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Tarefa 2 - Estudos Socioantropológicos - Profª Ana Paula Maria Fernanda Silveira e Ana Beatriz Oliveira Qual(is) dessas teorias parece mais útil para compreendermos o problema das milícias na cidade do Rio de Janeiro? Justifique. A teoria aperfeiçoada por Hawley diz o seguinte: “A diferenciação - especialização de grupos e papéis ocupacionais - é o principal modo de adaptação dos seres humanos ao seu ambiente. Grupos dos quais muitos outros dependem terão um papel dominante, que muitas vezes refletem em sua posição geográfica central.” É possível enxergar o papel da milícia no Rio de Janeiro a partir dessa ótica. Sendo uma organização criminosa que utiliza meios de coerção, assumem papéis centrais em uma escala regional, tornando os moradores dependentes. Podemos citar, por exemplo, o monopólio da venda de bujões de gás, entre outros, em Campo Grande, na zona oeste da cidade. Os milicianos se apropriam do serviço, colocam os preços como queiram e, por meio de ameaças e violência, proíbem a existência de outros meios de obtenção daquele serviço. Assim, os moradores tornam-se dependentes do papel que a milícia assume em sua comunidade, mesmo que a contragosto. Entretanto, não nos parece tão fácil enxergar uma relação com sua posição geográfica central, apenas sua dominância na dinâmica regional. Todavia, deve-se considerar que as milícias cariocas tendem a existir apenas em regiões negligenciadas pelo poder público, apresentam população de baixa renda e escolaridade, ocupam cargos de trabalho tidos como secundários e, como na sociedade capitalista dinheiro é sinônimo de poder, essa parcela têm pouca ou nenhuma influência sobre o funcionamento da cidade e seus meios de produção. Não por acaso, as regiões cariocas que apresentam as características supracitadas, se encontram afastadas do centro, com exceção às comunidades que se desenvolveram nos morros, por toda a extensão da cidade. Consequentemente, os detentores de poder da nossa sociedade, os grandes empresários e demais figuras abastadas financeiramente, mantém a sede de seus negócios no centro e em zonas privilegiadas da cidade. Acreditamos também ser interessante a abordagem da milícia carioca pela ótica de Castells, que diz que a forma urbana esteja intimamente relacionada a seus mecanismos sociais e consumo coletivo. “O sistema fiscal determina que pode comprar ou alugar em que lugar, e quem constrói em que lugar.” “As escolas, os serviços de transporte e as atrações de lazer são formas por meio das quais as pessoas ‘consomem’ coletivamente os produtos da indústria moderna.” Nas regiões controladas por milícias, estas fazem toda a regulação descrita por Castells. As organizações tornam-se responsáveis pela promoção de todos os serviços, numa espécie de monopólio comercial, e o meio de assegurar a manutenção dessa ordem é através da violência. Bem como, as atribuições do dito “sistema fiscal” também são executadas por elas, que muitas vezes ainda controlam o setor da construção civil, ainda que não haja competência técnica para tal, colocando a vida dos moradores em risco, como aconteceu na Muzema, na zona oeste do Rio. Dessa forma, o ordenamento urbano dessas regiões acaba sendo consequência da atividade miliciana.
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