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[02] Material de Apoio - Teoria Geral do Cumprimento de Sentença

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Material de Apoio
Disciplina: Direito Processual Civil III
Tema: Teoria Geral do Cumprimento de Sentença
Introdução
Quando discutimos cumprimento de sentença, partimos de duas premissas: que o
título executivo seja judicial e que a obrigação seja líquida, haja vista que se não for líquida,
haverá necessidade de realizar primeiro a liquidação e, posteriormente, iniciar o cumprimento
de sentença.
Tipos de Sentença e Exequibilidade
a) Declaratória
Esse tipo de pronunciamento é o único com previsão expressa no CPC. As pretensões
declaratórias objetivam debelar uma crise de certeza, declarando a existência ou a
inexistência de fato ou de relação jurídica ou do modo de ser da relação jurídica.
Mas, por que crise de certeza? Porque toda vez que você tiver dúvida sobre a
existência ou inexistência de um fato OU existência ou inexistência de uma relação jurídica
OU a respeito do modo de ser ou não ser de uma relação jurídica, estarei diante de uma
CRISE DE CERTEZA.
Tem-se, portanto, que o objetivo é declarar a existência ou inexistência ou do modo de
ser da declaração jurídica.
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
Exemplo: Investigação de Paternidade - O objetivo é formular uma crise de certeza, cujo objetivo é a
sentença do juiz indicando que a pessoa é pai do menor. ATENÇÃO, a pessoa não se torna pai a partir da
sentença, mas sim que é pai desde o nascimento com vida e a sentença vem ACABAR COM O ESTADO DE
DÚVIDA QUE PAIRAVA SOBRE AQUELA PATERNIDADE.
- Portanto, encerra a incerteza jurídica que pairava sobre aquele fato.
Em regra, as sentenças que são meramente declaratórias têm carga de eficácia
completa. Portanto, elas não dependem de sentença para satisfazerem as partes. Assim, as
sentenças declaratórias não precisam de complemento, ou seja, prescindem de cumprimento
de sentença.
b) Sentença Constitutiva - Desconstitutiva - Constitutiva Negativa
O objetivo da sentença constitutiva é criar, modificar ou extinguir uma relação
jurídica. Aqui, estamos diante de uma crise de uma situação jurídica.
Diferentemente da sentença declaratória, aqui não há dúvida sobre a relação jurídica,
visto que se distingue a própria relação jurídica com o objetivo de extinguir, modificar ou
criar.
Exemplo: Adoção - Ela nos leva a uma sentença constitutiva, haja vista que o torna as pessoas “pais” é a
sentença constitutiva. Por que? Porque até a prolação da sentença não há nenhuma relação entre as partes e o
menor, contudo, adotou passou a ter.
Exemplo: Divórcio - Nos leva a uma sentença desconstitutiva ou constitutiva negativa, já que a relação
jurídica chamada casamento será extinta. A partir deste momento cessa dever de coabitação, fidelidade
recíproca, mútua assistência.
Exemplos: Modificação de Contrato. Modificação de Guarda. Modificação de visita.
REGRA GERAL: As sentenças constitutivas possuem carga eficacial completa. Portanto, elas não
dependem do cumprimento de sentença, pois não dependem de ato nenhum daquela pessoa contra quem foi
proferido o pronunciamento.
c) Condenatória
A sentença condenatória é a única que tem, ao mesmo tempo, o reconhecimento de
uma obrigação, exigindo daquele contra quem foi feito o pronunciamento uma prestação e
uma sanção, através de uma execução forçada com mecanismos de sub-rogação (substituição
da vontade) e de coerção (pressão).
Ou seja, o objetivo é que a parte cumpra aquilo que está sendo determinado na decisão
sob pena de ser obrigado a cumpri-la de modo forçado. Neste sentido, de todas as sentenças
que vimos, decisão condenatória é a única que exige um proceder da outra parte, por isso
fala-se em “decisão executável por excelência”.
Exemplo: Faça alguma coisa - Entregue alguma coisa - Pague alguma coisa. Perceba que
todos os atos dependem de uma participação da parte contra quem foi proferida a decisão.
E se a pessoa não faz, não entrega ou não paga, é necessário mecanismos para obrigar
forçadamente a cumprir a prestação. E isso é o que chamamos de processo de execução ou
cumprimento de sentença.
OBSERVAÇÃO: Portanto, esses mecanismos processuais que temos para através de
formas sub-rogatórias e/ou coercitivas obrigar o devedor a cumprir a obrigação.
Exemplo: Parte foi condenada a pagar R$ 10.000,00. Em tese, a parte condenada deveria
cumprir de modo voluntário a prestação, porém, se não paga, inicia o procedimento
satisfativo.
● Pague sob pena de multa - Portanto, força o pagamento através de uma pressão de
ser multado.
● Pague sob pena de penhora - Portanto, pague ou utilizarei de seu patrimônio para
satisfazer a obrigação. Ex: penhora de valores em conta bancária.
Essa execução pode ser feita através de:
● Nova Relação Jurídica: A execução através de nova relação jurídica processual
continua sendo com mecanismos sub-rogatórios e coercitivos. A diferença é o início
de um novo processo, inclusive com a citação do devedor. Exemplo: sentença
arbitral.
● Sem Nova Relação Jurídica: Processo Sincrético - Sem Intervalo, através do
cumprimento dentro do próprio processo.
○ É a regra geral no direito processual brasileiro. É aquilo que parcela da
doutrina como “módulo processual”.
Regime Jurídico do Cumprimento de Sentença
a) Obrigação de Fazer e Não Fazer
Quando estamos diante dessas obrigações, define-se que a execução é uma “Execução
por Transformação”, porque depende do devedor transformar algo para entregar, já que
depende do devedor/executado transformar algo que sairá de um estado e passará para outro.
Exemplos: Parar de FAZER Barulho - PINTAR um Muro - FAZER um Show - DEIXAR de
explorar uma atividade econômica
b) Obrigação de Dar e/ou Entregar
Quando estamos diante dessas obrigações, define-se que a execução é uma “Execução
por Desapossamento”, porque é permitido ir atrás do devedor/executado para tomar aquilo
que é devido, isto é, algo que deve ser tirado da posse do devedor/executado para a posse do
credor/exequente.
Exemplos: Pegar o carro para entregar ao Credor - Pegar o computador para entregar -
Tomar o cavalo para entregar
c) Obrigação de Pagar Quantia
Quando estamos diante dessa obrigação, define-se como “Execução por
Expropriação” porque o que interessa é pegar os bens do devedor e transformar em dinheiro.
Exemplo: A deve R$ 5.000,00 para B, mas como não faz o pagamento, expropria bens de A
suficientes para, ao serem alienados, serem transformados na quantia de interesse de B.
ATENÇÃO: Regime jurídico no cumprimento de sentença é semelhante nos títulos
executivos extrajudiciais.
IMPORTANTE: Em regra, toda sentença que reconhece obrigação de pagar, fazer, não fazer
ou entregar é condenatória. No entanto, a depender do tipo de obrigação, o procedimento
executivo é diferente (conforme artigos listados acima nas letras “a”, “b” e “c”).
● Se a minha pretensão é o cumprimento de sentença de “fazer” e “não fazer”, o
procedimento - modelo jurídico - é aquele previsto nos artigos 536 e 537 do CPC.
● Se a minha pretensão é o cumprimento de sentença de “dar” e/ou “entregar”, o
procedimento - modelo jurídico - é aquele previsto no artigo 538 do CPC.
● Se a minha pretensão é o cumprimento de sentença de “pagar”, o procedimento -
modelo jurídico - é aquele previsto nos artigos 523 a 527 do CPC.
OBSERVAÇÃO: Conforme visto na parte geral do Código Civil, conforme previsão no
artigo 139 do CPC, o juiz pode estabelecer medidas executivas ainda que não previstas em lei
para poder compelir o devedor a cumprir a obrigação.
Portanto, em relação aos poderes / deveres do juiz, há reconhecimento pelo STJ que o
juiz pode impor medidas não previstas tipicamente em lei como forma de compelir o devedor
a cumprir determinada obrigação. Inclusive, a 4ª Turma do STJ no RHC (Recurso em Habeas
Corpus) n. 97.876/SP reconheceu a possibilidade das medidas atípicas.
Execução e Autonomia no Cumprimento de Sentença
Além dos títulos extrajudiciais que são autônomos (já que não são construídos pelo
poderjudiciário), existe cumprimento de sentença autônoma.
a) Sentença paraestatal ou parajudicial que reconhecem obrigação
- São as decisões previstas no art. 515, VI, VII, VIII e IX
● Sentença penal condenatória transitada em julgado
● Sentença arbitral
● Sentença ou decisão estrangeira homologada pelo STJ
Estas são as decisões formadas fora do âmbito da jurisdição nacional estatal cível e,
por isso, mostram-se como autônomas em razão da impossibilidade de prosseguimento nos
mesmos autos.
ATENÇÃO: O juiz criminal não fará o cumprimento de sentença. O árbitro não tem força
para fazer a execução, porque na arbitragem tem poder de declaração, mas não tem força de
coerção.
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste
Título:
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior
Tribunal de Justiça;
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou
para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
ATENÇÃO: Se a decisão for líquida, a citação será para o início do cumprimento de sentença, contudo, se
for ilíquida, primeiro realiza a liquidação e, posteriormente, apurando valores, tem-se iniciada a fase
satisfativa.
Lembrando que a sentença paraestatal tem que reconhecer a existência de obrigação
de pagar, fazer, não fazer e dar. Se porventura for constitutiva, desconstitutiva, declaratória, a
decisão já é o bastante.
ATENÇÃO: Apesar do artigo 515, § 1º ser no sentido de que se trata de um procedimento
autônomo de cumprimento de sentença, ele é encerrado por uma decisão interlocutória
agravável. Portanto, embora o réu seja citado, o procedimento não termina com uma
sentença.
b) Sentença que reconhece obrigação alimentar
● Valores vencidos no curso do processo: Não autônoma
○ Regra Geral do Sistema: O cumprimento de sentença se dará nos próprios
autos.
- Mas, o que vem a ser: “Vencidos no curso do processo?” -
Exemplo: Imagine que você tenha uma ação de Investigação de Paternidade cumulada com
Alimentos - Realiza-se o cumprimento de sentença nos próprios autos que reconheceu a
obrigação.
● Prestações Vencidas (Recentes)
○ Aqui estamos diante das “três últimas prestações” vencidas, que podem ser
executadas pelo rito da prisão.
○ Portanto, caso o devedor não pague as três últimas prestações, vencidas à data
da propositura, além daquelas vencidas no curso da execução, é perfeitamente
possível que, superado o prazo de três dias para pagar, provar que o já o fez ou
justificar-se, o juiz decrete a prisão do devedor de alimentos.
A dúvida a respeito do tema é: se eu preciso pegar a decisão que indica a condenação
à prestação de alimentos e iniciar um procedimento autônomo, tal qual nas decisões
paraestatais OU faria no próprio processo no qual houve a decisão condenatória?
O artigo 528, § 9º indicia ser autônoma:
- Art. 528, § 9º: “Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o
cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu
domicílio”.
Exemplo: Em uma ação processada em Juiz de Fora/MG, meu pai foi condenado a prestar
alimentos, porém, atualmente resido em Teófilo Otoni/MG. De acordo com o artigo acima
indicado, eu posso pegar cópia da decisão que condenou o genitor ao pagamento de prestação
alimentar e distribuir uma execução na Vara de Família de Teófilo Otoni/MG.
Este artigo nos permite interpretar que é possível ter uma execução de alimentos
autônoma.
Conforme o artigo 531, § 2º, a execução seria não autônoma:
- Art. 531, § 2º: “O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será
processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença”.
Em contrapartida, o artigo 531, § 2º nos permite interpretar que seria um processo
sincrético, portanto, não autônomo. Como é um tema controvertido na jurisprudência e
doutrina, particularmente adoto a posição de OPÇÃO DO CREDOR, podendo ele optar por
qualquer um dos modos - autônomo ou não autônomo. Porque o que interessa é proteger a
parte mais fraca da relação, isto é, quem está necessitando receber a prestação alimentar.
IMPORTANTE: Independente do tipo de execução/cumprimento de decisão que se
pretende, ou seja, seja autônomo ou nos próprios autos, a parte poderá protestar o título
executivo judicial que estabeleceu a prestação de pagar quantia.
Trata-se de uma excelente ferramenta trazida pelo CPC para “pressionar” o devedor a
realizar o cumprimento da obrigação. Assim, quando se tratar de obrigação de pagar quantia e
decorrido o prazo estabelecido no artigo 523 do CPC, o credor poderá pegar a cópia da
decisão e certidão da secretaria (cartório judicial) - indicando o valor da obrigação, a data do
trânsito em julgado e a informação que não fez o pagamento no prazo legal - e levar a
protesto no Cartório de Protesto de Títulos.
E a vantagem? É que com o protesto, o nome do devedor fica “sujo”.
Art. 517: A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de
transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
ATENÇÃO: Quando se tratar de execução de alimentos, autônoma ou não, o comportamento
é diferente. Isso porque, decorridos três dias, o juiz mandará prender o devedor e protestar o
título.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão
interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
efetuá-lo.
Art. 528, § 1º - Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o
efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o
pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
Títulos executivos judiciais
De acordo com a posição majoritária da doutrina, o rol dos títulos judiciais é fechado.
Já que, para eles, não há títulos executivos judiciais em outras legislações extravagantes e
nem em outros dispositivos do CPC.
OBSERVAÇÃO: Porém, discordamos dessa posição, pois há ao menos um título judicial
que não está no artigo 515 do CPC e que autoriza o cumprimento de sentença: mandado de
pagamento da monitória convertido em título judicial pela inércia do devedor.
Art. 701, § 2º: “Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial,
independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não
apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II
do Livro I da Parte Especial”.
Resumidamente: Se você ajuíza uma ação monitória e no prazo legal o devedor não cumpre
com a obrigação e nem apresentar os embargos monitórios, o artigo 701, § 2º indica que
haverá a constituição de pleno direito o título executivo judicial.
Esse título judicial não está previsto no rol dos incisos trazidos no artigo 515 e, ainda
assim, dá ensejo ao cumprimento de sentença.
OBSERVAÇÃO: Apesar de tratarmos sempre com a nomenclatura clássica e consagrada na
doutrina, isto é, “títulos judiciais”, para muitos doutrinadores esta nomenclatura encontra-se
superada, já que o artigo 515 não é composto apenas por títulos judiciais, como por exemplo
a previsão trazida no inciso VII - sentença arbitral - título que dá ensejo ao cumprimento de
sentença, porém, não é emitido pelo Poder Judiciário.
Assim,entendem que a nomenclatura do artigo 515 deveria indicar títulos
jurisdicionais e não mais títulos judiciais, já que espelharia muito melhor todo o conteúdo do
artigo.
a) Decisão que reconhece obrigação (prestação) (inciso I)
Art. 515, I: “as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar
quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;”
Regra Geral dos pronunciamentos condenatórios. E é regra geral em razão do tipo de
decisão, já que é aquela proferida em processo civil que reconhece a exigibilidade de pagar
quantia, fazer, não fazer ou de entregar.
EXCEÇÃO: Há uma hipótese excepcional, reconhecida pelo STJ nos recursos especiais n.
1.100.820/SC e n. 588.202/PR, consistente na possibilidade da sentença declaratória, em
caráter excepcional, ser título executivo judicial.
Caso concreto: ajuizamento de ação declaratória para reconhecer o direito à compensação
tributária (pretensão declaratória), julgada procedente e declarando que havia débito e
crédito. Com a decisão judicial, o Autor da ação não precisaria cumprir a sentença, bastando
a apresentação desta no exercício seguinte para compensar os tributos devidos pagos a mais
no exercício fiscal anterior.
Posteriormente, o Poder Público extinguiu o tributo. Portanto, o indivíduo tinha
direito à compensação, mas ela se tornou inviável. Nesse caso, o STJ entendeu que como a
sentença declaratória individualizou os elementos da obrigação (credor, devedor, valor,
período) e reconheceu a norma jurídica aplicável ao caso concreto, seria perfeitamente
possível o cumprimento de sentença. Isso porque, já que não posso compensar - em razão da
extinção do tributo - quero a quantia devolvida para mim (ou para empresa).
OBSERVAÇÃO: A partir do entendimento acima, alguns autores - tema não é pacífico -
começaram a sustentar que a improcedência da ação declaratória negativa poderia ser
executada.
As ações declaratórias negativas são as ações que tem por objetivo declarar a
inexistência de débito ou inexistência de relação jurídica, por exemplo.
Exemplo: A ajuiza ação contra B visando declarar que não deve R$ 10.000,00 em razão do
pagamento. E, o juiz julga improcedente a ação. Aqui, para julgar improcedente o pedido, ele
tem que falar que o pagamento não foi realizado.
Assim, parte da doutrina entende que, individualizado os elementos da obrigação -
credor, devedor, valor, período - esta decisão de improcedência em ação declaratória negativa
poderia formar título executivo judicial.
b) Sentença homologatória de autocomposição (incisos II e III e § 2º)
Art. 515:
“II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que
não tenha sido deduzida em juízo.”
Ao falarmos em autocomposição, eu não me resumo apenas a transação, que é uma
das espécies da transação. São concessões mútuas e recíprocas.
Exemplo: A ajuizar uma ação de cobrança em desfavor de B para receber R$ 5.000,00.
Contudo, em uma audiência de conciliação, as partes transacionam e B pagará a A a quantia
de R$ 4.000,00 em 4 prestações de R$ 1.000,00.
Porém, a autocomposição também é representada pelo reconhecimento jurídico do
pedido e na renúncia ao direito no qual se funda a ação.
Exemplo: A ajuizar uma ação de cobrança em desfavor de B para receber R$ 5.000,00. Na
audiência de conciliação B reconhece juridicamente o pedido e concorda em fazer o
pagamento do valor cobrado.
Exemplo: A ajuizar uma ação de cobrança em desfavor de B para receber R$ 5.000,00.
Porém, na audiência de conciliação, B narra uma história bastante triste para A e este resolve
renunciar ao direito de cobrar aquele valor.
Todas as decisões - sentenças - que homologam a transação, o reconhecimento
jurídico do pedido e a renúncia ao direito, são títulos executivos judiciais.
OBSERVAÇÃO: Conforme vimos, esses são casos pensados e realizados com ações em
andamento. Só que, de igual modo, se eventualmente as partes quiserem levar acordo
realizado extrajudicialmente para homologação pelo juiz, elas podem.
Nesse sentido, os interessados converterão o título executivo extrajudicial em título
executivo judicial.
Exemplo: Thiago é devedor de um automóvel para Antônio Carlos, porém, não conseguirá
entregar o automóvel conforme prometido. Assim, resolveram, por escrito, indicar que
Thiago pagará a Antônio Carlos o valor correspondente do automóvel, avaliado em R$
35.000,00. Apesar de estar assinado pelas partes e duas testemunhas, formando título
executivo extrajudicial, Antônio Carlos quer transformar o título extrajudicial em judicial,
requerendo sua homologação perante o Poder Judiciário.
Chamado de procedimento de jurisdição voluntária, na qual o Poder Judiciário
intervém de modo a emprestar validade a negócio jurídico privado.
OBSERVAÇÃO: Caso a parte não cumpra com a transação homologada, o interessado
poderá, nos mesmos autos que pediu a homologação judicial, executar, isto é, realizar o
procedimento de cumprimento de sentença.
ATENÇÃO: O parágrafo 2º do art. 515 estabelece que a homologação pode versar sobre
questão não posta em juízo e envolver quem não seja parte no processo (terceiro).
Exemplo: Jurandir ajuíza ação contra Marcos cobrando o valor de R$ 5.000,00. No momento
da audiência de conciliação, as partes chegam a um acordo e, além de estabelecer que o valor
será quitado em 2 parcelas de R$ 2.500,00, consta que Marcos devolverá a bicicleta de
Jurandir - que pegou emprestado há 3 anos.
A bicicleta não tinha absolutamente nada a ver com o processo. Não tem problema,
homologação pode versar sobre questão não posta em juízo.
Exemplo: Jurandir ajuíza ação contra Marcos cobrando o valor de R$ 5.000,00. No momento
da audiência de conciliação, Marcos indica que está apertado, mas que um amigo - João - vai
pagar com (para) ele.
c) Formal ou certidão de partilha (inciso IV)
Art. 515. IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e
aos sucessores a título singular ou universal;
Devemos ter em mente que o Inventário é um processo no qual tem-se como objetivo
apurar quais são os bens do falecido e depois partilhá-los. O objetivo do processo de
inventário é fazer com que o estado de indivisão dos bens - oriunda do princípio da saisine -
que todo patrimônio do falecido seja transferido aos seus sucessores. O documento que
quantifica, que divide e decide como será feita a divisão dos bens é chamado de “formal ou
certidão de partilha”. Este documento faz a divisão dos bens do falecido.
ATENÇÃO: Há diferença entre formal e certidão de partilha.
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654 , receberá o herdeiro os bens que lhe
tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças:
I - termo de inventariante e título de herdeiros;
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
V - sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do quinhão
hereditário quando esse não exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se transcreve nela a
sentença de partilha transitada em julgado.
OBSERVAÇÃO: O formal ou certidão de partilha só são títulos executivos judiciais contra
os herdeiros, sucessores ou inventariantes, ou seja, só contra pessoas que foram parte no
processo de inventário e partilha.
Exemplo: Imagine que o inventariante, pessoa responsável por administrar os bens deixados
pelo falecido enquanto não é finalizado o inventário e a partilha, resista a entregar um imóvel
ou automóvel a um dos sucessores. Por conta disso, pode o sucessor (herdeiro) prejudicado,
iniciar o procedimento de cumprimento de sentença para que o inventariante seja compelido a
proceder a entrega do bem.
ATENÇÃO: Se porventura o bem estiver em posse de terceiro, o formalou certidão de
partilha só poderá ser usado como prova de titularidade, mas não como título executivo.
d) Crédito do auxiliar da justiça homologado judicialmente (inciso V)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art654
No Código de 1973 o crédito do auxiliar da justiça, ainda que homologado
judicialmente, era considerado título extrajudicial. Atualmente, o crédito do auxiliar da
justiça, homologado por decisão ou sentença, é título executivo judicial.
e) Sentença penal condenatória transita em julgado (inciso VI)
Antes de tudo: Não existe execução provisória de sentença penal condenatória.
● A sentença penal condenatória só é título judicial após o trânsito em julgado da
decisão. Enquanto não acabarem todos os recursos, não há possibilidade de fazer a
liquidação e o cumprimento provisório da decisão.
● Mesmo quando havia o estabelecimento de prisão após a condenação em segunda
instância, ainda assim, não havia que se falar em liquidação e cumprimento
provisório, já que esta decisão dizia respeito unicamente à matéria penal.
Em regra, a sentença penal condenatória é ilíquida. Portanto, antes da execução, é
necessário proceder à liquidação de sentença. No entanto, excepcionalmente, há possibilidade
de sentenças condenatórias líquidas, não sendo necessária a fase de liquidação.
CPP, art. 387: “O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido; (...)”.
Costuma ser uma sentença atípica aquela que fixa valor quantificando a indenização
devida pelo condenado. Isso porque, segundo alguns processualistas civis, no processo
criminal não há um debate verticalizado a respeito do valor do crime, do valor do salário, etc.
Justamente porque, se não há debate, teria um desrespeito ao contraditório.
ATENÇÃO: Fernando Gajardoni acredita que somente é possível a aplicação do dispositivo
se houver pedido expresso do Ministério Público ou por assistente de acusação e
contraditório.
OBSERVAÇÃO: O inciso fala em valor mínimo, não impedindo que a parte pleiteie outro
valor. Ou seja, a parte pode requerer o cumprimento de sentença quanto ao valor previamente
fixado e a liquidação de sentença em relação a outros valores que pretende receber.
A sentença penal condenatória só é título executivo judicial contra o réu condenado
criminalmente.
ATENÇÃO: O artigo abaixo diz para nós que enquanto estiver em apuração (pendente) fato
que também enseja a responsabilidade civil, não preciso preocupar com a prescrição, porque,
por exemplo, na data da absolvição, inicia o prazo prescricional para requerer a pretensão
perante o juízo cível.
Se porventura houver a condenação, após o trânsito em julgado há possibilidade de
realizar a liquidação e o cumprimento daquela decisão.
CC, art. 200: “Quando a ação se originar de fato que deva ser apurada no juízo criminal, não correrá a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva”.
Por fim, o juízo criminal não precisa declarar na sentença condenatória a possibilidade
de execução no cível, já que o dever de indenizar é um efeito secundário da sentença (CP, art.
91, I).
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime
f) Sentença arbitral que reconheça obrigação (inciso VII)
A sentença arbitral - proferida pelo árbitro - tem os mesmos efeitos da sentença
proferida pelo juiz togado.
Lei n. 9.307/96, art. 17: “Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão
delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal”.
Lei n. 9.307/96, art. 18: “O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não
fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário”.
Lei n. 9.307/96, art. 31: “A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os
mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo
condenatória, constitui título executivo”.
ATENÇÃO: Se a sentença arbitral for prolatada dentro do território brasileiro, poderá ser
imediatamente executada perante o Poder Judiciário.
Lei n. 9.307/96, art. 34, parágrafo único: “Considera-se sentença arbitral estrangeira a que
tenha sido proferida fora do território nacional”.
Em razão do árbitro não ter força coercitiva, as partes se valem do Poder Judiciário
para requerer o cumprimento da decisão arbitral.
g) Sentença/decisão estrangeira homologada/exequatur pelo STJ (inciso VIII e IX)
Previsão do procedimento para homologação de sentença estrangeira, inclusive
arbitral e exequatur (cumpra-se) de carta rogatória, está estabelecido nos artigos 960 a 965 do
CPC.
Em que pese estabelecer que a sentença ou decisão estrangeira homologada ou com
exequatur do STJ é título executivo, o que efetivamente será objeto do cumprimento é o ATO
DE HOMOLOGAÇÃO ou EXEQUATUR pelo STJ. A sentença estrangeira sem
homologação ou exequatur não é nada, já que depende desses atos para ter eficácia.
Competência
O CPC tem um regramento próprio para o cumprimento de sentença. Aqui veremos
onde se dará este procedimento. E o artigo 516 do CPC afirma a regra geral do CPC, ou seja,
o cumprimento de sentença ocorre onde houve a condenação, já que o processo civil
brasileiro trabalha com a ideia de sincretismo, no qual a condenação e a execução ocorrem
nos mesmos autos.
a) Competência originária (funcional) (inciso I) (Reclamação n. 24.417 – STF)
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
Conforme previsão do inciso I do artigo 516, nas ações originárias, o cumprimento de
sentença será realizado perante o Tribunal competente para o julgamento da causa.
Exemplo: Em uma ação rescisória, por exemplo, pode ser fixado honorários sucumbenciais
e, neste caso, a cobrança dos honorários será realizada perante o Tribunal.
Portanto, nas ações originárias o cumprimento de sentença se fará perante o próprio
Tribunal da condenação. Trata-se de uma hipótese de competência funcional (absoluta).
Assim, qualquer hipótese de violação dessa regra vai fazer incidir automaticamente o que
consta do artigo 64 do CPC.
IMPORTANTE:
A reclamação é uma ação originária, já se iniciando no âmbito dos Tribunais. Ela tem
previsão no artigo 988 do CPC, objetivando preservar a competência dos Tribunais ou para os
Tribunais afirmarem a autoridade de suas decisões.
A reclamação tem cabimento com objetivo de, primeiro, preservar a competência dos
Tribunais. Exemplo: Se um juiz de primeira instância ou um Tribunal de Justiça estiver
julgando uma ação de competência do STF, cabe reclamação para o STF requerendo que ele
se aproprie daquela ação, restabelecendo a sua competência.
A reclamação tem cabimento com objetivo de, segundo, que os Tribunais sejam
invocados para afirmarem a autoridade de suas decisões. Exemplo: Se o STJ e STF decidem
a respeito de algo e o juiz, de instância inferior, não cumpre aquela determinação, possibilita
ao prejudicado em razão do descumprimento do juiz, reclamar com a finalidade que o
Tribunal reafirme sua autoridade e que o juiz cumpra o que foi determinado.
Portanto, temos que a reclamação é uma ação de competência originária. Ocorre que,
conforme decisão na Reclamação 24.417, apesar de ter confirmado a existência de
sucumbência na reclamação - em razão da existência de uma parte “derrotada” - a execução
dos honorários ocorreria em primeiro grau, perante juízo onde houve a decisão violada.
ATENÇÃO: O STF entendeu que ele não vai fazer esta execução, ficando a cargo do juízo
de primeiro grau. Continua válido para os outros Tribunais.
b) Competência do juiz de 1º grau (funcional) (inciso II)
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
O juízo da execução do cumprimento de sentença será o juízo de primeiro grau que
condenou à obrigação de fazer, não fazer, dar ou entregar coisa. Trata-se de umaregra de
competência funcional, portanto, caso qualquer outro juízo iniciar o cumprimento de
sentença, que não o juízo da condenação, a decisão é nula, pode ser rescindida, em razão do
padrão da violação da competência absoluta (art. 64 do CPC).
ATENÇÃO: Causas modificativas que autorizam que um juízo condene e outro execute,
portanto, são exceções à regra de competência absoluta prevista no inciso II do art. 516.
OBSERVAÇÃO: Tecnicamente, por ser uma competência funcional, ou seja, absoluta, não
deveria ter exceções, contudo existem.
Exceção 01: Causa modificativa legal
Apesar de juridicamente não poder haver exceções à competência absoluta, o
legislador pensou em facilitar a vida do jurisdicionado, buscando dar efetividade à satisfação
da tutela obtida. Após a distribuição da ação, perpetua a jurisdição até o cumprimento de
sentença.
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
Se eventualmente houver a extinção da vara na qual foi distribuída ou, em razão de
reorganização judiciária, aquela comarca deixou de existir, a parte pegará aquela decisão e
cumprirá em outro juízo.
Exemplo: Ajuizei uma ação e ela foi distribuída perante a 3ª Vara Cível de Teófilo Otoni.
Enquanto estava pendente recurso, a 3ª Vara Cível foi extinta, momento em que, assim que
retorna do tribunal o processo será redistribuído para fins de prosseguimento da ação.
Se houver alteração da competência absoluta, ou seja, o processo era de vara cível
(genérica) e cria-se uma vara especializada (família), assim, em razão da competência
material, ele tem que ser redistribuído para readequar a organização judiciária.
Exemplo: Ajuizei uma ação e ela foi distribuída perante a 3ª Vara Cível de Teófilo Otoni.
Enquanto estava pendente recurso, foi criada uma vara Especializada de Família, Sucessão e
Ausência, momento em que, assim que retorna do tribunal o processo será redistribuído para
fins de prosseguimento da ação.
Exceção 02: Causas modificativas voluntárias
Trata-se de causas modificativas que derivam da vontade da parte, por isso
“voluntárias”.
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde
deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo
será solicitada ao juízo de origem.
- Regra geral do cumprimento de sentença, portanto, aplicável a qualquer processo.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão
interlocutória que fixe alimentos [...]
§ 9º Além das opções previstas no art. 516 , parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da
sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
- Discussão da competência em razão da condenação em prestação de alimentos.
Exemplo: Imagine que você está em Juiz de Fora, local em que foi processada a ação.
Contudo, antes do trânsito em julgado da decisão, a parte muda para Porto Alegre/RS.
Como a ideia é facilitar o cumprimento da obrigação, a parte requer a remessa dos
autos para o juízo competente em Porto Alegre/RS, já que é mais fácil a comunicação dos
atos processuais.
ATENÇÃO: Não confunda com a precatória - que vai e volta. A partir do Requerimento, o
processo vai para Porto Alegre e acaba lá.
Exceção 03: Causa modificativas jurisprudenciais
A jurisprudência, com o intuito de beneficiar grupos hipossuficientes ou
presumidamente hipossuficientes, por exemplo idosos ou menores, tem ampliado o leque de
causas modificativas de competência, permitindo que a condenação ocorra em um juízo e o
cumprimento de sentença em outro.
Em outras palavras, a jurisprudência tem caminhado para estender a regra do artigo
528, § 9º a idosos e menores, mesmo em causas que não sejam alimentares.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art516
c) Competência por distribuição (territorial) (títulos paraestatais) (inciso III) (CF, art. 109, X)
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de
sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Títulos paraestatais são aqueles relacionados à sentença arbitral, sentença estrangeira
homologada pelo STJ ou sentença penal condenatória transitada em julgado. Portanto, o juízo
não é estatal, nacional ou cível. Consequentemente, não há o mesmo órgão para seguir, dando
ensejo ao cumprimento de sentença autônomo, considerando que o artigo 515, § 1º é no
sentido de que o cumprimento de sentença, a execução de sentença ou a liquidação de
sentença será distribuída perante o juízo que seria competente para a ação cível.
Portanto, temos uma regra de competência territorial, aplicando o disposto no art. 65
do CPC. Isto quer dizer que se a parte interessada ajuizar a ação em local diverso daquele que
seria competente para o processamento e julgamento da ação cível e a parte contrária não
excepciona o juízo, haverá prorrogação desse.
Quando se tratar de sentença arbitral estrangeira ou de sentença estatal estrangeira, a
Constituição Federal determina que o cumprimento de sentença seja feito no âmbito da
Justiça Federal (art. 109, X).
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
respectiva opção, e à naturalização;

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