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ABORDAGEM CIRÚRGICA DAS DOENÇAS VALVARES · 1923- Elliot cutler: primeiro relato de intervenção cirúrgica na válvula mitral (através de uma lamina de tenotomia, por um acesso transventricular, ele conseguiu abrir uma válvula mitral estenótica) · 1925- Henry souttar: primeira comissurotomia digital fechada (fez uma bolsa no átrio esquerdo, introduziu o dedo dentro da válvula mitral e conseguia dilatar a válvula mecanicamente com o dedo) · 1948- Horace: consegue realizar uma valvulotomia aórtica (abertura da válvula aórtica estenótica; conseguiu realizar sem circulação extracorpórea porque só em 1953 que teve essa circulação) · 1952- Charles hufnagel: primeira prótese realizada para tratar uma doença valvar (era uma prótese que tinha uma esfera dentro dela; inseriu na aorta ascendente de um paciente que tinha insuficiência aórtica; quando o coração contraia a válvula era ejetada para frente e o orifício se abria e quando estava na diástole, a bola voltava e vedava o orifício não havendo regurgitação) · 1960- Dwight harken: consegue implantar uma prótese tipo gaiola substituindo a válvula aórtica (aqui já existia a circulação extracorpórea) · 1960- albert starr e lowell Edwards: primeira cirurgia de troca valvar mitral (prótese de bola) ANATOMIA VALVAR (AÓRTICA E MITRAL) · A válvula aórtica é semilunar e constituída por 3 cúspides (coronariana esquerda, não coronariana e coronariana direita) · A válvula mitral e aórtica estão muito próximas uma das outras (cuidado no manuseio das valvas quando for para cirurgia) · A mitral é constituída por 2 folhetos (anterior e posterior) · A localização da ruptura do folheto/prolapso do folheto é muito importante no ato cirúrgico para saber o tipo de cirurgia e a técnica, por exemplo, e por isso precisamos conhecer a anatomia · A artéria circunflexa (margeia o sulco átrio ventricular), passa bem próximo a valva mitral · Os folhetos são presos as cordoalhas tendíneas e aos músculos papilares ETIOLOGIA DA DOENÇA VALVAR · Estenose mitral: A doença valvar reumática é uma das mais comuns principalmente em pacientes jovens Endocardite bacteriana (vegetação) Doenças congênitas supravalvar (trombo, mixoma) · Insuficiência mitral: prolapso da valva mitral (mixomatoso/distúrbio do tecido conjuntivo) febre reumática endocardite anomalia congênita lúpus eritematoso sistêmico calcificação do anel mitral (geralmente por processo degenerativo) isquemia/infarto do miocárdio · Estenose aórtica: doença degenerativa (trifolheto) doença da valva bicúspide doença valvar reumática endocardite (vegetação) outra anormalidade congênita cardiomiopatia congênita · Insuficiência aórtica: doença degenerativa/do tecido conjuntivo doença reumática doença inflamatória endocardite congênita (bicúspide, unicúspide) dissecção aórtica (pode progredir retrogradamente)/aneurisma aórtico (se ele dilata muito pode dilatar a valva) ESTENOSE MITRAL Sinais e sintomas · Fadiga · Dispneia · Ortopneia · Dispneia paroxística noturna · Aumento da FC (fibrilação atrial, taquicardia supraventricular) · Eventos tromboembólicos (AVE, IAM, isquemia renal, mesentérica, membros)- 20% · Rouquidão (compressão do nervo laríngeo) · Disfagia · Tosse · Hemoptise · Hepatomegalia, turgência jugular, ascite, edema periférico (insuficiência ventricular direita, IT) · Sopro diastólico fraco melhor auscultado no ápice (foco mitral) Exames complementares · Raio-x de tórax: sinal do duplo contorno, vasos pulmonares proeminentes, linfáticos pulmonares congestionados, calcificação mitral, sinal do terceiro arco · ECG: onda P alargada e entalhada/bífida, arritmias (não fica tão simétrica a morfologia da onda P; o entalho ocorre devido aos aumentos dos átrios D e E) · ECO transtorácico, transesofágico (a sonda passa pelo esôfago e esta muito próxima da parede posterior do AE, com isso esta muito próximo da mitral porém nem todos os hospitais tem/difícil acesso), tridimensional (usado muito nos implantes de valva percutânea) · ECO transtorácico: é o exame de escolha para estenose mitral, mais fácil acesso, é examinador-dependente, pela coloração do doppler conseguimos mensurar o grau de insuficiência Tratamento · Clinico: diurético, betabloqueador (diminuir frequência), anticoagulante · Invasivo: comissurotomia percutâneo por balão (endovascular) comissurotomia aberta substituição valvar aberta Indicações tratamento invasivo · Sintomáticos com estenose mitral grave (área de 1,5cm2) · Assintomáticos com estenose mitral critica (área <1cm2) · Aumento importante do gradiente médio transvalvar >15mmhg · PCAP >25mmhg · Presença de fibrilação atrial e embolização sistêmica Indicações tratamento percutâneo · Escore de Wilkins <8 (critérios ecocardiográficos) · Critérios: mobilidade espessamento calcificação espessamento subvalvar Comissurotomia aberta · Principal forma de reparo cirúrgico: debridamento de depósitos de cálcio divisão das comissuras fundidos remoção de trombos e ligadura do apêndice atrial esquerdo obs: aurícula esquerda é um local muito comum de formação de trombos Substituição valvar cirúrgica · Esta indicada quando as comissurotomias via percutânea e aberta estão contraindicadas · Próteses valvares: mecânica X biológica · Mecânica é uma valva que dura muito tempo porem tem que usar marevan (anticoagulante) para o resto da vida e com isso tem que ter um controle muito rígido · Biológico é uma valva que dura menos tempo (8/10 anos), geralmente feita de um tecido do pericárdio bovino, não tem muito problema · No paciente jovem essas valvas duram menos porque o processo de calcificação é mais intenso INSUFICIÊNCIA MITRAL · Classificação: 1- Primária: doença do anel ou folhetos valvares 2- Funcional: função cardíaca anormal (devido a disfunção do ventrículo) 3- Aguda 4- Crônica Sinais e sintomas · Insuficiência mitral aguda descompensada: dispneia aguda (edema agudo de pulmão), hipotensão · Insuficiência mitral crônica: sintomas de insuficiência cardíaca do lado esquerdo: dispneia aos esforços, dispneia paroxística noturna, ortopneia, palpitação (fibrilação atrial) sintomas de insuficiência cardíaca do lado direito: turgência jugular, edema de MMII, congestão hepática · Sopro holossistólico apical (foco mitral) com irradiação para axila Exames complementares · ECG · Raio-x de tórax: sinais de congestão pulmonar, duplo contorno · Ecocardiograma transtorácico (principal exame aqui) e transesofágico · Ressonância cardíaca Tratamento · Insuficiência mitral aguda: clinico: drogas vasodilatadoras intravenosas, diuréticos cirúrgico: troca ou plástica valvar (indicação precoce em pacientes sintomáticos) · Insuficiência mitral crônica: clinico: vasodilatadores, diuréticos cirúrgico: troca ou plástica valvar · Insuficiência mitral funcional: clinico: nitratos, diuréticos, IECA, betabloqueadores, aldosterona (aqui o tratamento clinico é o principal porque a insuficiência mitral ocorreu secundariamente a algum defeito no musculo ali do coração) cirúrgico: questionável porque é uma doença do miocárdio (preferível troca quando indicado) Indicação cirúrgica (IMC) · Sintomáticos com insuficiência mitral grave · Quando há descompensação do VE (FEVE <60% ou diâmetro sistólico final do VE>40mm) · Fibrilação atrial de inicio recente · Pressão sistólica arterial pulmonar em repouso >50mmhg · Morfologia valvar favorável ao reparo, se houver um folheto incompleto ou dilatação atrial esquerda significativa (índice de volume maior ou igual a 60mL/m2 em ritmo sinusal) · FE<30%: o risco cirúrgico é alto (riscos e benefícios) ESTENOSE AÓRTICA Sinais e sintomas · Assintomáticos por um longo período · Angina (35%) · Pré-sincope (15%) · Sincope · Dispneia · Sinais de insuficiência cardíaca · Sopro sistólico crescendo-decrescendo (diamante), melhor audível na borda esternal esquerda com irradiação para carótidas Exames complementares · Raio-x: coração em forma de bota (hipertrofia do VE), calcificações das cúspides valvares · ECG:sinais de hipertrofia ventricular esquerda · Ecocardiograma transtorácico (principal exame) · Ecocardiograma com estresse farmacológico (pacientes com baixo debito cardíaco) · Cateterismo cardíaco Tratamento · Tratamento clinico: tratamento dos sinais e sintomas de IC e da HAS · Tratamento cirúrgico: substituição (prótese mecânica X biológica) · Tratamento percutâneo: implante percutâneo valvulotomia aórtica Tratamento cirúrgico indicações classe I · Sintomáticos com estenose aórtica grave (gradiente médio > 40 mmHg) · Estenose aórtica de baixo fluxo e baixo gradiente (gradiente médio < 40 mmHg) com fração de ejeção reduzida e reserva contrátil · Estenose aórtica grave e com disfunção sistólica do VE (FE < 50%) não atribuível a outras causa · Assintomáticos com estenose aórtica grave e com teste de esforço anormal INSUFICIÊNCIA AÓRTICA Sinais e sintomas · Aguda (endocardite, dissecção aórtica): dispneia, instabilidade hemodinâmica, choque · Crônica: assintomáticos durante longo período, sintomas de insuficiência cardíaca (dispneia aos esforços, dispneia paroxística noturna), angina, sincope · Pulso em martelo de água · Pulso de Corrigan: pulso carotídeo delimitador · Sinal de Musset: balanço da cabeça com cada batimento cardíaco · Sinal de Müller: pulsação da úvula · Sinal de Quincke: pulsação capilar · Impulso apical difuso, hiperdinâmica, deslocado inferior e lateralmente · Sopro diastólico de alta frequência, em decrescendo mais bem auscultado na borda paraesternal esquerda com o paciente sentado e inclinado para frente Exames complementares · Rx : aguda (sinais de congestão pulmonar), crônica (aumento da silhueta cardíaca) · ECG: sinais de sobrecarga ventricular esquerda · Ecocardiograma transtorácico Tratamento · Agudo: clinico: vasodilatadores, agentes inotrópicos positivos cirúrgico: urgência · Crônica: clinico: vasodilatadores, diuréticos cirúrgico: troca eletiva (prótese mecânica X biológica) Indicações cirúrgicas na insuficiência aórtica (classe I) · Pacientes em classe funcional III ou IV (NYHA) e função sistólica ventricular preservada (FE > 50% ) · Pacientes em classe funcional II (NYHA) e função sistólica preservada, mas com dilatação progressiva ou declínio da fração de ejeção em repouso em estudos seriados ou declínio na tolerância ao esforço · Pacientes com angina estável classe II ou maior, com ou sem DAC · Qualquer grau de sintoma com disfunção ventricular
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