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Ascaridíase (Ascaris lumbricoides) ➢ Introdução: Família: Ascarididae Subfamília: Ascaridinae Espécie: Ascaris limbricoides Popularmente conhecido como lombriga. É o maior parasito humano. ➢ Morfologia: ✓ Fases evolutivas do ciclo biológico: verme macho, fêmea e ovo. ✓ As formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e possuem extremidades afiladas. ✓ O tamanho depende do número de parasitos encontrados no intestino delgado e do estado nutricional do hospedeiro. Dessa forma, as dimensões dadas se referem a helmintos recolhidos de crianças com baixas cargas parasitárias e bem nutridas. ➔ Machos: ✓ Vermes adultos: - Cor leitosa; - Medem cerca de 20 a 30 cm de comprimento por 2 a 4 mm de largura; - Apresenta dois espículos iguais que funcionam como órgãos acessórios da cópula; - Tem a extremidade posterior fortemente encurvada (enrolada) para a face ventral – esse é o caráter sexual externo que o diferencia da fêmea. ➔ Fêmeas: ✓ Medem cerca de 30 a 40 cm de comprimento por 3 a 6 mm de largura quando adultas, sendo mais robustas que os exemplares machos; ✓ A cor é semelhante à do macho; ✓ A extremidade posterior é retilínea. ➔ Ovos: ✓ Originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes; ✓ São grandes, ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada, secretada pela parede uterina e formada por mucopolissacarídeos. Essa membrana facilita a aderência dos ovos a superfícies propiciando a sua disseminação; ✓ A esse envoltório seguem-se uma membrana média de constituição proteica e outra mais interna, delgada e impermeável à água, constituída de 25% de proteínas e 75% de lipídeos. Esta última camada lhe confere grande resistência às condições adversas do ambiente. ✓ Internamente apresentam uma massa de células germinativas; ✓ Frequentemente podem-se encontrar nas fezes ovos inférteis. São mais alongados, possuem membrana mamilonada mais delgada e o citoplasma granuloso; ✓ Algumas vezes podem ser observados nas fezes ovos férteis sem a membrana mamilonada. ➢ Biologia: ➔ Habitat: ✓ Infecções moderadas: vermes adultos são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno (90%) e no íleo; ✓ Infecções intensas: ocupam toda a extensão do órgão; ✓ Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios, ou migrarem pela luz intestinal. ➔ Ciclo Biológico: ✓ É do tipo monoxênico, isto é, possuem um único hospedeiro; ✓ Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 200.000 ovos não embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes; ✓ L1: É do tipo rabditoide, isto é, possui o esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio; ✓ L3: Possui esôfago tipicamente filarioide (esôfago retilíneo); ✓ Os vermes adultos têm uma longevidade de 1 a 2 anos. 1. A primeira larva (L1) é formada dentro do ovo, após uma semana, ainda dentro do ovo, ela sofre muda transformando-se em L2 e, em seguida, nova muda transformando-se em L3 infectante. Essas formas permanecem infectantes, dentro do ovo, no solo, por vários meses podendo ser ingeridas pelo hospedeiro. 2. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o trato digestório e as larvas eclodem no intestino delgado. A eclosão ocorrer graças a fatores ou estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro como a presença de agentes redutores, o pH, a temperatura, os sais e o mais importante, a concentração de CO2, cuja ausência inviabiliza a eclosão. 3. Uma vez liberadas, as larvas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e na veia mesentérica superior atingindo o fígado entre 18 e 24 horas após a infecção. 4. Em 2 a 3 dias chegam ao átrio D pela veia cava inferior e 4 a 5 dias após são encontradas nos pulmões (ciclo de LOSS). 5. Cerca de 8 dias da infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. 6. Sobem pela árvore brônquica e traqueia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando ilesas o estômago e fixando-se no intestino delgado. 7. Transformam-se em adultos entre 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula e a ovipostura, quando são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Em resumo (slide da aula): 1- Verme adulto ≈200.000 ovos/dia 2- Liberação dos ovos 3- Amadurecimento dos ovos Inférteis→ não infectantes Férteis→ infectantes em18 dias 4- Infecção Ingestão do ovo fértil infectante 5- Eclosão Liberação das larvas 3º estádio Invadem a mucosa intestinal 6- Chegada aos pulmões Desenvolvimento (10 a 14 dias) 4º estádio 7- Penetram os alvéolos 5º estádio Chegam a garganta → Deglutida Pré-patente → Entre 2 e 3 meses Vivem por 1 ou 2 anos ➢ Transmissão: Ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva L3. Pesquisas mostram que, além destes mecanismos, a transmissão pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal (“que fica por baixo da unha”) com ovos viáveis, principalmente em crianças. A resistência dos ovos a vários agentes terapêuticos é outra característica importante na transmissão da doença. ➢ Patogenia: ✓ Normalmente assintomático; ✓ A intensidade das alterações provocadas está diretamente relacionada com o número de formas presentes no hospedeiro; ✓ Podem causar deficiência no crescimento; ✓ Alta carga parasitária: dor abdominal e obstrução intestinal. ➔ Larvas: ✓ Em infecções de baixa intensidade, normalmente não de observa nenhuma alteração. ✓ Infecções maciças podem determinar a ocorrência de lesões hepáticas e pulmonares. ✓ Fígado: - Nele são encontradas numerosas formas larvares migrando pelo parênquima, podem ser vistos vários focos hemorrágicos e de necrose que futuramente tornam- se fibrosados. ✓ Pulmões: - Ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. - Há edemaciação dos alvéolos com infiltrado inflamatório por polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos. - Dependendo do número de formas presentes, a migração das larvas pelos alvéolos pulmonares pode determinar um quadro pneumônico, com febre, tosse, dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e eosinofilia. → Síndrome de Loeffler - Na tosse produtiva (com muco), o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. ✓ Nessa fase da infecção a resposta imunológica é normalmente caracterizada pelo aumento de eosinófilos sanguíneos e teciduais, bem como anticorpos IgE específicos, responsáveis por reações de hipersensibilidade. ➔ Vermes adultos: ✓ Em infecções com 3 a 4 vermes, em geral não há alterações clínicas e os sintomas quando ocorrem são inespecíficos. ✓ Nas infecções médias, 30 a 40 vermes, ou maciças, 100 ou mais vermes, podem ocorrer: - Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídeos e vit A e C, levando o pct, principalmente crianças, à subnutrição e depauperamento físico e mental. - Ação tóxica: a reação entre antígenos parasitários e os anticorpos alergizantes do hospedeiro causam edema, urticária e convulsões. - Ação mecânica: os vermes causam irritação na parede intestinal e podem enovelar-se na luz, levando à obstrução intestinal. As crianças são mais propensos, principalmente pelo menor tamanho do intestino delgado e pela intensa carga parasitária. - Localização ectópica: nos casos de pcts com altas cargas parasitárias ou ainda em que o verme sofra alguma ação irritativa, a exemplo de febre, uso impróprio de medicamento e ingestão de alimentos muito condimentados, o helminto se desloca de seu habitat normal atingindo locais não habituais. → “Áscaris errático”: vermes que fazem esta migração Obs.: Situações ectópicas que podem levar o pct a quadros graves necessitando algumas vezesde intervenção cirúrgica: Apêndice cecal causando apendicite aguda; Ducto colédoco, causando obstrução; (vias biliares → simulação de quadros de colecistite) Ducto pancreático, causando pancreatite aguda (sempre fatal); Eliminação do verme pela boca e pelas narinas. (a expulsão também pode ser anal) Obs.: Também já foram encontrados vermes adultos e forma larvares no ouvido médio e na tuba auditiva. ➢ Diagnóstico: ➔ Clínico: ✓ Inespecífico; ✓ A gravidade da doença é determinada pelo número de vermes que infectam cada pessoa; ✓ Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro. ➔ Laboratorial: ✓ Coproanálise: pesquisa de ovos e/ou verme adulto nas fezes; ✓ Em fases precoces da infecção, ou seja, quando as larvas estão passando pelo pulmão, o exame de fezes é negativo; ✓ Os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias após a contaminação do pct; ✓ Sedimentação espontânea: diagnóstico qualitativo; ✓ Kato-Katz: diagnóstico quantitativo – OPG; → É preconizado pela OMS para inquéritos epidemiológicos. Estima o grau de parasitismo dos portadores; ✓ Em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão inférteis, enquanto em infecções somente com vermes machos o exame de fezes será consistentemente negativo. ➢ Tratamento: ➔ Benzimidazóis: ✓ Ligam-se à beta-tubulina livre, inibindo a sua polimerização e interferindo assim, na captação de glicose dependente de microtúbulos pelo verme; ✓ Albendazol, mebendazol e tiabendazol. ➔ Nitazoxanida: ✓ Interferência na enzima piruvato-ferredoxina-oxidoredutase (PFOR), bloqueando a transferência de elétrons; ✓ 2x ao dia por 3 dias; ✓ 90 a 100% de cura em infecções leves. ➢ Epidemiologia: ✓ Distribuição mundial: estima-se 25% da população mundial; ✓ Prevalências elevadas: regiões tropicais e subtropicais; áreas com saneamento inadequado. ➢ Profilaxia: ✓ Educação sanitária; ✓ Boa higiene pessoal; ✓ Saneamento básico; ✓ Proteção de alimentos.
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