Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MDD II – Thayná Borba 1 MECANISMO DE DEFESA E DOENÇA 1. ADAPTAÇÕES CELULARES Alterações reversíveis em número, tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções celulares em resposta às alterações no seu ambiente. Conforme o estímulo recebido pela célula, está fica sujeita a sofrer a adaptação celular ou uma lesão celular sendo reversível (degeneração) ou irreversível (necrose/apoptose) se o estresse não for aliviado. Adaptações fisiológicas : respostas celulares a estímulos normais por hormônios ou mediadores químicos endógenos. (gravidez – hormônios – aumento da mama e do útero) Adaptações patológicas : resposta ao estresse que permitem as células modularem sua estrutura e função para escapar da lesão. (Aumento do músculo cardíaco na insuficiência cardíaca) Como acontece ? Estímulo do meio extracelular -> células ativam mecanismo moleculares -> alteração na expressão de genes que comandam a diferenciação celular. Principais adaptações : Hipertrofia Hiperplasia Atrofia Metaplasia Displasia A. Hipertrofia i. Aumento do TAMANHO de células incapazes de se dividir resultando em aumento do órgão. O órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores. Esse aumento é devido a síntese de mais componentes estruturais como proteínas e organelas. ii. Pode ser fisiológica ou patológica e é causada por aumento da demanda funcional ou por fatores de crescimento ou estimulação hormonal específica Fisiológica : reversível na ausência de estímulo (ex: gravidez – o útero além de sofrer hipertrofia também sofre hiperplasia; treinamento físico) Patológica : pode ser reversível sob tratamento. (Ex: infarto do miocárdio, hipertensão, doenças valvares, síndrome metabólica). iii. Hipertrofia cardíaca : pode ser induzida por ações conjuntas de sensores mecânicos (que são iniciadas por aumento da carga de trabalho), fatores de crescimento (incluindo TGF-beta, fator-1 de crescimento semelhante a insulina, fator de crescimento fibroblástico) e agentes vasoativos( agonistas alfa-adrenérgicos, endotelina-1, angiotensina II). Esses estímulos atuam coordenadamente para aumentar a síntese de proteínas musculares postáveis pela hipertrofia. Seja qual for a causa exata e o mecanismo da hipertrofia cardíaca, ela alcança um limite depois do qual o aumento da massa muscular deixa de ser capaz de compensar a sobrecarga. Assim ocorre MDD II – Thayná Borba 2 várias alterações regressivas nas fibras miocárdicas, como a lise e perda de elementos contráteis miofibrilares. Em casos extremos ocorre a morte dos miócitos resultando em insuficiência cardíaca. Resumindo : sinais mecânicos e tróficos -> transdução de sinais -> expressão gênica -> síntese de proteínas celulares -> aumento da força contrátil. Estímulo persistente -> falha na vascularização e síntese proteica -> lesão tecidual. B. Hiperplasia i. Aumento do NÚMERO de células devido a proliferação de células diferenciadas e substituição por células-tronco do tecido, processo induzido por fatores de crescimento. ii. Ocorre simultaneamente com a hipertrofia e em resposta ao mesmo estímulo. iii. Resulta em aumento do órgão; pode ser fisiológica ou patológica. iv. A proliferação celular pode ser estimulada principalmente por fatores de crescimento. v. Hiperplasia fisiológica : Pode ser dividida em hiperplasia hormonal e hiperplasia compensatória Hiperplasia hormonal : aumenta a capacidade funcional de um tecido, quando necessário. (Hormônio aumenta proliferação do epitélio glandular da mama na puberdade ou gravidez) Hiperplasia compensatória : crescimento de tecido residual após a remoção ou perda da porção do órgão. (remoção parcial do fígado -> células sofrem mitose -> restauração do órgão) vi. Hiperplasia patológica : o Aumenta a chance de desenvolvimento de tumores o Causada por excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando em células alvo. Ex: hiperplasia endometrial – causa comum de sangramento anormal na menstruação ; outro exemplo é a hiperplasia prostática benigna. o A hiperplasia é uma resposta característica a certas infecções virais, como os papilomavírus, que causam verrugas cutâneas e várias lesões de mucosas composta por epitélio hiperplásico. Nesses locais, fatores de crescimento produzidos por genes virais ou por células infectadas podem estimular a proliferação celular. MDD II – Thayná Borba 3 C. Atrofia i. DIMINUIÇÃO do TAMANHO das células (e em alguns casos, do número de células); resulta na diminuição do tamanho do órgão. ii. Pode ser fisiológico ou patológico. A atrofia fisiológica é comum durante o desenvolvimento normal. (útero diminui de tamanho logo após o parto, esta é uma forma de atrofia fisiológica. A atrofia patológica depende da causa básica e pode ser local ou generalizada. iii. Causas comuns de atrofia : Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia) pode ser consequência de doença oclusiva arterial. Na idade avançada, o cérebro sofre atrofia avançada devido principalmente pela diminuição do suprimento sanguíneo. Desuso: redução da carga de trabalho. Desenervação : a função normal de um músculo esquelético depende de seu suprimento nervoso. Uma lesão nos nervos leva a atrofia das fibras musculares supridas por esses nervos. Nutrição inadequada: desnutrição proteico-calórica (marasmo) está associada ao uso do músculo esquelético como fonte de energia, após a depleção de outras fontes de reservas, como tecido adiposo. Isso resulta em emaciação muscular acentuada (caquexia), caquexia é observada também em pacientes com câncer e doenças inflamatórias crônicas. Perda da estimulavam endócrina : perda da estimulação estrogênica durante a menopausa -> atrofia fisiológica das mamas, útero e ovários. Atrofia senil (envelhecimento) : processo está associado a perda celular, mais visto em tecido de células permanentes como o cérebro e coração. iv. Os mecanismos de atrofia afetam o equilíbrio entre a síntese e degradação de proteínas. Pode ser acompanhada de autofagia (“comer a si próprio”) v. Resulta da diminuição da síntese de proteínas (atividade metabólica reduzida) e aumento da degradação proteica. D. Metaplasia i. Alteração reversível na qual UMA CÉLULA ADULTA(mesenquimal ou epitelial) é SUBSTITUÍDA POR OUTRA CÉLULA ADULTA (da mesma origem embrionária) MAIS RESISTENTE AO ESTRESSE. ii. Mutações, epigenética e ação hormonal + infecções/inflamação -> reprogramação de células-tronco (pode haver transdiferenciação) iii. Em uma alteração metaplásica, células precursoras diferenciam-se ao longo de uma nova via por sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular no ambiente das células. Esses estímulos externos promovem a expressão de genes que direcionam as células para uma via específica de diferenciação. iv. Persistência de estímulos metaplásicos -> podem predispor a transformação maligna. v. Metaplasia epitelial mais comum é a colunar para escamosa como ocorre no trato respiratório em resposta a irritação crônica. (Fumantes : epitélio colunar ciliado da traqueia e dos brônquios é substituído por epitélio escamoso estratificado). Embora o revestimento epitelial se torne mais rígido, os importantes mecanismos de proteção contra infecção (secreção de muco e ação dos cílios do epitélio colunar removendo partículas) são perdidos. MDD II – Thayná Borba 4 vi. Metaplasia do escamoso para colunar também pode ocorrer, como no esôfago de Barrett, no qual o epitélio escamoso é substituído por colunar semelhante ao intestinal sob influência do refluxo do ácido gástrico. Cânceres podem surgir nessas áreas e são tipicamente carcinomas glandulares. vii. Fatores que levam a metaplasia : pH vaginal baixo, infecção (H. Pylori), traumatismo, fumaça de cigarro, deficiência de vitamina A. viii. Metaplasia de tecido conjuntivo é a formação de cartilagem, osso ou tecido adiposo (tecidos mesenquimais)em tecidos que normalmente não contêm esses elementos. E. Displasia i. Caracterizado como um PADRÃO DESORDENADO DE CRESCIMENTO, no qual as células APRESENTAM VARIAÇÕES DE TAMANHO E FORMA e alterações nucleares. ii. Está associada ao número crescente de mutações nos genes associados ao controle do crescimento celular e a integridade do DNA. iii. Pode estar associada ou surgir de tecidos metaplásicos iv. Pode estacionar ou regredir v. Displasia mucosas (colo uterino, brônquios, gástrica) -> precedem o câncer vi. Atipia celular característica mais importante : cariomegalia 2. TBL – NEOPLASIAS PULMONARES ü Tipos de câncer de pulmão : câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) ; câncer de pulmão de células pequenas (SCLC); ü O câncer de pulmão é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens e mulheres. Nos homens o mais comum: câncer de próstata e em mulheres o mais comum: câncer de mama. ü Ocorre principalmente em pessoas mais velhas (65 anos ou mais – maioria dos diagnósticos) ü A cada ano mais pessoas morrem de câncer de pulmão do que câncer de próstata, mama e cólon combinados. ü Fatores de risco posso mudar : fumaça de tabaco ( principal fator de risco para o câncer de pulmão ); fumante passivo; exposição ao gás radônio (segunda principal causa de câncer de pulmão, principal causa entre os não fumantes); exposição ao amianto; exposição a outros agentes causadores no local de trabalho. MDD II – Thayná Borba 5 ü Fatores de risco que não posso mudar : radioterapia prévia nos pulmões (radioterapia no peito para tratamento de outros cânceres tem mais chance de desenvolver câncer de pulmão); histórico pessoal ou familiar de câncer de pulmão. 1. Câncer de pulmão de células NÃO pequenas (NSCLC) o 80 a 85% dos cânceres de pulmão são de células não pequenas. o Subtipos : adenocarcinoma, carcinoma celular escamoso, carcinoma de células grandes; esses subtipos partem de diferentes tipos celulares porém são agrupados juntamente por apresentar tratamento e prognóstico muitas vezes semelhante. o Adenocarcinoma: - Começam nas células que secretam substâncias como o muco. - acomete pacientes fumantes porém é um câncer comum visto em não fumantes também. - mais comum em mulheres - mais provável que ocorra em pessoas mais jovens. - geralmente encontrado nas partes externas do pulmão - mais provável que seja encontrado antes de se espalhar. - pessoas com adenocarcinoma in situ (carcinoma bronquioalveolar) tendem a ter melhor prognóstico do que outras pessoas com outros tipos de câncer de pulmão. o Carcinoma de células escamosas: - começam em células escamosas (células planas que formam o interior das vias aéreas do pulmão) - frequentemente ligado a história de tabagismo - tendem a ser encontrado na parte central do pulmão perto de uma via aérea principal ( brônquio ). o Carcinoma de células grandes ( indiferenciadas ): - pode aparecer em qualquer parte do pulmão - tende a crescer e se espalhar rapidamente o que pode dificultar o tratamento - subtipo de carcinoma de células grandes – carcinoma neuroendócrino celular grande : câncer muito semelhante ao câncer de Pulmão de células pequenas. 2. Câncer de pulmão de células pequenas (SCLC) o 10 a 15% de todos os cânceres de pulmão são de células pequenas. o Tende a crescer e se espalhar mais rápido que o NSCLC o 70% das pessoas com SCLC quando diagnosticadas já apresentam metástase. o Visto que cresce rapidamente, esse tipo de câncer tende a responder bem a quimioterapia e radioterapia. o Para algumas pessoas o câncer voltará em algum momento. 3. Mudanças genéticas que podem levar ao câncer de pulmão ü Alguns fatores de risco podem levar a modificações no DNA de células do pulmão, essas modificações podem levar ao crescimento anormal da célula e as vezes ao câncer. ü Genes responsáveis pelo crescimento, divisão ou manter a célula viva são denominados por oncogenes ü Genes que ajudam a controlar a divisão celular ou que fazem a célula morrer na hora certa são chamados genes supressores tumorais. ü Cânceres são resultado de alterações no DNA que ativam oncogene ou inativam genes supressores de tumor. ü Mudanças genéticas herdadas : alguns cânceres de células não pequenas tem superexpressão de proteína EGFR (receptor do fator de crescimento epidermal) essa mudança genética é vista com mais frequência no adenocarcinoma de pulmão em mulheres MDD II – Thayná Borba 6 jovens, não fumantes. Mas o excesso de proteína EGFR tem sido visto em mais de 60% dos NSCLCs metastáticos. ü Mudanças genéticas adquiridas : mudanças genéticas relacionadas ao câncer de pulmão são geralmente adquiridas em vez de herdadas; podem ser resultado devido a exposição de fatores de risco ou também por eventos aleatórios que acontecem dentro de uma célula sem ter uma causa externa; mudanças no gene supressor de tumor RB1 são consideradas importantes no desenvolvimento do SCLC; mudanças no gene supressor de tumor p16 e o oncogene K-RAS, são consideradas importantes no desenvolvimento do NSCLC; alterações no gene supressor de tumor TP53 e cromossomo 3 podem ser vistas tanto no SCLC quanto no NSCLC. Nem todos os cânceres de pulmão compartilham as mesmas mutações genéticas. 4. Sinais e sintomas do câncer de pulmão ü A maioria dos cânceres de pulmão não causam sintomas até se espalharem, mas algumas pessoas com câncer de pulmão precoce têm sintoma. ü Sintomas mais comum: - Tosse que não cessa ou piora - tossir sangue ou apresentar catarro cor de ferrugem - dor no peito que muitas vezes é pior com respiração profunda, tosse ou riso - rouquidão - perda de apetite - perda de peso inexplicável - falta de ar - cansaço ou fraqueza - bronquite e pneumonia recorrente Se o câncer se espalhar para outros lugares pode causar : - dor óssea (como nas costas ou quadris), quando há metástase para os ossos - mudanças no sistema nervoso ( dor de cabeça, tontura, fraqueza, dormência de um braço ou perna, problemas de equilíbrio, convulsões) quando há metástase para o cérebro. - amarelamento da pele e dos olhos quando há metástase para o fígado - inchaço de linfonodo do pescoço ou acima da clavícula quando há metástase para linfonodos. 5. Taxa de sobrevivência do câncer de pulmão Uma taxa relativa de sobrevivência compara as pessoas com o mesmo tipo e estágio de câncer com as pessoas na população em geral. • Tumor localizado : não há sinais de que o câncer tenha se espalhado para fora do pulmão. • Tumor regional : tumor se espalhou para fora do pulmão, para estruturas próximas ou linfonodos • Tumor distante : tumor se espalhou para partes distantes do corpo. 3. TBL – NEOPLASIAS HEPÁTICAS i. TUMORES E NÓDULOS HEPÁTICOS ü Fígado e pulmões são os órgãos viscerais mais envolvidos em metástase. ü Tumores hepáticos mais comuns são carcinomas metastáticos, com colón, pulmão, mama, encabeçando a lista de sítios primários. MDD II – Thayná Borba 7 ü Neoplasia hepática primária são quase todos carcinomas hepatocelulares; outros dois tipos de câncer hepático primário são o hepatoblastoma e angiossarcoma sendo esses dois últimos citados, muito raros. ü Massas hepáticas podem gerar enchimento e desconforto epigástrico, podendo ser detectado por exame físico ou incidentalmente por estudos radiográficos com outras indicações. ii. TUMORES BENIGNOS ü Lesões benignas hepáticas mais comuns : hemangioma cavernosos ü Essas massas consistem canais vasculares delineados por células endoteliais e um estroma interveniente, são bem circunscritas. Aparecem como nódulos macios, delimitados, vermelho- azulado, geralmente menores que 2cm em diâmetro, frequência diretamente abaixo da cápsula. ü Não confundir com tumores metastáticos ! ü Complexos de Von meyenburg são outros achados comuns no fígado. São compostos por ductos semelhantes aos biliares, separados por um estroma moderado, densamente colagenado; essas lesões não tem potencial maligno,mas quando são múltiplas podem indicar presença de doença fibropolicística do fígado Ø HIPERPLASIA NODULAR FOCAL ü Encontrada com mais frequência nos fígados normais. ü Lesão localizada, bem delimitada, mal encapsulada, consiste em nódulos de hepatócitos hiperplásicos com cicatriz central fibrosa e estrelada. ü Não é um neoplasma verdadeiro mas representa a resposta a um fluxo vascular anormal através de uma anomalia vascular congênita ou adquirida ü Pode variar de 1cm a muitos centímetros de diâmetro. ü Geralmente é um achado incidental, mais comum em mulheres em idade reprodutiva, nas quais podem crescer em resposta aos estrógenos, inclusive os de pílula anticoncepcional. ü Não apresentam risco de malignidade, porém podem causar sintomas por pressionar a cápsula hepática. Ø ADENOMA DE CÉLULAS HEPÁTICAS ü São neoplasmas hepatocelulares benignos que geralmente ocorre em mulher com idade fértil que usaram pílula anticoncepcional orais e que regridem com a descontinuação de seu uso. ü Geralmente são tumores bem delimitados, mas não encapsulados, amarelo-bronze pálidos ou de coloração biliar. ü Atingem até 30cm em diâmetro ü Ao microscópio, adenomas de células hepáticas possuem cordões de células e lâminas que podem assemelhar-se aos hepatócitos normais ou ter alguma variação no tamanho celular e nuclear. ü São importantes por três razões : 1. Quando se apresentam como massa intra- hepática podem ser confundidos com o mais ameaçador carcinoma hepatocelular. 2. Adenomas subcapsulares tem tendência a romper-se, particularmente durante a gravidez (estímulo de estrogênio), causando hemorragia intraperitoneal grave MDD II – Thayná Borba 8 3. Apesar de raramente sofrerem transformações malignas, os adenomas que portam mutações na beta-catenina podem se desenvolver em um carcinoma hepatocelular ü São classificados em três tipos distintos: o 35-40% dos adenomas tem inativação bialélica através de mutações somáticas (90%) ou germinativas (10%) do gene HNF1A (fator de transcrição dos hepatócitos) ou gene CYP1B1 (codifica o citocromo p-450). Esses adenomas são mais comuns em mulheres devido ao uso de anticoncepcional, carregam pouco risco de malignidade. o 10-15% dos adenomas tem mutações ativadores de beta-catenina, apresentam alto risco de transformação maligna, mais comuns em homens, e estão relacionados ao uso de esteroides anabolizantes e possivelmente , a doença gordurosa não alcoólica. o Mais de 50% dos adenomas são inflamatórios, sendo associados ao aumento da produção de proteínas reativas de fase aguda, como a proteína C reativa, amiloide sérica A no tumor, soro. 10% desses tumores apresentam mutações ativadores na beta- Catenina e podem evoluir com transformação maligna. Comum em mulheres, associado a obesidade e doença hepática gordurosa. iii. LESÕES PRECURSORAS DE CARCINOMA HEPATOCELULAR ü Adenomas de células hepáticas raramente irão passar para via de malignidade. Embora poderem algumas vezes se pré-malignos ü Precursores mais comuns são alterações celulares e lesões nodulares encontradas no contexto de doença hepática crônica (hepatite viral crônica, doença hepática alcoólica e doenças metabólicas – hemocromatose hereditária). Normalmente se encontra em estágio bem avançado da doença. Ø Displasia celular ü São conhecidas duas formas de displasia hepatocelular e ambas são mais comuns no contexto de hepatite viral crônica. ü Alterações de grandes células consiste em hepatócitos dispersos na região periportal ou perisseptal, que são maiores que os hepatócitos normais, com núcleo pleomórficos. Não se acredita que essas células estejam em via de transformação maligna, mas sejam marcadores de alteração molecular da raiz da lesão crônica que predispõem outro hepatócitos normais a evoluir para a transformação maligna. ü Alterações de pequenas células – caracterizada por hepatócitos menores do que os normais, com núcleo de tamanho normal, hipercromáticos, ovais ou angulados. Essa alteração pode aparecer em qualquer lobo hepático, frequentemente com a formação de conjuntos vagamente nodulares. Considerada diretamente pré-maligna. Ø Nódulos displásicos ü Principal via para o carcinoma hepatocelular em doença hepática crônica. ü Fígado cirrótico, os nódulos displásicos são distinguíveis pelo seu tamanho maior (1-2cm de espessura) ü São crescimentos neoplásico que englobam muitos lóbulos hepáticos adjacentes, sem deslocar os tratos portais. ü Lesões de alto risco de transformação maligna e de fato contém subnódulos claramente malignos. iv. CARCINOMAS HEPATOCELULARES ü Carcinoma hepatocelular (CHC), conhecido erroneamente como hematoma constitui 5,4% dos cânceres. MDD II – Thayná Borba 9 ü 85% dos casos ocorrem em países com altas taxas de infecção crônica por HBV. Maiores incidências são encontradas na Ásia e em países da África Subsaariana. ü Muitas pessoas são expostas a aflatoxina, que, quando combinada com a infecção HBV, aumenta drasticamente o risco de carcinoma hepatocelular em comparação com população que não é infectada e exposta. ü O pico de incidência é entre 30-40 anos, e quase que 50% dos casos o tumor aparece na ausência de cirrose. ü Países do ocidente a incidência de CHC aumenta devido à epidemia de hepatite C. Nesses países raramente se manifesta antes dos 60 anos. ü Patogenia : • Associações etiológicas importantes: infecção por HBV ou HCV, cirrose alcoólica e exposição a aflatoxinas. • Fatores como idade, sexo, substâncias químicas, vírus, hormônios, álcool, nutrição interagem no desenvolvimento do CHC. (Tirosinemia hereditária – condição rara na qual 40% dos pacientes desenvolvem esse tumor) • Aflatoxinas derivadas do fungo Aspergillus flavus (encontrado em grãos mofados de amendoim.) a aflatoxina pode se ligar ao DNA resultando em mutações genéticas como TP53. • Apesar do conhecimento detalhado sobre os agentes etiológicos do CHC, a patogenia do tumor permanece incerta. • Na maioria dos casos ele se desenvolve a partir de nódulos displásicos de alto grau com pequenas células em fígado cirrótico. • Acredita-se que os tumores se originam tanto de hepatócitos quanto de células progenitoras (células ductulares ou ovais). • A distinção entre nódulos displásicos de alto grau é um CHC inicial é difícil, mesmo em biópsias, visto que não há marcadores moleculares específicos para esses estágios. Critério importante é a vascularização do nódulo que é uma indicação de malignidade clara. • Característica quase universal do CHC é a presença de anomalias cromossômicas estruturais e numéricas, indicativo de instabilidade genômica. Não se sabe a origem precisa dessa instabilidade genômica, mas há fatores que exercem relevância como : - inflamação e regeneração, vistos em todas as formas de hepatite crônica, são tidos como os principais contribuintes para as mutações adquiridas no DNA. -mutações adquiridas em oncogenes específicos (como beta-catenina) e supressores de tumor (TP53) contribuem para descontrolar o crescimento e, assim, aumentar a instabilidade genômica. -defeitos adquiridos no reparo do DNA. • Nem o HBC nem o HCV contêm oncogenes. ü Morfologia • Os carcinomas hepatocelulares podem ser localizados ou multifocais, tender a invadir vasos sanguíneos e recapitular a arquitetura hepática normal em graus variados. • CHC pode aparecer macroscopicamente como: MDD II – Thayná Borba 10 Massa solitária Tumor multifocal constituído de nódulos de tamanhos variados Câncer difusamente infiltrante • O CHC tem forte propensão a invadir canais vasculares • Microscopicamente, os CHC variam de bem diferenciados, que reproduzem hepatócitos organizados em padrões de cordões, trabéculas ou glandulares, a lesões indiferenciadas, frequentemente compostas de células gigantes multinucleadas altamente anaplásicas • Tumores diferenciados e moderadamente bem diferenciados, pode-se identificar glóbulos de bile nointerior do citoplasma das células e nos pseudocanalículos entre as células. Podem ser encontradas inclusões hialinas acidófilas no interior do citoplasma, semelhante a corpos de mallory. Na maioria dos CHC, é visto pouco estroma, o que explica a sua consistência macia. • Variedade clinicopatológica do CHC é o carcinoma fibrolamelar. Ocorre em adultos jovens, com igual prevalência entre homens e mulheres, e não tem associação com cirrose ou outro fator de risco. Geralmente ocorre como tumor único, com bandas fibrosas em seu interior, semelhante na sua superfície a hiperplasia nodular focal. Possui melhor prognóstico. ü Características Clínicas • Apesar de o CHC se manifestar com hepatomegalia silenciosa, é mais frequentemente encontrado em pessoas com cirrose sintomática. Nesse indivíduos, o rápido crescimento do fígado, súbita piora da ascite ou aparência de ascite hemorrágica, febre e dor chamam atenção para o desenvolvimento do tumor. • Não há bons testes sorológicos de triagem para o CHC • Marcador mais utilizado : alfa-fetoproteína sérica (só é elevado em tumores avançados e apenas em 50% dos pacientes). Resultados falso positivo são obtidos em tumores do saco vitelino e em muitas condições não neoplasicas (cirrose, hepatite crônica, gravidez, necrose hepática maciça) assim, esse teste não é nem específico nem sensível. • Triagem radiológica de pacientes com cirrose em intervalo de 6 meses é a prática clínica atual. • Ressecção cirúrgica pode ser curativa para uma única lesão pequena (variedade fibrolamelar), porém não previne o reaparecimento de novos CHC em fígado cronicamente doente. • Transplante pode ser curativo. • Sem ressecção o tempo médio de sobrevida é de 7 meses. • Tratamento com sorafenibe tem proporcionado algum benefício áqueles com doença avançada. • Medidas preventivas como imunização é eficaz em regiões endêmicas. 4. NEOPLASIAS RENAIS ü Carcinoma de células renais (CCRs) - doença silenciosa; quando dão algum sinal podem estar em grau avançado piorando o prognóstico ü A maioria é de descoberta incidental em exames de imagem realizados por razões urológicas ou não. MDD II – Thayná Borba 11 ü Há um nítido predomínio entre indivíduos do gênero masculino, representa cerca de dois terços dos casos ü Sintomas prodômicos – sintomas iniciais inespecíficos (febre, dor de cabeça, fraqueza, mal estar, cansaço) ü Sintomas patognomônico – sintomas específicos para cada moléstia. ü Alterações laboratoriais mais comuns : elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) – indica que há algum problema relacionado a inflamação, hipercalcemia, hemoglobina <10 em mulheres e <12 em homens, eritrocitose, trombocitose e fosfatase alcalina elevada. ü Apesar dos grandes avanços terapêuticos, as doenças renais ainda apresentam elevada taxa de morbimortalidade. ü Sinais e sintomas mais comuns em neoplasias renais : • Hematúria – sangue na urina (lesão tecidual -> lesão de vasos -> sangue migra para urina) • Dores lombares ou nos flancos • Massa palpável (nem todos possuem) • Emagrecimento característico • Febre • Sudorese noturna • Hipertensão ü As síndromes paraneoplásicas e alterações sistêmicas ocorrem em 20% dos pacientes com CCR, tendo como características, disfunção hepática, anemia, caquexia, perda de peso. ü O diagnóstico pode ser obtido por exames de imagem simples, como radiografia e urografia excretora (UE). ü Na radiografia simples quando observada a presença de uma massa renal parenquimatosa calcificada, ocorre suspeita de uma possível neoplasia maligna. ü Para detecção de tumores renais e de qualquer alteração parenquimatosa deve-se usar : • TC, pela capacidade de acessar a densidade tecidual e vascularização de massas renais, possibilita a diferenciação entre cistos e nódulos sólidos, além de auxiliar na programação cirúrgica de tumores. • RM, consiste em um método de diagnóstico alternativo a TC, sendo especialmente indicada nos casos em que haja lesões duvidosas em pacientes com rim único ou com necessidades de repetidos exames de seguimento. ü Biópsia renal – exame histológico ü Diferentes subtipos histológicos de carcinoma renal • Carcinoma Renal de Células Claras (70 a 90% dos casos) – macroscopicamente : originado geralmente no tubo contorcido proximal (córtex renal), apresenta crescimento predominantemente expansivo, lesão sólida, amarelada, com graus variáveis de necrose, hemorragia e degeneração cística internas. Calcificações tumorais também pode ser encontradas. Microscopicamente : lesões apresentam células clara devido ao seu conteúdo citoplasmático rico em lipídeos e glicogênio. • Carcinoma papilar (10 a 15% dos casos) – podem ser esporádicos ou hereditários; são lesões sólidas, bem definidas e com crescimento lento; tendência a bilateralidade ( 4%) e/ou multifocalidade (22,5%) e estão associados a doença renal crônica adquirida. MDD II – Thayná Borba 12 Macroscopicamente : lesões neoplásicas císticas, usualmente com conteúdo hemorrágico e projeções sólidas papilíferas murais hipovascularizadas Histologicamente : células organizadas em arranjo fusiforme, podendo apresentar áreas de hemorragia interna e alterações císticas. • Carcinoma renal Cromófobo (4 a 5% dos casos) – possui baixa frequência; após 60 anos; são derivados de células intercaladas nos ductos coletores; melhor prognóstico de todos os subtipos. Macroscopicamente: lesões são hipovascularizadas em relação ao córtex renal, possuem pseudocápsula e área de cicatriz central. Necrose pode ocorrer nas lesões volumosas. Histologicamente: grandes células pálidas, com citoplasma reticulado e halos perinucleares (só observadas se coradas). • Ductos Coletores (1% dos casos) – altamente agressivo, prognóstico ruim. Macroscopicamente: lesões heterogêneas, hipovascularizadas, com sinal de hemorragia, necrose, componente cístico e calcificação. Microscopicamente: arranjo de células irregulares, infiltrativas, na parede dos ductos coletores com acentuada desmoplasia. • Carcinoma renal medular (1% dos casos) – rara variante dos CCR; associação com portadores de anemia falciforme e traço falcêmico. Neoplasia originária em néfron distal, nas células de ductos coletores. Derivada dos CCRDC. Altamente agressivos. Macroscopicamente : lesões infiltrativas que promovem a obstrução e dilatação de cálices. São lesões hipovascularizadas. Microscopicamente : arranjo de células irregulares, acentuado pleomorfismo e núcleos hipercromáticos. ü O estadiamento clínico é estabelecido a partir de dados do exame físico e dos exames complementares pertinentes ao caso. ü O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anatomopatológico do órgão. É estabelecido após o procedimento cirúrgico, determina a extensão da doença com maior precisão, pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores. ü ü Tratamento – CCR é tratado principalmente com cirurgia -> NEFRECTOMIA (Radical ou parcial) ü Fatores de risco • Tabagismo • Sexo masculino • Idade (55-84anos) • Afrodescendentes MDD II – Thayná Borba 13 • Obesidade • Hipertensão • Histórico familiar 5. CARCINOGÊNESE o A mutação não letal em uma célula, é o centro de formação de um câncer. Os danos genéticos podem ser adquiridos pela ação de carcinógenos: - substância química, radiação, vírus e bactérias, inflamação persistente. o Ou os danos podem ser herdados na linhagem germinativa. o Carcinogênese é um processo em múltiplas etapas, tanto a nível fenotípico quanto a nível genético, resultante do acúmulo de múltiplas mutações. o Cada câncer deve resultar do acúmulo de múltiplas mutações genéticas. alterações epigenéticas garantem a sobrevida do tumor em desenvolvimento. o O tumor é formado pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu lesão genética. (tumores são monoclonais) o Apesar de a maioria dos tumoresmalignos serem de origem monoclonais, quando se tornam evidentes clinicamente suas células são extremamente heterogêneas. o Classes de genes reguladores normais : proto-oncogene promotores do crescimento; genes supressores de tumor que inibem o crescimento; genes que regulam a morte celular programada (apoptose); genes envolvidos no reparo do DNA. Essas classes são os principais alvos do dano genético. o Alterações fisiológicas celulares fundamentais que juntas determinam o fenótipo maligno de um tumor Ø Autossuficiência nos sinais de crescimento – tumores apresentam capacidade de proliferação sem estímulos externos. As células tumorais exercem essa função podendo se agrupar nas cascatas de transdução de sinal mediadas por fatores de crescimento, ou na regulação do ciclo celular. Ø Capacidade de escapar do sistema imune Ø Insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento – eles podem não responder a moléculas que são inibidoras da proliferação de células normais. Ø Evasão da apoptose – os tumores podem ser resistentes a apoptose como consequência da inativação do gene p53 ou ativação de genes antiapoptóticos. Ø Potencial de replicação ilimitado – capacidade de proliferação sem restrições Ø Angiogênese mantida – células tumorais assim como as células normais, necessitam de suprimento vascular para nutrição, oxigenação e remoção dos produtos do catabolismo. Ø Capacidade de invadir e metastatizar Ø Defeitos no reparo do DNA (instabilidade genômica) Ø Metabolismo alterado MDD II – Thayná Borba 14 Ø Inflamação promotora de tumor A. Genes críticos Oncogenes - promovem o crescimento celular autônomo nas células cancerosas, e suas contrapartes celulares não mutadas são chamadas de proto-onogenes. - Oncogenes são criados por mutações nos proto-oncogenes, são caracterizados pela capacidade de promover o crescimento celular na ausência de sinais promotores de crescimento celular normais. Proto-oncogene – modificações – oncogenes -> crescimento celular - As oncoproteínas produzidas pelos oncogenes capacitam as células com a autossuficiência no crescimento. Elas possuem funções semelhantes às proteínas produzidas pelo proto-oncogene (atuar como fator de crescimento ou como seus receptores), a oncoproteína produzida pelo oncogene garante a autossuficiência no crescimento. - como os proto-oncogenes, normalmente “civilizados” se tornam “inimigos internos”? • Oncogene MYC A ativação do MYC está associada a proliferação celular. É o fator de transcrição envolvido em 40% dos casos de tumores humanos. Mutações de amplificação e translocação de MYC são as mais comuns. • Oncogene RAS Proteínas RAS normais oscilam entre um estado transmissor de sinal excitado e um estado quiescente. Mutações pontuais em RAS (30% dos cânceres humanos) -> ativação constante -> proliferação celular descontrolada Ativação constante de RAS -> síntese metabólica -> proliferação • Ciclo celular - A progressão das células através das várias fases do ciclo celular é orquestrada por cinases dependentes de ciclinas (CDK) que são ativadas quando se ligam a ciclinas. - O complexo ciclina-CDK fosforilam proteínas-alvo cruciais que impulsionam o ciclo celular. - Mutações que desregulam a atividade das ciclinas e CDK favorecem a proliferação celular - Pontos de controle asseguram que as células com cromossomos danificados não completem a replicação -> acabam então entrando em apoptose ou senescência MDD II – Thayná Borba 15 - Proteínas p21, p27, p53 e Rb são supressoras de tumor -> regulam o ciclo celular. - superexpressão de ciclina D -> cânceres de mama, esôfago, fígado e alguns linfomas - amplificação do gene CDK4 -> melanomas, sarcomas e gioblastomas • Supressor de tumor Rb - genes supressores de tumor produzem proteínas com a finalidade de inibir o crescimento celular descontrolado. - produto do gene Rb é uma fosfoproteína que possui papel de controlar o ciclo celular. - Rb regula o pronto de controle entre G1 e S. - se a Rb estiver ausente (como consequência de mutações no gene) ou sua habilidade em regular os fatores de transcrição da E2F estiver prejudicada, e a célula segue o ciclo celular. Mutações em Rb -> desregulação do ciclo celular -> tumores - a Rb gruda no DNA e não permite transcrição (hipofosforilada); quando ela está hiperfosforilada, ela libera a molécula de DNA permitindo a transcrição. - ao perder os dois alelos de Rb -> retinoblastoma • Supressor de tumor p53 - alvo mais comum de alterações genéticas em tumores humanos - a p53 age como um “policial molecular” que evita a propagação de células geneticamente modificadas. Ela é um sensor de alterações intracelulares (dano ao DNA, encurtamento de telômeros, hipóxia) - mais de 70% dos casos de cânceres humanos têm mutação em p53 (perda homozigótica – perder os dois alelos, todo supressor de tumor ocorre desse jeito) - com a mutação a célula perde sua sensibilidade a estresse e está proliferará. B. Alterações celulares e moleculares na carcinogênese Ø A maioria dos cânceres -> 1.000 a 20.000 mutações pontuais somáticas - consiste em trocar um nucleotídeo por outro Ø Células de diversos cânceres possuem conjuntos cromossômicos anormais com : duplicação, deleção Ø Translocações – troca recíproca de pedaços Mutação principal em leucemia mieloide crônica Ex: BCR-ABL -> gera uma tirosina quinase constitutivamente ativa -> proliferação celular descontrolada. Ø Modificações epigenéticas MDD II – Thayná Borba 16 Refere-se a alterações reversíveis e hereditária(herdado) na expressão gênica que ocorre sem mutação, não altera a sequência de DNA. Essas modificações envolvem alterações pós-tradução de histonas e metilação de DNA, ambas alterando a expressão gênica. - modificações que a histona pode sofrer : metilação, acetilação, fosforilação. O DNA sofre apenas metilação. - metilação constitui inativação de determinada sequência do DNA. - metilação e desmetilação de DNA -> regulação da transcrição. - no câncer há muitas vezes hipermetilação. - existem drogas responsáveis por demetilar. - acetilação e desacetilação (bloqueio da expressão de genes) de histonas -> regulação da transcrição Ø regulação da tradução por microRNAs (miRNAs) - microRNAs são RNA pequenos não codificantes, que são incorporados ao complexo de silenciamento a gênico pós-traducional induzido por RNA. Eles controlam o crescimento, diferenciação e sobrevivência celular, portanto fazem parte da carcinogênese. - eles fazem regulação da expresso gênica. - em células cancerosas os miRNAs sofrem mudanças em sua expressão. - dessa forma, eles podem participar da formação neoplásica pelo aumento da expressão de oncogenes ou pela diminuição de expressão de genes supressores de tumor. Levando a proliferação aumentada, diminuição de apoptose, maior invasão, angiogênese. Ø Defeito no reparo de DNA -> maior propensão ao câncer. - os genes que codificam proteínas responsáveis pelo reparo de DNA, são defeituosos. Ex: Xeroderma Pigmentoso (defeito no reparo de danos por UV) – perda de hereditária proteínas responsáveis pela excisão de nucleotídeos. Ao perder qualquer uma dessas proteínas, pode-se originar o xeroderma pigmentoso. Ø Efeito Warburg – glicólise aeróbica; como os tumores possuem metabolismo muito ativo, essas células captam glicose mais rápido do que uma célula normal, e utiliza essa glicose em glicólise aeróbica e não em fosforilação oxidativa como ocorre em células normais. A glicólise aeróbica é vantajosa para essas células tumorais por produzir intermediários metabólicos que serão utilizados na síntese de proteínas, ácidos nucleicos, lipídeos. Tal mecanismo de compulsão por glicose é usado clinicamente para visualizar tumores, através do exame de tomografia de emissão de pósitrons (PET), os pacientes recebem 18F-fluorodeoxiglicose, que é captado pelas células tumorais assim como por tecidos normais em divisão ativa. A maioria dos tumoresé PET-positivo. Ø Alguns mediadores de apoptose são reduzidos. C. Metástase Ø A metástase é marca registrada de tumores malignos, são a principal causa de morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer. Ø Para que as células tumorais se soltem do tumor primário, vá para os vasos e assim inicie um crescimento tumoral secundário em um sítio distante, elas devem passar por uma série de passos. Portanto essa cascata será dividida em duas fase : (1) invasão da matriz extracelular MEC; (2) disseminação vascular, instalação e colonização. Ø 1 – as células tumorais devem interagir com a MEC em diversos estágios da cascata metastática. Um carcinoma deve romper a membrana basal, passar pelo tecido conjuntivo intersticial e em MDD II – Thayná Borba 17 última instância ter acesso a circulação através da penetração da membrana basal vascular – Transição epitélio-mesenquimal (EMT), esse processo pode ser separado em diversos passos : o Alterações do citoesqueleto e polaridade das células tumorais o Perda de adesão o Ganho de potencial migratório e invasivo Ø 2 – dentro da circulação, as células tumorais tendem a agregar-se formando massas. A formação de agregados plaqueta-tumor pode aumentar a sobrevida da célula tumoral e sua capacidade de se implantar. Elas também podem se ligar e ativar os fatores de coagulação, resultando na formação de êmbolos Após a invasão de um novo tecido -> transição mesênquima-epitelial Ø Medicina de precisão: drogas mais específicas possíveis para um determinado grupo de pacientes. Levando a efetividade em todos os tratamentos. 6. NEOPLASIA ü Célula neoplásica – célula que perdeu o controle de proliferação e morte celular. ü Neoplasia = tumor ü Todo câncer é uma neoplasia, mas nem toda neoplasia é um tumor. ü Proliferação local de clones celulares atípicos. ü Surgem sem uma causa aparente ü Crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, não coordenado e autônomo. ü Com tendência a perda de diferenciação celular ü As neoplasias ocorrem em geral por desordem genética devido a mutações do DNA adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente. ü TUMOR BENIGNO X TUMOR MALIGNO § BENIGNO – - permanecem localizados, não tem características para invadir tecidos. - Não é câncer - será sempre benigno (estrutura e função sempre mantidos) - algumas vezes podem causar doença grave. § MALIGNO – - câncer - invasão tecidual e destruição de estruturas adjacentes - disseminar-se para locais distantes (metástase) ü Estrutura arquitetônica : (componentes básicos da neoplasia) § Parênquima – células neoplásicas ou transformadas -> comportamento biológico § Estroma – constituído por tecido conectivo, vasos sanguíneos, células inflamatórias, células normais. Garantem sustentação e crescimento. ü Nomenclatura – Tumores Benignos (tecido mesenquimal e tecido epitelial) • Tecidos mesenquimais: Nome da células + sufixo “oma” / Ex: adipoma, fibroma, condroma MDD II – Thayná Borba 18 • Tecido epitelial: considerar padrão microscópico e/ou macroscópico e suas células de origem. § Adenoma: derivada de glândulas (não é uma glândula); podem ou não formar estruturas glandulares § Papiloma: células possui origem epitelial; produz projeção visível (micro e macroscópicas) § Cistoadenomas: formam massas císticas (ex:ovário) § Pólipos – neoplasia benigna ou maligna, com projeção visível sobre a superfície mucosa e projeção no lúmen gástrico ou colônico. ü Nomenclatura – Tumores Malignos (tecido mesenquimal e tecido epitelial) • Tecido mesenquimal – tumores sólidos ou seus derivados : sarcomas; Células mesenquimais sanguíneas : leucemia ou linfoma Tecido fibroso : fibrossarcoma Tecido cartilaginoso: condrossarcoma • Tecido epitelial – denominados carcinomas MDD II – Thayná Borba 19 ü Tumores Mistos • Diferenciação divergente: Células neoplásicas benignas ou malignas, quase sempre são semelhantes, como se todas tivesse derivado de uma única progenitora, compatível com a origem monoclonal dos tumores. Em alguns casos incomuns, porém, as células tumorais sofrem diferenciação divergente, criando os chamados tumores mistos. TERATOMA: Originam-se de células germinativas totipotentes; células germinativas têm capacidade de se diferenciar em quaisquer tipos celulares no corpo adulto e podem dar origem a neoplasias que simulam, de maneira confusa, porções de ossos, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros tecidos. Ex: tumor misto de glândula salivar. ü Característica das Neoplasias • Como caracterizar um tumor benigno de um tumor maligno? a) Diferenciação x Anaplasia Neoplasia benigna -> células bem diferenciadas (em relação a células tronco) -> células assemelham-se com células normais Neoplasia maligna -> células indiferenciadas (pleomorfismo) -> não assemelham-se com células normais MDD II – Thayná Borba 20 Ex: leiomioma do útero – tumor benigno, bem diferenciado; lipoma – constituído por células adiposas maduras carregadas com vacúolos lipídicos; condroma – constituído por células de cartilagem madura que sintetizam sua matriz cartilaginosa. § Anaplasia significa “formação retrógrada” -> sugerindo desdiferenciação ou perda de diferenciação estrutural e funcional das células normais. Ex: tumor anaplásico do músculo esquelético (rabdomiossarcoma) APESAR DAS EXCEÇÕES, QUANTO MAIS DEPRESSA CRESCER E MAIS ANAPLÁSICO FOR UM TUMOR, MENOS PROBABILIDADE HAVERÁ DE QUE TENHA ATIVIDADE FUNCIONAL ESPECIALIZADA. b) Velocidade x Crescimento • Tumores benignos – crescem lentamente • Tumores malignos – crescem mais depressa. Tumores mal diferenciados (anaplásicos) tendem a crescer mais rapidamente do que os tumores bem diferenciados. • Exceções: leiomioma do útero tendem a crescer devido a influência de estrógeno circulante c) Invasão Local • Tumores benignos : § Permanecem localizados em seu sítio de origem § Não tem capacidade de se infiltrar, invadir ou metastatizar para locais distantes § A maioria desenvolve uma cápsula fibrosa envoltória (nem todos) • Tumores malignos : § Infiltração (ampla margem de excisão cirúrgica) § Destruição § Penetração do tecido circulante § Não desenvolvem cápsula bem definida. d) Metástase • Acesso de células tumorais em vias disseminativas, elas se transportam e crescem em outros tecidos. (Massas celulares secundárias) • Identifica uma neoplasia como maligna • Em geral, quanto mais anaplásica e maior a neoplasia primária, maior a probabilidade de metástase. • Disseminam por três vias : § Semeadura nas cavidades corporais : superfície dos espaços peritoneais, pericárdico ou subaracnóideos. § Disseminação linfática : transporte de células tumorais para linfonodos regionais e de outras partes do corpo (típica do carcinoma) § Disseminação hematogênica : segue o fluxo venoso (fígado e o pulmão são mais facilmente atingidos – típico de sarcoma) MDD II – Thayná Borba 21 ü Agentes Cancerígenos • Os efeitos cumulativos de diferentes agentes são os responsáveis pelo início, promoção, progressão e inibição do tumor § Agente oncoiniciador – provoca dano genético diretamente das células, iniciando o processo de carcinogênese (ex: benzopireno, um composto da fumaça de cigarro e alguns vírus oncogênicos, entre outros) § Agente oncopromotor – atua sobre as células iniciadas, transformando em malignas § Agente oncoacelerador – caracteriza-se pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas atua no estágio final do processo. ü Lesões pré-neoplásicas • Metaplasia e displasia escamosas da mucosa bronquial, observadas em fumantes habituais. • Hiperplasia e displasia endometriais observadas em mulheres com estimulação estrogênica – fator de risco para carcinoma endometrial. 7. EPIDEMIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DAS NEOPLASIAS ü Dados INCA – 2020 • Incidência de câncer separado por sexo – 30% em mulheres : mama;30% em homens : próstata • Mortalidade – câncer que mais matam mulheres é o câncer de mama; já os homens é câncer de pulmão. • Câncer de pulmão é o mais grave independente de sexo. ü Efeitos Sistêmicos das Neoplasias • Por que o câncer mata ? • Os efeitos sistêmicos geram as patologias • Divididos em dois grupos: 1. Efeito Sistêmico Direto – quando consegue associar o efeito diretamente a presença do tumor. § Afeta diretamente a funcionalidade do órgão § Localização e compressão de estruturas adjacentes MDD II – Thayná Borba 22 § Atividade funcional (ex: síntese se hormônios – tumor em glândulas) § Sangramento e infecções (úlcera em superfícies adjacentes)-> comum em tumor maligno § Ruptura ou infarto de alguma estrutura tecidual. § Caquexia (alterações de vias metabólicas – TNF e IL-1) – perda de massa muscular, óssea, lipídeos; corpo não está sabendo metabolizar nutrientes. § TANTO OS TUMORES MALIGNOS QUANTO OS BENIGNOS PODEM CAUSAR EFEITOS SISTÊMICOS. 2. Efeito Sistêmico Indireto – não se associa diretamente a presença da neoplasia ao efeito. § Síndrome paraneoplásica – complexo de sintomas em indivíduos portadores de câncer que não podem prontamente ser explicados, quer seja por disseminação local do tumor ou a distância, ou pela elaboração de hormônios não nativos do tecido de origem do tumor. Manifestação em áreas que não são diretamente afetadas pela neoplasia. Ex: síndrome de Cushing (mais comum) – aumento da secreção de ACTH – câncer no pulmão que está levando a produção de hormônio.(aproximadamente 50% dos pacientes com essa endocrinopatia apresentam carcinoma de pulmão, principalmente do tipo de células pequenas) ü Diagnóstico das Neoplasias • Prevenção e detecção • Rastreamento das neoplasias – medida de prevenção secundária para o reconhecimento precoce do câncer em uma população assintomática § Observação § Palpação § Exames de imagem § Exames laboratoriais (marcadores tumorais) a) Observação : método ABCDE b) Palpação Mama, tireoide, próstata (apartar dos 50 anos) c) Exames de imagem Colposcopia (observar a parede da vagina e colo do útero para identificar se tem lesões) + papanicolau (coleta de células para diagnóstico de câncer) MDD II – Thayná Borba 23 Mamografia - +40 anos e 50 anos ( em mulheres de 20/30 anos é preferível ultrassom) Colonoscopia – acha-se lesões diversas, pólipos. d) Marcadores tumorais § PSA – proteína exclusiva da próstata (marcado tumoral específico) (não dispensa o exame de toque) § CEA – presente em células embrionárias do intestino, mama, pâncreas, fígado. (Marcador tumoral inespecífico) § hCG – homófono produzido pela placenta – câncer de células germinativas de testículo. • Diagnóstico • Métodos Citológicos e Histológicos § Citológico – avalia a célula; esfregaço do tecido tumoral ou não; ex: papanicolau (avalia células anormais; não se faz apenas para as células do útero mas também em drenagem do mamilo, lavagens anais, líquido pleural ou peritoneal e lavagens gástricas. § Histológico – biópsia; avalia a característica do tecido; remoção de uma amostra de tecido; Biópsia de excisão: remoção completa da neoplasia Aspiração por agulha fina – aspira uma porção do nódulo. § Imuno-histoquímica – avalia estruturas diferentes; marcação com anticorpos específicos marcado com molécula fluorescente (fluorocomo). Característica das neoplasias : ajuda no prognóstico e na escolha de tratamento Identificar origem das metástases (detecção imunoquímica de antígenos específicos de tecido ou órgãos pode ajudar a identificar a origem da neoplasia) § Diagnóstico molecular (microarrays) – caracterizar o perfil genético Diagnostico de malignidade Prognóstico e escolha de tratamento Detecção de residual (pós tratamento) Diagnóstico de pré-disposição hereditária § DIAGNÓSTICO = EXAME FÍSICO + EXAME IMAGEM + EXAME LABORATORIAL + CITOPATOLOGIA ü Classificação do Câncer • Graduação : características histológicas ou celulares da neoplasia • Estadiamento : de acordo com a propagação clínica da doença • Ajuda a determinar o curso da doença e auxiliar na seleção do tratamento ou manejo adequado. MDD II – Thayná Borba 24 a. Graduação – existem tumores com muita anaplasia e pouca. Grau I Grau II Grau III Grau IV b. Estadiamento – o quão avançado está o câncer § Sistema TNM (classificação de tumores malignos – UICC) T: características (extensão e distribuição) do tumor primário N: características do linfonodos drenantes (próximo a neoplasia) M: presença ou ausência de metástases 8. IMUNOLOGIA DE TUMORES ü O sistema imunológico controla o crescimento tumoral? Ajuda o tumor a crescer mas depende do tipo de célula. ü Imunodeficiente possui maior dificuldade de controlar o crescimento tumoral ü Célula tumoral pode ser eliminada pelo sistema imunológico ou em ambiente imunossupressor, as células são resistentes e são capazes de progredir. ü Célula tumoral -> presença de MHC I -> linfócito T citotóxico pode matar esse tumor. ü Tumores podem apresentar: o Pouca infiltração de linfócitos (exclusão imune) o Muita infiltração de linfócitos (tumor inflamado) o Desenvolvimento de estrutura linfoide terciária (TLS) (se assemelha ao linfonodo) ü Tumor quente – alta infiltração de linfócito – melhor prognóstico ü Tumor frio – baixa infiltração de linfócitos – pior prognóstico ü Antígenos tumorais o Linfócitos possuem PD-1 que se ligam ao PDL-1, promovendo uma sinalização negativa para o linfócito T e bloqueia sua resposta. Uma principal imunoterapia é injetar anticorpos contra PD-1 e PDL-1 Aumento da anaplasia ou perda da diferenciação MDD II – Thayná Borba 25 o Modificação da quantidade e o momento que está sendo expresso induz uma resposta do linfócito o Se o tumor apresenta antígenos novos produto de mutação irá ocorrer uma indução imunológica efetiva (células muito imunogênicas) o Tumores são heterogêneos quanto a expressão de antígenos ü Ativação de linfócitos T o Células dendríticas -> captação de antígenos tumorais -> ativação de linfócitos T o Apresentação por MHC classe II -> ativação de linfócitos T CD4+ o Apresentação cruzada por MHC classe I -> ativação de linfócitos T CD8+ ü Linfócito T CD4+ promovem o Indução de morte de célula tumoral (menos eficiente) o Recrutamento, proliferação e ativação de linfócito T CD8+ -> morte de célula tumoral o Recrutamento e ativação de célula dendrítica o Recrutamento e ativação de macrófago o Recrutamento e ativação de célula NK *alguns subtipos de linfócitos T CD4+ podem induzir imunossupressão e angiogênese aumentando a progressão tumoral. ü Linfócito T reguladores o Produz citocinas reguladoras e diminui a resposta imunológica. ü Linfócito T CD8+ o São os principais efetores contra tumores o Produção de IFN-gama -> maior expressão de MHC o Principais funções: citotoxicidade, produção de citocinas inflamatórias ü Células NK o Principais funções: citotoxicidade e produção de citocinas inflamatórias ü Linfócito B o Produzem anticorpos que promovem: Fagocitose de células tumorais Ativação do complemento Citotoxicidade o Os linfócitos B também podem contribuir para o desenvolvimento tumoral ao induzir: Linfócitos T reguladores Macrófagos M2 (supressores) Células MDSC (supressoras) ü Macrófagos o Os macrófagos não modulados pelo tumor e contribuem para a progressão tumoral ao suprimir a resposta imunológica o Contribuem também para : Angiogênese Invasão tecidual Metástase ü Células MDSC o Bloqueio de atividade de célula NK o Indução de conversão M1 -> M2 no macrófago o Indução de diferenciação Linfócito T regulador o Bloqueio de recrutamento, atividade, proliferação, indução de apoptose de linfócito T efetor. MDD II – Thayná Borba 26 ü Evasão imune e progressão tumoral o Os tumores possuem mecanismo de evasão imune: § exclusão de linfócitos T, seleção de células tumoraispouco imunogênicas § Inibição de ativação de células imunes § Inibição do recrutamento de células imunes § Indução de apoptose de células imunes § Perda de expressão de antígenos § Perda da expressão de MHC § Expressão de moléculas imunossupressoras ü Imunoterapia o Bloqueadores de checkpoint o Vacinas de neoantígenos o Terapia por CAR T CELL § Linfócitos T reconhecem antígenos apresentados no MHC § O receptor quimérico CAR permite que linfócitos T reconheçam antígenos na superfície da célula, sem necessidade do MHC apresentar. 9. ANTITUMORAIS ü Como combater um tumor ? Três abordagens principais para o tratamento do câncer: excisão cirúrgica, irradiação, tratamento farmacológico ü Esses tratamentos interferem no tumor nos mecanismos de sobrevivência, migração proliferação. ü Terapias contra o tumor o Curativa – consegue controlar completamente o tumor. o Adjuvante – após o procedimento cirúrgico, com o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes o Neoadjuvante ou prévia – indicada para reduzir o tumor, visando uma complementação terapêutica cirúrgica ou radioterápica o Paliativa – não tem finalidade curativa. ü Como podemos classificar 1. Em relação a ação a. Ciclo inespecífico – agem nas células independente de estar no ciclo proliferativo b. Ciclo específico – agem nas células que se encontram em proliferação c. Fase específico – agem em fases específicas do ciclo celular 2. Em relação às classes a. Agentes alquilantes e compostos relacionados b. Antimetabólitos e inibidores da dihidrofolato redutase c. Agentes antimitóticos d. Inibidores das topoisomerases e. Inibidores da atividade hormonal e agentes correlatos f. Novos fármacos ü Como agem geralmente o A maioria dos fármacos anticâncer, sobretudo os citotóxicos, afeta apenas um aspecto característicos da biologia da célula cancerosa: divisão celular MDD II – Thayná Borba 27 o Não tem nenhum efeito inibidor específico na invasividade, na perda de diferenciação ou na tendência para criar metástases o Em muitos casos, a ação antiproliferativa deriva de ação durante a fase S do ciclo celular, e o dano resultante ao DNA inicia a apoptose. ü Quais são os efeitos tóxicos derivados da antiproliferativa? o Alvo: tecidos normais em divisão rápida o Efeitos: § toxicidade à medula óssea (mielossupressão), com queda na produção de leucócitos e, portanto, queda na resistência a infecções; § Comprometimento da cicatrização § Perda de pelos/cabelos (alopecia) § Dano ao epitélio gastrointestinal (incluindo membranas da mucosa oral) § Depressão do crescimento em crianças § Esterilidade § Teratogenicidade – alta afinidade pelo feto § Carcinogenicidade – porque muitos fármacos citotóxicos são mutagênicos § A rápida destruição celular acarreta o catabolismo extenso da purina (as purinas sofrem degradação em hipoxantina que se transforma em xantina, a xantina oxidase transforma a xantina em ácido úrico e este em urato sódio). § Os uratos podem precipitar-se nos túbulos renais e causar lesão renal a maioria dos ursos são produzidos no fígado provenientes do desdobramento das proteínas endógenas e exógenas) § Quase todos os agentes citotóxicos produzem produzem náuseas e vômitos graves (profilaxia antiemética). 1. Agentes Alquilantes o Prejudicar a ligação entre as bases nitrogenadas do DNA o Grupo farmacofórico – parte da molécula que vai ter ação biológica do medicamento o Mecanismo de ação das mostardas nitrogenadas e nitrosureia: § Cl atrai os elétrons; N fica mais positivo e ocorrerá atração pelo DNA § Ligação cruzada – mecanismo principal de ação dos agentes alquilantes § Perde integridade do DNA – impedindo a replicação celular e está célula não irá avançar em seu crescimento. o Ciclofosfamida § Para ser ativada precisa passar pelo fígado, enzimas irão ativar a molécula (CYPs hepáticas) § Precisa-se que tenha garantia de ativação no máximo de aldofosfamida (irá alquilar o DNA) para gerar efeito tóxico. o Problemas § Todos os agentes alquilastes - Cistite hemorrágica, deprimem a função da medula óssea, causam perda de cabelo, transtornos GI, nefrotoxicidade, neurotoxicidade (perda de audição e parestesia de pés e mãos). § Efeito prolongado ocorrem dois outros efeitos adversos: depressão da gametogênese (homens), aumento do risco do desenvolvimento de leucemia não linfocítica aguda e outras malignidades. MDD II – Thayná Borba 28 o Compostos de Platina – Cisplatina § Indicação: câncer testicular, pulmonar, ovário, bexiga § Se liga a base nitrogenada e desestrutura a conformação de dupla-hélice 2. Antimetabólitos e inibidores da Dihidrofolato redutase I. INIBIDORES DE DI-HIDROFOLATO REDUTASE o Atuam como antimetabólitos, atuam na fase S celular, comprometendo várias rotas metabólicas o Mecanismo de ação: § Folato – importante para síntese de DNA e divisão celular; adquirimos através de dieta, suplementação medicamentosa. § § O metotrexato inibe a di-hidrofolato redutase, evitando a geração de tetrahidrofolato, que interfere na síntese de DNA. o Problemas § Metotrexato – baixa lipossolubilidade – não atravessa a barreira hematoencefálica. II. ANTIMETABÓLITOS o Análogos das purinas : mercaptopurina (convertida em nucleotídeo falso) e tioguanina o Análogos das pirimidinas : flouracila, gencitabina, citarabina (inibe DNApolimerase) *essas duas classes interferem impedindo a síntese de DNA. 3. Agentes Antimitóticos o Impedem a formação de microtúbulos o Mecanismo de ação: Taxanos (inibem a despolimerização dos microtúbulos) e alcalóides da vinca (inibem a polimerização dos microtúbulos) 4. Inibidores da Topoisomerase o DNA irá se enrolar, a molécula ficará instável e se romperá 5. Inibidores da atividade hormonal e agentes correlatos o Células tumorais são ricas em receptores hormonais o Tamoxifeno – inibe estrógeno; impede o crescimento tumoral alterando a distribuição hormonal 6. Anticorpos monoclonais o Linfoma : proliferação de linfócito B -> produção de anticorpo o Retuximabe o Se liga a proteína CD20 o Lise do linfócito B o Imatinibe MDD II – Thayná Borba 29 o Inibe ação de quinase oncogênica o Prejudica a ativação de um oncogene o Não terá proliferação de um tumor ü Tumor pode se tornar resistente a antineoplásico o Alteração da expressão de enzima o Prejudicar a expressão de p53 -> inativação do processo de apoptose o Hiperexoressão de bomba de efluxo geral de fármacos 10. CÂNCER COLORRETAL A. Pólipos intestinais ü Os pólipos são estruturas teciduais, benignas, mais comuns no cólon, mas podem ocorrer no esôfago, estômago, intestino delgado. ü Os pólipos podem ser pedunculados ou sésseis ü Eles podem ser classificados como não neoplásicos ou neoplásicos. ü Pólipo neoplásico mais comum é o adenoma, possui potencial para evoluir para um câncer. ü Pólipos não neoplásicos podem ser classificados em : inflamatório, hamartomatoso ou hiperplásico. v Não Neoplásicos Ø Pólipos inflamatórios : - se forma devido a ciclos crônicos de lesão a cicatrização (tecido mucosal inflamado) Ø Pólipos Hamartomatosos : - são crescimentos semelhantes a tumores, compostos de tecidos maduros (céls. Maduras – células bem diferenciadas) - um dos tipos mais comum de pólipo hamartomatoso é o pólipo juvenil : eles podem ser esporádicos ou sindrômicos (maior susceptibilidade ao desenvolvimento de adenocarcinoma de cólon). A maioria dos pólipos juvenis ocorre em crianças com menos de 5 anos. A maioria dos pólipos juvenis se encontra no reto e se apresenta com sangramento retal. Ø Pólipos Hiperplásicos : - são proliferações epiteliais comuns, tipicamente descobertas com 60-70 anos de idade. - estima-se que essas lesões não possuam potencial maligno. v Neoplásicos Ø Adenoma - pólipos benignos que são os precursores da maioria dos adenocarcinomas colorretais. - adenomas são neoplasmas epiteliais que variam de pequenos póliposfrequentemente pedunculados a grades lesões sésseis. - a maioria dos adenomas não evolui para adenocarcinoma. Embora existe forte relação de transformação. - recomendação : colonoscopia de vigilância a partir dos 50 anos. (50% dos adultos ocidentais acima dos 50 anos podem apresentar adenomas) - aqueles que possuem histórico familiar recomenda-se mapeamento com 10 anos antes da idade que o parente foi diagnosticado. - são caracterizados pela presença de displasia epitelial - adenomas são silenciosos clinicamente, com exceção de pólipos grandes que produzem sangramento oculto e anemia. MDD II – Thayná Borba 30 - podem sem pedunculados ou sésseis, superfície de ambos possui textura semelhante ao veludo ou framboesa. - Tamanho : podem variar de 0,3 – 10cm de diâmetro. -> característica importante que se relaciona com o risco de malignidade. Quanto maior o pólipo maior sua chance de malignidade. - displasia de alto grau é fator de risco para o câncer. - Embora a maioria dos adenomas colorretais sejam benignos, uma pequena proporção pode abrigar câncer invasivo no momento da detecção Ø Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) - doença autossômica dominante, na qual os pacientes desenvolvem numerosos adenomas colorretais quando adolescentes. - causada por mutações no gene APC (polipose adenomatosa do cólon) - 10% dos casos apresentam mutações em genes de reparo do DNA. - pelo menos 100 pólipos devem estar presentes para ser feito o diagnóstico. - adenocarcinomas colorretais se desenvolvem em maior parte dos pacientes que possuem PAF não tratada, frequentemente antes dos 30 anos de idade. - colectomia profilática é a terapia padrão para os indivíduos com mutações no APC. Ø Câncer Colorretal Não Polipose Hereditário (CCNPH) - também conhecido como síndrome de Lynch - maior incidência de câncer - indivíduos apresentam maior incidência de câncer quando jovens : cólon, endométrio, estômago, ovário, ureteres, cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar e pele. - causado por mutações herdadas nos genes de reparo do DNA. - adenomas serrilhado sésseis são os mais comuns e evoluem para adenocarcinoma mucinoso. Ø Adenocarcinoma - países desenvolvidos são mais acometidos - 3° câncer mais diagnosticado no mundo ( câncer de pele e pulmão são os mais frequentes ) - 2° que mais leva a óbito, perde para o câncer de pulmão. - adenocarcinoma colorretal é a neoplasia mais comum do TGI - pico de incidência entre 60-70 anos de idade, incidência maior em homens. Menos de 20% dos casos ocorrem antes dos 50 anos. - 3° câncer mais frequente entre os homens - 3° que mais mata, perde para o câncer de próstata e pulmão. - múltiplos fatores que contribuem para a incidência do câncer: • Dieta inadequada (consumo de carne processada e pouca fibra); • Gordura visceral; • Susceptibilidade genética; • Maior expectativa de vida; • Bebida alcoólica; • Fumo; • Sedentarismo; MDD II – Thayná Borba 31 - a maioria dos casos ocorrem de forma esporádica ( sem histórico familiar ) - em segundo lugar a história familiar tem certa influência. - em terceiro caso, ocorre devido a síndromes - segundo estudos : carne vermelha seria um fator de risco convincente, a obesidade (indivíduo apresenta 1,05% de chance a mais de desenvolver a patologia) também um fator de risco convincente. Já a Aspirina é vista como um fator protetor. - sinais e sintomas : (não necessariamente o paciente irá apresentar, estes estão presentes em situações mais tardias da doença) • Sangramento oculto nas fezes; • Mudanças nos hábitos intestinais; • Cólicas; • Perda de peso; • Anemia ferropriva; (perda de ferro através do sangramento oculto; alteração da extensão do intestino) - fatores prognósticos : • Profundidade de invasão • Presença ou ausência de metástases linfonodais : linfonodos regionais, geralmente não acomete linfonodos distais; pulmões; ossos; fígado (local mais comum) • A – adenoma (presença de fator de risco) -> pólipo maior -> adenocarcinoma (pode levar de 10 a 20 anos para desenvolver) -> metástase. (devido a mutação no gene APC.) • B – pólipo hiperplásico -> câncer • C – episódios de inflamação -> displasia -> câncer • A sequência adenoma -> carcinoma responde por até 80% dos tumores de cólon esporádicos • Principal causa -> inativação do gene APC (supressor de tumor) por mutação e/ou epigenética • Inativação de p53 está presente em 70-80% dos cânceres do cólon (fases tardias) • WNT – sinalizador molecular, capaz de induzir a proliferação celular através de ativação bioquímica • Situação A : em célula normal, se não tiver estímulo à célula não prolifera, e beta- catenina é degradada. • Situação B : WNT ativando via bioquímica -> ativação de beta-catenina -> núcleo -> dispara proliferação • Situação C : célula cancerígena : mesmo sem estímulo -> beta-catenina fica livre para entrar no núcleo porque o gene APC está bloqueado -> ativação da proliferação celular. (Início da formação do adenoma até a formação em adenocarcinoma, porém não necessariamente um adenoma se transformará em adenocarcinoma) • O gene supressor de tumor APC (polipose adenomatosa colônica) codifica uma proteína que promove degradação da beta-catenina e bloqueio da replicação celular. MDD II – Thayná Borba 32 11. DEMÊNCIA DE ALZHEIMER Fundamentos ü Definição : doença neurodegenerativa crônica com início insidioso(leve) e progressivo. Ela é um tipo de demência mais comum. ü Pode ser classificada como leve, moderada ou grave ü Na doença de Alzheimer o cérebro do paciente é atrofiado pela perda excessiva de neurônios. Região do hipocampo é a região mais prejudicada com o avanço da doença (responsável pela memória e cognição). Ocorre também aumento dos ventrículos ü Sintomas apresentados : • Perda de memória • Deficiência nas atividades diárias • Anormalidades neurocomportamentais (a pessoa fica mais agressiva ou passiva demais; perde-se a personalidade do indivíduo) • Distúrbios visuais e mioclonia (contração muscular subtida) são mais comuns em encefalopatias espongiformes. ü Início do sintoma à morte : 10 a 12 anos. ü Por ser uma doença progressiva, caracteriza-se o paciente em fases: 1. Fase Assintomática (pré-clínica) – alterações neuropatológicas mas a capacidade cognitiva é normal. 2. Fase Sintomática (prodrômica ou pré-demência) – declínio cognitivo progressivo antes do início de comprometimento funcional e demência evidente. 3. Demência – comprometimento cognitivo pode ser detectado bem antes do início dos sintomas de demência. ü Histopatologia na doença de Alzheimer: • O tecido nervoso de uma pessoa com Alzheimer é caracterizado pela presença das placas senis, os emaranhados neurofibrilares e perda neuronal importante. O excesso de produção ou à diminuição de clearence do peptídeo beta-amiloide, levam ao acúmulo e formação de placas, que causam um processo inflamatório causando lesão sináptica e morte das células. • Formação das Placas senis: As células nervosas tem a expressão de uma proteína transmembrana chamada APP (proteína precursora amiloide), essa proteína pode ser mutada, pode apresentar uma mutação hereditária, ou elas podem se degradar com o tempo devido ao envelhecimento. Toda proteína que perde sua forma, deve ser eliminada (clearence). Existem enzimas que promovem a degradação para eliminação, porém alguns fragmentos (peptídeos) são liberados como os beta-amiloides. Estes irão se grudar e formar as placas senis ou placa beta-amiloide. Essas se encontram no meio extracelular e irão atrapalhar o funcionamento dos neurônios. No Alzheimer ocorre uma formação intensa de placas, levando ao processo inflamatório induzida por elas, na tentativa de eliminar essa condição. Diversas cascatas são ativadas no meio intracelular levando a diminuição de células nervosas e comprometimento das sinapses. • Formação dos emaranhados neurofibrilares: Os neurônios possuem citoesqueletono meio intracelular. Os microtúbulos são as estruturas mais importantes do citoesqueleto para essas células, são proteínas fibrosas que fazem transporte interior de vesículas no interior do neurônio. Para se manterem estáveis eles contam com a ajuda da proteína TAU. No Alzheimer, essas proteínas estão hiperfosforiladas, perdendo sua função de estabilização dos microtúbulos, estes vão se desfazendo, e as proteínas TAU irão formar os emaranhados neurofibrilares no meio MDD II – Thayná Borba 33 intracelular. Isso começa a comprometer o funcionamento de transporte dentro do neurônio, podendo levar à morte dos neurônios. • Na doença de Alzheimer ambas as situações estão ocorrendo. ü Já foi notado que o aparecimento das placas senis começam principalmente na região do hipocampo, por isso que no início da doença já é perceptível a alteração de memória e com o avanço da doença vai ocorrendo o comprometimento de outras funcionalidades. ü Estágios iniciais : as placas se formam nas regiões envolvidas em aprendizagem e memória, pensamento e planejamento. ü Estágio de leve a moderado : as placas se espalham para regiões envolvidas com fala, compreensão de discurso, percepção de onde o corpo está em relação aos objetos ao seu redor. ü Estágio grave : perda da capacidade de se comunicar, reconhecer a família e de cuidar de si mesmo. ü Epidemiologia do Alzheimer : acima dos 65 anos, estima-se que a DA seja responsável por 35% a 50% dos casos de demência; em muitos países a prevalência da DA aumenta para 30% em pessoas com mais de 80/90 anos pois o processo de envelhecimento favorece o Alzheimer, mas não é qualquer indivíduo, e sim aqueles que possuem fatores genéticos que podem levar ao aparecimento da doença; o início precoce de DA é frequentemente hereditário autossômico dominante e representa menos de 1% dos casos, portanto podemos classificar a doença de Alzheimer em dois grupos : doença de Alzheimer precoce ( familiar ) e a doença de Alzheimer tardia. Alguns fatores ambientais podem sim induzir a DA. Mas não são considerados mais importantes quando comparados a fatores genéticos. 1) Doença de Alzheimer familiar – está relacionada com herança de genes mutados. 2) Doença de Alzheimer tardia – também está relacionada com fundo genético mas está mais associada a polimorfismos de vários genes que culminam ao processo de degradação das proteínas APP. ü 35-40 milhões de indivíduos no mundo todo, apresentam DA. ü Até 2050 estima-se 106 milhões de pessoas afetadas ü 70% das causas são genéticas mas se desconhece todos os fatores genéticos associados - Já é conhecido mutações nas APPs , mas proteínas responsáveis pela degradação de APPs – presinilinas 1 e 2 fazem parte da doença de Alzheimer familiar. - Existem outros polimorfismos que aumentam a chance de formação das placas senis (DA tardio) ü 30% são por causas ambientais – estilo de vida e fatores ambientais: tabagismo, obesidade e dieta rica em gorduras. ü Fisiopatologia da DA: tanto na DA precoce quanto na DA tardia, os mecanismos de fisiopatologia são os mesmos : aparecimento das placas senis e dos emaranhados neurofibrilares. Ambas comprometem o funcionamento e levam à morte da célula. ü Medidas de prevenção (retardar o surgimento da doença em casos mais tendenciosos) • Consumo moderado de café • Tratamento de fatores de risco para doenças cardiovasculares • Terapia de reposição hormonal (estrogênio) ü Diagnóstico : - baseia-se em um diagnóstico clínico e de exclusão de outras doenças de demência. Quanto antes diagnosticar, consegue-se retardar a evolução dos sintomas. Mas como triar? Testes cognitivos como o MEEM (Miniexame de Estado Mental) porém eles não conseguem avaliar o comprometimento cognitivo leve (CCL). Este teste só é utilizado para avaliação de demência. ü Diagnóstico clínico : história familiar, exame físico, rastreamento cognitivo, exclusão de outras causas de demência. ü Existem diversos critérios clínicos para encaixar o paciente ao quadro de DA MDD II – Thayná Borba 34 ü Testes cognitivos : • miniexame do estado mental mais usado, porém não detecta CCL • Para detecção de CCL existem outros testes, que demoram mais, são várias etapas que o paciente passa, sendo possível detectar alterações leves. ü O exame físico normalmente não apresenta nada digno de nota nos estágios iniciais. Na doença avançada os pacientes podem se apresentar vestidos de forma descuidada, confusos, apáticos e/ou desorientados, marcha lenta e arrastada, postura inclinada. A doença terminal é marcada por rigidez, incapacidade de caminhar e falar. ü Exames solicitados : • Testes cognitivos • Hemograma completo – para exclusão de anemia pois anemia constante pode levar a um quadro de demência devido a baixa oxigenação. • Perfil metabólico – descartar acúmulo de níveis anormais de sódio, glicose, • Hormônio estimulante da tiroide (TSH) sérico – exclusão de hipertireoidismo ou hipotireoidismo • Vitamina b12 – deficiência de b12 -> demência • Exame de urina para detecção de drogas • Tomografia computadorizada – excluir lesões e outros efeitos de demência que não sejam relacionados ao Alzheimer. ü Fatores de risco considerados fortes no desenvolvimento da doença : • Idade avançada • Histórico familiar • Fatores genéticos • Síndrome de Down (devido a alterações no cromossomo 21) • Hiperlipidemia (aumento de gordura circulante) • Baixa escolaridade ü Tratamento : - conforme a doença vai progredindo é necessário uma equipe multiprofissional para o tratamento desse paciente (médicos, enfermeiros, nutricionista, assistente social, entre outros); apoio familiar; fazer suporte dos sintomas; tratamento farmacológico : utilização de inibidor de colinesterase (enzima responsável pela degradação de acetilcolina), com isso aumentará o nível de ACh e isso é sugestivo de redução do avanço da DA, porém não é um tratamento curativo. 12. ESCLEROSE MÚLTIPLA ü Doença desmielinizante inflamatória autoimune ü Caracterizada por presença de episódios de disfunção neurológica em, pelo menos, duas áreas do sistema nervoso central (cérebro, medula espinhal e nervos ópticos) separados no tempo e no espaço. (Dois pontos no cérebro distintos sendo afetados) ü Principais sintomas • Fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga. ü EM é a causa mais comum de incapacidade neurológica entre adultos jovens ü EM afeta a substância branca e cinzenta do sistema nervoso ü EM é poligênica e multifatorial (influência ambiental) ü Principais genes envolvidos (presença de polimorfismos) : MDD II – Thayná Borba 35 • HLA (MHC) classe I e II -> apresentação de antígenos (algumas variantes de MHC são mais eficientes em apresentação de antígeno próprio -> ativação de linfócito T • IL-2 e receptor de IL-7 -> ativação e proliferação de linfócitos T. ü Fatores de risco : o fumante, EBV (vírus) – mimetismo molecular (peptídeo derivado do vírus parecido a antígeno derivado do sistema nervoso central acaba contribuindo para o processo de EM) o vitamina D (fator protetor; fator importante para controlar o sistema imune; se você tiver menos vitamina D do que o recomendado sua capacidade imunossupressores diminuída facilitando processos inflamatórios) o indivíduos obesos. ü Epidemiologia : • Aproximadamente 2,3 milhões de pessoas tem EM em todo o mundo • Mais frequente em indivíduos de descendência europeia (inidviduos são menos expostos ao sol) • Rara em indivíduos de descendência asiática, africana e nativos americanos • Estima-se que 35mil brasileiros tenham EM • Diagnóstico entre 20 e 40 anos de idade • Pode ocorrer na faixa etária pediátrica a partir dos 2 anos de idade • Diagnosticada em inidviduos na sexta ou sétima década de vida que podem ter sido assintomáticos por anos • Proporção do sexo feminino em relação ao masculino de cerca
Compartilhar