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Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto Relação com outras disciplinas Periodontia RELAÇÃO ENTRE PERIODONTIA E ENDODONTIA A doença endodôntico-periodontal pode apresentar etiologia de origem pulpar e/ou periodontal e, portanto, exige uma abordagem multidisciplinar. É de extrema importância diferenciar de forma adequada a origem dessa doença, levando em consideração as vias de comunicação entre a polpa e o periodonto. De acordo com a etiologia, é classificada como endodôntica primária, endodôntica primária com envolvimento periodontal secundário, periodontal primária, periodontal primária com envolvimento endodôntico secundário e combinado. O diagnóstico preciso é fundamental para a abordagem e seleção do tratamento e resolução das lesões endodôntico periodontais. O tratamento deve ser direcionado de acordo com a causa primária da lesão; no caso da lesão combinada verdadeira o tratamento endodôntico deverá ser executado inicialmente, e o periodontal após o período de cicatrização do anterior. O sucesso em longo prazo depende de fatores como: severidade e extensão das infecções pulpar e periodontal iniciais, vitalidade pulpar, correto plano de tratamento, habilidade do cirurgião- dentista e motivação do paciente. RELAÇÃO PRÓTESE E PERIODONTIA A relação odontologia restauradora com a periodontia é dinâmica, além de ser um dos temas mais discutidos na área odontológica. A necessidade da devolução de tecidos perdidos e a restauração da função, principalmente com a estética dental sendo fator decisivo, sem que ocorra uma modificação dos tecidos periodontais, é um dos dilemas mais encontrados na clínica diária. A presença de restaurações subgengivais, excessos ou falta de materiais restauradores são fatores que facilitam o acúmulo de placa, sendo fatores locais para o início da doença periodontal. É demonstrado que a placa é Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto fortemente relacionada com o início e progressão da doença periodontal. Distâncias biológicas Ao terminar o preparo dental para prótese, a margem da gengiva deve ficar no mínimo a uma distância de 3,0 mm da margem óssea. Essa regra é justificada pelo fato dos tecidos periodontais precisarem desse espaço para que possam localizar sobre a superfície dental o sulco gengival, o epitélio juncional e as fibras gengivais que se inserem no dente (a inserção conjuntiva). Se o preparo do dente invadir essa área, diminuindo esse espaço, a presença da prótese provocará uma reação inflamatória, que resultará em formação de bolsa e reabsorção da margem óssea. ♦ A média da profundidade de sulco é 0,69mm (0,61 — 0,80mm); ♦ A média do epitélio juncional é 0,97mm (0,71 — 1,35mm); ♦ A média da inserção conjuntiva é 1,07mm (1,06 — 1,08mm). Determinaram, também, que a dimensão combinada da inserção conjuntiva e epitélio juncional tem em média 2,04mm. Interface restauração/crista óssea A margem da restauração pode localiza- se dentro do sulco gengival, ou seja, ligeiramente abaixo da margem, mas sem atingir o fundo do sulco gengival. Uma invasão do espaço biológico promove uma resposta inflamatória, quando o periodonto tenta se remodelar para restabelecer sua distância biológica entre o "objeto estranho" (a restauração) e a crista óssea. A invasão do espaço biológico durante a preparação dental, pode resultar numa inflamação crônica, diminuir a quantidade de osso alveolar, causar a recessão gengival e a formação de bolsa periodontal; comprometendo a estética e a saúde periodontal. Diversas situações clinicas podem resultar na invasão do espaço subsulcular: Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto ♦ Necessidade de extensão apical de uma restauração intra-sulcular; ♦ Extensão de margem de coroa para selar além de uma restauração intra- sulcular existente ou cáries; ♦ Extensão excessiva do preparo do dente numa tentativa de se ganhar comprimento retentor; ♦ Preparo excessivo de linhas de acabamento proximal, especialmente sobre os dentes anteriores; ♦ Afastamento gengival para moldagem através de eletro cirurgia ou com cordão. Na invasão de espaço biológico poderá ocorrer uma das quatro alteração patológicas: ♦ Perda da crista óssea alveolar com bolsa infra óssea localizada e um colapso periodontal progressivo; ♦ Recessão gengival e perda óssea localizada, sendo essa recessão mais susceptível na tábua óssea mais fina; ♦ Hiperplasia gengival localizada com mínima perda de osso, representando o melhor prognostico para longevidade do dente, apesar da aparência estética desagradável ao paciente; ♦ Combinação das alterações acima descritas. Resistência individual do hospedeiro pode também ser um fator em limitar a reação patológica para os tecidos gengivais moles. Gengiva inserida Antes de se iniciar um tratamento restaurador, quantidade e qualidade de gengiva inserida devem ser observadas e requer demarcação nítida da margem gengival e isenção de sinais inflamatórios; deve ser firmemente inserida, queratinizada e rugosa, a gengiva inserida deve ser nitidamente distinguida da mucosa alveolar, sendo esta mais escura e aquela mais clara. Quando os problemas mucogengivais existem, tais como, recessão gengival ou zonas inadequadas de gengiva inserida, enxertos autógenos de gengiva livre ou outros procedimentos mucogengivais, Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto deveriam ser executados para estabelecer zonas adequadas de gengiva inserida. Procedimentos para aumento de coroa clínica Os procedimentos de aumento de coroa clinica permitem uma exposição coronal, conseguindo com isso uma maior retenção mecânica, exposição de cáries e ou fraturas, prevenindo margens subgengivais. Antes de se executar uma cirurgia, o estabelecimento da saúde periodontal irá prover um tecido gengival estável e permitirá uma previsão da posição da margem gengival pós-cirurgia. A avaliação clínica pré-cirúrgica deve determinar a extensão apical da fratura ou cárie; o nível da crista óssea alveolar; o comprimento e forma da raiz; a profundidade do sulco; a saúde gengiva, o envolvimento pulpar; o espaço mésio- distal. Indicações para o aumento de coroa clínica: ♦ Dentes com cárie além da margem gengival; ♦ Na realização de coroas com função estética; ♦ Dentes fraturados com adequado remanescente periodontal; ♦ Dentes com inadequado espaço interoclusal para procedimento restaurador. Métodos de aumento de coroa clínica são: redução tecidual como gengivectomia, posicionamento apical dos retalhos; cirurgia óssea e indução da erupção dental (tracionamento). Retalho posicionado apical O retalho posicionado apicalmente apresenta como vantagens a obtenção de uma bolsa periodontal de profundidade mínima após cirurgia, mínima perda óssea pós-operatória, sendo o osso adequadamente coberto, posição da margem gengival controlada e manutenção do complexo muco-gengival. Retalhos rebatidos com osteotomia são indicados quando houver menos de 3mm de estrutura dental sadia coronal ao osso e na presença de defeitos ósseos. Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane DestacarMeirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto Restauração alveolo-interproximal A proximidade entre as raízes favorece o acúmulo de placa e impede a higienização, causando a inflamação gengival papilar. Quando a proximidade de raízes é associada a preparo do dente invadindo espaço biológico, a formação de crateras com dois picos acentuados será o resultado. O osso delgado e compacto é facilmente reabsorvido e não apresenta potencial algum de regeneração, devido à ausência de áreas medulares. A redução da proximidade entre as coroas é importante, pois aumenta o espaço interproximal, melhorando a anatomia da papila, deixando a área mais fácil para higienização e, portanto, impedindo a formação do processo inflamatório que iria reabsorver o septo ósseo. Tempo de cicatrização O intervalo de tempo entre a cirurgia e o tratamento restaurador possibilita a maturação do colágeno, no tecido conjuntivo, e o estabelecimento final da altura da crista gengival. É recomendado um intervalo entre a cirurgia e a restauração de 8 a 10 semanas, para assegurar o estabelecimento da exata localização do epitélio juncional. Diretrizes para boa odontologia restauradora Margens das restaurações colocadas supragengivalmente; ♦ Contornos linguais e bucais planos; ♦ Espaços entre ameias devem ser abertos; ♦ Contatos interproximais altos (terço incisal); ♦ Saúde periodontal exige acesso as margens da restauração; ♦ Sobrecontorno pode ser mantido na parte oclusal e incisal se o espaço interproximal for mantido; ♦ Desenho de escolha para o pôntico é o de "colo de cume"; ♦ Oclusão atraumática é importante para o conforto e função, assim como, para a saúde periodontal. A saúde periodontal prévia é requisito essencial para o sucesso do tratamento restaurador. O selamento biológico, existente ao redor do colo do dente, deve ser respeitado ou restabelecido durante os procedimentos restauradores. Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto A sua integridade é condição essencial para que se obtenha manutenção da saúde periodontal. O principal critério na colocação das margens das restaurações, é selecionar áreas que minimizem o acúmulo de placa e que possam ser mantidas pelo profissional e paciente. A correta adaptação e contorno das restaurações são mais decisivas na saúde periodontal que o posicionamento das margens restauradoras. RELAÇÃO ENTRE OCLUSÃO E PERIODONTIA Para que o periodonto permaneça saudável no que se refere ao seu metabolismo, fazem-se necessários estímulos mecânicos a partir das forças oclusais da atividade funcional. Desse modo, quando tais estímulos funcionais são insuficientes, há degeneração do periodonto, ocorrendo mudanças como diminuição da largura do ligamento periodontal, espessura aumentada do cemento e redução da altura óssea. A margem de segurança inerente, comum a todos os tecidos, permite certas variações na oclusão sem afetar adversamente o periodonto. Entretanto, se forças oclusais excederem a capacidade de adaptação dos tecidos, o resultado é a injúria tecidual. A Academia Americana de Periodontologia define o trauma oclusal como a injúria que resulta em mudanças teciduais dentro do aparato de inserção, como resultado de forças oclusais. Uma oclusão que produz tal prejuízo aos tecidos é chamada de oclusão traumática. Em relação aos indicadores clínicos e radiográficos do trauma oclusal, há uma variedade de sinais e sintomas que podem ser identificados, tais como contato oclusal prematuro, mobilidade dentária aumentada, facetas de desgaste, sensibilidade térmica, fraturas, enrijecimento muscular, hábitos oclusais anormais, dor facial, mastigação unilateral, excursão limitada da mandíbula, lâmina dura alterada, espaço do ligamento periodontal aumentado, radiolucidez do osso alveolar, reabsorção radicular e destruição óssea. Oclusão traumatogênica As principais discussões referem-se à atuação da oclusão traumatogênica e da mobilidade dental como fatores codestrutivos na progressão da doença Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto periodontal e como contribuintes para uma cicatrização periodontal desfavorável. Entre os fatores capazes de tornarem uma força traumatogênica estão a intensidade, a direção, a frequência e a duração dela. Os pacientes que receberam ajuste oclusal associado à terapia periodontal convencional tiveram nível de inserção clínico mais favorável do que os pacientes não ajustados após dois anos. Os autores sugeriram que isso teria ocorrido não pela interferência direta das forças oclusais excessivas na cicatrização periodontal, mas pelo fato de que essas forças afetariam colágeno, enzimas ou prostaglandinas envolvidos na resposta inflamatória. O ajuste oclusal provavelmente levaria a uma resistência aumentada do colágeno. RELAÇÃO ORTODONTIA E PERIODONTIA Indicações/contraindicações do tratamento ortodôntico O tratamento ortodôntico está indicado para pacientes que apresentam periodonto reduzido, que sofreram com migração dentária patológica e que possuem maloclusões. A movimentação dentária em indivíduos com periodonto reduzido, não resulta em significativa perda de inserção. A movimentação ortodôntica pode favorecer o tratamento de defeitos infra ósseos, devido à estimulação do processo de aposição óssea e com isso, a altura de defeitos ósseos pode ser reduzida. É possível perceber que dentes bem posicionados no interior do alvéolo e com inclinações corretas dentro de uma adequada oclusão são mais fáceis de higienizar e, consequentemente, promover uma saúde periodontal adequada. A associação entre inflamação, movimentação ortodôntica e trauma oclusal pode significar o desenvolvimento mais rápido de bolsas periodontais e perda óssea. Dessa forma, o planejamento da união dos tratamentos periodontal e ortodôntico demonstra a melhor forma de prevenção e manutenção dos tecidos periodontais. Evolução microbiológica do biofilme O uso de aparelhos ortodônticos não está necessariamente relacionado a um Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto agravamento das condições periodontais de indivíduos saudáveis. A eliminação dos patógenos periodontais pode ser atingida através do binômio profissional-paciente no controle adequado de biofilme e na remoção adequada dos fatores retentivos de biofilme. As alterações locais do ambiente subgengival mais o uso de aparelhos fixos nos grupos propiciou o crescimento de inúmeros periodontopatógenos. Desse modo, o uso de bráquetes ortodônticos favorece o acúmulo de biofilme juntamente com a colonização de periodontopatógenos que são responsáveis por desenvolver maior inflamação e sangramento dos tecidos periodontais; atentando para métodos de higiene bucal mais eficiente para os pacientes ortodônticos em fase ativa do tratamento. Nessa perspectiva, tanto a aparelhagem fixa como removível provocam mudanças na microbiota oral e nos parâmetros clínicos periodontais, favorecendo o crescimento de patógenos devido a alterações no ambiente subgengival. O índice de biofilme e o de sangramento aumentaram significativamente naquelesindivíduos que estavam utilizando as bandas em comparação àqueles que não estavam; em contrapartida, a profundidade de sondagem se manteve nos mesmos valores para ambos os grupos analisados. Inicialmente, a flora bacteriana era composta por bactérias do tipo cocos, filamentos, fusiformes e bastonetes; já as espiroquetas e hastes móveis foram encontradas em quantidades baixas. Alguns dias após instalação das bandas, amostras mostraram aumento de espiroquetas, hastes móveis, filamentos e fusiformes e um decréscimo de bactérias do tipo cocos. Medidas preventivas Deve-se realizar o controle constante do nível de higiene do paciente e o grau de inflamação gengival; a adaptação dos meios de higienização de acordo com as posições dentárias e os tipos de aparelhos ortodônticos; a sondagem das margens gengivais pelo menos uma vez ao ano; as radiografias interproximais uma Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto vez por ano e o exame fotográfico do nível gengival em zonas de risco. Se o paciente apresentou doença periodontal antes do tratamento ortodôntico, é preciso ter todos esses cuidados na fase inicial da terapia ortodôntica, assim como também um controle e profilaxia ao menos uma vez a cada dois meses, radiografias das zonas de risco a cada seis meses, e adaptação das forças ao suporte ósseo, sendo elas leves e intermitentes, para que haja menor risco de reabsorção radicular e danos pulpares. Os melhores resultados da terapia ortodôntica em pacientes que possuem o periodonto reduzido são aqueles que dispõem de uma mecânica de forças leves. Além disso, para manutenção dos resultados, a utilização de aparelhos de contenção parece ser adequada e efetiva. Posteriormente ao tratamento ortodôntico, o paciente deve retornar para uma manutenção periodontal em três meses, pois são necessários pelo menos seis meses para que haja uma adequada remodelação óssea após a remoção ortodôntica, para a cessação de mobilidades e remodelamento do ligamento periodontal. É importante também que o ajuste oclusal seja realizado para eliminar quaisquer interferências. Placas noturnas são requisitadas para controle de parafunção. A aplicação de forças leves provoca reabsorção óssea direta na direção do movimento, juntamente com um equilíbrio entre a reabsorção e aposição óssea. Em contrapartida, se forças pesadas forem aplicadas, um estrangulamento dos vasos sanguíneos e posterior necrose do ligamento periodontal podem ser observados. Se o indivíduo possuir doença periodontal ativa, a perda do dente pode ser uma das consequências graves do processo de movimentação dentária devido ao colapso dos tecidos periodontais envolvidos. Por isso, se as forças forem bem equilibradas e usadas em pacientes sem infecção periodontal, o tratamento tem grandes chances de ser efetivo. Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Meirejane Destacar Jaíne Tamila - Odontologia FATEC - @chamego_odonto
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