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Introdução à Educação Física

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INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FÍSICA
CONTEXTO HISTÓRICO
Autoria: Me. Dilson Villela; Ma. Taís Feitosa Da Silva
- -2
Introdução
Nesta viagem de estudos através dos tempos, convido-o para conhecer as escolas de ginástica alemã, sueca e
francesa, e as concepções de Educação Física higienista, militarista, competitivista e popular.
Conheceremos os grandes nomes dos métodos de ginástica, como Guts Muths, Friederich Ludwig Jahn e
Adolph Spiess, que idealizaram o modelo alemão de ginástica. Da Suécia apresentaremos Pier Henrik Ling,
um dos mais importantes nomes e idealizador do método sueco de ginástica. Da França, nomes como
Francisco de Paula Amorós Y Ondeano e Georges Demeny, considerados os idealizadores da ginástica
francesa. Esses autores e métodos ginásticos irão influenciar a Educação Física brasileira desde os primórdios
da República até os dias atuais.
Apresentaremos as diversas concepções de Educação Física, como a higienista, militarista, pedagogicista,
competitivista e popular. Essas correntes da Educação Física irão predominar em diferentes momentos da
nossa história, sempre em consonância com os interesses políticos e econômicos e as respectivas ideologias
dominantes em cada momento da história brasileira. Por meio destes estudos, você vai conhecer, entender e
refletir de forma crítica sobre a Educação Física brasileira.
Bons estudos!
Tempo estimado de leitura: 64 minutos.
1.1 A história da Educação Física escolar
Figura 1 - Mulheres da sociedade de Washington que jogam bola em Washington, 1931
- -3
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de algumas mulheres jogando bola ao ar livre. Elas estão com os
braços para cima, com o objetivo de pegar a bola, que está no ar. Ao fundo, pode-se observar uma escada de
uma construção de tijolos à vista.
1.1.1 A Educação Física escolar no Brasil
No Brasil, a Educação Física escolar apresentou predominância de diferentes vertentes metodológicas sem
consonância com interesses políticos e econômicos e a respectiva ideologia dominante em cada momento
histórico.
Vamos apresentar um panorama das grandes correntes ideológicas e pedagógicas que embasaram a Educação
Física escolar brasileira. Cabe advertir que todas as tendências ainda coexistem na atualidade, com maior ou
menor difusão. O surgimento de uma nova corrente pedagógica não elimina as anteriores; o novo convive com
o velho. Podemos considerar que a Educação Física escolar no Brasil passou a existir no ano de 1837, quando
o Colégio Pedro II do Rio de Janeiro incluiu aulas de ginástica em seu currículo.
Após essa iniciativa pioneira, a primeira tentativa de generalizar a Educação Física como prática obrigatória
no sistema escolar ocorreu em 1884. Neste ano, o então ministro Couto Ferraz incluiu a ginástica como
matéria obrigatória no ensino primário e a dança no secundário. Em 1882, Rui Barbosa, um grande defensor
da Educação Física escolar, deu um parecer sobre o projeto de reforma de ensino primário que tornou
obrigatória a ginástica para ambos os sexos, tanto nas escolas primárias quanto na formação de professores.
Propôs também que os professores que ministrassem essa disciplina fossem equiparados aos de outras
disciplinas escolares em termos de autoridade, valor e vencimentos.
No período compreendido entre 1837 e 1930, a ginástica escolar praticada em alguns estabelecimentos de
ensino consistiu principalmente na ginástica calistênica e na ginástica alemã. A razão disso estava no fato de
Você o conhece?
Rui Barbosa (Rui Barbosa de Oliveira) foi um advogado, jornalista, jurista, político, 
diplomata, ensaísta e orador que nasceu em Salvador, BA, em 5 de novembro de 1849 e 
faleceu em Petrópolis, RJ, em 10 de março de 1923. Ele foi membro fundador da 
Academia Brasileira de Letras – uma instituição cultural brasileira inaugurada em 1897, 
sediada no Rio de Janeiro, cujo objetivo é o cultivo da língua e da literatura nacionais. 
Para ler mais sobre este importante homem brasileiro, clique no link a seguir!
Acesse
- -4
que os professores, mais conhecidos à época como instrutores de ginástica, eram, na quase totalidade,
militares. Como a academia real militar, fundada em 1810, contratava instrutores alemães para dirigir a
preparação física dos soldados, o método alemão tornou-se o predominante nessa época.
Os objetivos fundamentais relacionados à ginástica escolar entre 1837 e 1930 centravam-se em dois
objetivos: saúde e eugenia (melhoria da raça).
Essas preocupações eram condicionadas pela situação político-econômica do Brasil, que havia se
tornado politicamente independente de Portugal, mas precisava superar problemas econômicos e
raciais, visto que grande parte da população era constituída de negros, índios e mestiços.
A questão da saúde tornara-se relevante em nosso país, com a valorização conquistada pela categoria
dos médicos, no séc. XIX, a partir dos conhecimentos que adquiriram na Europa acerca do manejo
sanitário, dos micróbios e das vacinas.
Pode-se assim reconhecer que as origens da Educação Física brasileira se vinculam a dois discursos distintos e
complementares: o médico e o militar (Kolyniak Filho, 2008).
Figura 2 - Ruy Barbosa, o Águia de Haia, c. 1923 Fonte: academia.org.br
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia em preto e branco de Ruy Barbosa. Ele está usando óculos de
grau, tem o cabelo ralo na parte de cima e bigode branco. Barbosa está com um leve sorriso e com o rosto
levemente pendente para à esquerda, com a mão do mesmo lado em seu rosto.
- -5
Então, sem mais demora, vamos conhecer e, principalmente, reconhecer cada uma das escolas e tendências
encontradas.
1.1.2 Escola alemã de ginástica
Um dos principais objetivos da ginástica alemã no início do séc. XIX era a defesa da pátria, criando um
espírito nacionalista no qual homens e mulheres fossem saudáveis fisicamente. Os mentores desses ideais
acreditavam que esse corpo forte e saudável e o espírito nacionalista seriam desenvolvidos otimizando a
ginástica como instrumento para atingir esse objetivo.
Figura 3 - Guts Muths Fonte: wikipedia.org
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia em preto e branco de Guts Muths. Ele está de perfil, virado para o
lado esquerdo. Tem cabelos compridos e franja curta. Veste roupas de época.
Guts Muths, que foi um dos principais defensores dessas ideias, assim se expressou sobre os fundamentos
dessa ginástica:
Eu bem sei que uma verdadeira teoria de ginástica deverá ser fundada sobre as bases fisiológicas e que a
prática de cada exercício ginástico deverá ser calculada segundo a constituição de cada indivíduo.
(MARINHO, 1985)
- -6
A ginástica deveria ser ministrada pelo Estado diariamente para homens, mulheres e crianças. Sua
fundamentação teórica se baseava nas teorias pedagógicas de autores como Rousseau, Basedow e Pestalozzi,
que preconizavam a tese do homem universal, ou seja, completo, e os exercícios físicos eram os pilares dessas
ideias.
Outro grande nome da escola alemã foi Friederich Ludwig Jahn (1778-1825). Ele foi o criador dos aparelhos
de ginástica, que atualmente podemos encontrar em academias com roupagem nova, sofisticada e moderna.
Friederich Ludwig Jahn defendia a tese de que a ginástica deveria utilizar jogos e o conceito de moral e saúde
e preparar os homens para a guerra. Ele foi um dos idealizadores do movimento TURNEN, que era constituído
de grandes festas gímnicas, caracterizadas como grandes encontros de massas muito disciplinadas,
organizadas a partir de 1814, sobretudo depois de 1860.
Você sabia?
Formado pela Universidade de Halle, onde estudou teologia e frequentou cursos de 
matemática, medicina, línguas modernas e pedagogia, Guts Muths iniciou seus trabalhos 
como tutor particular na pequena cidade de Quedlinburg, seu local de nascimento. Foi 
convidado para trabalhar na escola Philantropinum de Schnepfenthal, na qual lecionou, 
em 1786, o conteúdo de ginástica. Baseado na experiência adquirida com a educação 
corporal das crianças, Guts Muthsescreveu Ginástica para a juventude. No início do 
livro, ele afirma compreender a importância da fisiologia e da intensidade da prática dos 
exercícios de acordo com as características individuais de seus alunos, considerando, 
portanto, a fisiologia como um conhecimento necessário ao professor de ginástica, 
devendo esse conhecimento ser aliado à sua experiência. Para ler mais sobre Guts 
Muths, clique no link a seguir!
Acesse
- -7
Figura 4 - Friedrich Ludwig Jahn Fonte: wikipedia.org
#PraCegoVer: na figura, temos uma imagem colorida de Friedrich Ludwig Jahn. Ele está olhando para frente,
levemente virado para a direita. Tem cabelos ralos em cima, bigode espesso e uma longa barba grisalha com
ondas.
Conforme Soares (2012), encontra-se, no TURNEN, uma das principais formas de instrução física militar,
destinada às massas, que corresponde às necessidades práticas da burguesia.
Adolph Spiess (1810-1858) foi outro grande nome na escola alemã de ginástica. Preocupava-se com a
ginástica na escola e defendia a importância das atividades físicas todos os dias para os alunos. Segundo
Accioly (1949, Soares, 2012) “Spiess conceituava a educação como indivisível, abraçando toda aapud
natureza da criança e situando a ginástica como responsável pela perfeição do corpo que a poria em equilíbrio
com a alma”.
Você o conhece?
Turnen, Turn e Turner é um radical alemão que também está presente em várias línguas 
germânicas, tanto em línguas desaparecidas quanto em vivas, e em todas elas significa 
torcer, virar, voltear, dirigir, mover, fazer grande movimento. Foi criado ou resgatado 
por Friedrich Ludwig Jahn. Para ler mais sobre as obras de Friedrich Ludwig Jahn, 
clique no link a seguir!
Acesse
- -8
Accioly esquematizou o sistema de ginástica de A. Spiess da seguinte forma:
Sistema de ginástica
Exercícios livres (sem aparelhos), membros superiores e inferiores.
Exercícios de suspensão
Barras, paralelas, cordas.
Exercícios de apoio
Apoio propriamente dito, suspensões, balanceamentos.
Ginástica coletiva
Marchas e exercícios ou ordem unida.
Como podemos constatar, o sistema de ginástica de A. Spiess é absolutamente mecânico e funcional, muito
embora a historiografia da Educação Física enalteça valores pedagógicos no seu método. Em seus escritos, o
autor A. R. Accioly observa que o método de Spiess conceituava a educação como indivisível, abraçando toda
a natureza da criança e situando a ginástica como responsável pela perfeição do corpo que a poria em
equilíbrio com a alma.
O movimento de ginástica na Alemanha se caracterizou por um forte nacionalismo, sendo que os TURNEN se
desenvolveram fundamentados sobre orientações nacionalistas, socialistas, ultranacionalistas e racistas.
Você quer ver?
Assista ao vídeo a seguir para ver como era a ginástica alemã feminina na prática.
Acesse
Você quer ler?
O artigo A Educação e o Turnen no Rio Grande do Sul, uma questão de etnicidade: 
, que diz respeito ao movimento caracterizado por manifestações de um 1852–1940
povo, o alemão, num momento de agitação político-socioeconômico na Alemanha e o 
seu transplante para o Brasil, procurou identificar, acompanhar e analisar o esforço de 
um grupo em preservar a sua identidade étnica e sua cultura por meio do Turnen.
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1.1.3 A escola alemã no Brasil
A implantação da ginástica alemã no Brasil aconteceu na metade do séc. XX. Segundo a historiografia da
Educação Física brasileira, a implantação da ginástica alemã ocorreu com a chegada dos imigrantes alemães,
que tinham por hábito a prática da ginástica. Suas implantações ocorreram por meio dos soldados da guarda
imperial, que eram de origem prussiana e que, concluindo o serviço militar, não mais regressavam à
Alemanha, permanecendo no Brasil com seus familiares.
No ano de 1860, o modelo alemão foi consagrado como método oficial do exército brasileiro. Esse modelo
alemão permaneceu de forma oficial na escola militar até o ano de 1912, quando foi substituído pelo método
francês.
1.1.4 Escola francesa de ginástica
Na França, a ginástica integra a ideias de uma educação que tinha como objetivo o desenvolvimento social,
para o qual são necessários homens completos. Todo cidadão tem direito à educação. Esse país é o berço das
concepções clássicas liberais de educação, concepções essas que incluíam o exercício físico como algo
importante à educação do homem universal. É sobre essa ótica que a ginástica será estruturada não somente
para os militares, mas também para toda a população, colocando-se como uma prática capaz de contribuir para
a formação do homem completo e universal.
A ginástica na França surgiu na primeira metade do séc. XIX, fundamentada na tese dos alemães Friederich
Ludwig Jahn e Gutz Muths, contendo, além das preocupações básicas com o corpo anátomo-morfológico, um
forte traço moral e patriótico.
O seu fundador foi Francisco de Amorós y Ondeano (1770-1848), que assim a fundamentou: “A prática de
todos os exercícios que tornam o homem mais corajoso, intrépido, mais inteligente, mais sensível, mais forte,
mais habilidoso, mais adestrado, mais veloz, mais flexível e mais ágil predispondo-o a resistir a todas as
dificuldades, a triunfar de todos os perigos e de todos os obstáculos que encontre, a prestar enfim, serviços
assinalados ao estado e à humanidade” (MARINHO, 1985 e SOARES, 2012).
Estudo de Caso
Francisco de Paula Amorós y Ondeano nasceu em Valência em 1770 e morreu em Paris 
em 1843. Iniciou sua carreira militar aos 9 anos de idade, como um cadete de nobreza, 
devido à vocação de serviço à pátria que caracterizara sua família. Seu pai tinha sido 
tenente do Regimento Ancião do Rei e fizera parte do contingente de tropas espanholas 
que lutaram na América durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos, e seu 
- -10
Essas qualidades físicas, psicológicas e morais seriam desenvolvidas por meio da ginástica, que objetivava a
saúde, homens fortes, melhoria de vida e aumento da riqueza tanto do indivíduo quanto do Estado.
O slogan da ginástica na Europa no séc. XIX era: “Da flexão muscular ao sucesso das lutas industriais e nas
guerras”. O problema da produção também se colocava. Os corpos saudáveis eram também uma exigência do
capital. A ginástica seria instrumento a ser utilizado para eliminar a fraqueza e tornar viris os homens.
Figura 5 - Francisco Amorós Fonte: wikipedia.org
avô tinha recebido o título de Marquês de Sotelo, título este que o coronel Francisco 
Amorós herdou em 1839.
Em 1791, aos 21 anos de idade, Francisco de Paula Amorós y Ondeano participou da 
campanha militar de Oran e dois anos depois nos Pirineus, que o levaram a ser 
promovido a capitão em 1794. Seu tio, também general, na época governador de Cádiz, 
chamou-o ao seu serviço e nomeou-o arquivista da Biblioteca de Mapas do Ministério 
da Guerra. Em 1796, foi transferido para Madri, se casou e teve três filhos. Em 27 de 
agosto de 1807 (Francisco Amorós tinha então 37 anos) foi promovido a coronel.
Muito apreciado pelo monarca Carlos IV, e também por seu ministro Godoy, Amorós 
foi Secretário de Estado, além de secretário do Gabinete da Guerra e, posteriormente, 
conselheiro das Índias. Para saber mais a respeito das contribuições de Amorós para a 
Educação Física, clique no link a seguir!
Acesse
- -11
#PraCegoVer: na figura, temos um desenho em preto e branco de Francisco Amorós. Ele tem cabelos curtos e
está levemente virado para a direita.
Segundo Marinho (1985) e Soares (2012), Amorós estruturou desta forma seu método ginástico:
• Ginástica civil e industrial
• Ginástica militar
• Ginástica médica
• Cênica ou funambulesca
A ginástica civil foi a que mais despertou interesse entre os brasileiros e, por isso, foi a mais disseminada.
Vejamos como é desenvolvida uma lição de ginástica conforme o método francês de Amorós:
Exercícios elementares ritmados e sustentados por cantos, com o objetivo de desenvolver a voz e ativar
movimentos respiratórios.
Exercícios de marchare correr em terrenos os mais variados, escorregar e patinar. Habituar-se às corridas de
fundo e velocidade.
Exercícios de saltar em profundidade, altura e largura, em todas as direções, para frente, para os lados, e para
trás, com ou sem armas, com o auxílio de uma vara ou de um bastão, ou de um fuzil ou lança.
Exercícios de equilíbrio ou de passagem sobre pinguelas, barra fixa ou oscilante, horizontal ou inclinada, a
cavalo ou a pé, progredindo para frente ou para trás, a fim de habituar-se às passagens de ribeiros ou
precipícios, utilizando-se de ramos de árvores ou de uma vara.
Exercícios de transposição de obstáculos naturais, como barreiras, muros, fossos, etc., conduzindo ou não uma
carga.
Exercícios das mais diversas lutas para desenvolver a forma muscular, a destreza, a resistência à fadiga e
subjugar o adversário.
Exercícios de trepar em escada vertical ou progredir em escada horizontal, fixa ou oscilante, com auxílio dos
pés ou das mãos, ou então ao longo de uma corda cheia de nós, ou descer escorregando, ou de qualquer outra
maneira.
•
•
•
•
- -12
Exercícios de nadar, nu ou vestido, com ou sem carga, sobretudo armado, de mergulhar e manter-se longo
tempo em equilíbrio sobre a superfície limitada, de aprender a salvar uma pessoa, sem, entretanto, se deixar
agarrar por ela.
Exercícios para transpor um espaço determinado com suspensão variável de braço, mãos e pés, ou somente
com auxílio das mãos ou com o auxílio de uma vara ou corda esticada.
Exercícios, parado ou em movimento, com habilidades, segurança, de suspender corpos de conformações
várias, incômodos e pesados, algumas vezes homens ou crianças, salvá los em perigo, arrastar ou empurrar
pesos ou massas consideráveis para poder aplicá-los em casos de utilidade militar ou de interesse público.
Exercícios de prática da esferística antiga e moderna, atlética e militar em todas as suas modalidades de lançar
bolas, balões, e péla de diferentes pesos e tamanhos e arremessar toda espécie de projéteis sobre ponto
determinado.
Exercícios de tiro ao alvo, fixo ou móvel.
Exercícios de esgrima, a pé ou a cavalo, exercício para manejo de toda espécie de arma branca.
Exercícios de equitação: fazer o treinamento no cavalo de pau e repeti-lo depois com o animal.
Exercícios para prática de danças pírricas ou militares e das danças de sociedade, dando a estas o mais amplo
desenvolvimento.
Podemos aprender o caráter utilizado destas 15 séries de exercícios propostos por Amorós conforme a
ideologia da época; assim também é possível aprender a sua preocupação com o desenvolvimento da força
física, defesa, agilidade e resistência, qualidades físicas essenciais tanto para o trabalho fabril quanto para as
lutas pela defesa da pátria, sob a ótica da burguesia ascendente.
- -13
Figura 6 - Jovem aquecendo para exercício Fonte: Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de uma mulher sentada no chão, sobre um tapete laranja. Ela está
de top e shorts preto, tênis, com uma faixa branca na cabeça. Ela está se alongando, tocando as mãos nos tênis,
em direção à esquerda. Do lado direito, encontramos dois pequenos halteres rosa. Ao fundo, há uma grande
janela com dois vasos de plantas à direita.
Na França, a partir de 1850, a ginástica amorosiana integrou os currículos de todas as escolas primárias e foi
obrigatória para as escolas normais. A partir dos trabalhos de Amorós, ocorreu um crescente envolvimento de
estudos da biologia, da fisiologia, assim como de médicos em torno da problemática do exercício físico.
Outro grande nome da escola francesa de ginástica foi Georges Demeny (1850-1917). Ele tinha formação em
biologia, fisiologia e pedagogia e defendia a tese de que a Educação Física deveria abandonar procedimentos
empíricos e inspirar-se em leis físicas e biológicas para constituir uma prática a partir de resultados de
experiências feitas por meio do método científico.
Segundo Demeny, o problema da Educação Física deveria ser tratado por todos os meios de que a Ciência
dispõe, uma vez que é susceptível de precisão. Cada vez que um problema é trabalhado de forma
experimental, a partir das medidas, as noções em relação a ele tornam-se mais claras, e irá contribuir de modo
muito mais significativo para a causa da Educação Física do que simplesmente formular críticas e opiniões pré-
concebidas (LANGLADE & LANGLADE apud SOARES, 2012).
Você quer ver?
O vídeo a seguir nos mostra a ginástica francesa e a força de trabalho. Confira clicando 
no link a seguir!
Acesse
Você sabia?
Georges Demeny nasceu 1850 na Holanda e faleceu em 1917 em Paris. Fonte: clique 
.aqui
Além de biólogo e pedagogo que gostava de praticar ginástica, foi inventor, cineasta e 
ginasta. Se destacou por inventar uma câmera cronofotográfica para estudar os 
movimentos e fundou a Sociedade de Ginástica Racional. Para saber mais sobre as 
contribuições de Demeny à Educação Física, acesse: .clique aqui
Para assistir a um vídeo mostrando os estudos de movimento de Demeny, .clique aqui
- -14
Ele era um seguidor do positivismo e defendia assim a Educação Física: “O conjunto de meios destinados a
ensinar ao homem a executar um trabalho mecânico qualquer com a maior economia possível de gasto de
força muscular” (LANGLADE & LANGLADE apud SOARES, 2012). Demeny teve uma grande preocupação
com os exercícios físicos destinados às mulheres. Seus estudos sobre movimento arredondado contínuo e
também com ritmo, influenciados pela dança, levaram-no a trabalhar com a ginástica feminina.
Com relação à saúde da mulher, além de preconizar exercícios físicos próprios, procurou combater os “hábitos
elegantes” por julgá-los nocivos à saúde da mulher. Condenava o uso de saltos altos, porta-seios, cintas,
enfim, todos os meios de sustentação que fossem artificiais porque eles apenas acentuavam “a flacidez das
paredes naturais, facilitando hérnia, a prisão de ventre, a má circulação e contribuindo para partos difíceis”
(MARINHO, 1985).
Essas preocupações com a saúde da mulher, particularmente com sua função reprodutora, estão marcadamente
presentes nos discursos e nas propostas dele, bem como dos intelectuais brasileiros. Tanto Rui Barbosa quanto
Fernando de Azevedo, em momentos distintos, articulados, porém, no plano ideológico, não pouparam
páginas em seus trabalhos para enaltecer os efeitos higiênicos dos exercícios físicos sobre as formas femininas.
Se Demeny pode ser considerado inovador devido às suas preocupações mais totalizantes em relação ao
exercício físico, ele continua, entretanto, sendo conservador, uma vez que com o seu método “propõe-se a
aumentar a energia física do indivíduo e acrescentar-lhe rendimento (...). Tal método diz respeito ao homem
universal isolado da prática real e de todas as relações sociais, tendo como objetivo entidades abstratas, a
motricidade, o movimento, a atividade humana” (SOARES, 2012).
Desse ponto de vista, os métodos de ginástica até agora por nós discutidos assemelham-se. Diferenciam-se
apenas na forma: umas são mais analíticas, outras mais sintéticas. Todavia, o conteúdo anátomo-fisiológico
ditado pela ciência constitui o núcleo central das distintas propostas, além, é claro, da moral de classe, do culto
ao esforço individual, da disciplina, obediência, ordem, adaptação e formação de hábitos.
Orientados para o desenvolvimento físico e para a saúde, o que se evidencia é que esses métodos ginásticos
convêm à burguesia porque trazem, marcadamente, a possibilidade de enaltecer indivíduos abstratos,
separados das relações e que são porta-vozes de uma prática neutra, cultuando o mito do homem natural e
biológico.
1.1.5 A escola francesa no Brasil
- -15
No Brasil, a ginástica francesa foi oficialmente implantada em 12 de abril de 1921 pelo Decreto nº 17784. A
sua chegada, porém, deu-se no ano de 1907, por meio da missão militar francesa, que veio ao país com a
finalidade de ministrar instrução militar à força pública do Estado de São Paulo, onde fundou umasala de
armas que deu origem, mais tarde, à Escola de Educação Física do Estado de São Paulo.
Anos mais tarde, em 1929, o Ministério da Guerra, por meio de uma comissão formada por civis e militares,
elaborou um anteprojeto de lei cujo conteúdo determinava que a Educação Física fosse praticada por todos os
residentes no Brasil e com obrigatoriedade em todos os estabelecimentos de ensino (CANTARINO FILHO,
1982 apud SOARES, 2012).
Definiu também em seu artigo 41 o método a ser adotado: “Enquanto não for criado o método nacional de
Educação fica adotado em todo o território brasileiro o denominado método francês, sob o título de
regulamento geral de Educação Física” (MARINHO, 1985).
O anteprojeto recebeu severas críticas da Associação Brasileira de Educação (ABE) pois considerava que os
órgãos governamentais eram incapazes de “resolver um problema educativo nacional” quanto às finalidades e
inconvenientes de transplantar para o Brasil um sistema estrangeiro de ginástica, tornando-o obrigatório.
A sistematização da ginástica sueca ocorreu no início do séc. XIX e teve como objetivo extirpar os vícios da
sociedade, especialmente o alcoolismo. Esse método sueco de ginástica se colocava como o instrumento capaz
de criar indivíduos fortes, libertos de vícios e com uma boa moral. Esse perfil de homem era o que se esperava
que seria útil à produção e à pátria. Nesse momento da história, a Suécia iniciava o seu processo de
industrialização, e homens saudáveis eram necessários para trabalhar nas fábricas e também, se necessário
fosse, estariam prontos para compor as fileiras do exército para uma possível guerra.
Você o conhece?
Pier Henrik Ling (1776-1839) nasceu na Suécia, em SödraLjunga, Småland, em 1776. 
Viveu sua infância num ambiente científico fértil. Tornou-se poeta e estudou teologia. 
Era um homem ligado ao mundo da literatura e às letras e trabalhava em Estocolmo, no 
Serviço Social. Estudou literatura francesa e alemã na Dinamarca. Porém, insatisfeito 
por perceber a concepção de ginástica vigente à época apenas como veículo para uma 
saúde física, voltou para a Suécia para se tornar professor de esgrima na Universidade de 
Lund, em 1805. Convencido de que a prática da ginástica e a criação de um sistema 
deveriam ser um propósito de Estado, começou a solicitar a compra de aparelhos para a 
execução de exercícios. Continue lendo sobre Ling no site:
Acesse
- -16
Pehr Henrick Ling (1776-1839) propôs um método de ginástica com forte viés nacionalista que tinha como
objetivo regenerar a população sueca, formar homens fortes, saudáveis e que pudessem preservar a paz na
Suécia.
Figura 7 - Pier Henrik Ling Fonte: wikipedia.org
#PraCegoVer: na figura, temos uma pintura de Pier Henrik Ling, que está levemente virado para a esquerda.
Ele tem cabelos ralos em cima e curtos, com costeletas.
Esse modelo de ginástica era dividido em quatro partes que tinham objetivos diferentes:
: aPedagógica ginástica pedagógica ou educativa
Independentemente de sexo ou idade e até mesmo condições materiais e sociais, todos poderiam praticá-la. O
seu principal objetivo era desenvolver o indivíduo normal e harmoniosamente, assegurando a saúde, evitando
vícios, defeitos posturais e enfermidades.
: a ginástica militarMilitar
Objetivava preparar jovens para uma possível guerra. Eram exercícios militares acrescido de ginástica
pedagógica. O treinamento de tiro e esgrima integrava esta prática de ginástica.
: a ginástica médica e ortopédicaMédica
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Tinha como objetivo eliminar vícios posturais e curar certas enfermidades por meio de movimentos especiais
para cada caso específico. Também fundamentada na ginástica pedagógica.
Estética: a ginástica estética
Utilizava a dança e movimentos harmoniosos que proporcionavam beleza e graça ao corpo. Era baseada na
ginástica pedagógica.
Vejamos como é definida uma lição do método sueco conforme Marinho (1985):
• Exercícios de ordem
• Exercícios de pernas ou movimentos preparatórios formando uma pequena série. Esta série se 
decompõe assim: - Movimentos de pernas; - Movimentos de cabeça; - Movimentos de extensão dos 
braços; - Movimentos do tronco para frente e para trás; - Movimentos laterais do tronco; - Movimentos 
outros de pernas.
• Extensão da coluna vertebral
• Suspensões simples e fáceis
• Equilíbrio
• Passo ginástico ou marcha
• Movimentos dos músculos dorsais
• Movimentos dos músculos abdominais
• Movimentos laterais do tronco
• Movimentos das pernas
• Suspensões mais intensas do que as do número 4
• Marcha ou movimento de pernas, executados mais rapidamente que outros para preparar para os saltos
• Saltos
• Movimentos de pernas
• Movimentos respiratórios
A ginástica feminina é idêntica à masculina, com as seguintes restrições:
• Evitar movimentos muito acentuados para trás;
• Não realizar movimentos que possam congestionar a bacia;
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• Abster-se do trabalho físico durante a menstruação;
Os aparelhos utilizados pelo método sueco eram e ainda são:
• Barra móvel para exercícios de suspensão e equilíbrio;
• Cavalo de pau, plintos, carneiros
• Espaldares e banco sueco.
1.1.6 A escola sueca no Brasil
No Brasil, Rui Barbosa foi um grande defensor da ginástica de Ling, fundamentalmente por ela basear-se na
ciência e ser bem acolhida.
No ambiente médico brasileiro, outro grande nome foi Fernando Azevedo, grande incentivador desse método
ginástico. Esses pensadores atribuíam à ginástica sueca uma adequação maior ao estabelecimento de ensino
dado o seu caráter essencialmente pedagógico.
Essa defesa por tais intelectuais da classe médica serviu para propagar a ginástica sueca no Brasil. Com isso,
lentamente a ginástica alemã foi se restringindo aos quartéis e a ginástica sueca se tornando mais adequada e
aceita nas escolas e no âmbito civil.
1.1.7 Educação Física higienista
Segundo esta concepção, a questão da saúde está em primeiro plano. Cabe à Educação Física um papel
importante na formação de homens e mulheres sadios, fortes e dispostos à ação. Mas a Educação Física
higienista não se responsabiliza somente pela saúde individual das pessoas. Na verdade, ela atua como
protagonista em um projeto de assepsia social, idealizado pelos dirigentes políticos, da saúde e da educação da
época. Dessa forma, a ginástica, o desporto e os jogos recreativos objetivavam melhorar os hábitos das
pessoas no sentido de levá-las a se afastarem das práticas capazes de provocar a deterioração da saúde e da
moral que comprometeriam a vida coletiva.
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Você quer ver?
O vídeo a seguir nos mostra a ginástica sueca e os aparelhos de ginástica. Assista e sinta-
se naquela época!
Acesse
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Assim, a perspectiva da Educação Física higienista vislumbrou a possibilidade e a necessidade de resolver o
problema da saúde pública pela Educação. O objetivo central foi disseminar os padrões de condutas forjados
pelas elites dirigentes entre todas as outras classes sociais. Os meios para alcançar tal padrão foram
encontrados na adoção de um correto programa de Educação Física. Essa concepção de Educação Física
entende que, independentemente das determinações impostas pelas condições de existência material, o
indivíduo pode e deve adquirir saúde. Essa concepção se preocupa em utilizar a Educação Física como agente
de saneamento público, na busca de uma sociedade livre de doenças infecciosas e dos vícios deterioradores da
saúde e do caráter do homem do povo.
Figura 8 - Jovens em cabo de guerra Fonte: Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de jovens em cabo de guerra. Há dois homens do lado esquerdo,
mais ao fundo, e três pessoas do lado direito, mais à frente da foto. Todos seguram uma corda branca e tentam
puxá-la para seus grupos. Ao redor, pode-se observar vegetação.
No início do séc. XX, o pensamento liberal representou uma visão política muito marcante no Brasil. Esse
pensamento acreditava que salvação da humanidadesomente poderia ocorrer por meio da educação e da
escola. A Educação Física higienista resultou desse pensamento. Assim, as elites intelectuais brasileiras
depositaram suas esperanças na educação e na escola para construir uma sociedade democrática e desprovida
de problemas sociais.
É interessante reproduzir aqui uma passagem escrita por Rui Barbosa, um dos mais importantes liberais da sua
época:
É impossível formar uma nação laboriosa e produtiva sem que a Educação higiênica do corpo acompanhe
pari passu, desde o primeiro ensino até o limiar do ensino superior, o desenvolvimento do espírito.
Assim, nesta quadra da vida estará arraigado o bom hábito, firmada a necessidade, e o indivíduo,
entregue a si mesmo, não faltará mais a esse dever primário da existência humana. Acredita-se, em geral,
que o exercício da musculatura não aproveita senão a robustez da parte impensante da nossa natureza, a
formação de membros vigorosos, a aquisição de forças estranhas à inteligência. Grosseiro era o cérebro, a
- -20
Defendendo a tese de que a higiene do corpo e a higiene da mente são inseparáveis, Rui Barbosa vai encontrar
na Educação Física a disciplina escolar capaz de satisfazer o apetite infantil pelo movimento e atividade física.
Vários aspectos defendidos pelo pensamento liberal em relação à Educação Física, e que desembocam naquilo
que estamos designando de Educação Física higienista, estão vivos ainda hoje permeando os discursos de
autoridades políticas, médicas e pedagógicas e de professores de Educação Física. Podemos constatar nos dias
de hoje com a proliferação das academias de ginástica a crença de que existe uma real possibilidade de
aquisição de saúde e beleza por meio da Educação Física.
O cuidado com o corpo surge, então, desprendido das possibilidades (ou impossibilidades?) que cada
indivíduo, inserido nesse sistema social, tem para adquirir e preservar a saúde e manter o padrão estético
corporal imposto pela mídia (GHIRALDELLI JUNIOR, 2007).
1.1.8 Educação Física militarista
A Educação Física militarista ocupou uma posição de destaque nas décadas de 1920 a 1930. A ideia central
dessa concepção de Educação Física era o aperfeiçoamento da raça, fundamentada nas falsas conclusões da
biologia nazifascista. Objetivava a formação do homem obediente, adestrado, respeitador da hierarquia, sem
uma visão crítica da sociedade. Muitos intelectuais daquela época defendiam essas teses, como Lyra Filho em
1958, que, segundo Ghiraldelli Junior (2007), assim dissertou:
O autor Souza Ramos, em 1936, assim se manifestou sobre o tema: “Cabe aos espertos suprir as falhas dos
processos de seleção racial e do seu aperfeiçoamento”. Logo após, em 1938, Vasconcelos assim redigiu: “As
etapas a vencer ao serviço da pátria exigem cada vez mais um corpo sadio, pois com o enobrecimento físico
surgirá uma alma sadia, um pensamento sadio e o desdobramento do esforço coletivo” (GHIRALDELLI
JUNIOR, 2007).
Assim surgiria uma consciência nacional, uma nova mentalidade e novas possibilidades decorrentes de cada
indivíduo se transformar em uma máquina de colaboração e rendimento.
sede do pensamento envolve o organismo, e o organismo depende vitalmente da higiene que fortalece os
vigorosos e reconstitui os débeis. (Lourenço Filho, 1954 apud GHIRALDELLI JUNIOR, 2007)
O estádio, assim como o quartel, desperta o sentimento da obediência às regras das operações; adestra a
capacidade aplicada ao raciocínio e à decisão; remarca o cunho da solidariedade e aprofunda os laços de
respeito ao valor, à autoridade e ao dever.
- -21
Um aspecto importante para uma melhor compreensão dessa concepção militarista é que não devemos
confundir a educação militarista com a Educação Física militar. Apesar de haver ligações entre ambos os
conceitos, a Educação Física militarista não se resumiu a uma prática militar de preparo físico. Foi, acima
disso, uma concepção que visou a impor a toda a sociedade padrões de comportamento semelhantes aos
quartéis do exército. Ela se preocupava com a saúde individual e com a saúde pública, mas o seu principal
objetivo era preparar os jovens para suportar o combate, a luta, a guerra.
A Educação Física militarista atuou como uma selecionadora de elites condutoras capaz de distribuir melhor
os homens e mulheres nas atividades sociais e profissionais. Defendeu a ideia de que o seu papel era colaborar
no processo de seleção natural, eliminando os fracos e premiando os fortes no sentido de depuração da raça
brasileira.
Essa tese se originou na eugenia, baseada na melhoria da raça e aplicada na Alemanha nazista. As
atividades esportivas como a ginástica, o desporto e os jogos recreativos só tinham utilidade se
visassem à eliminação dos incapazes fisicamente. A coragem, a vitalidade, o heroísmo e a disciplina
exacerbada compunham a plataforma básica dessa concepção.
Outro objetivo era a formação do cidadão-soldado, capaz de obedecer cegamente, e sem questionar, as
ordens de superiores hierarquicamente. Um dos instrumentos utilizados naquele período para divulgar
as teses da concepção militarista foi a revista da Escola de Educação Física do Exército, que se tornou
uma grande divulgadora das ideias dessa concepção.
No ano de 1945, com a derrota do nazifacismo, essa corrente da Educação Física foi obrigada a se reciclar,
abandonando os argumentos, ou seja, os ideais nazifascistas. Apesar disso, nos dias de hoje é possível
encontrar resquícios dos princípios norteadores dessa concepção militarista nas aulas de Educação Física em
escolas e clubes brasileiros.
1.1.9 Educação Física pedagogicista
Esta concepção de Educação Física surgiu com proeminência no período pós-guerra (1945-1964). Ela se
fundamentou nas teorias psicológicas de John Dewey e da sociologia de Durkheim que podemos encontrar no
movimento da Escola Nova que, desde a década de 1920, valorizava a Educação Física como elemento da
Educação Integral. 
- -22
Figura 9 - John Dewey Fonte: wikipedia.org
#PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia em preto e branco de John Dewey. Ele está levemente virado
para a esquerda e olha para frente. Tem cabelos curtos e brancos, assim como um bigode singelo. Usa óculos
de grau, terno e gravata.
A escola tradicional, representada principalmente pelas escolas religiosas, por sua vez também acolhia os
exercícios físicos como fator de disciplina e de saúde. Foi essa aglutinação de interesses político-econômicos,
militares e educacionais que criou condições para generalizar-se a obrigatoriedade da Educação Física nos
currículos escolares, consolidada pela constituição de 1937 (KOLINIAK FILHO, 2008).
Você sabia?
John Dewey nasceu na cidade de Burlington, nos EUA, em 1859. Filho de comerciantes, 
foi educado para ser um homem comum voltado ao trabalho, com valores comunitários e 
religiosos. Entretanto, graduou-se no magistério fez doutorado em Filosofia na 
Universidade John Hopkins. Posteriormente, estudou Biologia e a teoria da evolução de 
Darwin, além da filosofia de Hegel, que contribuíram para que elaborasse o seu primeiro 
livro em 1887, intitulado Psicologia. Para saber mais sobre a relevância da concepção de 
movimento de Dewey para a Educação Física brasileira, clique no link a seguir!
Acesse
- -23
A Educação Física pedagogicista estava preocupada com os jovens que frequentavam as escolas. Utilizava,
portanto, a ginástica, a dança e o desporto como instrumento de educação, e tinha como objetivo preparar a
juventude para aceitar as regras de convívio democrático, além de preparar as novas gerações para o altruísmo,
o culto, a riqueza e os valores nacionais.
Essa concepção defendeu a tese de que a Educação Física era uma prática eminentemente educativa e, mais do
que isto, advogou a Educação Física do movimento como a única capaz de promover a chamada Educação
Integral. Nessa concepção há uma nítida diferenciação entre instrução e educação. Assim, as diversas
disciplinas escolares são ditas instrutivas, enquanto a EducaçãoFísica, mais rica, é também educativa. Nesse
sentido, é ela quem colabora decisivamente para que a juventude venha a melhorar a sua saúde, adquirir
hábitos fundamentais, preparar-se vocacionalmente e racionalizar o uso das horas de lazer.
Outro aspecto importante foi que a concepção pedagogicista defendeu a ideia da valorização do profissional
de Educação Física, pois acreditava piamente que a Educação Física era útil e boa socialmente e que, portanto,
deveria ser respeitada acima das lutas políticas dos interesses diversos de grupos ou de classes sociais. Assim,
foi possível forjar um sistema nacional de Educação Física capaz de promover a Educação Física do homem
brasileiro respeitando as suas peculiaridades culturais, físico-morfológicas e psicológicas.
Entre os anos de 1945 e 1964, aumentaram os estudos sobre Educação Física comparada, e as revistas e
artigos mostraram a organização dos desportos e da Educação Física nos países desenvolvidos. O modelo
americano encantou a intelectualidade universitária ligada às escolas de Educação Física. Segundo Silva
(1950), a Associação Nacional de Educação Física dos Estados Unidos preconizou que as finalidades da
Educação Física eram as seguintes: a) Saúde, b) Desenvolvimento de habilidades fundamentais para a vida, c)
Formação de caráter e desenvolvimento de qualidades dignas de um bom membro de família e bom cidadão, e
d) Aproveitamento sadio das horas livres e preparação vocacional:
Saúde
A Educação Física pode contribuir igualmente para a , por meio de atividadessaúde física e mental
consideradas fisicamente saudáveis e mentalmente estimulantes.
Habilidades fundamentais
Entre as habilidades fundamentais de toda sorte de que o indivíduo necessita para assegurar seu completo
, salientam-se as habilidades físicas como uma necessidade fundamental em todas asbem-estar e ajustamento
idades.
Caráter e qualidades mínimas de um bom membro de família e bom cidadão
A Educação Física é uma fase de trabalho escolar que particularmente se presta para o desenvolvimento do
.caráter
Preparação vocacional
- -24
Certos tipos de atividade física, especialmente as competições desportivas, desenvolvem controle emocional
e qualidade de comando e liderança.
Uso contínuo das horas livres
O desse tempo pode destruir a saúde, reduzir a eficiência e quebrar o caráter, além demau aproveitamento
degradar a vida.
Em termos históricos, é preciso ter a compreensão de que a adoção da Educação Física pedagogicista, ligada
ao trabalho escolar e muito influenciada pelas teorias escolacionistas de Dewey, não significava o abandono
da prática de uma Educação Física comprometida com uma organização didática, que ainda estava sob
parâmetros militares. Afinal, não podemos esquecer que até os anos de 1950 o regulamento número 7, ou
método francês, era obrigatório como diretriz da prática da Educação Física na rede escolar de ensino
brasileiro. Todavia, essa nova concepção promoveu formas de pensamento que, aos poucos, alteraram a
prática de Educação Física e a postura do professor de Educação Física. Tais novas formas de pensamento
instauraram uma apologia da Educação Física como o centro vivo da escola pública, responsável por todas as
particularidades educativas das quais as outras disciplinas, as instrutivas, não poderiam cuidar.
As fanfarras da escola, os jogos internos e interescolares, os desfiles cívicos, a propaganda da escola na
comunidade, tudo isso passou a ser incumbência do professor de Educação Física. Ele, de forma abnegada,
devia, além de ministrar as suas aulas, cumprir com as funções de educador e até mesmo de líder na
comunidade. A Educação Física, acima das desavenças políticas, era capaz de cumprir o velho anseio da
educação liberal: formar o cidadão (GHIRALDELLI JUNIOR, 2007).
1.1.10 Educação Física competitivista
A partir dos anos 1920 e 1930, progressivamente, o desporto de alto nível ganhou espaço no interior da
sociedade e, consequentemente, da Educação Física. Nos anos de 1960 a 1970, o desporto de alto nível
subjugou a Educação Física, colocando-a como uma atividade menor, em um projeto que privilegiou o
treinamento desportivo.
O desporto de alto nível se tornou referência para toda a Educação Física. Tal prática estava associada ao alto
grau de avanço científico nas áreas da fisiologia do esforço, da biomecânica e do treinamento desportivo. No
aspecto político, essa concepção se apresentou como uma atividade neutra, acima dos conflitos políticos.
A tecnização, com a sua aparente aura de neutralidade científica, adequou-se perfeitamente aos interesses
dessa concepção. O sustentáculo ideológico da Educação Física competitivista foi o mesmo desenvolvido pela
tecno-burocracia militar e civil, que assumiu o poder em março de 1964. Conforme Ghiraldelli Junior (2007),
“desenvolvimento com segurança” era o binômio produzido e divulgado na Escola Superior de Guerra (ESG)
que deu o tom principal para a ideia de uma tecnização da educação, e da Educação Física, no sentido de uma
- -25
racionalização despolitizadora, capaz de aumentar o rendimento educacional do país e, na área da Educação
Física, promover o desporto representativo capaz de trazer medalhas olímpicas para o Brasil.
O esporte foi sendo utilizado como instrumento de marketing para o governo brasileiro. Fazia-se necessário
eliminar as críticas internas e deixar transparecer um clima de prosperidade e desenvolvimento. Os problemas
políticos desapareceram com a censura à imprensa e com a expulsão de brasileiros descontentes com um
regime cada vez mais ditatorial no país. A Educação Física se alinhou a essas ideias, como podemos constatar
no Boletim Técnico Informativo da Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura (MEC):
“Combatem-se a malquerência, a maledicência, a crítica destrutiva, que dividem, que desunem e abstam os
nossos esforços em ajudar o nosso atual governo a construir uma grande nação: O Brasil Grande”.
Nessa concepção, procurou-se:
Primeiro
Elevar o nível e o conceito do professor de Educação Física, incentivando-o ao estudo, à pesquisa, à
elaboração de trabalhos e aos planos que foram difundidos entre os leigos e os licenciados.
Segundo
Oferecer uma estrutura moderna a toda uma organização arcaica, obsoleta, ultrapassada, que foi legada aos
dirigentes da nação pela imprevidência, desorganização político-administrativa, descrença, quando não por
falta de patriotismo de alguns antecessores, muitos dos quais apenas tiveram em mente atrelar um país de 8,5
milhões de quilômetros quadrados e cerca de 90 milhões de habitantes à orientação e países cuja filosofia de
governo não se coaduna com a nossa formação e índole.
Terceiro
Prover ao professor de Educação Física a convicção de que ele, por força da profissão, era um condutor de
jovens, um líder, e que não podia aceitar ser conduzido por minorias ativas que intimidavam, que ameaçavam
e às vezes conseguiam, pelo constrangimento, conduzir a maioria acomodada, pacífica e ordeira (FERREIRA,
1989, apud GHIRALDELLI JUNIOR, 2007).
Apesar de negar, a Educação Física competitivista foi instrumento das elites políticas na tarefa de
desmobilização da organização popular. O desporto de alto nível, que é o desporto-espetáculo, foi oferecido
de forma exagerada à população via rádio, televisão e jornais, alienando o povo dos problemas políticos,
sociais e econômicos.
A Revista Brasileira de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura (MEC), em meados dos anos
1970, ao discutir a criminalidade, enfatizava a necessidade do desporto no meio operário para canalizar as
energias. Ghiraldelli Junior (2007) apresenta frases de Souza (1974) que representam esse entendimento:
- -26
Essa política nacional de Educação Física fundamentada na teoria de Educação Física competitivista é, nos
dias atuais, o aríete poderoso que atravessa a sociedade hegemonicamente. Essa concepção não se enraíza na
prática e nem no cotidiano popular, de forma pura, e sim mescladacom todas as outras tendências que,
historicamente, foram fixando marcos no pensamento social brasileiro. O culto ao atleta-herói, ao
individualismo, é a marca registrada divulgada e glorificada pelos veículos de comunicação.
A ideia de conquistar um lugar ao sol pelo esforço próprio é ilustrada a todo momento com os ídolos do
desporto, principalmente daqueles provindo de lares mais pobres e que se destacam em grandes equipes
esportivas e em campeonatos nacionais e internacionais, e que, em verdade, escondem a verdadeira falta de
oportunidade de enriquecimento material e cultural na qual vive a maior parte da nossa população.
Após este estudo, podemos constatar que a Educação Física competitivista foi incentivada pelo regime militar
(1964-1985), pois tal concepção se alinhava com o sentido da proposta de Brasil Grande defendida pelos
militares e políticos daquele período.
1.1.11 Educação Física popular
Ao contrário das concepções anteriormente citadas, a Educação Física popular não revela uma produção
teórica (livros, teses, periódicos) abundante e de fácil acesso. Podemos dizer que a Educação Física popular se
mantém quase que exclusivamente numa teorização transmitida oralmente entre as gerações de trabalhadores
deste país. Boa parte dos documentos do Movimento Operário e Popular que poderiam conter uma teorização
Não tenho dúvidas em afirmar que o papel da Educação Física se ombreia aos ensinamentos de cunho
religioso, pois se às vezes, até as convicções religiosas afetam pessoas, grupos da convivência social, a
Educação Física, principalmente através do desporto, aproxima, dirime dissidências e extingue
preconceitos.
Se fadigarmos o corpo e orientarmos o espírito sem rumo do desocupado, do ansioso, ele buscará
recuperação no leite, no descanso, e não no bar, nas esquinas.
Se dermos ao operário de corpo cansado, após uma jornada laboriosa, uma atividade desportiva sadia, o
seu repouso será bem mais reconfortante, soprando nele, por vezes, a revolta contra os patrões, contra a
própria atividade funcional.
Se nas escolas aplicamos uma atividade física adequada, ajudamos jovens a suportar os desajustes
familiares. Quanto mais quadras de esportes menos hospitais e menos prisões. Quanto mais calção,
menos pijamas de enfermos e menos uniformes de presidiários.
- -27
não foram encontrados pelos pesquisadores. Todavia, do material existente é possível resgatar uma concepção
de Educação Física que, paralela e subterraneamente, veio historicamente se desenvolvendo com e contra as
concepções ligadas à ideologia dominante.
Figura 10 - Participantes na meia maratona anual na cidade de Gijon, Espanha, sábado 3 de maio de 2014
#PraCegoVer: na figura, temos a fotografia dos participantes da meia maratona anual na cidade de Gijon,
Espanha, em 2014. Eles estão com roupas adequadas para a corrida e têm um selo em suas camisetas com seus
respectivos números.
A Educação Física popular não estava preocupada com a saúde pública, pois entendia que tal questão não
podia ser discutida independentemente do levantamento dos problemas criados pela atual organização
econômica-social e política do país. Não pretendia ser disciplinadora de homens e muito menos estava voltada
para o incentivo da busca de medalhas. Ela se fundamentava na ludicidade e na cooperação.
Utilizava o desporto, a dança e a ginástica como instrumentos para a organização e mobilização dos
trabalhadores. A Educação Física foi utilizada na chamada solidariedade operária. A Educação Física popular
não pretendeu ser educativa, pois entendeu que a educação dos trabalhadores estava intimamente conectada ao
movimento de organização das classes populares para a as lutas da prática social. Para melhor compreensão, é
preciso entender que não estamos considerando a Educação Física popular como a Educação Física praticada
por todos os trabalhadores, mas apenas por uma parcela desse operariado. Ela emergiu da prática social dos
trabalhadores e, em especial, das iniciativas ligadas aos grupos de vanguarda do movimento operário e
popular. Esse movimento teve início com a República, sendo que, no início, as vanguardas de orientação
socialdemocrata estiveram à frente das movimentações e, no início do séc. XX, perderam a hegemonia para
adeptos e militantes do anarquismo e anarco-sindicalismo.
Nos anos de 1920, surgiu o Partido Comunista Brasileiro, que passou a exercer crescente influência nas
classes populares urbanas. A Educação Física e o desporto não eram vistos com simpatia pelas lideranças
anarquistas e, com o Partido Comunista assumindo a liderança do movimento operário e popular, essa
perspectiva mudou. O partido organizou campeonatos de natação no rio Tietê, na represa Billings e na represa
- -28
Guarapiranga, além de campeonatos populares de futebol nos bairros do Brás e da Mooca na cidade de São
Paulo, bem como nas cidades de São Bernardo e Santo André, entre outras, nos quais a classe operária era
numerosa.
Segundo Ghiraldelli Junior (2007), o jornal oficial do partido, chamado A Nação, no final dos anos de 1920,
promoveu e organizou práticas desportivas populares incentivando o operariado jovem à frequência do
desporto lúdico.
Após a Segunda Guerra Mundial, quando da redemocratização do país (fim da ditadura do Estado Novo
varguista), no curto período em que o partido saiu da clandestinidade, novamente as preocupações com a
educação e, em particular, com a Educação Física vieram à tona por parte do movimento operário e popular.
Na ocasião houve a formação de comitês populares democráticos em diversos bairros das grandes cidades
brasileiras, e as questões educacionais, de lazer e de educação física integravam as pautas de discussões dos
operários. Os comitês, formados inicialmente no sentido de lutar pela convocação da Assembleia Nacional
Constituinte, rapidamente se tornaram agremiações reivindicadoras e organizadoras que desejavam a
participação do poder público na tarefa de construção de escolas, quadras esportivas, jardins de infância,
praças, etc. (GHIRALDELLI JUNIOR, 2007).
No interior desses movimentos, forjou-se a concepção de Educação Física popular, privilegiando a ludicidade,
a solidariedade, a organização e a mobilização dos trabalhadores na tarefa de construção de uma sociedade
democrática. Atualmente, diferentemente dos anos de 1920 ou 1930, existem dois partidos comunistas: o PCB
(Partido Comunista Brasileiro) e o PCdoB (Partido Comunista do Brasil).
Vivência das tendências da Educação Física
Você quer ler?
O artigo Educação Física escolar brasileira: caminhos percorridos e novas/velhas 
objetiva discutir, a partir de raízes históricas, a Educação Física como perspectivas 
componente curricular, na busca de novos rumos que permitam sua legitimação como 
tal. A leitura poderá contribuir para exemplificar como o conhecimento deste tema se 
aplica atualmente na área da Educação Física.
Acesse
Teste suas Habilidades
- -29
Agora você já conheceu um pouco mais sobre a atuação do profissional de Educação Física licenciado.
Vamos fazer um treino de habilidades com a vivência das tendências da Educação Física?
Nossos objetivos com a prática são:
• vivenciar as características da área de atuação e a sua relação com o mercado de trabalho;
• identificar a atuação do profissional no mercado de trabalho
Para a prática, siga as etapas abaixo:
1. Produza um relatório em formato de texto com até 50 linhas, que possibilite com que você faça uma
reflexão dos pontos que foram discutidos.
2. Descrição da atividade: descreva quais são as atividades realizadas por um profissional de Educação Física
licenciado, assim como qual o seu local de atuação e o público com o qual ele atua.
3. Demandas observadas: identifique e descreva quais características são importantes que um profissional de
Educação Física licenciado tenha e quais experiências são importantes durante sua formação para ter uma
atuação de sucesso.
4. Análise crítica: faça uma análise crítica descrevendoqual a importância do profissional de Educação Física
licenciado e se você considera que esta pode ser considerada uma profissão que proporcione estabilidade
financeira ao profissional.
5. Conclusões: conclua seu relatório trazendo o que você aprendeu sobre a atuação do profissional de
Educação Física licenciado.
6. Poste no Fórum – Esclareça Suas Dúvidas as dificuldades encontradas e depois escreva o relatório do treino
de habilidades para entregar.
Feedback
Muito bem! Com este material, você aprendeu como um profissional licenciado trabalha e o quanto ele é
relevante para a formação psicossocial de crianças e adolescentes, entendendo que atua na Educação Básica e
na formação inicial das pessoas.
•
•
- -30
Conclusão
Ao concluir este relato sobre as concepções de Educação Física e as escolas de ginástica ou métodos
ginásticos, objetivamos apresentar um panorama da Educação Física no Brasil desde o ano de 1837, quando o
Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, incluiu as aulas de Educação Física em seu currículo.
No Brasil, constatamos, pelos estudos realizados, que a Educação Física escolar apresentou predominância de
diferentes vertentes metodológicas sempre em consonância com os interesses político-econômicos e a
respectiva ideologia dominante em cada momento histórico.
Vimos que, no ano de 1882, Rui Barbosa emitiu um parecer sobre um projeto de lei que versava sobre a
reforma do ensino primário e recomendou a inserção obrigatória da ginástica para ambos os sexos tanto na
escola primária como na formação de professores.
Aprendemos que, nos anos de 1837 a 1930, os objetivos da Educação Física eram a saúde e a eugenia
(melhoria da raça) e que as origens da Educação Física brasileira se interligavam em dois discursos distintos e
que se complementavam: o discurso médico e o militar.
A partir de 1930, na chamada Era Vargas, os objetivos da Educação Física se centravam em desenvolver a
força de trabalho para responder às demandas da produção industrial e em cultivar os valores morais, o
civismo e patriotismo.
Constatamos que, em decorrência desses objetivos, a metodologia de ensino que predominou nesse período
(1930–1945) foi o chamado método francês, adotado no Exército Brasileiro já na década de 1920, substituindo
o método alemão, que já era ministrado desde os primórdios da República (1860) para os militares brasileiros.
Esse método permaneceu até 1912 na Escola Militar do Exército. O pós-guerra possibilitou a valorização do
esporte como instrumento de educação e inclusão social.
A Educação Física Desportiva Generalizada ocupou espaço nas escolas brasileiras tendo como objetivo
pedagógico o desenvolvimento fisiológico, psicológico, social e moral do educando. Esse modelo foi
idealizado nos Estados Unidos e difundido pela Associação Nacional de Educação Física dos Estados Unidos.
O embasamento teórico estava nas teorias psicopedagógicas de Dewey e na sociologia de Durkheim.
Aprendemos que, nos anos de 1964 a 1985, a Educação Física tinha como objetivo a competição, ou seja, a
formação de atletas para competições nacionais e internacionais. Foi o período do desporto-espetáculo, e nas
aulas de Educação Física o professor enfatizava a técnica das diversas modalidades esportivas atuando como
treinador de equipe e os alunos como atletas de clube.
- -31
Nestes estudos, conhecemos alguns nomes que fazem parte da história da Educação Física mundial como Guts
Muths, Friederich Ludwig Jahn e Adolph Spiess, que são considerados os grandes idealizadores das escolas
alemã de ginástica. Na França, os nomes Francisco de Amorós y Ondeano e George Demeny são considerados
os pais da escola francesa de ginastica. Já na Suécia, Pehr Henrick Ling é considerado o grande nome da
escola sueca de ginástica. Esses métodos ginásticos – escola alemã, sueca e francesa – são os pilares da
Educação Física brasileira.
Aprendemos sobre as concepções higienista, militarista, pedagogicista, competitivista e popular. O estudo de
tais concepções pelo autor Ghiraldelli Junior possibilitou uma melhor compreensão dos diversos períodos da
Educação Física desde o início da Republica até os dias atuais.
Essas concepções coexistem nos dias de hoje em quartéis, academias, clubes e escolas, com maior ou menor
difusão. Como em toda prática social, o novo convive com o velho.
- -32
Referências
Ghiraldelli Júnior P. : a Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos e a EducaçãoEducação Física Progressista
Física Brasileira. Edições Loyola, 10ª edição, 2007, 65p.
Kolyniak Filho C. . Editora da PUC, São Paulo, 2ª edição, 2008, 126p.Uma (Nova) Introdução
Marinho I. P. . Horizonte, Brasília,Introdução ao estudo da filosofia da educação física e dos desportos
1985, 243p.
Soares C. L. : Raízes Europeias e Brasil. Editora Autores Associados, Campinas, 5ª edição,Educação Física
2012, 141p.

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