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Psicologia Organizacional e do Trabalho 02 1. Teorias Sobre a Motivação 5 Teoria das Necessidades de Abraham Maslow 5 Teoria Bifatorial de Herzberg 7 Teorias X e Y de McGregor 9 Conceito de Teoria da Equidade 10 Teoria da Expectação – Vroom 11 Definição de Conceitos 14 Teorias Comportamentais 16 Liderança Autocrática 16 Liderança Liberal 16 Liderança Democrática 16 Teorias Contingenciais 17 Indicações Filmografias 18 2. Habilidades Sociais 20 Escuta Empática 20 Como Lidar com Críticas 21 Estilos de Comunicação 23 Passivo 23 Agressivo 24 Assertivo 24 3. Introdução à Toxicologia Ocupacional 26 Comitê Misto 28 Controle ou Monitoramento Ambiental 28 Histórico dos Limites de Tolerância 31 Controle ou Monitoramento Biológico 32 Monitoramento Biológico Propriamente Dito ou de Dose Interna 33 Monitoramento Biológico de Efeito 33 Indicador Biológico de Exposição ou Indicadores Biológicos de Intoxicação ou Biomarcadores 34 Fatores Não Ocupacionais 35 Vigilância a Saúde 36 3 4. Referências Bibliográficas 40 04 5 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO 1. Teorias Sobre a Motivação Fonte: Sensus Online1 Teoria das Necessidades de Abraham Maslow aslow (1951) buscou compreen- der o homem dentro de uma percepção multidimensional, consi- derando a existência de diversas necessidades, desde as mais básicas até as mais complexas e numa inter- relação dinâmica ainda pouco estu- dada. Maslow nasceu a 1o de abril de 1908, em Nova Iorque, numa comu- nidade judaica. Teve uma educação cuidada e realizou diversos estudos todos nas áreas da psicologia, anato- mia, fisiologia e comportamento animal. 1 Retirado em: https://sensusonline.com.br/ A necessidade é um forte sen- timento de desconforto acerca de um qualquer aspecto da vida de uma pessoa que cria uma enorme tensão. O modelo de Maslow sugere que as pessoas têm um conjunto de cinco categorias de necessidades que ele organizou por prioridade: fisiológi- cas, de segurança, sociais, estima e de realização pessoal. Quando um nível de necessidades for satisfeito, passa-se automaticamente ao pró- ximo. Assim, os dois primeiros níveis de necessidades (fisiológicas e de se- gurança) constituem as chamadas necessidades primárias o os restan- M 6 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO tes níveis constituem as neces- sidades secundárias. Segundo Maslow, as necessi- dades não satisfeitas são os motiva- dores principais do comportamento humano, havendo precedência das necessidades mais básicas sobre as mais elevadas. Logo, se as necessi- dades fisiológicas não estiverem as- tisfeitas, um indivíduo não se sentirá estimulado pelas necessidades de estima. No entanto, satisfeitas as necessidades de um nível, auto- maticamente surgem as necessi- dades de nível superior no indi- víduo, deixando as de nível inferior de serem motivadoras. Necessidades pessoais ou fisiológicas constituem o nível mais baixo de todas as necessidades hu- manas, mas de vital importância. Neste nível estão as necessidades de alimentação (fome e sede), de sono e repouso (cansaço), de abrigo (frio e calor), o desejo sexual, etc. São ne- cessidades que já nascem com o próprio indivíduo, contudo estão re- lacionadas com a sobrevivência e com a preservação da espécie. Quan- do alguma destas necessidades está insatisfeita (como por exemplo, a fome), o ser humano não pensa em outra coisa. A maior motivação, nes- te caso, será a necessidades fisio- lógicas e o comportamento do indi- víduo terá a finalidade de encontrar alívio da pressão que nessas neces- sidades produzem sobre o orga- nismo. As necessidades de segurança constituem o segundo nível das ne- cessidades humanas. São as neces- sidades de segurança ou de esta- TEORIAS SOBRE A MOTIVAÇÃO Teoria das necessidades de Abraham Maslow Maslow (1951) buscou compreender o homem dentro de uma percepção multidimensional, considerando a existência de diversas necessidades, desde as mais básicas até as mais complexas e numa inter-relação dinâmica ainda pouco estudada. Maslow nasceu a 1º de Abril de 1908, em Nova Iorque, numa comunidade judaica. Teve uma educação cuidada e realizou diversos estudos todos nas áreas da psicologia, anatomia, fisiologia e comportamento animal. A necessidade é um forte sentimento de desconforto acerca de um qualquer aspecto da vida de uma pessoa que cria uma enorme tensão. O modelo de Maslow sugere que as pessoas têm um conjunto de cinco categorias de necessidades que ele organizou por prioridade: fisiológicas, de segurança, sociais, estima e de realização pessoal. Quando um nível de necessidades for satisfeito, passa-se automaticamente ao próximo. Assim, os dois primeiros níveis de necessidades (fisiológicas e de segurança) constituem as chamadas necessidades primárias o os restantes níveis constituem as necessidades secundárias. Segundo Maslow, as necessidades não satisfeitas são os motivadores principais do comportamento humano, havendo precedência das necessidades mais básicas sobre as mais elevadas. Logo, se as necessidades fisiológicas não estiverem satisfeitas, um indivíduo não se sentirá estimulado pelas necessidades de estima. No entanto, satisfeitas as necessidades de um nível, automaticamente surgem as necessidades de nível superior no indivíduo, deixando as de nível inferior de serem motivadoras. Necessidades pessoais ou fisiológicas constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de vital importância. Neste nível estão as necessidades de alimentação (fome e sede), de sono e repouso (cansaço), de abrigo (frio e calor), o desejo sexual, etc. São necessidades que já nascem com o próprio indivíduo, contudo estão relacionadas com a sobrevivência e com a preservação da espécie. Quando alguma destas necessidades está insatisfeita (como por exemplo, a fome), o ser humano não 7 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO bilidade, a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo. Estas têm grande impor- tância no comportamento humano, uma vez que todo o empregado está sempre em relação de dependência com a empresa, na qual as ações administrativas arbitrárias ou decisões incoerentes podem provo- car incerteza ou insegurança ao em- pregado quanto a sua permanência ao emprego. As necessidades sociais ou de associação surgem no compor- tamento, quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e de segu- rança) se encontram relativamente satisfeitas. Dentro das necessidades sociais, está a necessidade de asso- ciação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. Quando estas necessidades não es- tão satisfeitas, o indivíduo torna-se resistente e hostil em relação às pessoas que o cercam. Em nossa so- ciedade, a frustração das neces- sidades de amor e de afeição conduz a falta de adaptação social e a solidão. As necessidades de estima são os desejos de respeito próprio, senti- mento de realização pessoal e de reconhecimento por parte dos ou- tros; estão relacionadas com a ma- neira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Para satisfazer estas neces- sidades as pessoas procuram opor- tunidades de realização, promoções, prestígio e status para reforçar as suas competências. Contudo a frus- tração pode produzir sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependên- cia e desamparo que podem levar à sua total desmotivação. As necessidades de autorre- alização pessoal são os desejos de crescimento pessoal e da realização de todos os objetivos pessoais. Uma pessoa que chegue a este nível acei- ta-se tanto a si como aos outros. Estas pessoas normalmente exibem naturalidade, iniciativa e habilidadena resolução de problemas. Corres- pondem às necessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia. Assim, o modelo de Maslow baseia-se em quatro pontos base: Uma necessidade satisfeita não é motivadora; Várias necessidades afetam uma pessoa ao mesmo tempo; Os níveis mais baixos têm de ser satisfeitos primeiro; Há mais maneiras de satis- fazer os níveis mais altos do que os níveis mais baixos. Teoria Bifatorial de Herz- berg A investigação de Herzberg demonstrou que os fatores que provocam atitudes positivas face ao 8 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO trabalho não são os mesmos que provocam as atitudes negativas, ou seja, sugeria que era necessário distinguir os conceitos de motivação e satisfação. Para o autor estes dois grupos de necessidades que orientam o comportamento das pessoas devem ser considerados independentes e os seus efeitos distinguidos: as neces- sidades motivadoras e as neces- sidades higiênicas. As necessidades motivadoras são também chamadas de intrín- secas, pois estão relacionadas com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Ao contrário das necessidades higiê- nicas, as necessidades motivadoras estão sobre controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Envolvem sentimentos de crescimento indi- vidual, reconhecimento profissional e autorrealização, e dependem das tarefas que o indivíduo realiza no seu trabalho. O efeito das neces- sidades motivadoras é profundo, pois quando são ótimas, elas pro- vocam satisfação nas pessoas dando origem à motivação, em contra- partida quando são precárias, elas evitam a satisfação. As necessidades higiênicas ou também denominadas extrínsecas porque se localizam no ambiente que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham seu trabalho. Como estas condições são administradas e decididas pela empresa, às neces- sidades higiênicas estão fora de controlo das pessoas. As principais necessidades higiênicas são: salário, benefícios sociais, tipo de chefia, condições de trabalho, políticas e diretrizes da empresa, clima de relacionamento entre a empresa e funcionários, regulamentos inter- nos, etc. As pesquisas de Herzberg revelam que quando as necessidades higiênicas são ótimas, elas apenas evitam a insatisfação dos empre- gados e se elevam a satisfação não conseguem sustentá-la por muito tempo. Em compensação, quando as necessidades higiênicas são pre- cárias, elas provocam a insatisfação dos empregados. As necessidades higiênicas são essencialmente preventivas, por isso se chamam higiênicas, ou seja, profiláticas, pois evitam a insatis- fação, mas não provocam a satis- fação, logo não conduzem à motiva- ção. A teoria de Herzberg preco- niza que a criação de efeitos posi- tivos deve decorrer da mudança do trabalho em si mesmo e não da mudança do ambiente de trabalho pois estas são de efeito precário; uma outra contribuição desta teoria 9 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO diz respeito à distinção entre enri- quecimento e alargamento da fun- ção. Herzberg propõe o enrique- cimento de tarefas como elemento para se alcançar a satisfação no cargo. Este enriquecimento pode ser tanto vertical (aumento do grau de dificuldade do trabalho) ou lateral (diversificação de atribuições). Para Herzberg, a única forma de fazer com que o indivíduo sen- tisse vontade própria de realizar a tarefa seria proporcionando-lhe as- tisfação no trabalho. Em outras pa- lavras, a motivação aconteceria ape- nas através dos fatores motivadores. O caminho apontado por Herzberg para a motivação é o enriqueci- mento da tarefa. Por enriqueci- mento da tarefa entende-se "um de- liberado aumento da responsabi- lidade, da amplitude e do desafio do trabalho". O enriquecimento da tarefa pode ser conseguido através de for- mas como: Permitir aos trabalhadores a definição dos seus próprios prazos de execução do tra- balho; Permitir-lhes decidir como fa- zer o trabalho; Permitir-lhes verificar a quali- dade do trabalho; Possibilitar-lhes a aquisição de novos conhecimentos; A teoria bifatorial é a mais conhecida, mas é também alvo de críticas. Teorias X e Y de McGregor Douglas McGregor (1906- 1964) foi Bacharel pela Wayne Uni- versity, Doutor em Psicologia Expe- rimental na Universidade de Har- vard, Reitor do Antioch College, Professor no MIT, Autor de “The Human Side of Enterprise”. McGregor acreditava que as crenças básicas dos gestores têm in- fluência dominante sobre a forma como as organizações são geren- ciadas e o fundamental nisso são os pressupostos dos gestores sobre o comportamento das pessoas. McGregor afirma que as opi- niões enquadram-se em duas gran- des categorias – Teoria X e Teoria Y. Essas teorias descrevem duas visões de pessoas no trabalho e podem ser usadas para expor dois estilos opostos de Gestão. Teoria X: A visão tradicional de direção e controle. A Teoria X é baseada no pressuposto de que: O ser humano comum tem aversão pelo trabalho e pro- cura evitá-lo sempre; Por causa disso, a maior parte das pessoas precisa ser for- çada, controlada, dirigida e ameaçada para que realizem esforço adequado; O homem comum prefere ser 10 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO dirigido, tenta evitar respon- sabilidades e tem pouca am- bição; O homem comum busca, basi- camente, segurança. Gestores que trabalham com esse pressuposto são auto- cráticos. Teoria Y: Integração dos obje- tivos do indivíduo com os da orga- nização. A Teoria Y é baseada no pressuposto de que: Empregar esforço, físico ou mental, em um trabalho é tão natural quanto jogar ou des- cansar; ser humano comum não tem aversão pelo trabalho; Dependendo das condições de trabalho, ele pode ser fonte de satisfação ou punição; controle extremo não é a única forma de atingir objetivos; Pessoas exercerão autocontro- le e autodireção sempre que estiverem comprometidas; Em condições adequadas o homem comum não somente aceita, mas procura responsa- bilidades; Fugir de responsabilidades, ter falta de ambição e a ênfase em segurança são consequên- cias da experiência e não são características inerentes do ser humano; A vida industrial moderna a- proveita o potencial do ho- mem comum parcialmente. Gestores que trabalham nesse pressuposto tendem a buscar maior cooperação entre ges- tores e colaboradores. Na Teoria Y, busca-se criar um ambiente de trabalho no qual as necessidades e os objetivos indi- viduais devem estar relacionados e harmonizados com os objetivos da organização. Conceito de Teoria da Equidade A Teoria da Equidade, atri- buída a J. Stacy Adams é uma das várias teorias sobre motivação que coloca a ênfase na percepção pessoal do indivíduo sobre a razoabilidade ou justiça relativa na sua relação laboral com a organização. De fato, a Teoria da Equidade parte do prin- cípio de que a motivação depende do equilíbrio entre o que a pessoa ofere- ce à organização através do sistema produtivo (o seu desempenho) e aquilo que recebe através do sistema retribuído (a sua compensação). Saiba mais: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-teoria-x-e-a-teoria-y- de-douglas-mcgregor/51506/ 11 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO Segundo os autores da teoria, as pessoas sentem-se motivadas sempre que esperam receber da organização (seja em forma monetá- ria, reconhecimento público, pro- moção, transferências ou outra) uma compensação justa pelos os seus esforços em favor da organização. A justiça desta compensação é avaliada pelas pessoas através dacompara- ção entre o que recebem outras pessoas cujos contributos são seme- lhantes. No caso da compensação ser injusta (inferior à compensação atri- buída a outras pessoas), as pessoas sentem-se insatisfeitas e tendem a reduzir as suas contribuições ou, se estas “injustiças” se repetirem, pode mesmo sair da organização. Quando a compensação é justa (equilibrada com a de outras pessoas), as suas contribuições continuam idênticas. Sempre que a compensação está aci- ma da recebida pelas outras pessoas, verifica-se a tendência para um maior esforço. A percepção da iniquidade pode verificar-se em numerosas situações, entre as quais a definição de funções, as promoções, as trans- ferências, os elogios públicos, e obviamente nos salários e outras compensações monetárias. É funda- mental que os gestores não esque- çam que por vezes uma iniquidade sem importância no seu ponto de vista, pode representar uma grande injustiça para aqueles que por ela são diretamente afetados. Teoria da Expectação – Vroom Teoria da Expectação foi de- senvolvida em 1964 por Victor Vroom e é baseada em uma visão econômica do indivíduo, vendo as pessoas como seres individuais com vontades e desejos diferentes rela- tivos ao trabalho, fazendo com que tomem decisões selecionando o que mais lhe cabe no momento. Esta teoria consiste numa a- bordagem cognitiva, que considera que o comportamento e o desem- penho são resultado de uma escolha consciente, sendo que geralmente o comportamento escolhido é o que se traduz numa mais valia para o indivíduo. Para Vroom, há três for- ças básicas que atuam dentro do in- divíduo e que influenciam o seu ní- vel de desempenho: Teoria da Expectação – Vroom Teoria da Expectação foi desenvolvida em 1964 por Victor Vroom e é baseada em uma visão econômica do indivíduo, vendo as pessoas como seres individuais com vontades e desejos diferentes relativos ao trabalho, fazendo com que tomem decisões selecionando o que mais lhe cabe no momento. Esta teoria consiste numa abordagem cognitiva, que considera que o comportamento e o desempenho são resultado de uma escolha consciente, sendo que geralmente o comportamento escolhido é o que se traduz numa mais valia para o indivíduo. Para Vroom, há três forças básicas que atuam dentro do indivíduo e que influenciam o seu nível de desempenho: Expectativa: probabilidade de uma determinada ação conduzir a um resultado desejado. Se um determinado esforço for exercido por um indivíduo que disponibilize de meios e competências para atingir o sucesso, o resultado será um desempenho bem sucedido (expectativa esforço-desempenho). Valência: valor ou peso que um indivíduo atribui às recompensas obtidas em consequência do seu desempenho. Neste contexto, é imperativo que as recompensas tenham um valor real para o indivíduo que satisfaça as suas expectativas. As valências revestem-se de um valor subjetivo, uma vez que o sistema de recompensas vigente pode não assumir importância para um indivíduo e ser muito importante para outro. Instrumentalidade: percepção de que a obtenção de um resultado está associado a uma recompensa, podendo-se traduzir no grau em que um resultado facilita o acesso a outro resultado. Assim, uma recompensa de primeira ordem (por exemplo, uma recompensa monetária) é relevante porque permite o alcance de um resultado de segunda ordem (por exemplo, um automóvel de luxo). Deste modo, Vroom considera que a motivação é o produto do valor previsto atribuído a um objetivo pela probabilidade de o alcançar. Em termos de uma equação, esta definição pode ser traduzida da seguinte forma: Motivação = (expectativa X instrumentalidade X valência) O que significa que todos os termos têm que ser maiores do que zero, sendo que nenhum dos fatores pode estar ausente. Estes três elementos influenciam, segundo Vroom, a motivação das pessoas no trabalho. Se um destes elementos for zero, a motivação será nula. Se todos estão presentes (expectativa alta, instrumentalidade alta, valência alta), a motivação é alta. 12 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO Expectativa: probabilidade de uma determinada ação conduzir a um resultado desejado. Se um deter- minado esforço for exercido por um indivíduo que disponibilize de meios e competências para atingir o su- cesso, o resultado será um desem- penho bem-sucedido (expectativa esforço-desempenho). Valência: valor ou peso que um indivíduo atribui às recompensas obti-das em consequência do seu desempenho. Neste contexto, é im- perativo que as recompensas te- nham um valor real para o indivíduo que satisfaça as suas expectativas. As valências revestem-se de um va- lor subjetivo, uma vez que o sistema de recompensas vigente pode não assumir importância para um indivíduo e ser muito importante para outro. Instrumentalidade: percepção de que a obtenção de um resultado está associada a uma recompensa, podendo-se traduzir no grau em que um resultado facilita o acesso a outro resultado. Assim, uma recom- pensa de primeira ordem (por exem- plo, uma recompensa monetária) é relevante porque permite o alcance de um resultado de segunda ordem (por exemplo, um automóvel de luxo). Deste modo, Vroom considera que a motivação é o produto do valor previsto atribuído a um objetivo pela probabilidade de o alcançar. Em termos de uma equação, esta defi- nição pode ser traduzida da seguinte forma: Motivação = (Expectativa X Instrumentalidade X Valência) O que significa que todos os termos têm que ser maiores do que zero, sendo que nenhum dos fatores pode estar ausente. Estes três ele- mentos influenciam, segundo Vro- om, a motivação das pessoas no trabalho. Se um destes elementos for zero, a motivação será nula. Se todos estão presentes (expectativa alta, instrumentalidade alta, valên- cia alta), a motivação é alta. Deste modo, o modelo com- tingencial de Vroom baseia-se em objetivos graduais e no fato da mo- tivação constituir um processo que pressupõe escolhas entre compor- tamentos, sendo que o indivíduo tem noção das consequências de cada alternativa de ação como um conjunto de possíveis resultados decorrentes do seu comportamento. Esses resultados constituem uma cadeia entre meios e fins, pelo que quando um indivíduo procura um resultado intermédio (por exemplo produtividade) está à procura de meios para alcançar um resultado final (por exemplo dinheiro, bene- fícios sociais, apoio do chefe...). 13 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO O indivíduo tem preferência relativamente aos resultados finais que pretende alcançar ou evitar, revestindo-se estes de valências. A liderança é uma das temáticas que mais atenção tem merecido por parte de investiga- dores e profissionais dos diver- sos setores de atividade. Considera- se um tópico fundamental nas rela- ções de trabalho, uma vez que os liderados identificam o estilo de liderança como um fator desen- cadeador dos conflitos laborais. Ao mesmo tempo, as incompa- tibilidades pessoais e/ou profis- sionais entre líder e liderado(s), a coexistência de lideranças formais e informais, bem como, a integração dos diferentes estilos ao longo da cadeia hierárquica de uma organi- zação, são apenas parte da com- plexidade e subjetividade inerente ao tema. Durante muitos anos, a lide- rança foi estudada e entendida como um traço de personalidade, isto é, dependendo exclusivamente de ca- racterísticas pessoais e inatas do sujeito. Atualmente, percebemos que uma atitude de liderança depen- de da aprendizagem social do indi- víduo e, por isso mesmo, pode ser treinada/aperfeiçoada. Apesar dis- so, persistem inúmeras dúvidas con- ceituais. São muitos os trabalhos realizados em torno destetema, bem como, focos e níveis de aná- lise/intervenção; talvez por isso sejam inúmeras as confusões con- ceptuais relacionadas com a lide- rança, nomeadamente aquela que equipara liderança a chefia. Na ver- dade, o conceito de liderança e o exercício (in)formal da mesma nem sempre estão associados de forma direta. As organizações, para alcançar os objetivos que se propõem e se atribuem, organizam-se a elas pró- prias. A ação de organizar pressupõe trabalho conjunto ou ação concer- tada. Daqui emerge a necessidade de gerar acordos e de gerir expec- tativas, criar linguagens comuns e de encontrar soluções aceitáveis para problemas que enfrentam em conjunto. A definição e alcance de objetivos é uma atividade ‘política’ ou ‘estratégica’, no sentido em que implica escolhas e preferências, de- Deste modo, o modelo contingencial de Vroom baseia-se em objetivos graduais e no fato da motivação constituir um processo que pressupõe escolhas entre comportamentos, sendo que o indivíduo tem noção das consequências de cada alternativa de ação como um conjunto de possíveis resultados decorrentes do seu comportamento. Esses resultados constituem uma cadeia entre meios e fins, pelo que quando um indivíduo procura um resultado intermédio (por exemplo produtividade) está à procura de meios para alcançar um resultado final (por exemplo dinheiro, benefícios sociais, apoio do chefe,...). O indivíduo tem preferência relativamente aos resultados finais que pretende alcançar ou evitar, revestindo-se estes de valências. Liderança A liderança é uma das temáticas que mais atenção tem merecido por parte de investigadores e profissionais dos diversos sectores de atividade. Considera-se um tópico fundamental nas relações de trabalho, uma vez que os liderados identificam o estilo de liderança como um fator desencadeador dos conflitos laborais. Ao mesmo tempo, as incompatibilidades pessoais e/ou profissionais entre líder e liderado(s), a coexistência de lideranças formais e informais, bem como, a integração dos diferentes estilos ao longo da cadeia hierárquica de uma organização, são apenas parte da complexidade e subjetividade inerente ao tema. Durante muitos anos, a liderança foi estudada e entendida como um traço de personalidade, isto é, dependendo exclusivamente de características pessoais e inatas do sujeito. Atualmente, percebemos que uma atitude de liderança depende da aprendizagem social do indivíduo e, por isso mesmo, pode ser treinada/aperfeiçoada. Apesar disso, persistem inúmeras dúvidas conceituais. São muitos os trabalhos realizados em torno deste tema, bem como, focos e níveis de análise/intervenção; talvez por isso sejam inúmeras as confusões conceptuais relacionadas com a liderança, nomeadamente aquela que equipara liderança a chefia. Na verdade, o conceito de 14 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO finição de prioridades, formação de alianças e coligações. E, neste pro- cesso, o debate ou confronto, o diá- logo, o trabalho de persuasão ou de legitimação, desempenham um pa- pel nuclear. Neste contexto, agir é comunicar. Definição de Conceitos A liderança está intimamente relacionada com as competências de comunicação e de transmissão de ideias. Assim, tem sido muito com- plicado definir o que é ser líder e o que é Liderança, havendo inúmeras definições para este elaborado com- ceito. Existem quase tantas defini- ções de liderança quantas as pessoas a tentar defini-la. Apresentam- se, em seguida, algumas definições em- contradas, referentes ao conceito de Liderança: É o papel que se define pela frequência com que uma pes- soa influencia ou dirige o com- portamento de outros mem- bros do grupo. É a capacidade para promover a ação coordenada, com vista ao alcance dos objetivos orga- nizacionais. É um fenômeno de influência interpessoal exercida em de- terminada situação através do processo de comunicação hu- mana, com vista à comu- nicação de determinados obje- tivos. É um processo de influência e de desempenho de uma função grupal orientada para a com- secução de resultados, aceites pelos membros dos grupos. Liderar é pilotar a equipe, o grupo, a reunião; é prever, decidir, organizar. É a capacidade de influenciar pessoas para que se envolvam voluntariamente em tarefas para a concretização de obje- tivos comuns. Assim, enquanto que a lide- rança pode ser vista como um fenômeno de influência interpes- soal, o líder pode ser percebido co- mo aquele (a) que decide o que deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. O comportamento dos sujeitos implica que o líder adote um estilo de liderança específico e adequado às características desse grupo. Pelo processo de influência, o líder pode alterar o comportamento dos sujei- tos, de modo intencional, através das estratégias que utiliza para impor o seu domínio e ascendência. É importante que o líder se relacione com todos os elementos do grupo que lidera. Como apareceu numa definição de Liderança, anterior- mente citada, neste processo com- plexo de liderar, há uma influência interpessoal que surge como resul- tado da comunicação entre os inter- 15 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO locutores envolvidos no processo, acerca de um determinado objetivo. O comportamento de lidera- nça engloba diversas funções rela- cionadas com o estruturar, distri- buir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar, elogiar, punir, reforçar, etc. Contudo, o fundamen- tal da liderança baseia-se no dire- cionar o grupo para metas espe- cíficas. Durante muito tempo, a lide- rança foi estudada como estando relacionada com características pes- soais e inatas do sujeito. Consi- derava-se que as qualidades ine- rentes ao líder, tais como a inte- ligência, a amabilidade, a força físi- ca, etc. eram determinadoras dos potenciais líderes. Surge, assim, a teoria dos traços de personalidade que considerava que o líder possuía características que o identificavam e que o tornavam o grande homem, e em que a liderança era percebida como intrinsecamente individual. Essa teoria defende que a posse de certos traços de caráter e de personalidade permitiria a certos homens acesso ao poder. Dessa forma, julgava-se ser possível em- contrar traços de personalidade universais nos líderes que os dis- tinguiam dos não líderes. Bryman (1992) retrata três grandes tipos de traços que a literatura trata, fatores físicos, habilidades características e aspectos de personalidade. O que interessava aos pesquisadores da época era poder eleger dentre certos atributos quais os que melhor definiriam a personalidade do líder. A Teoria dos Traços ocupou durante bastante tempo os estu- diosos e investigadores dos fenô- menos de liderança e, apesar das suas pesquisas terem redundado em fracasso, essa posição encontra-se ainda muito difundida no senso comum. De fato, seria bastante otimista pensar que podiam existir apenas líderes natos, bem como traços de personalidade consis- tentes e próprios de todos os líderes, fossem eles líderes como Hitler, Madre Tereza de Calcutá, Bin Laden ou Ghandi. Os diversos estudos pa- recem ter concluído apenas vaga- mente que certas características co- mo inteligência, extroversão são, autossegurança e empatia, tendiam a estar relacionadas com o desen- volvimento e manutenção de posi- ções de liderança. Mas para além caracteres inatos e adquiridos. Por outro lado, essas teorias sustentam que o líder nato ou o possuidor de determinados traços seria capaz de exercer espontaneamente e imedia- tamente a liderança, o que vai de encontro à natureza dinâmica das relações humanas. Essas teorias ignoram também os fatores situa- cionais e, embora especificassem 16 PSICOLOGIA ORGANIZACIONALE DO TRABALHO traços que quase todos os líderes possuíam, a verdade é que temos que reconhecer que esses mesmos traços são frequentemente possuí- dos por um grande número de não líderes. Entretanto, e embora essas teorias tendam hoje a serem rejeitadas, é de algum modo eviden- te que os atributos pessoais particu- lares aumentam a probabilidade de que certas pessoas assumam, com maior frequência, papéis de lideran- ça nos vários grupos em que parti- cipam. Teorias Comportamentais As abordagens dessa escola teórica enfocam os comportamentos manifestados pelos líderes, criando uma preocupação mais acentuada com os estilos de liderança e menos com a relevância que se supunham ter os traços de personalidade do líder. Começa-se a criar uma tipologia específica e própria aos padrões comportamentais de lide- rança que classificam os diferentes estilos do líder. Interessados em pesquisar o modo comportamental com que os líderes tomavam suas decisões, divi- diam e programavam seus trabalhos e os de seus subordinados, e o efeito que isto produzia nos indicadores de produtividade e satisfação geral dos subordinados. Nessa concepção classificatória, as principais carac- terísticas comportamentais do estilo do líder são assim descritas: Liderança Autocrática Na tomada de decisão, apenas o líder decide e fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo, e sua atuação junto a tal grupo é pessoal, sendo dominador nos elo- gios e críticas ao trabalho de cada liderado. Este líder determina qual a tarefa que cada um deverá executar e qual a equipe de cada um, deter- minando providências para a execu- ção das tarefas, na sequência que lhe convier, de modo imprevisível ao grupo. Liderança Liberal Na tomada de decisão, a participação do líder é mínima, não fazendo nenhuma tentativa de regu- lar o curso das coisas, e a liberdade para decidir é ampla. Tanto a divisão das tarefas como a escolha dos colegas ficam por conta do grupo e a participação do líder no debate sobre a programação dos trabalhos é limitada. Liderança Democrática Na tomada de decisão, as diretrizes são debatidas e decididas 17 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO pelo grupo, que é estimulado e assistido pelo líder, e sua atuação junto ao grupo é participativa, tornando-se um membro normal do grupo, comportando se de modo objetivo e estimulando o grupo com fatos, elogios e críticas. Esse líder não determina a divisão das tarefas nem tampouco a equipe, que ficam a cargo de cada membro do grupo, que determina providências e técnicas para atingir o alvo, contando com o aconselhamento gerencial do líder e dando contornos novos através de debates. Nessa linha de enfoque com- portamental existem duas classes gerais de comportamento de super- visão. Nesse modelo de classifi- cação, os líderes orientados para o funcionário são descritos como enfatizadores das relações interpes- soais e demonstram interesse pes- soal em satisfazer as necessidades sociais e emocionais dos membros do grupo. Já os líderes orientados para a tarefa são descritos como enfatizadores de aspectos técnicos e práticos das atividades, com preo- cupação voltada para a execução das tarefas, enxergando seu grupo como um meio para tal propósito. Teorias Contingenciais Essas teorias passam a consi- derar que os líderes não funcionam isoladamente e precisam lidar com seguidores, dentro de um contexto cultural, social e físico, desviando a ênfase que até então vinha sendo dada ao líder, como entidade com- pleta por si mesma, e justificando uma abordagem situacionista, não abandonando necessariamente a procura de características signifi- cantes de líder, mas tentando encon- trá-las em situações que contenham identificáveis elementos comuns. As abordagens sobre liderança passam a ser mais abrangentes no sentido de incluírem uma visão pro- cessual e relacional entre três ele- mentos: primeiro, o perfil de per- sonalidade e o estilo comportamen- tal do líder, segundo, os seguidores e terceiro, a situação. Essa tríade que incorpora o elemento situacionista nas relações verificadas até então entre líderes e seguidores, traz em seu bojo a essên- cia das teorias contingenciais de liderança, cujo pilar-núcleo é enten- der que não há um estilo de lide- rança adequado único, pois sua efe- tividade é contingente à situação e ao nível de prontidão – habilidade e disposição demonstradas para a realização de uma dada tarefa – dos seguidores. A orientação pessoal do líder que pode ser classificada em voltada para as tarefas ou voltada para as pessoas. O estilo “Orientação para a 18 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO tarefa” não é superior ao estilo “Ori- entação para as relações humanas”. Cada um destes estilos é eficaz, com- soante a situação. Essa teoria não se preocupa tanto em descobrir qual o melhor estilo de liderança, mas o estilo mais eficaz para determinada situação. De acordo com este mo- delo contingencial de liderança, existem três variáveis situacionais que determinam se uma dada situa- ção é ou não favorável ao líder: 1. As relações pessoais com os membros do grupo; 2. O grau de estruturação da tarefa que o grupo deve realizar; 3. O poder e a autoridade que o poder lhe conferem (poder de posição). Após os seus estudos, Fidler (autor dessa teoria) convenceu-se da impossibilidade de o indivíduo ser ao mesmo tempo voltado para as tarefas e voltado para as relações. O indivíduo em posição de liderança sente-se mais confortável, sincero e eficaz praticando comportamento de liderança coerente com sua própria personalidade básica. As- sim, o aspecto mais importante da liderança é combinar o estilo e a personalidade do líder com a situ- ação em que seu desempenho será melhor. Indicações Filmografias Carros A Fuga das Galinhas Duelo de Titans. Sociedade dos Poetas Mortos Coração Valente Gladiador Resgate do Soldado Ryan Desafiando Gigantes Último Samurai A Última Fortaleza Invictos Coach Carter A dama de ferro: O longa mostrará a história da Ex-Primeira Ministra da Inglaterra Margaret Thatcher com a saúde prejudicada lutando contra o marasmo da sua aposentadoria e, vigorosamente, contra memórias de feitos do seu passado. Ela começará a relembrar os menores detalhes da vida pessoal e profissional após ser provocada pelo seu marido, Dennis Thatcher, o que passará pela sua ascensão ao poder da Inglaterra dos anos 1980. Mas teria tudo valido a pena? Essa será a dúvida que conduzirá à nar- rativa. 20 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO 2. Habilidades Sociais Fonte: Harvard2 Escuta Empática maior parte das pessoas não consegue escutar com a inten- ção de compreender; elas ouvem com a intenção de retrucar. Estão sempre falando ou se preparando para falar. São pessoas que quando ouvem algum relato dizem pronta- mente: “Ah! Sei exatamente como você se sente! Já passei por isso também. Vou contar o que acon- teceu comigo...”. Já a escuta empática é a escuta com a finalidade de compreender. Procure ouvir verdadeiramente, buscando entender o que o outro 2 Retirado em: https://hbr.org/ sente, pensa e fala. Se você não compreender algum ponto, peça exemplos e informações adicionais. A empatia não significa concordar incondicionalmente com alguém, mas compreender alguém profunda- mente, tanto no plano emocional quanto no intelectual. A escuta empática significa muito mais do que registrar, repetir ou mesmo entender as palavras que estão sendo ditas; significa ouvir também com os olhos e o coração. Vocêouve procurando entender o significado, o sentimento; ouve para compre- ender. A 21 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO Quando você ouve com empa- tia, você compreende o que aconte- ce; depois pode se concentrar na solução do problema. É difícil procu- rar primeiro compreender, diagnos- ticar, antes de receitar uma solução. É muito mais simples oferecer logo uma solução que vem servindo a você há tanto tempo, sem se preo- cupar se ela serve ou não à outra pessoa. Procurar primeiro compreen- der implica uma mudança no paradigma, visto que geralmente procuramos que primeiro nos compreendam. Escuta empática é a chave para uma efetiva comuni- cação. A essência da escuta empática não está em concordar com alguém, mas sim compreender aquela pessoa profundamente, tanto no plano emocional quanto no intelectual. Escutar empaticamente não é algo tão difícil de praticar, apenas requer boa vontade, disciplina e algumas ações e decisões simples, que com o tempo, certamente se tornarão um hábito muito impor- tante. Quando reunir-se com alguém para conversar, procure fazê-lo em ambientes em que você não se distraia; Seja qual for o local em que estiver conversando, pare o que está fazendo e ouça; Não ceda à tentação de decla- mar sua autobiografia e começar a falar de você próprio. Ouça mais do que fale; Demonstre compreensão e respeito. Faça desse momento uma oportunidade para reforçar o vín- culo e a amizade; Não é preciso demonstrar seus conhecimentos. Momentos de silên- cio também fazem parte da com- versa; Faça desse momento uma oportunidade de aprendizado. Escu- te as pessoas e se interesse por suas sugestões; Seu corpo fala. Portanto, evite cruzar os braços, bocejar, olhara para os lados, balançar a cabeça negativamente ou qualquer outra manifestação que demonstre pouco interesse ou falta de respeito. Nesse primeiro tópico discuti- do você precisa acreditar, antes de tudo, que é possível melhorar e que é necessário aprender a compre- ender as pessoas para depois se fazer compreender. Como Lidar com Críticas Não importa se você é Gandhi, Lula ou um estagiário. Inevita- velmente, você receberá críticas sobre o que você faz e até sobre quem você é. E se já é difícil enfrentar os desafios da vida por si 22 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO só, que dirá quando se é criticado. Por isso, quero compartilhar com você algumas ideias práticas de como lidar com as críticas em sua vida: Fonte: Cpdec Não fique na defensiva. Essa provavelmente é a dica mais difícil de seguir. Como animais em evo- lução, nosso instinto é de fuga ou ataque. E como hoje em dia não andamos mais por aí carregando tacos, as palavras são nossa nova arma. Por isso, ser "atacado" por uma crítica e não entrar na defensiva não é fácil, mas lhe colocará um degrau acima na escala evolutiva. Considere a fonte. Lembre-se que fala quem quer. Nem sempre as pessoas que nos criticam têm noção completa do que estão falando ou das razões que nos levaram a receber a crítica. Muita gente é crítica profissional e fazem os outros se sentirem mal pelo bel prazer. Separe o joio do trigo ou será um saco de pancadas. Busque entender o ponto de vista da outra pessoa. Se a pessoa lhe parece estar agindo com boas intenções, tente se colocar no lugar dela para entender o motivo da crítica. É possível que ela ou você não tenha notado a situação por completo e que uma das duas precise entender melhor para que possa aceitá-la. Ou não. Agradeça e seja grato. Sei que é difícil ser grato a uma crítica. Algumas pessoas têm o dom de conseguir nos incomodar de tal forma que nossa única reação é de raiva ou tristeza. Mas entenda que, caso a pessoa esteja agindo com boas intenções e a crítica faça sentido, você está recebendo uma lição gratuita. Além do que, ao agradecer, você estará eliminando toda raiva e tristeza de seu coração. Ao agra- decer, a pessoa que lhe criticou certamente irá se sentir melhor. E, quem sabe, lidará melhor com a situação da próxima vez. Pergunte o que pode fazer para melhorar. Qualquer um pode olhar a Mona Lisa e dizer que poderia ser melhor. Mas melhor como? Quan- do? Por quem? Peça ideias de como melhorar, pois, críticos são como técnicos de futebol: no fundo todo mundo sabe um pouco. Peça ajuda e quem sabe aprenderá uma grande lição. Faz sentido? Então mude! De cada 100 críticas que já recebi, mais da metade não fizeram sentido. Ou por falta de conhecimento, ponto de vista ou divergências de interesse 23 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO das pessoas criticando. Destas, algu- mas fizeram sentido, mas não me traziam soluções. Porém, as pou- quíssimas críticas sinceras, constru- tivas e com boas ideias valeram mais juntas do que todas as demais. Muito do que mudei e evoluí em minha vida devo a elas. Por isso, não tenha medo de aceitar uma crítica boa e mudar como consequência. Faz parte de sua evolução. Se nada disso funcionar, pois nem sempre temos a oportunidade de conversar ou responder às pes- soas que nos criticam, uso uma técnica simples. Escrevo uma carta rebatendo a crítica e respondendo às perguntas acima e, tão pronto a termino, agradeço a pessoa na carta e guardo numa gaveta. Ou, se preferir, jogue fora. Já tive a oportunidade de reler algumas dessas cartas e descobri que é nos momentos de pressão que cres- cemos. Mas crescemos mais se temos a humildade de aprender com os outros. Estilos de Comunicação Antes de entendermos o que é ASSERTIVIDADE, vale saber que existem 3 tipos de comportamento: passivo, agressivo, agressivo-pas- sivo e assertivo. Cada um deles tem vantagens e desvantagens dependendo do mo- mento em que for manifesto. Quan- do digo manifesto, é uma forma de chamar a atenção para a ideia de que comportamento é algo situacional, que pode mudar de acordo com o momento e a situação. Em função disto, uma mesma pessoa pode ter os três comportamentos, ainda que certamente exista uma tendência maior de as pessoas agirem de determinada forma em circunstân- cias "normais", ou seja, o indivíduo tende a adotar um determinado esti- lo como mais frequente. Esta constatação nos confirma a ideia de que podemos mudar um comportamento se percebemos que ele não está valendo a pena, isto é, não satisfaz as nossas necessidades, expectativas e objetivos pessoais. Sim, podemos desenvolver a nossa assertividade. Veja abaixo as carac- terísticas principais de cada tipo de comportamento: Passivo Ansioso por evitar o confronto, mesmo à custa de si próprio, costu- ma ficar muito preocupado com a opinião dos outros a seu respeito. Ainda, geralmente, espera que as pessoas compreendam o que ele deseja. Expressão corporal: Evita o con- tato visual, quieto, voz trêmula, fala confusa e atitudes defensivas. Con- 24 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO sequentemente, encolhe sua pos- tura, mexendo as mãos de forma inquieta. Ações: Culpa-se de tudo, odeia o assunto, evita a abordagem direta. Justifica-se excessivamente; solicita aprovação. Cede facilmente. Tais atitudes geram simpatia, entretanto faz com que as pessoas se sintam culpadas. Agressivo Ansioso por vencer, custe o que custar. Demonstra-se muito mais preocupado com os próprios desejos do que com os dos outros. Expressão corporal: Máximo contato visual, fala com voz alta e ainda possui uma postura evasiva. Costuma apertar os dedos e apontá- los contra quem está à sua frente. Ações: Imediatamente joga a culpa nos outros. Critica as pessoas, e não seu comportamento. Interrompe com frequência. É autoritário e usa de sarcasmo, críticas, escárniopara ganhar a discussão. Solicitações pa- recem ordem. “Engrossa” facil- mente a situação. Assertivo Ansioso por defender seus direitos, mas ao mesmo tempo, capaz de aceitar que as outras pessoas também tenham os seus. Expressão corporal: Contato vi- sual suficiente para dar a entender que está sendo sincero. Possui um tom de voz moderado e apresenta-se com postura comedida e segura. As- sim, sua linguagem corporal é condizente com suas palavras. Ações: Ouve bastante, procura en- tender. Trata as pessoas com respei- to. Aceita acordos, soluções. Aceita declarar ou explicar suas intenções. Vai direto ao ponto, sem ser áspero. Insiste na busca de seu objetivo. Lembre-se: de maneira geral, o que as pessoas sentem a nosso respeito é consequência direta do modo como às tratamos. Assim: procure controlar seus senti- mentos; permaneça firme em suas crenças e valores, contudo seja tolerante com os outros; não pense em “vencer o ou- tro”, mas “vencer com o outro”. O assertivo é equilibrado, as- ber pesar todos os prós e contras de uma questão antes mesmo que ela seja discutida. 26 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO 3. Introdução à Toxicologia Ocupacional Fonte: Veja3 om a industrialização em cres- cente expansão, os organismos vivos estão em contato contínuo com inúmeros agentes tóxicos em todos os ambientes, produtos tóxi- cos estão na comida que comemos, na água que bebemos e no ar que respiramos. De acordo com infor- mações da Organização Mundial da Saúde, estima-se que ocorrem no Brasil cerca de doze mil casos de intoxicação todos os dias. Como a previsão é de uma morte a cada mil casos, a conclusão é que cerca de doze brasileiros morrem intoxicados por medicamentos e/ou outras substâncias químicas todos os dias. 3 Retirado em: https://veja.abril.com.br/ Dependendo das propriedades químicas ou físicas, estes produtos podem ser absorvidos principal- mente pelo trato gastrintestinal, pulmões e/ou pele. Felizmente o nosso organismo tem a capacidade de biotransformar e excretar estes compostos na urina, fezes e ar expirado. Entretanto, quando a ca- pacidade de absorção excede a ca- pacidade de eliminação, compostos tóxicos podem ser acumulados em concentrações críticas em um deter- minado órgão alvo do nosso orga- nismo. O conhecimento da disposição das substâncias químicas no orga- C 27 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO nismo, bem como de seus produtos de biotransformação é de grande importância quando é analisada a toxicidade das substâncias que agri- dem os organismos vivos. A Toxicologia vem, portanto nos ajudar a entender os efeitos no- civos causados pelas substâncias químicas ao interagirem com os organismos vivos, tendo por obje- tivo a avaliação do risco de intoxi- cação, e desta forma estabelecer me- didas de segurança na utilização e consequentemente prevenir a into- xicação, antes que ocorram alte- rações da saúde. Áreas da Toxicologia, depen- dendo do campo de atuação: Toxicologia Ambiental: estuda os efeitos nocivos causados por substâncias químicas presentes no macroambiente (ar, água, solo); Toxicologia Forense: estuda os aspectos médicos legais da intoxi- cação; Toxicologia Social: estuda os e- feitos adversos causados pelo uso de drogas, decorrente da vida em socie- dade; Toxicologia Clínica: estuda os efei-tos nocivos causados pelo uso de medicamentos, drogas, etc.; Toxicologia de Alimentos: estu- da efeitos nocivos decorrentes da utilização de aditivos e da presença de resíduos de contaminantes em alimentos; Toxicologia Ocupacional: estu- da os efeitos nocivos causados por substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho. Nos últimos tempos, a Toxi- cologia Ocupacional tem merecido grande destaque porque se preocupa com a saúde dos trabalhadores que é a população produtiva de cada país. A associação de algum efeito tóxico com uma determinada ativi- dade profissional já é conhecida desde Paracelso e desde esta época procura-se estudar estes efeitos e estabelecer medidas de segurança no manuseio das inúmeras substân- cias tóxicas que o homem é exposto em seus diferentes ambientes de trabalho. Com o crescimento acelerado da indústria e o constante aumento do uso de produtos químicos, nem um tipo de ocupação está inteira- mente livre da exposição a uma variedade de substâncias, capazes de produzirem efeitos indesejáveis so- bre os sistemas biológicos. As medi- das preventivas destinadas a este fim são conhecidas como procedi- mentos de monitoramento. Está claro que se deve obter, pelo menos, um mínimo de informa- ção a respeito da toxicidade das substâncias empregadas nas inúme- ras ocupações do homem. Os estu- dos que possibilitam as obtenções 28 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO dessas informações são os objetivos da toxicologia ocupacional. Toxicologia Ocupacional foi definida, pelo comitê misto, que é constituído por: CCE/OSHA/NIO- SH, como: “Atividade sistemática, contí- nua ou repetitiva, relacionada à saúde e desenvolvida para implantar medidas corretivas sempre que se façam necessárias” Comitê Misto CCE – Comissão da Comunidade Européia OSHA – Occupational Safety and Health Administration (USA) NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health (USA) Essencialmente, a toxicologia ocupacional procura prevenir o de- senvolvimento das lesões tóxicas ou de doença profissional. Para cum- prir tal objetivo é necessário um grande conhecimento sobre os agen- tes ocupacionais potencialmente tóxicos, especialmente informações sobre a toxicidade das substâncias e a relação dose/resposta. Esses dados podem ser obti- dos por meio de quatro fontes principais: experimentação em animais; experimentação em volun- tários; observação ao acaso no ambiente de trabalho; pesquisas epidemiológicas. Com os dados experimentais e epidemiológicos, torna-se possível definir critérios de segurança para cada substância (exemplo: as con- centrações permissíveis) e adotar medidas de prevenção, que torne possível respeitar esses critérios. Dessa maneira, é mantida a saúde do trabalhador, ou em outras pala- vras, alcançado o objetivo da toxi- cologia ocupacional. No mundo, em escala cres- cente, procura-se estabelecer e con- trolar os limites permissíveis (con- centrações) de substâncias químicas no ambiente de trabalho, quando a exposição a uma substância química é inevitável, a fim de prevenir a into- xicação ocupacional. Essa prevenção é feita utilizando dois métodos de controle, que são complementares, mas que ainda hoje no Brasil, nem sempre são sempre aplicados. Controle ou Monitoramento Ambiental O monitoramento ambiental visa determinar os níveis de agentes químicos no ambiente ocupacional, para avaliar uma exposição poten- cial, isto é a quantidade do agente químico que pode alcançar os organismos vivos. Assim, com base 29 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO nos dados obtidos e no conhe- cimento do risco toxicológico das substâncias, é possível evitar que a contaminação atinja níveis peri- gosos. Pode se definir monitora- mento ambiental como: “A medida e a avaliação, quali- tativa e quantitativa, de agentes quí- micos no ambiente ocupacional pa- ra estimar a exposição ambiental e o risco à saúde, comparando os resul- tados com referências apropriadas”. Este controle foi por vários anos efetuado como único modo de se prevenir o aparecimento de alte- rações nocivas para a saúde decor- rentes da exposição ocupacional. Baseia-se na definição, para um grande número de substanciasquí- micas, como a concentração no ar abaixo da qual nenhum efeito tóxico deverá ocorrer em pessoas normais e na vigilância para que a exposição ocupacional não ultrapasse esses limites. Esse controle considera que os agentes tóxicos penetram no organismo por inalação. Para se estabelecer as concen- trações máximas para uma exposi- ção ocupacional uma série de infor- mações cientificas são exigidas, tais como: os conhecimentos das propri- edades físico-químicos; investiga- ções toxicológicas sobre toxicidade aguda, sub-aguda e crônica pelas diversas vias de introdução; experi- mentos em animais e observações no homem. Pode se notar, que os estudos para a fixação dos limites permissíveis são complexos e dis- pendiosos, e apenas alguns países os realizam. Assim os EUA, “URSS”, Alemanha, Suécia e Tchecoslová- quia determinam esses limites, em- quanto outros países, como a Ingla- terra, Argentina, Peru, Noruega, Brasil etc, adotam os limites dos EUA com as adaptações necessárias as condições de trabalho em cada país. No Brasil estas adaptações são feitas de acordo com a área, podem- do ser do Ministério do Trabalho, da Saúde, etc. A NR-15 (Norma Regula- mentadora nº 15, 1978, Ministério do Trabalho, utiliza os valores adap- tados da ACGIH-USA de 1977. Estes valores foram reduzidos em 78% em virtude da jornada semanal no Bra- sil ser de 48 horas, naquela época (até 1989), com relação às 40h preconizadas pela ACGIH). Os Limites de Exposição Ocu- pacional – LEO, propostos pela ACGIH - USA (American Confe- rence of Governamental Industrial Hygienist), são os chamados TLV’s onde: TLV (THERESOLD LIMIT VA- LUE) “referem-se às concentrações das substâncias dispersas na atmos- fera que representam as condições sob as quais se acredita, que quase 30 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO todos os trabalhadores possam estar expostos continua e diariamente, sem apresentar efeitos adversos à saúde”. “Os valores de TLV são calculados para um período de 7 a 8h por dia, num total de 40h sema- nais, sem que isso traga danos para a sua saúde. O TLV é uma média que permite flutuações em torno dela, desde que no final da jornada de trabalho o valor médio tenha sido mantido. ” Os principais tipos de TLV são: TLV – TWA (Time Weight Ave- rage) – É a concentração média ponderada pelo tempo de exposição para a jornada de 8h/dia, 40h/ semana, à qual praticamente todos os trabalhadores podem se expor, repetidamente, sem apresentar efei- tos nocivos. TLV –STEL (Short Time Expo- sure Limit) – É a concentração na qual os trabalhadores podem se expor, por um curto período, sem apresentar efeitos adversos. O tem- po máximo de exposição aos valores do TLV- STEL é de 15 minutos, podendo ocorrer, no máximo, 4 vezes durante a jornada, sendo o intervalo de tempo entre cada ocor- rência de pelo menos 60 minutos. O TLV – TWA não pode ser ultrapas- sado ao fim da jornada. Os valores de TLV – STEL devem ser vistos como complemen- tos dos valores de TLV – TWA. Na verdade, servem para controlar flu- tuações das concentrações das subs- tâncias acima dos valores de TWA estabelecidos. Os valores de TLV – STEL são determinados para subs- tâncias que apresentam efeitos noci- vos agudos, prioritariamente aos efeitos crônicos. TLV – C (Ceiling) – É a concen- tração máxima permitida que não pode ser ultrapassada em momento algum durante a jornada de tra- balho. Normalmente é indicado para substâncias de alta toxicidade e baixo limite de exposição. “Contudo devido à grande va- riação na suscetibilidade individual uma pequena % de trabalho pode sentir desconforto diante de certas substâncias em concentrações per- missíveis segundo os LTs, ou mesmo abaixo deles: um número menor pode ser mais seriamente afetado pelo agravamento de uma condição pré-existente ou pelo desenvolvi- mento de uma doença ocupacional”, absoluto e não pode ser em nenhum momento. Nos EUA esse valor máxi- mo é adotado para algumas subs- tâncias com sigla TLVc, como foi visto acima. Esquematicamente tem-se: 31 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO LT - Os limites de exposição ocupacional da NR-15, no Brasil, são chamados de Limites de Tolerância (LT) e são compilados das tabelas dos valores de TLV-TWA e se referem às concentrações médias máximas que não devem ser ultra- passadas numa jornada de 8h/dia, 48 horas/semana. É também uma média que permite flutuação ao longo da jornada de trabalho. Os LT brasileiros são extrapolados dos TLV através de uma média aritmética. Nos EUA é calculado perio- dicamente o chamado nível de ação (NA), ou seja, a concentração a par- tir da qual os controles médicos e periódicos devem ser iniciados. De acordo com a legislação Brasileria e recomendações internacionais o NA corresponde a uma concentração igual a metade das concentrações máximas permitidas. 2 LEO NA Onde: NA = Nível de Ação LEO = Limite de Exposição Ocupacional Esquematicamente têm-se: Histórico dos Limites de Tolerância 1933-38- União soviética regula- menta os primeiros limites 1941- “Maximum Allowable Concen- tratinos” (MACs) American Natio- nal Strandards Institute (ANSI) 1943 - “Hvglene Guides” American Industrial Hygiene Association (AHIA) 1947 – “Threshold limit Values” (TLV’s), American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) 1968 - Hygiene Standars British Factory Inspectorate 1969 - Maximale Arbeitdplatzkon- zetration (MAK), Alemanha 1970 - Permissible Exposure Limits (PELS), OSHA/ EUA 1970 - Recommended Exposure Li- mits (RELS), NIOSH/ EUA 1978 - Limites de Tolerância MTPS/ Brasil 1982 - Valeurs Limites D’ Exposition Professionnalle, França 32 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO O monitoramento ambiental, entretanto, ao estimar a intensidade da exposição, não é inteiramente satisfatório para evitar o risco decor- rente da exposição ocupacional a xe- nobióticos. Existem inúmeras variá- veis que prejudicam a associação direta entre a exposição e os efeitos nocivos. Os indivíduos diferem quanto a duração e a intensidade da exposição aos contaminantes da at- mosfera, aos hábitos alimentares, hábitos próprios no trabalho e no macroambiente. O monitoramento ambiental não considera, por exem- plo, o trabalho extra ou o trabalho pesado, quando pode ocorrer até 20 vezes mais inalação de ar por minuto do que no trabalho leve. Além disso, as características individuais tais como sexo, idade, raça, estados nu-tricionais, entre outros, resultam em uma série de respostas diferentes dos diversos organismos, frente a uma mesma concentração do agente tóxico ocupacional. No entanto, para vários xenobióticos, como por exem-plo aqueles que apresentam ação tóxica local (vapores de ácidos, NO, NO2, SO2 etc.), o monitoramento ambiental é o único meio de pre- venir o aparecimento de intoxi- cações. Controle ou Monitoramen- to Biológico Existe uma série de vantagens e limitações para que seja realizado o monitoramento biológico ele é de uso limitado a poucos agentes quí- micos e também não pode ser utili- zado para a prevenção de efeitos carcinogênicos, mutagênicos ou a- lergênicos, para os quais não são conhecidas as doses onde não são observados efeitos nocivos. Dentre as vantagens do moni- toramento biológico em relação ao ambiental, podemos citar: Exposição relativa a um perí- odo de tempo prolongado; Exposição como resultado da movimentação do trabalhador no ambiente de trabalho; Absorção de uma substância, através de várias vias de intro- dução e, não apenas, através do sistema respiratório; Exposição global, decorrentes de várias fontes de exposição, seja ocupacional, sejaambi- ental; Quantidade da substância ab- sorvida pelo trabalhador, em função de outros fatores (ati- vidade física no trabalho e fatores climáticos); Quantidade da substância ab- sorvida pelo trabalhador, em função de fatores individuais (idade, sexo, características genéticas, condições funcio- nais dos órgãos relacionados 33 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO com a biotransformação e eli- minação do agente tóxico). Quando o monitoramento biológico é realizado é considerado o fato de que o próprio homem é a melhor indicação das condições do seu local de trabalho. No monito- ramento biológico é estimado o risco para a saúde dos indivíduos expos- tos a substâncias químicas com base na exposição interna do organismo (dose interna) todos os trabalha- dores são examinados, individual- mente, procurando detectar preco- cemente uma exposição excessiva (antes que alterações biológicas sig- nificativas ocorram) ou então, al- gum distúrbio biológico reversível (antes que tenham causado algum prejuízo à saúde) têm-se então dois tipos de monitoramento biológico: Monitoramento Biológico Pro- priamente Dito ou de Dose Interna O monitoramento biológico de dose interna foi definido como: “A medida e avaliação de agentes quí- micos ou de seus produtos de bio- transformação em tecidos, secre- ções, excreções, ar exalado ou algu- ma combinação desses, para estimar a exposição ou o risco à saúde quan- do comparados com uma referência apropriada”. Ele visa estimar a quantidade biodisponível do agente químico (dose interna). O objetivo desse pro- cedimento é de assegurar que a ex- posição do indivíduo não alcance níveis nocivos. A dose interna pode repre- sentar: a quantidade do agente quí- mico recentemente absorvida (exposição recente), como por exemplo o fenol urinário na exposição ao benzeno; a quantidade do agente quí- mico ligada aos sítios de ação (dose no órgão crítico) como, por exemplo, o cádmio no tecido renal a quantidade armazenada num ou vários compartimen- tos do organismo (dose total integrada ou dose especifica num órgão) como, por exem- plo, o chumbo nos ossos. Monitoramento Biológico de Efeito Uma vez que o monitoramento biológico envolve prioritariamente a prevenção, o monitoramento bioló- gico de efeito seria conceitualmente contraditório com o primeiro. Toda- via, deve-se considerar que o efeito no qual esse monitoramento está baseado é o não nocivo. O monitoramento de um efeito precoce, não nocivo, produzido por um agente químico pode, em prin- 34 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO cípio, ser adequado para prevenir efeitos nocivos à saúde. Assim, o monitoramento biológico de efeito é definido como: “a medida e avalia- ção de efeitos biológicos precoces, para os quais não foi ainda esta- belecida relação com prejuízos à saúde, em trabalhadores expostos, para estimar a exposição e/ou os riscos para saúde quando compa- rados com referência apropriada”. Um efeito biológico pode ser definido como uma alteração bio- química, funcional ou estrutural que resulta da reação do organismo à exposição. Essa alteração é conside- rada não nociva quando: ao serem produzidas numa ex- posição prolongada não resul- tem em transtornos da capa- cidade funcional nem da capa- cidade do organismo para compensar nova sobrecarga; são reversíveis e não dimi- nuem perceptivamente a capa- cidade do organismo de man- ter sua homeostasia; não aumentam as suscetibi- lidades do organismo aos efei- tos indesejáveis de outros fato- res ambientais tais como os químicos, os físicos, os bioló- gicos ou sociais. A vantagem dos testes que me- dem os efeitos biológicos não noci- vos é que fornecem melhor infor- mação sobre a quantidade do agente químico que interage com o sitio de ação. Como exemplos de efeitos considerados não nocivos, temos a depressão da desidratase do ácido delta-aminolevulínico no sangue (delta-ala D) e o aumento da zinco protoporfirina no eritrócito (zn-pp) na exposição ao chumbo. Assim, o objetivo principal do monitoramento biológico, seja ele de dose interna ou de efeito, é, essencialmente o mesmo do monito- ramento ambiental, ou seja, preve- nir a exposição excessiva aos agentes químicos que podem provocar efei- tos nocivos, agudos ou crônicos, nos indivíduos expostos. Nos três casos o risco à saúde é avaliado compa- rando o valor medido, com um pa- drão de segurança. Indicador Biológico de Exposi- ção ou Indicadores Biológicos de Intoxicação ou Biomarca- dores Indicador Biológico de Expo- sição é uma substância química, ele- mento químico, atividade enzima- tica ou constituintes dos organis- mos, cuja concentração (ou ativida- de) em fluido biológico (sangue, urina, ar exalado) ou em tecidos, possui relação com a exposição am- biental a determinado agente tóxico. A substância ou elemento químico 35 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO determinado pode ser produto de uma biotransformação ou alteração bioquímica precoce decorrente da introdução deste agente tóxico, no organismo. Para os agentes quími- cos preconizados na NR-7, é defi- nido o Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP) que é “O valor máximo do indicador biológico para o qual se supõe que a maioria das pessoas ocupacionalmente expostas não corre risco de danos à saúde. A ultrapassagem deste valor significa exposição excessiva”. Este Valor (IBMP) deve ter correlação com a concentração do agente químico no ambiente de trabalho e é definida como limite de tolerância ou limite de exposição ocupacional. Para realizar o monitoramento biológico é preciso ter o indicador biológico, que pode ser definido co- mo todo agente tóxico inalterado e/ou seu produto de biotransfor- mação, determinado em amostras representativas do organismo dos trabalhadores expostos (sangue, uri- na e ar expirados) assim como a identificação de alterações biológi- cas precoces decorrentes da expo- sição. Dentre os fatores que podem influenciar os níveis dos indicadores biológicos, podemos citar os seguin- tes: Fatores Não Ocupacionais Hábitos pessoais (por ex., álcool, fumo) Fármacos (por ex., aspirina) Fatores constitucionais (por ex., espécie, sexo, idade) Fatores patológicos (por ex., pessoas anêmicas expostas a metais – Cd, Pb, Hg – terão seus níveis mais baixos) Fatores ligados às caracterís- ticas dos fluídos biológicos (densidade da urina, correção pela creatinina urinária) Dentre os fatores ocupacionais podemos citar as interações meta- bólicas, decorrentes de exposições múltiplas a vários agentes indus- triais. Alguns itens devem ser obser- vados para uma boa "performance" dos exames toxicológicos: Momento da amostragem (pa- dronização pela NR-7 em fun- ção da permanência dos indi- cadores biológicos no orga- nismo). Utilização de frascos adequa- dos para coleta (evitar conta- minação, principalmente nas análises de metais). Observar que a coleta seja realizada em local afastado do local de trabalho (evitar conta- minação exógena). Evitar urinas muito diluídas (comprometem o resultado em função da correção pela creatinina urinária) 36 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO Os resultados obtidos dos exames dos indicadores biológicos são comparados com referências apropriadas. Aqui no Brasil a legislação que estabelece estas refe- rências é regulamentada pela NR –7 Portaria nº 24 de 29/12/94 da Se- cretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, onde são definidos os parâmetros para o controle bioló- gico de exposição a alguns agentes químicos. Vigilância a Saúde É necessário estabelecer clara- mente, a diferença entre monitora- mento biológico e vigilância a saúde. Esta ultima é definida pelo Comitê mistoCCE/OSHA/NIOSH como: “exames médico fisiológicos periódi- cos de trabalhadores expostos, com o objetivo de proteger a saúde de detectar precocemente a doença”. A detecção da doença instalada esta fora do propósito desta definição. Então a vigilância à saúde utiliza in- dicadores sensíveis que auxiliam na detecção, porém não na prevenção de sinais precoces de alterações or- gânicas provocadas pela interação do agente químico com o organismo. A vigilância à saúde é um procedimento médico no qual se recombinam os diversos elementos, obtidos a partir do exame clínico do trabalhador, aos quais se somam os do monitoramento biológico, para se obter um quadro geral da con- dição e saúde do trabalhador, rela- cionando-a com uma atividade es- pecífica. Em programas de vigilância à saúde são utilizados os indicadores do efeito nocivo que revela a fase inicial, reversível, da intoxicação. Os exames podem necessitar de espe- cificidade com relação à exposição. Como exemplos, podem ser citadas as provas de função hepática, que poderão estar alteradas em muitas moléstias do fígado e com o resul- tado do hábito de ingerir álcool. O quadro hematológico altera-se não somente na exposição ao benzeno, mas também em uma variedade de outros agentes químicos, além de numerosas moléstias originadas por microorganismos. Assim a validação das provas, a serem usadas na vigi- lância a saúde para determinar efei- tos precoces produzidos por agentes químicos é um processo difícil, pois a sensibilidade e a especificidade dos exames devem ser conhecidas. De fato, programas de vigilância a saúde utiliza o monitoramento bio- lógico e o monitoramento de efeito como um de seus critérios mais vali- osos na detecção precoce de doenças decorrentes na exposição humana as substâncias químicas. Deve-se sempre levar em con- sideração que somente os indica- 37 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO dores altamente específicos, para uma determinada patologia do órgão, é que podem ser conside- rados como instrumentos úteis para o diagnóstico precoce de uma doen- ça em processo de instalação. A vigilância à saúde procura dar ênfase as características da ex- posição, especialmente tempo e du- ração, associando-se ao estado de saúde, podendo ser aplicada com os seguintes objetivos: Comprovar a ausência de um efeito nocivo numa exposição considerada aceitável ou a eficiência das medidas ambi- entais adotadas; Dar atenção às alterações pre- coces do estado de saúde para poder interferir, preventiva- mente, em relação a doença. As alterações do estado de saúde ocorrem com as seguin- tes características: Uma fase de indução, isto é, aquela em que decorre um certo tempo para se iniciar o processo de morbidade, após alcançar uma certa dose do agente químico no organismo Uma fase de latência, que corresponde ao período com- preendido entre o início do processo de morbidade e o aparecimento das alterações funcionais que ainda não per- mitem a sua individualização. A aplicação da vigilância a saúde, a exemplo do que acontece com o monitoramento biológico, não pode ser confundida com os procedimentos que visam o diag- nóstico. É importante enfatizar que a manifestação de deterioração da saúde não ocorre necessariamente no momento do reconhecimento médico. A ocorrência de certas alterações biológicas pode, desde que evidenciada em tempo hábil, advertir que se não forem modi- ficadas as condições de trabalho ocorrerão os transtornos funcionais. A figura abaixo mostra a evolução das alterações clínicas e subclínicas relacionadas com o tem- po, em uma determinada exposição. 38 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO Esquema representando a transferência do agente químico até os sítios de ação e programas de monitoramento e vigilância corres- pondentes as diferentes fases do processo (LAUWERYS & BER- NARD). 10 Agente químico MONITORAMENTO no ambiente AMBIENTAL Absorção Agente químico no organismo Distribuição Biotransformação Produtos produtos Ativos i nativos MONITORAMENTO BIOLÓGICO Distribuição Fixação em fixação em sítios Sítios críticos não críticos Produtos de Efeitos não nocivos MONITORAMENTO Degradação BIOLÓGICO DE EFEITO Efeitos tóxicos Lesões pré-clínicas VIGILÂNCIA A SAÚDE Esquema representando a transferência do agente químico até os sítios de ação e programas de monitoramento e vigilância correspondentes as diferentes fases do processo (LAUWERYS & BERNARD). 39 40 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO 4. 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