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MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 1 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Máquinas Elétricas I MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 2 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL CAPÍTULO 01 ELEMENTOS DE MÁQUINAS SIMPLES A habilidade de um engenheiro, de um projetista, de um inventor, é a característica pessoal capaz de fazer com que a necessidade de uma aplicação seja satisfeita através de uma máquina. Essa máquina é a realização de uma ideia através de um projeto construtivo. Para que esse projeto seja realizado em uma máquina é preciso que seus componentes sejam devidamente dimensionados, de forma a garantir seu funcionamento, mas que também não haja excesso de material ou de investimento na sua construção. No dimensionamento dos componentes de uma máquina é que está a disciplina de elementos de máquinas, sendo responsável pelo estudo de cada componente de forma detalhada, indicando o tamanho, a localização, e a forma como serão montadas. O dimensionamento dos elementos de máquinas passa por várias etapas e revisões, de forma a garantir o dimensionamento adequado e a melhor opção para cada elemento. Dentre os elementos mais comuns serão vistos: • Roscas e Pinos; • Cabos de Aço; • Tambores; • Polias; • Ganchos; • Suportes; • Eixos; • Árvores; • Barramentos; • Guias Lineares; • Mancais de Deslizamento; • Mancais de Rolamento; • Acoplamentos; • Correias; • Engrenagens; • Correntes de Transmissão. Os elementos de máquinas são classificados de acordo com sua função, sendo divididos em elementos de máquina para fixação e elementos de máquinas de transmissão. No dimensionamento de elementos de máquinas são consideradas algumas características que irão determinar o dimensionamento e a seleção do elemento escolhido. Algumas características são: Confiabilidade; Resistência; Utilidade; Peso; Custo. Para a correta escolha dos elementos é preciso que o projetista tenha o conhecimento técnico básico para os cálculos de resistência e dos conceitos básicos de mecânica aplicada para compreender os esforços envolvidos nos elementos e dessa maneira determinar a forma, dimensões e materiais de cada elemento. Também é preciso as propriedades fisicas dos materiais. Também não se prescinde do bom senso, como em qualquer atividade humana, especialmente para a tomada de decisão de que fonte será usada e de que tipo de cálculo será feito, podendo ser feito com o simples uso de um catálogo ou uma forma mais aprofundada. Os cuidados com os custos estão sempre presentes no projeto, já que um dos objetivos é também um projeto econômico. Os processos de fabricação envolvidos são conhecimentos que serão utilizados igualmente no projeto de um componente ou de uma máquina. De toda forma é necessário ter em mente que o elemento deve resistir aos esforços envolvidos de modo a garantir o bom funcionamento da máquina de uma forma segura e com um custo adequado. Grandezas vetoriais e escalares Segundo Máximo e Alvarenga (2006), toda e qualquer grandeza que fica completamente definida quando se fornece seu valor é uma grandeza Escalar. Isso acontece, por exemplo, quando citamos o volume de um recipiente ou a temperatura em um determinado ambiente. • Direção e sentido: Fazendo a análise das se guintes retas, podemos tirar algumas con clusões a respeito de seu sentido e direção (uma em relação à outra): Figura 1.1 - Retas. Fonte: etb®, 2016. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 3 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL • R2 não é paralela a R1; • R2 tem direção diferente de R1; • R3 é paralela a R1, portanto ambas têm a mesma direção. Podemos concluir que toda reta parale la tem a mesma direção e que se duas retas possuírem qualquer inclinação que seja entre si, tem direções diferentes. Tendo agora uma direção definida, segue análise da reta: Figura 1.2 - Dois sentidos na mesma direção. Fonte: etb®, 2016. Nesta reta podemos deslocar tanto de A para B, quanto de B para A. Portanto, podemos definir que temos dois sentidos possíveis nesta direção. Sendo assim, só é admissível concluir que se tratando de traçar sentidos opostos, só podemos estar falando de uma mesma direção. Por exemplo: se em algum momento tratarmos da direção horizontal, existem duas direções possíveis (direita e esquerda). Os conceitos de direção e sentido são muito importantes quando se fala de grandezas vetoriais, pois uma grandeza vetorial só está plenamente definida quando informamos seu módulo, sentido e direção em que atua. As grandezas vetoriais podem estar relacionadas a: • Deslocamento; • Força; • Velocidade; • Aceleração. Figura 1.3 - Vetor de uma força. Fonte: etb@, 2016. Representação de uma grandeza vetorial: Considerando um veículo que se desloca de uma cidade A até B, sabemos que, por uma questão geográfica e de características da estrada, não há como traçar uma linha reta de uma cidade até outra, então dizemos que esse caminho traçado se trata da distância que o carro percorreu para chegar em seu destino, e que essa distância é uma grandeza escalar, pois as direções que o carro tomou para alcançá-la não têm importância. Entretanto, podemos dizer que a linha reta que existe entre essas cidades representa o deslocamento de uma a outra, e essa é uma grandeza vetorial, pois precisamos definir uma direção e sentido para traçar essa reta de A até B. Existe uma forma correta de representar uma grandeza vetorial e escalar. A flecha sob a letra que representa a grandeza indica se ela é escalar ou vetorial: : representa o vetor (módulo, direção e sentido) d: representa apenas o módulo do vetor Vínculos Estruturais Segundo Hasse (2012), vínculos estruturais são apoios para os elementos de construção que impedem os movimentos de uma estrutura. Existem três tipos diferentes de vínculos: • Vínculo Simples ou Móvel: O vínculo simples impede somente a movi mentação na direção normal ao plano de apoio, fornecendo assim uma única reação (normal ao plano de apoio), como o exemplo a seguir: Figura 1.4 - Representação gráfica do vínculo simples ou móvel. Fonte: etb®, 2016. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 4 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL • Vínculo Duplo ou Fixo: Impossibilita o movimento de translação em duas direções: na normal e paralela ao plano de apoio, podendo desta forma fornecer duas reações de apoio, como mostrado na figura a seguir referente a esse tipo de apoio: Figura 1.5 - Representação gráfica do vínculo duplo ou fixo. Fonte: etb®, 2016. • Engastamento: Esse tipo de vínculo impede a translação da estrutura para qualquer direção, assim como a rotação, gerando um contramovimento, que não permite que o plano gire em torno de um ponto fixo, como mostra o exemplo da figura a seguir: Figura 1.6 - Representação gráfica do engastamento. Fonte: etb®, 2016. A partir dos tipos de vínculos conhecidos anteriormente, podemos montar estruturas, que podem ser de três tipos: • Estruturas Hipostáticas: são muito instáveis, levando a uma estaticidade por possuírem mais incógnitas do que equações, sendo assim muito pouco estudadas. • Estruturas Isostáticas: Possuem as equações necessárias para restringirem quaisquer movimentos da estrutura, ou seja, a estrutura encontra-se estática, ideal para o estudo das reações. • Estruturas Hiperestáticas: Não possuem reações da estática suficientes para calcularem as reações nos apoios. ESFORÇOS MECÂNICOS Equilíbrio de forças e momento Momento Segundo Antônio Máximo e Beatriz Alva renga (2008), supondo quetenhamos um pon to fixo “O” em um corpo rígido, aplicando uma força “F” em um ponto a uma distância “d” desse mesmo ponto fixo, fica claro que haverá rotação desse corpo em torno do ponto fixo. Figura 1.7 - Força “F” aplicando torque em relação ao ponto “O”. Fonte: etb@, 2016. Em experimentos, podemos verificar que quanto maior a distância entre o ponto fixo e o ponto de aplicação das forças ou a força aplicada, mais acentuada será a rotação do corpo rígido. Tendo essa situação, os físicos denominaram essa grandeza como torque ou momento. Para medir o efeito de rotação de uma força, foi descoberta a seguinte relação: M = F . d Considera-se nessa equação que o momento M de uma força “F’’, atuante em um corpo rígido, é igual ao módulo dessa força multiplicado pela distância “d” entre o ponto fixo de rotação e o ponto de aplicação da força. Equílíbrio de forças Na física clássica, o equilíbrio de forças é entendido como a soma de forças atuantes sobre determinado corpo em repouso, considerando que a resultante dessas forças tem módulo igual a zero. Isso significa que qualquer corpo que possua movimento acelerado ou não está desprovido de forças atuando em si, ou as mesmas se anulam, levando em conta o sen tido e direção em que atuam no dado corpo. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 5 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL A figura anterior exemplifica uma situação de equilíbrio de rotação pela atuação das forças F1 e F2, opostas entre si. A força F2 produz rotação da barra em torno do ponto “O’’, em contrapartida a força F1 e em direção e sentido oposto a F2, que tende a anular o torque pro duzido, mantendo assim a barra parada e em equilíbrio. No entanto, as distâncias entre os pontos nos quais as forças são aplicadas são diferentes. Isso se justifica pelo fato de que não necessariamente as forças devem ser iguais para se anularem, e sim os momentos gerados por cada uma. Apesar da distância d1 ser menor que d2, certamente F1 é maior que F2. Veja o esquema: M = F . d; M1 = M2; M1 = F1 .d1 e M2 = F2 . d2; Portanto: F1 .d1 = F2 . d2 Segundo Máximo e Alvarenga (2008), quando um corpo rígido está em equilíbrio, as forças que atuam nele possuem módulo e di reções que devem obedecer as seguintes con dições: ∑Fx = 0, ∑Fy = 0 e ∑M = 0, conside rando: ∑Fx = Somatório das forças no eixo x do pla no cartesiano ∑Fy = Somatório das forças no eixo y do pla no cartesiano ∑M = Somatório dos momentos gerados no corpo rígido Figura 1.8 - Equilíbrio de rotação em uma barra. Fonte: etb®, 2016. Figura 1.9 - Condição de Equilíbrio de um corpo rígido: Fl, F2, F3 e F4 se anulam segundo as regras de equilíbrio. Fonte: etb®, 2016. Com o estudo dos momentos de força, foram possíveis vários avanços na utilização de ferramentas, principalmente com o princípio de alavanca, que determina que é possível reduzir os esforços aplicados em uma atividade. Um exemplo de utilização de alavancas é o içamento de matérias pesados, como mostra a figura a seguir: Figura 1.10 - Forças em içamento de bloco. Fonte: etb®, 2016. Como é possível observar, a força F1 utilizada pelo homem é menor que F2 (que representa o peso do bloco), porém a sustentação do bloco torna-se possível pelo fato do homem estar usando uma alavanca, que vai aumentar a distância entre o ponto fixo “O” e o ponto no qual ele aplica a força. Assim, o homem consegue produzir um momento de módulo suficiente para igualar o momento gerado pelo bloco, ou até mesmo superá-lo e gerar rotação na haste e fazer com que o bloco adquira movimento e suba. TRAÇÃO A tração pode ser definida como sendo a força aplicada sobre um corpo numa direção perpendicular à sua superfície de corte que provavelmente resultará em sua ruptura. Figura 1.11 - Barra sujeita a forças de tração F (em vermelho) nas duas extremidades (na direção X). Fonte: etb®, 2016. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 6 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL A tração faz com que a peça tenda a se alongar no sen- tido da força, aumentar seu comprimento e diminuir a área de sua seção transversal. Observe na figura a seguir a ten dência de alongamento do material em função da tração exercida: Figura 1.12 - Alongamento em função da Tração. Fonte: etb®, 2016. Como mostra a figura anterior, após aplicação das forças F, o comprimento L sofre variação, aumentando de tamanho. Em contrapartida, ocorre a redução da seção transversal. Na maioria das situações, são cabos de aço, cordas e demais produtos semelhantes que são submetidos a esforços de tração. Nesse caso, segundo Domiciano Marques, outra forma de medir a força de tração de um objeto ou corpo é igualando a tração com o peso. Sob um corpo suspenso, atua somente a força de tração e a força peso. Figura 1.13 - Forças de Tensão e Peso. . Fonte: etb®, 2016. De acordo com a segunda Lei de Newton, temos: FR=m.a Como o corpo se encontra equilibrado, a aceleração é zero. FR=0 T-P=O => T=P => T=m.g Assim, concluímos que a tração é o próprio peso do corpo nesse caso. Um exemplo simples de corpo submetido aos esforços de tração é o do cabo dos elevado res, tracionado pelo peso do elevador e de seus ocupantes e pelo motor e aparatos que o puxam ou o mantém estático em determinada posição. Podemos verificar a atuação das forças de tração nos mais diversos tipos de construções, máquinas e ferramentas. Existem meios de testar a resistência de um material em relação à tração, verificando se ele pode realmente ser submetido a determinado esforço e se resiste sem romper ou deformar ao ser submetido a um esforço. Chamados de Ensaios de Tração, esses testes podem ainda mensurar e registrar em forma de gráfico a resistência à tração de vários materiais. ENSAIO DE TRAÇÃO No ensaio de tração, submete-se um corpo de prova de geometria padronizada por normas a um esforço crescente na direção axial do corpo de prova, levando-o a se romper. Os esforços utilizados para realização do ensaio são medidos na própria máquina. O equipamento utilizado para a realização do ensaio de tração possui basicamente um dispositivo de fixação do corpo de prova acoplado a uma máquina, dotada de sistema eletromecânico ou hidráulico para aplicação de forças crescentes de tração. O ensaio de tração é feito em corpos de prova de dimensões padronizadas por normas nacionais e internacionais. Confira a seguir modelos comuns de corpos de prova para ensaio de tração. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 7 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 1.14 - Corpos de Prova. Fonte: etb@, 2016. A capacidade do equipamento de ensaio influencia diretamente na escolha das dimensões do corpo de prova. O corpo de prova é constituído de cabeças (uma em cada extremidade) e parte útil. As cabeças são utilizadas para fixar o corpo de prova no equipamento de ensaio. A parte útil é a secção reduzida do corpo de prova na qual acontece o “afinamento” do material até sua ruptura na parte útil serão feitas as diversas medições para obtenção dos resultados. Obtém-se como resultado do ensaio a curva tensão/ deformação por meio de medições da força aplicada e da variação do corpo de prova. Figura 1.15 - Curva Tensão/Deformação. Fonte: etb®, 2016. A tensão a é calculada dividindo a força F (ou carga aplicada) pela área da secção inicial da parte útil do corpo de prova, S0. σ = F S0 A deformação ou alongamento é a variação de comprimento entre dois pontos do corpo de prova. Geralmente, é expressa em porcentagem e seu cálculo se dá dividindo a variação de comprimento inicial e final medido entre dois pontos (A€) pelo próprio comprimento inicial(L0). ϵ=Δl= L-L0 L0 L0 A avaliação dos resultados é feita pela comparação entre os valores das proprieda des mecânicas do material obtidos no ensaio de tração e os valores mínimos especificados pelas normas vigentes. Quando os valores das propriedades atenderem aos valores mínimos conforme determinam as normas, o material testado é considerado aprovado. COMPRESSÃO A compressão é resultado da aplicação de uma força de compressão a um material, resultando em uma redução em seu volume quando a força utilizada for suficiente. Sendo exatamente o contrário da tração, quando aplicada uma força axial, o material tende a aumentar sua seção transversal e reduzir seu comprimento. Um exemplo característico de objeto submetido a esforços de compressão são as colunas dos prédios, que recebem, com a mesma direção de seu eixo, as cargas acima delas. A compressão ocorre quando a força axial aplicada estiver atuando com o sentido dirigido para o interior da peça. Por exemplo: uma pequena chapa de aço engastada em uma morsa, sendo gradativamente comprimida pelos dois engastes, estará recebendo forças com direções opostas apontando para seu interior. Quando submetemos um corpo de prova à compressão, nos primeiros instantes ocorrerá a deformação, período no qual pode haver deformação tanto da tração quanto da compressão, podendo o material após essa fase retornar à sua forma original. No entanto, quando atinge sua tensão de escoamento, a peça passará a entrar em sua deformação plástica e o material será deformado permanentemente. A compressão acontece quando a peça estiver sendo "empurrada", ao contrário da tração, situação em que ela está sendo "puxada". Os cálculos para obtenção da tensão e da deformação são muito parecidos com os do en saio de tração. Observe MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 8 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL a seguir uma tabela com cálculos para obtenção desses cálculos. Tabela 1.1 - Cálculos de Tensão e Deformação. Fórmula Significado T = F S T - tensão de compressão F - força de compressão S - área da seção do corpo ϵ=L0 - Lf L0 - deformação Lo - Lf - variação do comprimento do corpo Lo - comprimento inicial do corpo Fonte: Adaptado de Curso Técnico de Mecânica 2005. O ensaio de compressão possui algumas limitações. Ele não é muito utilizado para os metais em razão das dificuldades para medir as propriedades desejadas. Os valores possuem interpretação complexa, podendo levar a erros. O atrito entre o corpo de prova e as placas da máquina de ensaio é um problema comum, barrando a deformação lateral do corpo de prova. As faces superior e inferior do corpo de prova são revestidas com materiais de baixo atrito (como parafina e teflon) para minimizar ao máximo esse problema. Outra questão é a possível ocorrência do encurvamento do corpo de prova, a flambagem, decorrente da instabilidade na compressão do metal dúctil. O encurvamento dependerá da forma como a peça for comprimida. Figura 1.16 - Curva Tensão/Deformação. Fonte: etb®, 2016. Os cientistas podem utilizar máquinas para induzir a compressão. Esse tipo de experimento é chamado de ensaio de compressão, sendo utilizado para comprovar as características mecânicas de uma peça, descobrindo assim a que tensão ela sofrerá uma ruptura. Caracterizam-se como ensaios destrutivos, considerando que a peça fica normalmente inutilizada após o ensaio. ENSAIO DE COMPRESSÃO Quando se deseja especificar características de um determinado material (como resistência à compressão) que não se deforme facilmente e garanta boa precisão dimensional, deve-se recorrer ao ensaio de compressão, principalmente quando se trata de materiais frágeis, como ferro fundido, madeira, pedra e concreto. Esse procedimento é também recomendado para produtos acabados, como molas e tubos. Figura 1.17 - Ensaio de compressão Fonte: etb®, 2016. Nos ensaios de compressão, é necessário que sob os corpos de prova seja aplicada uma força axial para dentro, distribuída de modo uniforme em toda a seção transversal do corpo de prova. O ensaio de compressão pode ser executado na máquina universal de ensaios com a adaptação de duas placas. É entre elas que o corpo de prova é apoiado e fixo para que haja adequada compressão do mesmo. Um corpo submetido à compressão também sofre uma deformação elástica e, em seguida, uma deformação plástica, assim como na tração. Na fase de formação elástica, o corpo volta ao tamanho original quando se retira a carga de compressão. Na fase de deformação plástica, o material ficará permanentemente deformado depois de ser descarregado. As figuras a seguir demonstram respectivamente os efeitos do ensaio de compressão deformando o material elasticamente e plasticamente: MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 9 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 1.18 - Deformação elástica. Fonte: Adaptado de Curso Técnico de Mecânica do SENAI, 2005. Figura 1.19 - Deformação plástica. Fonte: Adaptado de Curso Técnico de Mecânica do SENAI, 2005. O Ensaio de compressão é mais indicado em determinadas situações e para determinados materiais, tais como: • Materiais frágeis: ferro fundido, madeira, concreto, etc.; • Materiais cerâmicos: construção civil (concreto, tijolos, etc.); Cerâmicos possuem maior resistência a compressão do que atração em até 100 vezes, sendo também utilizados para materiais plástico e compósitos. No ensaio de compressão, o corpo de prova pode se comportar de maneira diferente, de acordo com a situação na qual esteja submetido. Observe a seguir algumas deformações características decorrentes do ensaio: Figura 1.20 - Tipos de deformação. Fonte: do autor, adaptação etb@, 2015. O ensaio de compressão pode ser feito em um equipamento universal de ensaios ou ter um equipamento específico. CISALHAMENTO PURO No caso de metais, podemos praticar o cisalhamento com tesouras, prensas de corte, dispositivos especiais ou simplesmente aplicando esforços que resultem em forças cortantes. Ao ocorrer o corte, as partes se movimentam paralelamente, por escorregamento e uma sobre a outra, separando-se. A esse fenômeno damos o nome de cisalhamento. A resistência ao cisalhamento é uma característica que MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 10 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL todo material possui, e conhecer o quanto o material resiste é importantíssimo para atividades como recorte de metais, estamparia, caldeiraria e utilização de rebites, pois essas atividades são bons exemplos de situações nas quais a força cisalhante é o esforço mais importante. A força de cisalhamento é aplicada no plano da seção transversal (plano de tensão, e em resposta ao esforço de corte, haverá uma resistência ao cisalhamento). Ensaio de cisalhamento - Trata-se de todo processo de conformação que for imposto a um material e que causará variações na resistência ao cisalhamento do mesmo. Por esse motivo é mais comum que materiais já acabados (como pinos, rebites, parafusos, cordões de solda, barras e chapas) sejam submetidos ao ensaio de cisalhamento. Sendo assim, não faz sentido existirem normas que ditem diretrizes para o ensaio, pois cada empresa define o seu próprio procedimento e critérios de aceitação. Na execução do ensaio (como no ensaio de tração e compressão), a força cisalhante que atingirá o corpo de prova deverá ser aplicada lentamente para não afetar os resultados do ensaio. Normalmente, o ensaio é realizado na máquina universal de ensaios, que permite a adaptação de alguns dispositivos dependendo do tipo de produto a ser ensaiado. Normalmente, são ensaiados pinos, rebitese parafusos. Vejamos o esquema representado na figura a seguir: Figura 1.21 - Esquema de cisalhamento de pino. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. Para calcular a tensão de cisalhamento (TC) usamos a seguinte fórmula: TC = F S Nessa operação, a força F cortante deve ser dividida pela área S da seção transversal do corpo de prova. FLEXÃO A flexão é definida como a ação de uma ou mais forças atuando sob um determinado corpo, tendendo a deformá-lo em função da forma como esse corpo está apoiado, conforme observado no exemplo a seguir de corpos apoiados, respectivamente, sob dois e um ponto. Figura 1.22 - Flexão em corpos. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. A força F que atua sob um corpo causando flexão tenderá a comprimir uma região desse corpo, fazendo ainda com que a área seja tracionada. Entre essas duas regiões, uma linha neutra não sofrerá alteração nenhuma de suas dimensões. Em materiais homogêneos, a linha neutra fica a igual distância das superficies externas inferior e superior a do corpo ensaiado. Figura 1.23 - Flexão em corpos. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. A flexão e dobramento de um material são duas etapas de um mesmo processo, pois se durante o esforço o material deformar apenas elasticamente, quando ele ainda pode retornar às suas dimensões originais, se encontra em processo de flexão, e se o material deformar plasticamente, há a deformação permanente das dimensões do corpo. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 11 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Esse processo tem o nome de dobramento. Existem algumas diferenças básicas quanto a aplicação de ensaio de tração e de dobramento, como podemos observar a seguir: • Ensaio de Flexão - materiais de alta resistência. • Ensaio de dobramento - materiais dúcteis. O ensaio de flexão e o ensaio de dobramento utilizam praticamente a mesma montagem, adaptada à máquina universal de ensaios: Dois roletes, com diâmetros determinados em função do corpo de prova e que funcionam como apoios estão afastados entre si a uma distância preestabelecida. Um cutelo semicilíndrico é ajustado na parte superior da máquina de ensaios. • Ensaio de dobramento: O ensaio consiste em dobrar um corpo de prova de eixo retilíneo e seção circular (maciça ou tubular), retangular ou quadrada, assentado em dois apoios afastados a uma distância especificada, de acordo com o tamanho do corpo de prova e por meio de um cutelo, que aplica um esforço perpendicular ao eixo do corpo de prova, até que seja atingido um ângulo desejado. • Ensaio de flexão: É realizado em materiais frágeis e resistentes, como o ferro fundido, alguns aços, estruturas de concreto e outros materiais que em seu uso são submetidos a situações nas quais o principal esforço é o de flexão. A diferença em relação ao ensaio de dobramento é que se coloca um extensômetro no centro e embaixo do corpo de prova para fornecer a medida de formação flecha correspondente à posição de flexão máxima. Nos materiais frágeis, as flechas medidas são muito pequenas. Consequentemente, para determinar a tensão de flexão, utilizamos a carga que provoca a fratura do corpo de prova. MOMENTO FLETOR Aplicando um esforço próximo a um dos apoios de uma barra, a flexão da barra será pequena. Porém, se nos aproximarmos do centro da barra, a flexão vai ser máxima, pois estaremos na distância média entre os pontos de apoio, fazendo com que a tendência de girar a barra em torno dos pontos fixos seja máxima. O momento alcançará seu maior valor nesse sistema. Figura 1.24 - Momento fletor. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 12 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL O produto da força pela distância do ponto de aplicação da força ao ponto de apoio origina o que chamamos de momento, que no caso da flexão é o momento fletor (Mf). Nos ensaios de flexão, a força é sempre aplicada na região média do corpo de prova e se distribui uniformemente pelo corpo. Na fórmula para calcular o momento fletor, considera-se a metade do valor da força e a metade do comprimento útil do corpo de prova. A fórmula matemática para calcular o momento fletor é: Mf= F x L → Mf = FL 2 2 4 Outro elemento é o momento de inércia da seção transversal. Deve-se ressaltar que as dimensões do material influenciam muito sua resistência à flexão. O exemplo a seguir auxilia a entender melhor esse conceito: Figura 1.25 - Régua apoiada. Fonte: do autor; adaptação etb®, 2016. Figura 1.26 - Régua apoiada. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. Existem momentos de inércia diferentes em relação à forma com que a régua foi apoia da. Podemos perceber isso quando a variação da flexão da régua no primeiro caso foi mui to maior do que no segundo. O momento de inércia (J) é calculado pelas seguintes fórmulas matemáticas: • Corpos de seção circular: • Corpos de seção retangular: TORÇÃO Diferente da compressão, da tração e do cisalhamento, que são esforços aplicados no sentido longitudinal ou transversal, a torção é um esforço aplicado no sentido de rotação. Figura 1.27 - Torção em um corpo. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. Para obter as propriedades do material através do ensaio de tração, são necessários cálculos matemáticos complexos. Na torção, uma parte do material está sendo tracionada e outra parte é comprimida. Geralmente, podemos usar os dados do ensaio de tração para prever o comportamento de um material em um ensaio de tração. O corpo tenderá a girar no sentido da força e, como a outra extremidade está fixa, ele sofrerá uma torção MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 13 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL sobre seu próprio eixo. Se um certo limite de torção for ultrapassado, o corpo se romperá. Momento de uma força é o produto da intensidade da força (F) pela distância do ponto de aplicação ao eixo do corpo sobre o qual a força está sendo aplicada (C). Em linguagem matemática, o momento de uma força (Mf) pode ser expresso pela fórmula. Mf = F X C De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), Figura 1.28 - Torção em um corpo. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. O ensaio de torção é bastante utilizado para verificar o comportamento de eixos de transmissão, barras de torção, partes de motor e outros sistemas sujeitos aos esforços de torção. É interessante, para se obter melhores resultados, que sejam ensaiados os próprios produtos acabados. Para melhor precisão do ensaio, utilizam-se corpos de prova de seção circular cheia ou va zada, isso é, barras ou tubos. Esses últimos de vem ter um mandril interno para impedir ambos samentos pelas garras do aparelho de ensaio. Não são somente peças com seção circular que são ensaiadas, pois em situações diferen ciadas são utilizadas peças com outras formas de seção. Normalmente, as dimensões não são pa dronizadas, pois raramente se escolhe esse en saio como critério de qualidade de um material, a não ser em situações especiais, como para verificar os efeitos de vários tipos de tratamentos térmicos em aços, principalmente naqueles em que a superfície do corpo de prova ou da peça é a mais atingida. a unidade de momento é o newton metro (Nm). Quando se trata de um es forço de torção, o momento de torção (ou mo mento torsor) é também chamado de torque. Semelhante ao ensaio de tração, o ensaio de torção determina as seguintes propriedade do material, porém todos em relação ao esfor ço de tração: • Momento máximo; • Momento de ruptura; • Limite de escoamento; • Limite de proporcionalidade. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - MáquinasElétricas I 14 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL CAPÍTULO 02 MAGNETISMO Introdução Os gregos já sabiam, há mais de 2000 anos, que certas pedras da região da Magnésia (na Ásia Menor) se atraíam e também atraíam pedaços de ferro. Essas pedras são conhecidas hoje como Magnetista. As primeiras experiências com o magnetismo referiam-se, principalmente, ao comportamento dos ímãs permanentes. Na China, observou-se durante o século I a.c. que um imã suspenso por um fio, alinha-se, aproximadamente, na direção norte-sul terrestre. Isso deu origem à bússola. A bússola é simplesmente um ímã permanente em forma de agulha, suspenso no seu centro de gravidade e que pode girar livremente sobre um eixo para indicar a direção geográfica norte-sul. O lado da agulha que aponta para o norte geográfico convencionou-se a ser chamado de norte magnético. Não se sabe quando a bússola foi usada pela primeira vez na navegação, mas existem referências escritas sobre esse uso que datam do século XII. Em 1260, o francês Petrus Peregrinus observou que as extremidades de um imã pos suem um poder maior de atração pelo ferro: são os polos magnéticos. Ele também obser vou que os polos não existem separadamente. Em 1269, Pierre de Maricourt fez uma im portante descoberta ao colocar uma agulha so bre um ímã esférico natural em várias posições e marcou as direções de equilíbrio da agulha. Descobriu então que as linhas envolviam o ímã, da mesma forma que os meridianos en volviam a Terra, e passavam por dois pontos situados sobre as extremidades de um diâme tro da esfera. Em virtude da analogia com os meridianos terrestres, esses dois pontos foram denomi nados de polos do ímã. Muitos observadores verificaram que, qualquer que fosse a forma do ímã, sempre existiam dois polos: um polo norte e um polo sul, no qual a força do ímã era mais intensa. Os polos de mesmo nome de dois ímãs repeliam-se e os de nome oposto atraiam-se. A figura a seguir ilustra essa situação observada. Figura 2.1 - Atração e repulsão magnética. Fonte: etb®, 2016. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 15 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Em 1600, William Gilbert, fisico e médico da corte da rainha Elizabeth IdaInglaterra, descobriu a razão pela qual a agulha de uma bússola orienta-se em direções definidas: a própria Terra era um ímã permanente. Quando o polo norte da agulha da bússola é atraído para o polo norte geográfico, esse polo norte geográfico da Terra é, na realidade, um polo sul magnético. Os polos geográficos e magnéticos da terra não coincidem exatamente. O ângulo entre eles é chamado de declinação magnética. A declinação magnética e a intensidade do campo magnético terrestre variam lentamente ao longo de milhões de anos. A atração e a repulsão dos polos magnéticos foram estudadas quantitativamente em 1750 por John Michell. Usando uma balança de torção, Michell mostrou que a atração e a repulsão dos polos de dois ímãs tinham igual intensidade e variavam inversamente com o quadrado da distância entre os polos. Esses resultados foram confirmados pouco depois por Coulomb. A lei da força entre dois polos magnéticos é semelhante a existente entre duas cargas elétricas, mas há uma diferença importante: os polos magnéticos ocorrem sempre aos pares. É impossível isolar um único polo magnético. Se um ímã for quebrado ao meio, aparecem polos iguais e opostos no ponto de fratura, de modo que se formam dois novos ímãs, com polos iguais e opostos. Coulomb explicou esse resultado, admitindo que o magnetismo estava contido em cada molécula do ímã. Em 1920 foram desenvolvidos ímãs de maior capacidade com ligas de alnico (compostas por alumínio, níquel e cobalto), que retêm um magnetismo muito intenso e são usados na fabricação de alto-falantes, por exemplo. Vinte anos depois, grandes avanços foram feitos no desenvolvimento de ímãs cerâmicos orientados (ferrites) feitos com ligas de Manganês e Zinco (MnZn), níquel e zinco (NiZn). No ano de 1970 foram obtidos impressionantes aumentos de forças magnéticas a partir de ligas de samário cobalto (terras raras), mas com custos elevados. Em 1980, da família das terras raras, os ímãs de neodímio-ferro-boro surgiram com capacidades magnéticas ainda maiores e com custos menores, porém muito sensíveis a temperaturas elevadas. Hoje, o magnetismo tem importância fundamental em quase todos os equipamentos eletroeletrônicos mais usados na indústria, no comércio, nas residências e na pesquisa. Geradores de energia, motores elétricos, transformadores, disjuntores, televisores, computadores, videocassetes, discos rígidos de computadores (HDs), telefones, cartões magnéticos e muitos outros equipamentos usam efeitos magnéticos para desempenhar uma série de funções importantes. (Texto extraído e adaptado de: TIPLER, P. A.; Física vol. 2, 2a ed., Ed. Guanabara Dois, 1982). A ORIGEM DO MAGNETISMO O magnetismo é a expressão de uma forma de energia, normalmente associada a forças de atração e de repulsão entre alguns tipos particulares de materiais, chamados de ímãs. Os ímãs naturais encontrados na natureza, chamados de magnetitas, são compostos por óxido de ferro (Fe304). Os ímãs artificiais são materiais geralmente compostos de metais e ligas cerâmicas, aos quais se transmitem as propriedades magnéticas e que podem ser temporários ou permanentes. Os temporários são fabricados com ferro doce (mais puro), e os permanentes são produzidos com ligas de aço (ferro e carbono), geralmente contendo níquel ou cobalto. Não é ainda completamente conhecida a natureza das forças magnéticas de atração e repulsão, embora conheçamos as leis que orientam suas ações e como utilizá-las. Assim como qualquer forma de energia, o magnetismo é originado na estrutura física da matéria, ou seja, no átomo. O elétron gira sobre seu eixo (spin eletrônico) e ao redor do núcleo de um átomo (rotação orbital). Na maioria dos materiais, a combinação entre direção e sentido dos efeitos magnéticos gerados pelos seus elétrons tem um resultado nulo, originando uma compensação e produzindo um átomo magneticamente neutro. No entanto, pode acontecer uma resultante magnética quando uma quantidade de elétrons gira em um sentido e um número menor de elétrons giram em outro. É o caso do átomo de ferro. Embora exista, de fato, um movimento de cargas elétricas em nível atômico, a corrente elétrica (fluxo ordenado de elétrons) não está presente nos ímãs. Não devemos confundir esses dois fenômenos. Figura 2.2 - Movimentos dos elétrons no átomo. Fonte: etb®, 2016. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 16 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Assim, muitos dos elétrons dos átomos dos ímãs, girando ao redor de seus núcleos em direções determinadas e em torno de seus próprios eixos, produzem um efeito magnético em uma mesma direção. Resulta, então, na expressão magnética externa. Essa expressão é conhecida como campo magnético permanente e é representado pelas linhas de campo, como será estudado posteriormente. Figura 2.3 - Átomo de ferro magnetizado. Fonte: etb®,2016. Teoria de Weber Em 1260, o francês Petrus Peregrinus observou que os polos de um imã não existem separadamente. Cortando-se um imã em duas partes iguais, que por sua vez podem ser divididas novamente em outras, observa-se que cada uma dessas partes constitui um novo imã que, embora menor, tem sempre dois polos. É possível continuar esse processo de divisão, até que chega-se a um ponto em que encontra-se o átomo ou molécula do material de que ele é feito. Cada átomo ou molécula do imã possui propriedades magnéticas devido à orientação dosseus spins. Esses átomos ou moléculas reúnem-se em pequenos conjuntos de mesma orientação, denominados imãs elementares. A teoria mais popular do magnetismo considera este alinhamento atômico ou molecular do material. Isso é conhecido como teoria de Weber. Esta teoria assume que toda substância magnética é composta de ímãs muito pequenos, chamados de ímãs elementares. Qualquer material não magnetizado tem as forças magnéticas de seus ímãs elementares neutralizados pelos ímãs elementares adjacentes, eliminando assim algum efeito magnético possível. Figura 2.4 - Inseparabilidae dos polos de um imã (a) e outro imã elementar (b). Fonte: etb®, 2016. Um material magnetizado terá a maioria de seus ímãs elementares organizados em fileiras, com o polo norte de cada átomo ou molécula apontando em uma direção e a face do polo sul em direção oposta. Um material com átomos ou moléculas alinhadas dessa maneira terá polos magnéticos efetivos. Uma ilustração da teoria de Weber é mostrada na figura a seguir, na qual uma barra de ferro é magnetizada quando submetida a um campo magnético externo, resultando no alinhamento de seus ímãs elementares. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 17 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.5 - Barra de ferro sendo magnetizada. Fonte: etb®, 2016. Um material apresenta propriedades magnéticas quando há uma predominância de imãs elementares orientados sobre os não orientados. Assim, genericamente, pode-se dizer que: • Materiais magnéticos: são aqueles que permitem a orientação dos seus imãs elementares. Exemplos: ferro, níquel e algumas ligas metálicas, como o aço. • Materiais não-magnéticos: não permitem a orientação dos seus imãs elementares. Exemplos: alumínio, madeira e plástico. Teoria dos domínios magnéticos Nos materiais com melhores características magnéticas de estrutura cristalina, além de alguns átomos apresentarem resultante magnética, eles se concentram em regiões de mesma direção magnética. Isso é chamado de acoplamento de troca. Isso significa que um exame microscópico revela que um imã é, na verdade, composto por pequenas regiões, na sua maioria com 1mm de largura ou comprimento, que se comportam como um pequeno ímã independente com os seus dois polos. Essas regiões são conhecidas como domínios magnéticos. Num material desmagnetizado, os domínios estão desalinhados, ou seja, estão numa disposição aleatória. Os efeitos de um domínio cancelam o de outro e o material não apresenta um efeito magnético resultante. Quando submetidos a campos magnéticos externos (aproximação de um ímã, por exemplo), esses materiais têm a maioria de seus domínios alinhados ao campo externo. Na verdade, existe um aumento daqueles domínios que se encontravam inicialmente em direções próximas à direção do campo em detrimento daqueles domínios que apresentavam direções opostas, com a diminuição de tamanho desses últimos. CAMPO MAGNÉTICO Campo magnético é a região ao redor de um imã na qual ocorre um efeito magnético. Esse efeito é percebido pela ação de uma força magnética de atração ou de repulsão. O campo magnético pode ser definido pela medida da força que o campo exerce sobre o movimento das partículas de carga, tal como um elétron. A representação visual do campo magnético é feita através de linhas de campo magnético, também conhecidas por linhas de indução magnética ou ainda por linhas de fluxo magnético, que são linhas envoltórias imaginárias. As linhas de campo magnético são linhas fechadas que saem do polo norte e entram no polo sul. A figura a seguir mostra as linhas de campo representando visualmente o campo magnético. Na imagem seguinte, as linhas de campo são visualizadas com limalha de ferro sobre um vidro. Figura 2.6 - Representação das linhas de fluxo magnético de um ímã. Seu fluxo é sempre do polo norte para o paio sul, como indicam as setas. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 18 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.7 - Na figura podem ser observadas as limalhas de ferro sobre uma falha. Elas se posicionaram conforme o campo magnético do ímã, posto na versa na falha.Fonte: Publicado por Windell Oskay, "Magnetic Fields-11", 20101 Ftickr®, sob a licença Creative Commons Attribution 2.0 Generlc. link da página: ftickr. com/phatos/oskay/4581190922. Acesso em: 25/02/2016. As características das linhas de campo magnético são: • São sempre linhas fechadas: saem e voltam a um mesmo ponto; • As linhas nunca se cruzam; • Fora do ímã, as linhas saem do polo norte e se dirigem ao polo sul; • Dentro do ímã, as linhas são orientadas do polo sul para o polo norte; • Saem e entram na direção perpendicular às superfícies dos polos; • Nos polos, a concentração das linhas é maior: quanto maior concentração de linhas, mais intenso será o campo magnético numa dada região; Uma verificação das propriedades das linhas de campo magnético é a chamada inclinação magnética da bússola. Nas proximidades da linha do equador, as linhas de campo são praticamente paralelas à superfície. Na medida que nos aproximamos dos polos, as linhas vão se inclinando até se tornarem praticamente verticais na região polar. Assim, a agulha de uma bússola acompanha a inclinação dessas linhas de campo magnético e pode -se verificar que na região polar a agulha da bússola tenderá a ficar praticamente na posi ção vertical. Se dois polos diferentes de ímãs são aproximados, haverá uma força de atração entre eles e as linhas de campo se concentrarão nessa região, e seus trajetos serão completados através dos dois ímãs. Se dois polos iguais são aproximados, haverá uma força de repulsão e as linhas de campo divergirão, ou seja, serão distorcidas e haverá uma região entre os ímãs na qual o campo magnético será nulo. No caso de um imã em forma de ferradura, as linhas de campo entre as superficies paralelas dispõem-se praticamente paralelas, originando um campo magnético uniforme. No campo magnético uniforme, todas as linhas de campo têm a mesma direção e sentido em qualquer ponto. Na prática, dificilmente encontra-se um campo magnético perfeitamente uniforme. Entre dois polos planos e paralelos, o campo é praticamente uniforme se a área dos polos for maior que a distância entre eles. Nas bordas de um elemento magnético existem sempre algumas linhas de campo que não são paralelas às outras. Essas distorções são chamadas de "espraiamento", como mostra a figura a seguir. Figura 2.8 - Espraiamento de linhas num campo magnético praticamente uniforme. Fonte: etb®, 2016. Densidade de campo magnético ou densidade de fluxo magnético O fluxo magnético, simbolizado por φ, é definido como o conjunto de todas as linhas de campo que atingem perpendicularmente uma dada área, como mostra a figura a seguir. A unidade de fluxo magnético é o weber (Wb). Um weber corresponde a 1 x 108 linhas do campo magnético [Giancoli]. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 19 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.9 - Fluxo magnético - quantidade de linhas de campo numa área. Fonte: etb®, 2016. A densidade de campo magnético (também conhecida como densidade de fluxo magnético ou simplesmente campo magnético) é uma grandeza vetorial representada pela letra B, cuja unidade é o Teslal (T) e é determinada pela relação entre o fluxo magnético ϕ e a área de uma dada superfície perpendicular à direção do fluxo magnético. Assim: B = φ A Considerando: B - Densidade de campo magnético ou densidade de fluxo magnético, tesla (T); φ- fluxo magnético, em Weber (Wb); A - área da seção perpendicular ao fluxo magnético,expressa em m2. A partir dessa equação, podemos verificar que 1T = 1Wb/m2. A direção do vetor densidade de campo magnético B é sempre tangente às linhas de campo magnético em qualquer ponto, como mostra a figura a seguir. O sentido do vetor densidade de campo magnético é sempre o mesmo das linhas de campo. O número de linhas de campo magnético que atravessam uma dada superfície perpendicular por unidade de área é proporcional ao módulo do vetor B na região considerada. Assim sendo, nos locais em que as linhas de indução estão muito próximas umas das outras, B terá alto valor. Caso as linhas estiverem muito separadas, B será pequeno. Observação: se as linhas de campo não forem perpendiculares à superfície considerada, devemos tomar a compo nente perpendicular,como será estuda do posteriormente. Figura 2.10 - Vetor densidade de campo magnético tengente às linhas de campo. fonte: etb@, 2016. Nikola Tesla (1856-1943) foi um inventor e engenheiro eletricista croata-americano que desenvolveu o motor de corrente alternada e vários outros inventos, entre os quais a Bobina de Tesla, indutores, transformadores, sistemas polífásicos e sistemas de iluminação. No interior de um ímã, as linhas de campo encontram-se mais concentradas e, portanto, a intensidade do campo magnético é elevada. Há, portanto, alta densidade de fluxo magnético. Externamente ao ímã, as linhas de campo encontram-se mais dispersas ao longo dos caminhos entre os polos, como mostra claramente a figura. Podemos concluir que a intensidade do campo magnético nessa região é menor, ou seja, há menor densidade de fluxo magnético. No entanto, percebemos que o número de linhas de campo no interior do ímã e no exterior é exatamente o mesmo, já que são linhas fechadas. Assim, o fluxo magnético no interior e no exterior de um ímã é exatamente o mesmo, porém percebemos que a densidade de fluxo magnético é maior no interior do ímã que no exterior, pois o mesmo número de linhas está concentrado numa área menor. A densidade de fluxo magnético também pode ser medida em Gauss, no sistema CGS: 1T=104 Gauss. B = dφ dA dφ = B x dA ʃ dφ = ʅ B x dA MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 20 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL INDUÇÃO MAGNÉTICA - IMANTAÇÃO Indução magnética é o fenômeno de imantação de um material provocado pela proximidade de um campo Figura 2.11- Este é um processo típico de Imantação, onde o ímã está em contato com o primeiro clips e este passa a possuir propriedades magnéticas passando de um para o outro. Fonte: Publicado por Waifer X, "20100325499", 2010, Flickr®, sob a licença Creative Commons Attribution 2.0 Generic. Link da página: flickr.com/photos/walferx/4463902740. Acesso em: 25/02/2016. Quando o ferro encontra-se próximo de um imã, o campo magnético faz com que a barra de ferro se transforme temporariamente em um imã. Isso acontece porque na presença de um campo magnetizante (ou campo indutor) os domínios magnéticos do ferro, que normalmente estão orientados em todas as direções ao longo da barra, ficam orientados em uma direção predominante, como num imã. Quando afastamos o ímã indutor, a maioria dos domínios magnéticos do ferro volta ao estado de orientação desorganizada, fazendo com que o material praticamente perca as suas propriedades magnéticas. Materiais com esse comportamento, como o ferro puro, são chamados de materiais magneticamente moles. Os materiais nos quais os domínios magnéticos não perdem a orientação obtida com a aproximação de um campo magnético são chamados de materiais magneticamente duros, como o aço e o ferrite. Isso acontece porque nessas ligas os átomos de ferro, uma vez orientados sob a ação do campo magnético, são impedidos de voltar à sua orientação inicial pelos átomos do outro do material da liga, permanecendo magnetizados. É assim que são fabricados os ímãs permanentes. Porém, aquecendo-se uma barra de ferro sob a ação de um campo magnético acima de uma certa temperatura, no caso 770ºC, ela deixa de ser atraída pelo imã. Essa temperatura é denominada ponto Curie. Isso acontece pois o aquecimento provoca uma agitação nos átomos de ferro, de tal maneira que eles se desorganizam e a barra de ferro perde as suas propriedades magnéticas. Quando a barra de ferro é esfriada, ela novamente será atraída pelo imã. magnético. Como pode-se observar na figura a seguir, o ímã induz magneticamente (imanta) os pregos, que sucessivamente imantam uns aos outros e atraem-se. Figura 2.12 - Saturação magnética. Fonte: etb®, 2016. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 21 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Um material também pode perder suas propriedades magnéticas quando submetido a choques mecânicos que propiciem a desorien tação dos seus átomos. É possível que um material tenha seus átomos orientados até um determinado limite. O efeito devido à limitação na orientação e alinhamento dos átomos do material, mesmo sob a ação de campos magnéticos intensos, é chamado de saturação magnética. Classificação das substãncias quanto ao comportamento magnético As substâncias são classificadas em quatro grupos quanto ao seu comportamento magnético: ferromagnéticas, paramagnéticas, diamagnéticas e ferrimagnéticas. Substâncias ferromagnéticas: Seus ímãs elementares sofrem grande influência do campo magnético indutor. Assim, eles ficam majoritariamente orientados no mesmo sentido do campo magnético aplicado e são fortemente atraídos por um ímã. Exemplos: ferro, aços especiais, cobalto, níquel, algumas ligas (alloys) como Alnico e Permalloy, entre outros. Substâncias paramagnéticas: Seus ímãs elementares ficam fracamente orientados no mesmo sentido do campo magnético indutor. Surge, então, uma força de atração fraca entre o imã e a substância paramagnética. Exemplos: alumínio, manganês, estanho, cromo, platina, paládio, oxigênio líquido, etc. Substâncias diamagnéticas: As substâncias diamagnéticas são aquelas que, quando colocadas próximas a um campo magnético indutor proveniente de um imã, fazem com que os ímãs elementares sofrem uma pequena influência, de modo que eles ficam fracamente orientados em sentido contrário ao campo externo aplicado. Surge então entre o imã e a substância diamagnética uma força de repulsão fraca. Exemplos: cobre, água, mercúrio, ouro, prata, bismuto, antimônio, zinco, etc. Substâncias ferrimagnéticas: O ferrimagnetismo permanente ocorre em sólidos cujos campos magnéticos associados com átomos individuais se alinham espontaneamente, alguns de forma paralela, ou na mesma direção (como no ferrimagnetismo) e outros geralmente antiparalelos, ou ainda emparelhados em direções opostas, como ilustra a próxima figura. O comportamento magnético de cristais de materiais ferrimagnéticos pode ser atribuído ao alinhamento paralelo; o efeito desses átomos no arranjo antiparalelo mantém a força magnética desses materiais geralmente menor do que a de sólidos puramente ferromagnéticos como o ferro puro. O ferrimagnetismo ocorre principalmente em óxidos magnéticos conhecidos como ferrítas. O alinhamento espontâneo que produz o ferrimagnetismo também é completamente rompido acima da temperatura de Curie, característico dos materiais ferromagnéticos. Quando a temperatura do material está abaixo do ponto Curie, o ferrimagnetismo aparece novamente. Se um material não magnético como vidro ou cobre for colocado na região das linhas de campo de um ímã, haverá uma imperceptível alteração na distribuição das linhas de campo. Entretanto, caso um material magnético, como o ferro, for colocado na região das linhas de campo de um ímã, elas passarão através do ferro em vez de se distribuírem no ar ao seu redor porque elas se concentram com maior facilidadenos materiais magnéticos. Este princípio é usado na blindagem magnética de elementos e instrumentos elétricos sensíveis e que podem ser afetados pelo campo magnético. A figura mostra um exemplo de blindagem magnética, pois as linhas de campo ficam concentradas na carcaça metálica não atingindo o instrumento no seu interior. Portanto, um material na proximidade de um ímã pode alterar a distribuição das linhas de campo magnético. Se diferentes materiais com as mesmas dimensões físicas são usados, a intensidade com que as linhas são concentradas varia. Essa variação se deve a uma grandeza associada aos materiais chamada permeabilidade magnética (µ). A permeabilidade magnética de um material é uma medida da facilidade com que as linhas de campo podem atravessar um dado material. Podemos entender a permeabilidade magnética como um conceito similar ao con ceito da condutividade elétrica dos materiais. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 22 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.13 - A imagem ilustra a situação em que dois materiais, um ferromagnético e outro diamagnético, são submetidos a um campo magnético o material ferromagnético atrai as linhas de fluxo do campo para sua estrutura, já o material diamagnético não causa nenhuma alteração. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. A unidade de permeabilidade também pode ser expressa por Tesla-metro por Ampère (Tm/A) ou ainda Henry por metro (H/m). As sim: H=Wb/A. A permeabilidade magnética de todos os materiais não magnéticos, como o cobre, alumínio, madeira, vidro e ar é aproximadamente igual à permeabilidade magnética do vácuo. Os materiais que têm a permeabilidade um pouco inferior à do vácuo recebem o nome de materiais diamagnéticos. Aqueles que têm a permeabilidade um pouco maior que a do vácuo são chamados de materiais paramagnéticos. Materiais magnéticos como o ferro, níquel, aço, cobalto e ligas desses materiais (alloys) têm permeabilidade centenas e até milhares de vezes maiores que a do vácuo. Esses materiais são conhecidos como materiais ferromagnéticos. A relação entre a permeabilidade de um dado material e a permeabilidade do vácuo é chamada de permeabilidade relativa, obtida a partir da seguinte fórmula: Considerando: • µr - permeabilidade relativa de um material (adimensional); • µm - permeabilidade de um dado material; • µo - permeabilidade do vácuo. Geralmente, µr 2: 100 para os materiais ferromagnéticos, valendo entre 2.000 e 6.000 nos materiais de máquinas elétricas e podendo chegar até a 100.000 em materiais especiais. Para os não-magnéticos, µr é = 1. A tabela a mostra uma relação simplifica da dos valores de permeabilidade relativa dos materiais, e a tabela b apresenta valores de permeabilidade magnética relativa para alguns materiais ferromagnéticos utilizados em dispo sitivos eletroeletrônicos. Observação: devemos ter em men te que a permeabilidade de um mate rial ferromagnético não é constante e que seu valor depende da densidade de campo magnético ao qual está submeti do. Esse assunto será estudado no item sobre curvas de magnetização. Tabela 2.1- Materiais quanto a permeabilidade relativa Permeabilidade relativa(µr) Tipo de Material >>1 Ferromagnéticos ≈1 Paramagnéticos <1 Diamagnéticos Fonte: do autor, 2016. Tabela 2.1- Permeabilidade relativa de materiais ferromagnéticos Tipo de Material Permeabilidade relativa(µr) Ferro comercial 9.000 Ferro purificado 200.000 Ferro silicio 55.000 Permalloy 1x106 Supermalloy Permendur Ferrite Fonte: do autor, 2016. MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 23 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Relutância magnética A relutância magnética é uma medida da oposição que um meio oferece ao estabele cimento e concentração das linhas de campo magnético. A relutância magnética é determi nada pela seguinte equação: Considerando: - relutância magnética, em reis ou Ae/Wb (Amperes- espiras por Weber); l - comprimento médio do caminho magné tico das linhas de campo no meio, m; µ - permeabilidade magnética do meio A unidade Amperes-espiras está associada ao número de espiras de uma bobina eletro magnética. Esse assunto será estudado poste riormente. A relutância magnética é uma grandeza análoga à resistência elétrica que pode ser de terminada pela seguinte equação que relaciona a resistividade e as dimensões de um material: Podemos notar que a resistência elétrica R e a relutância magnética R são inversamente proporcionais à área A, ou seja, quanto maior a área, menor será a resistência ao fluxo de cargas elétricas e ao fluxo de linhas de campo. Essas grandezas são diretamente proporcionais ao comprimento l do material. Entretanto a relutância é inversamente proporcional à permeabilidade magnética, enquanto a resistência é diretamente proporcional à resistividade elétrica p. Materiais com alta permeabilidade, como os ferromagnéticos, têm relutâncias muito baixas e, portanto, proporcionam grande concentração das linhas de campo magnético. Quando dois materiais de permeabilidades diferentes apresentam-se como caminho magnético para as linhas do campo, elas se dirigem para o de maior permeabilidade. Isso é chamado de princípio da relutância mínima. Esse princípio pode ser aplicado quando se necessita uma blindagem magnética, ou seja, liberar um dispositivo das influências magnéticas. Na próxima imagem podemos perceber que o ferro, de alta permeabilidade, represen ta um caminho magnético de menor relutância para as linhas de campo, concentrando-as. Já o vidro, de baixa permeabilidade, não propor ciona grande concentração das linhas de cam po. Isso representa um caminho magnético de alta relutância. Figura 2.14- Caminhos magnéticos de alta e baixa relutância. Fonte: etb®, 2016. ELETROMAGNETISMO Descobertas de Oersted Até o início do século XIX, acreditava-se que não existia relação entre os fenômenos elétricos e magnéticos. Em 1820, o professor e físico dinamarquês chamado Hans Christian Oersted observou que uma corrente elétrica era capaz de alterar a direção de uma agulha magnética de uma bússola. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 24 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.15 - A imagem ilustra a situação em que dois materiais, um ferromagnético e outro diamagnético, são submetidos a um campo magnético. O material ferromagnético atrai as linhas de fluxo do campo para sua estrutura, já o material diamagnético não causa nenhuma alteração. Fonte: etb®, 2016. Quando havia corrente elétrica no fio, Oersted verificou que a agulha magnética movia-se, orientando-se numa direção perpendicular ao fio, evidenciando a presença de um campo magnético produzido pela corrente, como mos tra a figura anterior. Esse campo originava uma força magnética capaz de mudar a orientação da bússola. A esse campo magnético de origem elétrica chamamos de campo eletromagnético. Interrompendo-se a corrente, a agulha retornava a sua posição inicial ao longo da direção norte-sul. Observou-se, então, a existência de uma relação entre a eletricidade e o magnetismo. Oersted concluiu que todo condutor percorrido por corrente elétrica cria em torno de si um campo eletromagnético. Surge, a partir daí, o estudo do eletromagnetismo. Em decorrência dessas descobertas, foi possível estabelecer o princípio básico de todos os fenômenos magnéticos. Quando duas cargas elétricas estão em movimento, manifesta-se entre elas uma força magnética além da força elétrica (ou força eletrostática). Fenômenos do eletromagnetismo A partir da Lei da ação e reação de Newton, podemos concluir que, se um condutor percorrido por corrente provocauma força de origem magnética capaz de mover a agulha da bússola, que é um ímã, então um imã deve provocar uma força num condutor percorrido por corrente. Além disso, os cientistas concluíram que, se uma corrente elétrica é capaz de gerar um campo magnético, então o contrário é verdadeiro, ou seja, um campo magnético é capaz de gerar corrente elétrica. São três os principais fenômenos eletromagnéticos que regem todas as aplicações tecnológicas do eletromagnetismo: I. Condutor percorrido por corrente elétrica produz campo magnético. II. Campo magnético provoca ação de uma força magnética sobre um condutor percorrido por corrente elétrica. lll. Fluxo magnético variante sobre um condutor gera (induz) corrente elétrica. Campo magnético criado por corrente elétrica Um campo magnético pode ser criado por meio do movimento de cargas elétricas, tal como o fluxo de corrente num condutor. Esse campo magnético é originado pelo momento de giro do dipolo magnético (referente ao spin do elétron) e pelo momento da órbita do dipolo magnético de um elétron dentro de um átomo. A esse campo magnético originado por uma corrente elétrica dá-se o nome de campo eletromagnético. No mesmo ano que Oersted comprovou a existência de um campo magnético produzido pela corrente elétrica, o cientista francês André Marie Ampere preocupou-se em descobrir as características desse campo. Nos anos seguintes, outros pesquisadores como Michael Faraday, Karl Friedrich Gauss e James Clerk Maxwell continuaram investigando e desenvolveram muitos dos conceitos MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 25 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL básicos do eletromagnetismo. Quando o condutor retilíneo da figura é percorrido por uma corrente elétrica, pode-se observar pela orientação das agulhas das bússolas a existência de um campo que o envolve longitudinalmente (ao longo de seu comprimento), e as linhas de campo magnético que o representam são círculos concêntricos. As linhas de campo magnético são linhas envoltórias concêntricas e orientadas. O sentido das linhas de campo Figura 2.16 - A imagem ilustra a regra da mão direita. Percebe-se que o polegar está no mesmo sentido da corrente e os demais dedos Indicam o sentido do campo magnético, B. A Imagem também demonstra como o campo magnético se comporta ao redor do condutor. Fonte: etb®, 2016. Regra de Ampere - regra da mão direita Utilizando a regra de Ampere, a mão direita envolve o condutor com o polegar, apontando-o para o sentido convencional da corrente elétrica, enquanto os demais dedos indicam o sentido das linhas de campo que envolvem o condutor. Para a representação do sentido das linhas de campo ou de um vetor qualquer perpendicular a um plano (como o plano do papel), podemos usar a seguinte simbologia: representa um fio, uma linha de campo ou um vetor com direção perpendicular ao plano da figura (papel), com sentido de saída deste plano. magnético produzido pela corrente no condutor é dado pela regra de Ampere. A regra de Ampere, também chamada de regra da mão direita é usada para determinar o sentido das linhas do campo magnético con siderando-se o sentido convencional da corren te elétrica. Com a mão direita envolvendo o condutor e o polegar apontando para o sentido convencional da corrente elétrica, os demais dedos indicam o sentido das linhas de campo que envolvem o condutor. representa um fio, uma linha de campo ou um vetor com direção perpendicular ao plano da figura (papel), com sentido de entrada neste plano. Figura 2.17a - Simbologia para representação do sentido das linhas de campo no plano do papel. Fonte: do autor, 2016. O campo magnético gerado por um condutor percorrido por corrente pode ser representado por suas linhas desenhadas em perspectiva, ou então com a simbologia estudada, como ilustra a figura a seguir. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 26 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.17b - Campo eletromagnético produzido por um condutor em perspectiva (a) e indicado no plano (b). Fonte: do autor, 2016. FONTES DO CAMPO MAGNÉTICO Além dos ímãs naturais (magnetita) e os ímãs permanentes feitos de materiais magnetizados, podemos gerar campos magnéticos através da corrente elétrica em condutores. Se esses condutores tiverem a forma de espiras ou bobinas, podemos gerar campos magnéticos muito intensos. Campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo A intensidade do campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo percorrido por corrente elétrica depende da intensidade dessa corrente. Uma corrente intensa produzirá um campo intenso, com diversas linhas de campo que se distribuem até regiões bem distantes do condutor. Uma corrente menos intensa produzirá poucas linhas numa região próxima ao condutor. A figura a seguir ilustra essa situação. Figura 2.18 - Representação do campo magnético em função da intensidade da corrente. Fonte: do autor, 2016. Na próxima figura, o vetor B que representa a densidade de campo magnético ou densidade de fluxo em qualquer ponto apresenta direção sempre tangente às linhas de campo no ponto considerado. Isso pode ser comprovado pela observação da orientação da agulha de uma bússola em torno de um condutor percorrido por corrente elétrica. O vetor densidade de campo magnético B é sempre tangente às linhas de campo. Figura 2.19 - Vetor campo magnético tangente às linhas de campo. Fonte: etb®, 2016. A densidade de campo magnético B num ponto p considerado é diretamente proporcional à corrente no condutor, inversamente proporcional à distância entre o centro do condutor e o ponto e depende do meio. Matematicamente, tem-se que: MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 27 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Considerando: B = Densidade de campo magnético (ou densidade de fluxo magnético) num ponto p [T, Tesla]; r = distância entre o centro do condutor e o ponto p considerado [m]; I= intensidade de corrente no condutor [A]. µ = permeabilidade magnética do meio [T.m/A] A permeabilidade magnética do vácuo (µ0) é igual a 4 . n . 10-7 (T.m/A). Esta equação é válida para condutores longos, ou seja, quando a distância for bem menor que o comprimen to do condutor (r<<Ɩ). Campo magnético gerado no centro de uma espira circular Um condutor em forma de espira circular, quando percorrido por corrente elétrica, é ca paz de concentrar as linhas de campo magné tico no interior da espira. Isso significa que a densidade de campo magnético resultante no interior da espira é maior que a produzida pela mesma corrente no condutor retilíneo. Para a determinação do campo magnético no centro de uma espira circular, a regra da mão direita também é válida. O polegar indi ca o sentido da corrente elétrica na espira, e os demais dedos da mão direita o sentido das linhas de campo magnético que envolvem o condutor da espira circular. Assim, para os campos magnéticos repre sentados na figura a seguir temos: Considerando: B = densidade de campo magnético no cen tro da espira circular [T, Tesla] R = raio da espira [m] I= intensidade de corrente na espira circu lar [A] µ = permeabilidade magnética do meio [T.m/A] Na figura, podemos verificar que as linhas de campo geradas no condutor são concentradas no interior da espira. Figura 2.20 a- A corrente ao circular por uma espira faz surgir um campo magnético ao redor do condutor que forma a espira. Este campo magnético possui linhas concêntricas ao condutor, e, no centro da espira, há a interseção de campos magnéticos. Isto faz com que a intensldade do campo magnético seja maior. Fonte: do autor, adaptaçãoetb®, 2016. Campo magnético gerado no centro de uma bobina longa ou Solenoide Um solenoide é uma bobina longa obtida por um fio condutor isolado e enrolado em espiras iguais, lado a lado, e igualmente espaçadas entre si. Quando a bobina é percorrida por corrente, os campos magnéticos criados em cada uma das espiras que formam o solenoide somam-se, e o resultado final é idêntico a um campo magnético de um imã permanente em forma de barra. Podemos observar que as linhas de campo são concentradas no interior do solenoide. Figura 2.20b - Quando a corrente passa pela bobina, as espiras do solenoide formam um campo magnético equivalente ao de um imã permanente com formato de barra. Fonte: do autor, adaptação etb®, 2016. MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 28 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Figura 2.21 - Campo magnético de um imã em barra e de um solenoide são semelhantes. Fonte: do autor, 2016. Na figura a seguir, podemos observar uma bobina cujas espiras estão afastadas umas das outras. Entre duas espiras, os campos anulam -se pois têm sentidos opostos. No centro do solenoide, os campos somam-se. Podemos ob servar que no interior do solenoide o campo é praticamente uniforme. O radical "solen" se origina do grego e significa tubo. Quanto mais próximas estiverem as espi ras umas das outras, mais intenso e mais uni forme será o campo magnético, como mostra a figura seguinte. Figura 2.22 - Campo magnético no solenoide com espiras esparadas (à esquerda) e justapostas (à direita). Fonte: do autor, 2016. Para solenoides suficientemente longos (nos quais o comprimento longitudinal é bem maior que o diâmetro das suas espiras), pode-se considerar o campo magnético constante e uniforme em praticamente toda a extensão do interior do solenoide. Portanto, a densidade do campo magnético (densidade de fluxo magnético) no centro de um solenoide é expressa por: Considerando: B = é a densidade de campo magnético no centro do solenoide [T, Tesla] N = número de espiras do solenoide I= é a intensidade de corrente elétrica que percorre o solenoide [A] 1 = comprimento longitudinal do solenoide [m] µ = permeabilidade magnética do meio (nú cleo do solenoide) [T.m/A] MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 29 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Observação: O comprimento l é o comprimento longitudinal do solenoide e não deve ser confundido com o comprimento do condutor do solenoide. O sentido das linhas de campo pode ser determinado por uma adaptação da regra da mão direita, como ilustra a figura a seguir. Figura 2.22 - Regra da mão direita aplicada a uma bobina. Fonte: do autor, 2016. A figura 2.22 mostra a semelhança entre os campos magnéticos produzidos por um solenoide e por um ímã permanente em forma de barra. A principal diferença entre eles é que a densidade de fluxo é maior no ímã permanente que no solenoide. A densidade de fluxo no solenoide pode ser sensivelmente aumentada pela inclusão de materiais ferromagnéticos no núcleo da bobina. Figura 2.23 - Sentido do campo eletromagnético crtado por uma bomba perconida por corrente. Fonte: do autor, 2016. Um eletroímã é composto por uma bobina enrolada em torno de um núcleo de material ferromagnético de alta permeabilidade (ferro doce, por exemplo) para concentrar o campo magnético. Cessada a corrente, ele perde a magnetização, pois o magnetismo residual é muito baixo. CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UM TOROIDE Uma bobina toroidal (ou simplesmente toroide) é um solenoide em forma de anel, como mostra a figura 2.24. Seu núcleo pode ser de ar ou de material ferromagnético. Geralmente, as bobinas toroidais são feitas com núcleos de ferrite. Figura 2.24 a- Exemplo de um toraide. Fonte: do autor, 2016. Os toroides são o tipo de bobinas capaz de proporcionar a maior concentração das linhas de campo magnético. Pode ser provado matematicamente que a densidade de campo mag nético no interior das espiras (no núcleo) do toroide é dada por: MUNDI - UNIVESO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 30 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL Considerando: B - densidade de campo magnético no interior do núcleo do toroide, [T] µ - permeabilidade magnética do meio no interior das espiras do toroide (núcleo) N - número de espiras da bobina toroidal I- intensidade de corrente no condutor da bobina, [A] R - raio médio do toroide, [m] Observação: o raio médio é o raio da circunferência no meio do núcleo do toroide, como mostra a figura seguinte. É importante não confundir com o raio externo ou interno e nem com o raio das espiras. Figura 2.24b- Identificação do raro médio de um toroíde. Fonte: do autor, 2016. Também pode ser demonstrado matematicamente [Giancoli] que a densidade de campo magnético fora do núcleo do toroide, tanto na região externa como interna é nulo, pois como o núcleo tem forma circular, é capaz de produzir um caminho magnético enlaçando todas as linhas de campo. Usando a regra da mão direita aplicada à bobina toroidal, podemos determinar o sentido das linhas de campo confinadas no núcleo do toroide, como mostra a figura a seguir. Medições de características de comportamento de materiais magnéticos são, geralmente, feitas usando-se núcleos toroidais (toroide), pois eles são capazes de concentrar praticamente todas as linhas de campo. Vetor campo magnético indutor - força magnetizante Se para uma dada bobina mantivermos a corrente constante e mudarmos o material do núcleo (permeabilidade µ do meio), a densidade de fluxo magnético no interior da bobina será alterada em função da permeabilidade magnética do meio. Podemos chamar de vetor campo magnético indutor ou vetor força magnetizante (H) ao campo magnético induzido (gerado) pela corrente elétrica na bobina, independentemente da permeabilidade magnética do material do núcleo (meio). O vetor densidade de campo magnético na bobina pode ser dado pela seguinte equação: Figura 2.25-Figura ao Sentido das linhas de campo no núcleo da bobina toroidal. Fonte: do autor, 2016. Simplificando a equação: MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo II - Máquinas Elétricas I 31 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL O módulo do vetor campo magnético indutor ou vetor força magnetizante H numa bobina pode ser dado por: O vetor h tem as mesmas características de orientação do vetor densidade de campo magnético (densidade de fluxo) b, porém independe do tipo de material do núcleo da bobina. A unidade do vetor campo magnético indutor é expressa por ampere-espira por metro (ae/m). Podemos, portanto, concluir que os vetores densidade de campo magnético e campo magnético indutor se relacionam pela equação: B = µ x H Isso significa que uma dada bobina percorrida por uma dada corrente produz uma dada força magnetizante ou campo magnético indutor. Se variarmos o valor da permeabilidade magnética do meio (alterando o material do núcleo da bobina, por exemplo), a densidade de campo magnético varia para esta mesma bobina. Quanto maior a permeabilidade magnética µ do meio, o efeito da força magnetizante (campo magnético indutor) h no núcleo será tanto maior, ou seja, maior a densidade de campo magnético induzida no núcleo. Podemos, portanto, entender a densidade de campo magnético (densidade de fluxo magnético) como o efeito de uma determinada força magnetizante (de um campo magnético indutor) num determinado meio de permeabilidade magnética µ. A densidade de fluxo magnético B é o efeito da força magnetizante H num dado meio µ. Por analogia, podemos determinar por meio das fórmulas a seguir
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