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Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho Disciplina – Higiene do Trabalho e Toxicologia Prof. Leda Castro Meira Trabalho Módulo I Nome dos Membros da Equipe: 1. Anne Caroline Ramos 2. Bruno Silva de Jesus 3. Emanoele Silva Reis ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DA CARACTERIZAÇÃO BÁSICA DE EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS Tema: Tratamento de água Objetivos: Geral: Apresentar os riscos que os trabalhadores de uma estação de tratamento de água são expostos. Específicos: · Apresentar o funcionamento geral de uma estação de tratamento de água, bem como os setores e suas especificidades; · Apresentar o processo de tratamento como um todo, e os insumos utilizados; · Especificar máquinas e seus princípios de funcionamento; · Expor limites de exposições dos trabalhadores aos riscos químicos; 1. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO O ambiente de trabalho estudado é a Estação de Tratamento de Água (ETA), a qual trata-se de um local com grandes estruturas físicas e maquinários de grande porte. As ETAs têm como função tratar a água retirada de fontes naturais de modo a garantir sua potabilidade. Nessas estações, além dos equipamentos robustos, que podem ser energizados e ruidosos, é um local onde há manipulação de ferramentas e substâncias químicas diversas, pisos escorregadios e necessidade de atividades em espaços confinados. Condições que devem ser analisadas cuidadosamente para prevenir a ocorrência de acidentes. Máquinas e equipamentos: Reservatórios: Manter regularidade no abastecimento e atender demandas emergenciais. Filtros: Tratar a água através de substâncias porosas (areia, seixo e antracito), capazes de reter os flocos que passam sem decantar-se, ou outras impurezas. Floculadores: Equipamento utilizado para a agitação e mistura para a formação e agregação de flocos. Decantadores: Método físico usado para separar misturas heterogêneas. Bombas: Equipamento utilizado para elevar ou transportar grandes quantidades de água para os locais de distribuição e tratamento da ETA. 2. PROCESSO DE TRABALHO A água bruta, possui diversos íons como Na+, K+, Ca+2, Mg+2, Cl- e etc. Se tratando de potabilidade, estes compostos iônicos podem trazer malefícios ao ser humano, e até, a depender do processo industrial em que a água esteja sendo utilizada, pode trazer prejuízos ao mesmo. Por este motivo, a água bruta passa por tratamentos com o objetivo de torná-la própria para utilização/consumo normalizando os parâmetros estabelecidos pela antiga Portaria 2.914/2011 que fora revogada em setembro de 2017, sendo consolidada como PRC nº5. Para que a água siga os parâmetros estabelecidos em lei pela Consolidação nº5 do CONAMA, a água passa por diversas etapas de tratamento numa Estação de Tratamento de Água (ETA). No fluxograma a seguir, é possível visualizar as etapas pertencentes ao fluxo de tratamento, até a obtenção da água potável, sendo posteriormente detalhadas os processos e insumos utilizados no tratamento: Figura 1 - Fluxo do processo de tratamento de água Fonte: Elaboração própria As etapas envolvidas para o tratamento de água são: • Captação: A água que será tratada é captada de rios, lagoas, mananciais, etc. Esta água passa por um sistema que impede a entrada de possíveis elementos (animais mortos, folhas, etc.). Esta água possui muitas partículas finas e se encontram em suspensão, em estado coloidal ou em solução, e por terem suas dimensões muito pequenas não ficam presas nesta etapa, sendo necessária uma etapa específica para a remoção destas partículas. • Coagulação: Nesta etapa, as partículas finas que não foram “capturadas” serão aglomeradas, através de um agente coagulante. A aglomeração fará com que partículas maiores sejam formadas permitindo que a gravidade possa “separar” essas partículas da água. Isso é feito, geralmente, através da adição de sulfato de alumínio, com agitação/mistura rápida. • Floculação: A água deve ser agitada para que as partículas se unam, formando os flocos em solução alcalina, onde o sulfato de alumínio reage com íons hidroxila formando os flocos. • Decantação: Nesta etapa, os flocos serão separados da água sendo depositados no fundo do tanque. Os flocos/lodo do fundo serão descartados e a água limpa vai para a etapa de filtração. • Filtração: A água passará por um filtro de material que seja possível separar flocos/materiais que por ventura tenham insistido em seguir após decantação (materiais de dimensões bem pequenas). O filtro é normalmente constituído de areia ou antracito (carvão mineral). • Cloração: Mesmo depois de “limpa” a água, normalmente contêm matéria orgânica, que pode prejudicar a saúde de quem a consome. Por isso ela deve ser clorada, O cloro é responsável por eliminar esses microrganismos agindo como desinfetante, ou seja inativando os microorganismos patogênicos, algas e bactérias vivas e/ou como oxidante de compostos orgânicos e inorgânicos presentes. • Fluoretação: Esta etapa tem o objetivo de ajudar a quem consome a água, de prevenir a cárie dentária. • Reservação: A água tratada deve ser armazenada em reservatórios com capacidade suficiente e devem ser instalados em locais bastante altos para dar vazão a distribuição. • Distribuição: A água tratada é distribuída para os consumidores a partir dos seus reservatórios de água potável. · ETA na prática - Embasa/ Candeias-BA A partir dos dados teóricos, é possível fazer o confronto com os dados técnicos e reais que a EMBASA utiliza em seu dia a dia de trabalho. Abaixo alguns dados relacionados a cada uma das etapas do tratamento de água da ETA localizada em Candeias-BA. · Em primeiro momento, para demonstração prática é feito um “Teste de Jar” que é um procedimento padrão de simulação das ETAs para determinar a dosagem dos produtos químicos que são utilizados diariamente no tratamento de água. · A água nesta ETA é captada de duas bacias hidrográficas: o Rio Paraguaçu (Barragem de Pedra do Cavalo) e do Rio Joanes (Barragem Joanes II). · No tanque de mistura, a água proveniente das duas mananciais são misturadas entre elas e misturadas também com o Sulfato de Alumínio. O alumínio é dosado na água que “cai” numa vazão suficiente para que ocorra a mistura sem nenhum tipo de agitador. · Existe uma “co-etapa” denominada pela ETA como “Aeração”. Nesta etapa, há a concorrência de metais pesados que vem na água com o alumínio, ocorrendo a oxidação desses metais e a remoção de odor característico da água. · Ainda nesta etapa, ocorre uma pré-coloração, com o objetivo de reduzir o que for possível de matéria orgânica. · Na floculação, os flocos são formados a partir da ligação do cátion Al³+ com cargas negativas presentes na água. · Nos floculadores, existe uma perda de carga onde os flocos ficam com velocidade praticamente zero, desta forma estes flocos não ficam muito grandes e ocas (com ar no meio) e nem se chocam entre si. · Com relação a decantação, etapa onde os flocos “ficam” e não seguem junto com a água no processo, existem 2 decantadores, com 2 funis acoplados com raspadores no fundo. É um processo bem lento e minucioso, pois os flocos não podem se quebrar. · Os flocos separados são “jogados” no Rio Joanes, nas proximidades da cidade de Candeias, onde a ETA está localizada. · Na etapa de filtração, o material utilizado para este fim é a areia. São 14 filtros no total que quando estão completamente limpos, filtram 1000 L/s de água, porém, quando estão sujos filtram 250 L/s. · Para que os filtros sejam limpos, são utilizados 800 mil litros de água, numa contra-lavagem onde são utilizadas 24 horas para a lavagem dos mesmos. É lavado um filtro de cada vez, enquanto os outros continuam operando. · São utilizados na etapa de desinfecção, nos tanques de contato, o cloro gás pelo baixo seu custo e fácil manuseio (armazenado em um vaso de pressão, junto a outro vaso para o flúor). · É necessária a utilização de um Venturi, com o objetivo de criar vácuo e aumentar a velocidade de passagem do cloro gás, pois a pressão de vapor do mesmo não é suficiente para dar vazão. · São utilizadospara dosagem do cloro 6 mg/L (vazão da água = 9.000 L/s). · São utilizados por dia 40 toneladas de produto químico para tratamento da água. · Testes são feitos em amostras de água de 2 em duas horas a fim de analisar a turbidez da mesma. É necessário que a água perca 60% da turbidez e de cor, desta forma é possível determinar que a decantação está sendo eficiente. · São utilizadas 4 bombas para o bombeamento da água até o reservatório (juntas têm a capacidade de bombear 10.000 L/s). 3. TABELAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS E AVALIAÇÃO DE RISCOS POR ATIVIDADE Tabela de Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos por Atividade e Setor de Produção ATIVIDADE/ SETOR DE PRODUÇÃO FATOR DE RISCO VIA DE PENETRAÇÃO/ EFEITO À SAÚDE PADRÕES LEGAIS / LIMITE DE EXPOSIÇÃO FONTE(S) GERADORA(S)/ TRAJETÓRIA/ MEIO DE PROPAGAÇÃO CONTROLE(S) EXISTENTE(S) E SUA EFICÁCIA PERFIL DE EXPOSIÇÃO EXISTENTE POAD / EPC EPI TIPO DE EXPOSIÇÃO NOME NOME HP/ HI/ INT/ EV) NOME NOME Coagulação Sulfato de Alumínio Contato com a pele e mucosas, da inalação ou da ingestão 2 mg.m-3 Substância não combustível, que libera fumos ou gases tóxicos ou irritantes, quando exposto ao fogo ou fontes de calor. - Respirador de filtro para partículas P2 Luvas de PVC, Neoprene, Nitrílica; Óculos de segurança com proteção lateral; Vestimenta impermeável de proteção contra respingos químicos. Exposição Eventual Desinfeção Cloro Contato com a pele e mucosas, da inalação ou da ingestão 0,8 ppm O cloro não é inflamável, nem explosivo, podendo, no entanto, alimentar a combustão de outras substâncias. Capacidade de reagir com a água formando o ácido clorídrico, que pode aumentar a corrosão dos metais que compõem os recipientes. - Máscara facial inteira com filtro contra gases ácidos, máscara facial inteira com linha de ar ou conjunto autônomo de ar respirável Luvas impermeáveis de borracha ou em PVC. Óculos de proteção contra respingos Exposição Habitual Correção de pH Hidróxido de Cálcio Inalação do seu aerossol e pela sua ingestão 5 mg.m-3 Sob o efeito do fogo o hidróxido de cálcio se decompõe produzindo óxido de cálcio (cal virgem). - Os óculos de segurança, ou máscara - 24 - facial ou a combinação de proteção para os olhos e proteção respiratória. Exposição Habitual POAD = Procedimentos Administrativos; EPC = Equipamentos de Proteção Coletiva; EPI = Equipamentos de Proteção Individual; HP = Habitual e permanente; HI = Habitual e intermitente ; EV = Eventual; INT = Intermitente REFERÊNCIAS FAGUNDES, José Moisés. SAÚDE DE TRABALHADORES EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA: RISCOS QUÍMICOS. ESTUDO DE CASO. Disponível em: https://www.livrosgratis.com.br/ler-livro-online-141911/saude-de-trabalhadores-em-estacoes-de tratamento-de-ag ua--riscos-quimicos-estudo-de-caso. Acesso em 12 de junho de 2020. BRASIL, PORTARIA Nº 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html BRASIL, PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/29/PRC-5-Portaria-de-Consoli da----o-n---5--de-28-de-setembro-de-2017.pdf
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