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E-book - Unidade 4

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Martha Luciana Scholze
 EMPRESARIAL
Direito 
unidade 
4
Noções de Recuperação e 
Falência de Empresas 
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem 
foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com 
um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, 
realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma você, com 
certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
OBJETIVO GERAL 
Conhecer a Lei nº 11.101/05, bem como outros mecanismos legais que 
tratam sobre a Recuperação e Falência das Empresas. Compreender e 
conhecer outros temas relevantes para o Direito Empresarial.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Estudar a legislação de Recuperação e Falências de empresas, o conceito 
de recuperação judicial, extrajudicial e falência, além de estudar outros 
dispositivos legais, como a Lei do Inquilinato.
QUESTÕES CONTEXTUAIS
1. O que é e do que se trata a Lei de Falências e Recuperação de Empresas?
2. Quais os tipos de falência que são possíveis de acontecer, bem como se 
procede cada um?
3. Quem recebe primeiro os créditos no caso de falência da empresa?
4. Qual é a Lei do Inquilinato e suas particularidades?
unidade 
4
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 94
4.1 Falências e Recuperação de Empresas
Grande concorrência no mercado, crise econômica no país e má administração, 
esses são alguns motivos que podem acabar levando uma empresa a uma 
situação de endividamento que inviabiliza o prosseguimento de suas atividades. 
Quando uma empresa está nessa situação, pode necessitar de um processo 
de recuperação judicial, ou, se verificada a situação de insolvência (quando 
os ativos são insuficientes para honrar com as dívidas da empresa) pedir a 
decretação de falência.
A tramitação de um processo de falência traz muita insegurança, não apenas para 
o administrador, mas também para seus funcionários e credores. A decisão nem 
sempre é fácil e exige muito cuidado. O que muitas organizações desconhecem 
é que há possibilidades que podem evitar a falência da empresa, e a recuperação 
judicial é uma destas possibilidades.
De acordo com Negrão (2015), falência é um processo de execução coletiva, no 
qual todo o patrimônio de um empresário declarado falido – pessoa física ou 
jurídica – é arrecadado, visando pagamento da universalidade de seus credores, 
de forma completa ou proporcional. É um processo judicial complexo que 
compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem 
como a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação 
dos bens e rateio entre os credores. Compreende também a punição de atos 
criminosos praticados pelo devedor falido.
Assim, resumindo, podemos dizer que, entre os problemas que levam uma 
empresa à falência, estão:
1. Falta de controle orçamentário e financeiro;
2. Falta de administração do capital de giro;
3. Deficiência na relação prazo médio de pagamento e prazo médio de 
recebimento;
4. Endividamento;
5. Investimentos realizados com base em tomadas de decisão erradas 
(por falta de análises de indicadores);
6. Falta de liquidez.
O processo falimentar tem a finalidade de liquidar o passivo (dívidas) a partir 
da realização (venda) do patrimônio da empresa. Nesse processo, são reunidos 
todos os credores, que serão pagos seguindo a ordem pré-determinada no 
Ordenamento, de acordo com a categoria do crédito a que pertencem.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 95
O procedimento da recuperação empresarial tem o escopo de contribuir para 
que a empresa que passa por uma crise econômico-financeira tenha condições 
de superá-la. A intenção do legislador foi preservar não só a empresa em 
recuperação, mas também a relação empregatícia e toda a cadeia de fornecedores 
que dela dependa.
A Lei da Falência também regula a recuperação judicial, que visa favorecer 
medidas para que o processo de falência seja evitado. Basicamente, a recuperação 
judicial fornece o que chamamos de caminho de recuperação econômica.
O objetivo disso é que a empresa consiga saldar suas dívidas ao mesmo 
tempo em que continue a produzir. Na recuperação judicial, preza-se pela 
manutenção dos empregos e da produção da organização, pois são esses os 
itens que ajudarão a empresa a gerar lucros.
Em termos legais, o capítulo três da Lei de Falências e Recuperação de Empresas 
prevê:
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a 
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, 
a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos 
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a 
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade 
econômica.
Para tanto, é indispensável que a empresa demonstre os requisitos estabelecidos 
no ordenamento, bem como a proposta de pagamento de suas obrigações 
devidamente aprovada pelos credores. Sabe-se que a garantia dos credores é 
o patrimônio do devedor. Isso quer dizer que, ocorrendo o inadimplemento de 
qualquer obrigação por parte de determinada pessoa, o credor desta poderá 
promover, perante o Poder Judiciário, a execução de tantos bens do patrimônio 
do devedor quanto bastem à integral satisfação do seu crédito. A execução vai 
processar-se, em regra, individualmente, com um exequente voltando-se contra 
o devedor para dele haver o cumprimento da obrigação devida.
A situação de falência implica o afastamento do devedor de suas atividades. 
O juiz nomeia então um administrador judicial, que irá gerir os recursos da 
empresa e os interesses da chamada massa falida. Nesse processo, são liquidados 
e vendidos os ativos da empresa, e passa-se a pagar as dívidas com seus credores, 
conforme a ordem prevista em lei. Em caso de sociedade, todos os membros têm 
obrigações com relação às dívidas conforme sua participação na empresa.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 96
Sujeito Passivo: será atingido pela Falência e pela Recuperação de Empresas 
o devedor que exerce atividade empresarial. A partir dessa definição, não 
serão atingidos por esse procedimento a cooperativa, os profissionais 
intelectuais e nem os profissionais liberais, já que tais atividades não são 
consideradas empresariais pelo legislador. Além disso, outras atividades 
empresariais estão excluídas, como a empresa pública e a sociedade de 
economia mista.
DESTAQUE
Outra observação relevante é que algumas atividades são excluídas parcialmente 
dos institutos da Lei nº 11.101/05, uma vez que as Leis Especiais permanecem 
em vigor, ou seja, quando ficam devendo no mercado, ao invés de sofrerem 
Falência, elas passarão por um procedimento de Liquidação Extrajudicial, 
que nada mais é do que uma intervenção da empresa, com o objetivo de resolver 
a situação. Se a liquidação for eficaz, então o objetivo foi alcançado. Do contrário 
o próprio órgão interventor poderá requerer falência. É o caso dos seguintes 
empreendimentos:
• instituições financeiras, sociedades arrendadoras e administradoras de 
consórcio, que sofrem liquidação extrajudicial sob a responsabilidade do 
Banco Central;
• companhias de seguros, sociedades de previdência privada aberta e de 
capitalização, que sofrem liquidação extrajudicial sob a responsabilidade 
da SUSEP – Superintendência de Seguros Privados;
• operadoras de planos de assistência médica, que sofrem liquidação 
extrajudicial sob a responsabilidade da ANS – Agência Nacional de Saúde.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 97
4.2 Créditos Excluídos
Uma vez que seja declarada a falência, todas as ações em andamento são 
atraídas para o Juízo Universal. Entretanto, não serão exigíveis do devedor as 
obrigações a título gratuito e as despesas que os credores fizeram para tomar 
parte na recuperação judicial, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio. 
As ações que demandarem quantia ilíquida, as ações trabalhistas e as de naturezafiscal terão prosseguimento e não serão atraídas ao juízo universal.
4.2.1 Suspensão das Ações e Prazos Prescricionais
Com a decretação da falência ou do deferimento da recuperação judicial, ocorrerá 
a suspensão do prazo prescricional. Na recuperação judicial, a suspensão 
não poderá exceder 180 dias, quando será restabelecida a contagem do prazo 
independentemente do pronunciamento judicial. Entretanto, as execuções de 
natureza fiscal não são suspensas.
4.2.2 Causas da Falência
A falência pode ser requerida em virtude da impontualidade ou dos atos de 
falência. A impontualidade ocorre quando o devedor não paga no vencimento 
a obrigação líquida materializada num título executivo protestado, desde que o 
valor ultrapasse a 40 salários mínimos. Além disso, a impontualidade ocorre se 
o executado por quantia certa não pagar, nem depositar e nem nomear bens à 
penhora dentro do prazo legal. Tal situação será demonstrada pela apresentação 
de certidão expedida pelo juízo em que a execução é processada.
Os atos de falência ocorrem se houver:
• liquidação antecipada de bens;
• a venda de bens com utilização de meios fraudulentos;
• o uso de mecanismos com o objetivo de retardar pagamentos;
• transferência do estabelecimento comercial sem a concordância dos 
credores, sem ficar com bens suficientes para saldar dívidas;
• ausência do estabelecimento ou tentativa de ocultação, sem deixar 
representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores;
• não cumprimento do que foi estabelecido na recuperação judicial.
A falência requerida com fundamento na impontualidade de um título executivo 
extrajudicial não será decretada se o devedor provar: a falsidade do título, a 
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prescrição, a nulidade da obrigação ou do título, pagamento da dívida, vício no 
protesto, cessação das atividades empresariais há mais de dois anos antes da 
falência, qualquer fato que suspenda ou extinga a obrigação.
4.2.3 Legitimidade Ativa
Possuem legitimidade para requerer a falência: o próprio devedor; o cônjuge 
sobrevivente; o cotista ou acionista do devedor; e qualquer credor regulamente 
registrado na Junta Comercial.
4.2.4 Habilitação dos Credores
Uma vez que o edital seja publicado, os credores terão 15 dias para habilitarem-se. 
Após a habilitação, no prazo de 45 dias, o administrador deverá publicar um 
novo edital, que conterá a relação dos credores. Os credores terão 10 dias para 
impugnar os créditos relacionados. A impugnação poderá ser feita por qualquer 
credor, pelo Comitê de Credores ou até mesmo pelo Ministério Público. 
A impugnação será autuada em separado e da decisão que resolve a impugnação 
cabe recurso de agravo.
Após o prazo definido pelo art. 7º, parágrafo 1º da Lei 11.101/2005, a habilitação 
ainda pode ocorrer, mas será considerada retardatária. O credor habilitado 
retardatariamente não terá direito a voto nas deliberações da assembleia geral e 
perderá os direitos a rateios eventualmente realizados. Resolvida a habilitação dos 
credores e suas respectivas impugnações, será publicada a lista de classificação, 
no prazo de 5 dias, contados da sentença que julgou as impugnações.
4.2.5 Procedimento
Uma vez requerida a falência, o devedor será citado para apresentar sua 
contestação em 10 dias, e se a motivação for a impontualidade, o devedor pode 
depositar a quantia devida acrescida de correção monetária, juros e honorários 
advocatícios.
A sentença que decretar a falência, entre outras coisas, fixará: o termo legal, 
que é um período de no máximo 90 dias anteriores ao pedido de falência, ou 
ao pedido de recuperação judicial, ou do 1º protesto por falta de pagamento; 
a determinação para que o falido apresente em 5 dias a relação dos credores; 
determinará o prazo para a habilitação dos credores; determinará a suspensão de 
todas as ações ou execuções contra o falido; nomeará o administrador judicial; 
e determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia geral 
de credores, a fim de constituir o Comitê de Credores.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 99
4.3 Classificação dos Créditos
A falência divide os créditos em dois grandes grupos, quais sejam, os créditos 
concursais e extraconcursais. Os créditos concursais são aqueles que deram 
origem ao processo falimentar, enquanto que os extraconcursais surgiram 
da declaração da falência, ou seja, são gastos provenientes da declaração da 
falência.
São considerados créditos extraconcursais e serão pagos antes dos créditos 
concursais:
• remuneração devida ao administrador judicial e seus auxiliares, verbas 
trabalhistas e de acidentes de trabalho que tenham surgido após a 
decretação da falência;
• quantias fornecidas à massa pelos credores;
• despesas com arrecadação, administração e realização do ativo, bem como 
as custas do processo de falência;
• custas judiciais relativas às ações e execuções nas quais a massa falida 
tenha sido vencida;
• obrigações resultantes de atos jurídicos praticados durante a recuperação 
judicial.
São créditos concursais e obedecem a seguinte ordem:
• créditos trabalhistas limitados a 150 salários mínimos e créditos surgidos 
de acidentes de trabalho;
• créditos com garantia real até o limite do valor de bem gravado;
• créditos tributários, exceto com multas tributárias;
• créditos com privilégios especiais;
• créditos com privilégio geral;
• créditos quirografários, inclusive os créditos trabalhistas que excederem o 
limite de 150 salários mínimos;
• multas contratuais, penas pecuniárias, incluindo as multas tributárias;
• créditos subordinados.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 100
4.3.1 Realização do Ativo 
e Encerramento da Falência
Após a arrecadação dos bens, ocorrerá a realização do ativo. Os bens serão 
vendidos da melhor forma possível, respeitando a seguinte ordem:
• alienação do estabelecimento comercial como um todo;
• alienação das unidades produtivas da empresa de forma isolada;
• alienação dos bens agrupados por unidade produtiva;
• alienação dos bens individualizados.
A alienação ocorrerá pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor 
da avaliação. Os credores serão pagos de acordo com a classificação de seus 
créditos, e, se houver saldo remanescente, será devolvido ao falido.
Realizado o ativo e distribuído o resultado da negociação entre os credores, o 
administrador prestará suas contas no prazo de 30 dias, que serão julgadas pelo 
juiz. Após o julgamento das contas, o administrador apresentará o relatório 
final, no prazo de 10 dias, indicando a realização do ativo, a distribuição 
dos resultados da negociação e as responsabilidades que o falido ainda terá. 
Com a apresentação do relatório final, o juiz encerrará a falência.
O falido terá os seguintes deveres:
• prestar informações ao administrador;
• apresentar os livros obrigatórios, bem como todos os papeis e documentos 
ao administrador judicial;
• não se ausentar do local onde se processa a falência sem motivo justo e 
comunicação expressa ao juiz;
• comparecer a todos os atos da falência, nos quais for indispensável a sua 
presença.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 101
4.3.2 Os Efeitos da Falência 
sobre as Obrigações do Devedor
Com a decretação da falência, ficam suspensos: o exercício de direito de retenção 
sobre os bens que serão objeto de arrecadação, bem como o direito de retirada 
por parte do sócio de uma sociedade falida. Ou seja, na falência o devedor ou 
sócio não podem fazer nenhuma retirada de valores, nem mesmo vender ou 
dispor, por conta própria, de algum bem que será objeto de arrecadação para o 
pagamento das dívidas. Os bens e valores, pode-se dizer, ficam “congelados”. 
Por outro lado, os contratos bilaterais não serão resolvidos pela falência, uma 
vez que o administrador pode optar em continuá-los.
4.3.3 Ineficácia e Revogação dos 
Atos Praticados Antes da Falência
São ineficazes em relação à massafalida, independentemente do conhecimento 
do terceiro a respeito da situação financeira do devedor, ou mesmo da intenção 
do devedor em fraudar credores:
• o pagamento de dívidas não vencidas, realizadas dentro do termo legal;
• o pagamento de dívidas vencidas, realizadas dentro do termo legal, de 
forma diversa da prevista pelo contrato;
• a constituição de direito real de garantia dentro do termo legal;
• a prática de atos a título gratuito, praticados nos dois anos que antecedem 
a decretação da falência;
• a renúncia à herança ou a legado, praticada nos dois anos que antecedem a 
decretação da falência;
• o trespasse, sem consentimento dos credores e sem que o devedor possua 
bens suficientes para saldar dívidas.
A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada pelas partes, 
ou mesmo pleiteada em ação própria. São revogáveis, por outro lado, os atos 
praticados com a intenção de prejudicar credores, com a concordância do 
terceiro e que tenha trazido efetivamente um prejuízo à massa falida.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 102
4.4 Pedido de Restituição
O pedido de restituição é cabível toda vez que um bem pertencente a terceiro 
for arrecadado pela massa, como, por exemplo, a restituição da coisa vendida a 
crédito e entregue ao devedor nos 15 dias anteriores ao requerimento da falência.
O pedido de restituição contendo a descrição da coisa juntamente com os 
documentos comprobatórios deve ser autuado separado. A partir do recebimento, 
o juiz determinará a intimação dos credores, do Comitê e do administrador 
judicial para manifestarem-se em 5 dias. Da sentença que julgar o pedido de 
restituição, caberá apelação sem efeito suspensivo. O bem objeto do pedido de 
restituição fica indisponível até o trânsito em julgado da decisão.
Nesse processo de recuperação judicial ou falência, irá existir a figura do 
administrador judicial, que deve ser um profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas, contador ou uma pessoa 
jurídica especializada. Os honorários do administrador serão fixados pelo juiz, 
entretanto a remuneração não poderá exceder 5% do valor devido aos credores 
na recuperação judicial ou do valor da venda dos bens na falência.
As atribuições do administrador são:
a. Na falência e na recuperação judicial: enviar correspondências aos 
credores, prestar informações, elaborar a relação dos credores e consolidar 
a respectiva classificação, convocar a assembleia geral de credores e 
contratar profissionais especializados, mediante autorização judicial, para 
auxiliá-lo na continuação da atividade empresarial;
b. Na recuperação judicial: fiscalizar as atividades do devedor e o 
cumprimento do plano de recuperação, requerer a falência no caso de 
descumprimento da recuperação, apresentar relatório sobre a execução do 
pedido de recuperação.
c. Na falência: examinar a escrituração do devedor, representar a massa 
falida, receber e abrir correspondências do devedor, apresentar relatórios 
sobre a responsabilidade civil e penal do devedor (40 dias após os termos 
de compromisso), arrecadar os bens e os documentos, avaliar os bens, 
ou contratar avaliadores especiais, requerer a venda antecipada de bens, 
prestar contas, requerer todas as diligências que forem necessárias.
Importante: para que o administrador possa transigir sobre obrigações 
e conceder abatimentos, será necessária a autorização judicial, depois de 
ouvido o Comitê de Credores e o devedor.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 103
O Comitê de Credores é um órgão facultativo, composto de no máximo três 
representantes. Um representante da classe dos trabalhadores, um representante 
da classe dos credores de direitos reais e de privilégios especiais e um 
representante dos credores quirografários e de privilégios gerais. Apesar dessa 
indicação para a composição do comitê, ele pode funcionar mesmo com número 
inferior, conforme o artigo 26 da Lei 11.101/05.
As atribuições do comitê de credores são:
a. Na recuperação judicial e na falência: fiscalizar as atividades do 
administrador e examinar suas contas, comunicar ao juiz se houver violação 
dos direitos dos credores, requerer ao juiz a convocação da assembleia 
geral;
b. Na recuperação judicial: fiscalizar a administração do devedor, fiscalizar 
a execução do plano de recuperação, buscar a autorização do juiz, no caso 
de afastamento do devedor, para a alienação de bens, a constituição de 
ônus reais e para atos de endividamento para a continuação do negócio. 
Se o comitê não for constituído, essas atribuições serão assumidas pelo 
administrador.
4.4.1 Assembleia de Credores
A assembleia de credores é o órgão que delibera sobre as questões de interesse 
dos credores. É composta por titulares de créditos derivados da legislação 
trabalhista ou de acidente de trabalho, por titulares de créditos com garantias 
reais e por titulares de créditos quirografários ou de privilégios especiais. 
Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, as propostas serão 
aprovadas pela concordância dos credores que representem mais da metade do 
valor total dos créditos presentes à assembleia geral, com exceção da classe dos 
créditos trabalhistas, que decide pela maioria simples dos credores presentes, 
independentemente do valor de seu crédito. A assembleia geral será convocada 
pelo juiz ou pelos credores que representem 25% dos créditos de determinada 
Quirografário é o credor que, na falência, não possui garantia real para o 
pagamento de seu crédito. O credor quirografário não tem a vantagem do 
credor que tem privilégios especiais, o qual recebe seus créditos antes. 
Para saber mais, acesse o link: http://gg.gg/9w3ma.
GLOSSÁRIO
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 104
categoria. A convocação ocorrerá com antecedência mínima de 15 dias e será 
publicada em Diário Oficial e jornal de grande circulação. O quórum para a 
instalação da assembleia é da maioria dos créditos de cada categoria, computados 
pelo valor e não pelo número de credores.
As atribuições da assembleia geral de credores são:
a. Na recuperação judicial: aprovar, rejeitar ou modificar o plano de 
recuperação judicial apresentado pelo devedor; constituir o Comitê de 
Credores, bem como escolher seus membros e sua substituição; deliberar 
sobre o pedido de desistência do devedor, nos termos do parágrafo 4º do 
art. 52 da Lei nº 11.101/2005; indicar o nome do gestor judicial, quando 
do afastamento do devedor; além de tratar de qualquer outra matéria que 
possa afetar os interesses dos credores.
b. Na falência: constituir o Comitê de Credores, bem como escolher seus 
membros e sua substituição; adotar outras modalidades de realização do 
ativo, na forma do art. 145 da Lei nº 11.101/2005; além de deliberar sobre 
qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
Da Recuperação Judicial conforme a Lei nº 11.101/2005:
Figura 4.1: Recuperação judicial.
Fonte: http://gg.gg/9w3tc.
A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de 
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da 
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, 
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à 
atividade econômica.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 105
São requisitos para a recuperação judicial:
• Exercer atividade empresária de forma regular há mais de dois anos;
• Não ter sofrido falência, mas se tiver ocorrido, que possua declaração da 
extinção das obrigações, conforme o art. 158 da Lei;
• Não ter obtido a concessão da recuperação judicial nos últimos 5 anos;
• Não ter obtido a concessão da recuperação judicial com fundamento no 
plano especial nos últimos 8 anos, conforme os arts. 70 e 71 da Lei nº 
11.101/2005;
• Não ter sido condenado em crime falimentar conforme o art. 48.
Os seguintes credores/créditos não estão sujeitos à recuperaçãojudicial:
a. O credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou 
imóveis;
b. O arrendador mercantil;
c. O proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujo respectivos contratos 
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em 
incorporações imobiliárias;
d. O proprietário em contrato de venda com reserva de domínio;
e. O crédito decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação.
4.4.2 Meios de Recuperação Judicial
O devedor pode apresentar qualquer proposta, desde que os credores concordem 
com ela. São meios de recuperação judicial:
a. Concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações;
b. Cisão, fusão, incorporação, transformação, cessão de cotas ou ações;
c. Alteração do controle societário;
d. Substituição total ou parcial dos administradores ou modificação dos seus 
órgãos administrativos;
e. Aumento do capital social;
f. Trespasse ou arrendamento do estabelecimento;
g. Redução salarial, compensação de horários e redução de jornada, mediante 
acordo ou convenção coletiva;
h. Dação em pagamento ou novação das dívidas;
i. Venda parcial dos bens;
j. Emissão de valores mobiliários;
k. Usufruto, entre outros, conforme art. 50 da Lei nº 11.101/2005.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 106
4.6 Plano Especial
O plano especial de recuperação judicial é destinado a microempresas e empresas 
de pequeno porte. O plano especial pode ser deferido pelo juiz sem que ocorra 
a necessidade de convocar a assembleia geral de credores.
4.7 Procedimento da Recuperação Judicial
O devedor deverá ingressar com o pedido de recuperação judicial por meio 
de uma petição contendo a exposição de sua situação patrimonial, com 
as demonstrações contábeis dos últimos três anos, a relação nominal dos 
credores com os respectivos vencimentos, relações de empregados com suas 
respectivas funções e salários, relação das ações judiciais em andamento 
nas quais configure como parte, certidões de protestos, relação de bens dos 
sócios controladores e dos administradores, extratos bancários, certidões de 
regularidade da atividade e dos cartórios de protestos.
Após a verificação dos documentos, o juiz deferirá o plano de recuperação 
judicial e nomeará o administrador judicial; ordenará a suspensão de todas as 
ações e execuções contra o devedor, com exceção das ações que demandarem 
quantia ilíquida, as ações trabalhistas e as de natureza fiscal; determinará 
ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais; determinará a 
intimação do Ministério Público e a comunicação às Fazendas Públicas dos 
estados e municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
O devedor terá um prazo de 60 dias, contados do deferimento do processamento 
da recuperação judicial, bem como da validação completa do ativo e do passivo. 
A partir daí, o juiz ordenará a expedição de edital contendo o resumo do pedido 
do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação, a relação 
dos credores, bem como a respectiva classificação e valores, abrindo-se o prazo 
para habilitação ou oposição em relação aos dados do edital. Após a publicação 
da relação de credores, qualquer credor pode opor-se ao plano de recuperação 
judicial no prazo de 30 dias. Diante da objeção do credor, o juiz convocará a 
assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano, conforme os arts. 
55 e 56 da Lei nº 11.101/2005. Se alguém se opor à decisão que conceder a 
recuperação, cabe agravo.
Apesar do artigo 50 apenas exemplificar as possíveis propostas que podem ser 
utilizadas pelo devedor, existem algumas limitações que devem ser respeitadas 
pelo plano de recuperação. São elas:
• Não é possível a previsão de pagamento no prazo superior a um ano para 
os créditos trabalhistas e os provenientes de acidentes de trabalho;
• Não é possível a previsão de pagamento no prazo superior a 30 dias para 
os créditos trabalhistas com valor de até 5 salários mínimos vencidos nos 
três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial, conforme art. 54 
da Lei nº 11.101./2005.
4.5 Efeitos
Todos os créditos existentes à data do pedido de recuperação judicial estão sujeitos 
a ela, mesmo aqueles que não estejam vencidos. Mesmo com a homologação do 
plano de recuperação judicial, o devedor permanecerá na administração dos 
bens da empresa, contudo, após a distribuição do referido pedido, o devedor 
não poderá alienar ou onerar bens ou direitos, a não ser que o juiz reconheça a 
utilidade da negociação e depois da manifestação do Comitê de Credores.
Outra consequência importante é que os créditos decorrentes de obrigações 
contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial serão considerados 
extraconcursais em caso de falência, ou seja, serão pagos antes dos créditos 
concursais, que são os créditos que deram origem à falência, por exemplo, 
créditos trabalhistas, quirografários, etc. Além disso, os créditos quirografários 
sujeitos à recuperação judicial pertencentes a fornecedores de bens ou serviços 
que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial 
terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite 
do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período de recuperação. 
Um exemplo que podemos trazer nessa situação é o crédito decorrente de um 
acidente de trabalho, por um trabalho realizado após a decretação da falência. 
Esse crédito trabalhista é um crédito que será pago antes do demais, obedecendo 
a ordem que está no artigo 83 da Lei de Falências - Lei nº 11.101/05.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 107
4.6 Plano Especial
O plano especial de recuperação judicial é destinado a microempresas e empresas 
de pequeno porte. O plano especial pode ser deferido pelo juiz sem que ocorra 
a necessidade de convocar a assembleia geral de credores.
4.7 Procedimento da Recuperação Judicial
O devedor deverá ingressar com o pedido de recuperação judicial por meio 
de uma petição contendo a exposição de sua situação patrimonial, com 
as demonstrações contábeis dos últimos três anos, a relação nominal dos 
credores com os respectivos vencimentos, relações de empregados com suas 
respectivas funções e salários, relação das ações judiciais em andamento 
nas quais configure como parte, certidões de protestos, relação de bens dos 
sócios controladores e dos administradores, extratos bancários, certidões de 
regularidade da atividade e dos cartórios de protestos.
Após a verificação dos documentos, o juiz deferirá o plano de recuperação 
judicial e nomeará o administrador judicial; ordenará a suspensão de todas as 
ações e execuções contra o devedor, com exceção das ações que demandarem 
quantia ilíquida, as ações trabalhistas e as de natureza fiscal; determinará 
ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais; determinará a 
intimação do Ministério Público e a comunicação às Fazendas Públicas dos 
estados e municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
O devedor terá um prazo de 60 dias, contados do deferimento do processamento 
da recuperação judicial, bem como da validação completa do ativo e do passivo. 
A partir daí, o juiz ordenará a expedição de edital contendo o resumo do pedido 
do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação, a relação 
dos credores, bem como a respectiva classificação e valores, abrindo-se o prazo 
para habilitação ou oposição em relação aos dados do edital. Após a publicação 
da relação de credores, qualquer credor pode opor-se ao plano de recuperação 
judicial no prazo de 30 dias. Diante da objeção do credor, o juiz convocará a 
assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano, conforme os arts. 
55 e 56 da Lei nº 11.101/2005. Se alguém se opor à decisão que conceder a 
recuperação, cabe agravo.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 108
Agravo é um recurso interposto por uma das partes para reformar uma 
decisão interlocutória, que não é a decisão final do processo. 
DESTAQUE
4.7.1Convolação da Recuperação Judicial em 
Falência 
O juiz pode converter a recuperação judicial em falência pelas seguintes razões:
a. Por deliberação da assembleia de credores;
b. Pela não apresentação do plano de recuperação no prazo de 60 dias, 
contados da publicação da decisão que deferiu o processamento do plano 
de recuperação judicial;
c. Quando houver sido rejeitado o plano de recuperação judicial pela 
assembleia de credores;
d. Por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de 
recuperação.
Na convolação da recuperação judicial em falência, todos os atos de 
administração, endividamento, oneração ou alienação realizados no curso da 
recuperação judicial são considerados válidos para a falência. Da mesma forma, 
todos os créditos habilitados na recuperação judicial deverão ser considerados 
habilitados no Juízo Universal.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 109
4.8 Da Recuperação Extrajudicial
Se o devedor preencher os mesmos requisitos exigidos para a recuperação 
judicial, ele poderá propor a recuperação extrajudicial. O plano de recuperação 
extrajudicial não atingirá as obrigações de natureza trabalhista, de acidente de 
trabalho e nem as tributárias. Ele também não pode contemplar o pagamento 
antecipado das dívidas e nem um tratamento desfavorável a alguns credores.
Uma vez que o plano esteja concluído, ele deve ser submetido à homologação 
judicial, que não será possível se já estiver em andamento a recuperação judicial 
- ou, ainda, se nos últimos dois anos já houve a homologação de um outro plano 
de recuperação extrajudicial.
A homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará a 
suspensão de direitos, ações ou execuções, e nem impedirá a decretação da 
falência a pedido dos credores não subordinados ao plano. Da sentença que 
homologa a recuperação extrajudicial cabe apelação, que será recebida apenas no 
efeito devolutivo.
Apelação é o recurso interposto por uma ou todas as partes de um processo 
contra a sentença proferida por um juíz em primeira instância.
DESTAQUE
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 110
4.9 Falência
Figura 4.2: Falência.
Fonte: http://gg.gg/9w3ys.
A falência, com o afastamento do devedor, tem a finalidade de preservar e 
otimizar a utilização produtiva dos bens e recursos produtivos da empresa. 
Uma vez decretada a falência, ocorrerá a antecipação dos vencimentos das 
dívidas do devedor e dos sócios responsáveis de forma ilimitada e solidária. 
A responsabilidade dos sócios prescreve em dois anos após o trânsito em julgado 
da sentença de encerramento da falência.
Agora, vejamos outras legislações que são objetos de estudos.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 111
4.10 Locação de Imóveis
Para guiar o nosso estudo, vamos ver mais algumas questões sobre o contrato 
de locação. Morar de aluguel é a realidade de mais de 32 milhões de brasileiros, 
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dado 
que ratifica a importância do tema.
Locação é a relação através da qual uma pessoa (LOCADOR) cede 
temporariamente o uso e o gozo de um bem durante certo tempo a outro 
(LOCATÁRIO). O locatário obriga-se a realizar o pagamento de uma 
remuneração ou preço (ALUGUEL). O que caracteriza o contrato de locação é 
o pagamento de aluguel, pois essa é a diferença com relação ao comodato.
Art. 1º A locação de imóvel urbano regula - se pelo disposto 
nesta lei:
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas 
leis especiais:
a) as locações:
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos 
Municípios, de suas autarquias e fundações públicas;
2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para 
estacionamento de veículos;
3. de espaços destinados à publicidade;
4. em apart- hotéis, hotéis - residência ou equiparados, assim 
considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus 
usuários e como tais sejam autorizados a funcionar;
b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas 
modalidades.
Existe a possibilidade de mais de um locador e mais de um locatário no 
mesmo contrato, sendo o limite da responsabilidade de cada um delimitado no 
contrato de forma expressa, ou se nada disser, a responsabilidade será solidária, 
ou seja, divide-se a responsabilidade de forma igual entre cada uma das partes, 
por exemplo:
Caso o contrato tenha gerado algum tipo de danos ao locatário, e esse dano 
seja de responsabilidade dos locadores, eles responderão em igual parte. 
Se estivermos falando de quatro locadores, hipoteticamente, os valores 
serão divididos por quatro, e cada um pagará 25% do valor a ser indenizado. 
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 112
Já a pluralidade de locatários é diferente da sublocação - embora pareçam ser 
mais de dois ou mais contratantes, as relações ficam um pouco diferentes.
A sublocação é regulada pela Lei do Inquilinato, mas, para não ser contestada 
juridicamente, deve estar prevista no contrato original de locação e ser 
expressamente autorizada pelo proprietário do imóvel. Ela ocorre quando 
um imóvel alugado por um inquilino é ocupado por outra pessoa, que passa 
a pagar os encargos da moradia como o aluguel, condomínio ou parte deles. 
Essa modalidade somente é possível com consentimento prévio e escrito do 
locador. Terminando o contrato de locação, seja pelo decurso do prazo, seja por 
rescisão, termina também a sublocação.
Na prática, a maioria dos contratos não permite a sublocação justamente porque 
o locador quer ter o controle de quem está utilizando o imóvel. O proprietário 
aluga para uma pessoa, faz uma análise do inquilino, e depois não quer que o 
locatário o repasse a outra pessoa desconhecida. Por isso, de modo geral, não 
se autoriza.
O instrumento utilizado para estabelecer as regras dessa relação é o contrato, 
que não possui uma formalidade, ou seja, não precisa ser estabelecido por 
escrito. Mas o mais importante é atentarmos para o consentimento (expresso 
ou tácito), que deverá estar claro entre as partes, pois sem consentimento não 
há contratação. Contudo, na prática, o contrato verbal não é usual, devido à 
dificuldade de haver a comprovação do que foi estabelecido verbalmente, razão 
pela qual o que se vê no mercado são contratos por escrito, com as devidas 
cláusulas descrevendo os limites da relação, estabelecendo preço, localização 
do imóvel e todas as informações necessárias para clareza do negócio.
Com as partes devidamente especificadas e o contrato estabelecido, vamos 
analisar os pontos que deverão ficar combinados. As partes devem indicar o 
local do imóvel, combinar o tempo da locação e o preço (ou valor) que será pago 
em contrapartida à utilização do imóvel.
Prazo de locação: a regra geral é que as partes tenham liberdade para 
estabelecerem o prazo pelo qual durará o contrato, todavia se esse prazo 
for superior a 10 anos, será necessário a vênia conjugal, que nada mais é do 
que uma concordância por parte do cônjuge. Essa situação é importante, 
pois o cônjuge que não anuiu com a locação poderá pedir a anulação do 
contrato judicialmente, sendo a vênia conjugal necessária independente de 
ser o contrato residencial ou comercial.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 113
Dentre as modalidades de tempo contratual, as partes podem estabelecer 
contrato por tempo determinado ou indeterminado, sendo que no período 
estipulado no contrato, não pode o locador exigir a devolução do imóvel alugado. 
Em contrapartida, o locatário poderá devolver o imóvel antes do prazo final do 
contrato pagando uma multa pactuada no contrato e, em caso de não haver, 
pagará por aquilo que ficar estabelecido judicialmente.
Essa regra está estabelecida no artigo 4ª da lei e possui as seguintes exceções:
1. Ficará dispensado da multa se a devolução do imóvel decorrer de 
transferência, pelo empregador do locatário, seja ele privado ou público;
2. Caso o locatário tenha que prestar serviços em cidade diferentedaquela do 
início do contrato;
3. Ou ainda, caso notifique o locador, por escrito, com prazo de no mínimo 
30 dias de antecedência.
É importante observar que o objetivo desse artigo é proteger o locatário de 
qualquer arbitrariedade do locador.
Infelizmente, alguns contratos acabam tendo problemas, sobretudo quanto ao 
pagamento do aluguel. Para esses casos, o locador poderá exigir o imóvel de 
volta, e o meio cabível para tal é a ação de despejo.
Ainda quanto às possibilidades de rescisão contratual, vamos imaginar uma 
situação prática.
Caso o imóvel seja vendido e no imóvel existam pessoas locando, o comprador 
terá algumas medidas para desfazer a locação:
Poderá denunciar o contrato de locação, com prazo de 90 dias para desocupação, 
exceto se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula 
de vigência em caso de alienação, ou seja, se no contrato estiver escrito que a 
locação permanece mesmo com a venda do imóvel. Todavia, essa situação deve 
estar averbada no registro de imóveis. Esses 90 dias são contados do registro 
da venda. Passado esse período, será considerada aceita a locação vigente. 
A denúncia será feita através de notificação diretamente ao locatário, e os 
aluguéis durante o período desses 90 dias serão pagos ao novo proprietário.
A lei também regula as formas em que poderão as partes desfazer a locação. 
O artigo 9º estabelece que podem encerrar a contratação se estiverem em mútuo 
acordo, ou ainda se uma das partes cometer algum tipo de infração legal ou 
contratual. Podem também encerrar o contrato em caso de não pagamento do 
aluguel ou dos respectivos encargos e, ainda, caso seja necessária a realização 
de algum reparo urgente determinado pelo Poder Público, cuja permanência do 
locatário seja inviável.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 114
A lei estabelece algumas das situações para rescisão, todavia não é norma 
taxativa, isso é, as possibilidades não se esgotam nessas situações, o artigo 9º é 
o que chamamos de artigo exemplificativo.
E se falecer o locador? A lei também cuidou de regular esses casos e já previu 
essa situação no artigo 10, estabelecendo que, com a morte do locador, a locação 
transmite-se aos herdeiros, não rescindindo o contrato. Nesse exemplo, os 
herdeiros passam a ter todos os direitos que antes eram do locador falecido, 
sendo o pagamento dos aluguéis feitos a qualquer um dos herdeiros, uma vez 
que são igualmente “donos” do imóvel.
E se o casal que loca o imóvel separar-se? O artigo 12 da Lei do Inquilinato 
regula que o contrato permanece com aquele que ficar no imóvel. Essa regra 
cabe ao imóvel residencial e, inclusive, ao imóvel comercial. Ou seja, em caso 
de um dos cônjuges sair da empresa, aquele que permanecerá dará continuidade 
ao contrato.
Valor da locação: seguindo nas cláusulas que conterá o contrato de 
locação, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao valor estabelecido 
para pagamento do locatário. O artigo 17 da lei nos diz que as partes são 
livres para convencionarem sobre o aluguel, todavia, o valor estabelecido 
não pode ser fixado em moeda estrangeira, nem estar vinculado à variação 
cambial, ou mesmo a salário mínimo. Nesse último caso, é vedado, por 
exemplo, fixar o valor do aluguel em três salários mínimos, há de fixar-se 
em valor em moeda corrente, por exemplo, R$ 500,00 (quinhentos reais). 
De toda forma, não há necessidade do valor da locação ser pago em 
dinheiro, ou seja, é permitida a fixação do pagamento em serviço ou coisa, 
embora não seja o comum.
Sobre as taxas do imóvel, o que pode ou não pode ser repassado ao locatário 
pagar, vejamos:
Quanto à cobrança de Taxa de Elaboração de Contrato e informações 
cadastrais, a responsabilidade por esse pagamento é do proprietário do imóvel. 
Mas, se mesmo assim forem cobradas do inquilino, deve-se exigir um recibo 
discriminando a destinação dos valores, pois mediante esse documento é 
possível solicitar a devolução da importância paga.
Em relação ao IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano -, este também é de 
responsabilidade do proprietário, mas poderá ser repassado ao inquilino se for 
mencionado em cláusula contratual.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 115
O Fundo de Reserva poderá ser exigido mensalmente, para cobrir eventuais 
reparos que sejam necessários ao fim da locação. Todavia, se estes não forem 
necessários, o valor referente ao fundo de reserva deverá ser restituído, corrigido 
monetariamente, ao inquilino.
Quanto às Garantias Contratuais, a lei em seu art. 37 é clara ao especificar os 
tipos de garantias que podem ser dadas pelo locatário ou por terceiro ao locador: 
a Caução, a Fiança e Seguro Fiança. No artigo consta também, claramente, 
a vedação à exigência de mais de uma garantia, considerando, inclusive, nulo 
o contrato quando assim for feito. Essas garantias foram citadas no capítulo 
anterior, porém veremos o conceito de cada uma delas.
Quanto à Caução, a modalidade mais comum é com o pagamento efetuado em 
dinheiro, exigindo-se o valor correspondente a três meses do aluguel pactuado. 
Nesse caso, cumprida integralmente a obrigação do locatário, poderá este último 
levantar, ao final do contrato, referido valor, importante frisar, devidamente 
atualizado.
Já a Fiança, segunda modalidade prevista na lei, é garantia pessoal concedida 
por terceiro em favor do credor/locador, podendo ser concedida no próprio 
contrato ou em documento apartado, já que o afiançado/locatário não participa 
dessa relação. Tal garantia é prestada com base na confiança que tem o fiador 
em seu afiançado. Não há que se falar, portanto, que o fiador dá em garantia 
este ou aquele bem móvel ou imóvel de sua propriedade, como muitos pensam 
- e trata-se de grave erro. O patrimônio do fiador/garantidor poderá ser apenas 
levantado, pesquisado, a fim de saber se o mesmo tem condições financeiras de 
arcar com eventual obrigação inadimplida pelo locatário/afiançado, mas nunca, 
em momento algum, ficam seus bens adstritos, vinculados ao cumprimento da 
obrigação, como muitas vezes pensam e pretendem os locadores/administradores 
de imóveis. A garantia do contrato estende-se até a efetiva devolução do 
imóvel, ainda que o contrato esteja prorrogado por prazo indeterminado. 
No caso de fiança, não tendo havido exoneração do fiador, sua responsabilidade 
estende-se indubitavelmente até a entrega das chaves.
Há ainda o Seguro Fiança, modalidade esta mais segura e moderna. Infelizmente, 
pelo seu custo, considerado alto por alguns, e por exigir do locatário uma ficha 
cadastral sem máculas, acaba por impedir e afastar a sua efetiva utilização.
As garantias admitidas por lei aos contratos de locação têm por finalidade 
assegurar ao locador a plena satisfação dos créditos decorrentes da locação, 
ainda que o locatário não apresente condições financeiras e patrimoniais para o 
pagamento das obrigações que lhe são imputadas enquanto na posse do imóvel.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 116
A realidade nos permite pensar também na modalidade de contrato de locação 
por temporada, muito comum no mercado imobiliário.
Segundo o artigo 48 da Lei 8.245/91, considera-se locação para temporada 
aquela destinada à residência provisória do locatário para a prática de lazer, 
realização de cursos, tratamento de saúde, realização de obras em seu imóvel e 
outras situações em que a locação decorra, tão somente, de determinado tempo. 
O contrato, nesse caso, não poderá ser superior a noventa dias, sendo o contrato 
possível apenas na forma escrita. Pode envolver a mobília do imóvel ou não. 
Geralmente já vem mobiliado e, nessa hipótese, deve ser anexado ao contrato 
laudo de vistoria que descreva o mobiliário e os utensílios, registrando, com 
detalhes, o estado em que se encontram.
Como refere-se a situações transitórias, com curta duração, é comum que o 
pagamento de aluguel e encargos sejam feitos anteriormente ao uso e gozo do bem. 
Mas mesmo que o locador entenda que devamser cobrados antecipadamente os 
aluguéis, poderá, ainda, exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no 
art. 37 da lei em estudo, para atender às demais obrigações do contrato (art. 49).
A prorrogação dá-se da mesma forma daquelas locações residenciais com prazo 
igual ou superior a 30 meses. Isso porque nas locações para temporada, se 
o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem a oposição do 
locador, presumir-se-á a prorrogação do contrato até que se faça a notificação 
por parte deste. E ocorrendo a prorrogação, o locador não poderá mais receber do 
locatário os aluguéis e encargos antecipadamente, e somente poderá denunciar o 
contrato após 30 meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47 da lei.
Noções de Recuperação e Falência de Empresas | UNIDADE 4 117
SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta Unidade, vimos a legislação de Falência e Recuperação das Empresas, 
como se procede desde a solicitação e decretação da falência até o procedimento 
de sua recuperação. É sabido que, com a economia instável, muitas empresas 
passam por dificuldades financeiras e não escapam do processo de falência.
Estudamos as particularidades da legislação, como se dá o processo falimentar, 
a massa falida até o procedimento para a recuperação da empresa. Posterior 
a isso, estudamos a Lei do Inquilinato, visto que é uma lei que interessa ao 
Direito Empresarial e tem cunho social, pois, através da locação de imóveis, 
movimenta-se a economia de muitas cidades.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 118
REFERÊNCIAS
BULGARELLI, W. Direito Comercial. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
JUNIOR, L. A. S. Direito Imobiliário – Teoria e Prática. 12 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2017.
MARTINS, F. Curso de Direito Comercial, empresários individuais, 
microempresas, sociedades empresárias, fundo de comércio. 35 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2012.
NEGRÃO, R. Manual de Direito Comercial e Empresa. 5ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015.
SANTOS, E. T. V. Elementos do Direito – Direito Comercial. 7ª ed. São Paulo: 
Premier Máxima, 2008.
DIREITO EMPRESARIAL | Martha Luciana Scholze 120
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	unidade 1
	Conceito de Direito 
Empresarial - Geral 
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	1.1	Introdução
	1.2	O que é Comércio: Início e sua História
	1.3	Conceito de Direito Empresarial
	1.3.1	Fontes do Direito Empresarial
	1.4	Conceito de Empresário
	Síntese da unidade
	Referências
	unidade 2
	Conceito, Personificação, Personalidade e Capacidade 
das Pessoas Jurídicas 
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	2.1	Conceito, Personificação, Personalidade e Capacidade das Pessoas Jurídicas
	2.2 Das Sociedades Empresariais
	2.3	Personalização da Sociedade Empresária
	2.4	Teoria Geral do Direito Societário
	2.5	Classificação das Sociedades Empresárias
	2.6	Classificação Quanto à Responsabilidade dos Sócios pelas Obrigações Sociais
	2.7	Formas Societárias de Menor Relevância
	2.8	Classificação Quanto ao Regime de Constituição e Dissolução
	2.9 Estabelecimento Comercial
	2.10	Operações Societárias
	2.11	Sociedades não Personificadas
	2.12	Desconsideração da Personalidade Jurídica
	SÍNTESE DA UNIDADE
	REFERÊNCIAS
	unidade 3
	Teoria Geral dos Contratos e Títulos de Crédito 
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	3.1 Teoria Geral dos Contratos
	3.2 O Preço
	3.3	Vendas Nulas ou Anuláveis
	3.3.1	Outras Vendas Proibidas
	3.4	Cláusulas Especiais à Compra e Venda
	3.5 Retrovenda
	3.6 Cláusula de Preferência
	3.7	Da locação de Imóvel Urbano
	3.7.1	Critério para Definição do Bem Imóvel
	3.7.2	Da Alienação do Bem Locado
	3.7.3	Direito de Preferência ao Inquilino
	3.7.4	Das Garantias
	3.7.5 Da Locação por Temporada
	3.7.6	Da Denúncia do Contrato de
Locação Residencial pelo Locador
	3.7.7	Da Denúncia do Contrato 
de Locação pelo Locatário
	3.7.8	Da Denúncia do Contrato de Locação Comercial
	3.8	Locação para Entidades Religiosas, de Ensino ou Estabelecimentos de Saúde
	3.8.1	Espécies de Doação
	3.8.2	Revogação da Doação
	3.8.3 Hipóteses de Ingratidão
	3.8.4	Doações não Sujeitas à Revogação por Ingratidão
	3.9	Revogação por Descumprimento 
de Encargo
	3.10 Do Comodato
	3.10.1	Mora do Comodatário
	3.10.2	Pluralidade de Comodatários
	3.10.3	Do Mútuo
	3.10.4	Prazos Legais
	3.11 Da Empreitada 
	3.12 Dos Títulos de Crédito
	3.12.1	Conceito
	3.12.2	Princípios dos Títulos de Créditos
	3.12.3	Classificação dos Títulos de Crédito
	3.13	Constituição do Título de Crédito
	3.13.1	Letra de Câmbio
	3.13.2	Desconto Bancário
	3.14	Cheque
	3.15 Duplicata
	3.16 Ação Cambial
	3.17 Saque
	3.18	Aceite
	3.19 Endosso
	3.20 Aval
	3.21	Exigibilidade do Título de Crédito
	3.21.1	Vencimento
	3.21.2	Pagamento
	3.22	Protesto
	SÍNTESE DA UNIDADE
	REFERÊNCIAS
	unidade 4
	Noções de Recuperação e Falência de Empresas 
	Objetivo Geral 
	Objetivos Específicos 
	QUESTÕES CONTEXTUAIS
	4.1 Falências e Recuperação de Empresas
	4.2	Créditos Excluídos
	4.2.1	Suspensão das Ações e Prazos Prescricionais
	4.2.2	Causas da Falência
	4.2.3	Legitimidade Ativa
	4.2.4	Habilitação dos Credores
	4.2.5	Procedimento
	4.3 Classificação dos Créditos
	4.3.1 Realização do Ativo
e Encerramento da Falência
	4.3.2	Os Efeitos da Falência 
sobre as Obrigações do Devedor
	4.3.3	Ineficácia e Revogação dos 
Atos Praticados Antes da Falência
	4.4	Pedido de Restituição
	4.4.1	Assembleia de Credores
	4.4.2	Meios de Recuperação Judicial
	4.5	Efeitos
	4.6	Plano Especial
	4.7	Procedimento da Recuperação Judicial
	4.7.1	Convolação da Recuperação Judicial em Falência 
	4.8	Da Recuperação Extrajudicial
	4.9	Falência
	4.10 Locação de Imóveis
	SÍNTESE DA UNIDADE
	REFERÊNCIAS

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