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Jornal A Verdade

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Um jornal dos trabalhadores na luta pelo socialismo|Brasil, setembro de 2021, nº 242, ano 21 |R$ 2,00
www.averdade.org.br
FORA
BOLSONARO
Pátria	do	genocida	é	�ilhos	comPátria	do	genocida	é	�ilhos	com
mansões	e	povo	com	fomemansões	e	povo	com	fome
Pátria	do	genocida	é	�ilhos	com
mansões	e	povo	com	fome
Enquanto 14 mil famílias são despejadas no Brasil, três 
filhos do presidente compram mansões em Brasília. Essa é a 
pátria amada que o fascista, os partidos do Centrão e os generais 
defendem: 19,1 milhões vivendo na extrema pobreza e 42 bilio-
nários aumentando suas fortunas diariamente.
Páginas 2, 3 e 8
Governo	quer	acabar	
com	direito	de	férias
Página	6
Bispo	Dom	
Vicente	Ferreira:	
a	opção	pelos	
pobres	é	uma	
questão	de	fé
Página	5
Página	12 
MEC	ignora	centenário	do	
maior	educador	do	Brasil
Jorge Ferreira
Arquivo
JAV/RJ
Família da Ocupação Devanir José de Carvalho, em Diadema (SP). Tiveram que ocupar terreno abandonado para conquistar direito à moradia
2 BRASIL
End.: Rua Carneiro Vilela, nº 138, 1º andar, Espinheiro, Recife, Pernambuco, Brasil, CEP: 52.050-030 - Telefones: (81) 3427-9367 e 3031-6445 - E-mail: contato@averdade.org.br - Diretor de Redação: Luiz A. 
Falcão, Projeto gráfico: Guita Kozmhinsky, Jornalista Responsável: Rafael Freire (MTE-PB: 2.570) - Sucursais: SP: (11) 5918-9579, RJ: (21) 98083-4994, MG: (31) 97592-0130 e 99133-0983, BA: (71) 99373-4921 e 9
(75) 99170-3514, SE: (79) 99977-6769, AL: (82) 99660-5667 e 99832-5747, PB: (83) 99900-9050, RN , CE: (85) 98549-9667 e 99759-2295, PI: (86) 9988-9914, PA: (91) 98130-3117,: (84) 99688-4375
AM: (92) 98222-3265, RS: (51) 98197-0054 e 98156-5063, PR: (41) 99233-3111, SC: (48) 99822-2216, GO: (62) 98257-3427 e 98154-0530, MT: (65) 98138-0811, DF: (61) 98226-2706
Setembro de 2021
FRASE DO MÊS
A plenária debateu ainda a 
importância do crescimento or-
gânico dos núcleos da Unidade 
Popular em Caruaru e região, e 
a expansão com novos filia-
dos, pois o momento reafirma 
a necessidade cada vez maior 
de uma alternativa verdadeira-
mente comprometida com as 
lutas do povo e que não conci-
lie com a política entreguista e 
neoliberal.
Militantes da Unidade Po-
pular (UP) em Caruaru estive-
ram reunidos em plenária mu-
nicipal para debater a constru-
ção do partido na cidade e as lu-
tas populares. O evento se ini-
ciou às 19h, no auditório do 
Sindicato dos Trabalhadores 
da Construção Civil (Sintra-
con) e o clima da militância en-
toando palavras de ordem foi 
de muita combatividade e ani-
mação. 
O objetivo da plenária foi 
discutir a situação atual do país, 
as lutas do povo pelo Fora Bol-
sonaro e as novas tarefas de or-
ganização para o avanço do 
partido na região do Agreste 
Pernambucano. A presidenta 
do Diretório Municipal fez 
uma saudação aos presentes 
com um apanhado histórico da 
construção da UP, apresenta-
ção da linha política e desta-
cando a participação dos movi-
mentos sociais e de todas/os 
que apoiaram essa construção 
no país.
A atividade contou com a 
participação da presidenta mu-
nicipal da UP, a professora Va-
léria Pires; Iany Morais, da 
União da Juventude Rebelião; 
Rafael Wanderley, advogado, 
militante do Movimento Luta 
de Classes; e Samuel Timóteo, 
dirigente do Sintracon; além 
de militantes do Sindlimp, o 
Movimento de Mulheres Olga 
Benario, da UJR, da UESC e 
do MLC.
Nossa principal tarefa é, 
assim, organizar em cada can-
to um partido político sólido e 
cada vez mais combativo, e 
que possa enfrentar essa políti-
ca neoliberal que tem como ob-
jetivo acabar com os sonhos, 
com os serviços públicos e as 
políticas públicas sociais que 
foram conquistadas pelo povo 
pobre e trabalhador do nosso 
país!
Lene Correia
Caruaru (PE)
denunciam	violência	
Brigadas	de	A	Verdade	
Mariane Vincenzi
Rio de Janeiro
O Jacarezinho é uma co-
munidade com uma história 
muito rica. O local primeira-
mente funcionou como um 
quilombo, que abrigou escra-
vos que queriam fugir dos en-
genhos próximos. Eventual-
mente se expandiu e virou mo-
radia para os trabalhadores 
das indústrias que se estabele-
ciam pela região. Há famílias 
que moram há gerações no lo-
cal. Além disso, a favela tem 
uma história de resistência e 
organização política durante a 
ditadura muito forte.
Em julho, foram arreca-
dados 14 kg de alimento e ven-
didos 35 jornais. Já na segun-
da brigada, realizada no mês 
de agosto, foram vendidos 30 
jornais e arrecadados 21 kg de 
alimento. “É um local de mui-
ta solidariedade. O povo que 
mora aqui entende a dificulda-
de, entende o que é faltar arroz 
e feijão, por isso as pessoas do-
am, são muito solícitas, mes-
mo com famílias grandes, che-
ias de criança, filhos e netos 
para cuidar”, relata Mayla, mi-
litante da UJR e ex-moradora 
do Jacarezinho.
Nos últimos dois meses, 
os militantes da Unidade Po-
pular (UP) e da União da Ju-
ventude Rebelião (UJR) do 
Rio de Janeiro realizaram du-
as brigadas do jornal A Verda-
de, junto com arrecadações 
porta-em-porta de alimentos 
para as campanhas de solida-
riedade do MLB, na favela do 
Jacarezinho, na Zona Norte, 
palco da maior chacina reali-
zada pela polícia militar na his-
tória.
Christian, militante da 
Unidade Popular presente na 
brigada, acredita que “é muito 
importante fazer brigada nes-
ses locais. As pessoas nem 
sempre têm dinheiro para com-
prar o jornal, mas o contato 
com a população é fundamen-
tal para entender a realidade 
do nosso povo”.
Ao andar pelo local, per-
cebe-se logo a grande insatis-
fação com a realidade atual e 
com o governo genocida de 
Bolsonaro. O interesse pelo 
jornal A Verdade é grande por-
que o conteúdo apresentado 
conversa diretamente com a 
realidade daquele lugar. As 
pessoas sabem qual o papel do 
Estado na violência que eles 
sofrem no dia a dia, entendem 
a ação da milícia nesses locais 
e sabem a relação dela com o 
presidente, veem todos os dias 
como a elite fica cada vez ma-
is rica e a situação do povo po-
bre não melhora. Ao verem is-
so escrito no jornal, desper-
tam o interesse em debater e 
conversar. 
Instituto	de	Pesquisa	Econômica	Aplicada	(IPEA),	
28/08/2021
“Os	mais	pobres	consomem	menos	do	que	os	mais	
ricos.	Mas	a	in�lação	das	famílias	mais	pobres	é	maior	
do	que	a	in�lação	das	famílias	mais	ricas.”
Unidade	Popular	realiza
plenária	em	Caruaru
Em Maceió, era feriado, 
mas, mesmo assim, as lide-
ranças do MLB visitaram 100 
residências no Vale do Regi-
naldo e realizaram uma mobi-
lização na comunidade entre-
gando o panfleto nacional e 
convocando os moradores pa-
ra cobrar cestas básicas na Se-
cretaria de Assistência Social 
do Estado.
As famílias da Ocupação 
Carlos Marighella, em Salva-
dor, foram à Secretaria de Pro-
moção Social e Combate à Po-
breza e conquistaram 280 ces-
tas básicas.
Em Belém do Pará, deze-
nas de famílias se concentra-
ram na frente da Fundação Pa-
pa João XXIII (Secretaria Mu-
nicipal de Assistência Social). 
Depois de muita pressão, uma 
comissão do movimento foi 
recebida para apresentar as re-
ivindicações. “Nossos filhos 
estão passando fome e o que 
nos resta é a luta”, afirmou 
Valderez Cardoso, moradora 
do bairro da Maracangalha. 
Ao final, conseguiram garan-
tir da Funpapa 200 cestas bási-
cas até o dia 18 de setembro.
Já no Sul do país, em fren-
te ao Mercado Público de Flo-
rianópolis, os militantes do 
MLB distribuíram panfletos, 
realizaram brigada do jornal 
A Verdade e utilizaram a cai-
xa de som para conscientizar 
as pessoas sobre a causa da ca-
restia, da fome e da miséria vi-
vidas.
Em Belo Horizonte, o 
MLB conquistou três vitórias 
na ocupação da Conab: cestas 
básicas para as famílias que 
participaram da atividade; 
uma ação emergencial para 
envio de alimentos da agri-
cultura familiar do interior de 
Minas Gerais para as ocupa-
ções urbanas da Capital.
Os coordenadores nacio-
nais do MLB Kleber Santos 
(PE) e Poliana Souza (MG) 
resumiram a jornada da se-
guinte maneira:
“Realizamos este ato ho-
je para denunciar a situação 
crítica que nosso povo tem vi-
vido e apontar a urgente ne-
cessidadede derrubada do go-
verno federal. Paulo Guedes, 
com sua política antipovo, 
não se importa com o descon-
trole da economia, com o au-
mento exacerbado dos pre-
ços, com a alta das contas de 
energia. Enquanto isso, mi-
lhões de brasileiros não têm 
onde morar, o que comer e on-
de trabalhar. A situação é difí-
cil e, por isso, devemos nos 
mobilizar contra essa política 
da fome e do desemprego”.
Para João Batista, coor-
denador do MLB no estado, 
“o ato de hoje mostrou que só 
com pressão popular seremos 
ouvidos. Já cansamos de espe-
rar por promessas e viemos 
buscar nossa alimentação pa-
ra passar o mês de setembro. 
Mas, pagando aluguel caro e 
sofrendo com o botijão de gás 
a R$ 100, com um aumento 
de 56% no preço do arroz, de 
35% na carne, nós precisa-
mos de moradia digna para 
não passar fome e ter um teto 
para dormir”.
Em Fortaleza, o movi-
mento solicitou 100 cestas bá-
sicas e comida para 30 crian-
ças da Ocupação Dragão do 
Mar e foram recebidos pelo su-
perintende da Conab, que afir-
mou o compromisso de aju-
dar. “Como podemos viver 
com R$ 375,00 do auxílio? 
Nossas crianças estão passan-
do fome, tendo apenas duas 
refeições ao dia. Se não fosse 
a, estávamos pedindo comida 
na rua”, declarou Carlos Xavi-
er, da Coordenação do MLB.
Queops Damasceno,
Coord. Nacional do MLB
Em João Pessoa, na Paraí-
ba, a ação aconteceu no Cen-
tro Administrativo Munici-
pal. Cerca de 70 famílias ocu-
param o gabinete do prefeito 
reivindicando 400 cestas bási-
cas e abertura de um canal per-
manente sobre a política habi-
tacional da Prefeitura. Uma 
comissão foi atendida pelo se-
cretário de Gestão Governa-
mental e pela secretária de Ha-
bitação, que garantiram ces-
tas básicas para as famílias 
presentes ao ato, além de ou-
tras reuniões para tratar sobre 
todas as demandas.
A militância do MLB na 
Região Metropolitana de Reci-
fe se concentrou na sede da 
Ceasa, na Capital, com mais 
de 400 pessoas, e foi dura-
mente reprimida pela vigilân-
cia terceirizada do local. Com-
panheiros da direção do movi-
mento foram agredidos com 
socos e várias pessoas do mo-
vimento sofreram com casse-
tetes e spray de pimenta, in-
clusive nas crianças. Depois 
de todo esse embate, as famí-
lias conquistaram cestas bási-
cas e foi feito um ato político 
em frente à Ceasa para denun-
ciar a truculência, as mazelas 
da sociedade capitalista e o go-
verno do fascista Bolsonaro.
Também conquistando 
reunião, no Rio de Janeiro, o 
MLB organizou manifesta-
ções na capital, Campos e Ma-
caé. Cerca de 80 famílias ca-
minharam da Conab até o pré-
dio da Ocupação João Cândi-
do, no Centro do Rio, entoan-
do palavras de ordem como 
“Por alimento, não tenho me-
do! Viva João Cândido, o 
Almirante Negro”.
A marcha dos sem-teto 
em Natal, no Rio Grande do 
Norte, reuniu centenas de fa-
mílias das Ocupações Emma-
nuel Bezerra, Valdete Guerra 
e Margarida Maria Alves e se 
encerrou com a entrega de 
uma carta com as pautas do 
movimento na Prefeitura de 
Natal e na Assembleia Legis-
lativa, onde será encaminha-
da uma audiência pública so-
bre a questão.
No Brasil, são quase 600 
mil brasileiros e brasileiras 
que morreram vítimas da Co-
vid-19, mais de 30 milhões de 
pessoas abaixo da linha da po-
breza e mais de 125 milhões 
vivendo com insegurança ali-
mentar, mesmo o país sendo 
um dos principais produtores 
e exportadores de grãos e car-
ne no mundo. Além disso, há 
um crescente e insustentável 
aumento dos preços de itens 
básicos do cotidiano, como os 
alimentos, o gás de cozinha e 
o combustível.
Em meio a essa situação, 
em São Paulo, 60 famílias do 
MLB se organizaram e leva-
ram suas panelas vazias para 
sede regional da Conab e fize-
ram bastante agitação com ca-
ixa de som, jornal A Verdade 
e panfletos. A superintenden-
te da Companhia recebeu as 
famílias e agendou uma reu-
nião para negociar uma quan-
tidade de cestas básicas a se-
rem disponibilizadas para o 
movimento.
O
 Movimento de Lu-
ta nos Bairros, Vi-
l a s e F a v e l a s 
(MLB) realizou, no 
dia 27 de agosto, a 
Jornada Nacional de Luta Con-
tra a Fome e a Carestia. Nas 
principais capitais do país, o 
movimento ocupou as sedes 
da Companhia Nacional de 
Abastecimento (Conab), bem 
como gabinetes e secretarias 
de prefeituras para reivindicar 
o fornecimento de alimentos 
para o povo pobre e denunciar 
a política de miséria e desem-
prego do Governo Bolsonaro.
�MLB	ocupa	Conab	e	reivindica
alimentos	para	os	pobres
Jornada do MLB contra a fome no Rio de Janeiro
JAV/RJ
3BRASIL Setembro de 2021
Pátria	não	é	povo	passando	fome	
e	trabalhadores	sem	direitos	 
Na educação, o fascista 
quer acabar com as cotas para 
os negros, os quilombolas e os 
indígenas, mas defende o pri-
vilégio de sua “filhota” entrar 
no Colégio Militar sem fazer 
sequer um teste. 
Na pátria do governo fas-
cista, o verde e o amarelo da 
nossa bandeira são usados pa-
ra esconder a subserviência 
aos Estados Unidos e o enri-
quecimento de uma minoria 
de exploradores do povo. Veja-
mos: de março a junho deste 
ano, um seleto grupo de pes-
soas – 42 bilionários – aumen-
taram suas fortunas em R$ 34 
bilhões e 1% da população mais 
rica detém metade de toda a ri-
queza do Brasil, mostram o re-
latório da Riqueza Global e a 
Oxfam. 
O banqueiro Paulo Gue-
des, atual ministro da Econo-
mia, aumenta os juros para os 
donos das empresas de car-
tões de crédito esfolarem o po-
vo e declara que “não adianta 
chorar, que não há problema 
em pagar uma conta de ener-
gia mais cara”. É um hipócri-
ta, pois a conta de energia on-
de mora é paga pelo povo. 
Ademais, o povo está sem di-
nheiro para comprar feijão e 
pagar aluguel, como vai con-
seguir reservar mais dinheiro 
para novos reajustes na ener-
gia elétrica? 
Alguns se perguntam co-
mo um governo pode ser tão ir-
responsável e incapaz? O obje-
tivo do fascista (e de sua milí-
cia) é mergulhar a nação no ca-
os para se apresentar como sal-
vador e se tornar o Hitler do 
Brasil. 
Os generais, almirantes e 
brigadeiros são cumplices des-
se genocídio e da destruição 
da nação brasileira. Só se preo-
cupam com os polpudos salá-
rios dos seis mil cargos que 
ocupam, com as mordomias e 
as safadezas de Brasília. A es-
sa conivência com a corrup-
ção e com o autoritarismo defi-
nem como respeito às quatro 
linhas da Constituição. 
Hoje, 19,1 milhões de pes-
soas vivem na extrema-
pobreza e 61 milhões na po-
breza, revela estudo da Uni-
versidade de Brasília (UnB) e 
da Universidade Federal de 
Minas Gerais (UFMG). Pois 
bem, uma pessoa com fome, 
mesmo vacinada, tem imuni-
dade baixa e está vulnerável a 
qualquer vírus. 
Juraram nos seus meios 
de comunicação que com as 
reformas da Previdência e Tra-
balhista, que retiraram vários 
direitos dos trabalhadores, a si-
tuação iria melhorar, teríamos 
mais empregos e melhores sa-
lários. Mentiram descarada-
mente! A verdade: nenhum tra-
balhador consegue mais se 
aposentar no Brasil e o salário 
é tão baixo que o preço de 
uma cesta básica consome 
mais de 55% do atual salário 
mínimo. Não bastasse, apro-
vam outra reforma para retirar 
mais direitos dos trabalhado-
res e tornar ainda mais precá-
rias as condições de vida e de 
trabalho da classe operária. 
Essas injustiças eles cha-
mam de pátria amada!
Na pátria dos fascistas, a 
Amazônia, maior floresta do 
mundo, é queimada para virar 
pasto para os reis do gado ou 
para as grandes madeireiras 
roubarem nossas árvores e as 
mineradoras internacionais, 
nossos minérios.
Pátria não é roubar os direi-
tos dos trabalhadores e deixar 
centenas de milhares de pes-
soas sem vacina para fazer ne-
gociatas e cobrar comissões 
da Covaxin e da Pfizer e su-
perfaturar máscaras e cloro-
quina. 
Entretanto, três filhos do 
presidente da República com-
praram mansões. Flávio Bol-
sonaro adquiriu uma luxuosa 
residência no Lago Sul de Bra-
sília por R$ 6 milhões. Sua no-
va residência tem quatro suí-
tes, hidromassagem, piscina, 
pisos revestidos de mármores, 
academia, spa e espaço gour-
met. Já o Jair Renan não quisficar atrás e se mudou para 
uma imensa mansão no Lago 
Sul, avaliada em R$ 3,2 mi-
lhões, com 1.200 metros qua-
drados, dois pisos e quatro suí-
tes. Um terceiro filho, Carlos 
Bolsonaro, comprou um luxu-
oso apartamento também em 
Brasília por R$ 470 mil e pa-
gou à vista. O pai desses riqui-
nhos mora no Palácio da Alvo-
rada, não paga aluguel, faz 
churrasco com picanha de 
R$ 1.500 o quilo e passeia nas 
praias do litoral paulista e de 
Santa Catarina, tudo à custa 
dos cofres públicos.
Uma pátria com o litro da 
gasolina custando R$ 7,00; o 
botijão de gás mais de R$ 100 
e aumentos constantes na con-
ta de luz e nos preços dos ali-
mentos. 
Pátria não é uma minoria 
de ricos banqueiros assalta-
rem os cofres públicos, gran-
des empresários cobrarem pre-
ços abusivos e trabalhadores 
com salários miseráveis ou de-
sempregados. 
Uma pátria com 15 mi-
lhões de pessoas desemprega-
das e 25% da força de trabalho 
desalentada, subocupada ou 
sem emprego. 
Pátria não é reduzir o va-
lor do auxílio emergencial pa-
ra garantir subsídios e juros pa-
ra os especuladores. 
Pátria é defender o patri-
mônio público, e não dilapi-
dá-lo, como faz hoje esse go-
verno entreguista com os Cor-
reios, a Eletrobrás e a Petro-
bras. 
Pátria é defender o direito 
dos que trabalham, e não dos 
exploradores. 
Não bastasse, 14.301 fa-
mílias foram despejadas por 
não terem dinheiro para pagar 
o aluguel, estão morando nas 
ruas como bichos sem dono. 
A burguesia, uma minoria 
de super-ricos que vivem da 
exploração do trabalhador bra-
sileiro, dos imensos lucros 
com a exportação do agrone-
gócio e da venda das riquezas 
do país, diz que ama o Brasil, 
mas o que adoram é o dinhei-
ro, o lucro acima da vida. 
A soberania nacional dos 
fascistas é uma ilusão, pois o 
presidente e seus filhos cho-
ram diante da bandeira dos 
Estados Unidos. A Ford fe-
chou a fábrica no Brasil, demi-
tiu cinco mil operários, dei-
xou milhares de famílias de-
samparadas e o presidente, 
em vez de defender os interes-
ses nacionais, declarou que o 
mercado era soberano. 
Diante do apagão, a or-
dem e o progresso que defen-
dem é apagar a luz e acender 
um candeeiro ou lampião. 
exploração	capitalista
O	que	é	pátria?
Pátria não é massacrar o 
povo, impor uma ditadura e 
distribuir ministérios e bi-
lhões do Orçamento para os 
partidos do Centrão. 
Nessa pátria fascista, a in-
dústria nacional é destruída, a 
ciência abandonada e a cultura 
incendiada, como evidenciou a 
cinemateca em São Paulo e o 
Museu Nacional no Rio de Ja-
neiro.
Do outro lado, 6 em cada 
10 famílias brasileiras vivem 
em insegurança alimentar, o 
que quer dizer que não têm o 
que comer todos os dias. Des-
de que o ex-capitão (expulso 
do Exército em 1988) assu-
miu a presidência do país, a 
pobreza e a miséria não param 
de crescer.
Ditadura	para	defender	
Pátria é garantir a sobre-
vivência dos pobres, e não 
massacrá-los, jogá-los no de-
sespero.
Pátria é emprego, salário 
digno, comida, cultura, saúde 
e educação. 
Pátria é vida, e não geno-
cídio, é democracia, e não dita-
dura. 
Pátria é toda família ter di-
reito de morar dignamente, e 
não os filhos do presidente 
comprando mansões.
A Pátria é do povo, e não 
de uma família que faz racha-
dinhas e quer vender o Brasil 
ao capital privado nacional e 
estrangeiro. 
Pátria é o poder do povo, e 
não de uma minoria de ricos!
Lula Falcão é membro 
do Comitê Central do PCR
O genocida, os deputa-dos e senadores do Centrão e os generais 
fascistas enchem a boca e gri-
tam: “Pátria amada”. 
Mas que Pátria é essa que 
defendem?
Os serviços públicos, co-
mo tudo na sociedade, são fru-
to do trabalho e dos impostos 
da classe trabalhadora. É um 
direito de todos(as). Por isso, 
a luta contra a Reforma Admi-
nistrativa é uma luta de to-
dos(as) que desejam garantir 
seus direitos a serviços públi-
cos de qualidade na saúde, na 
educação, no transporte, e 
ver os impostos que são pa-
gos pelos trabalhadores se re-
verterem na construção de 
uma vida melhor para o povo. 
Os ricos, donos das em-
presas privadas, dos planos 
privados, dos colégios parti-
culares, das grandes constru-
toras, que vivem em suas 
mansões, muitos fora do Bra-
sil, não precisam de serviços 
públicos. Pelo contrário, eles 
querem mais é abocanhar os 
mercados abertos com as pri-
vatizações e a extinção de ser-
viços públicos. Para a classe 
trabalhadora só resta o cami-
nho da luta por seu direito de 
ter serviços de qualidade e, 
dessa maneira, garantir uma 
vida digna para suas famílias. 
Por isso, hoje, derrotar a Re-
forma Administrativa (PEC 
32), com a unidade e a mobi-
lização dos trabalhadores dos 
setores públicos e privados, é 
uma tarefa fundamental.
Com a velha falácia usa-
da por governos anteriores de 
“modernizar” o Estado e tor-
ná-lo mais eficiente, o Gover-
no Bolsonaro/Guedes quer 
aprofundar a política de pri-
vatizações e repasse de di-
nheiro público para o setor 
privado. Essa tal moderniza-
ção, que pretende extinção de 
órgãos públicos, precariza-
ção dos serviços, retirada de 
direitos dos servidores, redu-
ção salarial, fim da estabili-
dade, entre outras propostas, 
só interessa àqueles que que-
rem entregar de vez o país e 
suas riquezas aos financistas 
e aos monopólios nacionais e 
internacionais. Expressões 
como “diminuição do Esta-
do” e “mais eficiência da má-
quina pública” só escondem 
a ganância daqueles que sem-
pre usufruíram desse Estado 
para aumentar seus lucros e 
suas propriedades.
Desde o começo do go-
verno do fascista Jair Bolso-
naro, a Constituição Cidadã 
de 1988, que teve uma ampla 
participação popular, vem 
sendo atacada pelos partidos 
de direita e pelas empresas 
privadas com o objetivo de 
derrotar as conquistas obti-
das pela classe trabalhadora 
organizada. O Governo Bol-
sonaro aprofundou esses ata-
ques aos direitos dos traba-
lhadores e trouxe enormes re-
trocessos para o país. Prova 
disso foram as reformas tra-
balhista e previdenciária, que 
retiraram direitos seculares 
da classe trabalhadora, extin-
tos por um Congresso Nacio-
nal reacionário e corrupto.
Seguindo a política neo-
liberal do ministro Guedes e 
dos banqueiros, Bolsonaro 
agora aponta seus canhões 
contra os servidores e os ser-
viços públicos com a Refor-
ma Administrativa (PEC 32), 
que significa um desmonte 
do Estado brasileiro maior do 
que aquele que presenciamos 
no governo de Fernando Hen-
rique Cardoso (PSDB) com a 
ideia de “Estado mínimo”, 
“carreiras típicas de Estado”, 
que só geraram menos servi-
ços públicos de qualidade e 
mais lucros para o setor pri-
vado. 
Num momento de cala-
midade sanitária, mesmo 
com o negacionismo crimi-
noso e corrupto do Governo 
Bolsonaro, o Sistema Único 
de Saúde (SUS), criado pela 
Constituinte de 1988, pro-
vou, mais uma vez, o quanto 
são necessários serviços pú-
blicos de qualidade, com pro-
fissionais bem pagos e com 
condições decentes de traba-
lho. Nessa pandemia, o SUS 
foi responsável pelo trata-
mento de mais de 70% dos do-
entes da Covid-19.
Reforma	Administrativa	piora	serviço	público	
 Luiz Falcão 	
Victor Madeira, RJ
Jorge Ferreira
Ato do MLB contra a cares�a e a fome em São Paulo
A Verdade – Como é ser um 
parlamentar combativo em 
uma cidade conservadora co-
mo Curitiba?
Renato Freitas – Ah, é nadar 
contra a corrente, né? É bater 
de frente com os grandes em-
presários, os donos do poder, 
as famílias tradicionais que 
há séculos comandam os des-
tinos políticos da cidade. É 
ser uma persona non grata, 
ser um estranho no ninho, ser 
hostilizado em todos os espa-
ços que você está. Por exem-
plo, a Guarda Municipal me 
prendeu injustamente dias 
atrás. Na primeira sessão da 
Quantas vezes você já foi pre-
so desde que se tornou par-
lamentar? Por que você 
acha que a Guarda Munici-
pal faz essas investidas con-
tra você?
Ocorreu duas vezes. Isso é, 
na verdade, a ponta de um ice-
berg e a base dele é a minha 
própria constituição enquan-
to um jovem negro de perife-
ria. A ação policial, a violên-
cia policial,construiu o meu 
olhar sobre a realidade. Mes-
mo eu estando investido de 
uma função pública tão rele-
vante como a de representan-
te popular, a GM, que não é 
eleita, que não passa por ne-
nhum critério mais rigoroso 
de concurso público, se 
achou no poder de esfregar li-
teralmente meu rosto no 
chão, no meio da rua, na fren-
te de todas as pessoas, sem 
motivo algum – por uma su-
posta desobediência, desaca-
to ou qualquer critério subje-
tivo inventado na hora para 
justificar a ação.Câmara dos Vereadores após 
a prisão injusta, truculenta, 
violenta e racista da GM, o 
que foi feito? Homenagea-
ram a Guarda. No outro dia, 
homenagearam a Polícia Mi-
litar, dando o recado de que 
lado a Câmara de Vereadores 
de Curitiba está no meio de 
qualquer conflito entre mim e 
as forças de segurança públi-
ca, por mais que eu tenha si-
do vítima de uma injustiça. 
Para eles é isso: eu tenho que 
ser de algum modo elimina-
do porque eu não tô favore-
cendo o funcionamento da 
máquina.
O momento que a gente tá vi-
vendo no país é de acirramen-
to das forças. A extrema direi-
ta que tá hoje no poder repre-
senta as milícias do Rio de Ja-
neiro, que são o excesso da vi-
olência policial organizado e 
naturalizado, talvez mais do 
que isso, a essência desse sis-
tema, de direito penal subter-
râneo, que é o do dia a dia que 
opera em base de tortura, fun-
ciona desde que nós conhece-
mos o direito penal, embora 
nunca tenha sido exatamente 
legal, é generalizado. Essa mi-
lícia, essa força demasiada 
que o Estado usa para contro-
lar as periferias, tomou o po-
der nacional e declarou guerra 
a qualquer um que possa ser 
um empecilho para esse plano 
de hegemonia. Os movimen-
tos sociais organizados são, 
com certeza, os protagonistas 
dessa resistência, junto com a 
Educação de forma geral, os 
inimigos do Estado. Olha aí o 
exemplo do Galo, que ficou 
todo esse tempo preso acusa-
do de botar fogo numa está-
tua, enquanto o próprio Mi-
nistério do Meio Ambiente fa-
vorece ações de desmatamen-
to e de queimada ilegal. Isso é 
um absurdo, é uma despro-
porcionalidade, é uma decla-
ração aberta e expressa de 
guerra da elite brasileira mili-
onária escravocrata à popula-
ção pobre brasileira.
Quais são as pautas que ori-
entam seu trabalho como 
parlamentar?
Um dos eixos principais do 
nosso mandato é moradia, en-
tendida como um direito sem 
o qual os outros direitos não 
são exercidos. O direito à saú-
de, por exemplo, depende de 
um endereço fixo da Unidade 
de Saúde mais próxima da sua 
casa, a educação do mesmo 
modo, se você não tem para-
deiro, se você não tem uma ca-
sa, se você está em condição 
de rua, não tem a menor con-
dição de estar regularmente 
matriculado em um colégio. 
Sem a moradia adequada os 
outros direitos acabam sendo 
prejudicados.
O terceiro eixo é a ques-
tão de política econômica de 
emprego, que tem em vista a 
economia solidária, as coo-
perativas, as cozinhas comu-
nitárias, dentro das ocupa-
ções urbanas, que é uma área 
de atuação nossa também. A 
gente acredita que é possível 
um arranjo econômico que 
dê conta com maior eficácia 
do emprego. Se não o pleno 
emprego, porque enquanto 
vereador do município isso 
está além da nossa possibili-
dade, ao menos abreviar o 
mundo de organização eco-
nômica que a gente quer em 
comunidades menores, como 
são as ocupações de Curitiba, 
fabricando sua própria moe-
da, buscando a troca e a inte-
gração dessas comunidades 
para que o dinheiro que elas 
produzem a partir do seu tra-
balho circule principalmente 
entre elas mesmas, gerando 
renda e emprego. A gente ten-
ta fazer isso a partir da econo-
mia solidária.
O segundo ponto é a segu-
rança pública, entendendo 
que no país mais violento do 
mundo, um dos países mais 
desiguais do mundo e que tem 
uma das menores taxas de mo-
bilidade social do mundo, as 
coisas só podem se manter nu-
ma pretensa e superficial or-
dem, numa paz jurídica, por-
que o Estado promove subter-
raneamente uma guerra con-
tra os mais pobres.
Como você vê a criminaliza-
ção da luta social nesse mo-
mento?
4 BRASILSetembro de 2021
‘‘A	elite	brasileira	é	milionária	e	escravocrata’’
Renato Freitas apresenta-se como mais um jovem 
comum da periferia brasileira. Filho de mãe 
nordestina, seu pai, já falecido, foi mais uma vítima do 
sistema carcerário brasileiro. Atualmente, é mestre em 
Direito e vereador em Curitiba. Ele conversou com o 
jornal A Verdade sobre as prisões que sofreu e a 
criminalização das lutas sociais. 
Carolyne Melo (Paraná)
Esta situação se agrava 
quando vemos o número de 
pessoas presas no Brasil. Se-
gundo o Conselho Nacional 
de Justiça (CNJ), em 2005, a 
população carcerária era de 
361 mil pessoas, já o levanta-
mento feito pelo FBSP mos-
trou que esse número saltou 
para 759.518, em 2020. Des-
tes, mais de 30% são presos 
provisórios que sequer foram 
condenados. Além disso, es-
tas prisões são caracterizadas 
por uma enorme violência; há 
nas instituições uma “natura-
lização” das agressões, da vio-
lência e da tortura, como parte 
da punição. Para se ter uma ide-
ia, de agosto de 2018 a maio de 
2019, segundo levantamento 
feito pela Defensoria Pública 
do Estado do Rio de Janeiro, 
931 pessoas, ou três pessoas 
por dia, denunciaram terem si-
do agredidas física ou psicolo-
gicamente após a prisão. Des-
ses, 82% eram pretos e pardos.
Na edição de junho de 
2021 do jornal A Verdade, pu-
blicamos uma matéria sobre a 
origem do Exército, seu histó-
rico golpista a serviço dos ri-
cos e o papel das polícias na re-
pressão ao povo pobre. Neste 
mês, falaremos um pouco so-
bre os resultados dessa crimi-
nalização que tem matado e en-
carcerado cada vez mais pre-
tos e pobres pelo país e qual de-
ve ser o papel da esquerda nes-
se cenário.
Alguns dados nos provam 
essa denúncia: segundo o info-
gráfico do Anuário Brasileiro 
de Segurança Pública 2021, 
produzido pelo Fórum Brasi-
leiro de Segurança Pública 
(FBSP), que se baseia em in-
formações fornecidas pelas se-
cretarias de segurança públi-
cas estaduais, pelas polícias 
civil, militar e federal, somen-
te em 2020 a polícia matou 
6.416 pessoas. Desses, 78,9% 
eram negros e 76,2% tinham 
entre 12 e 29 anos.
Por isso, não é uma guerra 
necessariamente às drogas 
que o Estado e as Forças Arma-
das fazem. Declararam, na ver-
dade, uma guerra às pessoas 
que moram nas periferias, aos 
negros e pobres. Esta triste rea-
lidade é bem exemplificada 
no trecho da música Periferia 
é periferia, do grupo de rap Ra-
cionais MC's: “A droga chega 
de avião ou pelo porto e cais, 
não conheço pobre dono de ae-
roporto e mais, fico triste por 
saber e ver, que quem morre 
no dia a dia é igual a eu e a vo-
cê”.
Além disso, um estudo ex-
clusivo feito pelo Condege 
(entidade que reúne defenso-
res públicos de todo país e a 
Defensoria Pública do Rio de 
Janeiro), no início deste ano, 
mostrou que o reconhecimen-
to fotográfico que é por vezes 
utilizado como única prova pa-
ra prender alguém, além de 
apresentar falhas, possui um 
alvo em comum: 83% dos pre-
sos injustamente por reconhe-
cimento fotográfico no Brasil 
são negros e pobres.
Sobre isso, a pesquisado-
ra e ativista Juliana Borges co-
menta em seu livro O que é en-
carceramento em massa: “[...] 
abolida a escravidão no país, 
como prática legalizada de hie-
rarquização racial e social, ou-
tros foram os mecanismos e 
aparatos que se constituíram e 
se reorganizaram [...] como 
forma de garantir controle so-
cial, tendo como foco os gru-
pos subalternizados estrutu-
ralmente”.
Vale dizer que a maior par-
te dos presos o são por crimes 
patrimoniais (roubos e peque-
nos furtos) e a outra parcela es-
tá ligada à chamada guerra às 
drogas. Somado a isso, segun-
do o CNJ, há mais de 300 mil 
mandados de prisão penden-
tes de cumprimento em todo o 
país e, em sua maioria, pelos 
mesmos motivos dos que já es-
tão presos. Como vemos, nes-
tes dois casos, não são presos 
nem os bandidos de colarinho 
branco, que roubam milhões 
através da corrupção, nem os 
verdadeiros traficantesde dro-
gas, que não moram nas fave-
las (por exemplo, os donos 
dos helicópteros de cocaína).
A base ideológica dessa 
guerra é o racismo, que é utili-
zado como justificativa para 
todas essas atrocidades. Cri-
ando, assim, um inimigo raci-
almente construído, servindo 
à classe dominante como ins-
trumento de imobilismo soci-
al e de controle, pois proíbe a 
organização e a revolta de par-
te da população. Por isso, es-
ses dados revelam a importân-
cia de aliar a luta antirracista à 
luta anticapitalista e a urgên-
cia de se pensar um novo mo-
delo de segurança pública.
É tarefa da esquerda lutar 
contra todo esse processo e de-
fender um outro modelo de se-
gurança pública e de socieda-
de, que tenha no centro os inte-
resses da imensa maioria da 
população. Parte da sensação 
que as pessoas têm nas perife-
rias de que todos os políticos 
são iguais, não se trata apenas 
de um distanciamento da polí-
tica, mas do fato de que a situ-
ação de vida nestes lugares 
pouco se modificou favora-
velmente com o passar dos 
anos para a grande maioria 
que lá mora. Ou seja, saíram e 
entraram governos, mesmo os 
ditos de esquerda, e não ga-
rantiram que a situação nas pe-
riferias avançasse, apesar das 
promessas de mudanças e me-
lhorias. E, quando falamos de 
segurança pública, temos um 
dos principais exemplos disso.
Essa situação gera uma 
enorme descrença na possibi-
lidade de mudança a favor do 
povo. Por isso, temos um tra-
balho imenso, pois este senti-
mento pode ser captado pelo 
fascismo (como vem aconte-
cendo) ou pode ser captado pe-
las reais forças populares e de 
esquerda, que precisam traba-
lhar para transformar esta 
imensa indignação em mobi-
lização e em lutas sociais de 
grande envergadura, que pos-
sam alterar as estruturas soci-
ais em nosso país. Ideias co-
mo a de punição aos tortura-
dores, desmilitarização das po-
lícias militares e controle soci-
al das forças armadas devem 
assumir grande espaço na pau-
ta da esquerda, que deve ter a 
habilidade de traduzi-las e co-
nectá-las às pautas da luta quo-
tidiana do nosso povo.
da Unidade Popular
e Mariana Fernandes, 
Leonardo Péricles 
Racismo	e	repressão	aos	pobres	
JAV/PR
Vereador Renato Freitas e Carolyne Melo 
A imprensa popular é um óti-
mo caminho para combater-
mos o latifúndio da comuni-
cação que existe no Brasil. 
Os grandes meios de comu-
nicação, geralmente, estão 
atrelados ao poder do capi-
tal. E mostrarão aquilo que 
interessa a quem domina. 
Nesse sentido, o jornal A 
Verdade faz um bonito tra-
balho de resistência porque 
mostra o “real”. Aquilo que, 
de fato, está acontecendo 
nas manifestações, nas ruas, 
no Brasil das minorias. 
A Verdade – Como o senhor 
analisa a situação política, 
econômica e social do Bra-
sil atualmente?
Esse assunto é muito sério. 
A manipulação de pautas re-
ligiosas para justificar um 
poder, um governo é proble-
mático. Sabemos que nossa 
fé não pode se omitir em rela-
ção às questões políticas. 
No entanto, o que vemos? 
Grupos que, em nome de um 
suposto serviço a Deus, dis-
seminam o ódio, apologias 
das armas, exclusão dos ma-
is vulneráveis, degradação 
do meio ambiente. A qual 
Deus serve essa gente? Cer-
tamente, não ao Deus de Je-
sus Cristo. Portanto, em mui-
tos casos, vemos uma visão 
equivocada de cristianismo, 
manipulando a boa vontade 
de nossa gente. Precisamos 
investir, e muito, numa for-
mação bem fundamentada 
de nossos cristãos. Baseada 
na Palavra de Deus, que nos 
mostra Jesus Cristo sempre 
do lado das pessoas feridas. 
Nesse sentido, a opção pelos 
pobres é uma questão de fé. 
Qual é o maior mandamen-
to? Amar a Deus e nossos ir-
mãos. É triste ver, hoje, cris-
tãos trocando o verbo amar 
por armar. O Cristianismo 
ou continua sendo uma pre-
sença radical contra toda e 
qualquer violência ou ele se 
perderá. Somos seguidores 
de Jesus, o príncipe da paz, 
que matou toda a inimizade 
(Cfr. Ef 2,14).
A força de transformação 
vem do povo. Não espere-
mos mudanças substanciais 
dos que dominam, dos que 
acumulam dinheiro, das mul-
tinacionais e das lideranças 
políticas que estão atreladas 
a elas. Esses já estão bem es-
tabelecidos e não aceitarão 
cortes em suas ostentações. 
Nosso caminho, se quere-
mos um futuro mais justo e 
solidário, defendendo uma 
Ecologia Integral, passa pe-
la voz das minorias, dos mo-
vimentos sociais, das agen-
das de nossas comunidades 
indígenas, dos quilombolas, 
dos pequenos agricultores e 
produtores. O agronegócio e 
a mineração, por exemplo, 
estão a serviço de quem? 
Além das manifestações nas 
ruas, os setores populares 
precisam se organizar em re-
des. Vejam que belo exem-
plo os acampamentos dos 
povos indígenas em Brasí-
lia, na busca firme pela de-
marcação de suas terras e 
contra o Marco Temporal.
Muito bem lembrada essa 
passagem bíblica. “Vós sois 
o sal da terra... vós sois a luz 
do mundo” (Mt 5, 13-14). 
No caso cristão, nossa voca-
ção exige testemunho do Rei-
no de Deus. Buscar a justiça 
e a paz significa denunciar 
tudo aquilo que está na con-
tramão do Evangelho e pro-
por alternativas de vida em 
abundância para todos. Tam-
bém as outras religiões, cren-
ças têm suas fontes de inspi-
ração que ressaltam a sacra-
lidade da vida. A Fratelli Tut-
ti, Todos Irmãos, é um gran-
de convite para que todas as 
religiões lutem pela cultura 
da amizade social e da fra-
ternidade. Como fazer isso? 
As atitudes pessoais contam 
muito, mas numa sociedade 
tão poliédrica como a nossa, 
devemos participar, fortale-
cer as redes democráticas, a 
beleza de ser comunidade 
que busca o bem comum. 
Ou seja, juntar nosso culto 
com o compromisso com as 
transformações sociais em 
todos os campos. São louvá-
veis as iniciativas do Papa 
Francisco em construir, com 
os jovens do mundo inteiro, 
uma economia de Francisco 
e Clara, em buscar um pacto 
global pela educação, em 
exigir das lideranças inter-
nacionais urgentes decisões 
em relação à conversão eco-
lógica, como vemos na Lau-
dato Sì. A Conferência Naci-
onal dos Bispos do Brasil, 
CNBB, insiste no Pacto pela 
Vida e pelo Brasil. Ou seja, 
movimentos fortes estão 
acontecendo. Resta cada um 
de nós nos comprometer-
mos, dar nosso testemunho 
na realidade na qual esta-
mos inseridos.
O senhor atua junto às co-
munidades atingidas pela 
mineração, em especial, na 
região de Brumadinho, que 
sofre os efeitos do crime 
ocorrido em 2019. Qual a re-
alidade dos atingidos hoje?
A mineração tem um modo 
de operar muito violento em 
nossos territórios. Ela leva 
as riquezas e deixa, sobretu-
do, com seus crimes, a natu-
reza destruída e as comuni-
dades desamparadas. É uma 
pena que Mariana e Bruma-
dinho não “serviram” como 
exemplos para um modo di-
ferente, capaz de mudar esse 
extrativismo que mata. Mui-
to triste! A luta de quem re-
siste chega à exaustão. Mui-
tas vezes nossas lideranças 
adoecem, desiludidas por 
não verem resultados. O Go-
verno de Minas Gerais, jun-
tamente com as entidades de 
justiça, que deveriam estar 
do lado dos atingidos, fize-
ram um acordo com a Vale, 
no caso de Brumadinho e, 
agora, o mesmo ocorrerá em 
Mariana. E isso é noticiado 
como grandes conquistas. 
No entanto, a gente sabe que 
as comunidades atingidas e 
o meio ambiente gritam por 
mudanças. Cremos, muito, 
na formação dos coletivos, 
nas associações dos familia-
res, nos movimentos pela so-
berania de nossos povos, etc. 
São instâncias de resistênci-
as que não deixam a chama 
da memória das vítimas (19, 
em Mariana; 272, em Bru-
madinho), da presença junto 
às comunidades e da profe-
cia se apagarem diante da mi-
nério-dependên-cia. Os tra-
balhos da Região Episcopal 
Nossa Senhora do Rosário, 
que abrange todo o Vale do 
Paraopeba, cuja sede está 
em Brumadinho, é um bom 
exemplo que vem da Arqui-
diocese de Belo Horizonte.
Como as igrejas e pessoas 
religiosas devem vivenciar 
sua fé e ser sal, fermento e 
luz?
O acordo entre o governo 
de Minas Gerais e a Vale 
não traz nenhuma repara-
ção, mas propicia a cons-
trução do Rodoanel, que 
vai beneficiara própria mi-
neradora. O que o senhor 
pensa dessa medida?
Uma parte das pessoas reli-
giosas votaram em Bolso-
naro enganadas por um 
“discurso cristão”. O que o 
senhor pensa da necessida-
de da igreja assumir a op-
ção pelos pobres?
Desde o primeiro momento 
que soubemos desse acordo, 
fomos radicalmente contra. 
Não se faz acordo a partir de 
um crime de uma multinaci-
onal poderosíssima como a 
Vale. O que pedimos é justi-
ça. Infelizmente o Estado 
tem se tornado cada vez mais 
subalterno aos interesses pri-
vados. E esquece sua missão 
de proteger o povo e o meio 
ambiente. Vivemos um neo-
colonialismo muito agressi-
vo. É por isso que nosso futu-
ro, no caso de Minas Gerais, 
vai se tornando cada vez ma-
is obscuro. Minas tinha que 
banir a mineração, em nome 
da preservação de suas fon-
tes hídricas, de suas belezas 
ecológicas, de suas tradições 
culturais e de fé, da agroeco-
logia, etc. Enquanto essa mi-
neração que está aí continuar 
mandando e desmandando, 
o que se abrirá serão bura-
cos, no solo e no coração das 
pessoas.
Nas recentes manifesta-
ções que estão ocorrendo 
no Brasil, o jornal A Verda-
de vem realizando cobertu-
ra ao vivo dos atos. Como o 
senhor avalia o trabalho de 
uma imprensa popular pa-
ra se contrapor aos grandes 
monopólios midiáticos?
Qual deve ser o papel dos 
setores populares para su-
perarmos este momento di-
fícil?
Dom Vicente Ferreira – 
Atravessamos uma crise 
mundial imposta pela pan-
demia da Covid-19. Antes 
disso, já sabíamos dos inú-
meros problemas socioam-
bientais de uma globaliza-
ção capitalista neoliberal 
que privilegia poucos gru-
pos, deixando milhões de 
pessoas em situações vulne-
ráveis. No Brasil, reconhe-
cemos que a desigualdade so-
cial sempre foi uma chaga 
dolorosa. E, com o atual ce-
nário político, os problemas 
estão aumentando. A fome, o 
desemprego, as inúmeras e 
expressivas degradações am-
bientais, revelam um dramá-
tico momento da nossa his-
tória nacional. Se, por um la-
do, temos uma elite que não 
abre mão de seus privilégios, 
por outro, os movimentos po-
pulares lutam por transfor-
mações estruturais, tendo 
em vista o direito dos pobres 
e da natureza. Vivemos um 
grande embate. E não há dú-
vida de que boa parte das ins-
tâncias políticas brasileiras 
querem manter a meritocra-
cia, a começar pelos discur-
sos e atitudes do presidente 
da República, com suas me-
didas que sacrificam, sobre-
tudo, os trabalhadores, os 
mais pobres e o meio ambi-
ente. Por isso, é urgente que 
gestemos, democraticamen-
te, um novo Brasil.
5BRASIL Setembro de 2021
Dom	Vicente	Ferreira:	“O	que	pedimos	é	justiça”
Consideramos urgente a organização das mulheres brasi-
leiras em prol da ruptura com o sistema capitalista que mata 
mulheres diariamente, pelo machismo, pelo desemprego e pela 
fome, pela miséria.
Por isso, convocamos todas as companheiras do Movi-
mento de Mulheres Olga Benario a construírem coletivamente 
este 2º Encontro, que será sediado nas Ocupações Manoel 
Aleixo e Helenira Preta 2.
Neste ano, nosso Movimento completa uma década de lu-
tas em todo o Brasil. Organizamos creches comunitárias, la-
vanderias, diversos atos contra o assédio nos locais de traba-
lho e de estudo; ocupamos secretarias e prédios abandona-
dos e hoje construímos seis casas de referência para a mulher. 
Atuamos em 19 estados com muita combatividade e quere-
mos ampliar nosso trabalho.
É com muita alegria e espírito revolucionário que o Movi-
mento de Mulheres Olga Benario convoca suas militantes para 
o 2º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Olga Bena-
rio, que acontecerá na cidade de Mauá (SP) nos dias 19, 20 e 
21 de novembro de 2021.
Importante garantirmos �nanças para que representan-
tes de todos os estados participem para dar coesão nacional 
ao trabalho, planejar nossas tarefas e as lutas para o próximo 
período.
Aguardamos todas em São Paulo! É pela vida das mulhe-
res! Pelo justo, pelo bom, pelo melhor do mundo!
Devido à pandemia de Covid-19 não poderemos fazer um 
encontro massivo. Por isso, cada estado terá uma cota de par-
ticipantes e deverá priorizar a participação de companheiras 
imunizadas, além de garantir �nanças para taxa de inscrição e 
compra de máscaras PFF2, que devem ser utilizadas em to-
dos os momentos do evento.
Coordenação Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario
Em entrevista exclusiva ao jornal A Verdade, Dom Vicente 
Ferreira fala sobre temas de grande relevância no cenário 
político nacional, como as lutas populares contra o autorita-
rismo e a defesa da democracia e do meio ambiente, em par-
ticular no caso da mineração em Minas Gerais, o papel da 
imprensa popular e a relação entre religião e política.
Redação Minas Gerais
Dom Vicente Ferreira, natural de Alegre (ES), é bispo 
auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Acompanha a 
Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário, cuja sede está 
em Brumadinho. Membro da Comissão Episcopal para Eco-
logia Integral e Mineração e da Comissão de Cultura e Edu-
cação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Bra-
sil). Poeta e escritor, apresenta o programa Versos e Preces.
Movimento Olga Benario 
realizará 2º Encontro 
Nacional em novembro
ABH
Dom Vicente Ferreria
6 TRABALHADOR UNIDOSetembro de 2021
Governo	quer	acabar	com	direito	de	férias	
O	que	muda	com	a	MP?
O Requip permite a con-
tratação, por dois anos, sem 
carteira assinada e sem vín-
culo empregatício; no lugar 
do salário, o trabalhador con-
tratado receberá uma bolsa 
no valor de meio salário míni-
mo (R$ 550,00), não tem di-
reito a férias remuneradas (te-
rá descanso de 30 dias sem re-
muneração), nem 13º salá-
rio. Também não tem direito 
à FGTS nem INSS (ou seja, o 
tempo não contará pra apo-
sentadoria), além de redução 
do valor da hora extra.
A nova aposta do presi-
dente para favorecimento dos 
empresários aprofunda as per-
cas da reforma trabalhista, ga-
rantindo maiores lucros aos 
patrões, tanto com a retirada 
de direitos históricos, como 
13º salário e férias remunera-
das, quanto com a isenção e 
redução de impostos. A justi-
ficativa? Geração de empre-
gos. Mais uma falácia da bur-
guesia defendida pelo geno-
cida e militares. A verdade é 
que o desemprego cresce e 
quem tem a sorte de estar em-
pregado vê seu salário ser de-
vorado pela inflação. 
O	que	tá	ruim	pode	piorar
Já o Priore, paga salários 
de até R$ 2.200,00, não paga 
13º salário e reduz a multa do 
FGTS de 40% para 20%. 
Também não dá direito aos 
50% dos salários devidos em 
caso de demissão antes do 
prazo de vigência estipulado 
no contrato. 
E enquanto para os tra-
balhadores a coisa aperta 
“por conta da crise”, para os 
patrões só mamata: vai lu-
crar mais, pagando menos e 
dando menos direitos aos tra-
balhadores e também tendo 
redução no Imposto de Ren-
da de Pessoa Jurídica e na 
Contribuição Social sobre o 
Lucro Líquido.
O Movimento Luta de 
Classes (MLC) convoca to-
das as trabalhadoras e traba-
lhadores do Brasil a se uni-
rem contra as reformas dos 
patrões, cujo único interesse 
é aumentar a exploração con-
tra nossa classe. Venha se or-
ganizar conosco e conhecer 
o programa de mudanças ur-
gentes necessárias a liberta-
ção da classe trabalhadora do 
nosso país!
Só	a	luta	muda	a	vida
Movimento Luta de 
Classes (MLC)
Além de tudo isso, a MP 
ainda protege o empregador 
que descumprir as normas de 
saúde e segurança do traba-
lho e em caso de trabalho aná-
logo à escravidão. No primeiro 
caso, o empregador receberá 
apenas orientações e, no se-
gundo caso, não há mais pe-
na de prisão; apenas multa e 
só se for flagrado pelos audi-
tores fiscais duas vezes.
Também o acesso do tra-
balhador à Justiça do Traba-
lho será dificultado, pois a 
justiça gratuita só será con-
cedida em caso de compro-
vação de baixa renda famili-
ar (renda per capita mensal 
de até meio salário mínimo), 
forçando o trabalhador a não 
buscar os seus direitos.
A Medida Provisória 
cria dois programas para o 
empregador: o Regime Espe-
cial de Qualificação e Inclu-são Produtiva (Requip) e o 
Programa Primeira Oportu-
nidade e Reinserção no 
Emprego (Priore). Ambos 
têm como principal público 
alvo os jovens de 18 a 29 
anos, os que mais sofrem 
com o desemprego e se tor-
nam, assim, presas fáceis.
E
m maio de 2020, au-
ge da primeira onda 
da pandemia da Co-
vid-19 no Brasil, en-
quanto o Governo Federal 
ironizava o potencial do coro-
navírus e rebatia o isolamen-
to social, em reunião minis-
terial, Ricardo Sales, então 
ministro do Meio Ambiente, 
sugeriu a Bolsonaro que apro-
veitasse o momento sanitário 
para “passar a boiada”. E o 
presidente genocida tem 
cumprido à risca sua reco-
mendação.
A mais nova boiada a pas-
sar foi a MP 1045/2021, ou 
minirreforma trabalhista, 
aprovada com folga na Câma-
ra dos Deputados no dia 11 
de agosto, quando a mídia es-
tava entretida com a encena-
ção do desfile de canhões do 
Exército e a loucura do voto 
impresso. Assim, tirando o 
foco da votação, a MP seguiu 
aprovada para o Senado, on-
de espera votação.
Não dá pra esperar 2022 
para tirar esses ladrões assas-
sinos do poder. Precisamos 
ocupar as ruas, praças, fave-
las, locais de trabalho, para 
dialogar com os trabalhado-
res e trabalhadoras e organi-
zá-los para a luta. 
Somando-se o Requip e 
Priore, os patrões podem pre-
encher até 40% da mão de 
obra em condições “mais 
que precárias”. Assim, o que 
veremos, a longo prazo, é a 
demissão dos trabalhadores 
mais antigos e “mais caros” 
para a empresa e sua substi-
tuição por empregados sem 
vínculo ou com vínculo fra-
gilizado, aprofundando a cri-
se para os trabalhadores.
MLC	realiza	plenária	e
elege	Coordenação	no	RS
No dia 22 de agosto, a 
militância do Movimento 
Luta de Classes (MLC) no 
Rio Grande do Sul realizou, 
no Sindicato dos Municipá-
rios de Porto Alegre (Sim-
pa), sua plenária estadual pa-
ra apresentar a cartilha do 
MLC e debater a conjuntura, 
além de eleger uma nova Coor-
denação Estadual. 
A plenária ficou marca-
da por falas de muita luta e 
combatividade, que ressal-
taram a importância da clas-
se trabalhadora estar organi-
zada nas mais diversas cate-
gorias e lutando pela cons-
trução do socialismo. Foi 
ressaltada a necessidade de 
cada trabalhador conhecer 
seu sindicato, levando a li-
nha política do movimento 
para denunciar os sindicatos 
pelegos, fortalecer os que 
são de luta e criar sindicatos 
nas categorias que não têm 
representação sindical.
Redação RS
Em seguida, os camara-
das que fizeram parte da me-
sa, Vinícius Stone e Thainá 
Battesini, falaram sobre co-
mo têm sido a organização e 
atuação do MLC no Rio 
Grande do Sul, utilizando co-
mo exemplo a participação 
na greve e nas eleições do 
CPERS (Sindicato dos Tra-
balhadores em Educação do 
Rio Grande do Sul), a partir 
do núcleo de Passo Fundo.
A plenária foi realizada 
de forma híbrida (presenci-
al e online), com o objetivo 
de garantir a presença de ca-
maradas de outras cidades, 
como Canoas, Canela e 
Encruzilhada do Sul, e tam-
bém contou com a partici-
pação, diretamente de Belo 
Horizonte, do companheiro 
Renato Campos, da Coor-
denação Nacional do MLC. 
Renato abriu a plenária apre-
sentando o histórico das lu-
tas do movimento sindical 
no Brasil. 
O companheiro Vinícius 
Stone afirmou que “a bur-
guesia passa a vida toda nos 
dizendo que a gente tem que 
abaixar a cabeça, que não po-
de ser protagonista da nossa 
própria história, da nossa 
própria luta, por isso vários 
companheiros não se sentem 
à vontade para falar nos espa-
ços, mas esse espaço aqui é 
onde nós vamos, coletiva-
mente, ser protagonistas na 
luta contra a exploração e pe-
la construção de uma socie-
dade mais justa!”.
Ao final da atividade, 
foi eleita uma Coordenação 
Estadual provisória e dele-
gados para participarem da 
Plenária Nacional, que 
acontecerá em setembro. 
Estão encarregados desta 
coordenação sete camara-
das: Henrique Vieira, Letí-
cia Voigt, Rodrigo Fuscal-
do, Stefan Chamorro, Thai-
ná Battesini, Vanise Roca e 
Vinícius Stone.
Salário	dos	militares	ultrapassa	R$	39,2	mil,	
enquanto	milhões	passam	fome
Mas, afinal, onde estão 
os “supersalários” que Paulo 
Guedes tanto fala para defen-
der a PEC 32? Quem recebe 
os salários acima do teto cons-
titucional, que é de R$ 39,2 
mil, são os juízes, os genera-
is, os almirantes, os marecha-
is e os ministros que não en-
trarão na Reforma Adminis-
trativa. Em maio deste ano, o 
banqueiro Guedes ainda pu-
blicou a portaria nº 4.975/21, 
que autoriza o acúmulo de 
vencimentos por pessoas que 
ocupam cargos de confiança 
no governo. 
Enquanto isso, o mesmo 
Paulo Guedes reduziu o valor 
do auxílio emergencial para 
R$ 150,00. Chegamos à mar-
ca de mais de 15 milhões de 
desempregados, mais de 27 
milhões de brasileiros pas-
sando fome. Nas praças e cal-
çadas das cidades se tornou 
“comum” encontrar famílias 
vivendo nas ruas, no frio e 
chuva. 
Por meio da portaria 
4.975/21, o salário do presi-
dente Bolsonaro passou a ser 
de R$ 41,2 mil, aumento de 
6%, já para o vice-presiden-
te, general Hamilton Mou-
rão, o aumento foi de 62%, 
passando a ter salário de 
R$ 63,5 mil. Os generais mi-
nistros tiveram aumento na 
casa dos 60% nos seus salári-
os. O general Walter Braga 
Netto, passou a ter um salário 
de R$ 66 mil; O general Luiz 
Eduardo Ramos, salário de 
R$ 66,4 mil; o general Au-
gusto Heleno tem salário de 
R$ 63 mil. Em junho, todos 
receberam o valor retroativo 
de abril e parte do 13º salário, 
significando o montante de 
mais de R $100 mil em um 
único mês. Além disso, as 
aposentadorias e pensões con-
tinuam sendo pagas, R$ 21 
mil para os generais; R$ 30,2 
mil para os marechais. O au-
mento também beneficia o 
general Silva e Luna, que ho-
je preside a Petrobras e que 
só de salário recebe o valor 
de R$ 226 mil.
Não temos alternativa, se-
não a organização do povo po-
bre, a unidade de toda classe 
trabalhadora para derrubar es-
te governo fascista, genoci-
da, corrupto e que só tem 
compromisso com os ricos. 
Assim, como conclama o hi-
no da Internacional Comu-
nista: “De pé, ó vítimas da fo-
me/ De pé, famélicos da ter-
ra/ Sejamos nós que conquis-
temos/ A terra mãe livre e co-
mum!”.
Movimento Luta de 
Classes (MLC) - PE
Desde o início do Gover-
no Bolsonaro, o sofrimento 
do povo só cresce. Os fatos re-
velam que, para o governo fe-
deral, os generais e seus alia-
dos na Câmara dos Deputa-
dos e Senado, o importante 
não é salvar o povo. O que va-
le mais é garantir o lucro dos 
bancos e grandes empresas, 
manter os altos salários do 
Alto Comando das Forças 
Armadas, magistrados, par-
lamentares e ministros. Dei-
xar os ricos ainda mais ricos 
para garantir o financiamento 
de suas campanhas eleitorais 
e seus esquemas de corrup-
ção.
Seguindo o programado 
por Bolsonaro, general Mou-
rão, Paulo Guedes (ministro 
da Economia) e com total 
apoio dos presidentes da Câ-
mara de Deputados e Senado 
Federal – Arthur Lira (PP-
AL) e Rodrigo Pacheco 
(DEM-MG), a agenda de pri-
vatizações e retirada de direi-
tos trabalhistas avança. É 
exemplo da privatização dos 
Correios, empresa com 98 
mil servidores e que gerou lu-
cro de R $1,5 bilhão só em 
2020.
Encontra-se em tramita-
ção no Congresso a Reforma 
Administrativa (PEC 32/20), 
que acaba com o funcionalis-
mo público, retira a estabili-
dade, congela salários, per-
mite a terceirização e a priva-
tização abertamente. Os de-
fensores da reforma afirmam 
que o funcionalismo público 
é responsável por quebrar os 
cofres da união, uma mentira 
deslavada. A realidade é que 
a base salarial da maioria dos 
servidores é de R $ 2.500.00 
(segundo o Ipea). Examinan-
do as esferas federal, estadu-
al e municipal, 53,1% dos ser-
vidores recebem abaixo do 
valor estimado pelo Dieese 
para o sustento de uma famí-
lia, que seria de R$ 5.351,11.
Camila Falcão, 
Jorge Ferreira
Passeata contra reirada de direitos
7JUVENTUDE Setembro de 2021
UFRGS	aprova	destituição	do	interventor
Essa sessão histórica foi 
fruto de 11 meses de uma 
longa luta, desde que o fas-
cista Jair Bolsonaronomeou 
a chapa de Carlos Bulhões e 
Patrícia Pranke para a Reito-
ria da UFRGS, em 16 de se-
tembro de 2020. Essa nomea-
ção contrariou a vontade dos 
estudantes, professores e téc-
nico-administrativos, que re-
chaçaram amplamente a cha-
pa, colocando-a em último lu-
gar na lista tríplice e, antes, 
na consulta para a Reitoria, 
com apenas 11,8% dos votos, 
mesmo com a falta de pari-
dade.
Sem o apoio da comuni-
dade, Bulhões buscou os bas-
tidores da política bolsona-
rista no Congresso, em con-
versas com o deputado Bibo 
Nunes (PSL) e acordos até 
hoje não esclarecidos. Dessa 
forma, Bulhões vendeu a 
alma de nossa universidade 
em troca de sua nomeação.
Não é à toa que a gestão 
interventora se mostrou um 
braço da política fascista e au-
toritária do Governo Bolso-
naro dentro da UFRGS. Isso 
se evidencia na maneira anti-
científica que os intervento-
res atuam frente ao combate à 
pandemia, realizando reu-
niões presenciais sem másca-
ras e distanciamento, po-
sando para fotos sem másca-
ras e insistindo na realização 
da aplicação de um vestibular 
presencial quando estávamos 
no auge da pandemia, o que 
foi impedido pela comuni-
dade acadêmica.
Também se evidencia na 
expulsão de 195 estudantes 
cotistas, mostrando que os in-
terventores na UFRGS se ali-
nham com o ministro da Edu-
cação Mi l ton R ibe i ro , 
quando este diz que as uni-
versidades deveriam ser 
“para poucos”. Não bastasse 
isso, a gestão interventora es-
conde o orçamento da uni-
versidade e não denuncia os 
cortes para não afrontar seus 
padrinhos políticos.
Em resposta a isso, o Con-
sun elegeu uma comissão es-
pecial que analisou as altera-
ções e formulou uma resolu-
ção, aprovada em 12 de mar-
ço, que anulou a nova estru-
tura e deu 30 dias para que a 
Reitoria encaminhasse as me-
didas necessárias para o re-
torno à estrutura anterior. 
Essa resolução foi desrespei-
tada pelo interventor, e uma 
nova comissão foi eleita para 
debater medidas diante das 
contínuas afrontas aos órgãos 
e estatutos da UFRGS. Os de-
bates da comissão resultaram 
num parecer que recomendou 
ao Consun uma série de medi-
das, incluindo a proposição 
de destituição do interventor.
No dia 13 de agosto, o pe-
dido de destituição foi apro-
vado pelo Consun, medida 
inédita na história da univer-
sidade, resultado de uma luta 
ininterrupta vanguardeada pe-
los estudantes e pelo Movi-
mento Correnteza, que parti-
cipou de ambas as comissões 
especiais do Consun e cons-
truiu mobilizações de rua 
desde o início da intervenção.
N
o dia 13 de agosto, 
o Conselho Uni-
versitário (Con-
sun) da Universi-
dade Federal do Rio Grande 
do Sul (UFRGS) aprovou a 
proposição de destituição dos 
interventores na Reitoria, por 
59 votos favoráveis contra 
sete contrários e cinco abs-
tenções.
Só a luta coletiva e orga-
nizada dos estudantes, técni-
cos e professores é capaz de 
derrubar os interventores, na 
UFRGS e em todas as outras 
instituições de ensino. E, 
além disso, garantir uma uni-
versidade verdadeiramente 
democrática, que dê voz a to-
dos que a constroem, com pa-
ridade não só na consulta para 
a Reitoria, mas também na 
composição de todos os seus 
órgãos colegiados. E é só atra-
vés da luta que vamos cons-
truir uma universidade que 
seja para todos, e não para 
poucos!
e Sam Paz, militantes 
do Movimento Correnteza
Cauã Roca Antunes 
Ainda assim, essa luta 
não chegou ao fim. A aprova-
ção no Consun foi uma 
grande vitória política, mas o 
pedido de destituição ainda 
precisa passar pelo Ministé-
rio da Educação. Por isso, é 
necessário que os estudantes 
estejam cada vez mais mobi-
lizados e construindo mani-
festações cada vez maiores.
Universidade	deve	ser	para	todos	e	todas
Isis Mustafa e Tarcísio 
de Lucca – UJR, SP
“A universidade deveria, 
na verdade, ser para poucos”, 
disse o ministro da Educação 
de Bolsonaro, Milton Ribei-
ro, em entrevista à TV Brasil 
no dia 9 de agosto. Essa fala 
não surpreende, vinda de um 
governo que cortou R$ 2,2 bi-
lhões da Educação neste ano 
e deixou as universidades e 
institutos federais próximos 
do fechamento, com milhões 
de estudantes sem saber se po-
derão concluir sua formação.
Para complementar sua 
fala odiosa, o ministro ainda 
afirmou que “tem muito enge-
nheiro ou advogado dirigin-
do Uber porque não conse-
gue colocação devida. Se fos-
se um técnico de informática, 
conseguiria emprego”. O que 
o ministro não fala é que o 
seu governo é responsável 
por bater recordes de desem-
prego, que hoje atinge quase 
15 milhões de brasileiros, ti-
rando a comida da mesa e a 
perspectiva dos jovens. Tenta 
esconder que só há desem-
prego porque os grandes capi-
talistas e latifundiários que lu-
cram com o trabalho do povo 
preferem colocar famílias in-
teiras no olho da rua do que 
abrir mão dos seus vultosos 
caprichos. A culpa do desem-
prego não é dos estudantes, a 
culpa é do capitalismo!
Além disso, o Governo 
Bolsonaro defende não só 
uma universidade para pou-
cos, mas uma educação para 
poucos. Desde que foi eleito, 
o governo corta verbas da edu-
cação superior e básica, cri-
ando um cenário de caos, on-
de não há estrutura mínima pa-
ra o pleno funcionamento das 
escolas e universidades e tam-
pouco dinheiro para a assis-
tência estudantil, preparando 
o terreno para a privatização 
da educação pública. Bolso-
naro quer que os trabalhado-
res tenham uma educação que 
não ensine a pensar e ter auto-
nomia, somente seguir or-
dens e apertar parafusos.
A verdade é que Milton 
Ribeiro, Bolsonaro e seus ge-
nerais querem fechar as uni-
versidades públicas porque sa-
bem que é lá dentro que se ges-
ta a resistência à sua política 
fascista. Na história do país, 
os estudantes cumprem um 
papel combativo, vanguarde-
ando a organização da juven-
tude contra os ditadores, for-
talecem a luta da classe traba-
lhadora por liberdade. 
E esse é mais um dos mo-
tivos pelo qual devemos for-
talecer a luta contra esse go-
verno nas ruas. Precisamos 
derrotar esse governo fascis-
ta, para derrubar esse projeto 
elitista de educação que não 
serve para o nosso povo, e pa-
ra construir no seu lugar uma 
educação que seja livre, sem 
as amarras do vestibular, uma 
educação socialmente refe-
renciada, no qual aprende-
mos a ser donos do nosso pró-
prio destino, em que os estu-
dantes terão condição de se 
dedicar integralmente ao estu-
do sem se preocupar com a fo-
me e o desemprego; onde de-
senvolveremos ciência para 
resolver os reais problemas 
da nossa sociedade e desen-
volver o nosso país. O povo 
brasileiro não quer universi-
dades para poucos, o povo 
quer universidade para todos! 
O Congresso prosseguiu 
com os debates sobre a im-
portância dos núcleos de estu-
do e de luta da UJR. Nesse de-
bate, vários jovens expressa-
ram que a União da Juventu-
de Rebelião é essa organiza-
ção de revolucionários do Bra-
sil, por isso, uma das tarefas 
fundamentais é a de compa-
recer às reuniões da juventu-
de, colaborar com a sua cons-
trução material, organizar gru-
pos de estudos como forma 
de propagandear, estudar e di-
fundir a teoria revolucionária, 
além de tirar planos de estudo 
individual como forma de 
aprofundar o estudo cotidia-
no no marxismo-leninismo.
Nos dias 21 e 22 de agos-
to aconteceu, em Salvador 
(BA), o Congresso Estadual 
da União da Juventude Rebe-
lião (UJR), reafirmando o le-
ma do último Congresso Naci-
onal, que ocorreu em 2019, 
também na Bahia: “Unir a ju-
ventude para derrotar o fas-
cismo”. O Congresso contou 
com a presença da Coordena-
ção Nacional da UJR, que 
contribuiu com os debates e 
reafirmou a necessidade de 
organizar a juventude contra 
o fascismo no Brasil.
A abertura ocorreu na 
Ocupação Carlos Marighella, 
onde se iniciaram as ativida-
des com o plenário entoando 
A Internacional. O encontro 
foi marcado por um grande 
espírito de combatividade e 
rebeldia da juventude baia-
na. Debateu-se a conjuntura 
política do Brasil e a impor-
tância da agitação e da pro-
paganda revolucionárias nes-
te momento em que cresce a 
indignaçãoda juventude con-
tra o sistema capitalista que 
mata cada vez mais os jovens 
do país.
Os militantes presentes 
apontaram a necessidade da 
ampliação dos grupos de bri-
gadas nos bairros, além de au-
mentar a quantidade de cotas 
individuais dos militantes, co-
mo forma de fazer com que a 
imprensa independente e re-
volucionária que a UJR cons-
trói, o jornal A Verdade, che-
gue nas mãos de milhares de 
trabalhadores descontentes.
Em seguida, como parte 
da atividade do Congresso, or-
ganizou-se uma passeata em 
defesa dos direitos da juven-
tude, pelo Fora Bolsonaro e 
contra o capitalismo. A passe-
ata foi apoiada pelos traba-
lhadores que viram os mili-
tantes da UJR nas ruas contra 
o fascismo.
A importância da autos-
sustentação material da orga-
nização revolucionária tam-
bém foi um tema bastante de-
batido, levantando-se tam-
bém sobre a importância da 
contribuição individual, além 
de iniciativas e planejamen-
tos nos núcleos. Iniciativas co-
mo os pedágios realizados ao 
longo da semana foram sau-
dados pelos delegados. O 
Congresso Estadual também 
debateu sobre a importância 
da linha revolucionária da 
UJR estar presente nas enti-
dades estudantis, nas univer-
sidades, nas escolas e nos mo-
vimentos sociais como forma 
de influenciar cada vez mais 
setores diversos da sociedade 
para a luta popular.
Ao término dos debates, 
foi eleita a nova Coordenação 
Estadual da UJR, com a tare-
fa de organizar a juventude ba-
iana contra o fascismo no pró-
ximo período.
Coordenação Estadual 
da UJR na Bahia
UJR	realiza	Congresso	Estadual	na	Bahia
JAV/RS
Estudantes da UFRGS em protesto em Porto Alegre
Ser jovem é ser revolucionário: Congresso da UJR 
JAV/BA
8 LUTA POPULARSetembro de 2021
Sem	dinheiro	para	aluguel,	milhares	de	famílias	são	despejadas
Claudiane Lopes e Fernando Alves
Em Fortaleza, atualmente, são 205 mil pessoas 
que não têm onde morar. A falta de uma política habi-
tacional dos governos estadual e municipal faz com 
que milhares de famílias pobres estejam morando 
em praças, viadutos, em áreas de risco, moradias pre-
cárias ou em ocupações. 
Mariane Werneck de Almeida, moradora do bair-
ro Bom Jesus, em Porto Alegre (RS), está recome-
çando a vida, após passar pelo processo de perda do 
emprego no início da pandemia. “Não consegui mais 
trabalhar de carteira assinada, daí tive que me rein-
ventar. Trabalhava no ramo óptico. Fiquei um perío-
do, literalmente, sem casa para morar entre os meses 
de junho e agosto de 2020. Cheguei a morar em uma 
casa de acolhimento e de lá pra cá fiquei migrando 
entre trabalhos informais. Trabalhei em um restau-
rante em troca de alimentação e moradia de julho a 
novembro. Como o estabelecimento era novo e o pe-
ríodo não era bom, não vingou e acabou fechando. 
No início deste ano, continuei desempregada, resol-
vi fazer o curso de cuidadora de idosos. Consegui 
uma colocação duas vezes por semana como cuida-
dora. Surgiu a possibilidade de limpar a casa de uma 
pessoa duas vezes por semana. Com isso, consegui 
alugar uma kitnet, que juntando água, luz e aluguel, 
dá R$ 600”, disse Mariane.
As ocupações urbanas do MLB demonstram a 
força da luta popular contra o sistema que explora e 
oprime o povo pobre de nossas cidades. Elas são um 
espaço de resistência, de acolhimento, de irmandade 
e solidariedade de classe. Nelas nasce um germe do 
poder popular, da firmeza da luta organizada e cole-
tiva de homens, mulheres e de jovens, que, na sua 
maioria, são de pessoas negras. Por isso, enquanto 
morar for um privilégio, ocupar é um direito! Muitas 
outras ocupações virão!
“A gente trabalha uma vida toda e não consegue 
pagar nada. Água, luz, gás, aluguel, carne. No fim 
do mês, a conta não fecha! Os governantes jogam a 
culpa na pandemia, mas a coisa já estava feia antes. 
Menos pra eles, é claro, que sempre teve tudo certo 
para o Bolsonaro e sua família. Esses dias, o filho de-
le comprou até uma mansão de 6 milhões de reais”, 
afirma Cida, coordenadora do MLB em São Bernar-
do do Campo.
São Paulo tem hoje mais de 1 milhão de famílias 
sem-teto. “Não tem como conseguir casa nesse go-
verno se não for ocupando. Aluguel não dá para pa-
gar, financiamento não dá para pagar. O jeito é ocu-
par para sobreviver, ter onde criar os filhos”, diz Ka-
tia da Silva, coordenadora da Ocupação Devanir Jo-
sé de Carvalho, do Movimento de Lutas nos Bairros, 
Vilas e Favelas (MLB), em Diadema, no ABC Pau-
lista. Nos últimos dias de agosto, esta ocupação foi 
vitoriosa e conquistou 150 casas e mais a despropri-
ação de um terreno de 10 mil m².
O déficit habitacional brasileiro atingiu a marca 
de 8 milhões de moradias em 2019, segundo o 
IBGE. Outra situação grave é o número de moradias 
precárias (barracas de ruas e casas feitas com pape-
lão e madeirite, por exemplo), contabilizado em cer-
ca de 900 mil habitações.
O segundo estado com maior déficit habitacio-
nal é o Rio de Janeiro, com mais de 500 mil moradi-
as. Milhares de famílias fluminenses vivem com ape-
nas R$ 375,00 de auxílio emergencial e não têm con-
dições de pagar aluguel e muito menos ter uma mora-
dia digna.
O perfil da população de rua no Brasil mudou 
com o advento da pandemia, pois, com o aumento 
do desemprego e do corte no auxílio emergencial, fa-
mílias inteiras fizeram das ruas a sua moradia. São 
mães e pais de família que foram obrigados a fazer a 
difícil escolha entre pagar o aluguel e as contas ou co-
locar comida na mesa.
Crise	se	espalha	em	todo	o	Brasil
O
 cenário nas ruas das grandes cidades per-
mite encontrar um povo que luta e resiste 
para sobreviver. Debaixo de marquises e 
viadutos, em praças, prédios ou casas de-
socupadas, o número de moradores de rua 
no Brasil aumentou visivelmente, fruto da crise do 
capitalismo, aprofundada pela pandemia. Segundo 
o último estudo do Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada (Ipea), publicado em março de 2020, o nú-
mero de pessoas nessa situação havia chegado a 222 
mil, e que tendia a aumentar com a política econô-
mica de Jair Bolsonaro e de Paulo Guedes.
Um estudo realizado pela Fundação João Pinhe-
iro mostra que em quase 300 mil moradias do Esta-
do do Rio de Janeiro as famílias que ganham até três 
salários mínimos gastam pelo menos 30% da sua ren-
da pagando aluguel. Já em Minas Gerais são aproxi-
madamente 500 mil famílias sem moradia, sendo 
que dessas, 200 mil se encontram em Belo Horizon-
te e região metropolitana.
Patrícia Ribeiro Pereira, 43 anos, chegou a mo-
rar 22 dias nas ruas de BH, com o marido e três fi-
lhos. Desempregados e sem nenhuma fonte de ren-
da, ela e o marido não conseguiram pagar o aluguel 
de R$ 700, no bairro Santa Cruz, na Região Nordes-
te de Belo Horizonte. Eles moram na Ocupação Ca-
rolina Maria de Jesus, no Centro da cidade, desde 
março de 2020. “Aqui fui muito bem acolhida, pude 
tomar banho, num primeiro momento, e hoje tenho 
um teto para viver com minha família. Se não fosse 
isso, provavelmente ainda estaríamos em situação 
de rua”, relatou Patrícia.
Nordeste tem grande déficit habitacional
Já Maria José Lopes, 35 anos, diarista, analfabe-
ta, mora no bairro São Conrado, em Aracaju (SE), 
com mais 7 pessoas. Ela morava na Ocupação João 
Mulungu, estabelecida em novembro de 2020 no 
Centro da cidade, até maio de 2021, quando foi vio-
lentamente depejada. “Antes de ir para ocupação, eu 
não estava conseguindo me sustentar, pagar aluguel. 
Eu ia para a feira com os meus filhos para pegar 'car-
reto', tentar ajudar o pessoal e ganhar alguma gorje-
ta. Quando a polícia mandou a gente sair do prédio, 
precisei voltar a viver com o meu companheiro. O di-
nheiro é muito pouco para mim, meus filhos e meu 
neto. Não é uma relação tranquila, vivo sendo humi-
lhada com todas as palavras, algumas que doem mais 
do que uma surra. Me sinto uma pessoa excluída do 
mundo, não aguento mais. Na ocupação eu me sen-
tia protegida, cuidada, todo mundo me tratava bem, 
gostava de mim”.
Com um déficit de 2,4 milhões de moradias, a 
situação no Nordeste também é grave. Edilma dos 
SantosAlves, moradora da cidade de João Pessoa 
(PB), faz parte desta estatística. “Há mais de dez 
anos sou cadastrada no programa de habitação Mi-
nha Casa, Minha Vida e, todo ano, faço a renovação 
do cadastro. Sempre que anunciam a entrega de um 
empreendimento, fico na expectativa de sair o meu 
nome, mas, até agora, nada. Só nos mandam aguar-
dar. Enquanto isso, continuo morando em uma casa 
de um cômodo só, pagando R$ 200 de aluguel para 
dividir esse espaço com sete filhos e um companhei-
ro. Estou desempregada, vivo de bicos, fazendo faxi-
nas diárias em casa de família e, quando não tem, saio 
para catar para reciclagem”.
Sem uma política de controle dos preços dos alu-
guéis, os valores aumentam superando a inflação, 
assim, quem pagava um aluguel de R$ 1.000, em 
2020, agora está pagando em torno de R$ 1.370. Se-
gundo o IBGE, de janeiro a maio de 2021, os preços 
da locação de imóveis sofreram uma elevação de 
4,81%.
Lutar	pela	vida
Em um ano e meio de pandemia, milhares de fa-
mílias pobres se organizaram no Movimento de Lu-
ta nos Bairros, Vilas e Favelas para participar da luta 
pela casa própria e sair do aluguel ou das ruas. Neste 
período, o MLB realizou 15 ocupações urbanas. Em 
São Paulo: Manoel Aleixo (Mauá), Padre Leo Co-
missari (São Bernardo do Campo), Ocupação dos 
Imigrantes (Capital) e Devanir José de Carvalho (Di-
adema); em Natal (RN): Emmanuel Bezerra, Valde-
te Guerra e Margarida Maria Alves; em Belo Hori-
zonte (MG): Carlos Marighella, Carolina Maria de 
Jesus e Manoel Aleixo; em Aracaju (SE): João Mu-
lungu; em Jaboatão dos Guararapes (PE): Paulo Frei-
re; em Salvador (BA): Carlos Marighella; no Rio de 
Janeiro (RJ): João Cândido; e Dragão do Mar, em 
Fortaleza (CE).
Uma hora após a ocupa-
ção, a Polícia Militar entrou 
no prédio e agiu de forma tru-
culenta com os ocupantes, 
ameaçando a todo momento 
atirar, apontando suas armas 
para crianças, mulheres e ido-
sos. Após perceber a resistên-
cia do movimento, prendeu do-
is militantes da coordenação, 
agredindo-os e mantendo-os 
detidos por uma hora. Contu-
do, não conseguiram intimi-
dar o povo aguerrido, que deci-
diu não sair do prédio e, final-
mente, nossos camaradas fo-
ram liberados. 
A ocupação tem vida, aco-
lhimento e cultura
A ocupação foi ganhando 
vida e apoio jurídico e políti-
co. No primeiro dia recebe-
mos uma visita de uma comis-
são de advogados. Após três di-
as de resistência, foi realizado, 
no dia 11 de agosto, um ato po-
lítico em apoio à ocupação. A 
participação dos camaradas de 
diversos movimentos sociais e 
forças políticas intensificou a 
luta por moradia digna às famí-
lias da ocupação.
Na madrugada do dia 8 de 
agosto, cerca de 100 famílias 
de diversos bairros da perife-
ria das cidades de Fortaleza e 
Caucaia, organizadas pelo Mo-
vimento de Lutas nos Bairros, 
Vilas e Favelas (MLB), ocu-
param um prédio abandonado 
no Centro da Capital que está 
abandonado há sete anos. A no-
va moradia foi batizada de 
Ocupação Chico da Matilde – 
Dragão Mar. O nome é uma 
homenagem ao líder da luta 
pela libertação dos negros es-
cravizados no Ceará, primeiro 
estado no Brasil a abolir a es-
cravatura.
A primeira reunião de ne-
gociação ocorreu em 12 de 
agosto com a secretária da Pro-
teção Social, Justiça, Mulhe-
res e Direitos Humanos do Go-
verno do Estado, Socorro 
França. O movimento reivin-
dicou a moradia para 100 famí-
lias que estão na Ocupação 
Dragão do Mar. A segunda reu-
nião ocorreu no 19. Foram 
apresentadas três propostas 
que estão sendo analisadas pe-
la Prefeitura e o Governo do 
Estado: 1. A doação de um pré-
dio no Centro que esteja com 
dívida de IPTU há anos, para 
ser destinado à moradia; 2. 
Destinação de alguns aparta-
mentos do Minha Casa, Mi-
nha Vida; 3. Doação de um ter-
reno público onde possam ser 
construídas casas em regime 
de mutirão com os militantes 
do MLB. 
A arte popular e de rua en-
trou na Ocupação Dragão do 
Mar e encantou as famílias. O 
grupo de teatro “As 10 graças” 
e o estudante de Teatro Glayd-
son dos Santos, alegraram as 
sextas culturais na ocupação. 
Foi inaugurada também a cre-
che batizada de Francisca Ber-
nardo, em homenagem à mili-
tante do MLB que faleceu em 
2020, vítima de Covid-19. 
Além disso, foi criado um gru-
po de teatro, foram feitas ofici-
nas de crochê e batuque de ma-
racatu, e constotuiu-se um gru-
po de formação dos jovens 
com a União da Juventude Re-
belião (UJR) e um núcleo do 
Movimento de Mulheres Olga 
Benario. As famílias ainda têm 
todos os sábados plantão jurí-
dico ofertado pelos estudantes 
de Direito da UFC e apoio psi-
cológico semanal.
 “A Ocupação Dragão do 
Mar nasce em um momento 
em que a pandemia de Covid-
19 ainda continua e a maioria 
do nosso povo pobre vive com 
apenas o auxílio emergencial 
no valor de R$ 375,00. Só em 
Fortaleza, atualmente, são 
205 mil pessoas que não têm 
onde morar. A falta de uma po-
lítica habitacional dos gover-
nos estadual e municipal faz 
com que milhares de famílias 
pobres estejam morando em 
praças, viadutos, em áreas de 
risco e moradias precárias. O 
direito à moradia digna é nega-
do aos pobres, por isso nossa 
única alternativa é ocupar os 
espaços vazios sem função so-
cial e transformar em local de 
resistência, luta e moradia po-
pular”, declara Carlos Xavier, 
coordenador da Ocupação e 
do MLB.
Fortaleza:	nasce	a	Ocupação	Dragão	do	Mar Recação Ceará
João Ba�sta
Edilma Alves: R$ 200 por um cômodo
9INTERNACIONAL Setembro de 2021
O lucro, o mesmo cau-
sador desta catástrofe, não 
será jamais sua solução. 
Como vimos agora na pan-
demia do coronavírus, a 
opção pelo lucro apenas faz 
morrer a população mais vul-
nerável, corrói o tecido soci-
al acabando com a solidarie-
dade e enriquece uma mino-
ria de bilionários que se 
beneficia da situação de 
desespero das pessoas.
A principal evidência 
sobre a situação climática 
atual reportada pelos cien-
tistas é de que cada uma das 
últimas quatro décadas foi 
sucessivamente mais quente 
do que qualquer década ante-
rior desde 1850, ou seja, é 
inegável que a temperatura 
do planeta vem progressiva-
mente au-mentando de 
maneira acelerada nos últi-
mos anos. A temperatura glo-
bal da superfície foi 1,09° C 
mais alta na década de 2011-
2020 do que no período de 
1850-1900, com aumentos 
maiores na terra (1,59°C) do 
que no oceano (0,88°C).
Os cientistas também 
são categóricos em afirmar 
que o aumento da concentra-
ção dos chamados gases do 
efeito estufa na atmosfera 
(greenhouse gas – GHG) é a 
causa principal para o aque-
cimento da terra. Esses 
gases são o dióxido de car-
bono (CO2), o metano 
(CH4) e o óxido nitroso 
(N20), usualmente subpro-
dutos da atividade industri-
al, o que condiciona que é a 
ação das empresas capitalis-
tas na busca por lucro o que 
está sendo determinante 
para o aumento da tempera-
tura global. 
A não redução de gases 
do efeito estufa, especial-
mente o gás carbônico, tam-
bém tem alterado a capaci-
dade da terra e dos oceanos 
em assentar naturalmente 
este gás, retirando-o da 
atmosfera. Nos possíveis 
cenários em que a emissão 
de CO2 se mantenha alta, a 
terra e os oceanos podem 
reduzir sua capacidade de 
processar o gás para até 38% 
da capacidade atual. Este é 
um fator importante, pois 
reduz a capacidade de reno-
vação natural dos processos 
químicos que ocorrem na 
atmosfera, tornando irrever-
síveis algumas mudanças.
Dessa maneira, muitas 
mudanças climáticas devi-
das às emissões passadas e 
futuras de gases de efeito 
estufa serão irreversíveis por 
séculos e até milênios, espe-
cialmente as mudanças no 
oceano, nas coberturas de 
gelo e no nível global do 
mar.
Algumas regiões de lati-
tude média e semiárida terão 
maior aumento na tempera-
tura nos dias mais quentes, 
cerca de 1,5 a 2 vezes superi-
or à taxa de aquecimento glo-
bal. Este é um fenômeno que 
também deve ocorrer na cha-
mada Região de Monções 
da América do Sul (SAMS, 
pela sigla em inglês), região 
que compreende o centro-
oeste e parte do sul do Bra-
sil, quase todo o Paraguai

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