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3º fechamento do PMSUS - 6º período

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1 PMSUS 3 
1. Conhecer as novas propostas da reforma psiquiátrica. (Doc de 2001 e doc 2019 + notas técnicas) 
Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, 
redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe 
sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva 
extinção dos manicômios. 
No período de dezembro de 2016 a maio de 2019, foram editados cerca de quinze documentos normativos, dentre portarias, 
resoluções, decretos e editais, que formam o que a nota técnica 11/2019 veio a chamar de “Nova Política Nacional de Saúde 
Mental”. Todo esse compilado de notas e diretrizes vem na contramão do que a reforma psiquiátrica prega. 
A história começa em dezembro de 2017, quando a CIT (comissão que reúne o ministério e as secretarias de saúde dos municípios 
e estados) aprovou uma resolução que claramente ia na contramão da Reforma Psiquiátrica: o texto previa aumentar os repasses 
públicos para leitos em hospitais psiquiátricos e ampliar sua oferta, além de expandir as comunidades terapêuticas (em geral 
filantrópicas) para o tratamento de dependentes químicos. Uma portaria do MS consolidou o início da transformação. 
De lá para cá, já rolou muita coisa. Como as alterações na política de drogas – no ano passado, alinhado com as últimas mudanças, 
o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas decidiu que o melhor método para tratar usuários seria a abstinência (jogando 
para escanteio a redução de danos) e, de preferência, o confinamento em comunidades terapêuticas. 
A nova nota técnica foi publicada sem alarde no dia 4 e agora começa a circular entre profissionais da saúde mental e militantes 
da Reforma Psiquiátrica. Ela explica detalhadamente como deve ser a nova formação da Rede de Atenção Psicossocial e ressalta 
que “o Ministério da Saúde não considera mais Serviços como sendo substitutos de outros, não fomentando mais fechamento 
de unidades de qualquer natureza”, numa referência aos leitos. 
A internação de menores de idade também é tema da nota: “Vale ressaltar que não há qualquer impedimento legal para a 
internação de pacientes menores de idade em Enfermarias Psiquiátricas de Hospitais Gerais ou de Hospitais Psiquiátricos. A 
melhor prática indica a necessidade de que tais internações ocorram em Enfermarias Especializadas em Infância e Adolescência. 
No entanto, exceções à regra podem ocorrer, sempre em benefício dos pacientes”. O embasamento para essa afirmação é 
um parecer do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. “Apesar de ser posicionamento de um Conselho profissional local, 
vale para embasar o tema”, justifica a nota. 
Essa ‘nova política’ se caracteriza pelo incentivo à internação psiquiátrica e por sua separação da política sobre álcool e outras 
drogas, que passou a ser denominada “política nacional sobre drogas”, tendo esta grande ênfase no financiamento de 
comunidades terapêuticas e numa abordagem proibicionista e punitivista das questões advindas do uso de álcool e outras drogas. 
O movimento da luta antimanicomial analisa essa nota com preocupação e aponta um conjunto de críticas. Isso porque, ao ler a 
nota técnica, existe a ideia de possíveis retrocessos nos novos posiciona mentos do Ministério da Saúde: “Reativar os hospitais 
psiquiátricos ou os manicômios (lembrar do papel secundário que os manicômios possuíam desde os primórdios) e a 
eletroconvulsoterapia, também conhecida por eletrochoque, como estratégias terapêuticas é um atraso e representa cumprir 
mais a função de restaurar o poder hegemônico da medicina nesse campo do que qualificar a atenção”. 
Um aspecto da nota que não havia sido estabelecido em normativas anteriores foi a apresentação da eletroconvulsoterapia como 
se fosse um exemplo de “disponibilização do melhor aparato terapêutico”, ignorando os registros históricos de que está fora 
empregada corriqueiramente enquanto instrumento de tortura e punição nas instituições manicomiais anteriormente à Reforma 
Psiquiátrica. Ainda que existam indicações técnicas parao o uso da eletroconvulsoterapia, estas se aplicam a uma parcela 
extremamente pequena dos casos de transtorno mental grave e estão longe de ser uma solução em larga escala, conforme a 
nota proclama. Além dessas mudanças houve também a estimulação da prática de abstinência em pacientes com dependência 
química. 
Também chama atenção o modo como é mencionada a atenção a crianças e adolescentes, com ênfase descabida na internação 
psiquiátrica. A Nota Técnica cita que “não há qualquer impedimento legal para a internação de pacientes menores de idade (sic) 
em Enfermarias Psiquiátricas de Hospitais Gerais ou de Hospitais Psiquiátricos. 
Além disso, oficializa a separação da, agora, “Política Nacional Sobre Drogas” da Política Nacional de Saúde Mental. “Esta 
separação entre as duas políticas tem também a clara intenção de impedir que os princípios que regem a atenção psicossocial, 
especialmente o cuidado realizado em liberdade (...) sejam igualmente aplicados aos usuários de álcool e outras drogas”. 
https://www.passeidireto.com/arquivo/99068069/rede-de-atencao-psicossocial-rasp 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf https://outraspalavras.net/outrasaude/reforma-
psiquiatrica-enterrada/ https://www.scielo.br/j/tes/a/j6rLVysBzMQYyFxZ6hgQqBH/?format=pdf&lang=pt 
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/janeiro/05/Resolu----o-CIT-n---32.pdf
https://outraspalavras.net/outrasaude/contrarreforma-chega-saude-mental/
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt3588_22_12_2017.html
https://outraspalavras.net/outrasaude/internar-e-punir/
http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Pareceres&dif=s&ficha=1&id=10208&tipo=PARECER&orgao=Conselho%20Regional%20de%20Me
https://www.passeidireto.com/arquivo/99068069/rede-de-atencao-psicossocial-rasp
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf
https://outraspalavras.net/outrasaude/reforma-psiquiatrica-enterrada/
https://outraspalavras.net/outrasaude/reforma-psiquiatrica-enterrada/
https://www.scielo.br/j/tes/a/j6rLVysBzMQYyFxZ6hgQqBH/?format=pdf&lang=pt
 
2 PMSUS 3 
2. Estudar as estratégias de desinstitucionalização: PVC, SRT, Programa de desinstitucionalização e leitos de saúde mental em 
hospitais gerais (portaria 148) 
PROGRAMA DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO 
Criado o Programa de Desinstitucionalização como integrante do componente Estratégias de Desinstitucionalização da Rede de 
Atenção Psicossocial (RAPS), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O componente Estratégias de Desinstitucionalização 
da RAPS é constituído por iniciativas que visam garantir às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, e com necessidades 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em situação de internação de longa permanência, o cuidado integral por 
meio de estratégias substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a promoção de autonomia e o exercício de 
cidadania, buscando-se sua progressiva inclusão social. 
PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA - PVC 
Este programa faz parte do processo de Reforma Psiquiátrica, que visa reduzir progressivamente os leitos psiquiátricos; qualificar, 
expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar - Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs)e 
Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG)- e incluir as ações da saúde mental na atenção básica e Saúde da Família. 
O Programa "De Volta para Casa", criado pelo Ministério da Saúde, vem realizar a regulamentação do auxílio-reabilitação 
psicossocial para assistência, acompanhamento e integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de 
transtornos mentais com história de longa internação psiquiátrica (dois anos ou mais de internação). O objetivo é a inclusão 
social de pacientes e a mudança do modelo assistencialem saúde mental, com ampliação do atendimento extra-hospitalar e 
comunitário. 
O auxílio-reabilitação psicossocial é o principal componente do Programa "De Volta para Casa", estratégia do Governo Federal 
para estimular a assistência extra-hospitalar, criado em 31.07.2003, na lei n° 10.708. O pagamento mensal do auxílio é realizado 
diretamente ao próprio beneficiário, no valor de R$ 240,00, por um período de um ano, podendo ser renovado caso a pessoa 
não esteja ainda em condições de se reintegrar completamente à sociedade. 
Quem pode se beneficiar? 
• Pessoas acometidas de transtornos mentais egressos de internação psiquiátrica em hospitais cadastrados no SIH-SUS, 
por um período ininterrupto igual ou superior a dois anos, quando a situação clínica e social não justifique a permanência 
em ambiente hospitalar e indique a possibilidade de inclusão em programa de reintegração social desenvolvido pelo 
município; 
• Pessoas inseridas em moradias caracterizadas como serviços residenciais terapêuticos ou egressas de Hospital de 
Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em conformidade com a decisão judicial (Juízo de Execução Penal), por igual período 
de internação, também podem ser beneficiárias do auxílio. 
Todos os beneficiários devem possuir condições clínicas e sociais que não justifiquem a permanência em ambiente hospitalar. 
SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO - SRT 
As residências terapêuticas constituem-se como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que estão 
internadas há anos em hospitais psiquiátricos por não contarem com suporte adequado na comunidade. Além disso, essas 
residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contem com suporte familiar e social 
suficientes para garantir espaço adequado de moradia. 
O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou simplesmente "moradia" – são casas localizadas no espaço 
urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves, 
institucionalizadas ou não. O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas, 
que deverão contar sempre com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. 
Quem pode se beneficiar? 
• Portadores de transtornos mentais, egressos de internação psiquiátrica em hospitais cadastrados no SIH/SUS, que 
permanecem no hospital por falta de alternativas que viabilizem sua reinserção no espaço comunitário. 
• Egressos de internação em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em conformidade com decisão judicial (Juízo 
de Execução Penal). 
• Pessoas em acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para as quais o problema da moradia é 
identificado, por sua equipe de referência, como especialmente estratégico no seu projeto terapêutico. Aqui se 
 
3 PMSUS 3 
encontram aquelas localidades que, a despeito de não possuírem hospitais psiquiátricos, frequentemente se defrontam 
com questões ligadas à falta de espaços residenciais para alguns usuários de serviços de saúde mental. 
• Moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos especiais 
acompanhados nos CAPS. 
SRT I – O suporte focaliza-se na inserção dos moradores na rede social existente (trabalho, lazer, educação, etc.). O 
acompanhamento na residência é realizado conforme recomendado nos programas terapêuticos individualizados dos moradores 
e também pelos Agentes Comunitários de Saúde do PSF, quando h o u v e r. Devem ser desenvolvidas, junto aos moradores, 
estratégias para obtenção de moradias definitivas na comunidade. Este é o tipo mais comum de residências, onde é necessário 
apenas a ajuda de um cuidador (pessoa que recebe capacitação para este tipo de apoio aos moradores: trabalhador do CAPS, do 
PSF, de alguma instituição que faça esse trabalho do cuidado específico ou até de SRTs que já pagam um trabalhador doméstico 
de carteira assinada com recursos do De Volta Para Casa). 
SRT II – Em geral, cuidamos de nossos velhos, doentes e/ou dependentes físicos, inclusive com ajuda de profissionais: o SRT II é 
a casa dos cuidados substitutivos familiares desta população institucionalizada, muitas vezes, por uma vida inteira. O suporte 
focaliza-se na reapropriação do espaço residencial como moradia e na inserção dos moradores na rede social existente. 
Constituída para clientela carente de cuidados intensivos, com monitoramento técnico diário e pessoal auxiliar permanente na 
residência, este tipo de SRT pode diferenciar-se em relação ao número de moradores e ao financiamento, que deve ser 
compatível com recursos humanos presentes 24h/dia. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prog_volta_para_casa.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/120.pdf 
3. Compreender a organização e funcionamento RAPS. 
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) – Portaria GM/MS nº 3.088/2011 –, preconiza o atendimento a pessoas com sofrimento 
ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 
Na Atenção Básica 
• Unidade Básica de Saúde; 
• Núcleo de Apoio a Saúde da Família; (não existe mais) 
Equipes de referência 
As equipes de referência são semelhantes ao antigo Nasf, mas são profissionais voltados a saúde mental na ausência do caps. 
Tem a função de matriciar e apoiar a APS – atenção primária a Saúde - para que seja resolutiva no manejo de casos em que há 
uma demanda de saúde mental, ajudando a desenhar o diagnóstico situacional do território, estratificar o risco em saúde mental, 
elaborar projetos terapêuticos singulares, realizar o diagnóstico (principalmente de casos mais complexos), realizar intervenções 
e acompanhamento compartilhado. 
• Consultório de Rua; 
• Apoio aos Serviços do componente 
• Centros de Convivência e Cultura. 
Atenção Psicossocial Estratégica 
• Centros de Atenção Psicossocial nas suas diferentes modalidades. 
Atenção de Urgência e Emergência 
• SAMU 192; 
• Sala de Estabilização; 
• UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência /pronto socorro, Unidades Básicas de Saúde. 
Atenção Residencial de Caráter Transitório; 
• Unidade de Acolhimento; 
• Serviço de Atenção em Regime Residencial. 
Atenção Hospitalar 
• Enfermaria especializada em hospital geral; 
• Serviço Hospitalar de Referência (SHR) para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 
Estratégia de Desintitucionalização 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prog_volta_para_casa.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/120.pdf
 
4 PMSUS 3 
• Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); 
• Programa de Volta para Casa (PVC). 
Estratégias de Reabilitação Psicossocial 
• Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda; 
• Empreendimentos Solidários e Cooperativas Sociais. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/conheca_raps_rede_atencao_psicossocial.pdf 
Atenção a Urgência e Emergência 
Historicamente, o modelo de atenção asilar, expresso nos hospitais psiquiátricos representou a principal, e muitas vezes, a única 
resposta às situações de urgência e emergência no campo da saúde mental, descontextualizando e reduzindo os eventos em 
questão, invalidando a vivência dos sujeitos, afastando-os dos recursos e possibilidades reais de restabelecer-se, submetendo-os 
a experiências de segregação e violação de direitos. A atenção às situações de crise é parte integrante do conjunto e da 
continuidade da prática terapêutica nos serviços de saúde da Rede de Atenção Psicossocial. É, sobretudo, nos contextos reais de 
vida das pessoas, que se constitui um campo de aprendizagem que envolve os profissionais dos serviços, tanto das unidades 
especializadas quanto dos serviços de urgência e emergência, os policiais, os usuários, os familiares e as pessoas do território. 
Dada sua relevância, todos os pontos de atenção da Rede de Atençãoàs Urgências e Emergências – SAMU, UPA, Sala de 
Estabilização, as portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, Unidades Básicas de Saúde, entre outros, são 
responsáveis, em seu âmbito de atuação, pelo acolhimento, classificação de risco e cuidado das situações de urgência e 
emergência em Saúde Mental. A atenção à urgência e emergência psiquiátrica visa acolher todas as necessidades de saúde do 
indivíduo em crise e promover o melhor restabelecimento possível de sua saúde, em um menor tempo possível e a inserção do 
usuário para tratamento externo na rede de atenção psicossocial. 
De acordo com o Manual de Regulações Médicas das Urgências (BRASIL, 2006), devido ao grande número de julgamentos e 
dúvidas que a terminologia suscita no meio médico e no sistema de saúde, o Ministério da Saúde optou por utilizar o termo 
urgência, para todos os casos que necessitem de cuidados agudos, tratando de classificá-los em níveis, tomando como marco 
ético de avaliação o “imperativo da necessidade humana”. Desta forma, a avaliação da urgência deve ser multifatorial, sendo o 
grau de urgência diretamente proporcional à gravidade, à quantidade de recursos necessários para atender o caso e à pressão 
social presente na cena do atendimento, como também inversamente proporcional ao tempo necessário para iniciar o 
tratamento. 
Portanto, discutir crise requer considerar vários elementos que perpassam pelas dimensões da clínica, da cultura, das histórias 
dos sujeitos e dos recursos disponíveis no seu contexto familiar e social, estando associada prioritariamente a oferta de uma 
atenção longitudinal nos contextos de vida das pessoas. Assim, para além das classificações tradicionais de risco, ainda há desafios 
e necessidade de construção de critérios de vulnerabilidade psicossocial que possam nortear a atuação dos trabalhadores em 
situações de crise e nas urgências e emergências em saúde mental, de maneira a distinguir populações socialmente desiguais e 
ofertar cuidados segundo suas necessidades, como é o caso, por exemplo, da população em situação de rua, das populações do 
campo e da floresta, de indígenas e quilombolas, dentre outros. 
Atenção Residencial de Caráter Transitório 
A Atenção Residencial de Caráter Transitório, como componente da RAPS, tem como objetivo oferecer acolhimento voluntário e 
cuidados contínuos para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em situação de 
vulnerabilidade social e familiar e que demandem acompanhamento terapêutico e protetivo. O serviço deverá garantir os direitos 
de moradia, educação e convivência familiar e social, com tempo de permanência de cada usuário previsto no Projeto 
Terapêutico Singular (BRASIL, 2011a). 
Pontos de atenção do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório 
a) Unidade de Acolhimento (UA) 
A Unidade de Acolhimento é um ponto de atenção que oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24 horas, em 
ambiente residencial, para pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, 
que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e demandem acompanhamento terapêutico e protetivo de 
caráter transitório. O tempo de permanência na unidade é de até seis meses. O acolhimento neste ponto de atenção será definido 
exclusivamente pela equipe do CAPS de referência que será responsável pela elaboração do projeto terapêutico singular do 
usuário, considerando a hierarquização do cuidado, priorizando a 
As Unidades de Acolhimento estão organizadas nas seguintes modalidades: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/conheca_raps_rede_atencao_psicossocial.pdf
 
5 PMSUS 3 
• Unidade de Acolhimento Adulto: destinados a pessoas que fazem uso do crack, álcool e outras drogas, maiores de 18 
(dezoito) anos. 
• Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil: destinadas a adolescentes e jovens (de 12 até 18 anos completos) que fazem uso 
do crack, álcool e outras drogas. 
• Este serviço foi instituído pela Portaria nº 121, de 25 de janeiro de 2012, para pessoas com necessidades decorrentes do uso 
de crack, álcool e outras drogas. 
A UA desenvolve várias atividades de acordo com o Projeto Terapêutico Singular (PTS), tais como: acolhimento humanizado, com 
estímulo à grupalização e socialização; desenvolvimento de ações que garantam a integridade física e mental e de intervenções 
que favoreçam a adesão ao tratamento, visando à interrupção ou redução do uso de crack, álcool e outras drogas; 
acompanhamento psicossocial ao usuário e sua família; atendimento psicoterápico e de orientação; atendimento em grupos; 
oficinas terapêuticas; atividades sociofamiliares, comunitárias e de reinserção social; articulação com a rede Intersetorial, 
especialmente com a assistência social, educação, justiça e direitos humanos, visando à reinserção social, familiar e laboral, como 
preparação para a saída; articulação com programas culturais, educacionais e profissionalizantes, de moradia e de geração de 
trabalho e renda; saídas programadas e voltadas à completa reinserção do usuário, considerando suas necessidades, com ações 
articuladas e direcionadas à moradia, ao suporte familiar, à inclusão na escola e à geração de trabalho e renda. 
b) Serviços de Atenção em Regime Residencial 
Os Serviços de Atenção em Regime Residencial, dentre os quais também estão consideradas as Comunidades Terapêuticas, são 
serviços de saúde destinados a oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter residencial transitório por até nove meses, para 
adultos com necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Estes serviços são 
regulamentados através da Portaria nº 131/12. 
Os serviços de Atenção em Regime Residencial, assim como em outras unidades de saúde, devem funcionar de forma articulada 
com a Atenção Básica, que apoia e reforça o cuidado clínico geral dos seus pacientes e com o CAPS que é responsável pela 
indicação do acolhimento, pelo acompanhamento especializado durante este período, pelo planejamento da saída e pelo 
seguimento do cuidado. Bem como, participar de forma ativa da articulação intersetorial para promover a reinserção do usuário 
na comunidade. Os projetos técnicos elaborados pelas unidades que oferecem cuidados voltados à atenção em regime 
residencial estão embasados nas seguintes diretrizes de acordo com artigo 6º da portaria 131/2012: 
• Respeitar, garantir e promover os diretos do residente como cidadão; 
• Ser centrado nas necessidades do residente, em consonância com a construção de sua autonomia e reinserção social; 
• Garantir ao residente o acesso a meios de comunicação; 
• Garantir o contato frequente do residente com a família, desde o início da inserção na entidade; 
• Respeitar a orientação religiosa do residente, sem impor e sem cercear a participação em qualquer tipo de atividade religiosa 
durante a permanência na entidade; 
• Garantir o sigilo das informações prestadas pelos profissionais de saúde, familiares e residentes; 
• Inserção da entidade na Rede de Atenção Psicossocial, em estreita articulação com os CAPS, a Atenção Básica e outros 
serviços pertinentes; 
• Permanência do usuário residente na entidade por no máximo seis meses, com a possibilidade de uma só prorrogação por 
mais três meses, sob justificativa conjunta das equipes técnicas da entidade e do CAPS de referência, em relatório 
circunstanciado. 
Além disso, assim como em outras unidades de saúde da Rede de Atenção Psicossocial, o Projeto Terapêutico Singular deverá 
ser desenvolvido no serviço de saúde de atenção em regime residencial, com o acompanhamento do CAPS de referência, da 
Equipe de Atenção Básica e de outros serviços socioassistenciais, conforme as peculiaridades de cada caso. 
No entanto, é importante salientar que o CAPS de referência permanece responsável pela gestão do cuidado e do Projeto 
Terapêutico Singular durante todo o período de permanência do paciente residente no serviço de atenção em regime residencial.Desse modo, a equipe técnica do CAPS de referência acompanhará o tratamento do usuário residente por meio das seguintes 
medidas de acordo com o artigo 17 da Portaria 131/2012: 
 
6 PMSUS 3 
 
Ressalta-se que a atual Política Nacional de Saúde Mental incentiva estes serviços desde que toda e qualquer entidade ou 
instituição na Rede de Atenção Psicossocial do SUS seja orientada pela adesão aos princípios da reforma psiquiátrica, em especial 
no que se refere ao não isolamento de indivíduos e grupos populacionais. Portanto, a implantação desses serviços deve se 
organizar, realmente, de forma articulada com a Rede de Atenção Psicossocial e Rede de Apoio Social e familiar das pessoas com 
necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. 
Atenção Hospitalar 
A Atenção Hospitalar auxilia na intensificação, ampliação e diversificação das ações orientadas para a prevenção, promoção da 
saúde, preservação da vida, tratamento, redução dos riscos e danos associados ao consumo de substâncias psicoativas, bem 
como, ampliação do acesso ao tratamento hospitalar às pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso 
de crack, álcool e outras drogas de acordo com a Portaria 148/2012. 
Os serviços oferecem internações de curta duração, até a estabilidade clínica do usuário, respeitando as especificidades de cada 
caso. São adotados protocolos técnicos para o manejo terapêutico dos casos e estabelecimento de fluxos entre os pontos de 
atenção da RAPS, Rede de Atenção às Urgências e o sistema de regulação. A estratégia de redução de danos é também 
importante ferramenta como norteadora de projetos terapêuticos singulares, pactuados nos pontos de atenção da RAS. 
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/14923/mod_resource/content/1/un01/top01p04.html 
4. Compreender as terapias psiquiátricas (eletroconvulsoterapia, lobotomia, psicoterapia, medicamentos...) e entender as suas 
antigas e novas abordagens, seus benefícios e malefícios. 
Eletroconvulsoterapia 
No caso da eletroconvulsoterapia, são colocados eletrodos na cabeça e, com a pessoa sob anestesia, é aplicada uma série de 
descargas elétricas no cérebro para induzir uma breve convulsão. Essa terapia demonstrou consistentemente ser a mais eficaz 
para tratar a depressão grave. Muitas das pessoas tratadas com eletroconvulsoterapia têm perda temporária da memória. No 
entanto, contrariamente às informações repassadas por alguns meios de comunicação, a eletroconvulsoterapia é segura e 
raramente dá origem a outras complicações. O uso atual de anestésicos e relaxantes musculares reduziu, em grande parte, 
qualquer risco para o paciente. 
A eletroconvulsoterapia (ECT) usa uma pequena corrente elétrica para produzir uma convulsão cerebral generalizada sob 
anestesia geral. A ECT é usada principalmente para tratar a depressão grave, m as também é indicada para pacientes com outras 
condições, incluindo transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, catatonia e síndrome neuroléptica maligna. O 
mecanismo de ação da ECT é desconhecido, m as existem muitas alterações bem documentadas no sistema nervoso central: 
• Estudos em humanos e animais mostram que a ECT aumenta a liberação de neurotransmissores de monoamina, 
particularmente dopamina, serotonina e norepinefrina. A ECT também aumenta a transmissão de monoamina por 
dessensibilizar os autorreceptores adrenérgicos pré-sinápticos. 
• A hipótese neuroendócrina sugere que a ECT alivia a depressão, fazendo com que o hipotálamo ou a hipófise libere 
hormônios, incluindo prol actina, hormônio estimulador da tireoide, hormônio adrenocorticotrópico e endorfinas. 
• A ECT tem propriedades anticonvulsivantes (talvez relacionadas a neuro-hormônios e maior transmissão do ácido gama-
aminobutírico), o que levou à sugestão de que essas propriedades são responsáveis pelos efeitos terapêuticos. 
• A hipótese neurotrófica sugere que a ECT atua aumentando a sinalização neurotrófica e induzindo a neurogênese 
(plasticidade estrutural do cérebro). Vários estudos descobriram que a ECT aumenta o fator neurotrófico derivado do cérebro 
e o volume da substância cinzenta no hipocampo, amígdala e lobos temporais. 
• Estudos de tomografia por emissão de pósitrons demonstram diminuição da atividade metabólica no córtex frontal e 
cingulado após ECT. 
• A ECT pode alterar a conectividade do cérebro. Um estudo de ressonância magnética funcional antes e depois do tratamento 
bem-sucedido com ECT revel ou uma redução na conectividade global dentro do córtex pré-frontal lateral dorsal esquerdo, 
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/14923/mod_resource/content/1/un01/top01p04.html
 
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enquanto outro estudo de ressonância magnética funcional encontrou aumento da conectividade do hipocampo direito. e 
um estudo estrutural encontrada conectividade aumentada em circuitos fronto-límbicos dorsais. 
• Estudos quantitativos de eletroencefalograma demonstram aumento da atividade das ondas lentas (delta) no córtex pré-
frontal após a ECT, que está associada à resposta clínica. 
Indicações para terapia eletroconvulsiva (ECT): 
• Depressão maior unipolar 
Refratário ou resistente a uma terapia antidepressiva; existe necessidade de uma resposta rápida ao tratamento, como na 
gravidez, intenção suicida persistente ou recusa alimentar que leva a desidratação ou comprometimento nutricional; 
Comorbidades médicas impedem o uso de medicamentos antidepressivos; Resposta anterior ao ECT; Características psicóticas 
(por exemplo, delírios ou alucinações); Catatonia. 
• Depressão bipolar ou mania 
Efeitos adversos 
“Não há dúvida de que a ECT é eficaz e salva vidas para uma população selecionada de pacientes. No entanto, um bom equilíbrio 
entre benefícios sustentados e possíveis riscos ou efeitos colaterais cognitivos graves nem sempre é alcançado ”. 
Efeitos médicos gerais adversos 
A ECT é um dos procedimentos mais seguros realizados sob anestesia geral. A taxa de mortal idade da ECT é de no máximo 2 a 4 
mortes por 100.000 tratamentos, e alguns estudos estimam que a taxa seja inferior a 2 mortes por 100.000 tratamento. Além 
disso, um a revisão de 10 revisões sistemáticas, 7 metanálises e 3 diretrizes de prática constatou que a mortalidade associada à 
ECT foi comparável à mortalidade associada a procedimentos menores envolvendo anestesia geral. A mortalidade está 
principalmente relacionada a eventos cardiopulmonares. Pacientes com doença cardíaca coronária podem estar em risco de 
eventos isquêmicos cardíacos porque a convulsão aumenta a carga de trabalho cardíaca e a demanda de oxigênio. Os efeitos 
cardiovasculares da ECT são discutidos separadamente. 
Efeitos cognitivos adversos 
A maioria dos pacientes relata alguns efeitos cognitivos adversos durante e após um curso de ECT. Uma revisão sistemática de 
quatro estudos observacionais (597 pacientes tratados com ECT) descobriu que a proporção de pacientes que relataram qualquer 
perda de memória variou de 51 a 79 por cento. A incidência depende da colocação do eletrodo, tipo de estímulo e dose, anestesia 
e estado cognitivo pré-tratamento do paciente. 
Tipos de comprometimento - a ECT causa três tipos básicos de com prometimento cognitivo: 
• Confusão aguda 
• Amnésia anterógrada 
• Amnésia retrógrada 
Outras terapias de estimulação do cérebro 
Outras terapias que estimulam o cérebro, como a estimulação transcraniana magnética repetitiva e estimulação do nervo vago , 
estão em fase de estudo e podem ser benéficas para pessoas com depressão que não respondem a medicamentos ou 
psicoterapia. Essas terapias envolvem a ativação ou estimulação do cérebro diretamente com imãs ou implantes que estimulam 
o nervo vago. Espera-se que as células estimuladas liberem mensageiros químicos (neurotransmissores), que ajudam a controlar 
o humor e assim aliviar sintomas de depressão. 
Lobotomia e leucotomia 
A lobotomia e leucotomia foram utilizadas em pacientes de instituições asilares brasileiras, entre 1936 e 1956.Também 
chamadas de psicocirurgias, eram intervenções que consistiam em desligar os lobos frontais direito e esquerdo de todo o 
encéfalo, visando modificar comportamentos ou curar doenças mentais. Leucotomia vem do grego leuco = branco 
e tomos = "corte", "separação", "cisão", ou seja, "corte da substância branca". Mais genérico, o termo lobotomia vem do 
grego lobos = "porção", "parte" e do mesmo tomos. Yahn (1946) diz preferir o termo leucotomia. "Lobotomia" não especifica que 
a intervenção é sempre na substância branca e "psicocirurgia" leva a pensar no absurdo de uma cirurgia no psiquismo, quando 
na verdade é no cérebro, com o intuito de obter um efeito secundário sobre o psíquico. 
Apesar de a lobotomia e a leucotomia serem técnicas neurocirúrgicas, a finalidade era conseguir uma modificação de 
comportamento ou eliminação de sintomas psicopatológicos. As psicocirurgias eram indicadas para pacientes que 
apresentassem uma sintomatologia psiquiátrica não influenciada por outros tratamentos, como a eletroconvulsoterapia, o coma 
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/transtornos-convulsivos/transtornos-convulsivos#v739065_pt
 
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insulínico, o coma cardiazolítico e uma infinidade de outras terapêuticas. Embora se soubesse que acidentes cerebrais, tumor, 
derrame, isquemia, infecções etc. poderiam desencadear sintomas psicopatológicos, o objetivo das cirurgias era intervir numa 
região cerebral, os lobos pré-frontais, não necessariamente atacados por aqueles tipos de desordens neurológicas já conhecidas. 
Era justamente sobre este ponto que recaíam as principais críticas ao procedimento, que não intentava remover ou reparar 
partes doentes do cérebro, como as neurocirurgias tradicionais, mas modificá-lo. 
Durante a Primeira Guerra Mundial, muitos soldados feridos na região frontal do cérebro apresentavam modificações de 
personalidade depois de recuperados das lesões. Observou-se então que, de acordo com o tipo e localização da lesão, ocorria 
uma diferente transformação comportamental. Segundo Freeman e Watts, a cura dar-se-ia pelo desligamento das fibras do eixo 
lobo pré-frontal tálamo. Yahn explica a ideia dos americanos: Uma vida mental equilibrada resultaria, pois, de uma harmonia 
perfeita nas correlações funcionais entre o tálamo e o córtex frontal. O exagero da atividade talâmica determinaria ansiedade, 
depressão, melancolia e perversões instintivas que levariam ao suicídio, automutilação, sordície etc. Quando há exagero da 
atividade frontal teríamos tensão-obsessiva, preocupação hipocondríaca. 
No Brasil 
Não se sabe exatamente quantas lobotomias foram realizadas nos hospitais brasileiros, mas apenas nos relatos de pesquisa 
consultados excedem mil. Yahn et al. admitem que trataram aproximadamente quatrocentos pacientes, com cerca de setecentas 
intervenções. No Brasil, houve um abandono repentino desta prática, não sendo mais publicados trabalhos a partir de 1956. O 
abandono repentino da prática e as críticas dos próprios cirurgiões indicam que os médicos estavam aguardando novas 
alternativas de tratamento das doenças mentais menos invasivas e mais eficientes. Segundo Carpenter (1978), um importante 
fator para a desistência da leucotomia e lobotomia foi a introdução dos psicofármacos nos tratamentos psiquiátricos, os quais 
permitem melhores prognósticos e menores riscos. 
Podemos indicar pelo menos mais seis fatores que levaram ao abandono da prática no Brasil: a baixa eficácia; a grande 
periculosidade; a irreversibilidade do procedimento, a imprevisibilidade em certos casos e os impasses éticos. Falamos aqui em 
abandono das técnicas psicocirúrgicas rudimentares e de alta periculosidade. Atualmente existem cirurgias neurológicas 
destinadas ao tratamento de psicopatologias, porém, a indicação é rara. O desenvolvimento dos métodos estereotáxicos em 
neurocirurgia possibilitou aumentar a margem de segurança consideravelmente, tanto do ponto de vista curativo quanto dos 
efeitos colaterais. Já é possível utilizar feixes de radiação ionizante para se atingir qualquer ponto do encéfalo com extrema 
precisão, sem abrir o crânio nem danificar tecidos cerebrais. 
Se a cura fosse a única meta, a lobotomia e leucotomia não teriam prevalecido por vinte anos na psiquiatria brasileira, pois não 
foi preciso muito tempo para se concluir que os poucos benefícios advindos deste tratamento não compensavam os enormes 
riscos ou prejuízos físicos e psicológicos decorrentes, caso o paciente não morresse durante a intervenção ou de complicações 
futuras. Além da falta de opções terapêuticas, a insistência nesta prática era subsidiada por pelo menos dois outros objetivos: a 
diminuição da lotação manicomial e a experimentação. 
Durante a Segunda Guerra Mundial muitos abusos foram cometidos contra povos e indivíduos considerados inferiores, em nome 
de um suposto conhecimento científico. Com o final da guerra, os protagonistas, muitos deles médicos, foram julgados e 
condenados por crimes contra a humanidade por um tribunal internacional formado na cidade de Nuremberg em 1946. Esse 
tribunal elaborou um código de ética para pesquisas com seres humanos que ficou conhecido como Código de Nuremberg, 
publicado em 1947, com regras como consentimento, qualificação, resultados vantajosos, proteção da morte e danos. 
Psicoterapia 
Nos últimos anos, houve importantes avanços no campo da psicoterapia, que às vezes é denominada terapia de conversa. Ao 
criar um ambiente de empatia e aceitação, o terapeuta é capaz de ajudar a pessoa, frequentemente, na identificação da origem 
do seu problema e a considerar as alternativas para enfrentá-lo. A intuição emocional e a introspecção que a pessoa obtém com 
a psicoterapia dão lugar, com frequência, a uma mudança de atitude e de comportamento, permitindo que a pessoa tenha uma 
vida mais plena e satisfatória. A psicoterapia é apropriada e eficaz para uma grande variedade de doenças. Mesmo as pessoas 
que não sofrem de transtornos mentais podem encontrar ajuda na psicoterapia para enfrentar alguns problemas, como 
dificuldades profissionais, perda de ente querido ou doença crônica na família. Igualmente, a terapia de grupo, a terapia conjugal 
e a terapia familiar estão sendo muito utilizadas. 
Terapia comportamental: A terapia comportamental implica um determinado número de intervenções que têm como objetivo 
ajudar o paciente a desaprender comportamentos inadequados, aprendendo ao mesmo tempo comportamentos adequados. 
A terapia da exposição , frequentemente utilizada para tratar fobias, é um exemplo de terapia comportamental. Na terapia de 
exposição, a pessoa é exposta a objetos, atividades, ou situações que ela tem em um ambiente seguro. A finalidade é reduzir o 
medo e ajudar a pessoa a parar de evitar as coisas que lhe causam medo. A terapia comportamental está relacionada com a 
terapia cognitiva. Por vezes, utiliza-se uma combinação das duas, conhecida como terapia cognitivo-comportamental. A base 
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/ansiedade-e-transtornos-relacionados-ao-estresse/transtornos-f%C3%B3bicos-espec%C3%ADficos#v26234061_pt
 
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teórica da terapia comportamental é a aprendizagem da teoria que defende que os comportamentos anômalos são consequência 
de uma educação incorreta. 
Terapia cognitiva: A terapia cognitiva ajuda a pessoa a identificar as distorções do seu pensamento e a compreender de que 
maneira essas distorções causam problemas na sua vida. Por exemplo, a pessoa talvez pense de uma maneira do tipo “tudo ou 
nada” (“se eu não for um sucesso total, então sou um fracasso total”). A premissa é a de que o modo de sentir e de se comportar 
é determinado pela forma como a pessoa interpreta suas experiências. Graças à identificação das crenças e suposições 
fundamentais, a pessoa aprende a pensar de formas diferentes sobre as suas experiências, reduzindo sintomas e resultando 
numa melhora do comportamento e dos sentimentos.Terapia interpessoal: A terapia interpessoal foi concebida inicialmente como um breve tratamento psicológico para a depressão, 
e tem como objetivo melhorar a qualidade dos relacionamentos da pessoa com depressão. Ela dá enfoque a: 
• Sofrimento não resolvido 
• Conflitos surgidos quando a pessoa precisa desempenhar um papel que difere de suas expectativas (por exemplo, 
quando uma mulher inicia um relacionamento esperando ser mãe e dona de casa e descobre que também precisa ser a 
principal fonte de sustento da família) 
• Transição para papéis sociais (por exemplo, passar de ser trabalhador ativo para aposentado) 
• Dificuldade em se comunicar com os outros 
• O terapeuta ensina a pessoa a melhorar os seus comportamentos nas relações interpessoais, como, por exemplo, a 
superar seu isolamento social e a responder de um modo diferente do habitual aos demais. 
Psicanálise: A psicanálise é a forma mais antiga de psicoterapia e foi desenvolvida por Sigmund Freud no início do século XX. A 
pessoa costuma deitar-se num divã, no consultório do terapeuta, entre quatro a cinco vezes por semana, e diz o que lhe vem à 
mente – uma prática denominada de livre associação. A maior parte do tratamento se concentra em ajudar a pessoa a entender 
de que maneira os padrões de relacionamentos pessoais do passado se repetem no presente. A relação entre paciente e 
terapeuta é um ponto-chave deste enfoque. O conhecimento de como o passado afeta o presente ajuda a pessoa no 
desenvolvimento de formas novas e mais adaptadas de atuação nas suas relações pessoais e profissionais. 
Psicoterapia psicodinâmica: A psicoterapia psicodinâmica, como a psicanálise, coloca a ênfase na identificação de padrões 
inconscientes nos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Neste caso, o paciente costuma estar sentado em vez de 
deitado num divã e tem apenas entre uma e três sessões por semana. Além disso, menos ênfase é dado ao relacionamento entre 
o paciente e o terapeuta. 
Psicoterapia de apoio: A psicoterapia de manutenção, que é mais comumente usada, se baseia no relacionamento empático e 
de manutenção entre a pessoa e o terapeuta. Ela estimula a expressão dos sentimentos e o terapeuta dá suporte na solução de 
problemas. Psicoterapia voltada a problemas, uma forma de psicoterapia de manutenção que pode ser usada com sucesso por 
clínicos gerais. 
Medicamentos 
Muitos medicamentos psicoativos são altamente eficazes e amplamente usados por psiquiatras e outros médicos. A classificação 
destes medicamentos costuma ser feita de acordo com o principal transtorno para o qual são prescritos. Por exemplo, os 
antidepressivos são utilizados para tratar depressão. A categoria mais amplamente usada de antidepressivos é a de inibidores 
seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), como fluoxetina, sertralina, paroxetina e citalopram (Inibidores seletivos de 
recaptação da serotonina (ISRS)). Outras categorias de antidepressivos incluem os inibidores de recaptação de serotonina-
norepinefrina (IRSN), como venlafaxina, duloxetina ou desvenlafaxina, e inibidores de recaptação de norepinefrina-dopamina, 
como bupropiona. Antidepressivos tricíclicos como amitriptilina e nortriptilina são pouco usados, a menos que a pessoa também 
tenha transtornos que causem dor que interfira com as atividades e o trabalho. Inibidores de monoamina oxidase podem ser 
eficazes, mas são raramente usados, exceto quando outros antidepressivos não foram eficazes. Os medicamentos antipsicóticos, 
como cloropromazina, haloperidol e tiotixeno, são úteis no tratamento de transtornos psicóticos, como a esquizofrenia 
(medicamentos antipsicóticos). Novos medicamentos antipsicóticos (comumente chamados atípicos ou antipsicóticos de 2ª 
geração), como a risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona e aripiprazol, são agora geralmente usados no tratamento 
inicial. Para pessoas que não respondem a outros medicamentos antipsicóticos, a clozapina está sendo cada vez mais usada. 
ISRSs e medicamentos ansiolíticos, como clonazepam, lorazepam e diazepam, assim como antidepressivos, são usados para tratar 
transtornos de ansiedade, como transtorno de pânico e fobias. Estabilizadores de humor, como lítio, carbamazepina, valproato, 
lamotrigina e topiramato, são usados para tratar o transtorno bipolar. 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-
sobre-cuidados-com-a-sa%C3%BAde-mental/tratamento-das-doen%C3%A7as-mentais 
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/Lg63Lg8vPjHT4v3TLvYmpyG/?lang=pt 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-cuidados-com-a-sa%C3%BAde-mental/tratamento-das-doen%C3%A7as-mentais
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-cuidados-com-a-sa%C3%BAde-mental/tratamento-das-doen%C3%A7as-mentais
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/Lg63Lg8vPjHT4v3TLvYmpyG/?lang=pt

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