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Título Psicologia Aplicada ao Direito Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 1 Tema Introdução ao Estudo da Psicologia Objetivos Ao final do primeiro encontro, o aluno deverá ser capaz de: · Entender o plano de ensino da disciplina e seu mapa conceitual, que serão apresentados no início da aula; · Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; · Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum; · Explicar os objetos de estudo da Psicologia; · Compreender os fenômenos psicológicos, sua importância, e algumas Teorias da Psicologia. . Entender a história da Psicologia aplicada ao Direito e analisar os diferentes posicionamentos em relação ao trabalho do psicólogo junto ao Direito; Estrutura do Conteúdo A unidade I terá início com a diferenciação entre a Psicologia científica e o senso comum. Deverá ser abordado, brevemente, o que é ciência, explicitando, para o aluno, a Psicologia como ciência. Continuando a aula, será abordado o senso comum, como uma forma de conhecimento da realidade e visão de mundo. Os objetos de estudo da Psicologia deverão ser explicados, e uma breve síntese sobre os fenômenos psicológicos e sua importância para a subjetividade será colocada para o aluno. Algumas teorias da Psicologia deverão ser apresentadas aos alunos. Conteúdos: · Ciência · Psicologia Científica X Senso comum · Objetos de estudo da Psicologia · Fenômenos psicológicos e sua importância na formação da subjetividade . Psicologia aplicada ao Direito Conceitos a serem desenvolvidos: Ciência ? atividade eminentemente reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar o cotidiano, a partir de estudos sistemáticos. ?Compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade.? (Bock, 2002, p. 19) Psicologia científica - Desde William James e de Wundt, a psicologia se considera como disciplina científica. Diante dessa afirmação há dois questionamentos evidentes: 1) O que é psicologia? 2) O que os psicólogos entendem por ciência? Se acompanharmos a história da psicologia, perceberemos que essas duas perguntas tiveram (e ainda têm) uma infinidade de respostas, o que, muitas vezes, alimentou a crítica à pretensão científica da psicologia. O que é psicologia? Um breve olhar sobre a história da psicologia revela que essa pergunta pode ser respondida de diversas maneiras. Não cabe aqui analisar cada uma dessas respostas, o que possivelmente nos conduziria à desconfortável conclusão de que cada psicólogo pode escolher a resposta que mais lhe agradar. Finalizar a aula , apresentando os primórdios da Psicologia aplicada ao Direito , integrando este tema aos conceitos discutidos anteriormente. Aplicação Prática Teórica A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes. Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade específica do saber psicológico. Considerando -se o texto, assinale a afirmação CORRETA. (a) A identidade emergente da psicologia contemporânea supera as suas dicotomias epistemológicas, ao dialogar com outros saberes, referendando -se neles, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica; (b) A psicologia como ciência foi marcada pela tensão dos projetos de sua constituição, estabelecendo uma epistemologia única que se expressa em múltiplos métodos, que podem dialogar com outros saberes; (c) A psicologia, ao participar do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem reconstruído as fronteiras de sua identidade, pois, no contato com saberes diversos, revela sua característica: a complexidade epistemológica e metodológica; (d) O diálogo inter, multi e transdisciplinar dificultam a definição formal da psicologia como ciência, pois dissolve a identidade já bem constituída do saber psicológico, propondo uma identificação com outras formas do saber sobre o homem; (e) O psicólogo tem sido convidado a realizar diálogos que o desafiam a construir uma linguagem inter, multi e transdisciplinar, centrada no discurso epistemológico das ciências exatas, como a física quântica, e das ciências biológicas, como a genética. (ENADE/2009) 2- Assinale a afirmativa CORRETA, a respeito da concepção de homem, entendido como um ser ?sócio-histórico?, segundo Bock, Furtado & Teixeira (1999): (a) Existe um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, tem como resultado um ser específico, individual e particular; (b) As modificações biológicas hereditárias determinam o desenvolvimento sócio -histórico do homem e da humanidade; (c) A assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicamente passadas pela espécie humana; (d) O homem é primitivamente um ser isolado e não social, desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos; (e) O homem surge como ser único cujas aptidões para relacionar-se dependem das situações de vida e históricas presentes no seu dia a dia. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS- PSICÓLOGO/2004) 3- Os cientistas fazem estudos, fazem pesquisas, que levam às descobertas. As descobertas precisam ser apresentadas aos demais cientistas, e estes precisam ficar convencidos de que a descoberta é verdadeira. Novas pesquisas estão sempre sendo feitas. Uma nova pesquisa pode questionar o que se pensava antes, pode provocar polêmica, pode dar margem a várias teorias. Uma ciência é, portanto, bem mais interessante do que uma coleção de fatos, leis e fórmulas. Ela é mais parecida com uma novela de televisão, ou melhor ainda, com um romance de mistério. A ciência tem enigmas, tem suspense, tem divergências e controvérsias, pistas falsas, becos sem saída, idas e vindas, reviravoltas e revoluções. (Prof. Julio Cesar de Rose ? UFSCAR) Partindo do texto apresentado e do conhecimento adquirido nas aulas e leituras de textos complementares, explique de que forma a Psicologia se tornou uma ciência. 4- Você observou na aula que existem a Psicologia científica e a Psicologia do senso comum. Supondo que seu contato até o momento tenha sido apenas com a Psicologia do senso comum, relacione situações do cotidiano em que você e as pessoas com quem convive usem esta Psicologia. ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO NOME DA DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO CÓDIGO: CCJ0004 TÍTULO DA ATIVIDADE: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Por: Adelmo Senra Gomes(1) OBJETIVO: Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; COMPETÊNCIAS/HABILIDADES: Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum e alguns conceitos desta Ciência DESENVOLVIMENTO: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Este ensaio tem por objetivo introduzir uma reflexão sobre a psicologia e o seu status de ciência. Contudo, para atingirmos tal objetivo, importa que, inicialmente, examinemos os principais conceitos do que se convencionou chamar ciência , bem como suas principais diferenças em relaçãoao senso comum. O conhecimento científico fundamenta-se sobre os seguintes pressupostos: 1 º. “A ciência é uma estrutura construída sobre fatos.” (DAVIES apud CHALMERS, 1993, p.24); 2º O processo de obtenção, justificação e transmissão do conhecimento científico orienta-se por uma rigorosa metodologia de pesquisa . Ou seja: observação, experimentação (ou outra qualquer técnica científica de pesquisa); análise lógica, crítica e meticulosa dos fatos (é comum, inclusive, o emprego de instrumentos matemáticos).(2) Enquanto o senso comum habitualmente cinge-se aos dados imediatos, ou, então, procura explicações nem sempre profundas, o conhecimento científico procura bases sólidas, justificações claras e exatas. Isso não é possível em todos os casos. A tendência do cientista, porém, é se aproximar gradativamente de fundamentos fortes para seus conhecimentos. (LUNGARZO, 1993, p.12) 3º. O conhecimento científico é sistêmico, organizado. As teorias científicas não devem ser contraditórias em si e entre si. Diferentemente, o senso comum, não preza por tal rigor, sendo, normalmente, fragmentado, desorganizado e, por vezes, até contraditório. 4º. O conhecimento científico constrói explicações gerais e não particulares ou casuísticas. Não se faz ciência de casos particulares, mas sim, do que há de regular e comum numa determinada classe de eventos. 5º. O conhecimento científico busca prognosticar futuras ocorrências dos fatos estudados. Tais prognósticos científicos têm um caráter probabilístico e não determinísticos(3). A ciência, em seu labor pelo conhecimento, desenvolve modelos explicativos (4) sobre os fatos estudados. Por serem modelos são aproximações e não a “verdade” sobre os fatos. Finalmente, as explicações científicas necessitam ser submetidas, regularmente, a um constante e rigoroso processo de verificação e testes ou, como propõe Popper (1993, p.41), a um constante esforço de falsificação , pois, se de fato forem falseadas, isto provará que o que os cientistas tinham por “conhecimento ”, não o era... Estabelecidos tais pressupostos sobre a ciência, passemos ao exame da psicologia. A história da psicologia enquanto ciência inicia -se em 1879 quando na Universidade de Leipzig, Alemanha, o médico, filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt (1832 -1920), funda o primeiro laboratório de pesquisa experimental em psicologia. Antes de Wundt a psicologia era tida, simplesmente, como um ramo da filosofia. Em sentido lato, a psicologia tem por objetos de pesquisa o comportamento e os processos mentais de todos os seres vivos. (DAVIDOFF, 2001; MORRIS; MAISTO, 2004; MYERS, 2000) Define-se por comportamento toda forma de “[...] resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo.” (WEITEN, 2002, p. 520) Por seu turno, processos mentais aludiriam às “[...] experiências subjetivas que infer imos através do comportamento (5) – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos. ” (MYERS, 1999, p.2). Com relação a esses objetos há que se ressaltar que o comportamento, por ser um dado objetivo, possibilita observações, mensurações, análises e interpretações quantitativas e qualitativas. Contudo, os processos da mente, por serem experiências subjetivas, não são passíveis à observação direta. Como então pesquisar e estudar dados subjetivos? São dois os caminhos possíveis: 1 º Como já dito anteriormente, pela observação de determinados comportamentos – estes últimos entendidos como conseqüências ou manifestações dos processos mentais; 2º Pela análise e interpretação do desempenho em algum instrumento psicológico de mensuração (os testes psicológicos são exemplos) e; 3º Pela associação dessas duas primeiras formas. Por ser uma ciência, a psicologia também desenvolve enunciados probabilísticos em relação aos seus objetos de pesquisa; tais enunciados são construídos a partir de uma rigorosa metodologia de pesquisa. As teorias psicológicas são organizadas e sistêmicas e, por serem teorias científicas, são de cunho generalista. Destaque-se neste ponto que os objetos de pesquisa da psicologia ocorrem em circunstâncias e momentos diversos. Do ponto de vista epistemológico(6), portanto, em face a essa diversidade, considera -se mais adequado pluralizar a própria psicologia. De fato, não seria uma só psicologia, mas várias psicologias(7). Analise o esquema abaixo: Ciências psicológicas: objetos e suas principais especialidades Por fim, falta-nos comentar que ao longo do processo histórico de desenvolvimento do pensamento e da pesquisa psicológica, várias escolas (ou, correntes) da psicologia foram surgindo. Na verdade, o que vai diferenciar uma escola da outra é a maneira como cada uma irá definir o fenômeno (ou, os fenômenos) psicológico(s) estudado(s), bem como a metodologia de pesquisa a ser utilizada. Neste ensaio citaremos somente as duas mais conhecidas: o behaviorismo e a psicanálise(8). 1ª. A escola behaviorista (ou, comportamental) da psicologia – Essa escola surge nos EUA no início do século passado com o psicólogo John Watson (1878-1958). Para os behavioristas o comportamento é um conjunto de respostas adquiridas (ou, aprendidas (9)) que visa permitir ao organismo uma melhor adaptação ao mundo exterior. Esta resposta aparecerá progressivamente, através de uma série de ajustamentos, por tentativas e erros. A causalidade comportamental (Estímulo Ambiental?Resposta Comportamental, ou, na sua forma simplificada, E? R), base do pensamento behaviorista, possibilitará àquela escola da psicologia a construção de explicações objetivas sobre as origens do comportamento, sua previsão e, sob determinadas condições, até mesmo o seu controle. Explicação, previsão e controle, lembremo-nos, são os principais objetivos das ciências. O Dr. B.F. Skinner (1904-1990) destacou-se como um dos mais profícuos pesquisadores e teóricos behavioristas do último século. Suas pesquisas com cobaias levaram -no ao desenvolvimento de uma teoria da aprendizagem conhecida como modelagem . Skinner verificou que as conseqüências de um dado comportamento funcionavam como estímulos a sua fixação ou extinção. Em resumo: quando as conseqüências de um comportamento aumentam a freqüência desse mesmo comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de reforços. De forma contrár ia, quando as conseqüências diminuem a freqüência do comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de punições . Esquemas de reforços e punições são, segundo aquele pesquisador, as forças modeladoras de quaisquer comportamentos. Analise o esquema abaixo: Esquema simplificado do processo de modelagem de comportamentos, segundo Skinner Por fim, para a visão behaviorista uma criança ao nascer é provida unicamente de um certo número de reflexos, puramente fisiológicos. Tudo o mais, em termos comportamentais, ela terá que aprender a partir dos estímulos ambientais que receber. 2ª A escola psicanalítica – A psicanálise surgiu no final do século XIX e início do século XX com o médico austríaco Sigmund Schlomo Freud (1856-1939). A principal tese psicanalítica é a da existência de processos inconscientes na mente. O inconsciente, segundo Freud, estaria dissociado da realidade e seria regido pelo que ele chamou de princípio do prazer. Em 1900, em seu livro A interpretação do sonho , Freud propôs a sua primeira teoria (ou, tópica) sobre a estrutura da mente. Nela a mente foi dividida em três sistemas: o inconsciente (como já dito, regido pelo princípio do prazer) o pré -consciente e a consciência (estes últimos regidos pelo princípio da realidade ). Entre esses sistemas, as censuras que impediriam que conteúdos indesejados do inconsciente e do pré -consciente chegassem à consciência. Analise a figura abaixo: 1ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1900) Em 1920, Freud propôs um aperfeiçoamento de sua primeira teoria, incluindoprocessos dinâmicos da mente: o id, o ego e o superego . Analise a figura abaixo: 2ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1920) “[...] o id, pólo pulsional(10) da personalidade, o ego , instância que se situa como representante dos interesses da totalidade da pessoa e que como tal é investido de libido(11) narcísica(12), e, por fim, o superego , instância que julga e critica, constituída por interiorização das exigências e das interdições parentais. ” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p.660) Para Freud a consciência seria largamente influenciada pelas pressões oriundas do inconsciente. “Ela [a psicanálise] nos ensinou, ainda, que nosso intelecto é algo débil e dependente, um joguete e um instrumento de nossos instintos e afetos, e que todos nós somos compelidos a nos comportar inteligente ou estupidamente, de acordo com as ordens de nossas atitudes [emocionais] e resistências internas.” (FREUD, 1914) Defenderá a tese de que a personalidade será moldada pelas primeiras experiências de vida, a partir de fases do desenvolvimento da sexualidade (ou, desenvolvimento psicossexual). O termo sexualidade em Freud “não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p´. 619). Desta forma, então, a libido (ou, “pressão sexual”), ao longo da vida, investiria uma série de objetos (pessoas, situações, coisas etc.) que representassem possibilidades de descarga da tensão por ela gerada, em face o seu acúmulo. Tais descargas possibilitariam ao sujeito a sensação de prazer. Um mecanismo cíclico do prazer, portanto, estaria criado. Analise a figurar abaixo: Os ciclos do prazer A personalidade, portanto, se organizaria segundo as formas regulares de investimentos da libido (investimentos construtivos ou destrutivos, tanto para o próprio sujeito quanto para o mundo externo com o qual ele lida). Tais formas de investimentos da libido se estruturariam, principalmente, enfatizo, durante a infância e se “atualizariam”, se “repetiriam”, inconscientemente, ao longo de toda a vida. Concluindo, a psicologia enquanto um vasto campo de possibilidades e desafios ao conhecimento humano existe segundo dois sentidos: a vida e o Homem; e, segundo dois propósitos: a paz e o bem. Nenhum outro conhecimento talvez seja mais polêmico e complexo quanto o psicológico. Porém, com o passar do tempo, e com o desenvolvimento das pesquisas e das teorias, novos tijolos são lentamente colocados nessa que talvez seja a mais arrojada das empreitadas humanas: o conhecimento de si mesmo. Bibliografia CHALMERS, A.F. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993. DAVIDOFF, L.L. Introdução à psicologia. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2001. FREUD, S. Carta a Frederik Van Eeden. In: _____. Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, [200?]. LUNGARZO, C. O que é ciência. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. MORRIS, C.G.; MAISTO, A. A. Introdução à psicologia. 6 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MYERS, D.G. Psicologia social. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000. POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1993. WEITEN, W. Introdução à psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. 1Psicólogo; professor do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. 2 Este segundo pressuposto é, de fato, o principal: o que vai diferenciar o conhecimento científico das outras formas, não científicas, de saber. 3 O autor deste ensaio alinha-se às correntes epistemológicas que defendem que as ciências (inclusive as físicas) só são capazes de construir leis probabilísticas e não determinísticas. A este respeito sugiro o exame de RODRIGUES, A.A pesquisa experimental em psicologia e educação . Petrópolis(RJ): Vozes, 1976, p. 14. 4 Os modelos explicativos em ciência também são chamados de paradigmas científicos. 5Essas inferências de processos mentais a partir da observação do comportamento são chamadas de constructos (ou, construções) psicológicos . Trato deste assunto com mais detalhes no parágrafo seguinte. 6 Epistemologia ou Filosofia do conhecimento – caracteriza-se por ser uma reflexão filosófica da ciência. 7Outros preferirão chamá-la de “Ciências psicológicas”. 8Não obstante as consistentes críticas epistemológicas em relação ao objeto e à metodologia de pesquisa psicanalítica, este autor considera a psicanálise como um setor de pesquisas e proposições psicológicas ainda não-científicas. Uso a expressão “ainda”, pois aceito que as ciências não são capazes, ainda, de uma compreensão plena de todos os fenômenos (físicos e psicológicos) por ela estudados. Destarte, concebo a psicologia como que setorizada em dois grandes campos: um científico e outro, ainda, não -científico. 9 O constructo aprendizagem , caro ao pensamento e à pesquisa behaviorista, será definido, grosso modo, como sendo o resul tado de uma nova e regular associação entre um determinado estímulo e uma resposta comportamental experimentada como a mais adequada a esse mesmo estímulo. O aprendizado, contudo, só poderá ser afirmado se for observada a mudança regular no comportamento do sujeito após sucessivas apresentações desse mesmo estímulo que antes não eliciava a resposta comportamental agora a ele associada. 10 O conceito de pulsão na teoria psicanalítica (do original alemão “trieb”) denotaria uma força impelidora ou uma pressão inconsciente. Estaria nas pulsões a origem de nossas vontades, impulsos e desejos. Tais forças, que teriam suas origens nos processos biológicos, produziriam necessidades (tensões) a serem realizadas (descarregadas). Na consciência tais pressões se associariam, por algum motivo histórico, a representações (objetos) que possibilitassem sua real ou imaginária descarga (e, a partir daí, as sensações de prazer). Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. 11 Libido corresponderia, grosso modo, a um tipo de energia oriunda das transformações das pulsões sexuais. Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. 12 O conceito de narcisismo em psicanálise corresponderia aos investimentos libidinosos que um indivíduo faria em si próprio e ao seu próprio corpo. Ou seja, a posição narcísica pressupõe como objetos da libido o próprio sujeito e seu corpo. Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. PRODUTO/RESULTADO: QUESTÃO 1 Marque a alternativa CORRETA: São os objetos de estudo das ciências psicológicas bem como seus respectivos recursos de pesquisa: a. ( ) O comportamento através de constructos psicológicos e os processos mentais pela observação direta; b. ( ) O comportamento e os processos mentais através, unicamente, da observação direta; c. ( ) O comportamento pela observação direta e os processos mentais através de constructos psicológicos; d. ( ) O comportamento e os processos mentais através, unicamente, de seus constructos psicológicos. QUESTÃO 2 O pressuposto de que o comportamento compõe -se de elementos de resposta e pode ser cuidadosamente analisado por métodos científicos, naturais e objetivos é característica da seguinte teoria da Psicologia: (a) Naturalista; (b) Behaviorista; (c) Psicanalista; (d) Biológica. Estácio de Sá Página 1 / 5 Título Psicologia Aplicada ao Direito Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 1 Tema Introdução ao Estudo da Psicologia Objetivos Ao final do primeiro encontro, o aluno deverá ser capaz de: · Entender o plano de ensino da disciplina e seu mapa conceitual, que serão apresentados no início da aula; · Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; · Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum; · Explicar os objetos de estudo da Psicologia; · Compreenderos fenômenos psicológicos, sua importância, e algumas Teorias da Psicologia. . Entender a história da Psicologia aplicada ao Direito e analisar os diferentes posicionamentos em relação ao trabalho do psicólogo junto ao Direito; Estrutura do Conteúdo A unidade I terá início com a diferenciação entre a Psicologia científica e o senso comum. Deverá ser abordado, brevemente, o que é ciência, explicitando, para o aluno, a Psicologia como ciência. Continuando a aula, será abordado o senso comum, como uma forma de conhecimento da realidade e visão de mundo. Os objetos de estudo da Psicologia deverão ser explicados, e uma breve síntese sobre os fenômenos psicológicos e sua importância para a subjetividade será colocada para o aluno. Algumas teorias da Psicologia deverão ser apresentadas aos alunos. Conteúdos: · Ciência · Psicologia Científica X Senso comum · Objetos de estudo da Psicologia · Fenômenos psicológicos e sua importância na formação da subjetividade . Psicologia aplicada ao Direito Conceitos a serem desenvolvidos: Ciência ? atividade eminentemente reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar o cotidiano, a partir de estudos sistemáticos. ?Compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade.? (Bock, 2002, p. 19) Psicologia científica - Desde William James e de Wundt, a psicologia se considera como disciplina científica. Diante dessa afirmação há dois questionamentos evidentes: 1) O que é psicologia? 2) O que os psicólogos entendem por ciência? Se acompanharmos a história da psicologia, perceberemos que essas duas perguntas tiveram (e ainda têm) uma infinidade de respostas, o que, muitas vezes, alimentou a crítica à pretensão científica da psicologia. O que é psicologia? Um breve olhar sobre a história da psicologia revela que essa pergunta pode ser respondida de diversas maneiras. Não cabe aqui analisar cada uma dessas respostas, o que possivelmente nos conduziria à desconfortável conclusão de que cada psicólogo pode escolher a resposta que mais lhe agradar. Finalizar a aula , apresentando os primórdios da Psicologia aplicada ao Direito , integrando este tema aos conceitos discutidos anteriormente. Aplicação Prática Teórica A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes. Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade específica do saber psicológico. Considerando -se o texto, assinale a afirmação CORRETA. (a) A identidade emergente da psicologia contemporânea supera as suas dicotomias epistemológicas, ao dialogar com outros saberes, referendando -se neles, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica; (b) A psicologia como ciência foi marcada pela tensão dos projetos de sua constituição, estabelecendo uma epistemologia única que se expressa em múltiplos métodos, que podem dialogar com outros saberes; (c) A psicologia, ao participar do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem reconstruído as fronteiras de sua identidade, pois, no contato com saberes diversos, revela sua característica: a complexidade epistemológica e metodológica; (d) O diálogo inter, multi e transdisciplinar dificultam a definição formal da psicologia como ciência, pois dissolve a identidade já bem constituída do saber psicológico, propondo uma identificação com outras formas do saber sobre o homem; (e) O psicólogo tem sido convidado a realizar diálogos que o desafiam a construir uma linguagem inter, multi e transdisciplinar, centrada no discurso epistemológico das ciências exatas, como a física quântica, e das ciências biológicas, como a genética. (ENADE/2009) 2- Assinale a afirmativa CORRETA, a respeito da concepção de homem, entendido como um ser ?sócio-histórico?, segundo Bock, Furtado & Teixeira (1999): (a) Existe um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, tem como resultado um ser específico, individual e particular; (b) As modificações biológicas hereditárias determinam o desenvolvimento sócio -histórico do homem e da humanidade; (c) A assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicamente passadas pela espécie humana; (d) O homem é primitivamente um ser isolado e não social, desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos; (e) O homem surge como ser único cujas aptidões para relacionar-se dependem das situações de vida e históricas presentes no seu dia a dia. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS- PSICÓLOGO/2004) 3- Os cientistas fazem estudos, fazem pesquisas, que levam às descobertas. As descobertas precisam ser apresentadas aos demais cientistas, e estes precisam ficar convencidos de que a descoberta é verdadeira. Novas pesquisas estão sempre sendo feitas. Uma nova pesquisa pode questionar o que se pensava antes, pode provocar polêmica, pode dar margem a várias teorias. Uma ciência é, portanto, bem mais interessante do que uma coleção de fatos, leis e fórmulas. Ela é mais parecida com uma novela de televisão, ou melhor ainda, com um romance de mistério. A ciência tem enigmas, tem suspense, tem divergências e controvérsias, pistas falsas, becos sem saída, idas e vindas, reviravoltas e revoluções. (Prof. Julio Cesar de Rose ? UFSCAR) Partindo do texto apresentado e do conhecimento adquirido nas aulas e leituras de textos complementares, explique de que forma a Psicologia se tornou uma ciência. 4- Você observou na aula que existem a Psicologia científica e a Psicologia do senso comum. Supondo que seu contato até o momento tenha sido apenas com a Psicologia do senso comum, relacione situações do cotidiano em que você e as pessoas com quem convive usem esta Psicologia. ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO NOME DA DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO CÓDIGO: CCJ0004 TÍTULO DA ATIVIDADE: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Por: Adelmo Senra Gomes(1) OBJETIVO: Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; COMPETÊNCIAS/HABILIDADES: Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum e alguns conceitos desta Ciência DESENVOLVIMENTO: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Este ensaio tem por objetivo introduzir uma reflexão sobre a psicologia e o seu status de ciência. Contudo, para atingirmos tal objetivo, importa que, inicialmente, examinemos os principais conceitos do que se convencionou chamar ciência , bem como suas principais diferenças em relação ao senso comum. O conhecimento científico fundamenta-se sobre os seguintes pressupostos: 1 º. “A ciência é uma estrutura construída sobre fatos.” (DAVIES apud CHALMERS, 1993, p.24); 2º O processo de obtenção, justificação e transmissão do conhecimento científico orienta-se por uma rigorosa metodologia de pesquisa . Ou seja: observação, experimentação (ou outra qualquer técnica científica de pesquisa); análise lógica, crítica e meticulosa dos fatos (é comum, inclusive, o emprego de instrumentos matemáticos).(2) Enquanto o senso comum habitualmente cinge-se aos dadosimediatos, ou, então, procura explicações nem sempre profundas, o conhecimento científico procura bases sólidas, justificações claras e exatas. Isso não é possível em todos os casos. A tendência do cientista, porém, é se aproximar gradativamente de fundamentos fortes para seus conhecimentos. (LUNGARZO, 1993, p.12) 3º. O conhecimento científico é sistêmico, organizado. As teorias científicas não devem ser contraditórias em si e entre si. Diferentemente, o senso comum, não preza por tal rigor, sendo, normalmente, fragmentado, desorganizado e, por vezes, até contraditório. 4º. O conhecimento científico constrói explicações gerais e não particulares ou casuísticas. Não se faz ciência de casos particulares, mas sim, do que há de regular e comum numa determinada classe de eventos. 5º. O conhecimento científico busca prognosticar futuras ocorrências dos fatos estudados. Tais prognósticos científicos têm um caráter probabilístico e não determinísticos(3). A ciência, em seu labor pelo conhecimento, desenvolve modelos explicativos (4) sobre os fatos estudados. Por serem modelos são aproximações e não a “verdade” sobre os fatos. Finalmente, as explicações científicas necessitam ser submetidas, regularmente, a um constante e rigoroso processo de verificação e testes ou, como propõe Popper (1993, p.41), a um constante esforço de falsificação , pois, se de fato forem falseadas, isto provará que o que os cientistas tinham por “conhecimento ”, não o era... Estabelecidos tais pressupostos sobre a ciência, passemos ao exame da psicologia. A história da psicologia enquanto ciência inicia -se em 1879 quando na Universidade de Leipzig, Alemanha, o médico, filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt (1832 -1920), funda o primeiro laboratório de pesquisa experimental em psicologia. Antes de Wundt a psicologia era tida, simplesmente, como um ramo da filosofia. Em sentido lato, a psicologia tem por objetos de pesquisa o comportamento e os processos mentais de todos os seres vivos. (DAVIDOFF, 2001; MORRIS; MAISTO, 2004; MYERS, 2000) Define-se por comportamento toda forma de “[...] resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo.” (WEITEN, 2002, p. 520) Por seu turno, processos mentais aludiriam às “[...] experiências subjetivas que infer imos através do comportamento (5) – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos. ” (MYERS, 1999, p.2). Com relação a esses objetos há que se ressaltar que o comportamento, por ser um dado objetivo, possibilita observações, mensurações, análises e interpretações quantitativas e qualitativas. Contudo, os processos da mente, por serem experiências subjetivas, não são passíveis à observação direta. Como então pesquisar e estudar dados subjetivos? São dois os caminhos possíveis: 1 º Como já dito anteriormente, pela observação de determinados comportamentos – estes últimos entendidos como conseqüências ou manifestações dos processos mentais; 2º Pela análise e interpretação do desempenho em algum instrumento psicológico de mensuração (os testes psicológicos são exemplos) e; 3º Pela associação dessas duas primeiras formas. Por ser uma ciência, a psicologia também desenvolve enunciados probabilísticos em relação aos seus objetos de pesquisa; tais enunciados são construídos a partir de uma rigorosa metodologia de pesquisa. As teorias psicológicas são organizadas e sistêmicas e, por serem teorias científicas, são de cunho generalista. Destaque-se neste ponto que os objetos de pesquisa da psicologia ocorrem em circunstâncias e momentos diversos. Do ponto de vista epistemológico(6), portanto, em face a essa diversidade, considera -se mais adequado pluralizar a própria psicologia. De fato, não seria uma só psicologia, mas várias psicologias(7). Analise o esquema abaixo: Ciências psicológicas: objetos e suas principais especialidades Por fim, falta-nos comentar que ao longo do processo histórico de desenvolvimento do pensamento e da pesquisa psicológica, várias escolas (ou, correntes) da psicologia foram surgindo. Na verdade, o que vai diferenciar uma escola da outra é a maneira como cada uma irá definir o fenômeno (ou, os fenômenos) psicológico(s) estudado(s), bem como a metodologia de pesquisa a ser utilizada. Neste ensaio citaremos somente as duas mais conhecidas: o behaviorismo e a psicanálise(8). 1ª. A escola behaviorista (ou, comportamental) da psicologia – Essa escola surge nos EUA no início do século passado com o psicólogo John Watson (1878-1958). Para os behavioristas o comportamento é um conjunto de respostas adquiridas (ou, aprendidas (9)) que visa permitir ao organismo uma melhor adaptação ao mundo exterior. Esta resposta aparecerá progressivamente, através de uma série de ajustamentos, por tentativas e erros. A causalidade comportamental (Estímulo Ambiental?Resposta Comportamental, ou, na sua forma simplificada, E? R), base do pensamento behaviorista, possibilitará àquela escola da psicologia a construção de explicações objetivas sobre as origens do comportamento, sua previsão e, sob determinadas condições, até mesmo o seu controle. Explicação, previsão e controle, lembremo-nos, são os principais objetivos das ciências. O Dr. B.F. Skinner (1904-1990) destacou-se como um dos mais profícuos pesquisadores e teóricos behavioristas do último século. Suas pesquisas com cobaias levaram -no ao desenvolvimento de uma teoria da aprendizagem conhecida como modelagem . Skinner verificou que as conseqüências de um dado comportamento funcionavam como estímulos a sua fixação ou extinção. Em resumo: quando as conseqüências de um comportamento aumentam a freqüência desse mesmo comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de reforços. De forma contrár ia, quando as conseqüências diminuem a freqüência do comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de punições . Esquemas de reforços e punições são, segundo aquele pesquisador, as forças modeladoras de quaisquer comportamentos. Analise o esquema abaixo: Esquema simplificado do processo de modelagem de comportamentos, segundo Skinner Por fim, para a visão behaviorista uma criança ao nascer é provida unicamente de um certo número de reflexos, puramente fisiológicos. Tudo o mais, em termos comportamentais, ela terá que aprender a partir dos estímulos ambientais que receber. 2ª A escola psicanalítica – A psicanálise surgiu no final do século XIX e início do século XX com o médico austríaco Sigmund Schlomo Freud (1856-1939). A principal tese psicanalítica é a da existência de processos inconscientes na mente. O inconsciente, segundo Freud, estaria dissociado da realidade e seria regido pelo que ele chamou de princípio do prazer. Em 1900, em seu livro A interpretação do sonho , Freud propôs a sua primeira teoria (ou, tópica) sobre a estrutura da mente. Nela a mente foi dividida em três sistemas: o inconsciente (como já dito, regido pelo princípio do prazer) o pré -consciente e a consciência (estes últimos regidos pelo princípio da realidade ). Entre esses sistemas, as censuras que impediriam que conteúdos indesejados do inconsciente e do pré -consciente chegassem à consciência. Analise a figura abaixo: 1ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1900) Em 1920, Freud propôs um aperfeiçoamento de sua primeira teoria, incluindo processos dinâmicos da mente: o id, o ego e o superego . Analise a figura abaixo: 2ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1920) “[...] o id, pólo pulsional(10) da personalidade, o ego , instância que se situa como representante dos interesses da totalidade da pessoa e que como tal é investido de libido(11) narcísica(12), e, por fim, o superego , instância que julga e critica, constituída por interiorização das exigências e das interdições parentais. ” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p.660) Para Freud a consciência seria largamente influenciadapelas pressões oriundas do inconsciente. “Ela [a psicanálise] nos ensinou, ainda, que nosso intelecto é algo débil e dependente, um joguete e um instrumento de nossos instintos e afetos, e que todos nós somos compelidos a nos comportar inteligente ou estupidamente, de acordo com as ordens de nossas atitudes [emocionais] e resistências internas.” (FREUD, 1914) Defenderá a tese de que a personalidade será moldada pelas primeiras experiências de vida, a partir de fases do desenvolvimento da sexualidade (ou, desenvolvimento psicossexual). O termo sexualidade em Freud “não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p´. 619). Desta forma, então, a libido (ou, “pressão sexual”), ao longo da vida, investiria uma série de objetos (pessoas, situações, coisas etc.) que representassem possibilidades de descarga da tensão por ela gerada, em face o seu acúmulo. Tais descargas possibilitariam ao sujeito a sensação de prazer. Um mecanismo cíclico do prazer, portanto, estaria criado. Analise a figurar abaixo: Os ciclos do prazer A personalidade, portanto, se organizaria segundo as formas regulares de investimentos da libido (investimentos construtivos ou destrutivos, tanto para o próprio sujeito quanto para o mundo externo com o qual ele lida). Tais formas de investimentos da libido se estruturariam, principalmente, enfatizo, durante a infância e se “atualizariam”, se “repetiriam”, inconscientemente, ao longo de toda a vida. Concluindo, a psicologia enquanto um vasto campo de possibilidades e desafios ao conhecimento humano existe segundo dois sentidos: a vida e o Homem; e, segundo dois propósitos: a paz e o bem. Nenhum outro conhecimento talvez seja mais polêmico e complexo quanto o psicológico. Porém, com o passar do tempo, e com o desenvolvimento das pesquisas e das teorias, novos tijolos são lentamente colocados nessa que talvez seja a mais arrojada das empreitadas humanas: o conhecimento de si mesmo. Bibliografia CHALMERS, A.F. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993. DAVIDOFF, L.L. Introdução à psicologia. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2001. FREUD, S. Carta a Frederik Van Eeden. In: _____. Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, [200?]. LUNGARZO, C. O que é ciência. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. MORRIS, C.G.; MAISTO, A. A. Introdução à psicologia. 6 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MYERS, D.G. Psicologia social. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000. POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1993. WEITEN, W. Introdução à psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. 1Psicólogo; professor do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. 2 Este segundo pressuposto é, de fato, o principal: o que vai diferenciar o conhecimento científico das outras formas, não científicas, de saber. 3 O autor deste ensaio alinha-se às correntes epistemológicas que defendem que as ciências (inclusive as físicas) só são capazes de construir leis probabilísticas e não determinísticas. A este respeito sugiro o exame de RODRIGUES, A.A pesquisa experimental em psicologia e educação . Petrópolis(RJ): Vozes, 1976, p. 14. 4 Os modelos explicativos em ciência também são chamados de paradigmas científicos. 5Essas inferências de processos mentais a partir da observação do comportamento são chamadas de constructos (ou, construções) psicológicos . Trato deste assunto com mais detalhes no parágrafo seguinte. 6 Epistemologia ou Filosofia do conhecimento – caracteriza-se por ser uma reflexão filosófica da ciência. 7Outros preferirão chamá-la de “Ciências psicológicas”. 8Não obstante as consistentes críticas epistemológicas em relação ao objeto e à metodologia de pesquisa psicanalítica, este autor considera a psicanálise como um setor de pesquisas e proposições psicológicas ainda não-científicas. Uso a expressão “ainda”, pois aceito que as ciências não são capazes, ainda, de uma compreensão plena de todos os fenômenos (físicos e psicológicos) por ela estudados. Destarte, concebo a psicologia como que setorizada em dois grandes campos: um científico e outro, ainda, não -científico. 9 O constructo aprendizagem , caro ao pensamento e à pesquisa behaviorista, será definido, grosso modo, como sendo o resul tado de uma nova e regular associação entre um determinado estímulo e uma resposta comportamental experimentada como a mais adequada a esse mesmo estímulo. O aprendizado, contudo, só poderá ser afirmado se for observada a mudança regular no comportamento do sujeito após sucessivas apresentações desse mesmo estímulo que antes não eliciava a resposta comportamental agora a ele associada. 10 O conceito de pulsão na teoria psicanalítica (do original alemão “trieb”) denotaria uma força impelidora ou uma pressão inconsciente. Estaria nas pulsões a origem de nossas vontades, impulsos e desejos. Tais forças, que teriam suas origens nos processos biológicos, produziriam necessidades (tensões) a serem realizadas (descarregadas). Na consciência tais pressões se associariam, por algum motivo histórico, a representações (objetos) que possibilitassem sua real ou imaginária descarga (e, a partir daí, as sensações de prazer). Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. 11 Libido corresponderia, grosso modo, a um tipo de energia oriunda das transformações das pulsões sexuais. Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. 12 O conceito de narcisismo em psicanálise corresponderia aos investimentos libidinosos que um indivíduo faria em si próprio e ao seu próprio corpo. Ou seja, a posição narcísica pressupõe como objetos da libido o próprio sujeito e seu corpo. Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. PRODUTO/RESULTADO: QUESTÃO 1 Marque a alternativa CORRETA: São os objetos de estudo das ciências psicológicas bem como seus respectivos recursos de pesquisa: a. ( ) O comportamento através de constructos psicológicos e os processos mentais pela observação direta; b. ( ) O comportamento e os processos mentais através, unicamente, da observação direta; c. ( ) O comportamento pela observação direta e os processos mentais através de constructos psicológicos; d. ( ) O comportamento e os processos mentais através, unicamente, de seus constructos psicológicos. QUESTÃO 2 O pressuposto de que o comportamento compõe -se de elementos de resposta e pode ser cuidadosamente analisado por métodos científicos, naturais e objetivos é característica da seguinte teoria da Psicologia: (a) Naturalista; (b) Behaviorista; (c) Psicanalista; (d) Biológica. Estácio de Sá Página 2 / 5 Título Psicologia Aplicada ao Direito Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 1 Tema Introdução ao Estudo da Psicologia Objetivos Ao final do primeiro encontro, o aluno deverá ser capaz de: · Entender o plano de ensino da disciplina e seu mapa conceitual, que serão apresentados no início da aula; · Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; · Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum; · Explicar os objetos de estudo da Psicologia; · Compreender os fenômenos psicológicos, sua importância, e algumas Teorias da Psicologia. . Entender a história da Psicologia aplicada ao Direito e analisar os diferentes posicionamentos em relação ao trabalho do psicólogo junto ao Direito; Estrutura do Conteúdo A unidade I terá início com a diferenciação entre a Psicologia científica e o senso comum. Deverá ser abordado, brevemente, o que é ciência, explicitando, para o aluno, a Psicologia como ciência. Continuando a aula, será abordado o senso comum, como uma forma de conhecimento da realidade e visão de mundo. Osobjetos de estudo da Psicologia deverão ser explicados, e uma breve síntese sobre os fenômenos psicológicos e sua importância para a subjetividade será colocada para o aluno. Algumas teorias da Psicologia deverão ser apresentadas aos alunos. Conteúdos: · Ciência · Psicologia Científica X Senso comum · Objetos de estudo da Psicologia · Fenômenos psicológicos e sua importância na formação da subjetividade . Psicologia aplicada ao Direito Conceitos a serem desenvolvidos: Ciência ? atividade eminentemente reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar o cotidiano, a partir de estudos sistemáticos. ?Compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade.? (Bock, 2002, p. 19) Psicologia científica - Desde William James e de Wundt, a psicologia se considera como disciplina científica. Diante dessa afirmação há dois questionamentos evidentes: 1) O que é psicologia? 2) O que os psicólogos entendem por ciência? Se acompanharmos a história da psicologia, perceberemos que essas duas perguntas tiveram (e ainda têm) uma infinidade de respostas, o que, muitas vezes, alimentou a crítica à pretensão científica da psicologia. O que é psicologia? Um breve olhar sobre a história da psicologia revela que essa pergunta pode ser respondida de diversas maneiras. Não cabe aqui analisar cada uma dessas respostas, o que possivelmente nos conduziria à desconfortável conclusão de que cada psicólogo pode escolher a resposta que mais lhe agradar. Finalizar a aula , apresentando os primórdios da Psicologia aplicada ao Direito , integrando este tema aos conceitos discutidos anteriormente. Aplicação Prática Teórica A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes. Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade específica do saber psicológico. Considerando -se o texto, assinale a afirmação CORRETA. (a) A identidade emergente da psicologia contemporânea supera as suas dicotomias epistemológicas, ao dialogar com outros saberes, referendando -se neles, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica; (b) A psicologia como ciência foi marcada pela tensão dos projetos de sua constituição, estabelecendo uma epistemologia única que se expressa em múltiplos métodos, que podem dialogar com outros saberes; (c) A psicologia, ao participar do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem reconstruído as fronteiras de sua identidade, pois, no contato com saberes diversos, revela sua característica: a complexidade epistemológica e metodológica; (d) O diálogo inter, multi e transdisciplinar dificultam a definição formal da psicologia como ciência, pois dissolve a identidade já bem constituída do saber psicológico, propondo uma identificação com outras formas do saber sobre o homem; (e) O psicólogo tem sido convidado a realizar diálogos que o desafiam a construir uma linguagem inter, multi e transdisciplinar, centrada no discurso epistemológico das ciências exatas, como a física quântica, e das ciências biológicas, como a genética. (ENADE/2009) 2- Assinale a afirmativa CORRETA, a respeito da concepção de homem, entendido como um ser ?sócio-histórico?, segundo Bock, Furtado & Teixeira (1999): (a) Existe um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, tem como resultado um ser específico, individual e particular; (b) As modificações biológicas hereditárias determinam o desenvolvimento sócio -histórico do homem e da humanidade; (c) A assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicamente passadas pela espécie humana; (d) O homem é primitivamente um ser isolado e não social, desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos; (e) O homem surge como ser único cujas aptidões para relacionar-se dependem das situações de vida e históricas presentes no seu dia a dia. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS- PSICÓLOGO/2004) 3- Os cientistas fazem estudos, fazem pesquisas, que levam às descobertas. As descobertas precisam ser apresentadas aos demais cientistas, e estes precisam ficar convencidos de que a descoberta é verdadeira. Novas pesquisas estão sempre sendo feitas. Uma nova pesquisa pode questionar o que se pensava antes, pode provocar polêmica, pode dar margem a várias teorias. Uma ciência é, portanto, bem mais interessante do que uma coleção de fatos, leis e fórmulas. Ela é mais parecida com uma novela de televisão, ou melhor ainda, com um romance de mistério. A ciência tem enigmas, tem suspense, tem divergências e controvérsias, pistas falsas, becos sem saída, idas e vindas, reviravoltas e revoluções. (Prof. Julio Cesar de Rose ? UFSCAR) Partindo do texto apresentado e do conhecimento adquirido nas aulas e leituras de textos complementares, explique de que forma a Psicologia se tornou uma ciência. 4- Você observou na aula que existem a Psicologia científica e a Psicologia do senso comum. Supondo que seu contato até o momento tenha sido apenas com a Psicologia do senso comum, relacione situações do cotidiano em que você e as pessoas com quem convive usem esta Psicologia. ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO NOME DA DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO CÓDIGO: CCJ0004 TÍTULO DA ATIVIDADE: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Por: Adelmo Senra Gomes(1) OBJETIVO: Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; COMPETÊNCIAS/HABILIDADES: Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum e alguns conceitos desta Ciência DESENVOLVIMENTO: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Este ensaio tem por objetivo introduzir uma reflexão sobre a psicologia e o seu status de ciência. Contudo, para atingirmos tal objetivo, importa que, inicialmente, examinemos os principais conceitos do que se convencionou chamar ciência , bem como suas principais diferenças em relação ao senso comum. O conhecimento científico fundamenta-se sobre os seguintes pressupostos: 1 º. “A ciência é uma estrutura construída sobre fatos.” (DAVIES apud CHALMERS, 1993, p.24); 2º O processo de obtenção, justificação e transmissão do conhecimento científico orienta-se por uma rigorosa metodologia de pesquisa . Ou seja: observação, experimentação (ou outra qualquer técnica científica de pesquisa); análise lógica, crítica e meticulosa dos fatos (é comum, inclusive, o emprego de instrumentos matemáticos).(2) Enquanto o senso comum habitualmente cinge-se aos dados imediatos, ou, então, procura explicações nem sempre profundas, o conhecimento científico procura bases sólidas, justificações claras e exatas. Isso não é possível em todos os casos. A tendência do cientista, porém, é se aproximar gradativamente de fundamentos fortes para seus conhecimentos. (LUNGARZO, 1993, p.12) 3º. O conhecimento científico é sistêmico, organizado. As teorias científicas não devem ser contraditórias em si e entre si. Diferentemente, o senso comum, não preza por tal rigor, sendo, normalmente, fragmentado, desorganizado e, porvezes, até contraditório. 4º. O conhecimento científico constrói explicações gerais e não particulares ou casuísticas. Não se faz ciência de casos particulares, mas sim, do que há de regular e comum numa determinada classe de eventos. 5º. O conhecimento científico busca prognosticar futuras ocorrências dos fatos estudados. Tais prognósticos científicos têm um caráter probabilístico e não determinísticos(3). A ciência, em seu labor pelo conhecimento, desenvolve modelos explicativos (4) sobre os fatos estudados. Por serem modelos são aproximações e não a “verdade” sobre os fatos. Finalmente, as explicações científicas necessitam ser submetidas, regularmente, a um constante e rigoroso processo de verificação e testes ou, como propõe Popper (1993, p.41), a um constante esforço de falsificação , pois, se de fato forem falseadas, isto provará que o que os cientistas tinham por “conhecimento ”, não o era... Estabelecidos tais pressupostos sobre a ciência, passemos ao exame da psicologia. A história da psicologia enquanto ciência inicia -se em 1879 quando na Universidade de Leipzig, Alemanha, o médico, filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt (1832 -1920), funda o primeiro laboratório de pesquisa experimental em psicologia. Antes de Wundt a psicologia era tida, simplesmente, como um ramo da filosofia. Em sentido lato, a psicologia tem por objetos de pesquisa o comportamento e os processos mentais de todos os seres vivos. (DAVIDOFF, 2001; MORRIS; MAISTO, 2004; MYERS, 2000) Define-se por comportamento toda forma de “[...] resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo.” (WEITEN, 2002, p. 520) Por seu turno, processos mentais aludiriam às “[...] experiências subjetivas que infer imos através do comportamento (5) – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos. ” (MYERS, 1999, p.2). Com relação a esses objetos há que se ressaltar que o comportamento, por ser um dado objetivo, possibilita observações, mensurações, análises e interpretações quantitativas e qualitativas. Contudo, os processos da mente, por serem experiências subjetivas, não são passíveis à observação direta. Como então pesquisar e estudar dados subjetivos? São dois os caminhos possíveis: 1 º Como já dito anteriormente, pela observação de determinados comportamentos – estes últimos entendidos como conseqüências ou manifestações dos processos mentais; 2º Pela análise e interpretação do desempenho em algum instrumento psicológico de mensuração (os testes psicológicos são exemplos) e; 3º Pela associação dessas duas primeiras formas. Por ser uma ciência, a psicologia também desenvolve enunciados probabilísticos em relação aos seus objetos de pesquisa; tais enunciados são construídos a partir de uma rigorosa metodologia de pesquisa. As teorias psicológicas são organizadas e sistêmicas e, por serem teorias científicas, são de cunho generalista. Destaque-se neste ponto que os objetos de pesquisa da psicologia ocorrem em circunstâncias e momentos diversos. Do ponto de vista epistemológico(6), portanto, em face a essa diversidade, considera -se mais adequado pluralizar a própria psicologia. De fato, não seria uma só psicologia, mas várias psicologias(7). Analise o esquema abaixo: Ciências psicológicas: objetos e suas principais especialidades Por fim, falta-nos comentar que ao longo do processo histórico de desenvolvimento do pensamento e da pesquisa psicológica, várias escolas (ou, correntes) da psicologia foram surgindo. Na verdade, o que vai diferenciar uma escola da outra é a maneira como cada uma irá definir o fenômeno (ou, os fenômenos) psicológico(s) estudado(s), bem como a metodologia de pesquisa a ser utilizada. Neste ensaio citaremos somente as duas mais conhecidas: o behaviorismo e a psicanálise(8). 1ª. A escola behaviorista (ou, comportamental) da psicologia – Essa escola surge nos EUA no início do século passado com o psicólogo John Watson (1878-1958). Para os behavioristas o comportamento é um conjunto de respostas adquiridas (ou, aprendidas (9)) que visa permitir ao organismo uma melhor adaptação ao mundo exterior. Esta resposta aparecerá progressivamente, através de uma série de ajustamentos, por tentativas e erros. A causalidade comportamental (Estímulo Ambiental?Resposta Comportamental, ou, na sua forma simplificada, E? R), base do pensamento behaviorista, possibilitará àquela escola da psicologia a construção de explicações objetivas sobre as origens do comportamento, sua previsão e, sob determinadas condições, até mesmo o seu controle. Explicação, previsão e controle, lembremo-nos, são os principais objetivos das ciências. O Dr. B.F. Skinner (1904-1990) destacou-se como um dos mais profícuos pesquisadores e teóricos behavioristas do último século. Suas pesquisas com cobaias levaram -no ao desenvolvimento de uma teoria da aprendizagem conhecida como modelagem . Skinner verificou que as conseqüências de um dado comportamento funcionavam como estímulos a sua fixação ou extinção. Em resumo: quando as conseqüências de um comportamento aumentam a freqüência desse mesmo comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de reforços. De forma contrár ia, quando as conseqüências diminuem a freqüência do comportamento diante do estímulo que o eliciou, Skinner chamou tais conseqüências de punições . Esquemas de reforços e punições são, segundo aquele pesquisador, as forças modeladoras de quaisquer comportamentos. Analise o esquema abaixo: Esquema simplificado do processo de modelagem de comportamentos, segundo Skinner Por fim, para a visão behaviorista uma criança ao nascer é provida unicamente de um certo número de reflexos, puramente fisiológicos. Tudo o mais, em termos comportamentais, ela terá que aprender a partir dos estímulos ambientais que receber. 2ª A escola psicanalítica – A psicanálise surgiu no final do século XIX e início do século XX com o médico austríaco Sigmund Schlomo Freud (1856-1939). A principal tese psicanalítica é a da existência de processos inconscientes na mente. O inconsciente, segundo Freud, estaria dissociado da realidade e seria regido pelo que ele chamou de princípio do prazer. Em 1900, em seu livro A interpretação do sonho , Freud propôs a sua primeira teoria (ou, tópica) sobre a estrutura da mente. Nela a mente foi dividida em três sistemas: o inconsciente (como já dito, regido pelo princípio do prazer) o pré -consciente e a consciência (estes últimos regidos pelo princípio da realidade ). Entre esses sistemas, as censuras que impediriam que conteúdos indesejados do inconsciente e do pré -consciente chegassem à consciência. Analise a figura abaixo: 1ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1900) Em 1920, Freud propôs um aperfeiçoamento de sua primeira teoria, incluindo processos dinâmicos da mente: o id, o ego e o superego . Analise a figura abaixo: 2ª Tópica do aparelho psíquico de Freud (1920) “[...] o id, pólo pulsional(10) da personalidade, o ego , instância que se situa como representante dos interesses da totalidade da pessoa e que como tal é investido de libido(11) narcísica(12), e, por fim, o superego , instância que julga e critica, constituída por interiorização das exigências e das interdições parentais. ” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p.660) Para Freud a consciência seria largamente influenciada pelas pressões oriundas do inconsciente. “Ela [a psicanálise] nos ensinou, ainda, que nosso intelecto é algo débil e dependente, um joguete e um instrumento de nossos instintos e afetos, e que todos nós somos compelidos a nos comportar inteligente ou estupidamente, de acordo com as ordens de nossas atitudes [emocionais] e resistências internas.” (FREUD, 1914) Defenderá a tese de que a personalidade será moldada pelas primeiras experiências de vida, a partir de fases do desenvolvimento da sexualidade (ou, desenvolvimento psicossexual). O termo sexualidadeem Freud “não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância” (LAPLANCHE & PONTALIS, 1986, p´. 619). Desta forma, então, a libido (ou, “pressão sexual”), ao longo da vida, investiria uma série de objetos (pessoas, situações, coisas etc.) que representassem possibilidades de descarga da tensão por ela gerada, em face o seu acúmulo. Tais descargas possibilitariam ao sujeito a sensação de prazer. Um mecanismo cíclico do prazer, portanto, estaria criado. Analise a figurar abaixo: Os ciclos do prazer A personalidade, portanto, se organizaria segundo as formas regulares de investimentos da libido (investimentos construtivos ou destrutivos, tanto para o próprio sujeito quanto para o mundo externo com o qual ele lida). Tais formas de investimentos da libido se estruturariam, principalmente, enfatizo, durante a infância e se “atualizariam”, se “repetiriam”, inconscientemente, ao longo de toda a vida. Concluindo, a psicologia enquanto um vasto campo de possibilidades e desafios ao conhecimento humano existe segundo dois sentidos: a vida e o Homem; e, segundo dois propósitos: a paz e o bem. Nenhum outro conhecimento talvez seja mais polêmico e complexo quanto o psicológico. Porém, com o passar do tempo, e com o desenvolvimento das pesquisas e das teorias, novos tijolos são lentamente colocados nessa que talvez seja a mais arrojada das empreitadas humanas: o conhecimento de si mesmo. Bibliografia CHALMERS, A.F. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993. DAVIDOFF, L.L. Introdução à psicologia. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 2001. FREUD, S. Carta a Frederik Van Eeden. In: _____. Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, [200?]. LUNGARZO, C. O que é ciência. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. MORRIS, C.G.; MAISTO, A. A. Introdução à psicologia. 6 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MYERS, D.G. Psicologia social. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2000. POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1993. WEITEN, W. Introdução à psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. 1Psicólogo; professor do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. 2 Este segundo pressuposto é, de fato, o principal: o que vai diferenciar o conhecimento científico das outras formas, não científicas, de saber. 3 O autor deste ensaio alinha-se às correntes epistemológicas que defendem que as ciências (inclusive as físicas) só são capazes de construir leis probabilísticas e não determinísticas. A este respeito sugiro o exame de RODRIGUES, A.A pesquisa experimental em psicologia e educação . Petrópolis(RJ): Vozes, 1976, p. 14. 4 Os modelos explicativos em ciência também são chamados de paradigmas científicos. 5Essas inferências de processos mentais a partir da observação do comportamento são chamadas de constructos (ou, construções) psicológicos . Trato deste assunto com mais detalhes no parágrafo seguinte. 6 Epistemologia ou Filosofia do conhecimento – caracteriza-se por ser uma reflexão filosófica da ciência. 7Outros preferirão chamá-la de “Ciências psicológicas”. 8Não obstante as consistentes críticas epistemológicas em relação ao objeto e à metodologia de pesquisa psicanalítica, este autor considera a psicanálise como um setor de pesquisas e proposições psicológicas ainda não-científicas. Uso a expressão “ainda”, pois aceito que as ciências não são capazes, ainda, de uma compreensão plena de todos os fenômenos (físicos e psicológicos) por ela estudados. Destarte, concebo a psicologia como que setorizada em dois grandes campos: um científico e outro, ainda, não -científico. 9 O constructo aprendizagem , caro ao pensamento e à pesquisa behaviorista, será definido, grosso modo, como sendo o resul tado de uma nova e regular associação entre um determinado estímulo e uma resposta comportamental experimentada como a mais adequada a esse mesmo estímulo. O aprendizado, contudo, só poderá ser afirmado se for observada a mudança regular no comportamento do sujeito após sucessivas apresentações desse mesmo estímulo que antes não eliciava a resposta comportamental agora a ele associada. 10 O conceito de pulsão na teoria psicanalítica (do original alemão “trieb”) denotaria uma força impelidora ou uma pressão inconsciente. Estaria nas pulsões a origem de nossas vontades, impulsos e desejos. Tais forças, que teriam suas origens nos processos biológicos, produziriam necessidades (tensões) a serem realizadas (descarregadas). Na consciência tais pressões se associariam, por algum motivo histórico, a representações (objetos) que possibilitassem sua real ou imaginária descarga (e, a partir daí, as sensações de prazer). Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. 11 Libido corresponderia, grosso modo, a um tipo de energia oriunda das transformações das pulsões sexuais. Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. 12 O conceito de narcisismo em psicanálise corresponderia aos investimentos libidinosos que um indivíduo faria em si próprio e ao seu próprio corpo. Ou seja, a posição narcísica pressupõe como objetos da libido o próprio sujeito e seu corpo. Obs.: Nota acrescida pelo autor do ensaio. PRODUTO/RESULTADO: QUESTÃO 1 Marque a alternativa CORRETA: São os objetos de estudo das ciências psicológicas bem como seus respectivos recursos de pesquisa: a. ( ) O comportamento através de constructos psicológicos e os processos mentais pela observação direta; b. ( ) O comportamento e os processos mentais através, unicamente, da observação direta; c. ( ) O comportamento pela observação direta e os processos mentais através de constructos psicológicos; d. ( ) O comportamento e os processos mentais através, unicamente, de seus constructos psicológicos. QUESTÃO 2 O pressuposto de que o comportamento compõe -se de elementos de resposta e pode ser cuidadosamente analisado por métodos científicos, naturais e objetivos é característica da seguinte teoria da Psicologia: (a) Naturalista; (b) Behaviorista; (c) Psicanalista; (d) Biológica. Estácio de Sá Página 3 / 5 Título Psicologia Aplicada ao Direito Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 1 Tema Introdução ao Estudo da Psicologia Objetivos Ao final do primeiro encontro, o aluno deverá ser capaz de: · Entender o plano de ensino da disciplina e seu mapa conceitual, que serão apresentados no início da aula; · Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; · Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum; · Explicar os objetos de estudo da Psicologia; · Compreender os fenômenos psicológicos, sua importância, e algumas Teorias da Psicologia. . Entender a história da Psicologia aplicada ao Direito e analisar os diferentes posicionamentos em relação ao trabalho do psicólogo junto ao Direito; Estrutura do Conteúdo A unidade I terá início com a diferenciação entre a Psicologia científica e o senso comum. Deverá ser abordado, brevemente, o que é ciência, explicitando, para o aluno, a Psicologia como ciência. Continuando a aula, será abordado o senso comum, como uma forma de conhecimento da realidade e visão de mundo. Os objetos de estudo da Psicologia deverão ser explicados, e uma breve síntese sobre os fenômenos psicológicos e sua importância para a subjetividade será colocada para o aluno. Algumas teorias da Psicologia deverão ser apresentadas aos alunos. Conteúdos: · Ciência · Psicologia Científica X Senso comum · Objetos de estudo da Psicologia · Fenômenos psicológicos e sua importância na formação da subjetividade . Psicologia aplicada ao Direito Conceitos a serem desenvolvidos: Ciência ? atividade eminentemente reflexiva, que procura compreender,elucidar e alterar o cotidiano, a partir de estudos sistemáticos. ?Compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade.? (Bock, 2002, p. 19) Psicologia científica - Desde William James e de Wundt, a psicologia se considera como disciplina científica. Diante dessa afirmação há dois questionamentos evidentes: 1) O que é psicologia? 2) O que os psicólogos entendem por ciência? Se acompanharmos a história da psicologia, perceberemos que essas duas perguntas tiveram (e ainda têm) uma infinidade de respostas, o que, muitas vezes, alimentou a crítica à pretensão científica da psicologia. O que é psicologia? Um breve olhar sobre a história da psicologia revela que essa pergunta pode ser respondida de diversas maneiras. Não cabe aqui analisar cada uma dessas respostas, o que possivelmente nos conduziria à desconfortável conclusão de que cada psicólogo pode escolher a resposta que mais lhe agradar. Finalizar a aula , apresentando os primórdios da Psicologia aplicada ao Direito , integrando este tema aos conceitos discutidos anteriormente. Aplicação Prática Teórica A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes. Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade específica do saber psicológico. Considerando -se o texto, assinale a afirmação CORRETA. (a) A identidade emergente da psicologia contemporânea supera as suas dicotomias epistemológicas, ao dialogar com outros saberes, referendando -se neles, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica; (b) A psicologia como ciência foi marcada pela tensão dos projetos de sua constituição, estabelecendo uma epistemologia única que se expressa em múltiplos métodos, que podem dialogar com outros saberes; (c) A psicologia, ao participar do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem reconstruído as fronteiras de sua identidade, pois, no contato com saberes diversos, revela sua característica: a complexidade epistemológica e metodológica; (d) O diálogo inter, multi e transdisciplinar dificultam a definição formal da psicologia como ciência, pois dissolve a identidade já bem constituída do saber psicológico, propondo uma identificação com outras formas do saber sobre o homem; (e) O psicólogo tem sido convidado a realizar diálogos que o desafiam a construir uma linguagem inter, multi e transdisciplinar, centrada no discurso epistemológico das ciências exatas, como a física quântica, e das ciências biológicas, como a genética. (ENADE/2009) 2- Assinale a afirmativa CORRETA, a respeito da concepção de homem, entendido como um ser ?sócio-histórico?, segundo Bock, Furtado & Teixeira (1999): (a) Existe um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, tem como resultado um ser específico, individual e particular; (b) As modificações biológicas hereditárias determinam o desenvolvimento sócio -histórico do homem e da humanidade; (c) A assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicamente passadas pela espécie humana; (d) O homem é primitivamente um ser isolado e não social, desenvolve gradualmente a necessidade de relacionar-se com os outros indivíduos; (e) O homem surge como ser único cujas aptidões para relacionar-se dependem das situações de vida e históricas presentes no seu dia a dia. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS- PSICÓLOGO/2004) 3- Os cientistas fazem estudos, fazem pesquisas, que levam às descobertas. As descobertas precisam ser apresentadas aos demais cientistas, e estes precisam ficar convencidos de que a descoberta é verdadeira. Novas pesquisas estão sempre sendo feitas. Uma nova pesquisa pode questionar o que se pensava antes, pode provocar polêmica, pode dar margem a várias teorias. Uma ciência é, portanto, bem mais interessante do que uma coleção de fatos, leis e fórmulas. Ela é mais parecida com uma novela de televisão, ou melhor ainda, com um romance de mistério. A ciência tem enigmas, tem suspense, tem divergências e controvérsias, pistas falsas, becos sem saída, idas e vindas, reviravoltas e revoluções. (Prof. Julio Cesar de Rose ? UFSCAR) Partindo do texto apresentado e do conhecimento adquirido nas aulas e leituras de textos complementares, explique de que forma a Psicologia se tornou uma ciência. 4- Você observou na aula que existem a Psicologia científica e a Psicologia do senso comum. Supondo que seu contato até o momento tenha sido apenas com a Psicologia do senso comum, relacione situações do cotidiano em que você e as pessoas com quem convive usem esta Psicologia. ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO NOME DA DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO CÓDIGO: CCJ0004 TÍTULO DA ATIVIDADE: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Por: Adelmo Senra Gomes(1) OBJETIVO: Compreender a importância do estudo da Psicologia para os futuros profissionais do Direito; COMPETÊNCIAS/HABILIDADES: Identificar as diferenças entre a Psicologia científica e o senso comum e alguns conceitos desta Ciência DESENVOLVIMENTO: Psicologia científica e senso comum. Objetos de estudo da Psicologia. Fenômenos psicológicos. Este ensaio tem por objetivo introduzir uma reflexão sobre a psicologia e o seu status de ciência. Contudo, para atingirmos tal objetivo, importa que, inicialmente, examinemos os principais conceitos do que se convencionou chamar ciência , bem como suas principais diferenças em relação ao senso comum. O conhecimento científico fundamenta-se sobre os seguintes pressupostos: 1 º. “A ciência é uma estrutura construída sobre fatos.” (DAVIES apud CHALMERS, 1993, p.24); 2º O processo de obtenção, justificação e transmissão do conhecimento científico orienta-se por uma rigorosa metodologia de pesquisa . Ou seja: observação, experimentação (ou outra qualquer técnica científica de pesquisa); análise lógica, crítica e meticulosa dos fatos (é comum, inclusive, o emprego de instrumentos matemáticos).(2) Enquanto o senso comum habitualmente cinge-se aos dados imediatos, ou, então, procura explicações nem sempre profundas, o conhecimento científico procura bases sólidas, justificações claras e exatas. Isso não é possível em todos os casos. A tendência do cientista, porém, é se aproximar gradativamente de fundamentos fortes para seus conhecimentos. (LUNGARZO, 1993, p.12) 3º. O conhecimento científico é sistêmico, organizado. As teorias científicas não devem ser contraditórias em si e entre si. Diferentemente, o senso comum, não preza por tal rigor, sendo, normalmente, fragmentado, desorganizado e, por vezes, até contraditório. 4º. O conhecimento científico constrói explicações gerais e não particulares ou casuísticas. Não se faz ciência de casos particulares, mas sim, do que há de regular e comum numa determinada classe de eventos. 5º. O conhecimento científico busca prognosticar futuras ocorrências dos fatos estudados. Tais prognósticos científicos têm um caráter probabilístico e não determinísticos(3). A ciência, em seu labor pelo conhecimento, desenvolve modelos explicativos (4) sobre os fatos estudados. Por serem modelos são aproximações e não a “verdade” sobre
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