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Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade Roteiro da Tutoria ✴ TUTORIA 10 ‣ “SEM PEGAR NO SONO” ● André, que sempre teve insônia, recentemente tem passado por muitos desafios pessoais. A insônia que respondia bem aos benzodiazepínicos agora é persistente, levando-o a utilizar outros hipnóticos. ↳ PERGUNTAS 1) Como se da a fisiologia do sono? 2) Quais os distúrbios do sono? 3) Qual o tratamento farmacológico e não farmacológico indutor do sono? 4) Quais os riscos da automedicação entre profissionais de saúde? ↳ HIPÓTESES 1) REM e NÃO REM - estimulado pela melatonina e inibido pelo cortisol. 2) Insônia, paralisia do sono, narcolepsia… 3) Melatonina, Rivotril… 4) O câncer. ↳ OBJETIVOS 1) Compreender a fisiologia do sono. 2) Entender quais são os distúrbios do sono. 3) Delinear o tratamento farmacológico e não farmacológico (higiene do sono). 4) Delinear os riscos da automedicação entre os profissionais de saúde. ↳ PESQUISA OBJETIVO 01 ↪ O ciclo sono-vigília estruturado é fundamental para o bem-estar do indivíduo, podendo trazer impacto para a saúde e a qualidade de vida. O sono ocupa aproximadamente 1/3 da vida. ↪ Os gregos antigos atribuíram a necessidade de dormir ao deus Hypnos (sono) e a seu filho, Morfeu, que trazia sonhos em forma humana. ↪ É um processo que o cérebro requer para funcionamento adequado. Privação prolongada do sono leva a prejuízos físicos e cognitivos graves, podendo levar à morte. ↪ E esse não é um processo passivo, ao contrário, está associado com alto grau de ativação cerebral, como é observado no estudo polissonográfico, mostrando que as descargas neurais que ocorrem nesse período muitas vezes são mais intensas que na vigília. ↪ O estado de vigília é mantido por meio da ativação talamocortical, sustentada por vias colinérgicas e monoaminérgicas ascendentes, além do sistema orexinérgico hipotalâmico e dos s istemas col inérg icos e GABAérgico do prosencéfalo basal. ↪ O sono representa um estado comportamental reversível de desligamento da percepção do ambiente com modificação do n íve l de consciência. ↪ O processo neurobiológico que ocorre no encéfalo durante o sono segue um padrão predeterminado, de sequências de estágios e ciclos bem organizados, denominados arquitetura do sono. ↪ O sono é relevante, sobretudo para a psiquiatria, psicologia e neurologia, pois muitas perturbações do sono podem ocorrer em praticamente todas as doenças psiquiátricas e em muitas doenças neurológicas e costumam fazer parte dos critérios diagnósticos para transtornos específicos. ↪ A sonolência foi associada com catástrofes industriais e também com veículos automotores, com grande preocupação de segurança pública, ambas com consequências de letalidades. ↪ Os transtornos do sono-vigília representam um custo anual direto estimado de 16 bilhões de dólares nos EUA, com custos indiretos podendo chegar a mais de 100 bilhões de dólares. ↪ A seriedade dos transtornos do sono infelizmente continua pouco reconhecida pela população leiga e também pela maioria dos médicos de todas as especialidades. ↪ A prevalência dos transtornos do sono-vigília t e m a p r e s e n t a d o a u m e n t o c r e s c e n t e , evidenciando a importância de todo médico aprofundar seus conhecimentos. ↪ A Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) no 1.973/2011, publicada no Diário Oficial da União em 01 de agosto de 2011, tornou a medicina do sono uma especialização médica reconhecida em todo o Brasil. Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade SONO NORMAL ↪ Existem dois estados distintos de sono: o sono dessincronizado ou sono REM e o sono sincronizado ou sono não-REM (NREM). ↪ O sono NREM caracteriza-se por atividade elétrica cerebral síncrona com elementos gráficos no eletrencefalograma como fusos do sono, complexos K e ondas lentas. ↪ É dividido em quatro estágios (estágios 1 a 4) que representam progressivamente o grau de elevação do limiar para despertar do sono. ↪ Durante o sono NREM, há redução da atividade do sistema nervoso autônomo (SNA) simpático e aumento do tônus parassimpático, e funções como freqüência cardíaca, freqüência respiratória e pressão arterial permanecem estáveis e em níveis mais baixos do que em vigília. Há também diminuição parcial do tônus neuromuscular. ↪ O sono dessincronizado, ou sono REM, não é dividido em estágios e caracteriza-se pela dessincronização eletrencefalográfica com atividade de baixa amplitude. ↪ A presença de episódios de movimento rápido dos olhos e a atonia muscular caracterizam o sono REM. Ocorre ativação do SNA simpático, com oscilações de freqüências cardíaca e respiratória, pressão arterial, débito cardíaco e fluxo cerebral e nos homens há ereções penianas. ↪ Relatos de sonhos em cerca de 90% dos despertares de sono REM indicam atividade mental. ↪ O sono normal inicia-se pelo estágio 1 NREM, quando ocorre movimento lento dos olhos, redução do tônus muscular e no EEG. ↪ O estágio 1 é uma fase transitória e curta, passando em seguida para o estágio 2 de sono, quando o EEG começa a apresentar ondas de maior amplitude e menor freqüência com os fusos de sono e os complexos K. ↪ Esse estágio é o mais duradouro para a maioria dos adultos. Os estágios 3 e 4, também denominados de sono delta e conhecidos como sono profundo, são caracterizados pela presença de ondas lentas de grande amplitude (ondas delta) no traçado de EEG de sono. ↪ Os estágios de sono alternam-se durante a noite, formando os ciclos NREM-REM. ↪ A distribuição desses estágios em noite normal de oito horas de sono obedece à seqüência com maior quantidade de sono profundo na primeira metade da noite e com predomínio de sono REM na segunda metade. ↪ A latência normal para o início do sono é de menos do que 30 minutos e para o começo do sono REM é de 70 a 120 minutos. OBJETIVO 02 I N T R O D U Ç Ã O ↪ Discutiremos a seguir os principais transtornos de sono incluídos na CITS 2005 de interesse à psiquiatria. INSÔNIA ↪ De maneira geral, ambos os manuais caracterizam insônia como uma dificuldade persistente no sono, seja para iniciar, manter, consolidar ou quanto a sua qualidade que ocorre apesar de oportunidade e circunstâncias adequadas, resultando em algum prejuízo diurno. ↪ Existem algumas especificidades de cada manual, as quais podem ser observadas nas Tabelas 26.2 e 26.3. ↪ Diferentemente do DSM-5, que utiliza especificadores, a ICSD-3 utiliza subtipos: • Transtorno de insônia crônico: descrito na Tabela 26.2 • Transtorno de insônia de curta duração: a diferença em relação ao item A está na duração < 3 meses • Outro transtorno de insônia: queixas sobre o sono, mas não preenchem critérios para os itens A ou B • Sintomas isolados e variantes normais • Tempo excessivo na cama: dificuldade para iniciar o sono ou despertares prolongados, sem queixas diurnas • Short sleeper: média de menos de 6 horas de sono por noite, sem queixas diurnas. ↪ Em concordância com a ICSD-3, o DSM-5 apresenta critérios para a real ização do diagnóstico de insônia tanto para transtorno independente como para comórbido. ↪ Portanto, quando insônia comórbida está presente, ambos os diagnósticos devem ser feitos, segundo o DSM-5, exceto nos casos em que a insônia não cause prejuízos clínicos importantes. Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade ↪ Aproximadamente 80% dos pacientes com transtorno depressivo apresentam alterações nos padrões do sono, tanto de uma perspectiva qualitativa como quantitativa. ↪ Deles, a maioria apresentainsônia, incluindo em suas queixas específicas: despertares noturnos frequentes, sono não restaurador, redução do sono total e sonhos perturbadores que provocam hipersonolência diurna. ↪ As implicações relacionadas com a insônia são: irritabilidade e alterações do humor; prejuízo dos desempenhos social, profissional e escolar; prejuízo da atenção, da concentração e da memória; fadiga; queixa de sonolência diurna; diminuição de energia e de iniciativa; maior risco de cometer erros; sintomas gastrintestinais; cefaleias tensionais e ansiedade relacionada com o sono. ↪ Há uma associação de fatores predisponentes, como indivíduos que são naturalmente mais alerta ou têm história familiar, com fatores precipitantes. ↪ Sabe-se que a hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal provoca um quadro de hiperalerta. Em seguida, ocorre a ação de fatores perpetuantes, que são comportamentos e/ ou pensamentos de hiperalerta, que provocam um quadro de insônia. ↪ Fatores demográficos, como idade dos pacientes, constituem um importante fator de avaliação, pois, com o avançar da idade, há a l te rações de sono que inc luem maior fragmentação do sono noturno e despertar mais precoce. ↪ Em relação ao gênero, são observadas mais queixas de insônia e de hipersonia nas mulheres, na proporção de 2:1, apesar de haver equivalência entre os gêneros após os 65 anos. ↪ Fatores psicossociais como menor nível educacional, existência de comorbidades – hipertensão, artrite reumatoide e diabetes –, entre outros podem estar relacionados com alterações do sono. Tratamento não farmacológico ↪ O tratamento adequado da insônia está associado ao menor abandono do tratamento. ↪ As medidas não farmacológicas que podem ser implementadas para o tratamento da insônia, independentemente da causa encontrada para o distúrbio do sono, são: higiene do sono, controle de estímulos, terapias de relaxamento e terapia cognitivo-comportamental. TRANSTORNOS RESPIRATÓRIOS RELACIONADOS COM O SONO ↪ Distúrbios respiratórios podem ocorrer durante o sono em indivíduos de diferentes faixas etárias; no entanto, não são diagnosticados com frequência, apesar da elevada prevalência, dos prejuízos e riscos associados. ↪ Atenção deve ser destinada às distintas formas de alteração respiratória que podem ocorrer durante o sono, como, por exemplo, ronco e apneia. ↪ Também a síndrome de resistência de via aérea supe r i o r (SRVAS ) me rece a tenção dos profissionais da saúde: ela está associada à percepção de sono não reparador. ↪ Podem ser observados diferentes sinais e distúrbios do sono associados ao quadro de SRVAS, por exemplo bruxismo e sonambulismo. ↪ Sintomas psiquiátricos como ansiedade e depressão têm sido identificados em indivíduos com SRVAS e foi observado alívio de tais sintomas com o tratamento do distúrbio respiratório. ↪ Também foi constatado que o não diagnóstico e a ausência do tratamento da SRVAS está associado à piora desses sintomas ao longo do tempo. ↪ Quanto à classificação dos transtornos respiratórios do sono, segundo o DSM-5, a categoria transtornos do sono relacionados com a respiração é composta de: • Apneia e hipopneia obstrutivas do sono • Apneia central do sono • Hipoventilação relacionada com o sono. ↪ Segundo a ICDS-3,a classificação desses transtornos é composta de: • Transtorno da apneia do sono obstrutiva • Síndrome da apneia de sono central • Transtornos de hipoventilação relacionados com o sono • Transtorno da hipoxemia relacionada com o sono • Hipoxemia relacionada com o sono • Variantes normais e sintomas isolados ↪ O DSM-5 e a ICSD-3 não estabelecem os cr i tér ios para definição dos t ranstornos Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade resp i ra tó r ios re lac ionados com o sono identificados pela polissonografia (PSG). ↪ Segundo os critérios citados no DSM-5 para diagnóstico de apneia e hipopneia obstrutivas do sono, é necessário: • Ter evidências por meio da PSG de no mínimo cinco apneias ou hipopneias obstrutivas do sono por hora do sono associadas aos seguintes sintomas: ou ter perturbações na respiração noturna como ronco, respiração ofegante ou pausas respiratór ias; ou ter s intomas como sonolência durante o dia, fadiga ou sono não reparador apesar de suficiente oportunidade para dormir e que não podem ser mais bem explicados por outro transtorno mental (incluindo do sono) nem atribuídos a alguma outra condição médica, ou • Evidências por meio da PSG de 15 ou mais apneias/hipopneias obstrutivas por hora de sono independentemente da ocorrência de sintomas associados. ↪ Ainda, a gravidade da apneia pode ser especificada de acordo com o índice de apneia e hipopneia (IAH) por hora de sono como leve (IAH < 15), moderada (IAH 15 a 30), ou grave (IAH > 30). ↪ Estima-se que adultos com idade entre 30 e 70 anos apresentem: IAH > 15 por hora, sendo aproximadamente 13% homens e 5,6% mulheres, e IAH > 5 por hora associado a sintomas de sonolência diurna em torno de 14% nos homens e 5% nas mulheres. ↪ Com o avanço da idade é observado aumento da prevalência nas mulheres; reduzindo, assim, a diferença entre os gêneros. ↪ Convém lembrar que AOS (apneia obstrutiva do sono) consiste na cessação de fluxo respiratório relacionada com o colapso, parcial ou total, da via respiratória superior durante o sono, havendo esforço respiratório para restabelecer a respiração e que diversos são os componentes que interagem no controle da respiração dessas vias na vigília e durante o sono. ↪ Os sinais e sintomas comumente associados à AOS compreendem sonolência excessiva diurna, ronco forte, ronco ressuscitador. ↪ Achados físicos que devem ser avaliados, uma vez que podem sugerir a ocorrência de AOS, incluem circunferência cervical aumentada e obesidade. É recomendado suspeitar de AOS se índice de massa corporal for superior a 30 kg/m2. ↪ Tem sido observado que AOS está associada a diferentes problemas de saúde, a aumentado risco para acidentes de tráfego e a pior qualidade de vida. ↪ Entre as condições clínicas e de saúde mental para as quais há evidência de associação com AOS, destacam-se: hipertensão arterial sistêmica, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca congestiva, diabetes melito tipo 2; além de prejuízo cognitivo e de sintomas depressivos TRANSTORNOS DE HIPERSONOLÊNCIA CENTRAL Tipos ↪ Narcolepsia • Uma condição crônica envolvendo múltiplos neurotransmissores • A narcolepsia se notabiliza pela sonolência diurna contínua (com períodos de maior intensificação), pelas rápidas transições anormais para o sono REM e pelos i n t e re s s a n t e s f e n ô m e n o s n e u ro - psiquiátricos. • Cinco sintomas são cardeais no quadro clínico da narcolepsia: sonolência diurna, cataplexia, paralisia do sono, alucinações do sono e fragmentação do sono noturno. • A narcolepsia é uma doença subestimada e quase metade dos casos nunca receberá um diagnóstico, se mantidas as práticas clínicas atuais. • O impacto negativo da narcolepsia na qualidade de vida é amplo e poderia se comparar àquele da esquizofrenia ou da epilepsia. • A ICSD-3 distribui a narcolepsia em dois grupos: - (1) narcolepsia tipo I, causada por p e r d a i n t e n s a d e n e u r ô n i o s h i p o t a l â m i c o s p r o d u t o r e s d e hipocretina; - (2) narcolepsia tipo II, cuja causa é desconhec ida . A patogen ia da n a r c o l e p s i a é p r o v a v e l m e n t e autoimune. • Uma característica neurofisiológica da narcolepsia é a desregulação do sono REM. Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade • O s i s t e m a h i p o c r e t i n é r g i c o ( o u orexinérgico) é re levante para se compreender a narcolepsia. • A h i p o c re t i n a - 1 ( o re x i n a - A ) e a h i p o c r e t i n a - 2 ( o r e x i n a - B ) s ã o neuropeptídiosneurotransmissores produzidos em um pequeno núcleo neuronal no hipotálamo lateral (bilateral). • O sistema hipocretinérgico interage com os sistemas monoaminérgico e colinérgico para a manutenção da vigília e com o sistema GABAérgico para a manutenção do sono. • A deficiência de hipocretina gera uma instabilidade regulatória, com passagens muito rápidas da vigília para o sono e do sono para a vigília. • Durante o dia, ataques de sono e, à noite, a fragmentação do sono. As DORA (dual orexin receptor antagonists – antagonistas duais dos receptores hipocretinérgicos) bloqueiam os receptores de hipocretina-1 e hipocretina-2. • O antagonista dual hipocretinérgico suvorexanto é usado no tratamento da insônia. • A sonolência é o sintoma mais comumente observado nos narcolépticos e estima-se que esteja presente em 91% desses pacientes • A sonolência diurna oriunda de um sono insuficiente, como é comum entre os adolescentes. • A cataplexia é um sintoma de grande relevância para a narcolepsia. Quando presente, é patognomônico para a narcolepsia tipo I. As crises catapléxicas a p a r e c e m a b r u p t a m e n t e e s ã o desencadeadas por emoções fortes. ↪ Outros • Sonolência diurna - é a incapacidade de permanecer acordado e alerta ao longo dos principais episódios despertos do dia, resultando em períodos de irreprimível necessidade de sono ou lapsos não intencionais rumo à sonolência ou ao sono. - var ia de in tens idade e é mais significativa em situações sedentárias, entediantes e monótonas, com escassa participação ativa. • Hipersonolência central - alterações presentes no interior do sistema nervoso central. - o DSM-5 adota uma estratégia simplificadora, agrupando os vários quadros clínicos dessa área em duas c a t e g o r i a s , t r a n s t o r n o d e hipersonolência e narcolepsia. - a ICSD-3 adota outra sistemática e distribui os problemas dessa área em diversas subcategorias. Tratamento não farmacológico ↪ Tratamento comportamental: Orientação da família e do paciente – cronicidade da doença, medidas de segurança; Cochilos programados; Higiene do sono; Medidas sociais – adaptações dos horários de trabalho, evitar turnos rotativos; Suporte psicológico. TRANSTORNO DO RITMO CIRCADIANO SONO- VIGÍLIA ↪ Têm como característica comum sua etiologia, que seria um descompasso entre o ritmo circadiano endógeno e o ambiente externo. A seguir, seguem as classificações pela ICSD-3 e pelo DSM-5. ↪ Para o diagnóstico desses transtornos, além de uma anamnese detalhada, seria importante o uso de um diário do sono de no mínimo 7 dias e idealmente 14 dias, incluindo tanto os dias laborativos como os dias de descanso. Tipos ↪ Transtorno de fase atrasada do sono • Geralmente temos um atraso superior a 2 horas para o início do sono e uma dificuldade para iniciar o sono em horário socialmente adequado, resultando em redução no tempo total de sono em dias escolares ou laborativos. • Caso o indivíduo não fosse despertado por estímulos externos, o sono teria duração normal. • Os fatores de risco para esse transtorno são: trabalho em turnos, viagens para locais com diferentes fusos horários, mudanças em cronogramas sociais ou laborais, baixa exposição à luz pela manhã e exposição à iluminação intensa em horário noturno tardio. Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade ↪ Transtorno de fase avançada do sono • Temos um avanço de geralmente 2 horas no início do sono e para o despertar. • Esses pacientes costumam ter sonolência e x c e s s i v a n o t u r n a e i n s ô n i a d e manutenção ou terminal, em razão do despertar precoce. • Esse transtorno é mais comum em idosos q u e c o s t u m a m t e r d e s p e r t a r e s progressivamente mais precoces. Esse transtorno também é observado em pacientes com transtorno do espectro autista. ↪ Transtorno do ritmo sono-vigília irregular • Ele é caracterizado pela falta crônica de um padrão bem definido de sono e despertar. • Os períodos de sono e despertar são v a r i á v e i s e o c o r re m d e m a n e i r a desorganizada dentro do período de 24 horas. • Esse transtorno é comum em pacientes idosos com doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, Huntington) e em c r i a n ç a s c o m t r a n s t o r n o d o neurodesenvolvimento. ↪ Outros • Transtorno do ritmo sono-vigília não de 24 horas - O marca-passo circadiano do indivíduo não está al inhado com o ciclo iluminação/escuro de 24 horas e pode causar s intomas de insônia ou sonolência excessiva dependendo do timing das tentativas de sono. • Transtorno do ritmo sono-vigília devido a trabalho em turnos - Com tempo total de sono médio de 1 a 4 horas e uma percepção de sono não reparador e não sat isfatór io, o transtorno de trabalho em turnos acomete indivíduos que trabalham no horár io em que dever iam estar dormindo (pelo menos parcialmente). - Prejuízo no desempenho laboral e na atenção são relatos comuns dos pacientes acometidos. • Transtorno de jet lag - O jet lag é caracterizado por um descompasso temporário entre o timing do ritmo circadiano endógeno e o padrão usual do fuso horário. - Costuma acometer pacientes que mudam para zonas de diferentes fusos horários. Há maior prejuízo para quem viaja para fusos horários situados ao leste do fuso de origem. - Indivíduos saudáveis podem se adaptar com faci l idade a uma ou duas mudanças de fuso horário por dia; um ajuste natural a um deslocamento de 8 horas pode levar 4 dias ou mais. • Transtorno de ritmo circadiano sono vigília não especificado - Por último, pacientes que preenchem critérios gerais para transtorno do sono-vigília do ritmo circadiano e não têm critério para nenhum subtipo devem ser enquadrados no subtipo não especificado Tratamento não farmacológico ↪ A fototerapia consiste em expor o indivíduo a luzes brilhantes (acima de 10 mil lux) para alterar o ritmo biológico endógeno. ↪ Com a exposição a luzes brilhantes no tempo certo, o relógio biológico pode ser interrompido e reiniciado, pois a exposição muda o ponto de ativação. ↪ Entretanto, é importante a temperatura atingir o ponto mais baixo para ocorrer a inflexão e alterar o ciclo sono-vigília. PARASSONIAS ↪ Parassonias são eventos físicos ou experiências sensoriais indesejáveis que ocorrem ao entrar no sono, durante o sono ou no despertar do sono. ↪ As parassonias podem incluir percepções, sonhos, atividade do sistema nervoso autonômico, comportamentos e movimentos complexos relacionados com o sono. ↪ As consequências clínicas das parassonias podem afetar o paciente, seu parceiro de cama ou ambos. Tipos ↪ Parassonias relacionadas com o sono NREM • Transtorno de despertar do sono NREM - Os transtornos de despertar do sono N R E M ( d e s p e r t a r c o n f u s i o n a l , sonambulismo e terror noturno) compreendem achados do sono NREM e vigília. Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade - Podem ser entendidos como um continuum entre componentes do sono N R E M , c o m o u m m í n i m o funcionamento cognitivo e amnésia para o evento; e vigília, por exemplo, olhos abertos. - Os transtornos de despertar consistem e m e p i s ó d i o s r e c o r r e n t e s d e comportamentos complexos que são iniciados após o despertar parcial do sono, resposta inapropriada ou ausente aos esforços dos outros de intervirem durante o episódio e amnésia parcial ou completa para o evento, além de lembrança ausente ou mínima de imagens oníricas (p. ex., apenas uma cena visual). - Os episódios podem ter diferentes e fe i tos desencadeadores como estímulos ambientais como toque e som, estressores biopsicossociais, privação de sono. - A maioria dos eventos tem breve duração (segundos a poucos minutos). - Os transtornos de despertar do sono N R E M s ã o o b s e r v a d o s m a i s comumente emcrianças e tipicamente se resolvem na puberdade. - Ao persistir o quadro, ou iniciar na idade adulta, podem necessitar de maior atenção clínica no sentido de avaliação e manejo de fatores e transtornos associados. - Despertar confusional: ‣ compreende os critérios gerais para os transtornos do despertar do sono NREM e caracteriza-se por breve p e r í o d o d e c o n f u s ã o e desorientação ao despertar do sono NREM. ‣ ocorre com o paciente estando na cama. ‣ o d e s p e r t a r c o n f u s i o n a l frequentemente se inicia com o indivíduo sentando na cama e olhando ao redor de modo confuso. ‣ Os episódios têm duração de poucos minutos e finalizam com o reinício do sono. São associados à amnésia anterógrada e retrógrada. É comum em crianças; em adultos foi identificado que população de risco inclui os indivíduos com transtorno psiquiátrico subjacente. - Sonambulismo: ‣ consiste em episódios recorrentes de levantar-se da cama durante o sono e deambular. ‣ o indivíduo apresenta olhar fixo e fisionomia vazia e praticamente não r e s p o n d e a o s e s f o r ç o s d e comunicação por parte dos outros. ‣ o comportamento pode ser simples e sem objetivo ou complexo e prolongado. O caminhar pode terminar espontaneamente em local inapropriado ou o paciente pode retornar para a cama, deitar e continuar o sono. ‣ a m a i o r i a d o s c a s o s d e sonambulismo ocorre em crianças e apresenta natureza benigna e autolimitada. ‣ os fatores prec ip i tantes são privação de sono, estressores físicos ou emocionais, período pré- menstrual, ocorrência de estímulos externos como ruído e mudança de temperatura, efeito provocado por diferentes psicotrópicos. - Terror noturno: ‣ consiste em um despertar súbito c o m e x p r e s s ã o d e h o r r o r, manifestação de intenso medo, choro inconsolável, agitação, elevada descarga autonômica mani festada por taquicard ia, taquipneia, midríase. O paciente parece estar acordado. ‣ o episódio é tipicamente seguido por amnésia e desorientação; pode ocorrer proeminente atividade motora e consequente ferimento. C a r a c t e r i z a - s e p o r n ã o s e r consolável. ‣ tentativa externa por parte do c u i d a d o r / o b s e r v a d o r e m interromper o evento pode propiciar o prolongamento deste. ↪ Parassonias relacionadas com o sono REM • Transtorno comportamental do sono REM Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade - É uma perda da atonia (característica) do sono REM e pelo comportamento de realizar o sonho enquanto na cama. - Tais comportamentos podem consistir em gritos, socos, chutes, movimentos como se lutando com inimigo. - Comportamentos violentos são mais comuns, mas podem ocorrer também atividades não violentas. Ferimentos como lacerações, equimoses, fraturas, hematomas subdurais podem ocorrer em tais indivíduos ao cair da cama, bater-se contra a parede ou móveis próximos. - Também é descrita a ocorrência de lesões nos parceiros de cama em razão de socos, chutes, tração dos cabelos e tentativa de estrangulamento. A frequência e a gravidade de tais comportamentos são variáveis. - Para fins diagnósticos, de acordo com ICSD-3, devem ocorrer episódios repetidos de comportamentos motores c o m p l e x o s e / o u v o c a l i z a ç õ e s relacionadas com o sono e esses episódios são documentados por PSG durante o sono REM ou se baseiam na história clínica de atuar o sonho. - Outro critério proposto e a ser preenchido consiste em registro por PSG da ocorrência de sono REM sem atonia. - Os critérios para o diagnóstico, de acordo com o DSM-5, consistem em episódios repetidos de despertar durante o sono associados com a vocalização e/ou comportamentos complexos; e esses comportamentos ocorrem durante o sono REM, isto é, geralmente após transcorridos 90 minutos do início do sono, e são mais frequentes durante as porções finais do período de sono e raramente durante cochilos diurnos. - Ao acordar desses episódios, o indivíduo está plenamente desperto e a le r ta , não está confuso, nem desorientado. - O quadro é mais frequente com o aumento da idade e em homens. O TCSR pode ter início gradual ou rápido e o c u r s o é f r e q u e n t e m e n t e progressivo. • Paralisia do sono isolada recorrente - Representa uma mistura entre vigília e sono REM; caracter iza-se pe la intrusão, na vigíl ia, da paralisia característica do sono REM. - Para fins diagnósticos, consiste em uma recorrente inabilidade de mover o tronco e membros ao iniciar o sono ou ao despertar, e é mais frequente ao despertar. - Cada episódio tem duração de segundos a poucos minutos, e o e p i s ó d i o c a u s a d e s c o n f o r t o clinicamente significante que inclui ansiedade no horário de dormir ou medo de dormir. - Nesses episódios, a consciência está preservada e a recordação do evento está presente. - O ep isód io gera lmente fina l i za espontaneamente. Privação de sono e horários irregulares de sono e vigília têm sido identificados como fatores predisponentes. • Transtorno do pesadelo - Consiste em repetidas ocorrências de sonhos extremamente disfóricos que o indivíduo recorda e que geralmente envolvem ameaça a sobrevivência, segurança ou integridade. - Ao despertar desses sonhos disfóricos, o indivíduo fica rapidamente alerta e orientado. Os pesadelos tipicamente tendem a ocorrer no último terço da noite de sono. - Ainda, a experiência do sonho ou o distúrbio provocado pelo despertar causa prejuízo social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. - Pode ocorrer perturbação do humor exemplificado por persistência do afeto do pesadelo, disforia ou ansiedade; ou ocorrer uma resistência ao sono, seja por ansiedade no horário de dormir, seja por medo de dormir e ter p e s a d e l o s ; t e r p r o b l e m a s comportamentais como evitação do momento de dormir, ou medo do Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade escuro; pode também ocorrer alteração cognitiva com imagens intrusivas do pesadelo ou prejuízo de concentração e memória. - O pesadelo também pode provocar impacto negativo nos hábitos da família, provocando perturbação no momento de dormir, por exemplo. Ainda pode ser observada a ocorrência de sonolência, fadiga ou baixa energia. - P e s a d e l o s p o d e m o c o r r e r ocasionalmente nas crianças, e isso não constitui um transtorno; na ICSD-3 é destacado que pesadelos na infância f r e q u e n t e m e n t e r e s o l v e m - s e espontaneamente, e o diagnóstico deve ser dado apenas se houver prejuízo ou sofrimento persistente. - Com frequência, os pesadelos podem es ta r assoc iados a cond ições estressoras e podem, em especial, ocorrer após eventos traumáticos. - Diversas são as medicações e substâncias que podem precipitar a ocorrência de pesadelos como agentes dopaminérgicos, antagonistas beta- ad rené rg icos , an t idep ress i vos , estimulantes, anfetaminas. No entanto, a interrupção de medicações que são supressoras do sono REM pode provocar rebote de sono REM acompanhado de pesadelos. Tais associações devem ser consideradas na avaliação dos pacientes. ↪ Transtorno alimentar relacionado com o sono • Esse transtorno é caracterizado por episódios recorrentes de comer após o início do sono e acompanhado de reduzido nível de consciência. • Nesses eventos, o indivíduo pode ingerir substâncias (p. ex., sabão, produtos de limpeza, cigarro), alimentos inadequados (como ração de animais) ou em preparo não usual. • O quadro pode estar associado com outros transtornos do sono: síndrome de p e r n a s i n q u i e t a s , t r a n s t o r n o d o movimento periódico de membros, AOS, além de condições clínicas ou uso de m e d i c a ç õ e s , p o r e x e m p l o , o s h ipno induto res como zo lp idem e hipnossedativos, mas também com outros comomirtazapina, risperidona, quetiapina, carbonato de lítio, anticolinérgicos. • Tal quadro também merece a devida atenção no sentido de garant ir a segurança do indivíduo, pois pode cortar- se ou queimar-se ao preparar os alimentos, por exemplo; além do cuidado quanto a aspectos relacionados com potenciais consequências metabólicas como obesidade e alterações no controle da glicose, e intoxicação. • O quadro deve ser diferenciado do transtorno alimentar noturno na qual o indivíduo está acordado. Tratamento não farmacológico ↪ Parassonias relacionadas com o sono NREM • O tratamento dos transtornos de despertar do sono NREM (despertar confusional, sonambulismo e terror noturno) tem como base maximizar a segurança do paciente. • Assim, ênfase deve ser destinada a evitar os fatores precipitantes e a otimizar a segurança do ambiente para evitar ferimentos. Em casos refratários às intervenções anteriores ou que provoquem prejuízo diurno ou ferimento, deve ser considerado tratamento farmacológico. ↪ Transtorno alimentar relacionado com o sono • Durante o tratamento, é necessário fazer recomendações visando otimizar a segurança do paciente, como remover móveis pontiagudos, colocar telas nas janelas, trancar gavetas e armários da cozinha para evitar ferimentos. • Também é recomendado tratar transtornos do sono subjacentes. ↪ Parassonias relacionadas com o sono REM • Transtorno comportamental do sono REM - O t r a t a m e n t o d o t r a n s t o r n o comportamental do sono REM visa reduzir a gravidade e a frequência dos comportamentos de atuação do sono e também propiciar mais segurança, objetivando prevenir ferimentos. - Orientações quanto à segurança no quarto devem ser oferecidas a todos pacientes. Ta is recomendações incluem retirar objetos pontiagudos ou cortantes da proximidade do leito, reduzir o risco de queda da cama Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade utilizando almofadas ou colocando o colchão no chão. TRANSTORNO DE MOVIMENTO RELACIONADOS COM O SONO ↪ Ca rac te r i za -se po r cond ições com comportamentos motores rítmicos, repetitivos e estereotipados, que implicam grandes grupos musculares. ↪ São predominantemente relacionados com o sono e ocorrem proximamente ao horário de ir para a cama ou em períodos de repouso e sonolência. É necessário que os movimentos não sejam melhor explicáveis por outro transtorno do movimento ou epilepsia. ↪ Para um diagnóstico de transtorno de movimento relacionado com o sono, é necessário que interfira no sono normal ou que prejudique o funcionamento diurno. Tipos ↪ Síndrome das pernas inquietas • A síndrome das pernas inquietas (SPI) é uma doença neuropsiquiátrica comum, complexa e tratável, com acometimento sensorimotor e com disfunções do sistema dopaminérgico e da homeostasia do ferro. • Também chamada de doença de Willis- Ekbom. • A sintomatologia é subjetiva e pode ser persistente ou intermitente, variando bastante em sua gravidade e sua frequência, pois a expressão clínica da SPI é influenciada por múltiplos fatores genéticos, médicos e ambientais. • Há premência ou “urgência” para mover os membros, geralmente acompanhada de desconforto e desagradáveis sensações disestésicas. • O s p a c i e n t e s e m p r e g a m a m p l a terminologia para tentar compreender e explicar o problema: inquietude nas pernas, nervosismo nas pernas, aflição, ans i edade , an gús t i a , desespe ro , s o f r i m e n t o , t e n s ã o , c o m i c h ã o , formigamento, queimação, coceira, dormência, cãibra e outros. • É interessante ter em mente que uma considerável porção dos pacientes se refere aos seus sintomas disestésicos como dor. • Os sintomas se iniciam ou pioram com o repouso ou a inatividade e ocorrem predominantemente ao entardecer ou à noite. • O paciente tende a criar alguma atividade como chutar, caminhar, correr, andar de bicicleta, esfregar ou alongar, com a qual busca aliviar sua sintomatologia e pode, com isso, obter melhora parcial ou completa, pelo menos durante a execução dessa atividade. • Para o diagnóstico da SPI, exige-se que os sintomas causem preocupação, distresse, alteração do sono ou prejuízos do funcionamento mental, físico, social, o c u p a c i o n a l , e d u c a c i o n a l , comportamental ou de alguma outra área. • O diagnóstico da SPI é exclusivamente clínico e não depende de exames complementares. • A polissonografia é empregada quando há suspeita de associação da SPI com transtornos respiratórios do sono ou para estudar efe i tos ocas ionados pelo tratamento. • A prevalência da SPI cresce com a idade, e é menos comum em crianças e muito comum em idosos. Tratamento não farmacológico ↪ O tratamento não farmacológico ideal inclui a educação para uma adequada higiene do sono e inclui a prática diária de atividades físicas. OBJETIVO 03 B E N Z O D I A Z E P Í N I C O S ↪ O mecanismo de ação se dá pelo aumento da transmissão de GABA (ácido gama-aminobutírico) que é o principal neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC), interagindo com receptores BZDs exclusivos no cérebro, através da facilitação da abertura de canais de cloreto, o que provoca a hiperpolarização da membrana neuronal, reduzindo sua excitabilidade. Esta atuação no SNC é capaz de alterar as habilidades cognitivas no indivíduo. ↪ Os BZDs ligam-se á proteínas plasmáticas, como a albumina, favorecendo seu depósito no tecido adiposo. ↪ E por serem altamente lipossolúveis, esses medicamentos conseguem penetrar facilmente no Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade SNC, comparando-se com drogas ilícitas, como a maconha, cocaína e heroína. O que explica o seu abuso e consequentemente sua dependência. ↪ Os BZDs possuem este nome, pois sua fórmula química se dá pela fusão do anel de benzeno e anel de diazepina. ↪ Os BZDs são classificados em ação longa, ação curta ou ação ultracurta. Os de ação longa apresentam à meia-vida longa, ou seja, o tempo que a droga fica na corrente sanguínea até que sua metade seja eliminada. ↪ Neste caso, a droga fica no organismo por um tempo maior, apresentando também metabólitos ativos, estes são mais potentes do que a droga original. ↪ Devido a isso, tem a possibilidade de causar muita sedação, pois a droga fica acumulada no organismo. Pertencem a esta ação o Diazepam, Alprazolam, Cloxazolam, Flunitrazepam e Flurazepam. ↪ O Nitrazepam tem ação longa, mas não a p re s e n t a u m m e t a b ó l i t o a t i v o . E s t e s medicamentos podem ser apropriados para pessoas com distúrbios do sono, distúrbios convulsivos e de movimentos oculares rápidos. ↪ Os de ação curta são particularmente uteis no controle da insônia e não apresentam metabólitos ativos, são o Clonazepam, Lorazepam e Bromazepam. ↪ O Clonazepam é indicado para pacientes epiléticos, transtornos de ansiedade, alteração de humor, psicoses, tratamento da síndrome das pernas inquietas e distúrbios do equilíbrio, como a vertigem e labirintite. ↪ Já os de ação ultracurta também não apresentam metabólitos ativos e são usados para indução de anestesia geral, principalmente em exames gástricos, como a endoscopia, pois sua meia-vida plasmática é muito curta, ou seja, é rapidamente distribuído pela corrente sanguínea e consequentemente seu efeito é mais rápido, como por exemplo, o Midazolam. ↪ Este medicamento é contraindicado para uso crônico, pois pode provocar depressão do sistema nervoso central e uma rápida sedação. A N T I D E P R E S S I V O S ↪ O mecanismo de ação básico destes fármacos é a u m e n t a r a b i o d i s p o n i b i l i d a d e d e neurotransmissores na fenda sináptica,seja fornecendo uma dosagem exógena, seja impedindo a degradação do produto endógeno ou amplificando sua ação. ↪ Vários antidepressivos são eficazes no tratamento da ansiedade crônica e devem ser considerados fármacos de primeira escolha, especialmente em pacientes com inclinação para dependência ou vício. ↪ Os ISCSs, como escitalopram ou paroxetina, ou os inibidores seletivos da captação de serotonina e norepinefrina (ISCSNs), como a venlafaxina ou duloxetina, podem ser usados sós ou prescritos em associação com uma dosagem baixa de benzodiazepínico durante as primeiras semanas de tratamento. ↪ Após 4 a 6 semanas, quando o antidepressivo começa seu efeito ansiolítico, a dosagem de benzodiazepínico pode ser reduzida gradualmente. ↪ Os ISCSs ou ISCSNs têm menor potencial de g e r a r d e p e n d ê n c i a f í s i c a d o q u e o s benzodiazepínicos, tornando-se o tratamento de escolha contra o TAG. ↪ Ainda que apenas certos ISCSs ou ISCSNs tenham sido aprovados para o tratamento do TAG, a eficácia desses fármacos é provavelmente um efeito da classe. ↪ Assim, a escolha entre esses antidepressivos pode ser feita com base nos efeitos adversos e no custo. Em geral, o tratamento com antidepressivos e benzodiazepínicos contra os transtornos de ansiedade é necessário por longo período, de modo a manter a vantagem alcançada e evitar recaídas. I N I B I D O R E S S E L E T I V O S D A C A P T A Ç Ã O D E S E R O T O N I N A ↪ Os inibidores seletivos da captação de serotonina (ISCSs) são um grupo de fármacos antidepressivos que inibem especificamente a captação da serotonina, apresentando uma seletividade de 300 a 3.000 vezes maior para o transportador de serotonina do que para o de norepinefrina. ↪ Isso contrasta com os antidepressivos tricíclicos (ADTs) e os inibidores da captação de serotonina e norepinefrina (ICSN), que inibem a captação de norepinefrina e de serotonina não seletivamente. ↪ Além disso, os ISCSs têm escassa atividade bloqueadora em receptores muscarínicos, α- adrenérgicos e H1-histamínicos. Portanto, os efeitos adversos comuns associados aos ADTs, como hipotensão ortostática, sedação, xerostomia Medicina - 5º P Layssa Ravelle Gomes Silva Andrade e visão turva, não são observados comumente com os ISCSs. ↪ Como têm efeitos adversos diferentes e são relativamente seguros, mesmo em dosagens excessivas, os ISCSs substituíram os ADTs e os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) como fármacos de escolha no tratamento da depressão. ↪ Os ISCSs incluem fluoxetina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina. O escitalopram é o S-enantiômero puro do citalopram. ↪ Os ISCSs bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica. ↪ Os antidepressivos, incluindo os ISCSs, em geral precisam de 2 semanas para produzir melhora significativa no humor, e o benefício máximo pode demorar até 12 semanas ou mais. ↪ Os pacientes que não respondem a um antidepressivo podem responder a outro, e aproximadamente 80% ou mais respondem a pelo menos um antidepressivo. A N T I - H I S T A M Í N I C O S ↪ Os anti-histamínicos (antialérgicos) são os medicamentos mais utilizados no tratamento das urticárias, uma vez que a histamina é a principal substância que ocasiona a maior parte dos sintomas. ↪ O mecanismo de ação destes medicamentos se baseia no bloqueio da ação da histamina, substância que provoca dilatação dos vasos sanguíneos da pele e formação das lesões, da coceira, bem como da sensação de calor e rubor que caracterizam a doença. ↪ Atuam nas terminações nervosas e nos vasos sanguíneos, diminuindo as placas, o calor e a coceira. ↪ Os anti-histamínicos (antialérgicos) são classificados em dois grupos: • Anti-histamínicos de “primeira geração”, mais antigos, também chamados de “clássicos” ou “sedantes”. • Anti-histamínicos de “segunda geração”, mais recentes, chamados de “não clássicos” ou “não sedantes”. ↪ Os anti-histamínicos clássicos, de “primeira geração”, são considerados sedantes pois podem provocar sonolência. ↪ O problema é que causam também dificuldade para se concentrar, exercer tarefas diárias como dirigir, trabalhar ou estudar. ↪ Além disso, provocam diminuição do tempo do sono REM (aquele sono reparador) o que faz com que a pessoa mesmo dormindo um número satisfatório de horas ainda assim acorda cansada. ↪ Os anti-histamínicos não clássicos são modernos e proporcionam alívio dos sintomas causando pouca sedação, com mínimos efeitos na atividade psicomotora. ↪ Em alguns casos, pode ocorrer dor de cabeça (cefaleia), que é o efeito colateral mais significativo. ↪ A maioria dos anti-histamínicos está autorizada para uso em crianças e adultos como a cetirizina, levocetirizina, desloratadina, fexofenadina e loratadina. ↪ A cetirizina, a desloratadina e a fexofenadina estão liberadas para uso a partir de 6 meses; os demais após 2 anos de idade. ↪ Os consensos científicos de tratamento recomendam o uso de ant i-histamínicos (antialérgicos) de segunda geração, por serem eficazes e menos sedantes. ↪ Inicialmente, são utilizados nas doses licenciadas (recomendadas em bula). Porém, nos casos com pouca resposta a estas doses, ou seja, sem controle dos sintomas, o médico poderá necessitar de aumentar a dose em até quatro vezes (lembrando que as doses altas são “off label”, ou seja, não estão indicadas na bula). OBJETIVO 04 ↪ U FONTES: Psiquiatria, estudos fundamentais - Meleiro BENZODIAZEPÍNICOS: USO E ABUSO EM PACIENTES IDOSOS- MOREIRA, Pamella
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