médico anatomista, deu 
continuidade ao trabalho, empregando conhecimentos de anatomia 
estudando as papilas dérmicas nas mãos e nas extremidades dos 
dedos. 
 1753 (França): Boucher realizou estudos sobre balística, 
disciplina que mais tarde se chamaria Balística Forense; 
@ paulovale.pericia 
10 
 
 1805 (Áustria): teve início o ensino da Medicina Legal; na 
Escócia ocorreu em 1807 e na Alemanha, em 1820; por essa época 
também se verificou na França e na Itália; 
 1823 (Alemanha): João Evangelista Purkinje, professor 
de anatomia na Universidade de Breslaw, agrupou os desenhos 
papilares das extremidades digitais em nove tipos fundamentais e 
estabeleceu o sistema déltico; 
 1858 (Inglaterra): William James Herschel: iniciou estudos 
sobre as impressões digitais, concluindo pela sua imutabilidade;  
 1891 (Argentina): Francisco Latzina e Juan Vucetich 
implementaram o sistema datiloscópico que é usado até hoje no 
Brasil; 
 1893 (Alemanha): Hans Gross, Juiz de instrução e 
professor de Direito Penal, autor da obra “System der 
Kriminalistik - Sistema de Criminalística” é considerado o 
“PAI DA CRIMINALISTICA”; 
 1894 (França): Alphonse Bertillon passou a tomar as 
impressões digitais como sistema organizado em uma ficha. 
(Bertillonage) 
 1902 (Portugal): início da utilização das impressões 
plantares e palmares como complemento da identificação 
datiloscópica; 
 1903 (Brasil): Implantação do Sistema Dactiloscópico de 
VUCETICH; 
 1947 (Brasil): I Congresso de Criminalística; 
 1988 (Constituição Federal): 
 Avanços no campo legislativo e estrutural; 
 Novas Constituições Estaduais; 
 Início da desvinculação dos órgãos periciais da estrutura da 
Polícia Civil; 
@ paulovale.pericia 
11 
 
 2008 - Lei Federal nº. 11.690 de 09 de Junho - Alterou o 
Código de Processo Penal: Estabelece que a perícia deve ser 
realizada por perito oficial, portador de curso superior; que nos 
locais sem perito oficial a perícia deve ser realizada por dois 
profissionais com nível superior; prevê a indicação e atuação de 
assistentes técnicos; prevê disponibilização no ambiente do órgão 
oficial, que mantém a guarda, do material probatório que serviu de 
base à perícia, para exame pelos assistentes, na presença de perito 
oficial. 
 2009 - Lei Federal 12.030 de 17 de setembro – Estabelece 
normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal; 
assegura autonomia técnica, científica e funcional para o perito 
oficial; que os peritos estão sujeitos à regime especial de trabalho; 
que são os peritos oficiais os peritos criminais, os médicos-legistas e 
os odontolegistas. 
3. Medicina Legal – Conceito 
A Medicina legal, assim como a Criminalística, tem sido 
definida de forma variada por diversos autores. A definição que 
consideramos mais abrangente e direta é a dada pelo ilustre 
médico-legista paraibano Genival Veloso França que assim a 
definiu: “É a Medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais”. 
 Segundo Hélio Gomes, Medicina Legal é o conjunto de 
conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao 
Direito, cooperando na execução dos dispositivos legais atinentes ao 
seu campo de ação de medicina aplicada. 
Para Flamínio Fávero, Medicina Legal é a aplicação de 
conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução das leis 
que deles carecem. 
Para Buchner, Medicina Legal é a ciência do médico 
aplicada aos fins da Ciência do Direito. 
No entendimento de Francisco Morais Silva, Medicina 
Legal constitui-se em ciência e arte que tem por objetivo a 
@ paulovale.pericia 
12 
 
investigação de fatos médicos e biológicos, empregando recursos 
atualizados disponíveis em todas as áreas do conhecimento técnico 
e científico. 
Para Nerio Rojas, Medicina Legal é a aplicação dos 
conhecimentos médicos aos problemas judiciais. 
Os exames dos vestígios intrínsecos (na pessoa) são da alçada 
da Medicina Legal. 
3.1 Divisões da Medicina Legal em Ângulos: 
Segundo França, se divide em ângulos histórico, 
profissional, doutrinário e didático: 
 Ângulo Histórico: diz respeito às várias fases evolutivas 
desta ciência, que a divide em: 
 Medicina Legal Pericial, 
 Medicina Legal Legislativa, 
 Medicina Legal Doutrinária, 
 Medicina Legal Filosófica. 
 Medicina Legal Pericial: também chamada de Medicina 
Forense ouMedicina Legal Judiciária, é a sua forma 
mais anterior e está voltada aos interesses legispericiais da 
administração da justiça. 
 Medicina Legal Legislativa: contribui na elaboração e 
revisão das leis em que se disciplinam fatos ligados às 
ciências bio às ciências biológicas ou afins. 
 Medicina Legal Doutrinária: Trata de temas subsidiários 
que sustentam e explicam certos institutos jurídicos onde o 
conhecimento médico. 
 Medicina Legal Filosófica: discute os assuntos ligados à 
Ética, à Moral e a Bioética Médica no exercício ou em face do 
exercício da Medicina. 
@ paulovale.pericia 
13 
 
 Ângulo Profissional: se relaciona à forma como se 
exerce na prática essa atividade. Assim, divide-se em 
Medicina Legal Pericial, Criminalística e Antropologia 
Médico-Legal, que são, que são exercidas respectivamente 
pelos Institutos de Medicina Legal, de Criminalística e 
de Identificação 
 Ângulo Doutrinário: leva em conta o interesse doutrinário 
do Direito nas diversas especificidades da Medicina Legal 
(penal, civil, trabalhista, canônica, administrativa). 
 Ângulo Didático: divide-se em Medicinal Legal Geral e 
Medicina Legal Especial. 
 Medicinal Legal Geral: também chamada de 
Jurisprudência Médica, estudam-se as obrigações e 
deveres (Deontologia) e os direitos (Diceologia) dos médicos. 
Relaciona- com o exercício regular da profissão. 
 Medicina Legal Especial: São os ramos mais específicos da 
disciplina. 
As principais subdivisões da Medicina Legal Especial são: 
• Patologia Forense - área da Ciência Forense mais 
preocupada em determinar a causa da morte de uma vítima. 
• Toxicologia Forense - Ciência que detecta e identifica a 
presença de drogas e venenos em fluídos corpóreos, tecidos e 
órgãos. 
• Infortunística – acidentes de trabalho, doenças profissionais 
e doenças do trabalho. 
• Antropologia Forense - Tem como principal objetivo a 
identidade e identificação do ser humano através de um 
processo técnico cientifico sistematizado. 
• Criminalística - Investiga tecnicamente os indícios 
materiais do crime, seu valor e sua interpretação nos 
elementos constitutivos do corpo de delito. 
@ paulovale.pericia 
14 
 
• Psiquiatria Forense - auxiliará a justiça, entre outras 
finalidades, no comportamento dos indivíduos com as outras 
pessoas na sociedade, principalmente para o estudo da 
imputabilidade penal e consequente responsabilidade. (Croce 
e Croce Júnior, 2007, Hercules, 2008). 
• Deontologia - compreende e sistematiza as regras para se 
manter uma ética profissional e os seus deveres. 
• Tanatologia Forense - estuda a morte e o morto e suas 
implicações na esfera jurídico-social. 
• Vitimologia - estuda a vítima e principalmente o seu 
comportamento por ocasião do delito. 
• Criminologia - estuda os diversos aspectos da natureza do 
crime, do criminoso, da vítima e do ambiente. 
• Psicologia médico-legal - Analisa o psiquismo normal e as 
causas que podem deformar a capacidade de entendimento da 
testemunha, da confissão, do delinquente e da própria vítima. 
• Psiquiatria médico-legal - Estuda os transtornos mentais e 
da conduta, os problemas da capacidade civil e da 
responsabilidade penal sob o ponto de vista médico-forense. 
• Asfixiologia médico-legal - Detalha os aspectos das asfixias 
de origem violenta, como esganadura, enforcamento, 
afogamento, estrangulamento, soterramento, sufocação direta 
e indireta, e as asfixias produzidas por gases irrespiráveis. 
• Toxicologia médico-legal - Estuda os cáusticos e os 
venenos, e os procedimentos periciais nos casos de 
envenenamento. 
• Medicina Legal Desportiva - Tem importância econômica, 
social e cultural, como também nos esportes de competição, 
com ênfase para o sigilo profissional, prontuários, dopings 
consentidos ou tolerados, quantificação e qualificação do dano 
com repercussão no rendimento esportivo. 
@ paulovale.pericia 
15 
 
• Genética médico-legal - Especifica as questões voltadas ao 
vínculo genético da paternidade e maternidade, assim como 
outros assuntos ligados à herança. 
3.2 Medicina Legal 
3.2.1 Áreas de atuação 
 Na área Criminal: estuo das lesões corporais, homicídio, 
abortos (legal e criminoso), infanticídio, crimes contra a 
liberdade sexual, etc.; 
 Na área Civil: nas questões de paternidade, anulabilidade de 
casamento, testamento, etc.; 
 Direito Administrativo: quando avalia as condições dos 
servidores públicos no ingresso, nos afastamentos por doenças 
ou invalidez e aposentadorias. 
 Direito Trabalhista: no estudo das doenças do trabalho, das 
doenças profissionais, do acidente do trabalho, com a 
prevenção de acidentes, com a insalubridade e a higiene do 
trabalho. 
 
 Direito Processual Civil e Penal - quando estuda a 
psicologia da testemunha, da confissão, do delinquente e da 
vítima. 
 Direito Ambiental - quando se envolve nas questões ligadas 
às condições de vida satisfatórias em um ambiente saudável, 
seja nos locais de trabalho, seja fora deles. 
 Direito Internacional Público, ao considerar as razões 
médico-legais implicadas nos tratados dos quais nosso país é 
signatário no concerto das nações. 
 Direito Internacional Privado - ao decidir as questões civis 
relacionadas com o estrangeiro no Brasil. 
@ paulovale.pericia 
16 
 
4. Perícia Médico-Legal 
É o exame feito pelo perito Médico- Legista com o objetivo de 
esclarecer à polícia e à Justiça acerca de um definido fato criminoso. 
4.1 Peritos Oficiais 
Pessoas habilitadas, experientes em determinado assunto, 
que têm a tarefa de esclarecer um fato de interesse da Justiça. 
A partir da Constituição de 1988 passou-se a exigir concurso 
público para o cargo. Onde não houver Peritos Oficiais a lei faculta 
a nomeação de peritos “Ad hoc”, que são aqueles nomeados pelo juiz 
ou pela Autoridade Policial quando não há Peritos oficiais. Nesse 
caso, são nomeados dois peritos não-oficiais, observando-se: a 
idoneidade, a capacidade técnica e o curso superior. São chamados 
também como: Ad-hoc, auxiliar, substituto, nomeado e ainda 
louvado. 
 
 PERITOS 
 
 
 
 
 
 
“Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias 
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de 
curso superior.” 
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado 
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de 
curso superior preferencialmente na área específica, dentre 
DE OFÍCIO 
(Lei 12.030, de 
17/9/2009) 
 
Médico Legista 
Odontolegista 
Perito Criminal 
NÃO-OFICIAIS 
 
Louvados, 
Do Juízo, 
Nomeados, 
“Ad hoc” 
LEI Nº 11.690 DE 09 DE JUNHO DE 2008 
@ paulovale.pericia 
17 
 
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a 
natureza do exame. 
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de 
bem e fielmente desempenhar o encargo.” 
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao 
assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao 
acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente 
técnico. 
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão 
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do 
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta 
decisão. 
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às 
partes, quanto à perícia: 
I –requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a 
prova ou para responderem a quesitos, desde que o 
mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem 
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima 
de 10 (dez) dias, odendo apresentar as respostas em laudo 
complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar 
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos 
em audiência. 
 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o 
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias 
oficiais de natureza criminal. 
 LEI Nº 12.030 DE 17 DE SETEMBRO DE 2009 
@ paulovale.pericia 
18 
 
Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de 
natureza criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e 
funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica 
específica, para o provimento do cargo de perito oficial. 
Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia 
oficial de natureza criminal, os peritos de natureza criminal estão 
sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação 
específica de cada ente a que se encontrem vinculados. 
 Art. 4o (VETADO) 
Art. 5o Observado o disposto na legislação específica de 
cada ente a que o perito se encontra vinculado, são peritos de 
natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas e 
peritos odontolegistas com formação superior específica detalhada 
em regulamento, de acordo com a necessidade de cada órgão e por 
área de atuação profissional. 
Art. 6o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a 
data de sua publicação. 
4.2 Compromisso do Perito 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
 
Os Peritos Oficiais prestam compromisso solene no ato de 
investidura no cargo. 
 
art. 159, § 2
o
. Os peritos não oficiais prestarão o 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
PROCESSO CIVIL 
 
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe 
foi cometido, independentemente de termo de compromisso. 
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não 
estão sujeitos a impedimento ou suspeição. 
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o 
acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que 
realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com 
antecedência mínima de 5 (cinco) dias. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Msg/VEP-758-09.htm
@ paulovale.pericia 
19 
 
4.3 PERÍCIA 
É o conjunto de procedimentos técnicos que tem como 
finalidade esclarecer fatos de interesse da Justiça. 
 A necessidade da perícia é esclarecer questões de fato de 
interesse da Justiça. Pode ser realizada em qualquer dia, a qualquer 
hora e lugar, com exceção do exame necroscópico, chamado de Autópsia 
no Art. 162 do CPP: 
“Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois 
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de 
morte, julgarem que possa ser feita antes” 
 
4.3.1 TIPOS DE PERÍCIAS 
 
 
 
 
O Médico-Legista realiza exames periciais em vivos e em 
mortos. Nos vivos podemos destacar os exames de lesões corporais, 
conjunção carnal, embriaguez, psiquiatria e de definição de gênero. Nos 
mortos destacamos a necropsia e a exumação. 
“Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade 
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se 
realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. 
 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular 
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de 
recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o 
cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá 
às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.” 
 
ADMINISTRATIVAS 
Previdenciárias 
Trabalhistas 
Securitárias 
Auditorias 
 FORENSES 
 
 Cíveis 
 Criminais 
@ paulovale.pericia 
20 
 
5. CORPO DE DELITO 
 
 É a base residual do crime, sem o que ele não existe” (Genival 
Veloso de França). 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de 
corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído 
dada pela Lei nº 13.721, de 2018) 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído 
dada pela Lei nº 13.721, de 2018) 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com 
deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) 
ATENÇÃO: NO PROCESSO PENAL A PERÍCIA CRIMINAL É OBRIGATÓRIA 
(Art. 158, caput, do CPP) 
 Pode eivar de nulidade o processo, segundo o Art. 564, 
III-b: 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, 
ressalvado o disposto no Art. 167. 
 Não pode ser suprida pela confissão (ressalvadas as condições 
da Lei 9099/95 e a do Art. 167 do CPP) 
 Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por 
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta. 
 EXAME INDIRETO 
Não há indícios, desapareceram ou foram destruídos. O Perito 
pode realizar a perícia de forma indireta por meio do exame 
de fotografias, vídeos ou outros meios. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13721.htm
@ paulovale.pericia 
21 
 
6. Morte 
Definição: A morte poder-se-á definir como a cessação total e 
permanente das funções vitais. 
 
MORTE: RESOLUÇÃO CFM Nº 2.173/2017. 
Publicado no D.O.U. de 15 de dezembro de 2017, Seção I, p. 274-6. 
Define os critérios do diagnóstico de morte encefálica. 
 
 Pode ser classificada em: 
4.1 Morte Natural: É aquela que sobrevêm de um processo 
esperado e previsível, como decorrente do envelhecimento, ou em 
função de agentes patogênicos. 
4.2 Morte Violenta: É aquela que tem como causa 
determinante a ação abrupta e intensa, ou continuada e persistente 
de um agente mecânico, físico ou químico sobre o organismo, 
decorrente de um homicídio, suicídio ou acidente, sendo esta o 
objeto da Medicina Legal. 
4.3. Tipos de Morte Violenta: Compreende as mortes por 
homicídio, suicídio, acidente, infanticídio e aborto ilegal. 
Estudaremos, a seguir, os agentes que podem produzir mortes 
violentas: 
 a) Agente Mecânico – Aquele que tem a capacidade de 
modificar o estado de repouso ou de movimento do corpo. Temos 
então a seguinte classificação: 
 Armas Naturais: Mão, pé, unha, cotovelo, cabeça, etc; 
 Armas propriamente ditas: armas de fogo, espada, 
sabre, punhal, etc.; 
 Armas eventuais (arma branca): faca, facão, foice, 
tesoura, lâmina de barbear, etc.; 
@ paulovale.pericia 
22 
 
 Peças de máquinas e maquinismos: moentes, polias, 
correias, cabos, etc.; 
 Animais: cães, cobras, felinos, etc.; 
 Mistos: precipitações, explosões, desabamento, etc. 
b) Modo de ação dos Agentes Mecânicos:→ Ativo: objeto em movimento, corpo em repouso. 
 → Passivo: objeto em repouso, corpo em movimento. 
 → Misto: tanto o objeto como o corpo estão em 
movimento. 
c) Formas de ação: 
 → Flexão 
 → Extensão 
 → Torção 
 → Pressão-compressão 
Os instrumentos mecânicos classificam-se em: cortantes, 
contundentes, perfurantes, perfuro-cortantes, corto-
contundentes e perfuro-contundentes. Produzem ferimentos, 
respectivamente, incisos, contusos, puntiformes, perfuro-incisos, 
corto contusos, perfuro-contusos. Para resumir faremos uma tabela 
para melhor fixação: 
Instrumento Tipo de 
Aplicação 
Mecanismo
s 
Tipo de 
Lesões 
Exemplos 
Perfurantes Ponto Pressão + 
Penetração 
Puntiforme 
(Punctória) 
Agulha, Alfinete, 
Prego, Espinho, 
Seta, etc. 
Contundentes Área + 
Massa 
Choque, 
Pressão, Etc. 
 
Contusa Pau, tábua, cano, 
granada, pedra, 
cassetete, tijolo, 
etc. 
@ paulovale.pericia 
23 
 
Cortantes Linha Deslizamento Incisa 
(Cortante, 
segundo 
Genival 
Veloso de 
França) 
Lâmina de 
barbear, navalha, 
bisturi, etc. 
Perfuro- 
Cortantes 
Ponto + 
Linha 
Pressão + 
Secção 
(Deslizamento) 
Perfuro - 
Incisa 
Faca, canivete, 
punhal, lima, 
peixeira, etc. 
Perfuro- 
Contundentes 
Ponto + 
Massa 
Penetração + 
Pressão 
Perfuro-
Contusa 
Projétil de arma 
de fogo, ponta de 
guarda-chuva, 
ponta de grade de 
ferro, etc. 
Corto-
Contundentes 
Linha + 
Massa 
Deslizamento + 
Pressão 
Corto-
Contusa 
Machado, facão, 
foice, enxada, 
dentes, etc. 
Veremos agora as características das lesões produzidas pelos 
tipos de instrumentos acima citados: 
d) Instrumentos Perfurantes: Atuam por pressão através da 
ponta, afastando as fibras do tecido, e raramente, seccionando-as; 
possuem forma cilíndrico-cônica. Exemplos: 
 
 
 
 Características das feridas puntiformes ou 
punctórias: 
@ paulovale.pericia 
24 
 
 Forma arredondada da ferida; 
 Diâmetro da ferida menor que o diâmetro do 
instrumento; 
 Pouco sangrantes; 
 Termina em fundo cego (fundo de saco – lesão 
penetrante); 
 Pode ser transfixante com orifício de saída semelhante 
ao de entrada. 
 
 Quando a lesão tiver a profundidade de penetração maior 
que o próprio comprimento do instrumento, devido à 
depressibilidade dos tecidos superficiais, como no ventre, essa lesão 
se chama “Ferida em Acordeão ou de Lacassagne”. 
 Importante observar que o aspecto dos ferimentos na 
pele é definido pelas Leis de Filhos e pela Lei de Langer: 
 Primeira Lei de Filhos (Lei da Semelhança): As 
soluções de continuidade são feridas que se assemelham às 
produzidas por instrumentos perfuro-cortantes de dois gumes e de 
lâmina achatada. 
 
 Segunda Lei de Filhos (Lei do Paralelismo): Os 
instrumentos cilíndricos ou cilindro cônicos determinam direção 
constante para cada região do corpo onde as linhas de força tenham 
um só sentido. 
 
 Lei de Langer (Lei do Polimorfismo): Um 
instrumento cilíndrico, exercendo ação perfurante em um ponto da 
pele onde convergem linhas de força de sentidos diferentes, produz 
ferida triangular, ou em ponta de seta, ou mesmo em quadrilátero. 
 
@ paulovale.pericia 
25 
 
 
e) Instrumentos Cortantes: Agem por deslizamento 
produzindo a secção uniforme dos tecidos. Exemplos: 
 
 
 Características das feridas incisas: 
 Bordas regulares; 
 Vertentes regulares; 
 Bordas separadas; 
 Sangramento abundante; 
 Centro mais profundo que as extremidades; 
 Presença de cauda de escoriação quando há angulação 
no corte; (praticamente imperceptível em ferimentos retos e com 
mesma pressão em toda a sua extensão) 
 Ausência de vestígios traumáticos. 
@ paulovale.pericia 
26 
 
 Feridas especiais produzidas por instrumentos 
cortantes: 
1. Na parte anterior do pescoço: Esgorjamento; 
 
2. Na parte posterior do pescoço: secção quase total do pescoço 
denomina-se: Degolamento; 
 
(http://reginaldofranklin.com.br/degolamento) 
3. Quando há a separação total da cabeça do restante do corpo 
denomina-se: Decapitação; 
 
4. Esquartejamento: separar em quartos; 
@ paulovale.pericia 
27 
 
 
5. Espostejamento: Quando há a separação do corpo em 
múltiplas partes irregulares; 
6. Evisceração: Corte com exposição das vísceras; 
 
7. Lesões de defesa: Geralmente são encontradas em mãos e 
antebraços; 
8. Castração: Extirpação do órgão sexual masculino. 
 
f) Instrumentos Contundentes: 
@ paulovale.pericia 
28 
 
São todos os objetos capazes de agirem traumaticamente sobre 
o organismo. As lesões podem ser produzidas por: pressão, explosão, 
deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, 
torção, fricção, contragolpe ou de forma mista. Exemplos: Taco de 
Beisebol, rocha. 
 
O choque de superfícies pode se dar de forma 
– Ativa: quando o instrumento é projetado contra a vítima. 
Ex.: uma paulada na vítima. 
– Passiva: quando a vítima vai ao encontro do objeto. Ex.: 
uma vítima que sofre uma queda ou 
– Mista: ambos em movimentação. Ex.: um atropelamento 
em que pedestre e veículos estão em movimentação. 
Devido à elasticidade da pele, esta se conserva íntegra e a lesão 
se produz em nível profundo. Os principais tipos de lesões 
contundentes são: 
 Escoriação: O atrito (deslizamento) provoca o arrancamento 
da epiderme e desnudamento da derme; 
 É comum nas quedas (lesões nos joelhos, cotovelos, etc.); 
 Ocorre formação de crosta que pode ser serosa 
(predomínio de linfa) ou hemática (predomínio sanguíneo); 
 A recuperação se dá em prazo curto. 
 Interesse Jurídico: arrastamento, atropelamento, lesões 
de defesa (unhadas) etc. 
@ paulovale.pericia 
29 
 
 
 Exemplo de Escoriação. 
 Equimose: quando há rompimento de vasos e derrame 
sanguíneo infiltrando os tecidos. Contusão mais frequente e mais 
importante na prática. Suas características são: 
 O tecido externo apresenta-se íntegro; 
 Ocorre derrame sanguíneo interno e, com isto, ocorre 
produção de mancha de variado tamanho, conforme a extensão da 
área que sofreu o choque; 
 O material extravasado vai ser reabsorvido e isto provoca 
uma variação cromática que vai do início ao pleno reparo da lesão. 
É o chamado espectro equimótico que serve para: 
 Avaliar a data da lesão ou se ocorreram várias lesões em 
dias diferentes; 
 Precisar a sede da contusão; 
 Indicar o instrumento contundente; 
 Afirmar a natureza do atentado; 
 Traduzir fenômeno vital. 
O Espectro equimótico em geral, é lívida ou avermelhado no 
1.º dia; arroxeada entre o 2.º e o 3.º; azulado entre o 4.º e o 6.º; 
esverdeada entre o 7.º e o 10.º; amarelada entre o 12.º e o 15.º 
dias, e depois a tendência é desaparecer. 
@ paulovale.pericia 
30 
 
 
Exemplo de Equimose. 
 Tipos de equimoses: 
1) Petéquias: pequeno ponto vermelho no corpo - na pele ou 
mucosas, causado por uma pequena hemorragia de vasos 
sanguíneos, tendem adesaparecer em 4 a 5 dias. 
2) Sugilação: É um conjunto de petéquias numa área de 
maior pressão decorrente de uma sucção (chupão) ou ventosas. 
3) Víbices: Duas equimoses paralelas com centro livre como 
no caso de lesão produzida por instrumento cilíndrico (cassetete). 
 
 Exemplo de Víbices. 
4) Bossas e hematomas: quando o derrame sanguíneo não 
encontra condições de se difundir e forma coleções localizadas. A 
Bossa é o acúmulo de sangue sobre planos ósseos, conhecido como 
“Galo”. Já o Hematoma é uma coleção sanguínea produzida por 
extravasamento de sangue de um vaso bastante calibroso e a sua 
não difusão nas malhas dos tecidos moles. Tem absorção mais 
@ paulovale.pericia 
31 
 
demorada do que as equimoses, forma relevo na pele e comprime os 
tecidos vizinhos. 
 
 Hematoma (Crédito: Reginaldo Franklin). 
5) Luxação: é a separação do osso de sua articulação. 
6) Fraturas: São soluções de continuidade, parcial ou total, 
dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes. 
g) Instrumentos Perfuro cortantes: São aqueles 
instrumentos que tem uma ponta e pelo menos uma lâmina ou gume. 
Age afastando as fibras facilitando a penetração, depois seccionando-as. 
Produzem ferimentos perfuro-incisos. Exs.: 
 Monocortante (um gume): faca, canivete, espada, etc; 
 Bicortante (dois gumes): punhal, faca vazada, etc; 
 Tricortante (três gumes): lima. 
Características das feridas perfuro-incisas: 
 → Forma de botoeira; 
 → Bordas regulares; 
 → Vertentes regulares; 
 → Bastante sangrantes; 
 → Profundidade maior que o comprimento; 
 → Bordas separadas; 
@ paulovale.pericia 
32 
 
 → Ausência de vestígios traumáticos. 
 h) Instrumentos Corto contundentes: São aqueles 
instrumentos que possuem uma lâmina ou borda cortante, mas também 
atuam agridem pela contusão. Exs.: Exemplos: foice, facão, machado, 
enxada, dentes, rodas de trem, guilhotina, etc. 
• Características da lesões: São lesões sempre profundas, 
com bordas e formas irregulares, com destruição de tecidos, inclusive 
com fraturas. 
 
 Exemplo de instrumentos corto contundentes. 
 
i) Instrumentos Perfuro Contundentes: Agem 
perfurando e contundindo. Exemplos: projétil de arma de fogo, ponta de 
guarda-chuva, ponta de vergalhão, etc. 
 Características das lesões perfuro-contusas: 
→ Causam perfuração e ruptura dos tecidos; 
→ bordas irregulares; 
→ predomínio da profundidade; 
→ caráter penetrante ou transfixante. 
 Resumo das características dos ferimentos produzidos por 
projéteis de arma de fogo: 
 
 
@ paulovale.pericia 
33 
 
 Ferimento de entrada 
 Forma arredondada (regular); 
 Bordas invertidas; 
 Possui as orlas e zonas (dependendo o aparecimento desta 
última da distância do tiro); 
 O diâmetro é proporcional ao projétil (em geral, inferior 
devido à retratibilidade da pele); 
 Há pouco sangramento. 
 
 Ferimento de saída 
 Forma irregular; 
 Bordas evertidas; 
 Não possuem orlas e zonas; 
 O diâmetro é desproporcional; 
 Há muito sangramento. 
• Ao atingir o corpo, o projétil provoca: 
– Rompimento na pele, formando um orifício em forma 
tubular no qual se enxuga seus detritos (Orla de enxugo); 
– Arrancamento da epiderme (Orla de contusão). 
• Ao se formar o túnel de entrada: 
– Pequenos vasos se rompem formando equimoses em 
torno do ferimento (Orla equimótica). 
@ paulovale.pericia 
34 
 
 4 
 
 
OBS: Quando há um anteparo rígido sob o ferimento de saída 
pode ocorrer a formação de uma orla de contusão (escoriação) e de 
aréola equimótica (Sinal de Romanese). 
 
5. Balística Forense: 
5.1. Definição: É a ciência que estuda as armas de fogo e os 
projéteis de armas de fogo. 
5.2. Objetivo: Identificação da arma pelo projétil ou pelo 
estojo (cápsula). 
 
 Projétil Estojo ou cápsula 
5.3. Estudo da arma: revólver, pistola, espingarda, etc. 
 5.4. Estudo da munição: Estojo ou cápsula, Pólvora, 
Bucha, Espoleta, Projétil. 
 5.5 Cartuchos das armas raiadas 
(componentes): 
1. Orla de enxugo 
2. Orla equimótica 
3. Zona de esfumaçamento 
4. Zona de tatuagem 
1 
2 3 
@ paulovale.pericia 
35 
 
 1 - Projétil 2 – Estojo ou Cápsula. 3 – Propelente (Carga de 
projeção) 4 - Espoleta. 
 
 
5.6. Exame balístico: utilizado para examinar o 
funcionamento das armas e munições, bem como realizar a 
comparação balística entre a munição e a arma suspeita de ter sido 
utilizada em alguma ação criminosa. 
6. Classificação das armas de fogo: 
6.1. Quanto à alma do cano: 
 
 
6.2. Quanto à dimensão: 
 
 
 
6.3. Quanto ao carregamento: 
 
 
Armas de cano liso: espingardas 
Armas raiadas: revólver, pistola 
Curtas 
Longas 
Portáteis ou individuais 
Não-portáteis ou coletivas 
Ante carga: Espingarda. (Munição 
introduzida pela parte anterior da 
arma (boca do cano). 
 
 
 
Retro carga: Revólver, Pistola. 
(Munição introduzida pela parte 
posterior da arma (tambor ou pente) 
@ paulovale.pericia 
36 
 
6.4. Quanto ao calibre: 
 
 
 
 
Obs.: O calibre nominal é usado para designar um tipo 
particular de munição. Também é utilizado nas armas nas quais este 
tipo de munição é empregado. O calibre nominal, de forma diferente do 
calibre real, não se refere apenas ao diâmetro do projétil, Apresenta, 
também, uma série de outras informações, como comprimento do estojo; 
a forma de travamento desse estojo na câmara, indicando assim se este 
estojo é com aro ou sem aro ou se é do tipo garrafinha, cinturado ou 
apresenta ainda outras formas construtivas; o sistema de percussão, se 
de fogo central ou de fogo circular. Portanto, cartucho de mesmo calibre 
não significa que pode ser utilizado em outra arma de igual calibre. 
 6.5. Anatomia da arma de fogo: 
 
7. Classificação dos tiros: 
7.1. Quanto ao trajeto: 
 Real – Medido na boca do cano (arma raiada ou em 
ponto médio do cano em arma de alma lisa. 
 Nominal – Definido pelo fabricante. 
@ paulovale.pericia 
37 
 
 7.1.1. Penetrante. 
 7.1.2. Transfixante. 
 Características dos ferimentos de entrada e 
saída: 
 
 
 
 
 
 Ferimento de Entrada 
 
 
 
 
 
Ferimento de Entrada 
 Arredondadas ou ovaladas 
 Bordas regulares e invertidas 
 Menor que a ferida de saída 
Orla de Contusão 
Orla de Enxugo 
Aréola Equimótica 
Ferimento de Saída 
 Forma Irregular 
 Bordas irregulares e evertidas 
 Maior que a ferida de entrada 
 Ausência de orlas ou zonas 
(Exceção: Sinal de Romanese onde há a presença de 
orla de escoriação (contusão). 
@ paulovale.pericia38 
 
7.1.3 Raspão – Ferimento tangencial (Sedenho): O projétil 
produz um ferimento tangencial, formando um túnel na 
camada subcutânea da pele. Exemplo: 
 
7.2. Quanto à distância: 
 
 
 
 7.2.1. Tiro à distância: 
 Ausência de sinais secundários do tiro 
 
 
 
7.2.2. Tiro à curta distância ou queima roupa: 
Características: 
 Presença de sinais secundários do tiro 
 
 
 
 
 
 
a) Tiro à distância. 
b) Curta distância ou queima roupa. 
c) Encostado / Arma apoiada. 
 Orla de escoriação (Anel de Fish) 
 Orla de enxugo 
 Orla equimótica 
 Orla de escoriação 
 Orla de enxugo 
 Orla equimótica 
 Zona de tatuagem 
 Zona de esfumaçamento 
Zona de Chamuscamento (nem sempre presente) 
Zona de Compressão de Gases (nem sempre presente) 
@ paulovale.pericia 
39 
 
 
 Zona de Chamuscamento e Zona de Esfumaçamento 
7.2.3. Tiro encostado / tiro apoiado: Características: 
Ferida de entrada maior que a de saída; 
Bordas irregulares, de forma estrelada e evertidas (para fora); 
Boca de Mina de Hoffman: resultante de expansão interna dos 
gases da combustão no interior do local atingido, onde há um 
anteparo rígido. 
Sinal de Werkgaertner (marca do cano e/ou da massa de mira da 
arma); 
Sinal de Benassi (resíduos da pólvora que ficam impregnados na 
tábua óssea). 
 
 Boca de Mina de Hoffmann 
@ paulovale.pericia 
40 
 
 
Sinal de Werkgaertner 
 
8. Agentes Físicos: 
8.1 Conceito: capazes de modificar o estado físico dos corpos e 
de provocar lesões corporais e morte, como a temperatura, a 
eletricidade, a pressão atmosférica, assim como a luz e o som. 
8.2 Tipos de agentes físicos: Calor, Pressão, Eletricidade, Som, 
Luz, Radiação. 
8.3 Calor: corresponde à energia em trânsito que se transfere 
de um corpo para outro em razão da diferença de 
temperatura. 
 
8.3.1. Temperatura: 
 
 
Os animais e o corpo humano exposto por períodos 
prolongados a temperaturas muito baixas são passíveis de 
congelação, designando-se Geladuras as lesões corporais 
resultantes da mesma. Segundo Callisen, as geladuras 
comportam-se em três graus: Eritema, Flictenas e Necrose ou 
Gangrena. 
Diminuição Frio 
Queimadura 
Geladura 
Pé de trincheira 
@ paulovale.pericia 
41 
 
1.º grau: Eritema; 2º grau: Flictenas; 3º Grau: Necrose ou 
Gangrena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Calor irradiante pode produzir os seguintes sintomas, de 
acordo com o tipo de ambiente, se aberto ou fechado, e se 
classificam em graus, segundo Hoffmann: 
Aumento 
Calor 
local 
Fogo 
Gases 
superaquecidos 
Líquidos escaldantes 
Calor 
difuso 
Insolação – ambiente aberto, 
(raramente em locais confinados). 
Intermação – ambiente confinado. 
No vivo: 
Sonolência; 
Perturbação dos movimentos; 
Anestesia; 
Congestão; 
Sinais de anemia visceral; 
Convulsões. 
Na necropsia: 
Hipóstase vermelha-claro 
Rigidez cadavérica precoce 
Sangue de tonalidade menos escura 
Sinais de anemia cerebral 
Congestão polivisceral 
Espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, 
Infiltrado hemorrágico na mucosa gástrica 
(sinal de Wischnewski), 
Sinais no Frio: 
@ paulovale.pericia 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Queimaduras de 1º Grau (Sinal de Christinson): lesão na 
camada mais externa da pele causando Eritemas, edema e 
dor local; 
 Queimadura de 2º Grau (Sinal de Chambert): lesão na 
camada mais externa da pele e em camadas subjacentes 
causando Bolhas (Flictenas) além dos sinais das 
queimaduras de 1º grau; 
 Queimadura de 3º Grau (Escaras): Lesão (escaras) 
estende-se para camadas mais profundas da pele causando 
extensos danos. A escarificação atinge planos ósseos. Ocorre a 
necrose dos tecidos moles. A cicatriz pode ser retrátil ou 
meramente queloidiana. 
 Queimadura de 4º Grau: ocorre a carbonização do plano 
ósseo. Podem ser locais ou generalizadas. Há redução do 
volume do corpo por condensação dos tecidos. O corpo adquire 
a “posição de boxeador” ou de “saltimbanco”. As flictenas no 
cadáver não tem conteúdo seroso com exsudato leucocitário 
(Sinal de Janesie-Jeliac). Quando queimado ainda vivo, 
Insolação: 
Palidez 
Angústia precordial 
Forte dor na cabeça 
Transpiração 
Perda de consciência e coma 
Rigidez da nuca (Sinal de Kernig) 
Trismo (impossibilidade da abertura 
da boca) 
Convulsões, precedendo a morte 
Intermação: 
Mal-estar 
Nervosismo 
Cefaleia, Náuseas 
Taquicardia 
Pulso filiforme, sudorese, 
angústia, sede intensa, 
Midríase, hipertermia (às vezes, 
hipotermia), Coma e morte. 
@ paulovale.pericia 
43 
 
podem ser encontradas fuligens nas suas vias respiratórias 
(Sinal de Montalti). 
 
8.4. Pressão atmosférica: as alterações provocadas no 
corpo humano pela permanência em ambientes de pressão atmosférica 
muito alta, muito baixa ou decorrente de variações bruscas da pressão, 
são denominadas de Baropatias. 
Por baixa pressão atmosférica: 
 Mal das Montanhas ou dos Aviadores: baixa 
concentração de oxigênio se traduz por náuseas, dispneia, escotomas 
(ponto cego no olho), vertigens, desmaios, epistaxe (sangramento pelo 
nariz), otorragia (soroche andino), podendo a morte sobrevir por 
hemorragia cerebral. 
 
Por alta pressão atmosférica: 
 
 Doença dos Caixões ou Mal dos Escafandristas: 
A doença por descompressão, também conhecida como mal dos 
mergulhadores, mal de descompressão ou doença do caixão, 
trata-se de um grupo de sintomas manifestados por pessoas que são 
expostas a uma significativa redução de pressão do ar que a circunda. 
Consiste em um tipo de disbarismo. Quando um indivíduo se desloca de 
um ambiente de alta pressão para um de baixa pressão, os gases que se 
encontram dissolvidos na corrente sanguínea podem dar origem a 
bolhas, que levam à obstrução dos vasos sanguíneos, ocasionando dor e 
outros sintomas. Isso ocorre ao subir de uma imersão. 
@ paulovale.pericia 
44 
 
8.5. Eletricidade: 
Artificial: Eletroplessão (Marca elétrica de Jellinek) – 
marca da queimadura do fio elétrico). Aspecto duro e seco. Indica local de 
entrada da corrente elétrica. Pode, em alguns casos, não estar presente. 
 
 Marca elétrica de Jellinek. 
Eletrocussão: Execução judicial por eletricidade. Ex.: Cadeira 
elétrica. 
Eletricidade Natural (raio): Quando fatal se chama 
Fulminação. 
Se chama Fulguração quando não letal, podendo deixar na vítima 
a Marca de Lichtenberg (lesão com aspecto arboriforme). 
 
 
@ paulovale.pericia 
45 
 
Natureza Resultado Descarga 
letal 
Ferimento 
Industrial Eletroplessão 
(Pode ser letal ou 
não) 
Eletrocussão Marca de 
Jellineck 
Natural Fulguração 
(Não letal) 
Fulminação Marca de 
Lichtenberg 
 
8.6 Radioatividade: As lesões locais são conhecidas como 
Radiodermites. Essas podem ser agudas ou crônicas: As agudas 
podem ser divididas em 1º, 2º e 3º grau. 
São de duas formas: Depilatória e Eritematosa.A de 1º Grau dura cerca de 60 dias e apresenta uma mancha 
escura que desaparece lentamente. 
A de 2º grau (forma pápulo-eritematosa), tem ulceração 
muito dolorosa e recoberta por crosta seropurulenta. Difícil cicatrização. 
A de 3º grau tem o aspecto ulceroso, contendo várias zonas de 
necrose. São conhecidas por Úlceras de Röentgen. 
 Lesões por Energia Nuclear: 
 Lesões traumáticas: Onda de choque da explosão, 
queimaduras e efeitos tardios da exposição à radiação. 
 Raios Alfa: Causam queimaduras; 
 Raios Beta e Gama: Penetram no organismo e podem 
provocar alterações celulares, o que pode causar câncer. 
Exemplos reais: 
 Césio 137, no Brasil. Efeitos físicos e biológicos. 
@ paulovale.pericia 
46 
 
 Bomba atômica Hiroshima e Nagasaki (Japão). Efeitos 
físicos e biológicos. 
 Chernobyl (Ucrânia). Efeitos físicos e biológicos. 
8.7 Luz 
 A incidência de feixes luminosos de alta intensidade 
sobre os olhos, pode provocar perturbações neurossensoriais nos globos 
oculares e perda irreparável da visão. 
 Lesões agudas: Luz de alta potência (laser) - Pode 
levar à cegueira imediata. 
 Lesões crônicas: Exposição solar não protegida - 
Danos à córnea, cristalino e retina - Perda gradual da 
visão. 
8.8 Som 
 Onda sonora ou som é uma perturbação ou distúrbio 
mecânico transmitido através de um meio elástico em que a oscilação é 
a pressão. Ondas sonoras com frequência abaixo de 20Hz) são chamadas 
infrassom e acima de 20.000Hz, ultrassom. 
→ Lesões agudas - Sons extremamente altos (ex.: explosões); 
lesão imediata do sistema auditivo. 
→ Lesões crônicas - Exposição demorada a ruídos altos 
(>85dB, 40h/semana); danos à cóclea (células ciliares); zumbidos; perda 
bilateral, lenta e progressiva da audição; zumbidos crônicos. 
 
9. Asfixiologia: Disciplina médico-legal que estuda 
todos os tipos de asfixia. 
9.1 Conceito: É o impedimento da hematose (troca gasosa ao 
nível da membrana alveolar) devido às alterações da mecânica 
respiratória ou do meio ambiente. 
@ paulovale.pericia 
47 
 
9.2 Classificação Médico Legal: As asfixias são classificadas, 
segundo Afrânio Peixoto, em: 
9.3 Puras: mecanismo respiratório (hipóxia - redução do 
oxigênio e hipercapnia- aumento do gás carbônico): Confinamento, 
Sufocação Direta, Sufocação Indireta, Soterramento, 
Afogamento. 
9.4 Complexas: mecanismo respiratório, vascular e nervoso: 
Enforcamento e Estrangulamento. 
9.5 Mistas: Esganadura. 
 
9.6 Asfixias Puras: 
9.6 – Por Modificação Física do Meio 
 
 Meio Gasoso (Ar) por Meio Líquido ou Semilíquido: 
Afogamento. 
 Meio Gasoso (Ar) por Meio Sólido ou Pulverulento: 
Soterramento. 
 Gases Irrespiráveis: Confinamento, Monóxido de 
Carbono e outros Vícios de ambientes (gases 
tóxicos). 
 Gases irrespiráveis: 
 Confinamento: permanência em ambiente com pouca 
renovação do ar, consumindo, assim, o oxigênio e aumentando o 
teor de gás carbônico. 
 Monóxido de Carbono: O CO (monóxido de carbono) se 
fixa à hemoglobina impedindo o transporte de oxigênio aos diversos 
tecido do corpo. A rigidez cadavérica e a putrefação é tardia, face 
rósea, manchas de hipóstases claras, sangue fluido e róseo 
(acarminado). 
@ paulovale.pericia 
48 
 
 Por Vícios de ambiente: asfixia por permanência em ambientes 
saturados de gases como de esgotos, fossas, além dos seguintes: 
 Gases de combate: Bromureto de Benzila, Iodureto de 
Benzila, Gás mostarda. 
 Gases sufocantes: Cloro, Oxicloreto de carbono. 
 Gases industriais: Gás Butano, Gás das Minas de 
Metano, Carvão. 
 Gases anestésicos: Éter, Clorofórmio, Halotano. 
 9.6.1 – Por Constrição no Pescoço: 
 Enforcamento: Laço acionado pelo peso da vítima 
(contrição passiva do pescoço). 
 Estrangulamento: Constrição ativa do pescoço por 
força externa através de um laço ou outra parte do 
corpo como antebraço, joelho, etc. 
 Esganadura: Constrição do pescoço pelas mãos do 
agressor. 
 
 9.6.2 - Por Sufocação Direta: 
 Obstrução das vias aéreas superiores. Ex.: Mãos tapando 
boca e nariz. 
 Corpo estranho nas vias aéreas inferiores impedindo 
passagem do ar para os pulmões. Ex. alimento preso na traqueia ou 
na laringe. 
9.6.3 - Sufocação indireta: 
Impedimento do funcionamento da caixa torácica ou sufocação 
posicional. Exs.: Viga sobre o tórax devido desmoronamento impedindo 
a movimentação torácica e a crucificação são exemplos desse dois tipos 
de sufocação indireta. A Máscara Equimótica de Morestin ou 
@ paulovale.pericia 
49 
 
Cianose Cervicofacial de Le Dentut é uma característica desse tipo 
de morte. 
9.7 Sinais de asfixia: 
9.7.1 Sinais externos: 
 Congestão da face (face avermelhada); 
 Equimose da pele e das mucosas: frequente nas 
conjuntivas palpebral e ocular; 
 Manchas de hipóstase: escuras (róseas nas asfixias 
por monóxido de carbono) 
 Cianose intensa nos lábios e unhas (formação 
arroxeada); 
 Exoftalmia (projeção dos olhos); 
 Protrusão da língua (projeção da língua); 
 Cogumelo de espuma; 
 Relaxamento dos esfíncteres: Eliminação de fezes, urina 
e esperma. 
 9.7.2. Sinais internos: 
 Equimoses nas pleuras; (Manchas de Paltauf – 
típica dos afogados); 
 Equimoses viscerais do pulmão (Manchas de 
Tardieu); 
 Sangue fluido e vermelho escuro; (vermelho claro nos 
afogados e acarminado na sufocação por monóxido de 
carbono); 
 Edema cerebral e pulmonar; 
@ paulovale.pericia 
50 
 
 Congestão polivisceral (todos os órgãos ficam cheios 
de sangue, principalmente o fígado e o mesentério - 
Sinal de Etiénne-Martin). 
9.7.3 Enforcamento: É a constrição do pescoço feita por um laço, 
tendo como força ativa o peso do próprio corpo. 
9.7.4 Causa jurídica: Suicídio: mais comum; Homicídio: por 
indução, incitamento ou de maneira forçosa; Acidente: raro; 
Execução Judicial: em alguns países. 
 
9.7.5 Estudo do laço: 
 
 
 
 
 
 
 
 
9.7.6 Ponto de fixação: Árvores, Armadores, Caibros, etc. 
9.7.7. Classificação de enforcamento: 
 Suspensão Incompleta ou Atípica: quando parte do corpo 
da vítima se apoia no solo ou outra superfície. 
 Nó 
Fixo 
Corrediço 
Alça 
Situação 
Lateral 
Anterior 
Posterior 
Constituição 
Tipos de laços 
Moles: cortinas, gravatas, lençóis. 
Semirrígido: não de aço e ferro, e sim couro, por exemplo, como os 
cintos, alças de bolsas. 
Rígidos: correntes, fios elétricos, arames, cordas, punhos de redes, 
ou seja, feitos de aço e ferro. 
@ paulovale.pericia 
51 
 
 
 Suspensão Incompleta 
 Suspensão Completa ou Típica: o corpo está suspenso 
totalmente. 
 
Suspensão completa 
9.7.8 Sinais de Enforcamento: 
Externos: Sulco incompleto (interrompido pelo nó), oblíquo, 
ascendente, único em sua maioria, acima da cartilagem tireoide. 
(Figuras abaixo) 
 
@ paulovale.pericia 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9.8 Estrangulamento: 
1. Definição: É a constrição