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Rúmen; Retículo; Omaso; Abomaso. O estômago dos ruminantes domésticos é composto por quatro câmaras: O rúmen, o retículo e o omaso costumam ser referidos coletivamente como proventrículos (proventriculus), os quais possuem uma mucosa aglandular e são responsáveis pela destruição enzimática dos carboidratos complexos, especialmente a celulose, a qual constitui uma grande parte da dieta regular de ruminantes, e a produção de ácidos graxos de cadeia curta (propionato, butirato e acetato) com auxílio de micróbios. A última câmara, o abomaso, possui uma mucosa glandular e é comparável ao estômago unicavitário dos outros mamíferos domésticos. Uma descrição mais detalhada do funcionamento das diferentes câmaras pode ser encontrada em obras de veterinária sobre fisiologia e nutrição. Todas as quatro câmaras se derivam de uma construção gástrica fusiforme durante o desenvolvimento embrionário sem a contribuição do esôfago, o que já havia sido proposto antiga mente devido ao revestimento aglandular dos proventrículos. O estômago volumoso domina a topografia abdominal dos ruminantes ao ocupar quase a totalidade da metade esquerda do abdome e uma parte significativa da metade direita. O rúmen situa-se na metade esquerda do abdome, o retículo na parte cranial e o omaso, na metade direita. Estômago pluricavitário Keilla Sandrele - Medicina Veterinária Representação esquemática, vista lateral esquerda Keilla Sandrele - Medicina Veterinária Representação esquemática, vista lateral direita Interior do rúmen do bovino, representação esquemática, vista esquerda O rúmen e o retículo estão tão intimamente relacionados quanto à estrutura e função que eles também são chamados de compartimento ruminorreticular. A divisão dos dois é marcada por uma inflexão da parede, a qual se projeta internamente, a prega ruminorreticular (plica ruminoreticularis). Keilla Sandrele - Medicina Veterinária A mucosa aglandular do rúmen consiste superficialmente de epitélio escamoso estratificado e forma papilas, o que confere à mucosa do rúmen sua aparência característica. As papilas ruminais são formações de tecido mole da lâmina própria e da submucosa e se acredita que elas aumentem em sete vezes a área da superfície epitelial, o que é importante para a reabsorção dos ácidos graxos voláteis produzidos por fermentação microbial, e para a reabsorção de água, das vitaminas K e B. Essa função é facilitada por um plexo vascular subepitelial bastante farto. As papilas ruminais não são desenvolvidas no centro do teto nem nas margens livres dos pilares. Papilas individuais apresentam uma grande variação quanto a forma e tamanho: elas variam desde baixas elevações arredondadas até folhas achatadas, passando por formas cônicas e em formato de língua. O grau de saliência, a forma e a densidade dependem da dieta imposta ao animal. Aumentar a quantidade de alimentos ásperos resulta em encurtamento das papilas, enquanto aumentar o teor energético faz com que as papilas se tornem mais longas, como se observa em vacas durante lactação. Mecanismos adaptativos semelhantes também são observados em ruminantes selvagens, nos quais a proliferação e a regressão das papilas dependem da estação do ano (inverno em oposição a verão, época de chuvas em oposição a seca). Mucosa do Rúmen Papilas ruminais de um bovino (vista dorsal). Keilla Sandrele - Medicina Veterinária Papilas ruminais de um bovino (vista dorsal). Papilas ruminais de um bovino (vista lateral). Keilla Sandrele - Medicina Veterinária O retículo esférico é muito menor que o rúmen e se situa imediatamente cranial a este último em contato com a face caudal do diafragma. A mucosa reticular é aglandular e revestida com um epitélio estratificado, semelhante ao da mucosa do rúmen. Ela apresenta um padrão de fava característico formado por cristas (crista reticuli) que delineiam células de 4, 5 e 6 lados (cellulae reticuli). Essas cristas e os assoalhos celulares entre elas apresentam papilas curtas. A sequência regular das contrações ruminorreticulares mescla e redistribui o conteúdo do estômago e desempenha uma função importante na regurgitação do alimento para remastigação. Mucosa do Retículo Mucosa do Omaso O omaso se situa dentro da parte intratorácica do abdome à direita do compartimento ruminorreticular. Ele tem o formato de uma esfera achatada bilateralmente no bovino e forma de feijão no caprino e no ovino. O omaso se comunica com o retículo pelo óstio reticulomasal (ostium reticulo-omasicum) e com o abomaso pelo amplo óstio omasoabomasal oval. O interior é ocupado por uma profusão de lâminas paralelas (laminae omasi) que emergem do teto e dos lados e se projetam para o assoalho, deixando espaço para o canal omasal, cujo assoalho é o sulco omasal. As lâminas em forma de meia-lua possuem comprimentos e tamanhos diferentes e dividem o lúmen em uma série de recessos estreitos As lâminas são camadas musculares delgadas cobertas com uma mucosa aglandular, a qual forma papilas curtas. As contrações do omaso são bifásicas. A sequência regular das contrações ruminorreticulares mescla e redistribui o conteúdo do estômago e desempenha uma função importante na regurgitação do alimento para remastigação. Interior do retículo bovino. Keilla Sandrele - Medicina Veterinária A primeira fase pressiona o alimento do canal omasal para os recessos omasais, onde ocorre a reabsorção de água. A segunda fase descarrega os conteúdos desidratados dos recessos omasais para o abomaso. Mucosa do Abomaso O abomaso corresponde ao estômago unicavitário dos outros mamíferos domésticos e, de forma análoga, pode ser dividido em fundo gástrico, corpo gástrico e piloro. Ele apresenta uma curvatura maior voltada para a direção ventral e uma curvatura menor voltada para a direção dorsal. O abomaso é revestido por uma mucosa glandular que contém as glândulas gástricas próprias e as glândulas pilóricas. Durante o período de amamentação o bovino produz renina, essencial para a digestão do leite. A área da face mucosa se expande com a presença de pregas (plicae spirales), as quais apresentam orientação espiral e não desaparecem quando o estômago se distende. Interior do omaso bovino. Keilla Sandrele - Medicina Veterinária A posição e a relação do abomaso apresentam grande variação e dependem do grau de preenchimento dos proventrículos e de suas atividades. A idade e a gestação são outros fatores que influenciam sua topografia, embora existam limites para variações normais além das quais as anormalidades produzem perturbações digestivas e podem colocar a vida em risco. O deslocamento abomasal, seja para a esquerda ou para a direita, é um distúrbio reconhecido, especialmente em vacas leiteiras. Interior do abomaso ovino com rúmen, omaso e retículo adjacentes.
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