Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
4° período Medicina Farmacologia Terapia da Psicose e Mania Agentes Antipsicóticos • Os Agentes Antipsicóticos podem ser úteis na redução de sintomas psicóticos presentes em um grande número de condições, como esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão psicótica, psicoses senis, psicoses orgânicas e até mesmo psicoses provenientes do uso de substâncias. • Além disso, fármacos antipsicóticos possuem utilidade em distúrbios do humor e do sono, embora dificilmente sejam considerados primeira escolha nesses casos. • Neuroléptico: um neuroléptico é um subtipo de agente antipsicótico e que, caracteristicamente, provoca elevada incidência de efeitos extrapiramidais em doses efetivas. • Já os fármacos antipsicóticos atípicos apresentam uma dissociação entre efeito psicótico e efeitos piramidais. Dessa forma, vem substituindo cada vez mais os fármacos antipsicóticos típicos. Psicose e Esquizofrenia • O termo “Psicose” denota uma variedade de transtornos mentais, sendo a esquizofrenia um deles. • Tais transtornos podem incluir a presença de delírios, de alucinações, além de pensamento desorganizado com preservação do sensório. • A Esquizofrenia é, de fato, um tipo particular de psicose, marcado por transtorno acentuado do pensamento com preservação de sensório claro. No entanto, deve- se ressaltar que a psicose não é exclusiva da Esquizofrenia. Antipsicóticos Típicos • Derivados da Fenotiazida • Três subfamílias de Fenotiazidas foram, no passado, os antipsicóticos mais usados. • Os derivados alifáticos (como a Clorpromazina) e da Piperidina (como a tioridazina) são os menos potentes e os que produzem mais sedação e ganho de peso. • Já derivados da Piperazina são mais potentes e mais seletivos nos efeitos farmacológicos. • Derivados da Butirofenona • O fármaco mais usado pertencente a esse grupo é o Haloperidol. • O Haloperidol, o qual é um fármaco amplamente utilizado pertente a esse grupo, embora apresente associação com uma elevada incidência de efeitos extrapiramidais quando comparado aos antipsicóticos atípicos. • Em relação às Fenotiazidas, as Butirofenonas são caracteristicamente mais potentes e, em geral, estão associadas a menor taxa de efeitos autônomos. No entanto, apresentam maiores efeitos extrapiramidais. • Outros • Há, ainda, outros antipsicóticos típicos, como derivados do Tioxanteno (por exemplo, o Tiotixeno) além de fármacos como Pimozida e Molindona. Em geral, não há diferença significativa entre esses fármacos antipsicóticos típicos mais recentes e os mais antigos quando se leva em consideração a eficácia dos mesmos. Antipsicóticos Atípicos • Ex: Clozapina, Asenapina, Olanzapina, Quetiapina, Paliperidona, Risperidona, Sertindol, Ziprasidona, Zotepina e Aripiprazol. • De forma geral, na maioria dos casos, atuam como agonistas parciais no receptor 5-HT1A, produzindo efeitos sinérgicos com antagonismo dos receptores 5- HT2A. Efeitos dos Antipsicóticos • Efeitos Psicológicos • Muitos antipsicóticos produzem efeitos subjetivos desagradáveis em pacientes não psicóticos. • Além disso, podem produzir acatisia, sonolência, inquietação e efeitos autônomos. • Observa-se que o consumo de fármacos antipsicóticos por indivíduos sem doença psiquiátrica pode causar prejuízo do desempenho mesmo quando utilizados em doses baixas. • Por outro lado, quando administrados adequadamente a indivíduos psicóticos, tais fármacos podem ser responsáveis por uma melhora no seu desempenho, associado ao alívio da Psicose. • Efeitos Endócrinos • Os Antipsicóticos mais antigos, além da Risperidona e Paliperidona estão associados à elevação de Prolactina. • Já os Antipsicóticos mais recentes, como Olanzapina, Quetiapina e Aripiprazol possuem antagonismo D2 diminuído. Com isso, causam baixa ou nenhuma elevação de prolactina, além de apresentarem baixo risco de efeitos colaterais extrapiramidais e discinesia tardia. • Efeitos Cardiovasculares • As Fenotiazinas de baixa potência podem causar hipotensão ortostática e taquicardia, além de alterações elertrocardiográficas, incluindo prolongamento do intervalo QT e configurações anormais do segmento ST e das ondas T, sobretudo associadas ao uso de Tioridazina. • Os Antipsicóticos Atípicos também podem estar associados a prolongamento de intervalo QT e a uma síndrome metabólica, a qual pode aumentar o risco de Doença Arterial Coronariana, Acidente Vascular Encefálico e Hipertensão. Farmacologia Clínica dos Agentes Antipsicóticos • Indicações • Dentre as indicações psiquiátricas, podem ser citadas a esquizofrenia (talvez a indicação mais conhecida). • Fase maníaca do transtorno afetivo bipolar. • Depressão bipolar (acredita- se que os antipsicóticos sejam mais efetivos do que os antidepressivos no tratamento da depressão bipolar). • Depressão psicótica. • Transtornos Esquizoafetivos. • Controle da agitação em pacientes com delirium (antipsicóticos como o Haloperidol ainda são frequentemente usados em centros de terapia intensiva para essa finalidade). • Síndrome de Tourette. • Usos não psiquiátricos: - Alguns Antipsicóticos Típicos mais antigos típicos apresentam acentuado efeito antiemético. Por exemplo, a Proclorperazina e as Benzoquinamidas são apenas promovidos como antieméticos. - As Fenotiazinas com cadeias laterais mais curtas podem ser empregadas para alívio do prurido, uma vez que apresentam ação de bloqueio dos receptores H1 • A escolha do Fármaco • Em geral, a escolha do fármaco é baseada nas diferenças de efeitos colaterais, de eficácia e no poder aquisitivo e custo dos fármacos (o que pode explicar a permanência do uso frequente de antipsicóticos atípicos como o Haloperidol e Clopromazina no serviço público). • Apesar de os fármacos antipsicóticos típicos apresentarem boa eficácia no tratamento dos sintomas positivos dos pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar, o uso de fármacos atípicos é preferencial em relação à obtenção de benefício para sintomas negativos e cognição, além de conferirem risco diminuído de efeitos extrapiramidais e elevações menos acentuadas dos níveis de prolactina. • O uso de Clozapina e Olanzapina está mais frequentemente associado ao risco de desenvolvimento de diabetes melito. • Comumente, Clozapina e a Olanzapina causam aumento do peso corporal e dos lipídeos. Já Ziprasidona é o fármaco atípico que produz o menor ganho de peso. • Em relação ao risco de suicídio, a Clozapina é o único fármaco antipsicótico atípico indicado para reduzir o risco. EFEITOS COLATERAIS • Efeitos comportamentais • Pode ocorrer pseudodepressão causada pela acinesia induzida pelo fármaco. • Outras pseudodepressões podem ocorrer quando são administradas doses do fármaco acima das doses necessárias. • Efeitos Neurológicos • Reações extrapiramidais associadas aos antipsicóticos atípicos incluem a parkinsonismo, acatisia e reações distônicas agudas. • Discinesia tardia (uma síndrome de ocorrência tardia de movimentos coreatetoides anormais). • Convulsões podem ocorrer com uso de Clorpromazina, mas são bastante raras e infrequentes. • Efeitos sobre o Sistema Nervoso Autônomo • Geralmente os efeitos colaterais antimuscarínicos são facilmente controlados pelos pacientes. • No entanto, em alguns casos pode haver retenção urinária, hipotensão ortostática e comprometimento da ejaculação (complicações mais comumente associadas ao uso de Clorpromazina ou Msoridazina). • Efeitos Metabólicos e Endócrinos • Ganho de peso é bastante comum, principalmente diante do uso de Clozapina e Olanzapina. • Pode ocorrer hiperglicemia e hiperlipidemia (deve- se monitorar o peso do paciente a cada visita, e investir na medição periódica dos níveis de glicemia e lipídeos em jejum). • Pode ocorrer síndrome de amenorreia-galactorreia e infertilidade, além de osteoporose em mulheres,devido à vigência de Hiperprolactinemia. Já nos homens, níveis altos de prolactina podem provocar perda da libido, impotência e infertilidade. - OBS: Tais efeitos podem ser evitados com a redução de doses (se possível) ou mesmo substituição do fármaco por fármacos atípicos como o Aripiprazol, o qual não prove elevação nos níveis de Prolactina. • Reações Tóxicas ou Alérgicas • Agranulocitose, icterícia colestática e erupções cutâneas, embora sejam reações raras, podem ocorrer. • Destaque deve ser dado para a Clozapina, uma vez que essa causa agranulocitose em uma porcentagem significativa de pacientes (cerca de 1 a 2% dos tratados). Dessa forma, pacientes em uso de Clozapina precisam efetuar hemogramas completos periódicos. • Complicações Oculares • Clorpromazina pode promover depósitos nas na córnea e no cristalino e pode acentuar o processo normal de envelhecimento do cristalino. • A Tioridazina está associada a depósitos na retina, os quais estão habitualmente associados a um “acastanhamento” da visão. • Efeitos Cardíacos • As superdosagens de Tioridazina estão associadas a arritmias ventriculares significativas, como torsades de pointes, bloqueio da condução cardíaca e morte súbita. • A Clozapina está algumas vezes associada à miocardite e precisa ser interrompida se houver manifestação da doença. - OBS: Síndrome neuroléptica maligna • Esse distúrbio potencialmente fatal ocorre em pacientes extremamente sensíveis aos efeitos extrapiramidais dos agentes antipsicóticos. O sintoma inicial consiste em acentuada rigidez muscular, a qual pode estar associada ao aparecimento de febre, muitas vezes com temperaturas muito altas. Com frequência, ocorre instabilidade autônoma, com alteração da pressão arterial e frequência do pulso Lítio, Estabilizadores de Humor e Transtorno Bipolar • O Transtorno Bipolar • O Transtorno Bipolar é caracterizado por uma sequência de episódios maníacos e depressivos, cuja quantidade e intensidade são extremamente variáveis. • Na fase maníaca, os sintomas principais são humor expansivo e irritável, hiperatividade, impulsividade, desinibição, necessidade diminuída de sono, pensamento acelerado, sintomas psicóticos, em alguns pacientes selecionados, comprometimento cognitivo. • Já a fase depressiva possui características semelhantes à depressão maior, com manifestações como humor depressivo, variação diurna, distúrbio do sono, ansiedade e até mesmo sintomas psicóticos. • No transtorno bipolar, mais frequentemente o paciente abre o quadro depressivo, podendo demorar para abrir o quadro maníaco. Tal fato dificulta o diagnóstico, e muitos pacientes com transtorno bipolar são equivocadamente diagnosticados com depressão maior no decorrer dos primeiros sintomas. • O lítio foi o primeiro agente comprovadamente útil no tratamento da fase maníaca do transtorno bipolar que não era também um fármaco antipsicótico. • No entanto, fármacos estabilizadores do humor que possuem também ação anticonvulsivantes (como Carbamazepina e Ácido Valproico) passaram a ser mais amplamente usados do que o lítio. • A Lamotrigina foi aprovada para uso na prevenção da recidiva. • Outros fármacos como Aripiprazol, a Clorpromazina, a Olanzapina, a Quetiapina, a Risperidona e a Ziprasidona foram aprovados para o tratamento da fase maníaca do transtorno bipolar. Farmacologia Clínica • Lítio • Possui início de ação lento, por isso frequentemente é administrado em associação com antipsicóticos potentes ou benzodiazepínicos em pacientes apresentando episódio de mania grave. • Taxa de remissão de pacientes em fase de mania pode alcançar 80%, embora seja inferior no caso de pacientes hospitalizados. • Diferentemente dos fármacos antipsicóticos ou antidepressivos, os quais são responsáveis por diversas ações sobre o sistema nervoso central ou autônomo, o lítio em concentrações terapêuticas é desprovido de efeitos bloqueadores autônomos e de ativação ou sedação, podendo, no entanto, produzir náuseas e tremor. • O uso profilático do lítio evita tanto a mania como a depressão e também pode ser usado em pacientes com depressão recorrente e em associação com antidepressivos convencionais em pacientes com depressão maior e má resposta à monoterapia. • Possui também aplicabilidade em casos de transtorno esquizoafetivo e esquizofrenia (em associação a antipsicóticos no caso de pacientes resistentes ao tratamento). • Deve-se proceder com medições das concentrações séricas de lítio para avaliar a dose necessária ao tratamento da mania aguda e também para avaliar a dose adequada de manutenção. • Efeitos Colaterais: • Neurológicos: tremores (os quais podem ser aliviados com a administração de propranolol ou atenolol), coreoatetose, hiperatividade motora, ataxia, disartria e afasia. • Psiquiátricos: confusão mental e isolamento. • Tireoidianos: lítio provavelmente diminui a função da tireoide nos pacientes expostos ao fármaco (efeito reversível e não progressivo). • Renais: polidipsia, poliúria, diabetes insípido nefrogênico, edema. • Cardíacos: doença sinusal, a qual é contra-indicação para o uso de lítio. • Outros: erupções acneiformes transitórias no início do tratamento, foliculite, leucocitose Ácido Valproico • Indicado como antiepiléptico, o Ácido Valproico também possui efeito antimaníaco e vem sendo usado com essa finalidade. • O Ácido Valproico apresenta uma eficácia equivalente à do lítio durante as primeiras semanas do tratamento e tem sido tem sido efetivo em alguns pacientes que não responderam ao lítio. Carbamazepina • A Carbamazepina pode ser usada para o tratamento da mania aguda, bem como para terapia profilática. • Os efeitos colaterais tendem a ser menores do que aqueles associados ao lítio. • A Carbamazepina apresenta risco de discrasias sanguíneas quando usada como anticonvulsivante. No entanto, tal risco não foi observado quando usado como estabilizador do humor. • As superdosagens de Carbamazepina constituem uma emergência importante e, em geral, devem ser tratadas de forma eficiente. Outros Fármacos • A Lamotrigina não demonstrou efetividade no tratamento da mania aguda, mas foi capaz de reduzir a frequência de ciclos depressivos recorrentes. Com isso, foi aprovada como tratamento de manutenção para o transtorno bipolar. • Vários agentes novos encontram-se em fase de investigação para a depressão bipolar, como o Riluzol e a Cetamina.
Compartilhar