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SISTEMA NERVOSO Ana Júlia Marques Oliveira / FIP-GBI Sistema Visual Neuroanatomia e fisiologia da visão ● O olho pode distinguir duas qualidades da luz: o brilho e o comprimento de onda. ● Luz visível para os humanos: comprimentos entre 400 e 750 nm. ANATOMIA DO OLHO ● Parede do olho: formada por 3 camadas concêntricas (a camada externa, a camada média e a camada interna); ● A íris contém dois músculos que podem alterar o tamanho da pupila; ● Esclera = “branco dos olhos” CORRELAÇÃO CLÍNICA: papiledema Caracterizado por elevação e borramento do disco óptico, ausência de pulsações venosas e hemorragias adjacentes ao disco. O achado de papiledema pode ser consistente com vários diagnósticos, desde o aumento da pressão intracraniana (cuja tríade clínica consiste em papiledema, vômitos e cefaleia), incluindo tumores cerebrais, hemorragia subaracnóide e processos metabólicos, a pseudotumor cerebral. A FORMAÇÃO DA IMAGEM PELO OLHO ● Refração pela córnea: A distância da superfície refratora até o ponto onde os raios de luz paralelos convergem é chamada distância focal (DF). A recíproca da distância focal, em metros, recebe o nome de dioptria. A córnea tem um poder refrator de cerca de 42 dioptrias (ou 2,4 cm de DF) atrás dela. ● Acomodação pelo Cristalino: é um poder adicional de focalização fornecido pela mudança no formato do cristalino, por meio de músculos ciliares, quando observa objetos próximos. ● O Reflexo Pupilar da Luz Direta ● O Campo Visual: tem em torno de 150º. O campo visual nasal tem sua imagem formada na retina temporal, e o campo temporal, na retina nasal. ● Acuidade Visual: é a capacidade do olho de distinguir entre dois pontos próximos. O quadro do Teste de Snellen, testa nossa capacidade para discriminar caracteres (letras e números) a uma distância de 6 metros. ANATOMIA MICROSCÓPICA DA RETINA A organização laminar da retina ● A retina é um epitélio sensorial dividido em camadas. Dentre as células da retina, são encontrados fotorreceptores, interneurônios e células ganglionares. 1. Camada de células pigmentadas: absorvem a luz e impedem sua reflexão. CORRELAÇÃO CLÍNICA: pessoas albinas têm acuidade visual menor devido a isso. 2. Camada fotorreceptora: cones e os bastonetes; 3. Camada nuclear externa: núcleos dos fotorreceptores (R); 4. Camada plexiforme externa: sinapses são feitas entre os fotorreceptores e os interneurônios e também entre estes; 5. Camada nuclear interna: corpos celulares dos interneurônios da retina, incluindo as células bipolares (B), as células horizontais (H) e as células amácrinas (A). 6. Camada plexiforme interna: sinapses são estabelecidas entre os interneurônios da retina e as células ganglionares. 7. Camada de células ganglionares: corpos celulares das células ganglionares (G); 8. Camada do nervo óptico: Os axônios das células ganglionares da retina formam a camada do nervo óptico. ● Esses circuitos retinianos explicam a diferença de acuidade entre cones e bastonetes. Quanto mais conexões, menor a acuidade. ● A estrutura da retina varia desde a fóvea até a periferia. Em geral, a retina periférica possui muito mais bastonetes do que cones. A região da retina mais altamente especializada para a visão de alta resolução é a fóvea. ESTRUTURA DOS FOTORRECEPTORES ● SEGMENTOS EXTERNOS: contém rodopsina (fotopigmento) (os bastonetes têm mais do que os cones). Quanto maior a quantidade, maior a sensibilidade à luz; ● SEGMENTOS INTERNOS: mitocôndrias e outras organelas; FOTOTRANSDUÇÃO Fototransdução nos Bastonetes ● Quando em completa escuridão, o bastonete está em despolarização causada pelo influxo constante de Na +, processo chamado de corrente do escuro. ● Evidentemente, o GMPc é produzido continuamente no fotorreceptor pela enzima guanilato ciclase, mantendo os canais de Na + abertos. ● A rodopsina pode ser imaginada como uma proteína receptora, opsina, e o agonista previamente ligado é denominado retinal, um derivado da vitamina A. CORRELAÇÃO CLÍNICA: cegueira noturna pela carência de vitamina A. ● A absorção de luz determina uma alteração na conformação do retinal, de forma que a opsina é ativada. Esse processo é um tipo de desbotamento; ● O desbotamento da rodopsina estimula uma proteína G denominada transducina, que por sua vez, ativa a enzima efetora fosfodiesterase (PDE) que hidrolisa o GMPc normalmente presente no citoplasma dos bastonetes (no escuro). A redução nas concentrações de GMPc determina o fechamento dos canais de Na + e a hiperpolarização da membrana. ● Esse processo permite uma amplificação do sinal; Fototransdução nos Cones ● Quando expostos a muita claridade, a resposta à luz dos bastonetes torna-se saturada. A visão durante o dia depende inteiramente dos cones, cujos fotopigmentos necessitam de maior nível de energia para sofrerem desbotamento. ● O processo de fototransdução nos cones é praticamente o mesmo que aquele que ocorre nos bastonetes; a única diferença significativa é o tipo de opsinas dos discos membranosos dos segmentos externos dos cones que contém uma das três opsinas que conferem aos fotopigmentos diferentes sensibilidades espectrais (azul, vermelho e verde). ● Detecção de Cores: as cores que percebemos são determinadas principalmente pelas contribuições relativas de cada tipo de cone para o sinal na retina. ● CORRELAÇÃO CLÍNICA: várias formas de cegueira para cores resultam no caso de deficiências de um ou mais dos tipos de fotopigmentos dos cones. Adaptação ao Escuro e à Claridade Essa transição da visão diurna, com base nos cones, para a visão noturna, com base nos bastonetes, não é instantânea: leva cerca de 20 a 25 minutos. A adaptação ao escuro explica-se por diversos fatores: ● Adaptação à claridade: dilatação das pupilas; o Regeneração da rodopsina para uma configuração molecular anterior ao desbotamento e o ajuste da circuitaria funcional da retina, de forma que mais bastonetes estejam disponíveis para cada célula ganglionar. ● O Papel do Cálcio na Adaptação à Claridade: os canais de sódio dependentes de GMPc também admitem cálcio. No escuro, o Ca2 + entra nos cones e promove um efeito inibitório na enzima (guanilato ciclase) que sintetiza o GMPc. Quando os canais se fecham, o GMPc se regenera, e ocorre o mesmo novamente. Ocorre uma despolarização gradual da membrana, de retorno a um potencial de aproximadamente –35 mV. O PROCESSAMENTO NA RETINA Transformações na Camada Plexiforme Externa ● Os fotorreceptores liberam glutamato quando despolarizados. Campos Receptivos de Células Bipolares: ● As células bipolares podem ser divididas em duas classes, com base em suas respostas ao glutamato liberado pelos fotorreceptores: ○ Células bipolares do tipo OFF: o glutamato causa abertura de canais de Na + (despolarização no escuro e hiperpolarização na luz). ○ Células bipolares do tipo ON: proteína G respondem ao glutamato com hiperpolarização (no escuro; e despolarização na luz). ● O campo receptivo é a área da retina onde, em resposta à estimulação pela luz, ocorre uma alteração do potencial de membrana da célula. A resposta do potencial de membrana de uma célula bipolar à luz no centro do campo receptivo é oposta àquela promovida pela luz na periferia. ● Esse antagonismo entre centro e periferia parece vir de uma interação complexa nos contatos sinápticos de células horizontais, fotorreceptores e bipolares. ● A organização dos campos receptivos em centro-periferia passa das células bipolares para as ganglionares por meio das sinapses na camada plexiforme interna. SISTEMA VISUAL CENTRAL ● Nervos ópticos > quiasma óptico > tratos ópticos > corpos geniculados laterais > radiações > lobo occipital. ● IMPORTANTE: as fibras nasais (oriundas da retina nasal) sofrem decussação no quiasma. CONSEQUÊNCIA: no córtex, as fibras nasais são contralaterais e as temporais são homolaterais > o campo temporal é contralateral e o campo nasal é homolateral. ● Conforme seu destino,pode-se distinguir 4 tipos de fibras nas vias ópticas: Fibras retino-hipotalâmicas: quiasma óptico > núcleo supraquiasmático do hipotálamo. Atuam no ciclo circadiano. Tem origem em células ganglionares especiais da retina. Fibras retinotetais: ganham o colículo superior através do braço do colículo superior. Relacionam-se com reflexos de movimentos dos olhos ou das pálpebras desencadeados por estímulos nos campos visuais. Fibras retino-pré-tectais: ganham a área pré-tectal, situada na parte rostral do colículo superior através do braço do colículo superior. Relacionam-se com o reflexo fotomotor direto e consensual. Fibras retino geniculadas: as mais importantes pois apenas elas relacionam-se diretamente com a visão. Fazem sinapse com os neurônios da radiação óptica (trato geniculo-calcarino) e terminam na área visual, área 17. Existe uma retinotopia perfeita que permite localizar com precisão certas lesões da via óptica. REFERÊNCIAS BEAR, Mark F.. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 895 p. MACHADO, A; HAERTEL, L.M. Anatomia funcional. 3. ed. São Paulo: Ateneu, 2014. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 12ª edição. Rio de Janeiro: Ed. 2010.
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