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Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Unidade Acadêmica de Engenharia Mecânica Graduação em Engenharia Mecânica Disciplina: Química dos Materiais Tomo II: Metalurgia Extrativa e Siderurgia – Produção do Ferro Gusa Prof. Ricardo Cabral de Vasconcelos Conteúdo a ser abordado 1 Extração e Refino Processos de Extração e Refino MX M + X • Elevada estabilidade química dos compostos metálicos que constituem o minério (óxidos, sulfetos etc); • Necessita-se processos que apresentem menor gastos de energia do que os processos de dissociação direta; • São utilizados dois processos básicos: Objetivos da extração Métodos básicos de extração 1. Reagir o composto metálico MX com um agente redutor R, cuja afinidade química pelo radical X seja maior do que a do metal M. MX + R RX + M FeO + C Fe + CO (s) (g) (s) (g) 1000°C Métodos básicos de extração 2. Dissolver o composto metálico MX em um solvente adequado e formar uma solução eletrolítica, a qual se submete a uma eletrólise MX + R 𝑴+ + 𝑿− CuS𝑶𝟒 𝑪𝒖 ++ + 𝑺𝑶𝟒 −− Processos de extração e refino 1. Processos pirometalúrgicos; 2. Processos hidrometalúrgicos; 3. Processos eletrometalúrgicos. Processos de extração e refino 1. Processos pirometalúrgicos; 2. Processos hidrometalúrgicos; 3. Processos eletrometalúrgicos. Primeiro método Segundo método Processos pirometalúrgicos • Partem do princípio que os compostos metálicos tendem a diminuir sua estabilidade química com o aumento da temperatura; • Realizados em equipamentos denominados fornos ou reatores; • Calor é fornecido por combustão (ou outra reação nitidamente exotérmica), ou pela transformação de energia elétrica em energia térmica. Processos pirometalúrgicos 1. Redução Direta de Óxidos. 1. Processos Siderúrgicos. 2. Redução de Sulfetos por Escorificação e Conversão. 3. Redução Indireta de Óxidos por Halogenação. 4. Processos de Refino a Fogo. Processos pirometalúrgicos ➢ Escórias e fundentes estão presentes no processo devido as elevadas temperaturas envolvidas. 1. As escórias são misturas de óxidos em fusão. 2. Os fundentes ou fluxos são adicionados à escória com o objetivo básico de formar uma liga de óxidos que apresente baixas temperaturas de transformação. Processos pirometalúrgicos Escória ➢Funções da escória: 1. Proteger e isolar termicamente o banho metálico; 2. Atuar como receptor da ganga; 3. Atuar como receptor de demais impurezas no processo de refino. Processos pirometalúrgicos Escória ➢Características da escória: 1. Baixa viscosidade; 2. Baixa temperatura de fusão; 3. Baixa densidade; 4. Composição e estrutura corretas para dissolver a ganga e as impurezas do banho metálico. Processos pirometalúrgicos Fundentes 1. São adicionados com a finalidade de baixar o ponto de fusão e aumentar a fluidez da escória; 2. Os mais comuns são óxidos, carbonatos, nitratos, fluoretos e boratos; 3. Podem ser classificados como ácidos, básicos e neutros. Processos pirometalúrgicos Redução direta de óxidos • Maior parte dos metais são extraídos de minérios à base de óxidos; ✓Fe, Mn, Cr, Sn etc. • Muitos minérios à base de sulfetos são reduzidos a óxidos por ustulação antes da extração ✓Zn e Pb. • Óxidos metálicos necessitam de um agente redutor MO + R→ RO + M Processos pirometalúrgicos ➢ Agentes redutores 1 2 3 Alumínio Hidrogênio Carbono Redutor de óxidos Redutor de óxidos de baixa e média estabilidade Redutor de diversos óxidos Processos pirometalúrgicos ➢ O carbono, sob a forma de coque metalúrgico, é um material da maior importância na metalurgia extrativa, não só como principal agente redutor, mas também como combustível. – Figura 5.5. Processos pirometalúrgicos Redução de sulfetos por escorificação e conversão • Óxidos fundidos (escória) e sulfetos fundidos (mate) são imiscíveis – Baixa viscosidade (alta fluidez) e uma diferença sensível de densidade. Escorificação Conversão Processos pirometalúrgicos Redução de sulfetos por escorificação e conversão Processos pirometalúrgicos Redução de sulfetos por escorificação e conversão Escorificação – Separação do óxido e do sulfeto Processos pirometalúrgicos Conversão – Injeção de oxigênio no banho líquido do metal sulfuroso no conversor, provocando-se a reação de quebra ou redução do sulfeto, obtendo-se o metal desejado. MS + O2 → SO2 + M Redução de sulfetos por escorificação e conversão Exemplo: extração do cobre 1 a 2% de Cobre • Minério Bruto 20 a 30% de Cobre • Minério beneficiado 40 a 50% de Cobre • Escorificado 98% de Cobre • Após conversão Processos pirometalúrgicos Redução indireta de óxidos por halogenação • Utilizado quando não é possível, em termos econômicos, a redução direta devido à alta estabilidade química; ✓ Óxidos de metais refratários – elevada temperatura de fusão – (titânio, urânio, tungstênio, nióbio etc) • Utilização de um halogênio, geralmente em presença de carbono, e obter um halogeneto do metal em questão: MO + A + C→MA + C𝑶𝟐 ✓ Halogênios: Cl, F, I etc • Reduzir, com um agente redutor, o halogeneto formado: MA + R→ RA + M ✓ Metal reativo: Mg, Al etc Processos pirometalúrgicos Processos pirometalúrgicos Processos de refino a fogo Constitui-se basicamente na oxidação das impurezas, geralmente obtida por meio da sopragem do ar em meio ao banho fundido do metal extraído. Ex.: 4Cu + 𝑂2→ 2𝐶𝑢2 Processos eletrometalúrgicos São utilizados na extração e refino de metais não ferrosos toda vez que os processos pirometalúrgicos mostram-se pouco eficientes. 1. Dissolução do metal em uma cuba eletrolítica contendo um condutor iônico chamado eletrólito; 2. O metal se dissolve sob a forma de íons metálicos e é, então, submetido a um campo elétrico aplicado através de dois eletrodos imersos no eletrólito; 3. Os íons positivos são atraídos para o eletrodo negativo onde captam elétrons e se depositam sob a forma de átomos neutros. Processos eletrometalúrgicos DE ONDE VEM O ALUMÍNIO Boravê com Mari Fulfaro 🔵Manual do Mundo.mp4 Processos hidrometalúrgicos São particularmente úteis quando o metal a ser extraído é de baixo teor de metal contido. • Consiste na dissolução do minério em algum tipo de solvente. ✓ ex.: solução contendo ácido sulfúrico; Processos hidrometalúrgicos Vantagens Dispensa uso de matérias primas de alto custo Combustível Fundentes Refratários Dispensa o uso de energia elétrica Desvantagens Requer grandes tanques e unidades custosas Processos hidrometalúrgicos - etapas 1. Lixiviação – solução do minério com um solvente adequado. 1.1 Percolação – o solvente é vertido sobre o minério 1.2 Agitação – o minério é vertido no tanque com o solvente e continuamente agitado 2. Lavagem do minério lixiviado 3. Clarificação do minério lavado, por meio de alguma operação de sedimentação e/ou filtragem. 4. Precipitação (ou extração) do metal desejado a partir da solução clarificada 4.1 Eletroliticamente 4.2 Troca química CuS𝑂4 + Fe→ FeS𝑂4 + Cu Precipita da solução Baixa pureza (necessita refino) Processos Siderúrgicos Siderurgia Minérios de Ferro Principais minérios de Ferro Fórmula Química Teor Nominal Teor real Cor Magnetita 𝐹𝑒2𝑂4 72,4% 50 a 70% Cinza Hematita 𝐹𝑒2𝑂3 69,5% 45 a 68% Avermelhada Limonita 𝐹𝑒2𝑂3𝐻2𝑂 Dependente da proporção de água 20 a 50% Marrom Siderita 𝐹𝑒𝐶𝑂3 48,3% 10 a 40% Pirita 𝐹𝑒𝑆2 Sem maior interesse siderúrgico Minérios de Ferro Minérios de Ferro • Os minérios são geralmente lavados a céu aberto. Beneficiado por fragmentação, britagem, moagem e pulverização, seguida de classificação por peneiramento, concentração por separação magnética. Eventualmente passa por processo de preparação como calcinação e ustulação. Finalmente, aglomerado por pelotização e sinterização. Minérios de Ferro 5mm<Pelotas<18mm 5mm<Sinter<50mm 6mm< Minério granulado <40mm Em detalhe Fonte: Material de apresentação do Departamentode Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC – Rio de Janeiro Coque Combustível utilizado no alto-forno: 1. Coque; 2. Carvão de madeira. Carvão Coque – é o produto sólido da destilação de uma mistura de carvões realizada a em torno de 1100oC em fornos chamados coquerias através da “coqueificação”. O processo de coqueificação consiste no aquecimento do carvão mineral na ausência da ar. Carvão – Mineral – restos de matéria vegetal que se decompõe com o tempo, na presença de umidade, ausência de ar e variação de temperatura e pressão, por ação geológica, transformando–se através de milênios, progressivamente, em turfa, linhito, carvão sub– betuminoso, carvão betuminoso, semi–antracito e antracito. Coque Seqüência de operação Fonte: Material de apresentação do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC – Rio de Janeiro Coque Típica Bateria de coqueificação Coque incandescente pronto para ser descarregado Coqueria Fonte: Material de apresentação do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC – Rio de Janeiro Coque 1. O coque ou o carvão de madeira são introduzidos no alto-forno em vez do carvão de pedra ou da lenha – resistência suficiente para suportar a carga. – Temperaturas mais elevadas são atingidas(menos infamáveis). – Na coqueificação origina-se uma série de derivados de grande valor tecnológico e comercial. – No alto–forno todos os componentes voláteis formados escapariam. 2. A destilação dá origem aos produtos carbo-químicos (gases, vapores condensáveis, benzol, alcatrão, etc) que são comercializados pelas siderúrgicas. O gás de coqueria é um importante insumo para a própria usina. 3. Principais produtos obtidos a partir da destilação do carvão mineral – Figura 3. Coque Coque O Papel do Coque no Alto Forno – Fornecer o calor necessário às necessidades térmicas do processo ou seja – fornecedor de carbono para a combustão; – Produzir e "regenerar" os gases redutores – Fornecedor de carbono para a redução do óxido de ferro; – Carburar o ferro gusa – fornecedor de carbono como principal elemento de liga do ferro gusa; – Fornecer o meio permeável nas regiões inferiores do forno onde o restante da carga está fundida ou em fusão. Alto Forno Fonte: Material de apresentação do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC – Rio de Janeiro Alto Forno Sistema de Carregamento Limpeza Gasosa Recuperador de Calor Redução em alto-forno • Agente redutor: carbono • Local no qual ocorre a redução: alto-forno ➢Carga sólida: ✓Minério de Ferro; ✓Fundente; ✓Coque oCarbono-redutor oCarbono-combustível Redução em alto-forno • Resultado das reações que ocorrem no alto- forno 1. Ferro gusa; ✓3,5 a 4,5% de Carbono; ✓0,4% de Silício; ✓0,3% de Manganês; ✓0,1% de Fósforo; ✓0,03% de Enxofre. 2. Escória (𝑆𝑖𝑂2 − 𝐶𝑎𝑂 − 𝐴𝑙2𝑂3); 3. Gases (CO - C𝑂2 − 𝑁2); 4. Poeira. Redução em alto-forno Para cada tonelada de ferro gusa produzida, são usadas cerca de: • 2 toneladas de minério; • 0,5 toneladas de calcário; • 1 toneladas de coque; • 4 toneladas de ar E, como subprodutos, cerca de • 0,5 toneladas de escória; • 6 toneladas de gás. Fonte: Material de apresentação do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC – Rio de Janeiro Redução em alto-forno Fonte: Material de apresentação do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC – Rio de Janeiro Redução em alto-forno Técnicas para aumentar a produção do alto-forno: 1. Elevação da temperatura do ar soprado e controle de sua umidade; 2. Injeção de combustível através das ventaneiras; 3. Adição de oxigênio no ar; 4. Operação a alta pressão. Funcionamento de um Alto forno.mp4 Referências Bibliográficas Referências bibliográficas básicas 1. FILHO, Maurício Prates de Campos. Introdução à Metalurgia Extrativa e Siderurgia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; Campinas: Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP, 1981. 2. CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica – v.3 Materiais de Construção Mecânica. 2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. 3. Luiz Antônio Araújo - Siderurgia - Editorial Lema Ltda, 1967. 4. Aula apresentada por Mathews Lima dos Santos no seu Estágio Docência na disciplina Química dos Materiais lecionada pelo Prof. Ricardo Cabral de Vasconcelos 5. Callister Jr., W. D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002. 6. CALLISTER, WILLIAM D.; RETHWISCH, DAVID G. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2016. 7. Material de apresentação do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia – PUC, Rio Referências