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Direito Processual Civil Aula 00-04

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Aula 00
Direito Processual Civil p/ Polícia Civil-DF (Delegado)
Professor: Gabriel Borges
 Direito Processual Civil ʹ PC DF 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 45 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ DELEGADO DA PC-DF 
 
AULA 00: JURISDIÇÃO 
 
Apresentação do curso 
Primeiramente, quero dizer que é um grande prazer encarar este desafio com 
vocês. Faremos um curso de teoria e exercícios voltado para o concurso do DELEGADO 
DA PC-DF. 
Faremos um curso bastante didático, deixando de lado a linguagem 
excessivamente técnica e a formalidade. Utilizaremos recursos visuais: marcadores de 
texto, negrito e muitas questões de concurso, no corpo da aula, bem como ao final. 
As questões são de provas passadas e eventualmente inéditas (elaboradas pelo 
próprio professor). O objetivo é preparar o candidato para resolução de questões no grau 
de complexidade que a banca tem atribuído aos certames mais concorridos. 
O curso visa a preparar os candidatos para o cargo de DELEGADO. Será um 
curso de 04 encontros, além deste, em que iremos trabalhar todo o conteúdo exigido pela 
FUNDAÇÃO UNIVERSA, por meio de teoria e exercícios de concursos anteriores. Além 
das questões elaboradas pela FUNDAÇÃO UNIVERSA, resolveremos questões de outras 
bancas, para darmos ao conteúdo um tratamento completo e com foco na sua preparação 
para o certame. 
 Sobre o Prof. Gabriel Borges 
O Professor Gabriel Borges graduou-se em Jornalismo e Direito, cursou pós-
graduação em Direito Público e Mestrado em Relações Internacionais. Em 2008 foi 
aprovado no concurso de Analista de Comércio Exterior, sendo lotado de imediato no 
Gabinete do Ministro, onde trabalhou com a redação de pronunciamentos para 
autoridades do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Realizou 
estudos na Escola Superior de Guerra – ESG, e em julho de 2011 tornou-se o primeiro 
servidor do ciclo de gestão a integrar a Consultoria Jurídica junto ao MDIC. No ano de 
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 Direito Processual Civil ʹ PC DF 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 45 
 
2012, foi aprovado para o cargo de Consultor Legislativo do Senado. Em maio de 2014, 
tomou posse no Senado. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Este curso é protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os 
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe 
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 
 
 
 
 Vamos ao nosso cronograma. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ DELEGADO DA PC-D 
AULA CONTEÚDO DATA 
Aula 0 
Jurisdição: natureza; conceito; características; 
espécies; problemática da jurisdição voluntária; 
princípios; equivalentes jurisdicionais (autotutela, 
autocomposição, mediação e arbitragem). 
8/1 
Aula 1 
Competência. Conceito, critérios de distribuição, 
espécies. Identificação do foro competente. 
Modificações (conexão, continência, prevenção), 
perpetuatio jurisdictionis, conflitos positivos e 
negativos. Competência interna e internacional 
(concorrente e exclusiva), homologação de 
sentença estrangeira. Competência da justiça 
federal. 
15/1 
Aula 2 
Estrutura constitucional (poder judiciário, 
organização judiciária, atividade jurisdicional, 
atividades essenciais à justiça); Jurisdição 
constitucional das liberdades e seus principais 
mecanismos: habeas corpus no processo civil; 
mandado de segurança individual e coletivo; 
22/1 
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 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 00 
 
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habeas data; ação popular; ação civil pública; 
natureza, conceitos, hipóteses de cabimento e 
detalhes procedimentais de cada modalidade. 
Aula 3 
Continuação da Aula 02. Tutela. Tutelas jurídica e 
jurisdicional; tutelas processual e satisfativa; 
tutelas inicial e final. Tutelas de urgência: conceito, 
espécies, extensão, profundidade. Antecipação 
dos efeitos da tutela: natureza, conceito, 
características e limites. 
29/1 
Aula 4 
Tutela cautelar: natureza e conceito; distinção em 
relação à antecipação de tutela. Poder geral de 
cautela. Cautelares inominadas: pressupostos, 
espécies, procedimento cautelar. Cautelares 
nominadas (detalhes e procedimentos): arresto, 
sequestro, caução, busca e apreensão, exibição, 
produção antecipada de provas, protestos, 
notificações e interpelações, atentado. 
5/2 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Apresentação 02 
2. Cronograma 03 
3. Capítulo I: Jurisdição 
Introdução 
1. Equivalentes Jurisdicionais 
1.1. Classificação 
1.1.1 Jurisdição voluntária versus jurisdição contenciosa 
1.1.2. Classificação dos procedimentos de jurisdição 
voluntária 
1.2. Escopos da jurisdição 
1.3. Princípios inerentes à jurisdição 
1.3.1. Investidura 
1.3.2. Territorialidade 
1.3.3. Indelegabilidade 
06 
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1.3.4. Inevitabilidade 
1.3.5. Inafastabilidade 
1.3.6. Juiz Natural 
1.4. Características 
4. Resumo 33 
5. Questões comentadas 36 
6. Lista das questões apresentadas 42 
7. Gabarito 43 
8. Bibliografia 44 
 
CAPÍTULO I: DA JURISDIÇÂO 
 
São quatro os institutos que estruturam o processo civil, a saber: a jurisdição, a 
ação, a defesa e o processo. Eles são elementos nucleares para a ciência processual, 
pois possuem uma relação direta ou indiretamente com as demais normas. 
 
JURISDIÇÃO 
 
AÇÃO 
 
DEFESA 
 
PROCESSO 
É uma atividade típica do 
Estado, em que o juiz 
busca pacificar os litígios, 
aplicando, ao caso 
concreto, normas legais. 
Direito de iniciar, 
participar e obter, do 
Poder Judiciário, 
uma resposta ao 
processo. 
Direito de 
resposta – 
ampla defesa e 
contraditório. 
Encadeamento 
de atos que visa 
um fim – resposta 
judicial ao pedido 
formulado. 
 
 INTRODUÇÃO 
O conflito é uma característica inerente do ser humano. Quando não havia um 
Estado organizado, a solução dos conflitos dava-se pela atuação dos próprios 
interessados - aquele que dispusesse de maior força ou sagacidade vencia a disputa. A 
solução dos conflitos consolidava-se, desse modo, por instrumentos parciais. 
A partir da consolidação do Estado, passou a existir um poder central para a 
solução dos conflitos, o poder estatal. Ao poder judiciário, não participante do litígio, 
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portanto imparcial, atribuiu-se a função de aplicar a lei, em regra abstrata, em busca da 
pacificação social. Atribuiu-se a ele o chamado poder jurisdicional. 
Percebam, então, que a consolidação de um poder central veio acompanhada de 
um sistema que desse segurança jurídica à sua população, sob risco de o poder central 
ser mera peça de manobra de forças preponderantes. 
São duas figuras indissociáveis: 1) O Poder Central (Estatal) e 2) a instituição de 
um controle imparcial da conduta dos jurisdicionados. Imaginem a existência de uma 
sociedade onde não há segurança jurídica, onde não se sabe ao certo como garantir a 
propriedade sobre seus bens e a justeza no conflito com seus pares... Esse cenário 
impediria os indivíduos de buscarem prosperidade porque estariam voltados, a todo 
momento, para questões de segurança. A jurisdição veio dar ao Estado a legitimidade 
para agir em nome do interesse público e ao jurisdicionado a segurança jurídica para 
prosperar. 
Em seu conceito tradicional, jurisdição é o poder de resolver um conflito entre as 
partes, substituindo a vontade delas pela da lei. Ela tem como característica a 
substitutividade, que consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao solucionar a 
lide, estaria substituindo a vontade das partes, proibindo a elas de estarem, em regra, 
fazendo valer a justiça do mais forte. No entanto, não é somente quando há conflito entre 
as partes que o poder estatal atua, nem é sempre que há substituição da vontade das 
partes. 
Na concepção moderna, jurisdição é a atuação estatal ao caso concreto; uma 
atuação com caráter de definitividade – diz respeito à imutabilidade da sentença, que faz 
coisa julgada material –, objetivando a pacificação social. 
Assim, a jurisdição consiste no poder conferido ao estado, por meio dos seus 
representantes, de atuar no caso concreto quando há situação que não pôde ser dirimida 
no plano extrajudicial, revelando a necessidade da intervenção do estado para que a 
pendenga estabelecida seja solucionada. 
De modo sucinto, Marcus Vinícius R. Gonçalves define Jurisdição como a: 
“Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos de interesse em 
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caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos”. 
(Direito Processual Civil Esquematizado). 
Há entendimento da doutrina de que o poder jurisdicional não se restringe a dizer 
o direito (juris-dicção), alcança também a imposição do direito (juris-satisfação). 
Obviamente, não é suficiente esperar que o Estado apenas diga o caminho a ser trilhado, 
espera-se que o poder estatal faça o direito ser efetivamente aplicado. Por isso, o Estado-
juiz, por meio do seu poder jurisdicional, tem a capacidade de impor suas decisões. É um 
poder coativo. 
Dúvida: Qual dos três poderes, da clássica divisão montesquiana, é responsável 
pela jurisdição? Ela é atribuída ao poder judiciário como função típica, mas também a 
outros poderes, como função atípica. Exemplo: processo de impeachment, que pode ser 
conduzido pelo legislativo, ou das sindicâncias, pelo poder executivo. 
“A jurisdição é função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o 
Direito de modo imperativo (b) e criativo (c), 
reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (d) 
concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle 
externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g).” (Curso de 
Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie, pág. 83) 
Esse conceito moderno apresentado por Didier deve ser analisado, pois está de 
acordo com a realidade das transformações por que passou o Estado. Vejamos cada 
elemento elencado no conceito. 
a) Terceiro imparcial: na solução da lide utiliza-se a técnica de 
heterocomposição – o conflito é solucionado por um agente exterior à 
relação conflituosa original. Os sujeitos do processo submetem a terceiro seu 
conflito, em busca de solução. Chiovenda chama essa heterocomposição de 
substutividade, sendo esta a característica que diferencia jurisdição das outras 
funções estatais. 
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Ok! E o que é substutividade? Bem pessoal, como falamos há pouco a 
substitutividade consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao solucionar a lide, 
está substituindo a vontade das partes, já que elas estariam proibidas de, em regra, fazer 
valer a justiça do mais forte (característica do conceito de jurisdição tradicional). 
 
É importante não se confundir neutralidade com imparcialidade. Neutralidade é o 
mito que se sustenta na possibilidade de o juiz não ter vontade inconsciente; segundo a 
qual predominaria a vontade dos sujeitos processuais e não o interesse geral da justiça. 
A imparcialidade, por seu turno, determina que o magistrado não pode ter 
interesse na lide, bem como possui o dever de tratar as partes com igualdade, garantindo 
o contraditório em paridade de armas. 
b) Manifestação de Poder: a jurisdição coloca-se de modo imperativo, aplicando 
o direito a situações que são levadas ao Estado, ao órgão jurisdicional. 
c) Atividade criativa: “cria-se a norma jurídica do caso concreto, bem como se 
cria, muitas vezes, a própria regra abstrata que deve regular o caso concreto.” 
(Curso de Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie, pág. 86). As 
normas não são capazes de determinar todas as decisões dos Tribunais. Há 
necessidade de interpretação ou confirmação da consistência dos textos 
normativos quando aplicados ao caso concreto. Dessa forma, cabe aos 
Tribunais interpretar, construir e distinguir os casos para formulação da 
decisão. Eles exercem um papel singular na produção normativa. 
(TJ ES 2011) Acerca da função jurisdicional, da ação e suas características, julgue o 
item seguinte. 
A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-se a vontade 
privada por uma atividade pública. 
a) Certo 
b) Errado 
Gabarito: Certo 
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d) Técnica de tutela: a jurisdição é considerada uma importante técnica de 
tutela de direitos. A proteção jurídica deve contemplar todas as situações 
jurídicas. 
e) Situação jurídica concreta: a jurisdição atua em situações concretas. 
Exemplo: ameaça de lesão a direitos (em que se requer uma tutela inibitória). 
f) Impossibilidade de controle externoda função jurisdicional: uma das 
características da função jurisdicional é a capacidade de produzir a última 
decisão sobre o caso concreto deduzido em juízo: ao caso aplica-se o Direito 
sem que aja possibilidade de apreciação, controle de outro poder. A jurisdição 
é controlada, somente, pela própria jurisdição. 
g) Aptidão para tornar-se indiscutível: sabemos que a coisa julgada é uma 
situação jurídica referente às decisões jurisdicionais, exclusivamente. Só uma 
decisão judicial pode vir a ser indiscutível e imutável pela coisa julgada 
material. No entanto, não podemos deduzir que somente haverá jurisdição se 
houver coisa julgada, pois esta é uma opção política do Estado. Há casos em 
que o legislador não retira das decisões a aptidão de submeter-se à coisa 
julgada, mas isso não aniquila a jurisdicionalidade das decisões. Ora, a coisa 
julgada é um elemento a posteriori da decisão e, portanto, não pode ser 
elemento ou característica de existir da decisão. É fato que somente a 
jurisdição possui a característica da definitividade – diz respeito ao caráter de 
imutabilidade da sentença, que faz coisa julgada material (característica do 
conceito moderno de jurisdição). 
No intuito de preencher todas as possíveis formas de ser cobrado o conceito de 
jurisdição, vamos compreendê-lo de uma outra perspectiva. A doutrina diz que a 
jurisdição é o poder que o estado avocou para si de dizer o direito, de fazer justiça, em 
substituição aos particulares. Podemos, na realidade, dizer que a jurisdição é poder, 
função e atividade. É poder devido à capacidade de imposição das decisões às partes 
pelo Estado – o poder decorre da potestade (força para impor sua decisão) do Estado 
exercida de maneira definitiva sobre as partes litigantes. Função por cumprir a finalidade 
de fazer valer a ordem jurídica em face de um conflito. Por último, é atividade por 
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consistir em uma série de manifestações (atos) externas e ordenadas que resultam na 
declaração do direito e na concretização do que foi pleiteado. 
Atente-se para o fato de que o poder da jurisdição se subdivide em três espécies: 
o poder de decisão, o de coerção e o de documentação. No poder de decisão, o Estado-
juiz deve conhecer a pendenga judicial, colher provas e decidi-la. É o poder do Estado- 
juiz de analisar, verificar e decidir o litígio – poder de decisão. O segundo [de coerção], diz 
respeito ao poder do Estado-juiz em impor à parte vencida o cumprimento da decisão por 
ele proferida. O poder de documentação, por sua vez, ocorre quando o Estado-juiz 
documenta os atos processuais. 
Vejamos como o tema já foi abordado em prova. 
(DPE BA) No Direito Processual Civil Brasileiro, a jurisdição compreende três 
poderes, que são o de 
A) decisão, o de coerção e o de documentação. 
B) coerção, o de documentação e o de exposição. 
C) documentação, o de exposição e o de disposição. 
D) exposição, o de disposição e o de decisão. 
E) disposição, o de decisão e o de coerção. 
Gabarito: A 
 
1. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS 
O Estado não detém exclusividade na solução de conflitos. Existem formas 
alternativas: autotutela, autocomposição, arbitragem. 
A autotutela (autodefesa) é a forma mais antiga de se resolver conflitos. Ocorre 
o sacrifício integral do interesse de uma das partes, pelo uso da força da outra parte. 
Assim, a autotutela ocorre quando a própria parte busca afirmar seu interesse impondo-o 
à parte contrária. Podemos considerar que a autotutela, de certo modo, permite o 
exercício de coerção por um particular em defesa de seus interesses. Modernamente, 
tem-se buscado restringir as formas de exercício da autotutela, transferindo para o Estado 
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as diversas formas de coerção. O Direito prevê casos excepcionais em que pode ser 
empregada: legítima defesa (art. 188, I, do CC), desforço imediato no esbulho (art. 1.210, 
parágrafo 1o do CC). A autotutela pode ser totalmente revista pelo poder judiciário. 
A autocomposição consiste no acordo entre as partes envolvidas no conflito 
para chegar a uma solução, ou seja, o conflito é solucionado pelas partes sem a 
intervenção de agentes externos no processo de pacificação da lide. A autocomposição 
ocorre quando há o despojamento unilateral em favor de outrem (da vontade por este 
almejada); quando há aceitação ou resignação de um dos sujeitos aos interesses do outro 
ou quando há concessão recíproca efetuada pelas partes. Em tese, não há de se falar em 
coerção dos indivíduos. 
As modalidades de autocomposição são três: renúncia, aceitação 
(resignação/submissão) e a transação. A renúncia ocorre quando o titular do direito, 
unilateralmente, dele de despoja em favor de outrem. A aceitação, por sua vez, ocorre 
quando um dos sujeitos reconhece o direito do outro, passando a guiar-se pela plena 
consonância com este reconhecimento. Já a transação ocorre quando os sujeitos que se 
consideram titulares do direito pleiteado solucionam a lide por meio de concessões 
recíprocas. 
A arbitragem é uma técnica de solução de conflitos em que as partes buscam em 
uma terceira pessoa a solução do litígio. Dessa forma, a arbitragem ocorre quando a 
fixação da solução da lide entre as partes é entregue a um terceiro, denominado árbitro, 
em geral escolhido pelas partes. 
No direito brasileiro, a arbitragem somente pode se dirigir a acertamento de 
direitos patrimoniais disponíveis. É o que aduz o art. 1º da Lei 9.307/96 que regula a 
arbitragem: “as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir 
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.” 
A arbitragem possui caráter voluntário podendo ser de direito ou de equidade, a 
critério das partes, que poderão escolher, livremente, as regras de direito que serão 
aplicadas, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. 
Igualmente, poderão as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos 
princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. 
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As partes interessadas podem, por exemplo, submeter a solução de seus litígios ao 
juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula 
compromissória e o compromisso arbitral. 
A cláusula compromissória (prévia e abstrata) é a convenção por meio da qual as 
partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam 
vir a surgir, relativamente a tal contrato. Deve ser estipulada por escrito, podendo estar 
inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira. 
Nos contratos de adesão, a cláusula compromissóriasó terá eficácia se o aderente 
tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua 
instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura 
ou visto especialmente para essa cláusula. 
A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver 
inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da 
cláusula compromissória. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das 
partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem 
e do contrato que contenha a cláusula compromissória. 
Já o compromisso arbitral (posterior e concreta) é o estabelecimento posterior ao 
conflito que esse será solucionado por meio da arbitragem. 
Art. 6º da Lei 9.307/96: Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a 
arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à 
arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante 
comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o 
compromisso arbitral. 
O compromisso arbitral pode ser judicial ou extrajudicial. O compromisso arbitral 
judicial celebra-se por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a 
demanda. O compromisso arbitral extrajudicial é celebrado por escrito particular, assinado 
por duas testemunhas, ou por instrumento público. 
Obs.: brevemente falemos da mediação: A mediação é uma conduta pela qual um 
terceiro coloca-se entre as partes e tenta conduzi-los à solução autocomposta. Didier 
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aduz “tratar-se de uma técnica para catalisar a autocomposição” (Curso de Direito 
Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie, pág. 94). 
 
1.1. CLASSIFICAÇÃO 
A jurisdição é una e indivisível, mas é comum dividi-la para efeitos didáticos, 
quanto ao objeto, à hierarquia, ao órgão. Também é dividida em contenciosa e voluntária. 
Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser civil ou penal. São de natureza civil todas 
as que não tenham caráter penal. Há doutrinadores que discordam da limitação a essas 
duas espécies e incluem as outras esferas jurisdicionais na classificação: trabalhista, 
penal militar, eleitoral. 
Quanto à hierarquia, classifica-se em inferior ou superior. Inferior é a que tem a 
chamada competência originária, ou seja, que recebe o processo primeiro; a superior tem 
atuação recursal. 
Relativamente ao órgão que a exerce, poderá ser especial e comum. Especial é 
definida pela Constituição Federal com base na matéria a ser tratada: Justiça Eleitoral, 
Justiça do Trabalho e Justiça Militar; sendo a comum todo o restante (daí, falar-se em 
competência residual). A Justiça Comum é composta pela Justiça Federal e pela Justiça 
Estadual. 
 
 
 JURISDIÇÃO: pode ser nacional ou internacional. Vejamos: 
 
 
Jurisdição Nacional: UNA 
 
Jurisdição Internacional 
 
Jurisdição Comum 
Jurisdição Federal e Estadual. Dividem-se em 
jurisdição civil e penal. 
Jurisdição Especial 
Jurisdição trabalhista, eleitoral e militar. 
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 Jurisdição UNA: Adotada no Brasil: Poder Judiciário exerce a jurisdição com 
exclusividade (causas comuns e administrativas). As causas que envolvem o Estado 
são julgadas pelo Poder Judiciário. 
 
 Jurisdição DUAL: Adotada, por exemplo, na França. Tribunais Judiciários (causas 
comuns) e Tribunais Administrativos (causas administrativas). As causas que 
envolvem o Estado são julgadas pelo Poder Administrativo. 
 
A jurisdição também poderá ter natureza contenciosa ou voluntária. Essa é a 
única divisão abordada no CPC. Contenciosa é a rotineira; enquanto na voluntária não há, 
em tese, conflito de interesses (exemplo: homologação de acordo previamente firmado 
entre as partes). Nessa espécie, o interessado ou interessados buscam a prestação 
jurisdicional do Estado quando não podem alcançar seus objetivos sozinhos. 
Em prova, vejam como foi cobrado o assunto: 
(TJ – CE 2011/ Adaptada) Sobre jurisdição e ação é correto dizer que: 
a) Pelo princípio da aderência os juízes e tribunais exercem a atividade 
jurisdicional apenas no território nacional. Essa atividade é repartida de 
acordo com as regras de competência. 
COMENTÁRIOS: 
 A questão está correta. Percebam que o princípio da aderência ligado ao princípio 
internacional da não ingerência em assuntos de outros povos impõe os limites territoriais 
do País para exercício da jurisdição pelo Estado-juiz nacional. 
Gabarito: A 
 
1.1.1. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA VERSUS JURISDIÇÃO CONTENCIOSA 
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Art. 1° do CPC: A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos 
juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece. 
Como falamos, a jurisdição pode ser: contenciosa ou voluntária. Vejamos cada 
uma delas. 
Em regra, a jurisdição contenciosa decorre de processo judicial. Ela é marcada 
pelo litígio entre as partes, que, por sua vez, termina com a sentença de mérito. Sua 
decisão pode ser, e comumente o é, traumática porque beneficia uma das partes 
somente, causando prejuízo à outra. 
A jurisdição voluntária, também conhecida como administrativa ou integrativa, é 
uma atividade estatal de integração e fiscalização. Em verdade, não é voluntária: há 
obrigatoriedade, em regra, de participação do Poder Judiciário para integrar as vontades 
e, dessa maneira, tornar apta a produção de seus efeitos. 
As garantias fundamentais do processo são aplicadas à jurisdição voluntária e 
também aos magistrados, que estão atrelados a dois elementos: 
a) Inquisitoriedade: o magistrado poderá decidir de modo contrário à vontade 
das partes. 
b) Possibilidade de decisão fundada em equidade (art. 1.109 do CPC): não 
se observa na decisão a legalidade estrita. A sentença é baseada nos critérios de 
conveniência e oportunidade. O órgão jurisdicional tem ampla discricionariedade na 
condução e na decisão do processo em jurisdição voluntária. 
 
1.1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
1 – Receptícios: a atividade judicial limita-se a registrar, documentar ou 
comunicar manifestações de vontade. Exemplo: notificações, protestos. 
2 – Probatórios: a atividade jurisdicional limita-se à produção da prova. Exemplo: 
justificação. 
3 – Declaratórios: o magistrado limita-se a declarar a existência ou inexistência 
de uma situação jurídica. Exemplo: da posse em nome do nascituro. 
4 – Constitutivos: a criação, modificação ou extinção de uma situação jurídica 
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dependem da concorrência da vontade do magistrado, por meio de autorizações, 
homologações, aprovações. Exemplo: interdição. 
5 – Executórios: o magistrado deve exercer uma atividade prática que modifica o 
mundo exterior. Exemplo: alienações de coisas. 
6 – Tutelares: a proteção de interesses de determinadas pessoas que se 
encontram em situação de desamparo é confiada ao Poder Judiciário – poderá instaurar 
os procedimentos ex officio. Exemplo: Nomeação de curadores. 
 
 Jurisdição voluntária como administração pública de interesses privados 
 
Quanto à natureza da jurisdição voluntária, há divergência se 
ela é de administração pública de interesses privados ou se de 
atividade jurisdicional. 
a) Como administração pública – linha que tem crescido na 
doutrina brasileira – parte-se do pressuposto de que a jurisdição 
voluntária não é jurisdição, mas sim administração pública de interesse 
privado. 
Isso porque não existe lide a ser resolvida nem a possibilidade 
de substitutividade – o magistrado insere-se entre as partes do negócio 
jurídico e não as substitui. Além disso, por não ocorrer a jurisdição, não 
se falaria em coisa julgada, mas em preclusão. 
b) Como atividade jurisdicional: a jurisdição voluntária tem 
natureza de atividade jurisdicional. Pode ocorrer relação conflituosa 
nessa modalidade de jurisdição. 
Os casos de jurisdição voluntária são conflituosos em potencial 
e, por isso, submetem-se ao poder judiciário. 
Vamos, logo abaixo, analisar um pouco mais sobre esse 
assunto: jurisdição voluntária como administração pública de 
interesses privados e jurisdição voluntária como atividade jurisdicional. 
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Na doutrina brasileira, discute-se se a questão de que a jurisdição voluntária não 
seria jurisdição, mas administração pública de interesses privados realizada pelo Poder 
Judiciário. Essa construção doutrinaria parte da premissa, como exposto no quadro 
acima, de que a jurisdição voluntária, por não possuir lide a ser solucionada, não pode ser 
considerada jurisdição. 
Também não poderíamos falar em substitutividade uma das características da 
jurisdição, porque o juiz não substitui os sujeitos processuais, e, sim, insere-se entre os 
participantes do negócio jurídico. Desse modo, porque não há conflito, não existem 
sujeitos processuais, só meros interessados. 
Não havendo jurisdição, não haveria que se falar em ação nem em processo, mas 
em requerimento e procedimento. Igualmente, não existindo jurisdição, não há coisa 
julgada, mas preclusão. 
Essa corrente ainda fundamenta o seu pensamento no art. 1.111 do CPC: a 
sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem 
circunstâncias supervenientes. 
Diferenças doutrinárias acerca da jurisdição voluntária 
Ju
ri
sd
iç
ão
 v
o
lu
n
tá
ri
a 
 
 
Doutrina majoritária (clássica) 
 
Doutrina minoritária (moderna) 
Não há jurisdição Há jurisdição 
Não existem partes no processo, 
meros interessados 
Há partes 
Não há ação nem processo, mas 
requerimento e procedimento 
Há processo 
Não faz coisa julgada, mas preclusão Há coisa julgada 
É uma atividade administrativa É uma atividade jurisdicional 
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Não há substutividade; juiz é 
administrador 
Há substutividade: juiz é juiz 
 
Vejam como foi cobrado em prova: 
(TJ - ES 2011) A jurisdição civil pode ser contenciosa ou voluntária, esta também 
denominada graciosa ou administrativa. Ambas as jurisdições são exercidas por juízes, 
cuja atividade é regulada pelo Código de Processo Civil, muito embora a jurisdição 
voluntária se caracterize pela administração de interesses privados pelos órgãos 
jurisdicionais, ou seja, não existe lide ou litígio a ser dirimido judicialmente. 
a) Certo 
b) Errado 
COMENTÁRIOS: 
Correto. Percebam que a banca considerou correta a questão da ausência de 
litígio na jurisdição, um elemento que destacamos em nossa aula, mas que tem sido 
combatido pela doutrina moderna. No enunciado da questão, a jurisdição voluntária é 
também nomeada de administrativa, mais uma característica da doutrina clássica. 
A banca cobrou a questão em prova para Juiz do Trabalho em 2012: 
(TRT 11ª Região 2012/ Adaptada) Sobre jurisdição, é correto afirmar: 
c) Nos procedimentos não contenciosos, há função jurisdicional apenas sob um ponto de 
vista estritamente formal. 
COMENTÁRIOS: 
Correto. Entre as opções oferecidas pela banca (“a” a “e”), considerou-se correta 
a letra “c”, que citamos. Desse modo, o entendimento da banca, clássico e majoritário, é 
de que a jurisdição voluntária é jurisdição apenas em seu aspecto formal, já que 
relativamente ao conteúdo pode ser entendida como administração de interesses 
particulares pelo Poder Judiciário. 
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A Teoria Revisionista, por seu turno, considera a Jurisdição Voluntária uma 
jurisdição propriamente dita, já que é possível a ocorrência da lide. 
Relativamente à existência da lide, o STJ já se pronunciou de acordo com esta 
teoria, afirmando que o litígio pode ou não estar presente na jurisdição administrativa, 
mas não é essencial para a propositura da ação. Sentido em que se manifestaram 
consagrados autores como Alexandre de Freitas Câmara e Fredie Didier. 
É exemplo de jurisdição voluntária a separação consensual, já que o ato judicial 
irá conferir validade ao negócio jurídico que se realizar. Mas acidentalmente pode haver 
conflito na separação consensual; diz-se acidentalmente porque não é parte essencial do 
negócio jurídico. Percebam a diferença, na qualidade de voluntária, a jurisdição não tem 
como aspecto essencial a lide, mas é um possível elemento acidental, ou seja, que pode 
vir a ocorrer num dado momento; enquanto na qualidade de contenciosa, a lide está 
virtual/real e essencialmente ligada à jurisdição. 
Didier cita os casos de interdição e de retificação de registro como procedimentos 
de jurisdição voluntária que normalmente dão ensejo a controvérsias. De fato não são 
raros os casos em que surgem questões que devem ser solucionadas pelo magistrado, 
por exemplo, as divergências entre o pai e o menor que queira se emancipar (jurisdição 
voluntária com lide acidental). 
“É por isso que se impõe a citação dos possíveis interessados, que podem, 
de fato, não opor qualquer resistência, mas nãoestão impedidos de fazê-lo. São 
frequentes os casos em que, em pleno domínio da jurisdição voluntária, 
surgem verdadeiras questões a demandar juízo do magistrado.” (Didier) 
Outra distinção que pode ser considerada entre Jurisdição Voluntária e 
Contenciosa refere-se, ainda, à pretensão. Nesse aspecto, vale destacar: pode haver 
processo sem lide, mas não há processo sem pretensão. O Juiz exerce a função 
jurisdicional quando provocado – esta provocação é que chamamos de pretensão e, por 
meio dela, dá-se a integração da jurisdição voluntária ou da jurisdição contenciosa. 
Não se debrucem em demasia sobre estas contradições, pelo menos, não 
para o concurso. Como bem disse Leonardo Greco, “todos esses critérios são imperfeitos, 
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porque a jurisdição voluntária abrange uma variedade tão heterogênea de procedimentos, 
nos quais sempre vamos encontrar o desmentido de um ou de outro desses critérios”. 
Leiam este elucidativo acórdão do STJ, em que grifamos os trechos mais 
importantes sobre a matéria: 
[...] não parece adequado afirmar categoricamente que na jurisdição voluntária 
não há bem litigioso e tampouco lide. 
A mais recente doutrina processualista tem ressaltado o equívoco em 
se qualificar a chamada jurisdição administrativa de atividade não jurisdicional em razão da 
suposta ausência de lide. 
Afirma-se, modernamente, que a jurisdição voluntária não equivale 
a demanda sem lide. O litígio pode ou não verificar-se no seio da jurisdição administrativa: 
ele apenas não é essencial para a propositura da ação. 
[...] 
 
Para ilustrar a atenuação que se verifica na diferenciação entre a jurisdição voluntária e a 
jurisdição contenciosa, transcrevo trecho da obra de Leonardo Greco (GRECO, 
Leonardo. Jurisdição Voluntária Moderna. São Paulo: Editora Dialética, 2003, p. 23): 
 
Apesar das divergências de opinião, há algumas características que geralmente são 
apontadas pela doutrina para diferenciar a jurisdição contenciosa e a jurisdição voluntária. 
Na primeira haveria lide, na segunda não; na primeira haveria partes em posições 
subjetivas antagônicas, na segunda apenas um ou mais interessados concordantes em 
suas postulações; a primeira incidiria sobre situações fáticas preexistentes, enquanto a 
segunda teria caráter constitutivo; a primeira seria repressiva e a segunda preventiva; na 
primeira, a atividade judicial seria substitutiva da vontade das partes, na segunda os 
interessados dependeriam da concorrência da vontade estatal manifestada pelo juiz, sem a 
qual não poderiam isoladamente alcançar o efeito jurídico almejado; na primeira o juiz 
tutelaria direitos subjetivos, enquanto na segunda, meros interesses; na primeira, os 
procedimentos previstos em lei não seriam exaustivos, na segunda o juiz somente poderia 
atuar com expressa previsão legal; na primeira haveria formação da coisa julgada, na 
segunda não; na primeira o juiz estaria adstrito ao pedido do autor, enquanto na segunda o 
juiz poderia agir de ofício ou adotar providência diversa da que lhe fosse requerida. 
Todos esses critérios são imperfeitos, porque a jurisdição voluntária abrange uma 
variedade tão heterogênea de procedimentos, nos quais sempre vamos encontrar o 
desmentido de um ou de outro desses critérios. 
 
REsp 942.658-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 2.6.2011. 
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 Sugiro que façamos, agora, a leitura dos artigos do CPC que tratam das 
disposições gerais da Jurisdição Voluntária e que são aplicados 
subsidiariamente às leis específicas. 
TÍTULO II 
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
CAPÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 1.103. Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem a 
jurisdição voluntária as disposições constantes deste Capítulo. 
Art. 1.104. O procedimento terá início por provocação do interessado ou do 
Ministério Público, cabendo-lhes formular o pedido em requerimento dirigido ao juiz, 
devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da 
providência judicial. 
Art. 1.105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como 
o Ministério Público. 
Art. 1.106. O prazo para responder é de 10 (dez) dias. 
Art. 1.107. Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar as 
suas alegações; mas ao juiz é lícito investigar livremente os fatos e ordenar de ofício 
a realização de quaisquer provas. 
Art. 1.108. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver 
interesse. 
Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, 
obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso 
a solução que reputar mais conveniente ou oportuna. 
Art. 1.110. Da sentença caberá apelação. 
Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já 
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produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes. 
Art. 1.112. Processar-se-á na forma estabelecida neste Capítulo o pedido de: 
 I - emancipação; 
 II - sub-rogação; 
 III - alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de 
órfãos e de interditos; 
 IV - alienação, locação e administração da coisa comum; 
 V - alienação de quinhão em coisa comum; 
 VI - extinção de usufruto e de fideicomisso. 
 
1.2. ESCOPOS DA JURISDIÇÃO 
O estudo da jurisdição pode ter em consideração os objetivos que persegue. 
Distinguindo-se em: escopo jurídico, social, educacional e político. 
O escopo jurídico decorre da efetiva aplicação da vontade da lei, dando fim à lide. 
Já está vencido o entendimento de que esse seria o único objetivo da jurisdição 
(aplicação da lei; fim do conflito). 
No escopo social, pretende-se a pacificação social, de modo que se resolva a lide 
de caráter social. Nesse escopo, a jurisdição não tem como intenção fundamental a 
solução do conflito jurídico, mas a solução no plano fático, que traga a maior satisfação 
possível às partes. 
A transação consiste, assim, em excelente modo de alcançar esses objetivos, 
porque ocorre a partir da cessão mútua de interesses e tende a extinguir o conflito sem 
imposição severa a alguma das partes (solução do conflito (fático); satisfação das partes). 
O escopo educacional deriva da função de divulgar (ensinar) a todos os 
jurisdicionados, incluindo-se – obviamente – as partes envolvidas no processo, quais os 
seus direitos e deveres. É escopo bem amplo, que ganhou importância nos julgados 
contemporâneos, que se revestem de verdadeiro caráter didático. Os mais importantes 
julgamentos são acompanhados por meios de comunicação, que os tornam acessíveisa 
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grande número de indivíduos (divulgação dos direitos e deveres de todos os 
jurisdicionados). 
O escopo político, por sua vez, prisma pelo bom funcionamento jurisdicional que 
eleva a credibilidade do Estado perante os indivíduos e, desse modo, estimula a 
participação democrática por meio do processo (estimula a participação democrática). 
 
1.3. PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO 
1.3.1. INVESTIDURA 
O Poder Judiciário possui um caráter inanimado e, por isso, necessita escolher 
pessoas para representar o Estado no exercício concreto da atividade jurisdicional. 
Investido do poder jurisdicional, o juiz (sujeito escolhido para ser o agente público 
representante do Estado), também chamado de Estado-Juiz, é o responsável pela 
solução da lide. 
No Brasil, existem duas maneiras de obter a investidura: o concurso público (art. 
93, I, CF) e indicação do Poder Executivo (quinto constitucional – art. 94 da CF). 
 Somente a autoridade investida de poder jurisdicional pode exercer a 
jurisdição. 
 Tanto a jurisdição civil, voluntária como a contenciosa é exercida pelos 
Juízes, em todo o território nacional – a jurisdição é UNA. 
 
Veja como foi cobrado o assunto. 
(Furnas) Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o 
interessado a requerer, nos casos e forma legais. Assim sobre jurisdição é correto 
afirmar que a jurisdição 
A) civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional. 
B) civil é contenciosa e involuntária e é exercida pelos juízes, em todo o território 
nacional. 
C) civil é voluntária, exercida pelos juízes de paz, em todo o território nacional e 
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internacional. 
D) militar, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes estaduais, em todo o 
território nacional. 
E) civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional e 
internacional. 
COMENTÁRIOS: 
Letra a é a correta. A jurisdição, seja contenciosa ou voluntária, é exercida 
pelos juízes. Os juízes são investidos de jurisdição para atuar em todo o território 
nacional conforme sua competência. 
O erro da letra B está em mencionar jurisdição involuntária, modalidade que 
não existe. 
Na letra C, o erro está em mencionar os juízes de paz como aqueles investidos 
de jurisdição. 
 Erro da letra D: A jurisdição militar é da competência dos Juízes-Auditores, 
integrante da Justiça Militar da União (vide Lei nº 8.457, de 4 de setembro de 1992), 
não pelos juízes estaduais. 
Erro da letra E: Os juízes nacionais não têm jurisdição internacional. 
Gabarito: A 
 
(Procurador Maricá-RJ) A jurisdição é entendida como o: 
A) poder do juiz em prolatar sentenças 
B) poder do juiz em efetivar pretensões 
C) poder do juiz em possibilitar a todos uma prestação jurisdicional 
D) poder-dever-atribuição do Estado em possibilitar a todos uma prestação jurisdicional 
E) poder do STF, na solução superior das demandas. 
COMENTÁRIOS: 
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1.3.2. TERRITORIALIDADE 
A autoridade dos juízes será exercida nos limites territoriais do seu Estado. 
Assim, a jurisdição é exercida em um dado território (art. 107 e 230). 
Existem, no entanto, exceções ao princípio da territorialidade. Situações em que o 
juízo poderá praticar atos fora de sua comarca ou seção judiciária. Um exemplo é a 
citação pelo correio (art. 222, caput, CPC). 
 Esse princípio é uma forma de limitação do exercício da jurisdição. 
 
1.3.3. INDELEGABILIDADE 
Deve ser analisado por meio de dois prismas, o externo, tendo a Constituição 
Federal atribuído a função jurisdicional ao Poder Judiciário, não pode delegar tal função a 
outros poderes ou órgãos. Exceção: “função estatal atípica”; e o interno, em que a 
competência atribuída a um órgão jurisdicional para analisar uma demanda não poderá 
ser delegada a outro. 
 O exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Não é possível 
delegar o poder decisório a outro órgão, pois violaria a regra da competência e o princípio 
do juiz natural. No entanto, existem hipóteses de delegação a outros poderes judiciais, 
como o poder de execução das decisões. 
 
1.3.4. INEVITABILIDADE 
O princípio da inevitabilidade ocorre em dois momentos distintos. Primeiro, 
quando os sujeitos do processo sofrem a vinculação obrigatória ao processo judicial, ou 
Único item com resposta adequada é a letra “D”. Já que a jurisdição confere ao 
Estado-juiz mais do que um poder, mas um dever, uma atribuição de prestar a tutela 
jurisdicional pleiteada. 
Gabarito: D 
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seja, uma vez integrantes da relação jurídica processual, os sujeitos não podem, 
independendo de concordância ou vontade, deixar de cumprir o chamado jurisdicional. 
Segundo, em consequência da integração obrigatória, os sujeitos ficam em um 
estado de sujeição – suportam todos os efeitos da decisão judicial, mais uma vez, 
independentemente de gostar ou concordar com ela. 
 Devem as partes submeter-se à decisão do órgão jurisdicional. 
 
1.3.5. INAFASTABILIDADE 
De acordo com o inciso XXXV do art. 5o da CF, a lei não pode excluir da 
apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de direito. O acesso à ordem 
jurídica adequada não pode ser negado a quem tem justo direito ameaçado ou 
prejudicado. 
Esse princípio também pode ser analisado sob o aspecto da relação entre a 
jurisdição e a solução administrativa de conflitos. Nessa visão, o sujeito não é obrigado a 
utilizar os mecanismos administrativos antes de provocar o poder judiciário em razão de 
ameaça de lesão ou lesão ao direito. No entanto, há exceções, como: 
 Nas questões desportivas: art. 217, § 1° da CF: O Poder Judiciário só 
admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as 
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
 O juiz não pode invocar a lacuna da lei e deixar de julgar o processo. 
 Não é necessário esgotar as vias administrativas para provocar o Poder 
Judiciário. O interessado pode procurar tanto a via administrativa como a judiciária. 
 
1.3.6. JUIZ NATURAL 
O princípio do juiz natural apresenta duas facetas: a primeira relacionada ao 
órgão jurisdicionale a segunda com a pessoa do juiz – a imparcialidade do 
magistrado. 
O primeiro aspecto do princípio quer assegurar que os processos sejam julgados 
pelo juízo competente, ou seja, que a competência constitucional preestabelecida seja 
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cumprida. Já o segundo aspecto surge para garantir que o juiz responsável pelo 
julgamento da demanda seja imparcial. Trata-se da essencial exigência de imparcialidade 
que permite que o julgamento do processo seja justo. Em razão dessa segunda faceta, as 
leis processuais estabelecem as causas de impedimento e suspeição do magistrado. 
- Hipóteses de impedimento do Juiz: de que for parte; em que 
interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão 
do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; que conheceu 
em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; quando 
nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer 
parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o 
segundo grau; quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das 
partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; quando for órgão de 
direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. 
- Hipóteses de suspeição do Juiz: amigo íntimo ou inimigo capital de 
qualquer das partes; alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu 
cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; 
herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; receber 
dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes 
acerca do objeto da causa. 
 
É uma cláusula do devido processo legal. Uma garantia fundamental implícita que 
se origina da conjugação dos seguintes dispositivos constitucionais: o dispositivo que 
proíbe o tribunal ou juízo de exceção é o que determina que ninguém poderá ser 
processado senão pela autoridade competente. Ele se caracteriza pelo aspecto formal, 
objetivo, substantivo e material. 
A determinação de um juízo não pode ocorrer post facto ou ad personam. Assim, 
os critérios para a sua determinação devem ser impessoais, objetivos e pré-
estabelecidos. 
A garantia do juiz natural advém dos princípios da imparcialidade e da 
independência atribuída aos magistrados. As garantias do juiz natural são respeitadas por 
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meio das regras de distribuição – critérios prévios, objetivos, gerais e aleatórios para a 
identificação do juízo responsável pela causa. O desrespeito ao princípio da distribuição 
implicará incompetência absoluta do juízo. 
Não viola o princípio do juiz natural a criação de varas especializadas, as regras 
por prerrogativa de função, a instituição de Câmaras de Férias em tribunais. 
Dúvida: Por que não há violação ao princípio do juiz natural nos casos citados? 
Porque nos três casos acima são situações em que as regras são gerais, abstratas e 
impessoais. 
 
 
- Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
(...) XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção. 
 
 Comentários: 
Aos Tribunais de exceção (juízo extraordinário) contrapõe-se 
o juiz natural, pré-constituído pela Constituição Federal e por 
Lei. 
Em uma primeira acepção, o princípio do juiz natural 
apresenta duplo significado: 
1) Somente o juiz é o órgão investido de jurisdição; 
2) Impede a criação de Tribunais de Exceção e ad hoc, 
para o julgamento de causas penais e civis. 
Modernamente, porém, este princípio passa a englobar a 
proibição de subtrair o juiz competente. Assim, a garantia 
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desdobra-se em três conceitos: 
1) Só são órgãos jurisdicionais os instituídos pela CF; 
2) Ninguém pode ser julgado por tribunal constituído 
após a ocorrência do fato; 
3) Entre os juízes pré-constituídos vigora a ordem 
taxativa de competências que exclui qualquer 
alternativa deferida à discricionariedade de quem 
quer que seja. 
Vejamos: 
O tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado 
temporariamente para julgar: 
a) Um caso específico – Tribunal ad hoc; 
b) Após o delito ter sido cometido designa o juízo – ex 
post facto; 
c) Para um indivíduo específico – ad personam. 
Exemplo de Tribunal de exceção: Tribunal de Nuremberg 
criado pelos aliados para julgar os nazistas pelos crimes 
cometidos na 2° Guerra Mundial. 
É constituído ao oposto dos princípios constitucionais do 
direito processual civil – do contraditório e da ampla defesa, 
do juiz natural. 
E qual o problema dos tribunais de exceção? O primeiro é 
que eles invariavelmente não são imparciais. O segundo é 
que a pessoa, ao ser julgada por um tribunal de exceção, 
perde algumas das garantias do processo, como a do duplo 
grau de jurisdição e do juiz natural. 
Terceiro, o Tribunal de exceção não necessariamente é 
formado por juristas, podendo ser composto por qualquer 
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pessoa, ferindo, dessa forma a garantia constitucional do 
juiz competente: 
 (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente (art. 5°). 
 
Veja como o tema já foi cobrado. 
(Procurador Itaboraí-RJ) A jurisdição, em todos os países, é informada por alguns 
princípios fundamentais universalmente reconhecidos, como: 
A) aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural 
B) investidura, indelegabilidade, juiz natural 
C) competência, investidura, aderência ao território, indelegabilidade, 
inafastabilidade, juiz natural, inércia 
D) aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural, inércia 
E) investidura, aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural, 
inércia. 
COMENTÁRIOS: 
Percebam que a banca considerou correto o item que expôs os princípios 
corretamente e de modo mais completo: letra E. O erro da letra “c” está em 
considerar a competência um princípio, quando na verdade é um limite à jurisdição. 
Gabarito: E 
 
1.4.CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 
1.4.1. UNIDADE 
 
Para a consagrada doutrina clássica, a jurisdição é uma função exclusiva do 
Poder Judiciário, exercida pelo magistrado, que decide monocraticamente ou por órgãos 
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colegiados. A jurisdição é o poder-dever de o Estado dizer e realizar o direito, consistente 
num poder uno. Há uma jurisdição por Estado. 
Só há uma função jurisdicional, de outro modo, se houvesse várias jurisdições, 
estaríamos diante de várias soberanias, portanto, de vários Estados. Contudo, nada 
impede que esse poder, que é uno, seja exercido por diversos órgãos, que recebem cada 
qual suas competências. O poder é uno, mas pode ser limitado pelas competências. 
Assim, a jurisdição, como já foi dito, é UNA. É importante ressaltar que a 
distribuição funcional da jurisdição em órgão não faz com que ela perca sua característica 
de unidade. Essa distribuição tem efeito organizacional. 
 
1.4.2. SECUNDARIEDADE 
A Jurisdição tem a característica da secundariedade por ser acionada quando 
surge um litígio. Num primeiro momento, espera-se que o Direito seja realizado 
independente do poder judiciário. 
Exemplo: regra geral, o locatário paga o aluguel sem que o locador recorra à 
justiça, assim como o pai paga a prestação alimentícia ao seu filho. Percebam que nesses 
dois casos, o direito é realizado sem a atuação do judiciário. Contudo, se o pai ou o 
locatário deixam de cumprir com os seus deveres, a outra parte poderá provocar o 
judiciário para ter o seu direito garantido. E é nesse contexto que se diz ter a jurisdição a 
característica de secundariedade. 
Uma observação a ser considerada é o fato de que, atualmente, se observa no 
judiciário a perda dessa característica, já que há um aumento considerado de demandas 
judiciais sem que nenhuma medida extrajudicial tenha sido tomada anteriormente. Esse 
fenômeno ocorre com frequência, por exemplo, no INSS, em que a parte busca o 
benefício previdenciário direto no judiciário sem que qualquer pedido administrativo tenha 
sido feito anteriormente. 
 
1.4.3. SUBSTITUTIVIDADE 
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Trabalhamos a substituvidade no início da aula. No entanto, vamos falar mais 
sobre essa característica. Regra geral, as relações jurídicas se formam, desenvolvem e 
extinguem sem dar origem a litígios. É o que acontece, por exemplo, nos instrumentos 
extrajudiciais da transação (concessões mútuas) e da conciliação (transação obtida em 
audiência). 
O Estado é chamado a atuar somente quando frustradas as tentativas de 
conciliação extrajudiciais. Assim, quando o Estado participa do litígio, ele é um terceiro 
que substitui a vontade daqueles diretamente interessados na relação de direito material, 
teremos, assim, a característica da substitutividade. 
 
1.4.4. IMPARCIALIDADE 
Aqueles que integram a jurisdição e o próprio Estado-Juiz devem ser imparciais 
para que o exercício da jurisdição seja legítimo. Deve predominar, no exercício da 
jurisdição, o interesse geral, a igualdade entre as partes tanto de tratamento como de 
oportunidade em participar no convencimento do juiz. Por isso se diz que a jurisdição é 
uma atividade imparcial do Estado. 
Atente-se para o fato de que ao advogado, ainda que indispensável, não se exige 
imparcialidade, como também não é exigida dos demais agentes. Eles, por atuarem no 
interesse da parte, devem ser parciais. 
 
1.4.5. CRIATIVIDADE 
O Estado-Juiz, ao final do julgamento de uma lide, inova a ordem jurídica ao criar 
uma norma individual que passará a atuar no caso concreto. Essa norma será uma 
sentença ou um acórdão. Regra geral, nela o juiz declara o direito, que aplica a norma 
aos fatos. No entanto, a prestação jurisdicional vai além, e inova o mundo jurídico. 
O Estado-Juiz não somente aplica a lei ao caso concreto, há um processo de 
criação, pelo qual se exige do juiz uma postura ativa, fazendo com que ele analise cada 
caso e suas especificidades de modo a encontrar uma solução consensual com os 
preceitos constitucionais e legais. Por isso que a jurisdição tem um caráter criativo. 
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1.4.6. INÉRCIA 
O Estado só pronunciará o direito se provocado, pois a jurisdição tem como uma 
de suas características a inércia – daí vem o ditado “a justiça não socorre aos que 
dormem”. No entanto, uma vez que o Estado-juiz seja provocado, ele agirá por impulso 
oficial, de ofício. 
Existem exceções à inércia – exemplo: o juiz pode determinar que se inicie o 
inventário, se nenhum dos legitimados o requerer no prazo legal. 
Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das 
pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal. 
 
1.4.7. DEFINITIVIDADE 
Essa característica permite a jurisdição ser tornar imutável. A essa característica 
dá-se o nome de coisa julgada. A estabilidade concedida à jurisdição varia de acordo 
com sua natureza. As decisões de mérito são as que gozam do maior grau de 
estabilidade: a coisa julgada material – garantia fundamental do cidadão. Apesar de 
elevado grau de estabilidade, o próprio ordenamento jurídico prevê exceções. Exemplo 
disso, temos nos casos em que a ação rescisória é cabível. 
Já as decisões que não analisam o mérito (coisa julgada formal) têm um grau de 
estabilidade reduzido, pois nas decisões em que não se decide o mérito, não há o 
impedimento de que haja nova propositura da demanda, podendo o juiz decidir de modo 
contrário ao proferido na primeira sentença. 
 
RESUMO 
- Conceito de jurisdição: a jurisdição consiste no poder conferido ao estado, por meio 
dos seus representantes, de atuar no caso concreto quando há situação que não pôde ser 
dirimida no plano extrajudicial, revelando a necessidade da intervenção do estado para 
que a pendenga estabelecida seja solucionada. 
 
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Conceitos clássicos 
A substitutividade consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao solucionar a lide, 
estaria substituindo a vontade das partes, proibidas que elas estariam de, em regra, fazer 
valer a justiça do mais forte (característica do conceito de jurisdição tradicional). 
A definitividade diz respeito ao caráter de imutabilidade da sentença, quefaz coisa 
julgada material (característica do conceito moderno de jurisdição). 
- Equivalentes jurisdicionais: o Estado não detém exclusividade na solução de conflitos. 
Existem as conhecidas formas alternativas: autotutela, autocomposição e arbitragem. 
 
 
Autotutela 
(Autodefesa) 
Forma mais antiga de resolver conflitos. Ocorre o sacrifício integral do 
interesse de uma das partes, pelo uso da força da outra parte. O 
Código Civil prevê casos excepcionais em que pode ser empregada. 
Exemplos: legítima defesa (art. 188, I, do CC) e desforço imediato no 
esbulho (art. 1.210, parágrafo 1º do CC). 
Essa forma de solução de controvérsia pode ser totalmente revista 
pelo poder judiciário. Essa característica é um elemento marcante da 
autotutela. 
 
 
Autocomposição 
Consiste no comum acordo entre as partes envolvidas no conflito 
para chegar a uma solução. Classifica-se em unilateral, quando há 
renúncia ou submissão de uma das partes. 
E bilateral, o que é mais comum, ambas as partes abrem mão de 
uma parcela de sua pretensão em favor da outra – é a transação. 
 
 
Arbitragem 
Viabiliza-se quando há concordância entre as partes de submeter o 
conflito, ou a questão, ao árbitro (terceiro imparcial, que, por acordo 
das partes litigantes, resolve uma questão). Os motivos que levam os 
contratantes a optarem pela arbitragem em detrimento da jurisdição 
são, principalmente, rapidez e economia. 
Os árbitros não são condicionados a muitos formalismos, podem ser 
autorizados pelas partes a, até mesmo, decidirem por equidade ou 
utilizarem leis específicas. 
 
- Classificação da jurisdição: civil ou penal; inferior ou superior; especial ou comum; 
contenciosa ou voluntária. 
- Contenciosa é a rotineira, a tradicional; enquanto na voluntária não há conflito de 
interesses. 
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- Princípios inerentes à jurisdição: investidura, territorialidade, indelegabilidade, 
inevitabilidade e do juiz natural. 
 
 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E VOLUNTÁRIA RESUMIDAMENTE 
De acordo com o art. 1° do CPC: A jurisdição civil, contenciosa e 
voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as 
disposições que este Código estabelece. 
Jurisdição Contenciosa: Pressupõe conflito 
entre as partes a ser solucionado pelo 
magistrado. É por meio da jurisdição 
contenciosa que se alcança uma solução para a 
lide. 
 Formação de litígio, sujeitos com interesses 
opostos e jurisdição compondo e solucionando 
o conflito. 
 
 - Características: 
 Unidade, imparcialidade, secundariedade, 
substitutividade, instrumentalidade. 
 - Princípios: 
 Improrrogabilidade, indeclinabilidade, juiz 
natural. 
 
Relação Processual Triangular da Jurisdição 
Contenciosa: 
 JUIZ 
 
 
 
 
 AUTOR RÉU 
 
Jurisdição Voluntária: Não existe 
litígio entre as partes. Nesse caso, há 
homologação de pedidos que não 
impliquem litígio, ou seja, não se 
resolve conflitos, mas apenas tutela 
interesses. 
 Participação do Estado, requerentes 
com interesses comuns e jurisdição 
integrando e validando o negócio 
jurídico. 
 
 
 
 
 
 
Relação Processual Não-Triangular 
da Jurisdição Voluntária: 
 
 
INTERESSADOS 
JUIZ 
 
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- O princípio do juiz natural apresenta duas facetas: a primeira relacionada 
ao órgão jurisdicional e a segunda com a pessoa do juiz – a imparcialidade 
do magistrado. 
- Juiz Natural possui competência constitucional e foi investido de maneira 
regular na jurisdição. 
 
Juiz Natural em sentido Formal 
 
1) Garantia da proibição da existência 
de Tribunais de exceção. 
2) Respeito às regras de competência: 
(...) LIII - ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela 
autoridade competente (art. 5°, CF). 
Juiz Natural em sentido 
Material 
 
1) Imparcialidade do juiz – 
ver comentários nos 
itens 1.3.6 e 1.4.4 dessa 
aula. 
 
 
QUESTÔES COMENTADAS 
01. (PC DF) Quanto a ação, jurisdição e processo, assinale a alternativa correta. 
a) Quanto à sua existência, a relação jurídica processual depende de relação 
jurídica material. 
b) Ação é a reação do próprio direito material violado ou ameaçado de lesão. 
c) Na jurisdição voluntária, não são aplicados os efeitos da revelia. 
d) Na jurisdição contenciosa, sempre serão aplicados os efeitos da revelia. 
e) Todo processo é iniciado e desenvolvido por impulso da parte, em obediência ao 
princípio da inércia. 
COMENTÁRIOS: 
Letra A. Errada. Há muito a doutrina distingue a relação processual da material, 
podendo uma parte ser demandada em face de outra ao atender os pressupostos e 
requisitos processuais, independentemente da existência de relação material. 
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Letra B. Errada. As teorias da ação predominantes na doutrina ou em vigor no 
CPC distinguem direito processual de direito material, de modo que a propositura da ação 
independe da comprovação do direito material. 
Letra C. Correta. A jurisdição voluntária caracteriza-se pela administração de 
interesses privados, é também chamada de administrativa ou integrativa. Saber se lhe 
são aplicados os efeitos da revelia é questão polêmica, sobre o que discordam muitos 
doutrinadores. A banca do seu concurso demonstrou, nessa questão, concordância com 
os juristas que entendem não ser aplicáveis os efeitos da revelia à jurisdição voluntária, 
de modo que o fato alegado por um dos interessados, quando não contestado pelo outro, 
não obriga o juiz a aceitá-lo como verdadeiro. 
Letra D. Errada. A situações que impedem o reconhecimento automático dos 
efeitos da revelia. Do CPC: 
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos 
afirmados pelo autor. 
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente: 
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; 
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; 
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei 
considere indispensável à prova do ato. 
Letra E. Errada. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se 
desenvolve por impulso oficial (artigo 262 do CPC). 
Gabarito: C 
 
02. (TRT 19ª Região) A respeito da jurisdição e da ação, considere: 
I. Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou o interessado a 
requerer, nos casos e formas legais. 
II. O direito de ação é objetivo, decorre de uma pretensão e depende da existência 
do direito que se pretende fazer reconhecido e executado.

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