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metida à regulamentação da jornada de trabalho, é a segurança normal quanto ao resultado, isto é, a produção de determinado quantum de mercadoria ou de um efeito útil tencionado em certo espaço de tempo. As pausas legais na jornada de trabalho regulamentada pressupõem, além disso, paradas súbitas e periódicas do trabalho sem prejuízo para o objeto que se encontra em processo de produção. Essa segurança quanto ao resultado e a possibilidade de interrupção do trabalho são, naturalmente, alcançáveis com maior facilidade em atividades pura- mente mecânicas do que naquelas em que processos químicos e físicos são importantes, como na cerâmica, no branqueamento, na tinturaria, na panificação, na maioria das manufaturas de metal. Com a prática da jornada de trabalho ilimitada, do trabalho noturno e da livre de- vastação de seres humanos, toda dificuldade naturalmente desenvol- vida é logo considerada uma eterna “barreira natural” à produção. Nenhum veneno elimina de modo mais seguro animais daninhos do que a lei fabril tais “barreiras naturais”. Ninguém gritou mais alto sobre “impossibilidades” do que os donos das cerâmicas. Em 1864 foi- lhes imposta a lei fabril e, 16 meses depois, todas as impossibilidades já tinham desaparecido. Devido à lei fabril, surgiu um “método aperfeiçoado de produzir massa de revestimento (slip) por pressão e não por evaporação, a nova construção dos fornos para secagem do artigo não-queimado etc., acontecimentos de grande importância na arte da cerâmica e que marcam um pro- gresso que o século anterior não pôde exibir. (...) Reduziu consi- deravelmente a temperatura dos fornos, com considerável econo- mia no consumo de carvão e ação mais rápida sobre o produto”.261 Apesar de todas as profecias, não subiu o preço de custo dos artigos de cerâmica, mas sim a massa dos produtos, de modo que a exportação dos 12 meses, de dezembro de 1864 a dezembro de 1865, resultou num excedente de valor de 138 628 libras esterlinas acima da média dos três anos anteriores. Na fabricação de fósforos, era con- siderada lei natural que jovens, mesmo enquanto engoliam sua refeição do meio-dia, molhassem os palitos num composto químico de fósforo aquecido, cujo vapor venenoso lhes subia ao rosto. Com a necessidade de economizar tempo, a lei fabril forçou a criação (1864) de uma dipping machine (máquina de imersão), cujos vapores não podem atingir o tra- balhador.262 Assim, nos ramos da manufatura de rendas ainda não sujeitos à lei fabril, sustenta-se agora que os intervalos das refeições não podem ser regulares por causa dos tempos diferentes que diferentes MARX 105 261 Rep. Insp. of Fact, 31st Oct. 1865. pp. 96 e 127. 262 A introdução dessa e de outras máquinas na fábrica de fósforos substituiu num departamento 230 pessoas jovens por 32 rapazes e moças de 14 a 17 anos de idade. Essa economia de trabalhadores foi levada avante, em 1865, com a utilização do vapor.
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