Buscar

Filósofos Gregos no Direito

Prévia do material em texto

SÓCRATES (470 – 399 A.C.) 
→não deixou registros, apenas discípulos; 
→conhecido como parteiro de ideias; 
→levava o indivíduo a negar aquilo que 
afirmava. 
MÉTODO SOCRÁTICO 
→consistia em ironia e maiêutica 
● ironia: visa eliminar a doxa (opinião), 
assim ficava perguntando para que as 
pessoas entrassem em contradição , com 
a finalidade de que reconhecessem que 
não tinha conhecimento sobre o assunto 
tratado; 
→opinião não é conhecimento; 
→ortodoxo é aquele que toma sua 
opinião como única e não aceita discutir; 
→“Só sei que nada sei”; 
● maiêutica: visa a epsteme 
(conhecimento, ciência) através da 
dialética. Entendida como o parto de 
ideias. 
→espsteme – o conhecimento não é algo 
que se ensina, se transmite. O único que 
pode chegar ao conhecimento é o 
próprio indivíduo, raciocinando. 
 
 
 
 
 
 
JULGAMENTO DE SÓCRATES: 
● com a utilização de seu método, criou 
muitas inimizades. Acabou por ser, pela 
acusação de não reconhecer os deuses 
do Estado, ao introduzir novas divindades 
e corromper a juventude. 
● após um julgamento conturbado restou-
lhe com duas opções, ou a pena de 
morte, ou ser alimentado no Pritaneu, 
enquanto fosse vivo, como herói ou 
benemérito da cidade. 
● vendo-se entre a morte e as 
impossíveis recompensas, para não abrir 
mão de sua própria consciência, Sócrates 
optara pela morte. 
● conflito entre a justiça e a segurança 
jurídica, respeito às leis positivas. 
● obediência às leis é a condição 
necessária, mas não suficiente para 
realizar a justiça (ideia do bem), dizia que 
“era a única possibilidade de fazer justiça, 
pois não se faz justiça com as próprias 
mãos, pois ao desrespeitar já esta se 
cometendo uma injustiça”. 
 
 
 
 
 
 
PLATÃO (429 – 347 A.C.) 
● discípulo de Sócrates; 
● foi quem escreveu tudo o que 
conhecemos sobre a filosofia de 
Sócrates.; 
REAÇÃO CONTRA O RELATIVISMO 
SOFISTA: 
● cada objeto seria único, singular, por 
exemplo, duas cadeiras diferentes teriam 
teorias diferentes, com uma teoria para 
cada cadeira, mesmo que só mudasse a 
cor, o que contradiz a experiência. Dessa 
forma, para se fazer uma teoria, precisa-
se de um método. 
PROBLEMATIZAÇÃO DO 
CONHECIMENTO: 
● não pode confundi-lo, como faziam os 
pré-socráticos. 
→conhecimentos sensíveis: apreendidos 
através dos sentidos, conhecimentos do 
individual, particular, empírico. É relativo, 
pois depende de quem faz a experiência, 
o que pode variar que indivíduo para 
indivíduo. 
→conhecimentos inteligíveis: apreendidos 
através do intelecto, conhecimento das 
Ideias (eidos). Racional, por exemplo, 
conhecimentos matemáticos, buscando as 
essências, o eidos. 
● caso só tivéssemos o conhecimento 
sensível, cada conhecimento seria único e 
singular. 
● o que os conhecimentos inteligíveis 
conhecem são os eidos, no sentido de 
essência, de arquétipo ideal perfeito de 
qualquer coisa. Por ex., o arquétipo cadeira 
só é alcançado pela via inteligível, o eidos, 
do que é cadeira, é aquilo que faz com 
que entendamos que todas as outras 
variações de cadeiras pertençam ao 
gênero cadeira. 
obs.: então, grande parte da confusão 
feita pelos pré-socráticos, dava-se pela 
confusão desses dois principais tipos de 
conhecimento. 
MITO DA CAVERNA (A República, livro III): 
● principal escrito de Platão em que 
procura de forma metafórica explicar , 
hierarquicamente, os graus do 
conhecimento, para ele existe um modo 
de conhecer, de saber , que é o mais 
adequado para se pensar em um 
governante capaz de fazer política com 
sabedoria e justiça. O conhecimento é 
para Platão , o elemento essencial p/ um 
bom governante – A busca pela verdade. 
● na alegoria, à parte sensível são as 
sombras, e a vida inteligível é o sujeito 
que consegue se soltar e ao ver a luz 
fica cego por um momento, perdendo o 
senso de realidade, que é dado pela 
sensibilidade, mas mesmo assim ele se 
arrisca a ir para fora da caverna, e pela 
sua razão, pela via inteligível conhece a 
verdade, deixando de lado a aparência, 
buscando a essência. 
 
 
 
A REPÚBLICA: 
● principal livro de Platão; 
● trata de um projeto de como deveria 
ser uma sociedade justa e perfeita; 
● o nome República é uma adaptação 
feita pelos Romanos do que 
anteriormente era Dipoliteia perité tes 
dikes, que significava estudo da polis sob 
a justiça; 
● Platão defendia que uma sociedade justa 
era uma sociedade estratificada em três 
classes: 
→filósofos – razão – direção; 
→guerreiros – força, coragem, defesa, 
ordem; 
→trabalhadores – sensibilidade, nutrição, 
economia. 
● os filósofos seriam os responsáveis pela 
direção, pelo governo, pela elaboração 
das leis, representariam simbolicamente a 
razão, a cabeça. 
● desse modo, os filósofos não se 
deixariam enganar pelas aparências, pois 
teriam a via inteligível do conhecimento 
mais desenvolvida, por isso conseguem, 
mesmo desconfiando das aparências, 
enxergar a ideia do bem, do eidos, o que 
faria com que estivessem mais aptos a 
elaborar boas leis. 
● os guerreiros representariam a força, 
coragem deste Estado e cuidariam da 
defesa e da ordem que mantém a 
organização interna, como o corpo. 
● os trabalhadores seriam responsáveis 
pela produção de matérias, bens, 
alimentos, riquezas, comércio, 
construções, funcionando como a base. 
CONCEPÇÃO ORGÂNICA DE JUSTIÇA: 
● não tinha igualdade, nem liberdade – 
Arete; 
● sendo assim, para Platão a Justiça seria 
o equilíbrio dessa sociedade, o equilíbrio 
entre as partes. Os indivíduos para ele 
seriam como células de um corpo e 
quando uma não realiza sua função 
prejudica o corpo, com isso seria 
necessário elimina-la (eugenia – busca o 
melhoramento da raça); 
● a justiça não começa com os indivíduos, 
porém acaba chegando neles. 
FORMAS DE GOVERNO (República, livro 
VIII): 
● segundo Platão, qualquer sociedade se 
enquadra em uma dessas formas, 
descrevendo como uma sociedade pode 
sair da melhor forma (Aristocracia) e 
chegar na pior (Tirania). 
→aristocracia: governo dos excelentes, 
busca do pleno bem; 
→timocracia: governo dos melhores, mas 
que foram corrompidos pela paixão; 
→oligarquia: governo de poucos (ou de 
um grupo), dos que governam pelo 
interesse próprio, o que faz com que o 
interesse do resto seja excluído e o 
extremo da exclusão são os mendigos, e 
segundo ele, ter mendigos nas ruas de 
uma cidade é sinônimo de que a 
sociedade esta doente. Em sua história, 
por exemplo, diz que podiam ser os filhos 
dos timocratas, mas não é porque não 
filhos que vão ter as mesmas aptidões. 
Trazendo a visão de Platão para a 
atualidade, o Brasil seria considerado uma 
Oligarquia; 
→democracia: quando os que foram 
excluídos da oligarquia tomam o poder, 
por meio de um golpe de estado. É a 
forma de máxima liberdade, só que para 
isto fica muito próximo da máxima 
escravidão (tirania). Platão não gosta de 
Democracia, pois mataram Sócrates em 
uma democracia direta, sem motivos 
concretos. Para ele é uma forma de 
governo instável, onde todos podem 
decidir, não só aqueles que tem aptidão, 
o que pode levar à uma guerra civil, pois 
é de fácil manipulação pela retórica. 
→tirania: sujeito que tira a sociedade de 
uma guerra civil tem a ele delegado 
plenos poderes e quando querem o tirar 
o poder, mesmo quando realizou seu 
objetivo, como ele tem plenos poderes 
não vai querer devolver e se necessário 
usara os poderes que tem para impedir 
que isso ocorra. Dando assim a máxima 
forma de escravidão e perseguição aos 
críticos. 
●“As Leis” – ultimo livro de Platão onde 
ele escreve e depois reformula vários 
conceitos da República, amenizando-os, 
por exemplo, a aristocracia será mesclada 
com a democracia, mas ainda prevalece, 
e afirma ainda que a lei esta acima de 
tudo. 
ARISTÓTELES (384-322 A.C.) 
● vai criticar, romper, com o dualismo de 
Platão que sugere a existênciade dois 
planos. 
● traz as ideias platônicas para a imanência 
do mundo: 
→Hilemorfismo – que segundo Aristóteles, 
é todo ser composto de forma e matéria, 
tudo aquilo que é sensível a matéria, o 
que se pode toca, experimentar, 
perceber, e pela intelecção é possível 
chegar a uma forma (Hile = matéria; 
mofismo = formas); 
→Teleologia – estudo dos fins (teleos = 
finalidades). Na concepção de Aristóteles, 
o universo é teleológico, ou seja, tudo o 
que existe tem uma finalidade, e é 
justamente este fim que determina como 
as coisas são, sendo assim, tem-se a 
relação entre forma e matéria, pois a 
forma que a matéria terá determina o 
que ela será. 
● por exemplo, para Aristóteles, a 
finalidade do homem é a felicidade. 
→Ato/ Potência – Aristóteles buscava 
explicar o movimento e a modificação 
das coisas com esta ideia, como por 
exemplo, o conhecimento. Então para ele, 
uma coisa está em ato ou potência, por 
exemplo, uma semente é arvore em 
potencial, ela tem a finalidade de ser uma 
arvore, e se ela se torna uma arvore, ela 
se atualiza, e do ponto de vista de um 
marceneiro ela passa a ser uma mesa em 
potencial. Dessa forma, pode-se dizer que 
o que é vivo é morto em potencial. 
● aqui imanência aquela que esta 
compreendida na própria essência do 
todo, é aquilo que é acessível, o contrário 
de imanência é a transcendência. 
● o homem só se desenvolve 
(racionalmente) se vive em sociedade 
política, caso contrário vai ter só 
potencialidade, mas se não tiver as 
condições não desenvolverá sua alma 
racional, o que é completamente 
diferente do pensamento cristão, que o 
homem não se contaminaria pelo pecado 
original, quando isolado da sociedade, 
portanto falaria a língua de Deus. 
● conhecimento é a reação entre as 
formas, onde se considera a matéria 
separada das formas, e só a alma racional 
pode fazer isso. 
ÉTICA E NICÔMACO: 
● importante obra de Aristóteles, onde o 
livro V é um dos mais importantes. 
● o homem só existe dentro da Polis, 
‘zoon politikon’ é a organização a partir 
das leis. Afirma que a Polis é 
ontologicamente anterior à própria 
existência do homem, que só se 
desenvolve em meio político. 
● para Aristóteles a felicidade não é o 
estado de felicidade, o sentimento, e sim 
a ação, a atividade através da qual o 
homem realiza plenamente as suas 
aptidões, a prática de virtudes. 
● as virtudes aqui são sempre o meio 
termo, a moderação (sophorosýse), 
assim, tanto se exceder quanto se abster 
em algo é um vício,. Assim, a virtude é o 
equilíbrio, dessa forma pode-se dizer que 
a justiça, para Aristóteles, é o equilíbrio. 
● as virtudes são divididas entre: 
→Dianoéticas – as que são mais teóricas, 
racionais como arte, ciência, sabedoria, 
intelectos e prudência (phróneses). 
● prudência que para ele é a capacidade 
de moderação intelectual de distinguir o 
certo, errado, justo e injusto, é a 
existência de que nos organizemos em 
sociedade. 
→Éticas – as que vem do étos (caráter 
que é conseguido através do hábito, por 
exemplo, escovar os dentes, que se 
desenvolve com a repetição): 
temperança – moderação entre dor e 
prazer, experiência – arte da moderação; 
fortaleza ou coragem – moderação entre 
coragem e covardia; 
generosidade – moderação entre ser 
avarento e pródigo; 
justiça – moderação do justo. 
● a norma do ponto de vista da virtude é 
aquela que regula uma conduta, e para 
Aristóteles, é justa quando leva a prática 
da moderação, leva a ter caráter, ou seja, 
ter temperança, fortaleza, generosidade e 
justiça, e as leis tem papel fundamental 
nisso, pois elas regulam o cidadão. Leis 
boas dão forma ao caráter do indivíduo e 
as ruins o deformam. 
MODOS DE APLICAÇÃO DA JUSTIÇA: 
→distributiva: “a cada um segundo seu 
mérito”. O critério para determinar o 
mérito varia. Numa aristocracia é a 
excelência, numa politéia é a liberdade, 
numa oligarquia é a riqueza ou berço, 
dessa forma, pode-se concluir que é 
distribuída do Estado para os indivíduos, 
considerando o mérito de cada um. 
(Proporção geométrica, por exemplo, a 
pratica de um crime x fará com que o 
sujeito receba a pena de 2x para 
desestimulá-lo de cometer crimes, o 
mesmo acontece com as boas ações dos 
indivíduos, então se fez uma boa ação é 
premiado). 
→corretiva (comutativas, signalagmáticas): 
“que cada um dê ou receba o que a 
parte contrária deve dar ou receber”. 
Relação de coordenação, equilíbrio dos 
indivíduos: 
voluntária – a relação elaborado a lei 
naquele caso ocorre sem problemas e 
por livre vontade. 
involuntária – é quando há um 
desequilíbrio, um abuso, o Estado equilibra 
pela força que tem. (Proporção 
aritmética). 
→equidade (epieikeia) para ele significa 
bom senso como instrumento jurídico. A 
norma é geral e o caso concreto, assim, 
o bom senso para usar e adequar a 
norma, ou seja, adaptar a lei ao caso 
concreto. Então para o juiz decidir com 
equidade, ele teria que imaginar como o 
legislador teria 
FORMAS DE GOVERNO (Política, livro III, 
cap. VIII): 
● formas boas: Monarquia, Aristocracia e 
“Politéia” (constituição) 
● formas corrompidas: Tirania, Oligarquia e 
Democracia. 
→monarquia é bom desde que o 
monarca governe visando o interesse 
público, o problema é que ele pode se 
corromper e o governo virar uma 
Tirania, governando e visando os próprios 
interesses. 
→aristocracia é o governo da excelência, 
dos melhores público, quando visão o 
interesse público vira uma Oligarquia. 
→politéia é a forma de governo popular, 
ou seja, os próprios cidadãos que 
governariam, quando isso se corrompe 
vira uma Democracia, não visando o 
interesse público, pois as pessoas podem 
ser manipuladas e vir a acontecer algo 
que não é certo, como, por exemplo, a 
morte de Sócrates. 
● Aristóteles é o primeiro a esboçar a 
separação dos “poderes” – no sentido de 
funções (Política, livro VI, capítulo XI): 
→Assembleia Popular: elaboração das leis 
(legislativo hoje); 
→ Magistratura administrativa – escolhem-
se os competentes, aptos para 
administrar (executivo hoje); 
 
→Magistratura jurídica – conselho dos 
anciãos, mais experientes, visando dirimir 
conflitos (judiciário hoje). 
(Magistratura como sendo cargo político) 
JUSTIÇA POLÍTICA: 
● natural – tendências universais variáveis 
à todos os seres humanos, porém 
sofrem influencias culturais podendo 
sofrer modificações, portanto não são 
imutáveis como as leis da natureza. 
● convencional – normas baseadas na 
pura convenção para dar bases à ordem, 
por exemplo, dirigir no Brasil e na 
Inglaterra. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
● JÚNIOR, Alfredo de Aguiar L.; 
NASSYRIOS, Gabriela G.; ROSSA, Pedro 
Paulo V.; SALHAB, Thaís S.; SANTOS, 
Thaís Helena N. dos. Sócrates, Platão e 
Aristóteles na visão da Filosofia do Direito. 
Disponível em: 
<https://gabinassyrios.jusbrasil.com.br/notici
as/325430427/socrates-platao-e-
aristoteles-na-visao-da-filosofia-do-direito>.

Mais conteúdos dessa disciplina