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O que você verá neste capítulo: © Variabilidade Humana. <è Cognição Humana. O A Complexa Natureza do Homem. © A Motivação Humana. €> Comunicação. ® O Comportamento Humano nas Organizações. © Capitai Humano. Objetivos de aprendizagem: © Mostrar a importância das pessoas no sucesso organizacional, <§> Entender as diferenças individuais, a cognição e a percepção humanas. © Conhecer as diferentes abordagens à motivação humana. © Compreender a influência do processo de comunicação no comportamento humano. 4g Recursos Humanos 0 IDALBERTO CHIAVENATO ELSEVIER A MATR1X Cláudia Sanchez pretende mudar radloalmeníe o relacionamento da empresa com seus funcionários. Como pre sidente da companhia, Cláudia está reconfigurando sua estrutura organizacional para tornar a empresa mais ágil, dinâmica e competitiva. Para acompanhar essa transformação, eia quer mudar a atitude das pessoas com relação à empresa. Isso implica mudar os papéis desempenhados por elas. Se você fosse a presidente, como apresentaria suas idéias á Diretoria da empresa? £> As organizações não funcionam por si mesmas. Elas dependem de pessoas para dirigi-las e contro lá-las e para fazê-las operar e funcionar. Não há or ganização sem pessoas. Toda organização é consti tuída de pessoas e delas depende para seu sucesso e continuidade. O estudo das pessoas constitui a uni dade básica das organizações e, principalmente, da área de RH. Sem organizações e sem pessoas, não haveria RH. A área de RH tem duas diferentes ver tentes para considerar as pessoas: as pessoas como pessoas (dotadas de características próprias de per sonalidade e individualidade, aspirações, valores, atitudes, motivações e objetivos individuais) e as pessoas como recursos (dotadas de habilidades, ca pacidades, destrezas e conhecimentos necessários para a tarefa organizacional)* A área de RH deve procurar tratar as pessoas como pessoas e não apenas com o importantes re cursos organizacionais, rompendo a maneira tradi cional de tratá-las meramente como meios de pro dução. Pessoas como pessoas e não simplesmente pessoas como recursos ou insumos, Há pouco tem po, as pessoas eram tratadas como objetos e como recursos produtivos - quase da mesma forma como se fossem máquinas ou equipamentos de trabalho, como meros agentes passivos da administração. Percebeu-se que essa maneira bitolada e retrógrada de ver as pessoas provocou forte ressentimento e conflitos trabalhistas, além de um gradativo distan ciamento e alheamento das pessoas em relação a suas tarefas na organização. Em conseqüência, so brevieram problemas de qualidade e de produtivi dade. E tais problemas eram encarados comp se pertencessem à gerência e à direção exclusivamente e não às pessoas* E como a gerência e a direção constituem um pequeno percentual das pessoas que trabalham na organização, esses problemas eram questionados e resolvidos apenas por uma pequena minoria que tinha muitas outras tarefas. Na realida- OS FATOHES DE PRODUÇÃO NA ATUALIDADE Na Era Industrial, predominavam os tradicionais fa tores de produção - natureza, capital e trabalho como mão-de-obra. Hoje, na Era da Informação, es ses fatores estão próximos da }ei dos rendimentos decrescentes: todo investimento neles somente tra rá retornos gradativamente menores, As organiza ções bem-sucedidas estão investindo nas pessoas, mais especificamente. Guaí a razão disso? No mun do de hoje, fatores críticos de sucesso nâo são mais o tamanho organizacional, escala de produção e custos baixos; eles estão perdendo a importância e cedendo lugar para a rapidez de resposta e inova ção em produtos e serviços. Como alcançar isso? Através das pessoas. Figura 2.1. Pessoas como pessoas e pessoas como recursos. de, muitos desses problemas foram adiados e trans feridos e passaram a reduzir a competitividade das organizações. Hoje, a tendência é fazer com que to das as pessoas, em todos os níveis da organização, sejam os administradores - e não simplesmente os executores - de suas tarefas. Além de executar as ta refas, cada pessoa deve conscientizar-se de que eía deve ser o elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter uma melhoria contínua de seu trabalho dentro da organização. E é assim que cres cem e se solidificam as organizações bem-sucedidas. VARIABILIDADE HUMANA O homem é um animal social com uma irreprimível tendência à vida em sociedade. Ele vive em organi- zações e em ambientes cada vez mais complexos e dinâmicos. Assim, “organizações são pessoas, orga nizações são grupos; e organizações são organiza ções. Gerentes administram pessoas; gerentes admi nistram grupos; e gerentes administram organiza ções. Gerentes são pessoas; gerentes são membros de grupos; e gerentes são membros de organiza ções.”1 Contudo, a variabilidade humana é enorme, cada pessoa é um fenômeno multidimensional, su jeito às influências de uma enormidade de variáveis. ELSEVIER'""..................... CAPÍTULO 2 9 As Pessoas O raio de diferenças em aptidões é grande, e os pa drões de comportamento aprendidos são diversos. As organizações não dispõem de dados ou meios para compreender os seus membros em sua total complexidade.2 A ÊNFASE NAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS DAS PESSOAS Antigamente, a ARH se caracterizava por definir polí ticas para tratar as pessoas de maneira genérica e padronizada. Os processos de RH tratavam as pesr soas como se todas elas fossem Iguais e homogê neas. Hoje, as diferenças individuais estão em alta; a ARH está enfatizando as diferenças individuais e a diversidade nas organizações. A razão é simples: quanto maior a diferenciação das pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. Se as organizações são compostas de pessoas, o estudo das pessoas constitui a unidade básica para o estudo das organizações e principalmente da ARH, Mas se as organizações são compostas de pessoas e estas precisam engajar~se em organizações para al cançar os seus objetivos, nem sempre esse casamen- Figura 2 .2 . A superposição da participação multigrupal,3 48 Recursos Humanos - IDALBERTO CHIAVENATO ELSEVIER Variáveis Intervonlentos Fatores internos Fatores externos • Personalidade • Ambiente organizacional A pessoa k • Aprandizagem • Regras a regulamentos , na | p Í * Cultura i organização r • Motivação • Polítícas • Métodos a processos « Percepção * Recompensas e punições • Valores « Grau de confiança Comportamento da p8SSQ3 dentro da organização Figura 2.3- Fatores internos e externos que influenciam o comportamento humano. to é fácil. Se as organizações são diferentes entre si, o mesmo ocorre com as pessoas* As diferenças indi viduais fazem com que cada pessoa tenha suas pró- prias características de personalidade, suas aspira ções, seus valores, suas atitudes, suas motivações, suas aptidões etc. Cada pessoa é um fenômeno mui- tidimensional sujeito às influências de uma enormi dade de variáveis. COGNIÇÃO HUMANA Cognição é a maneira pela qual uma pessoa percebe e interpreta a si própria ou seu meio externo. A cog nição constitui o filtro pessoal através do qual a pes soa se vê e sente e percebe o mundo que existe a seu redor. É a tomada de conhecimento que estabelece a crença e a opinião pessoal a respeito de si mesma ou do mundo exterior. Duas teorias são importan tes para se compreender o comportamento das pes soas no âmbito dessa colocação: a teoria de campo de Lewin e a teoria da dissonância cognitiva de Fes- tinger. Ambas sinalizam como a cognição humana funciona. Teoria de campo de Lewin A teoria de campo de Lewin assegura que o com portamento humaao depende de dois fatores fun damentais: 1 „ O comportamento é derivado da totalidade dos fatos e eventos coexistentes em determi nada situação. As pessoas comportam-se em face de uma situação total (Gestalt) envol vendo fatos e eventos que constituem seu am* bienfee. 2. Esses fatos e eventos apresentam a caracterís tica de um campo dinâmico deforças, no qual cada fato ou evento tem uma inter-relação di nâmica com os demais, influenciando-os ou sendo influenciado por eles. Esse campo dinâ mico produz o chamado campo psicológico de cada pessoa, que é um padrão organizado das percepções de um indivíduo, ajustando sua maneira de ver e perceber as coisas no am biente ao seu redor. O campo psicológico é o espaço de vida que con tém a pessoa e seu ambiente psicológico.4 O ambien te psicológico ou comportamental é o que a pessoa percebe e interpreta a respeito de seu ambiente ex terno. É o meio ambiente relacionado com suas atuais necessidades. Objetos, pessoas ou situações podem adquirir valências no ambiente psicológico, determinando um campo dinâmico de forças psico lógicas. A valência é positiva quando os objetos, as pessoas ou as situações podem ou prometem satisfa zer às necessidades presentes do indivíduo, e é nega tiva quando podem ou prometem ocasionar algum prejuízo ou dano, Objetos, pessoas ou situações car regados de valência positiva tendem a atrair o indi víduo, enquanto os de valência negativa tendem a causar-lhe repulsa ou fuga. A atração é a força ou o vetor dirigido para o objeto, para a pessoa ou para a situação, enquanto a repulsa é a força ou vetor que o leva a afastar-se, tentando escapar do objeto, da pessoa ou da situação. Um vetor tende sempre a produzir uma “locomoção” em certa direção. Quan do dois ou mais vetores atuam ao mesmo tempo so bre uma pessoa, a locomoção é uma espécie de re sultante (ou momento) de forças. Algumas vezes, a locomoção produzida pelos vetores pode ser im pedida ou completamente bloqueada por uma “bar ELSEVIER reira” (impedimento ou obstáculo). De modo geral, a locomoção pode ser de aproximação ou de fuga. O modelo de comportamento humano segundo a teoria de campo pode ser representado esquemati- camente pela equação: C ~ f (P, M) onde o comportamento (C) é resultado ou função (f) da interação entre a pessoa (P) e seu meio ambiente (M). A pessoa (P), nessa equação, é determinada pelas características genéticas e pelas características adquiri das na aprendizagem através de seu contato com o meio. A teoria de campo explica por que um mesmo objeto, situação ou pessoa podem ser percebidos e in terpretados diferentemente por indivíduo. Teoria da dissonância cognitiva A Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger5 baseia-se na premissa de que cada pessoa se esforça para estabelecer um estado de consonância ou con sistência (coerência) com ela mesma. Se a pessoa tem cognições sobre si mesma e sobre seu ambiente que são inconsistentes entre si (isto é, uma cognição implica o oposto da outra), então ocorre um estado de dissonância cognitiva, A dissonância cognitiva é uma das principais fontes de inconsistência no com portamento. As pessoas não toleram a inconsistên cia, e, quando ela ocorre (por exemplo, quando um indivíduo acredita em uma coisa e, no entanto, age contrariamente a essa crença), o indivíduo está mo tivado a reduzir o conflito. A esse conflito ou incon sistência dá-se o nome de dissonância. O elemento cognitivo é uma espécie de crença, conhecimento ou opinião que o indivíduo tem em si mesmo ou do meio externo. Esses elementos cognitivos podem estar relacionados de três maneiras: dissonante, consonante ou irrelevante. Assim: 1. Relação dissonante: quando o indivíduo acre dita que fumar é nocivo, mas continua fuman do (duas cognições em relação dissonante). 2. Relação consonante: quando acredita que fu mar é nocivo e, então, deixa de fumar (duas cognições em relação consonante). 3. Relação irrelevante: quando considera o fumo nocivo e gosta de passear (elementos em uma relação irrelevante). Quando ocorre uma relação dissonante, a pessoa sente-se mal, e, para escapar do conflito íntimo, procura adotar uma destas três alternativas: 1. Pode reduzi-la, mudando suas cognições pes soais para sintonizá-las ou adequá-las à reali dade externa. A pessoa muda seu comporta mento para reduzir a dissonância em relação à realidade externa. 2. Pode reduzi-la, tentando mudar a realidade externa e adaptá-la a suas cognições pessoais. A pessoa mantém suas convicções e tenta mu dar o mundo ao redor para adequá-lo a elas. 3. Se não puder alterar suas cognições pessoais, nem a realidade externa, então a pessoa passa a conviver com o conflito íntimo da relação dissonante ou inconsistente. A cognição permite um quadro de referências para a pessoa situar-se no mundo que a rodeia e en~ tepdê-lo adequadamente. A dissonância cognitiva decorre de situações que envolvem algum processo de decisão do indivíduo e o conflito resultante de cognições que não batem ou não concordam entre si, Na realidade, a vida de cada pessoa é uma inces sante busca de redução de dissonâncias. Destas duas abordagens - a teoria de campo e da dissonância cognitiva - conclui-se que o comporta mento das pessoas está mais baseado em suas percep ções pessoais e subjetivas do que em fatos objetivos e concretos que existem na realidade. Não é a realida de que conta, mas a maneira pessoal e individual de visualizá-la e interpretá-la. Assim, as pessoas se com portam não em relação à realidade propriamente dita, mas de acordo com a maneira pela qual a perce bem e a sentem conforme suas cognições pessoais. A MATRÈX Cláudia Sanchez sabe que para mudar atitudes das pessoas é preciso que elas percebam e compreen dam por que devem mudar. A Maírix quer deixar de ser simples empregadora para ser uma organização de aprendizagem e de oportunidades. Eia quer transfor mar as pessoas de empregados e trabalhadores em colaboradores e parceiros da empresa. Afinal, mudar comportamentos humanos não é tarefa fácil. Como Cláudia poderia concretizar seu plano? © go Recursos Humanos * 1DALBEBT0 CHIAVENATO ELSEVIER Figura 2.4..„ Fatores externos que afetam o comportamento das pessoas nas organizações.6 A COMPLEXA NATUREZA DO HOMEM Em função da teoria de campo e da teoria da disso nância cognitiva, surgem três enfoques ao estudo do comportamento das pessoas, a saber:7 1. A pessoa com o um ser transacional: que não somente recebe insumos do ambiente e reage aos mesmos, mas também adota uma posição proativa, antecipando-se e, muitas vezes, pro vocando mudanças em seu ambiente. 2. A pessoa com um comportamento dirigido para um objetivo: o que significa dizer que eia é capaz de ter objetivos ou aspirações e de aplicar esforço no sentido de alcançá-los. 3. A pessoa com o um modelo de sistema aberto: que é dirigido para objetivos, in ter dependen temente do meio físico e social e ativamente envolvida em transações com esse ambiente à medida que persegue seus objetivos. Isso exige que a pessoa desenvolva capacidades mentais de procedimento - de pensar, decidir etc. - e que adquira informações e crenças que ihe permitam conhecer pessoas e coisas em seu meio ambiente e enfrentá-las. Torna-se im portante conhecer as percepções das pessoas e como elas agem como um sistema de filtros por intermédio dos quais concebe a realidade ambiental que as envolve. O CO M PO RTAM ENTO DAS PESSOAS O comportamento das pessoas dentro da organização é complexo e depende de fatores Internos (decorrentes de suas características de personalidade, como capa cidade de aprendizagem, motivação, percepção do am biente interno e externo, atitudes, emoções, valores etc.) efatores externos (decorrentes do ambiente que o envolve e das características organizacionais, como sistemas de recompensas e punições, fatores sociais, políticas, coesão grupai existente etc,). €• A MOTIVAÇÃO HUMANA Dentre os fatores internos que influenciam o com portamento das pessoas, daremos especial atenção à motivação. É difícil compreender o comportamento das pes soas sem um mínimo conhecimento da motivação de seu comportamento. É difícil definir exatamente o conceito de motivação, uma vez que tem sido uti lizado com diferentes sentidos. De um mo dó geral,motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá ori gem a uma propensão a um comportamento especí fico.3 Esse impulso à ação pode ser provocado por um estímulo externo (provindo do ambiente) e pode também ser gerado internamente nos proces sos mentais do indivíduo. Nesse aspecto, a motiva- CAPÍTULO 2 c As P essoas 51 ELSEVIER ção está relacionada com o sistema de cognição9 da pessoa. Krech, Crutchfieid e Ballachey explicam que “os atos do ser humano são guiados por sua cognição - pelo que eíe pensa, acredita e prevê. Mas, ao perguntar o motivo por que ele age daquela forma, é a questão da motivação que está em jogo. A motivação funciona em termos de forças ativas e impulsion adoras, traduzidas por palavras como de sejo e receio. A pessoa deseja poder e deseja status, receia o ostracismo social e as ameaças à sua au- to-estima. Além disso, a motivação busca alcançar determinada meta, para cujo alcance o ser humano gasta energias »io AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS As pessoas são diferentes no que tange à motivação: as necessidades variam de Indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes padrões de comportamento. Os valores sociais também são diferentes; as capaci dades para atingir os objetivos são igualmente dife rentes; e assim por diante. Para complicar ainda mais, as necessidades, os valores sociais e as capacidades variam no mesmo indivíduo conforme o tempo. Ape« sar de todas essas diferenças, o processo que dinami za o comportamento é mais ou menos semelhante para todas as pessoas. outras palavras, embora os padrões de comportamento variem, o processo do qua! eies resultam é, basicamente, o mesmo para to das as pessoas. ® Nesse sentido, existem três premissas que expli cam o comportamento humano: 1. O comportamento é causado por estímulos in ternos ou externos: existe uma causalidade do comportamento. Tanto a hereditariedade como o meio ambiente influem decisivamente no comportamento das pessoas. 2. O comportamento é motivado: ou seja, há uma finalidade em todo comportamento hu mano. O comportamento não é casual nem aleatório, mas sempre orientado e dirigido para algum objetivo. 3. O comportamento é orientado para objetivos: em todo comportamento existe sempre um impulso, desejo, necessidade, tendência, ex pressões que servem para designar os motivos do comportamento.11 Se essas suposições forem corretas, o comporta mento não é espontâneo e nem isento de finalidade: sempre há um objetivo implícito ou explícito para explicá-lo. Embora o modelo básico de motivação acima seja o mesmo para todas as pessoas, o resultado pode variar indefinidamente, pois depende da per cepção do estímulo (que varia conforme a pessoa e na mesma pessoa conforme o tempo), das necessi dades (que também variam conforme a pessoa) e da cognição de cada pessoa. A motivação das pessoas depende basicamente dessas três variáveis. Ciclo motivacional O ciclo motivacional começa com o surgimento de uma necessidade. A necessidade é uma força dinâmi ca e persistente que provoca comportamento. Toda vez que surge uma necessidade, esta compe o estado de equilíbrio do organismo, causando um estado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse estado leva o indivíduo a um comportamento, ou ação, capaz de descarregar a tensão ou de livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. Se o comporta mento for eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da tensão pro~ A PESSOA Figura 2.5. Modelo básico de motivação.72 52 Recursos Humanos tt IDALBERTO CHiAVENAÍG ELSEVIER Figura 2.6. Etapas do ciclo motivacional envolvendo a satisfação da necessidade. vocada por ela. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior, à sua forma de ajustamento ao ambiente. O ciclo motivacional está esquematizado na Figura 2.6. No ciclo motivacional ilustrado a necessidade é satisfeita. À medida que o ciclo se repete com a aprendizagem e a repetição (reforço), os comporta mentos tornam-se gradativamente mais eficazes na satisfação d ê certas necessidades. Uma vez satisfeita, a necessidade deixa de ser motivadora de compor tamento, já que não causa tensão ou desconforto. No ciclo motivacional, contudo, a necessidade nem sempre pode ser satisfeita. Ela pode ser frustra da, ou ainda pode ser compensada (ou seja, transfe rida para outro objeto, pessoa ou situação). No caso de frustração da necessidade, no ciclo motivacional, a tensão provocada pelo surgimento da necessidade encontra uma barreira ou um obstáculo para sua li beração. Não encontrando saída normal, a tensão represada no organismo procura um meio indireto de saída, seja por via psicológica (agressividade, des contentamento, tensão emocional, apatia, indife rença etc.), seja por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade não é satisfeita nem frustrada, mas transferida ou compensada. Isso se dá quando a satisfação de uma outra necessidade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade que não pode ser satisfeita, como indicamos na Figu ra 2.7. É o que acontece quando o motivo de uma promoção para um cargo superior é contornado por um bom aumento de salário ou por uma nova sala de trabalho. O FLUXO CONSTANTE DAS NECESSIDADES A satisfação de certas necessidades é temporal e pas sageira, ou se]a, a motivação humana é cíclica: o com portamento é um processo contínuo de resolução de problemas e satisfação de necessidades à medida que vão surgindo. As teorias mais conhecidas sobre a motivação são relacionadas com as necessidades humanas. É o caso da teoria de Maslow sobre a hierarquia das ne cessidades humanas* A hierarquia das necessidades segundo Maslow As teorias das necessidades partem do princípio de que os motivos do comportamento humano resi dem no próprio indivíduo: sua motivação para agir e se comportar deriva de forças que existem dentro dele. Algumas dessas necessidades são conscientes, enquanto outras não. A teoria motivacional mais conhecida é a de Maslow e se baseia na hierarquia de necessidades humanas*13 Segundo Maslow, as necessidades humanas estão arranjadas em uma pirâmide de importância no comportamento humano. Na base da pirâmide es tão as necessidades mais baixas e recorrentes ~ as chamadas necessidades primárias enquanto no topo estão as mais sofisticadas e intelectualizadas - Tensão Fnjstração Compensação Figura 2.7. Ciclo motivacional com frustração ou compensação. ELSEVIER ca p ítu lo 2 ° As Pessoas 53 Figura 2 .8 . Hierarquia das necessidades humanas segundo Masiow. as necessidades secundárias. A Figura 2.8 dá uma idéia desse arranjo hierárquico* 1. Necessidades fisiológicas: constituem o nível mais baixo das necessidades humanas. São ne cessidades inatas, como a necessidade de ali mentação (fome e sede), sono e repouso (can saço), abrigo (contra o frio ou calor) ou desejo sexual (reprodução da espécie). São denomi nadas necessidades biológicas ou básicas e exi gem satisfação cíclica e reiterada a fim de ga rantir a sobrevivência do indivíduo. Orientam a vida humana desde o momento do nasci mento. Aliás, o início da vida humana é uma contínua e constante busca da satisfação des sas necessidades elementares, mas inadiáveis. .. Elas monopolizam o comportamento do re cém-nascido e predominam no adulto sobre as demais necessidades, enquanto não for al cançada sua satisfação, São relacionadas com a subsistência e existência do indivíduo, Embora comuns a todas as pessoas, elas re querem diferentes gradações individuais para sua satisfação. Sua principal característica é a premência: quando alguma dessas necessida des não está satisfeita, ela domina a direção do comportamento da pessoa. 2, Necessidades de segurança: constituem o se gundo nível das necessidades humanas. Le vam a pessoa a proteger-se de qualquer perigo realou imaginário, físico ou abstrato. A busca *de proteção contra a ameaça ou privação, fuga ao perigo, busca de um mundo ordenado e previsível são manifestações típicas dessas necessidades. Surgem no comportamento hu mano quando as necessidades fisiológicas es tão relativamente satisfeitas. Como aquelas, também estão intimamente relacionadas cóm a sobrevivência da pessoa. Têm grande impor tância, uma vez que na vida organizacional as pessoas têm uma relação de dependência com a organização, em que as ações gerenciais ar bitrárias ou as decisões inconsistentes e incoe rentes podem provocar incerteza ou insegu rança nas pessoas quanto à sua permanência no trabalho. 3. Necessidades sociais; são as necessidades rela cionadas com a vida associativa do indivíduo junto a outras pessoas. São as necessidades de associação, participação, aceitação por parte dos colegas, troca de amizade, afeto e de amor. Surgem no comportamento quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e de se gurança) se encontram relativamente satisfei tas. Quando as necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa se torna resistente, antagônica e hostil com relação às pessoas que a cercam, A frustração dessas ne cessidades conduz à falta de adaptação social e à solidão, A necessidade de dar e receber afeto é importante ativadora do comportamento humano quando se utiliza a administração participativa. 4. Necessidades de estima: são as necessidades relacionadas com a maneira pela qual a pessoa se vê e se avalia, isto é, com a auto-avaliação e auto-estima. Envolvem a auto-apreciação, au toconfiança, necessidade de aprovação social, reconhecimento social, status, prestígio, re putação e consideração, A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de auto confiança, valor, força, prestígio, poder, capa- V 54 cidade e utilidade. Sua frustração pode produ zir sentimentos de inferioridade, fraqueza, de pendência e desamparo, os quais, por sua vez, podem levar ao desânimo ou a atividades compensatórias. 5. Necessidades de auto-realização; são as neces sidades humanas mais elevadas e que se en contram no topo da hierarquia. Levam a pes soa a tentar realizar seu próprio potencial e se desenvolver continuamente como criatura humana ao longo de toda a vida. Essa tendên cia é expressa por meio do impulso da pessoa em tornar-se mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. As necessidades de auto-reali- zação estão relacionadas com autonomia, in dependência, autocontrole, competência e plena realização daquilo que cada pessoa tem de potencial e de virtual, da utilização plena dos talentos individuais. Enquanto as quatro necessidades anteriores podem ser satisfeitas por recompensas externas (extrínsecas) à pes soa e que têm uma realidade concreta (como comida, dinheiro, amizades, elogios de outras pessoas), as necessidades de auto-realização somente podem ser satisfeitas por recom pensas que são dadas intrínsecamente pelas pessoas a si próprias (como sentimento de re alização) e não são observáveis nem controlá veis por outros. Além disso, as demais necessi dades, enquanto satisfeitas, não motivam o comportamento, mas a necessidade de au to-realização pode ser insaciável, no sentido de que quanto mais a pessoa obtém retornos Recursos Humanos °IDALBERTO CHIAVENATO que a satisfaçam, mais importante ela se torna e mais ainda a pessoa desejará satisfazê-la. Não importa quão satisfeita a pessoa esteja, pois ela quererá sempre mais. Em linhas gerais, a teoria de Maslow apresenta os seguintes aspectos: 1. Uma necessidade satisfeita não é motivadora de comportamento. Apenas as necessidades não satisfeitas influenciam o comportamento, dirigindo-o para objetivos individuais. 2. O indivíduo nasce com certa bagagem de ne cessidades fisiológicas, que são necessidades inatas ou hereditárias. De início, seu compor tamento é exclusivamente voltado para a par ticipação cíclica dessas necessidades, como fome, sede, ciclo sono/atividade, sexo etc. 3. A partir de uma certa idade, o indivíduo in gressa em uma longa trajetória de aprendiza gem de novos padrões de necessidades. Sur gem as necessidades de segurança, voltadas para a proteção contra o perigo, contra as ameaças e contra a privação. As necessidades fisiológicas e as de segurança constituem as necessidades primárias do indivíduo, voltadas para sua conservação pessoal. 4. A medida que o indivíduo passa a controlar suas necessidades fisiológicas e de segurança, surgem lenta e gradativamente as necessidades mais ele vadas: sociais, de estima e de auto-realização. Porém, quando o indivíduo alcança a satisfação das necessidades sociais, surgem as necessidades ELSEVIER Fisiológicas • fo m e . • Sodo' • Soro • ele . Segurança Proteção ' Abrigo' ■ ■ Inexhjtáncla do perigo Saclaís • Amlzada' ' : • Amor • Pertencerão, gmpo • • Aíivitíadea sociais Auto-estlma * Staius « Prestígio; : • » Auío-respelío •> <» Autoconfiança .1 * Raconfieclmento- Realização * Crescimento « Desenvolvimento • Sucesso' ' profissional Figura 2.9. Hierarquia* das necessidades humanas sob outro ângulo. ELSEVIER de auto-realização, Isso significa que as necessi dades de estima são complementares às necessi dades sociais, enquanto as de auto-realização são complementares às de estima. Os níveis mais elevados de necessidade somente surgem quando os níveis mais baixos estão relativamen te controlados e alcançados pelo indivíduo. Nem todos os indivíduos conseguem chegar ao nível das necessidades de auto-realização, ou mesmo ao nível das necessidades de estima. É uma conquista individual, 5. As necessidades mais elevadas não somente surgem à medida que as mais baixas vão sendo satisfeitas, como também predominam em re lação às mais baixas de acordo com a hierar quia das necessidades. O comportamento do indivíduo é influenciado por um grande nú- mero de necessidades concomitantes, porém as necessidades mais elevadas têm uma ativa ção predominante em relação às necessidades mais baixas. 6» As necessidades mais baixas requerem um ciclo motivacional rápido (comer, dormir etc,), en quanto as necessidades mais elevadas reque rem um ciclo motivacional extremamente lon- go. Porém, se alguma necessidade mais baixa deixar de ser satisfeita durante muito tempo, ela se torna imperativa, neutralizando o efeito das necessidades mais elevadas. A privação de uma necessidade mais baixa faz com que as energias do indivíduo se desviem para a luta pela sua satisfação. Embora genérica e ampla, a abordagem de Mas- low representa um valioso modelo de atuação sobre o comportamento das pessoas e para a ARH. A teoria dos dois fatores de Herzberg Enquanto Maslow fundamenta sua teoria da moti vação nas diferentes necessidades humanas (abor dagem intra-orientada), Herzberg14 alicerça sua teo ria no ambiente externo e no trabalho do indivíduo (abordagem extra-odentada). Para Herzberg, a motivação para trabalhar de» pende de dois fatores:15 a. Fatores higiênicos: referem-se às condições que rodeiam a pessoa enquanto trabalha, en- globando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão re cebido, o clima de relações entre a direção e os empregados, os regulamentos internos, as oportunidades existentes etc. Correspondem à perspectiva ambiental e constituem os fato res tradicionalmente utilizados pelas organi zações para se obter motivação dos emprega dos, Contudo, os fatores higiênicos são mui to limitados em sua capacidade de influen ciar poderosamente o comportamento dos empregados. A expressão higiene serve exa tamente para refletir seu caráter preventivo e profilático e para mostrar que se destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfação do meio ambiente ou ameaças potenciais ao seu equilíbrio, Quando esses fatores higiêni cos são ótimos, simplesmente evitam ainsa tisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento não consegue elevar subs tancial e duradouramente a satisfação. Po rém, quando são precários, provocam insa tisfação. Por isso, são chamados fatores insa- tisfacientes. Incluem: © Condições de trabalho e conforto. © Políticas da organização e administração. ® Relações com o supervisor. © Competência técnica do supervisor. © Salário e remuneração. ® Segurança no cargo, o Relações com colegas. Os fatores higiênicos constituem o contexto do cargo. b. Fatores motivacionais: referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres relacionados com o cargo em si, Produzem efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade em níveis de excelência, isto é, acima dos níveis normais. O termo motivação envolve senti mentos de realização, de crescimento e de re conhecimento profissional manifestados por meio do exercício das tarefas e atividades que oferecem desafio e significado para o trabalho. Quando os fatores motivacionais são ótimos, eles elevam a satisfação; quando estão precá rios, provocam ausência de satisfação. Por essa CAPi t ULO 2 ° As P essoas g 56 Recursos Humanos * IDALBERTO CHÍAVB1AT0 ELSEVIER Nenhuma satisfação (neutralidade) B Fatores motivacionais ■(+) Maior satisfação Maior Insatisfação H Fatores higiênicos W Nenhuma insatisfação Figura 2 .10 , Teoria dos dois fatores: o$ satisfacientes e os insatisfacientes como dois contínuos separados„ razão, são chamados fatores satisfacientes. Eles constituem o próprio conteúdo do cargo e in cluem: © Delegação de responsabilidade. © Liberdade de decidir como executar o tra balho. © Oportunidades de promoção. © Uso pleno das habilidades pessoais. © Estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles. © Simplificação do cargo (pelo próprio ocu pante). © Ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente). Em essência, a teoria dos fatores afirma que:16 1. A satisfação nc cargo é função do conteúdo ou atividades desafiadoras e estimulantes do cargo: são os chamados fatores motivadores. 2. A insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas e do contexto gerai do cargo: são os chamados fatores higiênicos. Herzberg concluiu que os fatores responsáveis pela satisfação profissional são totalmente desliga dos e distintos dos fatores responsáveis pela insatis fação profissional: o oposto de satisfação profissio nal não seria a insatisfação, mas sim nenhuma satis fação profissional; e, da mesma maneira, o oposto de insatisfação profissional seria nenhuma insatisfa ção profissional, e não a satisfação. Para introduzir maior motivação no trabalho, Herzberg propõe o enriquecimento de tarefas (job enrichment), que consiste em deliberadamente am pliar os objetivos, a responsabilidade e o desafio das tarefas do cargo. Na parte relacionada com os sub- sistemas de aplicação de recursos humanos serão debatidos alguns aspectos do enriquecimento de ta refas ou enriquecimento do cargo. FATORES MOTIVACIONAIS OU SATISFACIENTES Na prática, a abordagem de Herzberg enfatiza os fa tores motivacionais que tradicionalmente são negli genciados e desprezados peias organizações, nas tentativas para eíevar o desempenho e a satisfação do pessoal. Até certo ponto, as conclusões de Herz berg coincidem com a teoria de Maslow de qué os níveis mais baixos de necessidades humanas têm relativamente pequeno efeito motivacional quando o padrão de vida é elevado. As abordagens de Maslow e de Herzberg apresentam aiguns pontos de con cordância que permitem uma configuração mais ampla e rica a respeito da motivação do comporta mento humano. Não obstante, apresentam também importantes diferenças. A Figura 2.11 seguinte facili ta uma comparação dos dois modelos. O modelo contingencial de motivação de Vroom A teoria de Maslow se baseia em uma estrutura uni- forme e hierárquica de necessidades, e a de Herz berg, em duas classes de fatores. Ambas repousam na presunção implícita de que existe “uma maneira melhor” (the best way) de motivar as pessoas, seja pelo reconhecimento da pirâmide de necessidades humanas, seja através da aplicação de fatores moti vacionais e enriquecimento do cargo. Todavia, a evidência tem demonstrado que diferentes pessoas reagem de diferentes maneiras, conforme a situação em que estejam colocadas, A teoria de motivação de Victor H, Vroom17 se restringe exclusivamente à motivação para produ zir, rejeita noções preconcebidas e reconhece as di ferenças individuais. Segundo Vroom, existem três fatores que determinam em çada indivíduo a m oti vação para produzir: ELSEVIER CAPÍTULO 2 ° As Pessoas 57 HIERARQUIA DE NECESSIDADES DE MASLOW FATORES DE higiene-motivaçAo DE HERZBERG O trabalho em sl Responsabilidade Progresso Crescimento Realização Reconhecimento Staius Relações Interpessoais Supervisão Colegas e subordinados Supervisão técnica Políticas administrativas e empresariais Segurança no cargo Condições físicas de trabalho Salário Vida pessoai Figura 2 .11. Comparação dos modelos de motivação de Maslow e de Herzberg,18 1. Os objetivos individuais, ou seja, a força do desejo de atingir objetivos, 2. A relação que o indivíduo percebe entre produ tividade e alcance dos seus objetivos individuais. 3. Capacidade de o indivíduo influenciar seu próprio nível de produtividade, à medida que acredita poder influenciá-lo, Essas três forças estão indicadas na Figura 2,12, Para Vroom, uma pessoa pode desejar aumentar a produtividade quando três condições se apresentam: 1. Objetivos pessoais do indivíduo: incluem di nheiro, segurança no cargo, aceitação social, reconhecimento e trabalho interessante. Exis tem outras combinações de objetivos que uma pessoa pode procurar satisfazer simultanea mente. 2. Relação percebida entre satisfação dos objeti vos e alta produtividade: se um operário tem como importante objetivo ter salário maior e se trabalha na base de remuneração por pro dução, poderá ter uma forte motivação para produzir mais. Porém, se sua necessidade de aceitação social pelos outros membros do gru po é mais importante, poderá produzir abaixo do nível que consagrou como padrão de pro dução informal. Produzir mais poderá signifi car a rejeição do grupo. 3. Percepção de sua capacidade de influenciar sua produtividade: se um empregado acredita que um grande volume de esforço despendido tem Força úo desejo de alcançar .objetos Individuais • ........: .......... . ...... :: Expectativas A motivação de produzir é íunç§o de • Relação percebida entre produtividade e alcance . de objetivos individuais "• Recompensas - Capacidade percebida de Influenciar seu próprio, nível de produtividade - — > Relações entre expecta tivas e recompensas Figura 2 .12 . Os três fatores da motivação para produzir, gg Recursos Humanos « IDALBERTO CHIAVENATO ELSEVIER pouco efeito sobre o resultado, tenderá a não se esforçar muito, como é o caso de uma pes soa colocada em cargo sem treinamento ade quado ou do operário colocado em uma linha de montagem de velocidade fixa. A Figura 2.13 permite ter uma idéia melhor des ses três fatores. Para explicar a motivação para produzir, Vroom propõe um modelo de expectação da motivação que se baseia em objetivos intermediários e gradati vos (meios) que conduzem a um objetivo final (fins). Segundo esse modelo, a motivação é um pro cesso que governa escolhas entre comportamentos, O indivíduo percebe as conseqüências de cada alter nativa de comportamento como resultados repre sentando uma cadeia de relações entre meios e fins. Assim, quando o indivíduo procura um resultado intermediário (produtividade elevada, por exem plo), está buscando meios para alcançar resultados finais (dinheiro, benefícios sociais, apoio do super visor, promoção ou aceitação do grupo). A Figura 2.14 representa a expectação de resultados finais através do alcance de resultados intermediários.Teoria da expectação Em seus trabalhos sobre motivação, Lawler III19 en controu fortes evidências de que o dinheiro pode motivar o desempenho e outros tipos de comporta mento, como o companheirismo e dedicação à or ganização. Apesar do resultado óbvio, verificou que Expectação Resultado Intermediário Rasultados fínais Figura 2.13. Modelo de expectação aplicado. 20 Expectativa £=>D Expectativa Q=>R Jnstrumentaildade Resultados finais Figura 2.14. As bases do modelo de expectação, ELSEVIER MODELO CONTIMGÊNCIã L DE MOTIVAÇÃO Cada indivíduo tem preferências (valências) para de terminados resultados finais, lembrando a teoria de campo. Uma valência positiva indica um desejo de al cançar determinado resultado finai, enquanto uma valência negativa Implica um desejo de fugir de deter minado resdltado final Os resultados intermediários apresentam valência em função de sua relação per cebida com os resultados finais desejados. Na figura anterior, a produtividade elevada (resultado interme diário) não tem valência em si, adquirindo-a enquanto estiver relacionada com o desejo do indivíduo de atin gir determinados resultados finais. A relação causai entre resultado intermediário e resultado final é deno minada instrumentaiidade. A instrumentalidade apre senta valores que variam de + 1,0 a - 1,0 (como os coeficientes de correlação), dependendo de estar di retamente ligada ao alcance dos resultados finais ou não. Se, no caso anterior, o indivíduo perceber que não há alguma relação entre sua produtividade eleva da e o dinheiro, a instrumentalidade será zero, out em outros termos, de nada adianta para ele a produtivi dade elevada para alcançar dinheiro, O desejo do in divíduo (valência) para uma produtividade elevada é determinado pela soma das instrumentalidades e va lências de todos os resultados finais. Assim, a teoria de Vroom é denominada Modelo Contingencial de Motivação, porque enfatiza as diferenças entre as pessoas e os cargos. O nível de motivação de uma pessoa é contingente sob duas forças que atuam em uma situação de trabalho: as diferenças individuais e as maneiras de operacionaiizá-las. A teoria dè Vroom é uma teoria da motivação, e não do comportamento. CAPÍTULO 2 ° As Pessoas 2. As avaliações de desempenho não produzem distinções salariais, pois os gerentes e avalia dores não gostam de se confrontar com pes soas de baixo desempenho e que não estejam preparadas para receber nenhum ou menor incentivo salarial que os demais colegas que têm bom desempenho. Assim, os salários ten dem a ser mantidos pela média e acabam não recompensando o desempenho excelente e provocando uma relação não consistente en tre dinheiro e desempenho, A relação torna-se dissonante. 3. A política de remuneração das organizações está geralmente atrelada às políticas governa mentais ou a convenções sindicais, que são ge néricas e abrangentes e que procuram regula mentar indistintamente os salários a fim de neutralizai o efeito da inflação - Os salários tornam-se planos, sem distinção entre o bom e o mau desempenho. 4. O preconceito gerado pela antiga Teoria das Relações Humanas a respeito do salário em si e das limitações do modelo do homo economi- cus difundido pela Teoria da Administração Científica de Taylor e que ela tanto combateu. Esse preconceito existe até os dias de hoje e parece transformar o dinheiro em algo vil e sórdido, quando, na realidade, é uma das ra zões principais que levam as pessoas a traba lhar em uma organização. Lawler III conclui que existem duâs bases sólidas para sua teoria: o dinheiro tem apresentado pouca potência motiva- cional em virtude de sua incorreta aplicação pela maior parte das organizações. A relação não consis tente entre o dinheiro e o desempenho, em muitas organizações, é devida a várias razões, a saber: 1. O enorme lapso de tempo ocorrido entre o desempenho da pessoa e o incentivo salarial decorrente- A fraqueza do incentivo e a demo ra de tempo para recebê-lo dão a falsa impres são de que os ganhos das pessoas são indepen dentes de seu desempenho. Como o reforço é fraco e é demorado no tempo, a relação entre dinheiro e desempenho torna-se frágil 1. As pessoas desejam dinheiro porque este lhes permite não somente a satisfação de necessi dades fisiológicas e de segurança, mas também lhes dá plenas condições para a satisfação das necessidades sociais, de estima e de auto-reali zação. O dinheiro é um meio e não um fim em si. Ele pode comprar muitas coisas que satisfa- zem múltiplas necessidades pessoais, 2. Se as pessoas percebem e crêem que seu de sempenho é, ao mesmo tempo, possível e necessário para obter mais dinheiro, elas certamente desempenharão da melhor ma neira possível. E só estabelecer esse tipo de percepção. 60 Recursos Humanos ° ÍDAL8ERTG CHIAVENATO ELSEVIER A teoria de expectação de Lawier III pode ser ex pressa pela seguinte equação: Nacsssldadas não satisfeitas Crença de qua o (ilntiolfo satisfará as necessidades Crença de que obtenção de dinheiro reque? desempenho Motivação para dasempenha/ Figura 2.15. Teoria de expectação de Lawier IIL O DINHEIRO E ALTAMENTE MOTIVADOR O dinheiro pode ser poderoso motivador se as pes soas acreditam haver ligação direta ou indireta entre desempenho e conseqüente aumento de remunera ção, Se esrsa percepção for alcançada e confirmada, as pessoas certamente terão melhor desempenho, tendo em vista o resultado financeiro desejado. Clima organizacional O conceito de motivação - no nível individual - con duz ao de clima organizacional - no nível da organi zação. Os seres humanos estão continuamente enga jados no ajustamento a uma variedade de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades e manter um equilíbrio emocional. Isso pode ser definido como um estado de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à satisfação das necessidades fisiológicas e de segurança, mas também à satisfação das necessidades de pertencer a um grupo social de estima e de auto-realização. A frustração dessas ne cessidades causa problemas de ajustamento. Como a satisfação dessas necessidades superiores depende particularmente daquelas pessoas que estão em posi ções de autoridade hierárquica, torna-se importante para a administração compreender a natureza do ajustamento e do desajustamento das pessoas. O ajustamento varia de uma pessoa para outra e dentro do mesmo indivíduo, de um momento para outro. Um bom ajustamento denota “saude men tal”. Umà das maneiras de se definir saúde mental é descrever as características de pessoas mentalmente sadias. Essas características básicas são:21 1* Sentem-se bem consigo mesmas. 2. Sentem-se bem em relação às outras pessoas. 3. São capazes de enfrentar por si as demandas da vida. Daí o termo “clima organizacional” dado ao am biente interno existente entre os njembros da orga nização. O clima organizacional está intimamente relacionado com o grau de motivação de seus parti cipantes. Quando há elevada motivação entre os membros, o clima motivacional se eleva e se traduz em relações de satisfação, animação, interesse, cola boração etc. Todavia, quando há baixa motivação entre os membros, seja por frustração ou barreiras à satisfação das necessidades, o clima organizacional tende a abaixar-se, caracterizando-se por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação etc., podendo, em casos extremos, chegar a estados de agressividade, tumulto, inconformidade etc., típi cos de situações em que os membros se defrontam abertamente com a organização (como nos casos de greves, piquetes etc.). Atkinson desenvolveu um modelo para estudar o comportamento motivacional que leva em conta os determinantes ambientais da motivação. Esse mo delo baseia-se nas seguintes premissas:22 1. Todos os indivíduos têm motivos ou necessi dades básicas que representam comportamen tos potenciais e somente influenciam o com portamento quando provocados. 2. A provocaçãoou não desses motivos depende da situação ou do ambiente percebido pelo in divíduo. 3. As propriedades particulares do ambiente ser vem para estimular ou provocar certos moti vos. Em outras palavras, um motivo específico não influencia o comportamento até que seja provocado por uma influência ambiental apropriada. 4. Mudanças no ambiente percebido resultarão em mudanças no padrão da motivação provo cada. 5. Cada espécie de motivação é dirigida para a satisfação de uma espécie de necessidade. O ■ padrão da motivação provocada determina o comportamento, e a mudança nesse padrão resultará em mudança de comportamento. O conceito de clima organizacional envolve um quadro amplo e flexível da influência ambiental so bre a motivação. O clima organizacional é a qualida de ou propriedade do ambiente organizacional que: CAPÍTULO 2 ° As Pessoas 61 ELSEVIER 1. É percebida ou experimentada pelos mem bros da organização, 2. Influencia o seu comportamento.23 O CLIMA ORGANIZACIONAL O clima organizacional refere-se ao ambiente interno existente entre os membros da organização e está in timamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes. O termo clima organizacional refe re-se especificamente às propriedades motivacionais do ambiente organizacional, isto é, aos aspectos da organização que levam a diferentes espécies de moti vação nos participantes- Assím, o clima organizacio nal é favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantes e elevação do moral. Ê desfavorável quando proporciona a frus tração daquelas necessidades. Na verdade, o cüma organizacionai influencia o estado motivacional das pessoas e é por ele influenciado. A MATRIIX Cláudia Sanchez quer definir motivadores para incen tivar mudança de comportamentos de modo a propor cionar uma organização dinâmica e competitiva,. Para isso pretende marcar uma reunião de Diretoria a fim de apresentar um píano de recompensas. Como eia poderia elaborar tal plano? © COMUNICAÇÃO As pessoas não vivem isoladas, nem são auto-sufi- cientes. Elas se relacionam continuamente com ou tras pessoas ou com seus ambientes por meio da co municação. Comunicação é a transferência de in formação e significado de uma pessoa para outra. É o processo de passar informação e compreensão de uma pessoa para outra. É a maneira de se relacionar com outras pessoas através de idéias, fatos, pensa mentos e valores. A comunicação é o ponto que liga as pessoas para que compartilhem sentimentos e co nhecimentos. A comunicação envolve transações entre as pessoas. Toda comunicação envolve pelo menos duas pes soas: a que envia uma mensagem e a que a recebe. Uma pessoa sozinha não pode comunicar-se, pois somente com outra pessoa receptora é que pode completar o ato da comunicação. Entretanto, as or ganizações não podem existir nem operar sem co municação; esta é a rede que integra e coordena to das as suas partes. DADO, ISMFORÍV1AÇAO E COMUNICAÇÃO Existem três conceitos preliminares que são impor tantes para a perfeita compreensão da comunicação: 1. Dado: é um registro a respeito de determinado evento ou ocorrência, Um banco de dados, por exemplo, é um meio de acumular e armazenar conjuntos de dados para serem posteriormente combinados e processados Quando um conjun to de dados possui um significado (um conjunto de números ao formar uma data ou um conjun to de letras ao formar uma frase), temos uma in formação, 2. Informação: é um conjunto de dados com deter minado significado, ou seja, que reduz a incerte za a respeito de algo ou que permite o conheci' mento a respeito de algo, O conceito de informa ção, tanto do ponto de vista popular, como do ponto de vista científico, envoive um processo de redução de incerteza. 3. Comunicação: é quando uma informação é trans mitida a alguém, sendo então compartilhada tam bém por esse alguém * Para que haja comunica ção, é necessário que o destinatário da informa ção a receba e a compreenda, A informação sim plesmente transmitida, mas não recebida, não foi comunicada, Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas determinada informação. . . . A comunicação constitui um processo composto de cinco elementos, a saber:24 1. Emissor ou fonte: é a pessoa, coisa ou proces so que emite a mensagem para alguém, isto é, para o destino. É a fonte de comunicação. 2. Transmissor ou codificador: é o equipamento que liga a fonte ao canal, isto é, que codifica a mensagem emitida pela fonte para torná-la adequada e disponível ao canal g2 Recursos Humanos d IDALBERTO CHIAVENATO ELSEVIER Figura 2 .16 . Sistema de comunicação. 3. Canal: é a parte do sistema que separa a fonte do destino que pode estar fisicamente próxi mo ou distante: 4. Receptor ou decodificador: é o equipamento situado entre o canal e o destino, isto é, que decodifica a mensagem para torná-la compre ensível ao destino. 5. Destino: é a pessoa, coisa ou processo para o qual a mensagem é enviada» É o destinatário da comunicação. Como o proçesso de comunicação funciona como um sistema aberto, é comum ocorrer certa quantidade de ruído. Ruído significa uma perturba ção indesejável que tende a deturpar, distorcer ou alterar, de maneira imprevisível, a mensagem trans mitida. Geralmente, dá-se o nome de ruído a algu ma perturbação interna do sistema, enquanto se dá o nome de interferência a alguma perturbação ex terna vinda do ambiente. O Quadro 2. X apresenta alguns exemplos de sis temas de comunicação para facilitar a compreensão do conceito. Em todo sistema de comunicação, a fonte forne ce sinais ou mensagens. O transmissor opera as mensagens emitidas pela fonte no sentido de codifi cá-las, isto é, transformando-se em formas adequa das ao canal O canal leva a mensagem sob a nova forma para um local distante. O receptor procura decodificar e decifrar a mensagem enviada ao canal e a transforma numa forma adequada e compreensí vel ao destino., O ruído perturba a mensagem no ca nal e nas demais partes do sistema. Porém, para co municar sinais ou mensagens, o processo de comu nicação exige que a fonte pense e codifique suas idéias com palavras ou símbolos, para que estes se jam transmitidos rumo ao canal, de onde o destino recebe, decodifica as palavras ou símbolos para po der entendê-los e interpretá-los como idéias ou sig nificados. A comunicação somente se efetiva quan- Exempíos de sistemas de comunicação. Fonte Voz humana Afluência de pessoas rompendo raio de luz Programa de TV Transmissor Aparelho telefônico Célula fotoelétrica e circuitos auxiliares Câmara, transmissor e antena transmissora Cana) Rede de fios condutores que ligam um aparelho a outro Fio conduzindo ao solenóide que move a porta automática Espaço livre Receptor Outro aparelho telefônico Mecanismo solenoidal Antena receptora e aparelho de TV Destino Ouvido humano Porta automática Telespectador Rufdo Estática, ruídos, linhas cruzadas, interferências Mau funcionamento dos dispositivos Estática, interferência, chuviscos, disfunclonamento dos componentes CAPÍTULO 2 ° As Pessoas 63 ELSEVIER do o destino interpreta e compreende a mensagem. Isso significa que a comunicação é um processo de mão dupla e envolve necessariamente retroação, Nas pessoas, toda informação provinda do ambi ente é recebida e coordenada pelo sistema nervoso central, o qual seleciona, arquiva e ordena os dados, enviando ordens aos músculos, as quais voltam re cebidas pelos órgãos de movimentação, passando a combinar com o conjunto de informações já arma zenadas para influenciar as ações atuais e futuras. Assim, o conteúdo daquilo que as pessoas permu- tam com o ambiente ao se adaptarem a ele é a pró pria informação. O processo de receber e utilizar in formações é o mesmo processo de ajustamento do indivíduo à realidade e o que lhe permite viver e so breviver no ambiente que o rodeia. O processo de comunicação pode ser abordado matematicamente, nãodo ponto de vista determinís- tico, mas probabilístico, pois nem todo sinal emitido pela fonte de informação percorre o processo de modo a chegar incólume ao destino, O sinal pode so frer perdas, mutilações, distorções; pode também so frer ruídos, interferências, vazamentos e, ainda, am pliações ou desvios. O boato é um exemplo típico de comunicação distorcida, ampliada e, muitas vezes, desviada. Em um sistema de comunicações, toda fon te de erros ou distorções está incluída no conceito de ruído. Uma informação ambígua ou que induz a er ros contém ruídos. Em uma conversa telefônica, por exemplo, o ambiente barulhento, as interferências, os cruzamentos de linhas, as interrupções e a impos sibilidade de ver o interlocutor provocam ruídos. Daí a necessidade de recorrer-se à repetição - redun dância - para superar o ruído. Percepção Toda pessoa tem seu sistema conceptual próprio, isto é, seu padrão de referência que age como filtro COMUNICAÇÃO HUMANA Ó conceito de comunicação está sujeito a complica' ções adicionais quando se trata de comunicação hu mana. É que cada pessoa tem seu próprio sistema cognitivo, suas percepções, seus vaiores pessoais e suas motivações, constituindo um padrão pessoal de referência que torna bastante pessoal e singular sua interpretação das coisas. Esse padrão pessoal de referência age como um filtro codificador, de modo a condicionar a aceitação e o processamento de qualquer informação. Esse filtro seleciona e rejei ta toda informação não ajustada (dissonante) a esse sistema ou que possa ameaçá-io. Há uma codifica ção perceptlva (percepção sefetiva) que atua como mecanismo de defesa, bloqueando informações não desejadas ou não relevantes. Essa defesa pode prejudicar tanto o envio como a recepção de infor mação ou mesmo obtiterar a retroação de informa ção. São as lentes através das quais as pessoas vêem seu mundo exterior e o interpretam à sua ma neira. Assim, existe uma forte relação entre cogni ção, percepção e motivação. Aquilo que duas pes soas comunicam entre si é determinado pela per cepção de si mesmas e da outra pessoa na situação. A idéia comunicada é intimamente relacionada com as percepções e motivações tanto da fonte (emis sor) como do destinado, dentro de determinado, contexto situacionai. codificador, condicionando a aceitação e o proces samento de qualquer informação. Esse filtro sele ciona e rejeita toda informação não ajustada a esse sistema ou que possa ameaçá-lo. Há uma codifica ção perceptíva (percepção seletiva) que atua como defesa, bloqueando informações não desejadas ou não relevantes. Assim, cada pessoa desenvolve seu próprio conjunto de conceitos para interpretar o ambiente externo e interno e para organizar suas Figura 2.17. Desdobramento do processo de comunicação. 04 Recursos Humanos • IDALBERTO CBIAVEMATO múltiplas experiências de vida cotidiana. Os pa drões pessoais de referência são importantes para o entendimento do processo de comunicação huma na. Existe uma relação entre cognição, percepção, motivação e comunicação. Aquilo que duas pessoas comunicam é determinado pela percepção de si mesmas e da outra pessoa na situação, graças aos seus diferentes sistemas cognitivos e sua motivação individual naquele momento. A idéia ou mensagem comunicada é intimamente relacionada com as per cepções e motivações tanto do emissor como do destinatário, dentro do contexto ambiental que os envolve. Daí resulta a percepção social Ela nem sempre é racional ou consciente: “percepção social é o meio pelo qual a pessoa forma impressões de uma outra na esperança de compreendê-la. A empatia ou sen sibilidade social é o meio pelo qual a pessoa conse gue desenvolver impressões acuradas, a respeito dos outros”.25 No fundo, a empatia é um processo de compreensão dos outros. Muitos autores utilizam sinônimos para abordar a empatia, como compreen são de pessoas, sensitividade social ou acuracidade na percepção social. Existem três aspectos na percepção social,26 1. Percebedor: a pessoa que está “olhando” e tentando compreender. 2. Percebido: a pessoa que está sendo “olhada” ou compreendida. 3. Situação: o conjunto total de forças sociais e não sociais dentro das quais ocorre o ato da percepção social. A percepção social pode ser melhorada quando se considera que:27 ELSEVIER 1. Conhecendo-se a si mesmo torna-se mais fácil ver os outros de modo mais objetivo. 2. As características do observador afetam as ca racterísticas que ele está propenso a ver nos outros. 3. A pessoa que se aceita é mais propensa a ver favoravelmente certos aspectos de outras pes soas. A percepção social - a impressão a respeito dos outros ~ é influenciada por: a) Estereótipos: são as distorções na percepção das pessoas, b) Generalizações (halo effect): é o processo pelo qual uma impressão gerai ~ seja favorável ou desfavorável - influencia o julgamento e a avaliação de outros traços específicos das pes soas. c) Projeção: ê o mecanismo de defesa pelo qual a pessoa tende a atribuir a outras certas caracte rísticas próprias que ela rejeita inconsciente mente. d) Defesa perceptual: é outra fonte de erro e dis torção na qual o observador distorce e adapta os dados da mesma forma como elimina a in consistência (dissonância cognitiva) > Barreiras à comunicação O processo de comunicação humana está sujeito a chuvas e tempestades. É que existem barreiras que servem como obstáculos ou resistências à comuni cação entre as pessoas, Algumas variáveis intervém no processo de comunicação e o afetam profunda- Padrão de reíorôncla do A Ruído Padrão do referência de B r- r ~ 1 “ ■> Codificação Dacodifteação Destino Retroação Figura 2.18. Padrões pessoais de- referência. ELSEVIER CAPÍTULO ?. • As Pessoas 65 Figura 2.19, Barreiras ao processo de comunicação humana. mente, fazendo com que a mensagem tal como é en viada se torne diferente da mensagem tal como é re cebida. Na realidade, ocorrem três tipos de barreiras à comunicação humana: as barreiras pessoais, as bar reiras físicas e as barreiras semânticas, 1. Baneiras pessoais: são interferências que de correm das limitações, emoções e valores hu manos de cada pessoa. As barreiras mais co muns em situações de trabalho são os hábitos deficientes de ouvir, as emoções, as motiva ções, os sentimentos pessoais. As barreiras pessoais podem limitar ou distorcer as comu nicações com as outras pessoas, 2. Baneiras físicas: são as interferências que ocorrem no ambiente em que acontece o pro cesso de comunicação, Um trabalho que possa distrair, uma porta que se abre no decorrer da aula, a distância física entre as pessoas, canal saturado, paredes que se antepõem entre a fonte e o destino, ruídos estáticos na comuni cação por telefone etc. 3. Barreiras semânticas: são as limitações ou dis torções decorrentes dos símbolos através dos quais a comunicação é feita. As palavras ou outras formas de comunicação - como gestos, sinais, símbolos etc, - podem ter diferentes sentidos para as pessoas envolvidas no proces so e podem distorcer seu significado. As dife renças de linguagem constituem barreiras se mânticas entre as pessoas, Esses três tipos de barreiras ocorrem simultanea mente, fazendo a mensagem ser filtrada, bloqueada ou distorcida. Além da influência das barreiras, a comunicação pode ainda sofrer de três males, a saber: omissão, distorção e sobrecarga. Omissão: ocorre quando certos aspectos ou partes importantes da comunicação são omiti dos, cancelados ou cortados por alguma razão, pela fonte ou pelo destinatário, fazendo com que a comunicação não seja completa ou com que seu significado perca alguma substância. 2. Distorção: ocorre quando a mensagem sofre alteração, deturpação, modificação, afetando e modificando seu conteüdo e significado ori ginal. Três tipos de barreiras à comunicação Limitações pessoais Espaço físico Interpretação de palavras Hábitos de ouvir interferências físicasTransiação de iinguagem Emoções Falhas mecânicas Significado de sinais Preocupações Ruídos ambientais Significado de símbolos Sentimentos pessoais Distância Decodiílcação de gestos Motivações Ocorrências iocais Sentido das lembranças gg Recursos Humanos p IDALBERTO GHJAVBiftíO ELSEVIER Figura 2 .20 . Como funcionam as barreiras à comunicação. 3. Sobrecarga; ocorre quando a quantidade de comunicação é muito grande e ultrapassa a capacidade pessoal do destinatário de pro cessar as informações* perdendo parte delas ou distorcendo seu conteúdo. Muitas vezes, a sobrecarga produz um colapso que paralisa o sistema. COMUNICAÇÃO E INTERAÇÕES HUMANAS A comunicação constitui a primeira área a ser focali zada no estudo das interações humanas e dos mé todos de mudança do comportamento humano. Tra ta-se de uma área em que cada pessoa pode fazer grandes progressos na melhoria de sua própria efi cácia e em seu relacionamento interpessoal ou com o mundo externo. É também o ponto de maiores de sentendimentos e conflitos entre duas ou mais pes soas, entre membros de um grupo, entre grupos e dentro da organização como um sistema. A MATRIX Elaborado o plano de incentivos para os colaborado- res da (Uiatrbt, o passo seguinte de Cláudia Sanchez é transmitir as novas idéias às pessoas. Corno Cláudia deveria montar um plano de comunicação da nova Ma* trijc aos seus parceiros? & O COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES " Embora se possa ver as pessoas como recursos, isto é, como portadoras de habilidades, capacidades, co nhecimentos, competências, motivação de trabalho etc., nunca se deve esquecer que as pessoas são pes soas, isto é, portadoras de características de perso nalidade, expectativas, objetivos pessoais, histórias particulares etc. Convém, portanto, salientar algu mas características genéricas das pessoas como pes soas, pois ísso melhora a compreensão do compor tamento humano nas organizações. O comportamento das pessoas apresenta algu mas características:28 1. O homem ê proativo. O comportamento das pessoas é orientado para a satisfação de suas necessidades pessoais e para o alcance de seus objetivos e aspirações. Por isso, reagem e res pondem a seu ambiente, seja no trabalho seja fora da organização. As pessoas podem tanto resistir como colaborar com às políticas e os procedimentos da organização, dependendo das estratégias de liderança adotadas por al gum supervisor. De modo geral, o comporta mento nas organizações é determinado tanto pelas práticas organizacionais como pelo comportamento proativo (orientado para ob jetivos pessoais) dos participantes da organi zação. ..J&rlsyBLa. .. ____________ ______ „ ____________ ELSEVIER 2. O hom em é sociaL A participação em organi- zações é importante na vida das pessoas por- que as conduz ao envolvimento com outras pessoas ou grupos. Nos grupos ou nas orga nizações, os indivíduos procuram manter sua identidade e seu bem-estar psicológicos e usam seus relacionamentos com outras pessoas para obter informação sobre si mesmos e sobre o ambiente em que vivem. Os dados obtidos constituem uma “realidade social” para os in divíduos que nela se baseiam para testar e comparar suas próprias capacidades, idéias e concepções, e no sentido de aumentar sua au- tocompreensão. Aliás, as relações sociais - mais do que qualquer outro fator - determi nam a natureza do autoconceito das pessoas. 3. O homem tem diferentes necessidades. As pes soas são motivadas por uma diversidade de necessidades. Um fator pode motivar o com portamento de uma pessoa hoje e pode não ter potência suficiente para determinar seu comportamento no dia seguinte. Por outro lado, o comportamento das pessoas é simulta neamente influenciado por um grande núme ro de necessidades que apresentam valências e quantidades diferentes. 4. O hom em percebe e avalia. A experiência da pessoa com o seu ambiente é um processo ati vo porque seleciona os dados dos diferentes aspectos do ambiente, avalia-os em termos de suas próprias experiências passadas e em fun ção daquilo que está experimentando em ter mos de suas próprias necessidades e valores. 5. O hom em pensa e escolhe. O comportamento humano ê proposital, proativo e cognitiva- mente ativo. Pode ser analisado em termos de planos comportamentais que escolhe, desen volve e executa para lidar com os estímulos com que se defronta e para alcançar seus obje tivos pessoais. A maneira como o indivíduo seleciona e escolhe seus cursos de ação pode ser explicada pela teoria da expectância. 6. O homem tem limitada capacidade de resposta. O homem tem uma limitada capacidade para desempenhar de acordo com o que pretende ou ambiciona. As pessoas não são capazes de se comportar de todas as formas, pois suas carac terísticas pessoais são limitadas e restritas. As diferenças individuais fazem com que as pes soas tenham comportamentos variados. A ca pacidade de resposta é função das aptidões (inatas) e da aprendizagem (aquisição). Tanto a capacidade mental como a capacidade física está sujeita a limitações, Em função dessas características do comporta mento humano, avulta o conceito de homem com plexo , CONCEITO DE HOMEM COMPLEXO Em diferentes épocas surgiram na teoria das organi zações concepções a respeito da natureza humana e das organizações, cada qual privilegiando certos as pectos da conduta das pessoas e marcando a mane ira pela qual as organizações administram as pes soas. Cada uma dessas concepções teve um contex to adequado para explicá-las e justificá-las. 1. A primeira concepção surgiu no início do sécu lo X X com a Teoria da Administração Científi ca de Taylor e colaboradores, que marcou pro fundamente a maneira pela qual as organiza- ções focalizavam a conduta humana, Foi a abordagem do homo economicus, ou seja, a vi são do homem motivado exclusivamente por recompensas salariais, econômicas ou materia is. Segundo essa concepção, as pessoas traba lham apenas para ganhar dinheiro, e a maneira de motivá-las é oferecer recompensas financei ras. Daí a forte ênfase nos prêmios de produ ção e incentivos salariais como forma básica de motivação humana para satisfazer necessidades fisiológicas e de segurança» Um de seus postu lados é a afirmação de que as pessoas são indo lentes e preguiçosas e precisam ser rigidamente controladas e fiscalizadas. 2, A segunda concepção surgiu na década de 1930, com a Teoria das Relações Humanas de Mayo, Lewin e outros psicólogos sociais, que tentaram combater o excessivo racionalismo e mecanismo dos engenheiros da Administra ção Científica. Foi a abordagem do homo so cial, ou seja, a visão do homem motivado por recompensas sociais, não materiais e simbóli- CAPÍTULO 2 ° As Pessoas 6 68 Recursos Humanos ° IDALBERTO CHIAVENATO O SER HUM ANO CO M O UM SATISFACER O processo decisório permite que a pessoa solucio ne problemas ou se defronte oom situações. A base do processo decisório Individual é a racionalidade, isto é, a adequação dos meios aos fins desejados, ou seja, o comportamento ajustado aos objetivos desejados. Contudo, a racionalidade individual é li mitada, pois como a pessoa necessitaria de um grande número de informações a respeito da situa ção, para poder analisá-la e avaliá-la, ela toma deci sões através de pressuposições, isto é, d® premis sas que assume subjetivamente e nas quais baseia sua escolha, Essa racionalidade, além de limitada, é subjetiva e estritamente pessoaL Por meio dela, cada pessoa contribui para a organização com seus investimentos pessoais (em esforço, dedicação, tra balho etc.) à medida que percebe que fhes trazem um retorno proporcional aos investimentos feitos. Dai a chamada reciprocidade: a pessoa está dispôs» ta a contribuir à medida que recebe incentivos ou ali- cientes adequados e suficientes para tanto. Porém, cada pessoa decide e age em função do que vê, per cebe e interpreta em seu ambiente. Como o ambien te é vasto e complexo, apessoa não consegue bus car todas as informações possíveis para conhecê-lo em sua totalidade, o que seria impossível e deman daria enorme lapso de tempo, mas busca apenas uma parte ou amostra de situação. Assim, o tomador de decisões não consegue ana lisar integralmente toda a situação e nem procurar io das as alternativas possíveis. Portanto, o comporta mento humano é satisfaciente e não oilmizante, pois procura a maneira satisfatória entre aquelas que con seguiu comparar: o homem administrativo toma deci sões, sfrm procurar todas as alternativas possíveis. Procura apenas a maneira satisfatória e não a melhor maneira possível de lazer um trabalho; não procura o máximo lucro, mas o lucro satisfatório; não o preço ótimo, mas o preço acessível. O termo satisfacer foi introduzido por Herbert Simon30 para significar que o homem sempre considera suas satisfações, coníen- íando-se com o que está a seu alcance, mesmo que seja um mínimo, mas que na situação ou no momento represente para ele o máximo. Suas aspirações são relativas e levam em conta cada situação com que se defronta. <3 cas„ Segando essa concepção, as pessoas traba lham e se esforçam para poder conviver com seus semelhantes em grupos sociais ou em or ganizações, O homem é um ser gregário e daí a forte ênfase nas recompensas sociais como forma básica de motivação humana para satis fazer principalmente as necessidades sociais e de estima das pessoas. 3» A terceira concepção surgiu com a Teoria EstruturaÜsta no início da década de 1950. Os sociólogos organizacionais preocuparam~se em conceituar o homem organizacional, ou seja, a abordagem do homem como ocupante de papéis que desempenha em várias organi zações simultaneamente. Na sociedade de or ganizações em que vivemos, cada pessoa de sempenha um papel diferente nas várias orga nizações das quais simultaneamente participa como membro. O homem é um apêndice das organizações e não vive fora delas, pois delas necessita para obter satisfações de todas as suas necessidades primárias e secundárias,. Essa abordagem tenta conciliar e integrar os conceitos de hom em econômico e de homem social. 4» A quarta concepção surgiu com a Teoria Comportamental no final da década de 1950 com os trabalhos de Simon, vindo a substituir a abordagem romântica e ingênua da Escola das Relações Humanas que lhe serviu de base. Os psicólogos organizacionais preocupam-se em conceituar o homem administrativo t ou seja, o homem como um incansável processa dor de informações e tomador de decisões. Segundo essa concepção, as pessoas recebem e processam informações do ambiente que as rodeia e tomam incessantemente decisões a respeito de todos os seus atos cotidianos e cor riqueiros. Na realidade, cada uma dessas diferentes concep ções conta apenas uma parte da história e mostra apenas um pedaço do todo. Seu caráter parcial e li mitado é óbvio e salta aos olhos. 5. A quinta concepção surgiu com a Teoria da Contingência no início da década de 1970, com os trabalhos de Lawrence e Lorsch29 e ELSEVIER ca p ítu lo 2 r' As Pessoas gg Homem econômico Administração científica Recompensas saiariais e financeiras Homem social Reiações humanas Recompensas sociais e simbólicas Homem organizacional Estruturalista Recompensas salariais $ sociais Homem administrativo Comportamental Processo decisorial e busca de soluções satlsfacientes Homem complexo Contingência Microssistemas individual e complexo Schein,31 buscando aplicação da Teoria de Sistemas às organizações. É a abordagem do hom em com plexo , visualizado como um mi- crossistema individual e complexo. Cada pessoa é um mundo à parte, uma realidade distinta das demais. Por outro lado, nada é absoluto, nem perfeito, Tudo é relativo, tudo é contingente. As pessoas são mais bem com preendidas quando situadas em seu contexto e nas situações em que continuamente intera gem com outras. A concepção do homem complexo é contingencial e leva em conta a complexidade do homem e dos fatores que influenciam sua motivação para contribuir. O homem é visto como um sistema indivi dual composto de cognições, percepções, va lores e motivações. À concepção de homem complexo é baseada nas seguintes justificativas,32 1. O homem não só é complexo, mas é também variável; tem muitas motivações que se encon tram dispostas em certa hierarquia de impor tância; porém, essa hierarquia está sujeita a mudanças de momento a momento e de situa ção a situação. Além disso, os motivos se in- ter-relacionam entre si e se combinam em per fis motivacionais complexos. 2. O homem assimila novas motivações por in termédio de suas experiências organizativas: e o seu perfil de motivação e a interação psico lógica que estabelece com a organização são o resultado de uma inter-relação complexa en tre as suas necessidades iniciais e as suas expe riências na organização. 3. As motivações do ser humano nos diferentes tipos de organização podem divergir: a pessoa que se acha alienada em uma organização for mal cumpriria suas necessidades essenciais e de auto-realização no sindicato ou nas organi zações informais. Se a tarefa é complexa, algu mas partes dela podem implicar certas moti vações, enquanto outras implicam motivos di ferentes, 4. O homem relaciona-se de uma maneira pro dutiva com as organizações na base de muitos tipos de motivações: sua satisfação última na organização depende só em parte da natureza de sua motivação. A natureza da tarefa a ser realizada, suas habilidades e experiência no cargo e a natureza das outras pessoas na orga nização inter-relacionam-se de tal maneira que produzem um perfil quanto ao trabalho e sentimentos resultantes. Por exemplo, um operário qualificado, porém com pouca moti vação, pode ser tão eficaz e sentir-se tão satis feito como um operário não qualificado, po rém, muito motivado, 5. O homem pode responder a tipos diferentes de estratégias diretivas: e isso depende de suas próprias motivações e capacidades e da nature za da tarefa que realiza, Não existe nenhuma estratégia diretiva correta que possa favorecer a todas as pessoas em todos os momentos. O conceito de homem complexo pressupõe que, em suas transações com o ambiente organizacional, os indivíduos sejam motivados por um desejo de usar suas habilidades de solucionar problemas ou de dominar os problemas com os quais se defrontam, ou, em outros termos, que se esforcem para domi- 7fl Recursos Humanos * IDALBERTO CHIAVENATO nar o mundo externo. No sistema particular de per sonalidade individual, o padrão de valores, de per cepções e de motivações é o resultado da interação das características biológicas do indivíduo com a experiência de desenvolvimento que o indivíduo acumula desde a infância até a vida adulta, A varia bilidade de experiências faz com que cada sistema individual se desenvolva diferentemente. Também os problemas que aparecem diante dos indivíduos variam infinitamente. Assim, cada sistema indivi dual tem características únicas e complexas., Toda via, dois pontos são essenciais na compreensão do homem complexo.33 1, Diferentes sistemas individuais desenvol- vem-se com distintos padrões de percepções de valores e de motivos: as percepções refe rem-se à informação que o sistema individual recolhe sobre seu ambiente. Valores são o conjunto de crenças sobre o que é certo e erra do, importante e sem importância, e que é conservado e apoiado conscientemente. Mo tivos são os impulsos subjacentes ou necessi dades que se desenvolvem inconscientemente à medida que o indivíduo experimenta êxito ou fracasso ao dominar seu ambiente. Essas três variáveis - as percepções, os valores e os motivos - são altamente ínter-relacionadas. O que um indivíduo percebe em uma situação particular é influenciado por seus valores e motivos. O desenvolvimento de motivos e va lores é influenciado pelo processo de percep ção que determina a informação recolhida pelo sistema. ELSEVIER
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