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A Comunicação não Verbal no estudo de psicopatologia: alguns transtornos.

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COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL & TRANSTORNOS MENTAIS
Há consenso de que o comportamento não verbal (CNV), verificado por meio da mímica da face, do olhar, dos movimentos da boca, da postura, do gestual, da qualidade e do tom da voz, do modo de andar e se mexer e até de se vestir e utilizar adereços, informa muito sobre a personalidade e o estado mental das pessoas (Knapp; Hall, 1999). Foi Charles Darwin que produziu uma das primeiras e mais originais obras científicas sobre a expressão não verbal das emoções nos homens e nos animais (Darwin, 2009. Ver texto histórico, no original em inglês). Nela, além de descrição detalhada da CNV em diferentes povos e em animais, expressão de distintos estados emocionais, é apresentada a tese relacionando a evolução humana com a evolução da expressividade gestual nas diferentes espécies. De modo geral, para a interação e comunicação humana, as funções básicas do comportamento não verbal são: 1) expressar emoções; 2) apresentar a própria personalidade ao outro 3) acompanhar a fala com a finalidade de controlar a alternância entre os interlocutores, monitorar o tema da conversa e a atenção dos participantes e 4) transmitir sinais relacionados às atitudes interpessoais, como afeto/desafeto, dominação/submissão, confiança/desconfiança, ternura/hostilidade, etc. A CNV se baseia mais em respostas automáticas e reflexas, sendo menos dependente do que a comunicação verbal de habilidades cognitivas adquiridas. Também, por estar sob menor controle intencional, a CNV é considerada um sistema comunicacional mais espontâneo e sincero que o verbal. A CNV em psicopatologia se refere principalmente a aspectos emocionais, volitivos e sociointerativos do comportamento humano. Nesse campo, têm sido estudados com maior ênfase aspectos como: 1) expressão emocional, que é a capacidade de expressar diferentes estados emocionais por meio de mímica, gestos, postura, tom de voz, etc.; 2) sensibilidade aos sinais não verbais, que diz respeito à capacidade de perceber nos outros e decodificar principalmente estados emocionais emitidos por vias não verbais e 3) controle e monitoração de estados emocionais, que significa a capacidade de controlar estados emocionais percebidos e emitidos por CNV. Abaixo, serão listados alguns exemplos de comunicação não verbal em diferentes condições psicológicas: 
Depressão: Nos quadros depressivos, sobretudo de intensidade moderada ou grave, há, de modo geral, uma redução da expressividade afetiva. O contato ocular com as outras pessoas é diminuído; o paciente gravemente deprimido tende a não olhar ou a evitar a face e os olhos do interlocutor. O olhar pode dirigir-se para baixo, e há redução global das interações sociais. A face, como um todo, revela emoções tristes, melancólicas ou simplesmente apáticas. Em alguns casos, por contração excessiva de alguns músculos da testa (sobretudo do músculo corrugador), músculos que Darwin sagazmente chamou de grief-muscles (“músculos do pesar”), ao descrever detalhadamente a expressão não verbal da melancolia, há o enrugamento da pele sobre o nariz e entre as sobrancelhas, que se contrai e se curva em direção ao centro da testa, produzindo dobras no andar superior da face que parecem “desenhar” a letra ômega do alfabeto grego (Ω). Pode haver uma diminuição global dos gestos e movimentos da cabeça, das mãos e do corpo em geral. A voz produzida é com frequência baixa e/ou monótona, com pouca expressividade e, em alguns quadros extremos, de difícil compreensão. Alterações posturais (desalinhamento postural), que corroboram o aspecto corcunda, cabisbaixo, do indivíduo deprimido.
 	Ansiedade: Nos quadros ansiosos, há, muitas vezes, uma expressão facial tensa, preocupada ou amedrontada. A tensão muscular costuma comprometer todo o corpo, mas pode ser mais intensa nos músculos cervicais do pescoço e na musculatura da face. Pode haver, sobretudo nos quadros de ansiedade aguda e/ou crises de pânico, descarga importante do sistema nervoso autônomo; Na descarga simpática, há a clássica reação de lutar ou fugir que é reação de alarme do organismo (situações agudas de ameaça intensa, medo arrebatador), com manifestações físicas como vasoconstrição cutânea e consequente palidez da face e midríase (dilatação das pupilas), podendo haver ereção dos pelos, assim como aumento do ritmo cardíaco. Nas mãos e nos pés, pode ocorrer suor frio, assim como tremores das extremidades e o indivíduo pode sentir sua respiração como dificultosa e incômoda, a voz pode ficar tensa, hesitante, projetando-se, às vezes, com dificuldade, o que pode tornar sua compreensão difícil.
 	Esquizofrenia: No estado agudo em quadros paranoides, podem ser observados gestos e movimentos faciais que indicam um estado intenso de medo e desconfiança, relacionados às vivências paranoides como delírio de perseguição e vozes ameaçadoras desorganização mental e comportamental intensa, que se expressa nos gestos e movimentos do paciente que indicam desorganização, inclusive, às vezes, em atos básicos da vida, como alimentação, banho, caminhada etc. Em casos crônicos observa-se com frequência uma diminuição da expressão afetiva, na face e no corpo como um todo, que pode ir de uma leve indiferença afetiva até embotamento dos afetos, podendo chegar a um completo achatamento das expressões afetivas. Pacientes com esquizofrenia expressam de forma deficitária emoções tanto negativas como positivas. Assim, há uma tendência a diminuição dos gestos e redução ou imobilidade na expressão facial. Podem apresentar estereotipias faciais com caretas, piscamento amplo dos olhos e movimentos bucais, que podem ocorrer por discinesia tardia provocada por antipsicóticos de primeira geração ou pelo próprio adoecimento cerebral relacionado à esquizofrenia (Perez; Riggio, 2003).
Bibliografia
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 3. ed. [S.l.]: Artmed, 2019.

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