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- -1 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA CRISES DO CAPITALISMO NO SÉCULO XX - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1 - Compreender o processo de desenvolvimento do sistema capitalista no século XX; 2 - Analisar criticamente os aspectos, políticos, econômicos, sociais, ideológicos e teóricos na reorganização do capital; 3 - Entender as mudanças e transformações do capitalismo no século XX. “A crise cria situações imediatas perigosas (...) a classe dirigente tradicional, que tem um numeroso pessoal preparado muda homens e programas e retoma o controle que lhe fugia, com uma rapidez maior do que a que se verifica entre as classes subalternas. Talvez faça sacrifícios, exponha-se a um futuro sombrio com promessas demagógicas, mas mantém o poder, reforça-o momentaneamente e serve-se dele para esmagar o adversário e desbaratar os seus dirigentes, que não podem ser muitos e adequadamente preparados”. (Gramsci, 1991: 54-55) Vivenciamos os anos oitenta, do século passado, bombardeados por um festival de pronunciamentos alarmantes, no que diz respeito à sociedade como um todo. Falas estas, que proclamaram e proclamam pelos quatro cantos do mundo uma sociedade em crise. Crise do homem moderno, crise dos paradigmas científicos, crise do socialismo real, crise do marxismo, crise do Estado do Bem-Estar Social, etc. Em meio a tantas crises, divulga-se e proclama-se o discurso do “novo deus’, do “novo herói”, para a solução de todos os males. O “novo” se revela como a autoridade acima do bem e do mal, exigindo, até mesmo, a perda da memória, o esquecimento de um passado e a impossibilidade de se pensar em outra alternativa de sociedade. 1 A Reorganização do Sistema Capitalista no Século XX As últimas décadas do século XX, no plano internacional foram marcadas por um movimento de reorganização do capitalismo no plano político-econômico-social e ideológico, frente a sua crise de acumulação da riqueza socialmente produzida. Entenda como esta mudança se deu em cada um dos planos... • Plano Econômico• - -3 A década de setenta, caracterizou-se pelo esgotamento do modelo do paradigma do processo produtivo, que sustentaram as bases de acumulação dos anos cinquenta e sessenta - auge do ciclo expansionista capitalista do pós-guerra. Este contexto, aos poucos, entra em crise, e um novo padrão de acumulação e de novas tecnologias e métodos de organização da produção e do trabalho (taylorismo e fordismo), vão sendo introduzidos, trazendo alterações significativas na relação capital/trabalho, quanto na composição da classe trabalhadora. • Plano Político No plano político, a crise abriu espaços às frações burguesas neoliberais, baseadas na defesa do Estado Mínimo, apresentando como projeto a ser seguido, a adoção de políticas monetaristas e de restrição dos benefícios sociais, conquistadas no modelo precedente. A estratégia é fracionar a organização da sociedade civil, principalmente, no que diz respeito à organização da classe-que-vive-do-trabalho, como também, garantir, no âmbito do Estado, a implementação de políticas determinadas gelos mecanismos do mercado, estes por sua vez - segundo os seus idealizadores -, garantiriam o desenvolvimento de um projeto de igualdade social. • Plano Social No plano social, tanto no período pós-guerra quanto no final do século XX, apresentou uma nova materialidade na composição demográfica dos grandes centros urbanos, dos países de capitalismo avançado e em desenvolvimento, com os ciclos migratórios e imigratórios. • Plano Ideológico No plano ideológico, somos aplacados pelo discurso dos novos senhores do mundo dando bênçãos ao livre-mercado, trazendo em sua defesa uma construção teórica de positivação das palavras-chave do novo ideário, como competitividade, eficiência e produtividade para se alcançar a equidade social. • Plano Teórico No plano teórico, anuncia-se o fim da sociedade de classes, o fim do marxismo - como referencial de análise do real e de continuação de um projeto socialista de sociedade -, o fim da categoria trabalho e, consequentemente, o fim do conflito entre capital/trabalho, propagandeando a ideologia liberal como a grande vitoriosa do século vinte. • • • • - -4 2 Mudanças e Transformações do Capital no Século XX O sistema capitalista de produção passou por profundas crises no século XX, tais como: Primeira Guerra Mundial (1914-1917); os movimentos nacionalistas de extrema direita (nazismo e fascismo); quebra da bolsa de valores de Nova Iorque (1929); Segunda Guerra Mundial; Guerra Fria; pequenos e médios conflitos (Vietnã, Iraque, Afeganistão e etc.), entre outras. A partir das crises e transformações do capitalismo, na primeira metade do século, o sistema assume um novo direcionamento, tanto na sua dimensão produtiva, quanto nas relações decorrentes de sua organização. Assim, o mundo capitalista conhece de forma acelerada a produção em série e o consumo em massa, com um impressionante crescimento da produtividade, da eficiência e da competitividade, como também, as reivindicações trabalhistas - que historicamente fizeram parte das bandeiras defendidas pelos movimentos de esquerda -, vão ganhando espaços e garantindo direitos no aparato estatal. Aos poucos, o Estado do Bem-Estar Social ou Estado Bem-Feitor, ao implementar políticas sociais de interesse da classe trabalhadora, recupera o mercado de trabalho, abrindo novas vagas, para atender as necessidades decorrentes da aplicação dessa nova dinâmica, consubstanciada na refuncionalização de acumulação do capital. 3 Os pilares de sustentação do Estado do Bem-Estar - do ponto de vista descritivo - compreendem dois conjuntos de atividades sociais: “a) fornecimento estatal de serviços sociais a indivíduos ou famílias (seguridade social, saúde, beneficência, educação e habitação), e b) a regulamentação estatal das atividades privadas de indivíduos e de empresas que alteram as condições de vida”. (Gough, citado por Finkel, 1990: 5) Assim, além de objetivarem sustentar a hegemonia de sua proposta, "buscavam conciliar a lógica do lucro de acumulação capitalista com a satisfação das necessidades humanas, particularmente dos setores mais deprimidos". (Finkel, 1990: 5) É dentro deste contexto de reorientação do capital, de reorganização do Estado estrito senso e do desenvolvimento de novas relações entre capital e trabalho, que surge o ideário neoliberal na Europa e na América capitalista. - -5 Num primeiro instante, seus idealizadores assumem uma posição contrária a "qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciados como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política" (Anderson, 1995: 9). Mas as teses do Estado do Bem-Estar Social se fortalecem e dominam o cenário político-econômico capitalista. Em consequência, nas décadas de cinquenta e sessenta, os países de capitalismo avançado, experimentam o maior êxito em sua história, na acumulação da riqueza socialmente produzida. Com isto, firmaram-se, do ponto de vista ideológico, no Ocidente, como o referencial de sistema de organização societal a ser seguido, frente à ameaça apresentada pelos países comunistas em expansão, liderados pela União Soviética. Por outro lado, após a Segunda Guerra Mundial, a prática adotada pelo stalinismo na União Soviética, na primeira metade do século passado, em estruturar a aparelhagem estatal com base na composição de um Estado centralizador, controlado por um partido único, com a adoção de estratégias de dominação de territórios, no Leste Europeu, para a imposição do sistema comunista, tornava transparente a incoerência deste tipo de organização estatal, não só com os pressupostos da proposta socialista consubstanciada no pluralismo, autonomia e na liberdade de definição dos rumos a serem tomados pela coletividade, mas também para os olhares dos cidadãos locais e do mundo como um todo. ATENÇÃO Contudo, o espírito revolucionário, cujo rompimento com a lógica capitalista,esteve presente em lugares diferentes e de formas distintas, surge em consequência, tanto de fatores internos como externos. Os primeiros mediante a dominação de classes tradicionais locais e o segundo frente ao domínio exercido pelo imperialismo norte-americano. O avanço do regime comunista preocupou, significativamente, os líderes dos países de capitalismo avançado. Principalmente os Estados Unidos que, na luta pela garantia de sua hegemonia nas relações internacionais, dedicaram-se a constantes ataques aos seus opositores, tanto em nível interno, quanto externo. Por outro lado, a proposta comunista, liderada pelos soviéticos, tinha como preocupação básica, o enfrentamento ao sistema capitalista, na tentativa de enfraquecer sua estrutura de organização societal. Instaura-se, a partir daí (paralelo aos anos áureos da história de acumulação capitalista), a guerra fria entre capitalistas e comunistas, durante mais ou menos quatro décadas. Colocando como novo elemento de propaganda ideológica de suas propostas como forma de dominação, a ser divulgado pelos dois polos: o aparato militar. ATENÇÃO Salvo os conflitos, a história acaba por revelar novas contradições dessas disputas de poder, frente à fragilidade das verdades defendidas e impostas por esses dois projetos de sociedade. - -6 Contudo, tanto um quanto outro sistema, mediante suas crises colocam-se frente a novos rumos a serem tomados pela humanidade. De um lado, os capitalistas apostam no determinismo do livre mercado para regular as relações sociais na construção da equidade social, de outro, os socialistas retomam seus referenciais de análise na tentativa de consolidarem uma proposta de democracia de massas com o mesmo objetivo. A década de setenta, para a “surpresa” dos senhores do mundo, apresenta-se, do lado capitalista, como o período de crise do modelo de desenvolvimento fordista, abrindo espaços a críticas ao Estado do Bem-Estar Social ou Estado Bem-Feitor, por parte dos defensores de uma política monetarista, e, do outro, começa a transparecer os sinais de debilidade do comunismo, nos aspectos econômico, político e social, decorrentes de seu poder centralizador. Precisamente, a partir deste momento, os defensores do ideário neoliberal, como Friedrich Von Hayeck - Prêmio Nobel de economia em 1974 -, Milton Friedman - Prêmio Nobel de economia em 1976 -, Karl Popper e outros se reúnem para retomar o combate às teorias keynesianas, que fundamentaram a política do Estado do Bem-Estar Social, no processo de refuncionalização do capitalismo, frente a sua crise de acumulação de capital. Segundo eles, as raízes da crise centram-se nas políticas sociais, desenvolvidas desde a Segunda Guerra Mundial, que possibilitaram o fortalecimento das bases sindicais, que cada vez mais lutavam para garantir, no âmbito do Estado estrito senso, o aumento de subsídios públicos para gastos sociais. Partindo deste tipo de análise do real, defenderam as seguintes teses para solucionar os problemas da época: “manter um Estado forte, sim, em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, . (Idem: 11). O momento era um dos maismas parco em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas” oportunos e suas propostas começaram a ganhar campo fértil para possíveis aplicabilidades. Prova disto é que estabeleceram como meta principal, para qualquer governo, a estabilidade monetária. Tal programa necessitaria de: “Uma disciplina orçamentária, com a contenção dos gastos com o bem-estar, e a restauração ‘natural’ de desemprego, ou seja, a criação de um exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos. Ademais, reformas fiscais eram imprescindíveis, para incentivar os agentes econômicos”. (ibid, 11) ATENÇÃO Este ideário começou a ser implantado no Chile após a derrubada do governo popular em 1973, assumindo o poder um governo de ditadura militar, que recebeu assessoria de americanos para implementar um programa com bases em uma economia de livre mercado irrestrita. Depois dessa primeira experiência, este modelo vai ser implantado a partir da vitória dos governos, de Margaret Thatcher, na Inglaterra (1979), de Ronald Reagan, nos Estados Unidos (1980), de Helmuth Kohl, na Alemanha (1982) e Schluter, na Dinamarca (1983), seguidos por quase todos os países do norte da Europa, com exceção da Suécia e da Áustria. Esta tendência acabou - -7 predominando o cenário político-econômico capitalista em nível internacional, chegando ao Brasil em 1990, através do governo de Fernando Collor de Melo. 4 Segunda e Terceira Revolução Industrial Deve se considerar também as transformações qualitativas, ocorridas na organização do processo produtivo, que fizeram parte do período de crise do pós-guerra - denominado de “Segunda Revolução Industrial” -, que se deram com base na eletroeletrônica, iniciada na década de quarenta nos países de capitalismo avançado, solidificando os patamares de uma sociedade industrializada - em que se aprofunda a predominância da ciência e da tecnologia, enquanto elemento central da produção -, significando com isto, um nível superior de racionalidade no mundo da produção e do trabalho. ATENÇÃO Este mesmo período é também marcado pelo esgotamento do imperialismo clássico e pela estruturação e desenvolvimento da transnacionalização do capital. A partir desta fase, desenvolve-se o modelo de organização da produção do trabalho, denominado de taylorismo-fordismo, que caracteriza-se pela produção em série de produtos padronizados; automação rígida; incorporação massiva de operadores semiqualificados - enquanto o trabalho qualificado fica restrito a uma minoria -; rígida separação entre planejamento e execução. Neste tipo de organização do trabalho, o trabalhador direto, qualificado ou desqualificado, não exerce nenhum poder de decisão, a qual fica a cargo da gerência científica. Com o desenvolvimento de novas tecnologias - como a microeletrônica e a biotecnologia -, além do aproveitamento de outros materiais e fontes de energia, como também, de sua inserção no processo produtivo, a partir da década de setenta, verificam-se alterações significativas na organização da produção, estabelecendo novas relações entre capital e trabalho. Paralelo a essa nova configuração, dá-se a desregulamentação financeira e o grande salto de telemáticas mundiais que possibilitam maior integração dos mercados financeiros e de capitais, inaugurando a era da globalização das finanças. Esta nova relação econômica, se, por um lado, significa altos lucros de acumulação de - -8 capital, por especuladores do mercado financeiro, por outro lado, coloca o próprio sistema e governos capitalistas em situação de alto risco. Exemplo: “Para dar somente um exemplo, durante um dia em Londres, é negociado um montante de divisas correspondente ao PIB mexicano de um ano inteiro. Em um dia e meio, os traficantes de divisas vendem e compram o equivalente ao PIB anual do Brasil. Outro novo aspecto importante deste processo é o fato de que, na Alemanha, um dos países mais importantes do capitalismo avançado, por volta de 1985, as transações externas representavam 80% do comércio externo do país. Em 1993, estas transações foram cinco vezes mais importantes do que o negócio de mercadorias naquele país. Se considerarmos todos os mercados internacionais de moedas, divisas, ações, etc., veremos que estes têm uma dimensão 19 vezes maior do que todo o comércio mundial de mercadorias e serviços. ” (Idem) Se vivemos, no plano econômico e político, mudanças significativas nas relações de poder - paralelo às novas relações no mundo do trabalho e da produção e concomitantemente a implementação do projeto neoliberal de sociedade -, é importante frisarmos que faz parte deste mesmo processo uma significativa reestruturação das sociedades capitalistas, com perdas qualitativas, tanto do ponto de vista de organização da sociedade civil, quanto do custo social deste modelo baseado na lógica da competitividade,da eficiência e da qualidade dos produtos e do consumo. Na análise de Anderson: “A razão principal desta transformação foi, sem dúvida, a derrota do movimento sindical, expressado na queda drástica do número de greves durante os anos 80 e numa notável contenção dos salários. Essa nova postura sindical, muito mais moderada, por sua vez, em grande parte era produto de um terceiro êxito do neoliberalismo, ou seja, o crescimento das taxas de desemprego nos países da OCDE, que havia ficado em torno de 4% nos anos 70, pelo menos duplicou nos anos 80. Também este foi um resultado satisfatório. Finalmente, o grau de desigualdade - outro objetivo sumamente importante para o neoliberalismo - aumentou significativamente no conjunto dos países da OCDE; a tributação dos salários mais altos caiu 20% em média nos anos 80, e os valores das bolsas aumentaram quatro vezes mais rapidamente que os salários”. Therborn (1995) ao concordar com Anderson, da tendência à fragmentação e à diversificação social que se desenha a nível internacional, acrescenta que, por outro lado, encontramos também um processo de maior capacitação das classes populares. Isto decorre, principalmente, a partir das mudanças verificadas no mundo do trabalho e da produção, onde se processa um maior investimento em capital morto - “máquinas inteligentes”. Mas para que estas possam estar em pleno funcionamento, faz-se necessário uma maior qualificação da força de trabalho. É neste quadro de alteração das relações de produção, que se verifica, no decorrer dos últimos sessenta - -9 anos, um crescimento do grau de escolaridade da população a nível mundial, ao mesmo tempo em que se elevam os níveis de autonomia individual. (idem: 48-9).É, no contexto dessas transformações que surgem no plano teórico, teses como nos aponta Antunes (1995: 9) - a do sociólogo francês André Gorz (1980), do fim do proletariado - e como também nos indica Frigotto (1994): “Teses neoconservadoras do fim da história de Fucuyama, tese da sociedade do conhecimento de Toffler e a partir do fim das classes e, sobretudo, do proletariado, sendo este substituído pelo cognitariado, ou por teses como as de Kurz (1992) - que, ironicamente, alguns críticos situam como Fucuyama (1992) da esquerda - que deduzem a crise da “sociedade do trabalho” à autodissolução das classes sociais. No mesmo rastro do fim da sociedade do trabalho e com o fim do conflito, Offe (1989) e Shaff (1990) não postularam como novo ator social ‘a razão sensível’ de um coletivo indefinido (Kurz), mas o deslocamento para questões como o sentido da vida e da preparação do homem para o mundo do lazer”. ATENÇÃO No interior dessas teses, afirma-se a perda da centralidade histórica da categoria trabalho, que durante as décadas de cinquenta, sessenta e setenta, principalmente, nos países de capitalismo avançado, foi o elemento central para se pensar e propor um projeto de sociedade alternativo ao modelo capitalista. A elaboração e divulgação dessas teses encontraram campo fértil, nos anos oitenta, nos países de capitalismo avançado, em decorrência da implantação do projeto neoliberal de sociedade, o qual se sustenta na lógica de mercado, na livre negociação, no discurso da qualidade, da produtividade, da competitividade e da eficiência, desarmando em boa parte do mundo moderno as estratégias de organização da classe-que-vive-do-trabalho. Tais teses também encontraram ressonâncias nos países do “terceiro mundo”, como por exemplo, no Brasil, onde se construía bases significativas de organização do movimento dos trabalhadores na luta por melhores condições de vida e de apresentação de uma proposta alternativa de sociedade. Resultante de crises, transformações e lutas ideológicas, o século vinte se inscreve na história como o período mais violento da humanidade, chegando a contabilizar milhões de mortes em conflitos de grandes, médias e pequenas proporções. Os gastos com o poderio bélico de ambos os lados, por certo, resolveriam as necessidades básicas do homem moderno, visto que, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, reuniam condições para tal. O historiador inglês, Eric Hobsbawm, em sua obra “O breve século XX: a era dos extremos”, faz o seguinte balanço: “(...) nele viviam 5 ou 6 bilhões de seres humanos, talvez três vezes mais que na eclosão da Primeira Guerra Mundial, e isso embora o Breve Século XX mais homens tivessem sido mortos ou abandonados à morte por decisão humana que jamais antes na história. Uma estimativa recente das ‘megamortes’ do século menciona 187 milhões (BrzezninsKi, 1993), o equivalente a mais de um em dez da população - -10 mundial total de 1900. Na década de 1990 a maioria das pessoas era mais alta e pesada que seus pais, mais bem alimentada e muito mais longeva, embora talvez as catástrofes das décadas de 1980 e 1990 na África, na América Latina e na ex-URSS tornem difícil acreditar nisso. O mundo estava incomparavelmente mais rico que jamais em sua capacidade de produzir bens e serviços e na interminável variedade destes. Não fora assim, não teria conseguido manter uma população global muitas vezes maior que jamais antes na história do mundo. Até a década de 1980 a maioria das pessoas vivia melhor que seus pais e, nas economias avançadas, melhor que algum dia tinha esperado viver, ou mesmo imaginado possível viver. Durante algumas décadas, em meados do século, chegou a parecer que se haviam descoberto maneiras de distribuir pelo menos parte dessa mesma riqueza com um certo grau de justiça entre os trabalhadores dos países mais ricos, mas no fim do século a desigualdade voltava a prevalecer e também entrava maciçamente nos ex-países ‘socialistas’, onde antes imperava uma certa (Eric Hobsbawm: “O breve século XX: a era dos extremos. São Paulo: Companhia dasigualdade de pobreza (...)” Letras, 1995: p. 21). ATENÇÃO Do exposto anteriormente, podemos afirmar que as soluções para a implantação de uma vida digna para todos passam pelo campo ético-político e, este, tem uma relação direta com a formação e a prática do educador no século XXI. O que vem na próxima aula Na próxima aula: Trataremos das mudanças que ocorreram no Brasil na segunda metade do século XX e da problemática da educação, mediante o embate entre dois projetos distintos: educação para cidadania versus educação para a competitividade. - -11 CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu as crises capitalismo e sua reorganização no plano econômico, político, social, ideológico e teórico no século XX. • As mudanças e transformações do capital no século XX. • Identificou as características da Segunda e Terceira Revolução Industrial. • • • Olá! 1 A Reorganização do Sistema Capitalista no Século XX Plano Econômico Plano Político Plano Social Plano Ideológico Plano Teórico 2 Mudanças e Transformações do Capital no Século XX 3 Os pilares de sustentação do Estado do Bem-Estar - do ponto de vista descritivo - compreendem dois conjuntos de atividades sociais: 4 Segunda e Terceira Revolução Industrial O que vem na próxima aula CONCLUSÃO