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Deformidades dos dedos e doenças que acometem a mão ◊ Contratura de Dupuytren: É caracteriza pela contratura da fáscia palmar, e o espessamento do tendão do flexor superficial dos dedos. A posição do dedo fica em flexo, representado pela flexão da metacarpofalangeana e flexão da interfalangeana. Pode acometer vários dedos em uma única mão, dedos nas duas mãos (bilateral), e existem casos na fáscia plantar (no pé). Na imagem, pode-se observar a fáscia palmar e o contato muito próximo com os tendões flexores dos dedos (superficial e profundo). No caso da contratura de Dupuytren, existe um espessamento dessa fáscia, uma contratura, e o tendão deixa de deslizar, o que resulta nessa posição em flexo do dedo. O tratamento pode ser conservador, mas recursos térmicos, massagens e uso de órteses podem ajudar a diminuir ou reverter esse caso na fase inicial. Em um estagio mais tardio, é necessário tratamento cirúrgico, que é feito por uma incisão na pele, depois uma incisão na fáscia e liberação do tendão que esta por baixo da fáscia contraturada. Então a fáscia que está prendendo o tendão é removida, e posteriormente, é feita a sutura da pele. ◊ Dedo em gatilho: Pode ser por um nódulo, que é o espessamento do tendão, ou por uma restrição, um estreitamento da polia A1, por onde passa o tendão flexor. No momento da flexão, o paciente faz a flexão do dedo, e no momento da extensão o dedo não estende, ele trava na polia e pode produzir um som semelhante a um gatilho. O tratamento consiste no uso de órteses, bloqueando a flexão da metacarpofalangeana, para tirar o atrito do tendão nessa polia, diminuindo o processo inflamatório e revertendo o quadro. Pode estar associado a medicação e outros recursos fisioterapêuticos. ◊ Garra ulnar e garra mediana Pode ser classificada em garra ulnar, quando acomete somente o 4º e 5º dedos, por lesão do nervo ulnar, em garra mediana, quando acomete o polegar, 2º e 3º dedos, por lesão do nervo mediano, ou em garra mediana ulnar, quando acomete dos nervos mediano e ulnar. Existe uma diferença entre flexo e garra, no flexo existe a posição em flexão da metacarpofalangeana, e interfalangeanas, e na garra, tem a hiperextensão da metacarpofalangeana e flexão das interfalangeanas, causada por um desiquilíbrio muscular entre a musculatura intrínseca e extrínseca, decorrente de lesão nervosa periférica. Então, decorre de uma lesão na altura do punho, por exemplo, de um ferimento porto-contuso, e nessa lesão há uma ruptura dos cotos dos nervos (neurotmese - é um trauma físico envolvendo o sistema nervoso periférico, com ruptura parcial ou completa do axónio e das fibras nervosas e nervos vinculadas.). Enquanto não existe a regeneração do nervo e reinervação da musculatura intrínseca, encontra-se uma musculatura extrínseca ativa, preservada, e uma musculatura intrínseca depois da lesão, sem nenhuma ação, contração ou resposta. Então, em um exemplo de ferimento porto-contuso com lesão do nervo ulnar e nervo mediano ao nível do punho, observa-se uma atrofia importante eminencia tênar e hipotênar, da musculatura intrínseca dos dedos, lumbricais e interósseos. Os dedos permanecem em flexão das interfalangeanas proximais e distais, pela ação dos flexores superficiais e profundos, pois os ventres dos músculos estão no antebraço, a inervação chega para eles antes da lesão. E também tem os extensores extrínsecos atuando, que é o extensor próprio do 5º, próprio do indicador e extensor comum dos dedos, o ventre muscular também ficam no antebraço. A lesão do mediano e ulnar é na altura do punho, então qualquer musculo antes da lesão recebeu inervação, a inervação fica comprometida do nível da lesão para distal, somente a musculatura intrínseca da mão não tem inervação. A principal ação dos lumbricais e interósseos é a flexão da metacarpofalangeana com extensão das interfalageanas, que é o movimento contrário a posição em garra, que é a hiperextensão da metacarpofalangeana e a flexão das interfalangeanas. Então, não existe a ação da musculatura intrínseca de lumbricais e interósseos. Em relação a musculatura da eminencia tênar, não te ação de abdutor curto, oponente e flexor curto, e com isso o polegar só faz a abdução radial. Dependendo do nível da lesão, a garra ulnar pode ser mais ou menos acentuada. Nas lesões altas, há o comprometimento do músculo flexor profundo e a garra fica menos acentuada e nas lesões baixas este está preservado, acentuado a garra. Dessa forma, para realizar a preensão de qualquer objeto usa somente a ponta dos dedos, que é a musculatura extrínseca da mão. ◊ Dedo em Botoeira (Boutonniére ou botão) Deformidade em Botoeira é caracterizada pela flexão da articulação interfalângica proximal do dedo (IFP) e hiperextensão da articulação interfalângica distal ( IFD) É causada por uma lesão do tendão extensor central do dedo na altura da falange média (banda central). O tendão extensor faz parte de um complexo extensor, em que tem inserções de músculos intrínsecos, bandas extensoras laterais, e ali caminha o tendão extensão extrínseco. Na altura da interfalangeana proximal, se divide em três partes, uma banda central, e duas bandas laterais, que depois se encontram para se inserir na falange distal, enquanto a banda central se insere na banda média. No dedo em botoeira é essa banda central que se insere na falange media que sofrerá uma lesão, decorrente de um trauma direto, ou por um ferimento ponto-contuso, e com isso a extensão da interfalangeana proximal vai ficar comprometida. Mas a extensão da interfalangeana distal fica preservada. Então, leva a um desequilíbrio nesse complexo extensor, e o paciente fica com uma deformidade em flexo da interfalangeana proximal e hiperextensão da distal. Também pode surgir como resultado de uma artrite inflamatória ou uma osteoartrite, o que pode resultar em um enfraquecimento e estiramento dos tecidos estabilizadores do mecanismo extensor. ◊ Dedo em pescoço de cisne (Swan neck deformity) É o contrário do dedo em botoeira. A deformidade em pescoço-de-cisne é caracterizada pela hiperextensão da interfalangiana proximal (IFP) e hiperflexão da interfalângica distal (IFD). Pode ser decorrente de três causas: • Após doenças reumáticas, principalmente a artrite reumatoide, em que as articulações sofrem processos inflamatórios, com aumento de volume, e com isso a banda lateral do tendão luxa, por conta da deformidade da articulação, e mudando a direção do tendão, vai mudar a ação do tendão extensor. Ou seja, passa a fazer flexão ao invés de extensão da interfalangeana. E a banda central está preservada, continuando hiperextendendo. • Lesão do tendão flexor superficial dos dedos, e com isso o paciente deixa de fletir a interfalangeana proximal, e só tem a extensão dela. E apesar disso, o paciente tem o tendão flexor profundo forte, tentando vencer e fazer a ação do superficial, levando a um desequilíbrio e causando a deformidade. • Tratamento inadequado do dedo em martelo, A deformação pode acarretar um grau de incapacidade significativo, dificultando a função manual (pinça e preensão). A deformidade pode chegar a impossibilidade de realizar o movimento normal do dedo. O tratamento tanto do pescoço de cisne quanto do dedo em botoeira, é uma órtese em 8, que funciona como uma alavanca de 3 pontos. No entanto, no dedo em botoeira a força do centro da órtese leva a articulação a extensão, e os outros dois pontos estabiliza a alavanca. E no dedo de pescoço de cisne, como a interfalangeana está em hiperextensão, a força da banda tem que ser no sentido da flexão, e a alanca estabiliza para corrigir a deformidade. ◊ Dedo em martelo Dedo em martelo é uma deformidade do dedo causada por um traumatismo que lesiona o tendão extensor da falange distal e o impede de exercer sua função. Assim,a articulação interfalangiana distal fica em flexão, porque não tem extensor para fazer essa extensão e o paciente fica incapaz de entendê-la e sustentá-la. Na maior parte dos casos o traumatismo ocorre durante a prática de esportes, como por exemplo, quando uma bola ou outro objeto atinge a ponta do dedo e a força do impacto lesiona o tendão ou provoca o arrancamento da sua inserção na falange distal. Um dedo em martelo não tratado adequadamente leva a um desiquilibrio nos outros tendões, resultando na deformidade do pescoço de cisne. Isso porque tem a banda central do tendão extensor preservada, fazendo a extensão da interfalangeana proximal, e tem o flexor profundo bem ativo não tendo um extensor na inserção distal para fazer a extensão, e neutralizar a ação do flexor. Então, um flexor profundo bem forte e um extensor com a banda central bem forte, leva a deformidade em pescoço de cisne. O tratamento é uma órtese em hiperextensão para cicatrizar o tendão se a ruptura não foi total, ou tratamento cirúrgico quando há ruptura total para manter a hiperextensão e cicatrizar o tendão. Se a lesão for por um ferimento ponto-contuso e a região está aberta, é feita a sutura do tendão e da pele. ◊ Síndrome do Túnel do Carpo Síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura anatômica que se localiza entre a mão e o antebraço. Através desse túnel rígido, além do nervo mediano, passam os tendões flexores superficiais, profundo e o flexor longo do polegar que são revestidos pelo tecido sinovial. Qualquer situação que aumente a pressão dentro do canal provoca compressão do nervo mediano e a síndrome do túnel do carpo.
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