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Direito Penal - Aula 14-17

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Aula 14
Direito Penal p/ Polícia Civil-DF (Delegado) - com videoaulas
Professor: Renan Araujo
Direito Penal ʹ PC-DF (2015) 
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AULA 14: CRIMES DA LEI DE DROGAS (LEI 
11.343/06). 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
I – Crimes da Lei de Drogas (Lei 11.343/06) 02 
Lista das Questões 30 
Questões comentadas 46 
Gabarito 80 
 
Olá, meu povo! 
 
Hoje vamos estudar os aspectos penais da Lei de drogas (Lei 
11.343/06). 
 
Muita atenção aos posicionamentos jurisprudenciais da aula 
de hoje, galera! Tem decisão de anteontem (17.03.15) e questão 
cobrada mês passado na prova da DPU! 
 
Bons estudos! 
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I – LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06) 
 
A) Considerações iniciais 
 
A Lei 11.343/06, vulgarmente chamada de “Lei de Drogas”, instituiu 
o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas – SISNAD, 
prescreveu medidas de prevenção e tratamento para usuários e 
dependentes de drogas e, por fim, ESTABELECEU NORMAS DE 
REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO 
ILÍCITO DE DROGAS. Vejamos a redação do art. 1° da Lei: 
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas 
- Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e 
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas 
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e 
define crimes. 
 
Vê-se, portanto, que a Lei é muito mais que um diploma legislativo 
penal. Ele TAMBÉM É PENAL. 
Como para o nosso estudo o que interessa são os aspectos criminais 
desta lei, vamos direto ao assunto! 
 
B) Posse para consumo pessoal 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, 
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena 
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quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou 
psíquica. 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz 
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às 
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e 
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput 
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas 
comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, 
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que 
se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação 
de usuários e dependentes de drogas. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o 
caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, 
poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do 
infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente 
ambulatorial, para tratamento especializado. 
 
Este tipo penal cuida da figura do usuário ou dependente de drogas. 
Vejam que NÃO HÁ PREVISÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. 
As penalidades são somente aquelas previstas nos incisos I, II e III do 
art. 28 da Lei. 
Parte da Doutrina entendeu que houve a DESCRIMINALIZAÇÃO DA 
CONDUTA, pois, se crime é toda infração penal a qual a lei comina pena 
de reclusão ou detenção (conceito de crime sob o aspecto formal), temos 
aqui uma conduta que não pode ser considerada crime. 
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No entanto, prevaleceu o entendimento MAJORITARÍSSIMO no 
sentido de que NÃO HOUVE DESCRIMINALIZAÇÃO, tendo a lei apenas 
abrandado a pena. Os defensores desta tese (quase todo mundo) 
afirmam que o conceito de crime sob o aspecto formal1 está por demais 
ultrapassado (o que é fato). 
Tutela-se, aqui, a saúde pública, e secundariamente, a vida e saúde 
de cada cidadão. Joga-se por terra, assim, a tese de ausência de 
lesividade da conduta (lesão à sociedade). 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sendo CRIME COMUM. Já 
o sujeito passivo será A COLETIVIDADE. 
As condutas previstas no art. 28 são cinco, de forma que temos um 
crime PLURINUCLEAR. Percebam que não há a conduta “usar droga”. 
Mas o que acontece com quem apenas usa a droga? Não comete 
crime? A Jurisprudência entende que é enquadrado na conduta “trazer 
consigo”. 
O elemento subjetivo é o DOLO, e há ESPECIAL FIM DE AGIR, 
consistente na INTENÇÃO DE QUE AQUELA DROGA SEJA 
DESTINADA A USO PRÓPRIO. Saber, no caso concreto, qual era a 
intenção do agente (uso próprio ou venda) às vezes é difícil, devendo o 
Juiz analisar as circunstâncias (quantidade, existência de valores em 
espécie com o indivíduo, notadamente notas de pequeno valor – troco 
para venda da droga, etc.). Vejamos o que diz o §2° do art. 28: 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz 
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às 
condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e 
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
 
Temos uma NORMA PENAL EM BRANCO, pois não há definição de 
quais substâncias sejam proibidas, o que fica a cargo de regulamentação 
 
1 Sob o aspecto formal, crime seria toda conduta que fosse proibida pelo Estado com ameaça de pena de 
reclusão ou detenção. 
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específica. Há, entretanto, definição do que seria substância 
entorpecente. Vejamos: 
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as 
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim 
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente 
pelo Poder Executivo da União. 
 
Há, ainda, um ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO, consistente no 
fato de que a conduta deva estar sendo praticada “sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
Sendo condutas instantâneas (crimes unissubsistentes) NÃO SE 
ADMITE A TENTATIVA. 
As penalidades de advertência sobre os efeitos da droga e 
comparecimento a programa ou curso educativo são INOVAÇÕES EM 
NOSSO SISTEMA JURÍDICO-PENAL. A penalidade de prestação de 
serviços à comunidade já era prevista como uma modalidade de pena 
restritiva dedireitos, mas, aqui, perde seu caráter substitutivo e é alçada 
à condição de PENA PRINCIPAL. 
As penas (salvo a de advertência) serão aplicadas pelo prazo máximo 
de CINCO MESES e, em caso de reincidência, pelo prazo máximo de DEZ 
MESES (§§ 3° e 4° do art. 28). 
Não cumprindo o réu as penas que lhe foram impostas, NÃO 
SE PODE CONVERTÊ-LAS EM PRISÃO, devendo o Juiz proceder à 
ADMOESTAÇÃO VERBAL do réu, em audiência própria para isso. 
Vejamos o §6° do art. 28 da Lei: 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o 
caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, 
poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
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Caso não surta efeitos, o Juiz poderá aplicar multa, como descrito no 
artigo. 
O fato de a quantidade de tóxico apreendido ser mínima NÃO 
DESCARACTERIZA O DELITO, pois presente o princípio ativo da 
substância entorpecente. Vejamos: 
 
(...) 1. Não merece prosperar a tese sustentada pela defesa no sentido de que a 
pequena porção apreendida com o recorrente - 1,19 g (um grama e dezenove 
decigramas) de cocaína - ensejaria a atipicidade da conduta ao afastar a 
ofensa à coletividade, primeiro porque o delito previsto no art. 28 da Lei n.º 
11.343/06 trata-se de crime de perigo abstrato e, além disso, a reduzida 
quantidade da droga é da própria natureza do crime de porte de entorpecentes 
para uso próprio. 
2. Recurso improvido. 
(RHC 36.195/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/06/2013, 
DJe 06/08/2013) 
 
O §1° do art. 28 traz a figura equiparada daquele que cultiva ou 
colhe plantas destinadas à preparação de PEQUENA QUANTIDADE DE 
DROGA. Vejamos: 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, 
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena 
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou 
psíquica. 
 
Mas, professor, não havendo previsão de pena privativa de 
liberdade, como calcular o PRAZO PRESCRICIONAL? Nesse caso, 
não há necessidade de cálculo algum, pois o prazo prescricional foi 
expressamente previsto no art. 30 da Lei: 
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Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, 
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e 
seguintes do Código Penal. 
 
O julgamento dos processos relativos a este crime é de competência 
dos Juizados Especiais Criminais, nos termos do §1° do art. 48 da Lei: 
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo 
se houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será 
processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 
26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. 
 
Como a pena privativa de liberdade não está prevista para este 
crime, é INCABÍVEL A PRISÃO EM FLAGRANTE, até mesmo pela 
disposição do §2° do art. 48 da Lei: 
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá 
prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente 
encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso 
de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se 
as requisições dos exames e perícias necessários. 
 
C) Tráfico de Drogas 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, 
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
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Aqui também se busca tutelar a saúde pública, reprimindo não a 
conduta daquele que usa a substância entorpecente, mas a conduta 
daquele que fornece substância entorpecente, COM OU SEM FIM DE 
LUCRO. 
O CRIME É COMUM e como sujeito passivo está a COLETIVIDADE. 
A conduta (tipo objetivo) está caracterizada por DEZOITO VERBOS, 
ou núcleos, de forma que o crime é PLURINUCLEAR. A prática de 
mais de uma das condutas não configura concurso de crimes, mas 
DELITO ÚNICO, sendo, portanto, TIPO MISTO ALTERNATIVO. 
Aqui também temos uma norma penal em branco, pois a 
regulamentação do que seja “droga” fica a cargo de outra norma. 
O elemento subjetivo é SOMENTE O DOLO, e também há o 
elemento NORMATIVO DO TIPO, consistente na necessidade de que a 
conduta seja praticada em desacordo ou sem autorização legal ou 
regulamentar. 
O crime se consuma com a prática de quaisquer das condutas. 
Algumas modalidades são instantâneas, não admitindo tentativa, como 
“trazer consigo”, e outras que são CRIMES PERMANENTES, como “ter 
em depósito”. 
Isso tem um efeito prático muito importante. Em se tratando de 
CRIME PERMANENTE (a modalidade de “ter em depósito”), considera-se 
o crime como sendo praticado durante todo o tempo em que o agente 
tem a coisa em depósito, consumando-se com a cessação da 
permanência. Disso decorre que, enquanto o agente mantém a coisa 
em depósito, há permanência, logo, é admitida a prisão em 
flagrante. Mais: Nos termos da súmula nº 711 do STF, se, durante a 
permanência, sobrevier lei mais gravosa, ela será aplicada a este 
crime, pois a consumação ocorreu após a entrada em vigor da Lei. 
Sobre a condição de crime permanente (no que tange a esta conduta 
específica), vejamos esta decisão do STJ: 
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(...) I. O crime de tráfico de drogas consuma-se pela prática de qualquer uma das 
condutas descritas no art. 33 da Lei 11.343/06, assim, considera-se típica não 
apenas a venda, mas também o depósito de entorpecentes, sendo que em tal 
modalidade, em virtude da natureza permanente do delito, a apreensão em 
flagrante do agente está autorizada enquanto perdurar a consumação, ou seja, 
enquanto o narcótico permanecer depositado. 
II. Hipótese na qual a prisão em flagrante do paciente não padece de qualquer nulidade, 
porquanto embora este não estivesse em posse de substância entorpecente no 
momento da abordagem, a droga foi localizada em sua residência, em circunstâncias 
que, em princípio, denotam a prática de narcotraficância. 
(...) 
(HC 227.510/PR, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2012, 
DJe 24/05/2012) 
 
Na prática, a tentativa é quase impossível, pois dada a diversidade 
de condutas incriminadas, o que poderia ser tentativa já encontra 
tipificação em algum dos 18 núcleos do tipo, consumando o crime. 
O §1° traz as chamadas condutas EQUIPARADAS. Vejamos: 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, 
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado 
à preparação de drogas; 
II - semeia,cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em 
matéria-prima para a preparação de drogas; 
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III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, 
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se 
utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
 
Assim, percebam que o inciso II se assemelha ao cultivo de pequena 
quantidade para uso próprio, dele se distinguindo pela finalidade e pela 
quantidade. Aqui não há finalidade de uso próprio. 
Além disso, como matéria-prima, temos qualquer substância que 
seja utilizada na preparação de droga, ainda que possa servir para outras 
finalidades, desde que, nesse caso, esteja sendo utilizada para 
preparação de droga. Vejamos: 
 
(...) 1. Para os fins do inciso I do § 1º do art. 12 da Lei nº 6.368/76, a 
expressão "matéria-prima" abrange não só as substâncias destinadas 
exclusivamente à preparação de drogas, mas também aquelas que, 
eventualmente, se prestam a esse objetivo. Precedentes. 
2. Não há falar em trancamento da ação penal por atipicidade da conduta se o paciente 
foi preso, em flagrante, ao trazer consigo lidocaína e cafeína, matérias-primas 
comumente destinadas ao aumento de quantidade e volume de substância 
entorpecente, conforme o previsto pelo art. 12, § 1º, da Lei nº 6.368/76 (revogada 
pela Lei nº 11.343/06). 
(...) 
(HC 45.003/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 17/09/2009, 
DJe 26/10/2009) 
 
Embora o julgado trazido se refira à lei anterior, o entendimento 
permanece nesse sentido. 
O §2° traz o crime de instigação, induzimento ou auxílio ao uso de 
droga: 
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§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 
(trezentos) dias-multa. 
 
Vejam, meus caros, que a lei diz “...ou auxiliar AO USO...”. O que 
isso significa? Significa que não há necessidade de que a vítima 
efetivamente utilize a droga, tratando-se de CRIME FORMAL. 
O §3° do art. 3° trouxe o chamado TRÁFICO PRIVILEGIADO, que 
é a conduta daquele que oferece droga, EVENTUALMENTE, e SEM 
FINALIDADE DE LUCRO, a pessoa DE SEU RELACIONAMENTO, par 
JUNTOS CONSUMIREM. Vejamos: 
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu 
relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas 
previstas no art. 28. 
 
Assim, quatro são os requisitos para que o crime seja este, e não o 
do caput do art. 33: 
 O oferecimento seja eventual; 
 Sem finalidade de lucro; 
 Consumo conjunto; 
 Pessoa do relacionamento do agente 
 
Esta modalidade também constitui um CRIME FORMAL, pois a 
efetiva utilização da droga pela pessoa a quem esta foi oferecida é 
dispensável para a consumação do delito. 
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O §4° do art. 33, por sua vez, traz uma CAUSA DE 
DIMINUIÇÃO DE PENA, relativa APENAS AOS CRIMES DO CAPUT E 
§1°: 
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão 
ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas 
restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons 
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre 
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
 
Percebam que a expressão “vedada a conversão em penas restritivas 
de direitos” foi retirada, em razão de decisão do STF, que PASSOU A 
ENTENDER POSSÍVEL A SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. 
Aqui também temos quatro requisitos para que a causa de 
diminuição de pena seja aplicada: 
 Agente ser primário; 
 Ter bons antecedentes; 
 Não se dedicar a atividades criminosas; 
 Não integrar organização criminosa 
 
ATENÇÃO! Este §4º traz o que a jurisprudência (e boa parte da 
Doutrina) chama de tráfico PRIVILEGIADO. Trata-se de uma 
nomenclatura equivocada, eis que para que o termo “privilegiado” seja 
utilizado, é necessário que tenhamos um “novo” tipo penal, ou melhor, 
uma espécie de “subtipo penal” que estabeleça novos patamares (mínimo 
e máximo) de pena, inferiores ao do “tipo principal”. 
Entretanto, ultrapassada esta observação, vamos ao que importa. 
O STJ firmou entendimento no sentido de que a QUANTIDADE e a 
VARIEDADE (e até mesmo a natureza!) da droga (!?) impedem a 
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caracterização do privilégio (em contrariedade ao que diz a lei, que 
nada fala sobre isso). Vejamos: 
2. A natureza e a quantidade de droga justificam a não aplicação da minorante 
do tráfico privilegiado. 
(...) 
(HC 311.660/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 10/03/2015, 
DJe 17/03/2015) 
 
Contudo, outra pergunta se coloca: É possível utilizar esta 
circunstância (natureza e quantidade da droga) no cálculo da 
pena-base e também para afastar o privilégio? Não. O STF já se 
posicionou no sentido de que tal conduta caracterizaria bis in idem: 
4. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o ARE 666.334/AM, sob o regime da 
repercussão geral, firmou o entendimento de que a natureza e a quantidade de 
droga apreendida com o acusado de tráfico de drogas devem ser levadas em 
consideração apenas em uma das fases da dosimetria, sob pena de indevido 
bis in idem, cabendo ao magistrado decidir em que momento as utilizará. 
5. Como a natureza e a quantidade de entorpecentes foram consideradas para afastar a 
minorante prevista no § 4º do artigo 33 da Lei 11.343/2006, inviável a sua utilização na 
primeira etapa do cálculo da reprimenda, motivo pelo qual se impõe a redução da 
sanção para o mínimo legal, qual seja, 5 (cinco) anos de reclusão e 500 (quinhentos) 
dias-multa. 
(...) 
(HC 297.447/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/11/2014, 
DJe 13/11/2014) 
 
Contudo, temos mais uma pergunta: É possível utilizar a reincidência 
para agravar a pena-base e, também, para negar a aplicação do 
privilégio? Nesse caso, os Tribunais entendem que sim. Segue 
julgado do STJ: 
4. Para aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da 
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Lei n. 11.343/2006, faz-se necessário o preenchimento de todos os requisitos previstos 
na lei (ser o réu primário, possuir bons antecedentes, não se dedicar a atividades 
criminosas e não integrar organização criminosa), não caracterizando bis in idem a 
utilização da reincidência pelo Juiz sentenciante para afastar a aplicação da 
minorante do tráfico privilegiado e para agravar a pena, ante previsão legal. 
5. Writ não conhecido. 
(HC 211.072/MS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,julgado em 
26/11/2013, DJe 13/12/2013) 
 
CUIDADO! O fato de se tratar de um crime “privilegiado”, ou, mais 
tecnicamente, o fato de se aplicar a MINORANTE (causa especial de 
redução de pena) prevista no art. 33, §4º não retira da conduta o 
caráter de hediondez2. O STF e o STJ já consolidaram entendimento 
neste sentido. O STJ, inclusive, editou o verbete de súmula nº 512 
sobre isso: 
Súmula 512: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 
33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico 
de drogas. 
 
FINALIZANDO: É cabível a aplicação retroativa desta disposição 
em relação aos acusados que praticaram o delito durante a 
vigência da lei antiga (Lei 6.368/76)? Sem dúvida alguma a 
minorante em questão é benéfica ao acusado. Contudo, a lei nova, 
apesar de trazer a minorante (benéfica), trouxe pena bem mais grave. 
Assim, qual lei aplicar? O STJ firmou entendimento no sentido de que é 
cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06 (e, portanto, a 
aplicação da minorante), desde que, no caso concreto, esta solução 
seja mais favorável ao agente. Foi, inclusive, editado o verbete de 
súmula nº 501 sobre isso: 
 
2 Parte da Doutrina entende que o reconhecimento do “privilégio” afastaria o caráter 
hediondo da conduta. Este entendimento ainda persiste em relação a boa parte dos 
Doutrinadores, mas está superado na Jurisprudência. 
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Súmula 501: é cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável 
ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a 
combinação de leis. 
 
O que a súmula quer dizer, basicamente, é que cabe ao Juiz, no caso 
concreto, analisar se a aplicação da lei nova será efetivamente mais 
benéfica. Isso porque será possível verificar, por exemplo, que a despeito 
da aplicação da minorante, a pena foi fixada em patamar bem elevado, e 
a redução (relativa ao §4º do art. 33) fora pequena. Assim, é possível 
que, mesmo com a aplicação da minorante, a lei nova seja PREJUDICIAL 
ao réu (já que a pena prevista na lei antiga era mais branda). Assim, a 
solução sobre qual lei aplicar deverá ser tomada em relação a cada CASO 
CONCRETO. 
Vale ressaltar que a súmula 501 se aplica a todos os casos 
envolvendo o conflito temporal entre as leis 6.368/76 e 
11.343/06, e não somente quando estivermos diante do tráfico 
privilegiado. 
 
O crime de tráfico ilícito de entorpecentes é considerado 
EQUIPARADO A HEDIONDO, nos termos do art. 2° da Lei 8.072/90. 
Vejamos: 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) 
 
Os crimes hediondos e equiparados também são insuscetíveis de 
FIANÇA, nos termos do art. 2°, II da Lei. 
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Vejam, portanto, que a lei veda tão-somente a fiança, mas não veda 
a concessão de liberdade provisória. Entretanto, na redação original, 
previa-se que tanto a liberdade provisória quanto a fiança eram proibidas. 
Contudo, a Lei 11.464/07 alterou a redação original da Lei 8.072/90, 
RETIRANDO A VEDAÇÃO DE CONCESSÃO DA LIBERDADE 
PROVISÓRIA, e dando fim a um impasse jurisprudencial acerca da 
matéria, pois parcela da Jurisprudência entendia que a impossibilidade, 
por lei, de concessão da liberdade provisória, violava o direito do 
Magistrado de, no caso concreto, avaliar se a pessoa deveria ou não 
receber a liberdade provisória. 
Entretanto, outra “quizumba” jurisprudencial se iniciou. O STF e o 
STJ, em algumas decisões após a alteração legislativa, sustentaram que a 
lei apenas retirou uma redundância, pois ao não permitir a fiança (leia-se: 
liberdade provisória com fiança), automaticamente não se pode permitir a 
liberdade provisória sem fiança. 
Entretanto, PREVALECE O ENTENDIMENTO de que, se a Lei 
posterior revogou a impossibilidade de concessão da liberdade provisória, 
é porque esta, agora, É PERMITIDA, pois a liberdade provisória é um 
instituto ligado à fiança, mas não é dela dependente. Esse é o que 
prevalece atualmente no STF, principalmente na 2° Turma. 
Porém, mais uma controvérsia tomou conta da Jurisprudência. Com a 
possibilidade de concessão da liberdade provisória aos crimes hediondos e 
equiparados, temos que o tráfico de drogas passou a comportar liberdade 
provisória. Entretanto, existe norma específica na Lei de Drogas, vedando 
este benefício. Vejamos: 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei 
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade 
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
 
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Como fica a questão? Teria sido o art. 44 da Lei de Drogas 
revogado pela nova redação do art. 2°, II da Lei dos Crimes 
Hediondos? 
A questão está longe de ser pacífica, sendo bastante controvertida. 
Parcela da Jurisprudência entende que, por ser norma especial, o art. 44 
permanece em vigor, de forma que somente em relação ao tráfico de 
drogas NÃO É POSSÍVEL A CONCESSÃO DE LIBERDADE 
PROVISÓRIA. 
No entanto, O STF se posicionou no sentido de que O ART. 44 DA 
LEI DE DROGAS É INCONSTITUCIONAL, por entender que cabe ao 
Magistrado, no caso concreto, decidir se é caso, ou não, de liberdade 
provisória. O STJ corroborou. 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. AUSÊNCIA 
DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE MANTEVE A SEGREGAÇÃO CAUTELAR DO 
PACIENTE. CONCESSÃO DA ORDEM. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. 
EMBARGOS REJEITADOS. 
(...) 
2. Ademais, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, antes mesmo do 
Supremo Tribunal Federal declarar a inconstitucionalidade de parte do art. 44 
da Lei 11.343/2006, já decidia que a vedação legal não era obstáculo, por si 
só, à concessão da liberdade provisória. 
3. Embargos declaratórios rejeitados. 
(EDcl no HC 154.856/DF, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA 
CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 07/03/2014) 
 
Vejam, portanto, que esse entendimento não significa que em 
todo crime de tráfico de entorpecentes o réu receberá a liberdade 
provisória. Isso significa, apenas, que o STF vem entendendo que o 
Juiz tem o poder de analisar, no caso concreto, se estão presentes 
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ou não os requisitos para a decretação da prisão preventiva. Caso 
não estejam, deverá ser concedida a liberdade provisória. 
Fenômeno semelhante ocorreu no que se refere à (des) necessidade 
de recolhimento do réu à prisão para apelar. O art. 59 da Lei de Drogas 
diz que: 
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, 
o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de 
bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória. 
 
Ocorre que a mesma Lei 11.464/07 também alterou a Lei dos Crimes 
Hediondos, abolindo a exigênciade recolhimento à prisão para que o réu 
pudesse apelar, determinando que o Juiz deva decidir sobre eventual 
prisão cautelar de maneira FUNDAMENTADA. Vejamos: 
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente 
se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 
2007) 
 
A Doutrina e a jurisprudência majoritárias vêm entendendo 
que o Juiz deve analisar se estão presentes os requisitos que 
autorizam a decretação da prisão preventiva. Caso contrário, não 
será possível determinar seu recolhimento à prisão para apelar, pois toda 
e qualquer prisão antes da condenação é considerada cautelar, de forma 
que devem estar presentes os requisitos da cautelaridade. 
O crime de tráfico de drogas deve ser julgado, em regra, pela Justiça 
Estadual. No entanto, em se tratando de delito TRANSNACIONAL, a 
competência será da Justiça Federal, nos termos do art. 70 da Lei 
11.343/06: 
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 
desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da 
Justiça Federal. 
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Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam 
sede de vara federal serão processados e julgados na vara federal da 
circunscrição respectiva. 
Mas o que caracterizaria a transnacionalidade do delito? 
Basicamente, seria a comprovação de que a droga é oriunda de outro país 
ou que se destina a outro país. Na prática, é bastante difícil provar a 
origem da droga quando é apreendida fora de regiões de fronteira. A 
transnacionalidade, assim, é mais aplicada quando se trata de 
EXPORTAÇÃO da droga, principalmente quando ocorre a prisão das 
chamadas “mulas” em aeroportos, tentando embarcar para outros países 
levando drogas no corpo ou na bagagem. 
 
D) Aparelhagem para a produção de substância entorpecente 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, 
entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que 
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto 
destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e 
duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. 
 
Trata-se de crime cujo tipo objetivo (conduta) é formado por 
múltiplos núcleos, e busca-se punir aquele que pratica qualquer das 
condutas cujo OBJETO MATERIAL seja MAQUINÁRIO, APARELHO, 
INSTRUMENTO OU OBJETO destinado à fabricação, preparação, 
produção ou transformação de drogas. Não é necessário que esses 
equipamentos sejam exclusivos para estes fins, desde que, no caso 
concreto, estejam sendo utilizados com esta finalidade. 
A tentativa será admissível SOMENTE NOS CRIMES CUJO ITER 
possa ser fracionado, ou seja, quando a execução do delito possa ser 
fracionada em diversos atos. 
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E) Associação para o tráfico 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, 
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 
1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se 
associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 
O crime em questão é uma espécie de “associação criminosa” (art. 
288 do CP) especial, relativa à reunião de pessoas (duas ou mais) para 
praticarem os crimes previstos nos crimes mencionados no art. 35. 
O elemento subjetivo exigido é o dolo, com a especial finalidade de 
agir consistente na intenção de reunião PARA A PRÁTICA DOS CRIMES. 
A consumação se dá com a reunião com vistas à prática dos 
delitos, não importando se estes efetivamente chegam a ocorrer. 
Exige-se, no entanto, que esta associação tenha UM MÍNIMO DE 
ESTABILIDADE3. Não se admite a tentativa. 
O § único do art. 35 prevê a conduta equiparada (mesma pena) 
daqueles que se reúnem para praticarem REITERADAMENTE o crime 
previsto no art. 36 (financiamento ao tráfico). Vejam, portanto, que 
aqui se exige que a reunião seja para a prática REITERADA e não 
apenas ocasional do crime do art. 36. 
É plenamente possível o CONCURSO MATERIAL entre os crimes 
dos arts. 33 e 35 da Lei de Drogas. 
 
CUIDADO! Este crime NÃO É EQUIPARADO A HEDIONDO, embora 
 
3 Ver, por todos: HC 251.677/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado 
em 04/11/2014, DJe 12/11/2014. 
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isso não seja unânime. O STJ já decidiu isso! 
 
 
(...) O Superior Tribunal de Justiça entende que o delito de associação para o tráfico 
de drogas não possui natureza hedionda, por não estar expressamente previsto nos 
arts. 1º e 2º, da Lei n. 8.072/90. 
(...) 
(HC 294.935/SP, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO 
TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 12/02/2015, DJe 26/02/2015) 
 
F) Financiamento ou custeio do tráfico de drogas 
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos 
arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e 
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 
 
Aqui se pune a conduta daquele que emprega recursos financeiros na 
prática de algum dos crimes previstos no art. 33, caput e §1° e art. 35. 
SOMENTE ESTES! 
Se o agente financia a atividade criminosa que ele mesmo pratica, 
responderá somente pelo crime-fim (o tráfico, por exemplo), incidindo a 
causa de aumento de pena do art. 40, VII da Lei de Drogas. 
A consumação se dá com o efetivo financiamento ou custeio da 
atividade, e a TENTATIVA É POSSÍVEL. 
 
G) Colaboração ao tráfico 
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Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação 
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 
1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) 
a 700 (setecentos) dias-multa. 
 
Aqui se pune a conduta daquele que atua como INFORMANTE, 
fornecendo elementos que permitam ao grupo executar de maneira mais 
tranquila sua atividade. É o caso, por exemplo, do fogueteiro. Entretanto, 
o crime pode ser praticado de INÚMERAS MANEIRAS DIFERENTES. 
A Doutrina entende que se o agente, além de ser informante, 
participa da atividade criminosa, responde APENAS PELA OUTRA 
ATIVIDADE CRIMINOSA. 
Se o informante for funcionário público, aplica-se a causa de 
aumento de pena do art. 40, II da Lei: 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de 
um sexto a dois terços, se: 
(...) 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
 
E se a colaboração não se der para grupo ou organização 
criminosa, mas para um traficante isolado? A Doutrina entende que 
não se caracteriza este crime,podendo, eventualmente, caracterizar o 
próprio crime de tráfico (seria partícipe do delito). 
O crime se consuma com a prática da conduta de colaborar, ainda 
que isso não ajude em nada o grupo. NÃO SE TRATA DE CRIME 
HABITUAL, não se exigindo a prática reiterada da conduta. A tentativa é 
admitida. 
 
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H) Prescrição culposa 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas 
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 
(cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da 
categoria profissional a que pertença o agente. 
 
Aqui, enfim, temos um CRIME PRÓPRIO, pois somente os 
profissionais habilitados a prescreverem drogas é que poderão praticar a 
conduta. Caso alguém que não seja um destes profissionais pratique a 
conduta, poderemos ter outro crime, mas não este. 
O elemento subjetivo exigido é a CULPA, ou seja, a conduta daquele 
que age com negligência, imprudência ou imperícia, numa inobservância 
do dever de cuidado. Não se admite a tentativa. 
O § único prevê que o Juiz deva comunicar ao Conselho Federal da 
categoria a que pertença o infrator. 
 
I) Condução de aeronave ou embarcação após o consumo de 
drogas 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, 
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do 
veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo 
mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 
(duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com 
as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 
(seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de 
transporte coletivo de passageiros. 
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Aqui o bem jurídico tutelado não é a saúde pública, mas A 
INCOLUMIDADE PÚBLICA. 
Trata-se de crime comum, tendo como sujeito passivo a coletividade. 
O tipo exige que a conduta EXPONHA A DANO POTENCIAL A 
INCOLUMIDADE DE ALGUÉM, de forma que temos aqui um crime 
de PERIGO CONCRETO. 
CUIDADO! Aqui o tipo restringe o veículo à embarcação (aquática) e 
aeronave (aérea). Se a condução for de veículo automotor terrestre, 
teremos o crime do art. 306 do CTB. 
 
O § único traz a forma qualificada, na hipótese de se tratar o 
veículo de um veículo de transporte coletivo de passageiros. 
 
J) Outras disposições 
O art. 40 traz algumas causas de aumento de pena, vejamos: 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de 
um sexto a dois terços, se: 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as 
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de 
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades 
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de 
locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou 
diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes 
de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em 
transportes públicos; 
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IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de 
arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o 
Distrito Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem 
tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de 
entendimento e determinação; 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
 
CUIDADO! O STJ entende que, em relação ao inciso V, basta a mera 
intenção de realizar o tráfico interestadual, sendo dispensável a efetiva 
transposição das fronteiras estaduais: 
(...) 1. Esta Corte já assentou o entendimento no sentido de que, para a 
incidência da majorante prevista no art. 40, inciso V, da Lei n.º 
11.343/06 é desnecessária a efetiva comprovação da transposição 
de fronteiras entre estados da federação, sendo suficiente a 
demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico 
interestadual (HC 207.304/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/02/2014, DJe 18/02/2014). 
(...) 
(AgRg no REsp 1424848/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, 
julgado em 18/12/2014, DJe 12/02/2015) 
 
Em qualquer destes casos, a pena será aumentada de 1/6 a 2/3, 
a critério do Juiz. 
O art. 41, por sua vez, prevê a chamada COLABORAÇÃO 
VOLUNTÁRIA, referindo-se ao indiciado ou acusado que colaborar 
voluntariamente com a investigação ou o processo, na identificação dos 
demais infratores e na recuperação do produto do crime. A pena será 
reduzida de 1/3 a 2/3. Vejamos: 
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Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a 
investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-
autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto 
do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois 
terços. 
Esta colaboração é chamada, também, de DELAÇÃO PREMIADA. 
O art. 42 estabelece uma circunstância judicial (art. 59 do CP) que 
deverá ser considerada pelo Juiz como PREPONDERANTE no momento 
da fixação da pena-base. Vejamos: 
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre 
o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da 
substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. 
 
Portanto, além das circunstâncias do art. 59 do CP, o Juiz deverá 
analisar, com preponderância, as seguintes circunstâncias: 
 Natureza da substância 
 Quantidade 
 Personalidade do infrator 
 Conduta social do infrator 
 
Com relação à fixação da PENA DE MULTA, houve um aumento 
considerável nos patamares de aplicação, cujo valor do dia-multa 
poderá variar entre 1/30 e 5 vezes o salário mínimo, podendo, em 
determinados casos, serem elevadas até o décuplo: 
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o 
juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de 
dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos 
acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes 
o maior salário-mínimo. 
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Parágrafo único. As multas,que em caso de concurso de crimes serão 
impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, 
em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, 
ainda que aplicadas no máximo. 
 
Na fixação do número de dias-multa o Juiz analisa as 
circunstâncias do art. 42 da Lei e, subsidiariamente, as do art. 59 
do CP. Para a fixação do valor de cada dia-multa, deverá 
considerar a capacidade econômica do agente. 
O art. 44 traz inúmeras restrições à aplicação de institutos benéficos 
ao réu quando da prática de tráfico de drogas, aparelhagem para a 
produção de drogas, associação para o tráfico, financiamento ou custeio 
do tráfico e colaboração com o tráfico. Vejamos as restrições: 
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei 
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade 
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o 
livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada 
sua concessão ao reincidente específico. 
 
Com relação, entretanto, à liberdade provisória, já falamos a respeito 
da revogação tácita deste dispositivo pela Lei 11.464/07, que alterou a lei 
dos crimes hediondos, além de sua inconstitucionalidade 
reconhecida pelo STF. 
Com relação à vedação de substituição da pena privativa de 
liberdade pela restritiva de direitos, o STF e o STJ entendem que 
se trata de vedação inconstitucional. Vejamos: 
 
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(...) 5. Ainda que a jurisprudência das Cortes Superiores sejam no sentido de 
que a vedação à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos para o crime de tráfico de drogas é inconstitucional, matéria esta já 
pacificada, tal substituição só poderá ocorrer se forem preenchidos os 
requisitos objetivos e subjetivos previstos no art. 44 do Código Penal, quais 
sejam: pena privativa de liberdade não superior a 4 anos, crime cometido sem 
violência ou grave ameaça à pessoa, réu não reincidente em crime doloso e 
circunstâncias judiciais favoráveis. (...) 
(HC 238.770/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
25/02/2014, DJe 10/03/2014) 
 
O art. 45 trata da INIMPUTABILIDADE decorrente da 
DEPENDÊNCIA de droga, ou daquela decorrente da ingestão por caso 
fortuito ou força maior. Vamos lá: 
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o 
efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, 
que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições 
referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu 
encaminhamento para tratamento médico adequado. 
 
Essa dependência da droga não deve ser confundida com a conduta 
do viciado, que deliberadamente se droga. A inimputabilidade só ocorrerá 
quando, em razão do uso excessivo da droga pelo dependente, houve 
intoxicação crônica, com supressão do discernimento. O STJ exige, 
ainda, que se trate de dependência oriunda de caso fortuito ou 
força maior4. 
 
4 Ver, por todos: HC 118970 / SP 
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Nesse caso, o agente será considerado inimputável, devendo ser 
absolvido e encaminhado para tratamento (SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
IMPRÓPRIA). 
A Jurisprudência vem se consolidando no sentido de que esse art. 45 
criou uma espécie de inimputabilidade que se aplica a TODO O 
ORDENAMENTO JURÍDICO-PENAL, e não somente aos crimes da Lei 
de Drogas. 
Se, entretanto, o agente não tinha seu discernimento suprimido, mas 
apenas reduzido, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, nos 
termos do art. 46 da Lei de Drogas: 
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força 
das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao 
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Bons estudos! 
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01 - (CESPE - 2008 - OAB-SP - EXAME DE ORDEM - 1 - PRIMEIRA 
FASE) 
Alguém que tenha, em sua residência, para consumo pessoal, substância 
entorpecente, sem autorização legal, pratica, segundo a nova legislação 
sobre o tema, conduta caracterizada como 
A) contravenção. 
B) crime. 
C) infração penal sui generis. 
D) fato atípico. 
 
02 - (CESPE - 2009 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 3 - 
PRIMEIRA FASE (JAN/2010) 
Considere que Júlio, usuário de droga, tenha oferecido pela primeira vez, 
durante uma festa, a seu amigo Roberto, sem intuito de lucro, pequena 
quantidade de maconha para consumirem juntos. Nessa situação 
hipotética, Júlio 
A) deverá ser submetido à pena privativa de liberdade, diversa e mais 
branda que a prevista abstratamente para o traficante de drogas. 
B) praticou conduta atípica, dada a descriminalização do uso de 
substância entorpecente. 
LISTA DAS QUESTÕES 
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C) praticou conduta típica, entretanto, como a lei em vigor despenalizou a 
conduta, ele deve ser apenas submetido a admoestação verbal. 
D) praticou tráfico ilícito de entorpecentes e, de acordo com a legislação 
em vigor, a pena abstratamente cominada será a mesma do traficante 
regular de drogas. 
 
 
03 - (FGV - 2010 - PC-AP - DELEGADO DE POLÍCIA) 
O oferecimento da substância entorpecente Cannabis sativa L. 
(popularmente conhecida como maconha) a outrem sem objetivo de 
lucro e para consumo conjunto constitui o seguinte crime: 
A) posse de drogas sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar para consumo pessoal (art. 28, da Lei 
11.343/2006), punido com penas de advertência, prestação de serviços à 
comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. 
B) conduta equiparada ao crime de tráfico de drogas (art. 33, §3º, da Lei 
11.343/2006) punido com pena de detenção seis meses a um ano, 
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, 
sem prejuízo das penas de advertência, prestação de serviços à 
comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. 
C) cultivo de plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de 
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica 
para uso pessoal (art. 28, §1º, da Lei 11.343/2006) punido com penas de 
advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de 
comparecimento a programa ou curso educativo. 
D) tráfico de drogas (art. 33, da Lei 11.343/2006), punido com pena de 
reclusão de cinco a quinze anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
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E) posse de drogas sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar para consumo pessoal (art. 28, da Lei 
11.343/2006), punido com penas de detenção de seis meses a dois anos 
e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
 
04 – (FCC – 2009 – DPE/MA – DEFENSOR PÚBLICO) 
A pena privativa de liberdade deve ser substituída por restritiva de 
direitos quando não for superior a quatro anos e o crime não for cometido 
com violência ou grave ameaça contra a pessoa. O réu foi condenado a 
pena de um ano e oito meses pelo delito de tráfico de entorpecentes, 
temos então que 
a) o crime de tráfico de entorpecentes não contém elementar de violência 
e grave ameaça à pessoa e o quantum da pena não atinge quatro anos 
sendo, portanto, permitida a substituição da pena. 
b) a substituição da pena no caso de tráfico de entorpecentes é 
expressamente vedada por lei. 
c) a substituição da pena é vedada por lei, salvo se o réu colaborar 
voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na 
identificação de coautores ou partícipes do crime. 
d) a pena privativa de liberdade poderá ser substituída desde que o 
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas e nem integre organização criminosa. 
e) a pena privativa de liberdade poderá ser substituída desde que o 
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas e nem integre organização criminosa, devendo colaborar na 
investigação policial. 
 
05 – (INSTITUTO CIDADES – 2011 – DPE-AM – DEFENSOR 
PÚBLICO) 
Acerca dos crimes previstos pela lei 11.343/06 (que define os crimes de 
posse para uso e tráfico ilícito de drogas), marque a alternativa errada: 
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a) nos casos de prática de conduta de adquirir, guardar, ter em depósito, 
transportar ou trazer consigo, para consumo pessoal, drogas sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 
será submetido à pena privativa de liberdade que poderá ser substituída 
por advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à 
comunidade ou uma medida educativa de comparecimento a um 
programa ou curso educativo; 
b) o crime de oferecer droga, eventualmente, e sem objetivo de lucro, a 
pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem é de 
competência do Juizado Especial Criminal; 
c) o crime de associação para o tráfico exige, para a sua configuração, 
que duas ou mais pessoas se associem para o fim de praticar, 
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos pelos artigos 33, 
caput e § 1º, 34 e 36 da Lei 11.343/06; 
d) o agente que colaborar como informante, com grupo, organização ou 
associação destinados á prática de qualquer dos crimes previstos pelos 
artigos 33, caput e § 1º e 34 da Lei 11.343/06 estará sujeito a uma pena 
menor, ou seja, a uma pena de reclusão de dois a seis anos e pagamento 
de multa; 
e) os crimes de tráfico ilícito (artigos 33, caput e § 1º e 34) e de 
colaboração com o tráfico (artigo 37) são inafiançáveis e insuscetíveis de 
sursis, graça, indulto e anistia e liberdade provisória. 
 
06 – (FCC – 2010 – DPE-SP – DEFENSOR PÚBLICO) 
"A" foi denunciado como incurso nas sanções do artigo 12, § 2o, inciso I, 
da Lei no 6.368/76 (antiga Lei de Drogas), pois teria dolosamente 
auxiliado um colega a usar entorpecente, dando-lhe carona para que ele 
adquirisse droga para uso próprio. Anulado o processo a partir do 
recebimento da denúncia, por inobservância do rito processual próprio, 
com o advento da Lei no 11.343/06 (nova Lei de Drogas), do ponto de 
vista penal, quanto à conduta de "A", ocorreu 
a) Reformatio in mellius. 
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b) Novatio legis in pejus. 
c) Abolitio criminis. 
d) Novatio legis in mellius. 
e) Reformatio in pejus. 
 
07 – (FCC – 2012 – TJ-GO – JUIZ ESTADUAL) 
De acordo com a lei antidrogas, 
a) na determinação da quantidade de dias-multa, o juiz não poderá levar 
em conta a natureza e a quantidade da substância ou do produto, mas 
apenas a personalidade e a conduta social do agente. 
b) no caso de posse de substância entorpecente para consumo pessoal, 
incabível a imposição de multa, ainda que se recuse injustificadamente o 
agente a cumprir a medida educativa fixada. 
c) a multa será fixada em valor não inferior a um salário mínimo nem 
superior a trezentos e sessenta salários mínimos. 
d) se o juiz, em virtude da situação econômica do acusado, considerar a 
multa ineficaz, poderá aumentá-la até o triplo. 
e) em caso de concurso de crimes, as multas serão impostas 
cumulativamente. 
 
08 – (FCC – 2012 – DPE-SP – DEFENSOR PÚBLICO) 
Em relação à Lei Federal no 11.343/06, que estabelece o Sistema 
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, é correto afirmar que 
a) o comando legal que vedava a conversão da pena privativa de 
liberdade em restritiva de direitos no crime de tráfico teve sua execução 
suspensa por resolução do Senado Federal. 
b) a conduta de guardar, para consumo próprio, drogas em desacordo 
com determinação legal e regulamentar, configura mera infração 
administrativa. 
c) o informante que colabora com grupo que, sem autorização ou em 
desacordo com a legislação regulamentar, se dedica à venda de drogas, 
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responde pelo mesmo tipo pena em que incorrerá o grupo vendedor, visto 
que sistema penal pátrio adota a teoria monista. 
d) por se tratar de norma penal em branco, a legislação delegou a órgão 
do Poder Executivo Federal a definição de critério quantitativo rígido para 
fins de distinção da conduta do usuário e do traficante. 
e) a lei em questão prevê pena privativa de liberdade para aquele que 
conduz veículo automotor, embarcação ou aeronave após o consumo de 
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. 
 
09 - (FUNCAB – 2013 – PC-ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) 
Cleverson, vulgarmente conhecido como “Pão com Ovo”, antigo traficante 
de drogas ilícitas, continuou a dar as ordens a sua quadrilha, mesmo 
estando encarcerado em um presídio de segurança máxima. Logo, “Pão 
com Ovo”: 
a) deve responder como autor intelectual do crime de tráfico de drogas, 
mesmo não praticando atos de execução deste crime. 
b) deve responder como partícipe por cumplicidade material do crime de 
tráfico de drogas, em face de não praticar atos de execução deste crime. 
c) deve responder como autor direito do crime de tráfico de drogas, 
mesmo não praticando atos de execução deste crime. 
d) deve responder como partícipe por cumplicidade intelectual do crime 
de tráfico de drogas, em face de não praticar atos de execução deste 
crime. 
e) não pode responder por crime algum, em face de estar preso. 
 
10 - (FUNCAB – 2013 – PC-ES – DELEGADO DE POLÍCIA) 
João morava em uma comunidade onde havia comércio ilegal de cannabis 
sativa, razão por que era constante a ação da polícia no local. “Dedinho”, 
responsável pelo comércio ilegal de drogas na comunidade, objetivando 
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não ser incomodado em suas vendas, e buscando não perder a sua 
mercadoria, contratou João para soltar rojões quando os policiais 
chegassem à entrada da comunidade, o que se deu por muitas vezes. 
Assim, João: 
a) praticou o crime de associação para o tráfico de drogas ilícitas (artigo 
35 da Lei n° 11.343/2006). 
b) praticou o crime de quadrilha ou bando (artigo 288 do CP). 
c) colaborou como informante do tráfico de drogas ilícitas (artigo 37 da 
Lei n° 11.343/2006). 
d) deve responder como partícipe do tráfico de drogas ilícitas (artigo 33 
da Lei n° 11.343/2006). 
e) deve responder como coautor do tráfico de drogas ilícitas (artigo 33 da 
Lei n° 11.343/2006). 
 
11 - (VUNESP – 2014 – PC-SP – ESCRIVÃO) 
Dentre as penas previstas pela Lei n.º 11.343/2006, para quem adquirir, 
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo 
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, encontra-se a: 
a) prisão domiciliar. 
b) advertência sobre os efeitos das drogas 
c) prisão civil 
d) prisão preventiva 
e) detenção de 6 meses a um ano e multa. 
 
12 - (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA) 
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Julgue os itens a seguir, tendo como referência as disposições da Lei n.º 
11.343/2006 (Lei Antidrogas), da Lei n.º 10.826/2003 e suas alterações 
(Estatuto do Desarmamento), e da Lei n.º 8.069/1990 (ECA). 
Ainda que presentes os requisitos subjetivos e objetivos previstos no 
Código Penal, é vedado ao juiz substituir a pena privativa de liberdade por 
pena restritiva de direitos na hipótese de condenação por tráfico ilícito de 
drogas. 
 
13 - (FGV – 2008 – SENADO FEDERAL – ADVOGADO) 
Relativamente à lei que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre drogas (Lei 11.343/2006), analise as afirmativas a seguir: 
I. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar só poderá ser submetido às 
seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de 
serviços à comunidade ou medida educativa de comparecimento a 
programa ou curso educativo. 
II. As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, 
conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a 
legislação em vigor. 
III. O juiz, na fixação das penas dos crimes previstos na Lei 11.343/2006, 
considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código 
Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente. 
IV. É crime a associação de duas ou mais pessoas para o fim de praticar, 
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput 
e § 1o, e 34 da Lei 11.343/2006. 
Assinale: 
a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 
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b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 
c) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas. 
d) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas. 
e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
 
14 - (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - 
PRIMEIRA FASE) 
O Art. 33 da Lei n. 11.343/06 (Lei Antidrogas) diz: “Importar, exportar, 
remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, 
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e 
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.” 
Analisando o dispositivo acima, pode-se perceber que nele não estão 
inseridas as espécies de drogas não autorizadas ou que se encontram em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
Dessa forma, é correto afirmar que se trata de uma norma penal 
a) em branco homogênea. 
b) em branco heterogênea. 
c) incompleta (ou secundariamente remetida). 
d) em branco inversa (ou ao avesso). 
 
15 - (FGV - 2008 - TJ-PA – JUIZ) 
A respeito da Lei 11.343/2006, assinale a afirmativa incorreta. 
a) Prevê a redução de pena de um sexto a um terço para os crimes 
definidos no caput e no parágrafo primeiro do art. 33, quando o agente 
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for primário, de bons antecedentes e não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. 
b) Tipifica em separado, no art. 37, a conduta de quem colabora, como 
informante, com grupo criminoso destinado ao tráfico de drogas (art. 33). 
c) Prevê o aumento de pena de um sexto a dois terços para o crime de 
tráfico (art. 33) quando o agente financiar a prática do crime. 
d) Criminaliza a conduta de quem conduz aeronave após o consumo de 
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade alheia no art. 39. 
e) Permite que o condenado por tráfico de drogas (art. 33) obtenha 
livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, se 
não for reincidente específico. 
 
16 - (FGV - 2008 - TJ-PA – JUIZ) 
Oferecida denúncia em face do acusado, pela prática do crime de expor à 
venda drogas (artigo 33 da Lei 11.343/06), caberá ao juiz: 
a) designar audiência de instrução e julgamento, mandar citar o réu e 
notificar o Ministério Público e as testemunhas. 
b) examinar se há justa causa para a ação penal e em seguida receber a 
denúncia. 
c) designar audiência do acusado e, após o interrogatório, receber a 
denúncia caso constate que há justa causa para a ação penal. 
d) rejeitar desde logo a denúncia, pois se aplica aqui o procedimento da 
Lei 9.099/95. 
e) ordenar a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por 
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
 
17 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - 
ESPECÍFICOS) 
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Caso, em juízo, o usuário de drogas se recuse, injustificadamente, a 
cumprir as medidas educativas que lhe foram impostas pelo juiz, este 
poderá submetê-lo, alternativamente, a admoestação verbal ou a 
pagamento de multa. 
 
18 - (CESPE - 2011 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA - 
ESPECÍFICOS) 
A conduta de porte de drogas para consumo pessoal possui a natureza 
de infração sui generis, porquanto o fato deixou de ser rotulado como 
crime tanto do ponto de vista formal quanto material. 
 
19 - (CESPE - 2009 - SEJUS-ES - AGENTE PENITENCIÁRIO) 
De acordo com a legislação que tipifica o tráfico ilícito e o uso indevido 
de drogas, são consideradas entorpecentes aquelas capazes de produzir 
dependência física ou psíquica, constantes nas relações publicadas em 
conjunto com a lei específica, por esta constituir norma penal em branco. 
 
20 - (CESPE - 2010 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) 
Em relação ao crime de tráfico de drogas, considera-se, tráfico 
privilegiado o praticado por agente primário, com bons antecedentes 
criminais, que não se dedica a atividades criminosas nem integra 
organização criminosa,sendo-lhe aplicada a redução de pena de um 
sexto a dois terços, independentemente de o tráfico ser nacional ou 
internacional e da quantidade ou espécie de droga apreendida, ainda que 
a pena mínima fique aquém do mínimo legal. 
 
21 - (CESPE - 2008 - STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
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Quem tiver em depósito, para consumo pessoal, drogas sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar poderá ser 
submetido a prestação de serviços à comunidade, a qual, em prol da 
dignidade da pessoa humana, a fim de não causar situação vexatória ao 
autor do fato, não poderá ser cumprida em entidades que se destinem à 
recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
 
22 - (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
A legislação descriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, tem em 
depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, drogas sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
Atualmente, o usuário de drogas será isento da aplicação de pena e 
submetido a tratamento para recuperação e reinserção social. 
 
23 - (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
É atípica a conduta do agente que semeia plantas que constituam 
matéria-prima para a preparação de drogas, ainda que sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
 
24 - (CESPE – 2013 – DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO) 
Considere que um indivíduo esteja sendo investigado pela prática do 
crime de tráfico ilícito de entorpecentes, tendo o delegado pedido a sua 
prisão temporária pelo prazo de trinta dias. Nessa situação, caso seja 
deferida, a prisão temporária não poderá ultrapassar o prazo máximo de 
quinze dias. 
 
25 - (CESPE – 2014 – TJ/SE – TÉCNICO) 
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Julgue os próximos itens, acerca da prisão temporária e das disposições 
do CPP a respeito do juiz. 
Não é cabível a decretação de prisão temporária de indivíduo que 
participe de organização criminosa para tráfico de drogas sintéticas, uma 
vez que o tráfico de drogas não está inserido no rol dos delitos para os 
quais se autoriza tal espécie de custódia cautelar. 
 
26 - (CESPE – 2014 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE) 
A respeito da prisão temporária, julgue o item que se segue. 
Nos crimes de tráfico de drogas, em caso de necessidade extrema 
comprovada, poderá ser decretada a prisão temporária pela autoridade 
policial, que terá o prazo de vinte e quatro horas para comunicar a prisão 
e encaminhar a representação pertinente ao juiz competente. 
 
27 - (CESPE – 2014 – TJ-SE – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) 
Em caso de crime de tráfico de drogas, não se admite a substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, ainda que o réu seja 
primário, com bons antecedentes e não se dedique a atividade criminosa 
nem integre organização criminosa. 
 
28 - (CESPE – 2014 – TJ-SE – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) 
Se uma substância psicotrópica for retirada da lista de uso proscrito da 
autoridade sanitária competente, o princípio da aplicação da 
retroatividade da lei penal mais benéfica levaria atipiciadade da conduta 
no caso de crime de porte e tráfico de drogas cometido antes da exclusão 
da substância da lista mencionada. 
 
29 - (CESPE – 2014 – TJ-DF – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) 
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Réu condenado pelo crime de tráfico ilícito de drogas, reincidente em 
razão de condenação anterior transitada em julgado pelo crime de furto, 
deve cumprir dois quintos da pena para que possa progredir de regime. 
 
30 - (FUNIVERSA – 2009 – PC-DF – DELEGADO – ADAPTADA) 
O entendimento do STF a respeito da posse de drogas para consumo 
pessoal não implicou abolitio criminis; houve uma despenalização, 
entendida como exclusão, para o tipo, das penas privativas de liberdade. 
 
31 - (CESPE – 2015 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO) 
Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com Carla, sua 
parceira eventual, substância entorpecente que traga consigo para uso 
pessoal, julgue os itens que se seguem. 
Carlo responderá pela prática do crime de oferecimento de substância 
entorpecente, sem prejuízo da responsabilização pela posse ilegal de 
droga para consumo pessoal. 
 
32 - (CESPE – 2015 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO) 
Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com Carla, sua 
parceira eventual, substância entorpecente que traga consigo para uso 
pessoal, julgue os itens que se seguem. 
A conduta de Carlo configura crime de menor potencial ofensivo. 
 
33 - (CESPE – 2013 – PC-DF – AGENTE) 
Um indivíduo que consuma maconha e a ofereça aos seus amigos durante 
uma festa deverá ser considerado usuário, em face da eventualidade e da 
ausência de objetivo de lucro. 
 
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34 - (CESPE – 2013 – TJ-BA – TITULAR NOTARIAL) 
Tendo em vista que a Lei n.º 11.343/2006 tipifica as condutas de 
adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, e que tal norma optou por afastar a 
pena privativa de liberdade para o usuário de substância entorpecente, 
alterando o paradigma penal então existente acerca da figura do usuário 
de drogas, assinale a opção que apresenta pena aplicável ao usuário, 
após sentença condenatória, nos termos da supracitada norma. 
a) prestação de serviços à comunidade 
b) proibição de frequentar determinados lugares 
c) restrição de fim de semana 
d) prisão domiciliar 
e) recolhimento noturno 
 
35 - (CESPE – 2013 – PC-DF – ESCRIVÃO) 
Julgue os itens subsecutivos, referentes ao Estatuto do Idoso (Lei n. o 
10.741/2003) e ao Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas 
(Lei n. o 11.343/2006). 
Será isento de pena um namorado que ofereça droga a sua namorada, 
eventualmente e sem objetivo de lucro, para juntos eles a consumirem. 
 
36 - (CESPE – 2013 - MPE-RO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 
ADAPTADA) 
Prescinde da efetiva transposição das fronteiras estaduais a incidência da 
causa legal de aumento de pena prevista para o tráfico de droga entre 
estados da Federação. 
 
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37 - (CESPE – 2013 - MPE-RO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 
ADAPTADA) 
Configura crime de associação para o tráfico o ato de se associar 
esporadicamente para a traficância, dada a gravidade da conduta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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01 - (CESPE - 2008 - OAB-SP - EXAME DE ORDEM - 1 - PRIMEIRA 
FASE) 
Alguém que tenha, em sua residência, para consumo pessoal, 
substância entorpecente, sem autorização legal, pratica, segundo 
a nova legislação sobre

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