Buscar

material de apoio direito civil prof maite

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 543 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 543 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 543 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
DIREITO CIVIL 
PROF.ª MAITÊ DAMÉ 
 
2 
 
DIREITO CIVIL 
PROF.ª MAITÊ DAMÉ 
SUMÁRIO 
01. PARTE GERAL .................................................................................................................................................... 2 
02. DIREITO DAS COISAS ................................................................................................................................ 181 
03. DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................................................... 289 
04. SUCESSÕES ................................................................................................................................................. 407 
 
 
01. PARTE GERAL 
01. Constitucionalização do Direito Privado. Pessoa natural: aquisição da personalidade, 
direitos do nascituro, diferença entre capacidade de fato e capacidade de direito, 
incapacidade absoluta e incapacidade relativa 
1.1 Direito Civil e Constituição 
Apesar de o Direito Civil ser ramo do direito privado, em razão de ter utilidade particular, 
deve ser interpretado a luz das normas constitucionais. Os ramos do Direito não podem ser 
interpretados de forma isolada e estanque. Há, nesse sentido, a chamada constitucionalização 
do direito privado ou do direito civil. Este processo refere-se a aplicação das normas 
constitucionais na interpretação do direito privado. 
Então, se houver a interpretação das leis civis de acordo com a Constituição e os direitos 
fundamentais haverá a possibilidade da permanente evolução do Direito Civil, adaptando-se, 
dessa maneira, à evolução da sociedade. 
No direito brasileiro, este processo ocorreu, especialmente, a partir da Constituição 
Federal de 1988, quando as normas garantidoras de direitos e garantias fundamentais passaram 
a ser aplicados e respeitados no âmbito civil. Com isto, o direito civil está, permanentemente 
sob a tutela constitucional e os direitos fundamentais, que já eram respeitados por parte do 
Estado, passam a ser, também, no âmbito privado, nas relações entre particulares. Exemplo 
disto são os direitos fundamentais da igualdade, liberdade, dignidade, devido processo legal, 
etc. 
 
 
3 
 
1.2 Divisão da Parte Geral 
O Código Civil divide a parte geral em três partes. A teoria das pessoas, que trabalha com 
os sujeitos de direitos (pessoas naturais e jurídicas); a teoria dos bens, que se destina a estudar 
os objetos de direitos; e a teoria dos fatos, que são os eventos que criam, modificam, 
conservam, transferem ou extinguem direitos (negócios jurídicos, atos jurídicos – lícitos e ilícitos, 
prescrição e decadência, prova). 
Existe, portanto, uma lógica de estudo. 1) estudam-se as pessoas; 2) estudam-se os bens, 
que são os objetos dos direitos; 3) estuda-se os fatos jurídicos, ou seja, o meio pelo qual nascem, 
modificam-se e extinguem-se os direitos. 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
1.3 Pessoas Naturais 
A função do Direito é regular a sociedade e esta última é formada de pessoas. A todo 
direito, corresponde um sujeito, que é, então, o titular. 
É nesse sentido o art. 1.º, CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. 
 
4 
 
Somente as pessoas podem ser sujeitos de Direito, sejam elas naturais ou jurídicas. 
Animais e coisas são objetos do Direito, mas não podem ser sujeitos dele. 
A questão, agora, é saber a partir de quando a pessoa pode ser considerada sujeito de 
Direito, ou seja, basta que uma pessoa nasça para que seja assim considerada e, dessa forma, 
adquira personalidade. 
 
1.3.1 Personalidade/ Aquisição da personalidade jurídica 
Personalidade jurídica é a “aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, 
ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito”1. A partir do momento 
em que o sujeito tem personalidade, que ele se torna sujeito de direito, podendo praticar atos e 
negócios jurídicos. 
O art. 2.º, CC afirma que a personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas 
traz a ressalva de que a lei protege os direitos do nascituro desde a concepção: 
Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Dessa maneira, o marco inicial da personalidade é o nascimento com vida. O nascimento 
ocorre quando a criança é separada do ventre materno, seja por parto natural, seja por cesárea. 
O importante é que a unidade biológica seja desfeita, de forma que mãe e filho sejam dois 
corpos, cada um com uma vida biológica e orgânica própria. 
Mas como saber se houve nascimento com vida? Basta que a criança tenha respirado. Se 
respirou, viveu, mesmo que tenha morrido em seguida. Neste caso, lavra-se o assento de 
nascimento e o de óbito (art. 53, § 2.º, LRP). 
Qual o motivo de toda essa importância dada ao nascimento com vida, a saber se a 
criança respirou ou não? Traga-se um exemplo para clarificar. 
Ex.: casal João e Maria, casados pelo regime da separação de bens. João falece e Maria está 
grávida. Se o filho de Maria e João nascer com vida, respirar, tornar-se-á herdeiro do patrimônio 
junto com Maria. Assim, se ele falecer em seguida, Maria receberá todo o patrimônio, pois é 
herdeira do filho. Contudo, se a criança não tiver respirado, o patrimônio de João será 
transmitido a Maria e aos pais de João. 
 
1 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: parte geral. 
18.ed. v.1. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 132. 
 
5 
 
Como é feita a constatação do nascimento com vida? Através de um exame chamado 
docimasia hidrostática de Galeno, que se baseia no princípio de que se o feto respirou, inflou 
de ar seus pulmões. Assim, retirando-se os pulmões do feto que veio a falecer, colocando-se em 
um recipiente com água, se tiver havido respiração, o pulmão flutuará. Caso não tenha havido 
respiração, o pulmão, não tendo recebido ar, estando com as paredes alveolares unidas, 
afundará. Atualmente já existem outras formas de verificar a respiração, pois é possível, através 
de exame microscópio de fragmentos do pulmão verificar se possui bolhas de ar ou não. 
1.3.1.1 Nascituro 
Nascituro é aquele que está por nascer, ou seja, aquele que está se desenvolvendo no 
ventre materno, que foi concebido, mas não nasceu ainda. 
O art. 2.º, CC protege os direitos do nascituro desde sua concepção. 
Ao nascituro são reconhecidos certos direitos, desde que reconhecida sua personalidade 
e, posteriormente, sua capacidade. Sendo assim, possui capacidade reduzida. 
Mas o art. 2.º, CC também protege os direitos do natimorto, ou seja, aquele que não 
chegou a nascer com vida (não chegou a respirar). Nesse aspecto, o enunciado 1 das Jornadas 
de Direito Civil prevê que há a proteção do nome, da imagem e da sepultura: 
A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que 
concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e 
sepultura. 
 
1.3.1 Capacidade de fato e Capacidade de direito 
As pessoas naturais possuem dois tipos de capacidade: capacidade de direito e 
capacidade de fato. 
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações. 
Dessa forma, passa a ter a capacidade de direito, ou seja, a aptidão que as pessoas têm, 
conferida pelo ordenamento jurídico, para serem titulares de uma situação jurídica. 
Assim, toda pessoa tem capacidade de direito. Contudo, nem todos podem exercer seus 
direitos pessoalmente, pois pode faltar a consciência para o exercício de atos de natureza 
privada, em razão de determinadas limitações (orgânicas – idade, p.ex. – ou psicológicas – 
viciados em tóxicos). Estes detêm apenas a capacidade de direito. 
Aqueles que puderem atuar pessoalmente no exercício de seus direitos terão, além da 
capacidade de direito, a capacidade de fato. 
 
6 
 
Assim, aquelesque tiverem as duas capacidades – de fato e de direito – terão a 
capacidade civil plena. 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
Contudo, capacidade é diferente de legitimidade/legitimação. Muitas vezes, uma pessoa 
capaz não é legitimada a praticar determinados atos. 
Ex.: art. 1521, IV, CC – dois irmãos, ainda que capazes, não poderão casar entre si, pois não 
há legitimação. Se não for respeitado esse impedimento, haverá nulidade do matrimônio. 
Ex.: art. 1.647, I – atos de alienação, praticados por pessoa casada. Há a necessidade de 
autorização do cônjuge. Se não for respeitada essa legitimação e a alienação for feita sem a 
autorização do cônjuge, o negócio será anulável, dentro do prazo de 2 anos, a contar do fim da 
sociedade conjugal (art. 1.649, CC). 
 
 
1.3.2 Incapacidades 
As pessoas que não possuem a capacidade de fato têm capacidade limitada e são 
chamadas de incapazes. Não existe incapacidade de direito, já que, conforme o art. 2.º, CC todos 
que nascem com vida adquirem a capacidade de direito (mas não a de fato). Dessa maneira, as 
 
7 
 
incapacidades são restrições impostas às pessoas, em condições peculiares, que necessitam, 
em razão dessa condição, de proteção especial. 
Deve-se destacar que o Estatuto da pessoa com deficiência, lei 13.246/2015, alterou 
significativamente a teoria das incapacidades. 
 
 
1.3.2.1 Pessoas Absolutamente Incapazes 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 
 
A incapacidade absoluta impede que a pessoa exerça por si só o direito. Dessa forma, o ato 
só poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz. 
O absolutamente incapaz possui direito. Porém, não pode exercê-lo por si próprio. São as 
pessoas que não tem aptidão para praticarem, sozinhas ou por si próprias, os atos da vida civil. 
Significa dizer que possuem capacidade de direito, mas não possuem a capacidade de fato ou 
exercício. 
Nestes casos, o ato jurídico é praticado por outra pessoa (o representante legal), em nome 
do incapaz. Trata-se da REPRESENTAÇÃO. Dessa maneira, o ato é praticado pelo incapaz, 
representado pelo pai ou responsável legal. 
Ex.: Fulano de tal, menor absolutamente incapaz, representado por seus pais, Beltrano e 
Beltrana de Tal. 
A inobservância dessa regra gera a nulidade do ato, nos termos do art. 166, I, CC. 
Como já mencionado, o Estatuto da pessoa com deficiência alterou a teoria das 
incapacidades. Atualmente, não há outra hipótese de incapacidade absoluta que não seja em 
razão da idade (menor de 16 anos). Antes dessa alteração, as pessoas com deficiência eram 
absolutamente incapazes. Agora, não são. As pessoas com deficiência são, via de regra, 
plenamente capazes de exercer atos da vida civil. Não há mais, portanto, interdição absoluta. 
Poderá ocorrer alguma situação de incapacidade relativa (art. 4.º, CC). 
 
1.3.3.2 Pessoas Relativamente Incapazes 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer: 
 
8 
 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por 
legislação especial. 
 
A incapacidade relativa permite que o incapaz realize o ato, desde que esteja assistido 
pelo representante legal. Nesses casos, o próprio indivíduo, relativamente incapaz, pratica o ato, 
sendo assistido pelo representante legal. Trata-se da ASSISTÊNCIA. 
Maiores de 16 anos e menores de 18 anos. 
Aqueles indivíduos que estejam entre os 16 e os 18 anos de vida podem praticar atos da 
vida civil, mas assistidos pelos representantes legais, sob pena de ser anulado o ato. 
Caso seja praticado o ato, poderá ser anulado (art. 171, I, CC), desde que a ação seja 
proposta no prazo de 4 anos a contar do momento em que cessar a incapacidade (art. 178, CC). 
Contudo, existem atos que podem ser praticados pelo relativamente incapaz, mesmo sem 
a assistência do seu representante legal, como p. ex., ser testemunha (art. 228, I), aceitar 
mandato (art. 666), fazer testamento (art. 1.860, § único), casar (art. 1.517, CC – necessita de 
autorização dos genitores). 
Havendo conflito de interesses entre o pai/representante legal e o relativamente incapaz, 
o juiz deverá nomear curador especial (art. 1.692, CC). 
Deve-se observar que o objetivo do Código Civil é estabelecer uma proteção diferenciada 
para os maiores de 16 e menores de 18 anos. 
Dessa forma, caso o relativamente incapaz pratique um ato ocultando sua idade, não 
poderá invocar a idade para eximir-se de obrigação, pois o Código não protege a má-fé. Nesse 
sentido é a disposição do art. 180, CC: 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-
se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou 
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-
se maior. 
 
 
9 
 
Se, contudo, não houver malícia por parte do relativamente incapaz, o ato será anulável, 
nos termos do art. 171, I, CC: 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o 
negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
Mas essa incapacidade, por se tratar de exceção pessoal, só pode ser arguida pelo próprio 
incapaz ou pelo representante legal. Nesses termos, o art. 105, CC: 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser 
invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-
interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do 
direito ou da obrigação comum. 
 
Deve-se observar que esse ato pode ser convalidado: 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo 
direito de terceiro. 
Ébrios habituais e viciados em tóxicos 
Aqueles que sejam viciados em álcool ou tóxicos serão considerados relativamente 
incapazes. Situações de uso de tóxicos ou álcool que seja habitual e reduza a capacidade de 
discernimento. Os que forem usuários eventuais e que, temporariamente não puderem 
exprimir sua vontade, serão enquadrados o inciso III, do mesmo dispositivo. 
Deverá haver um processo de interdição relativa, com a instituição da curatela, analisando 
se é caso de incapacidade ou não. Neste caso, o processo de interdição e curatela está disposto 
no CPC/2015, no art. 747 e seguintes. 
Especificamente, o art. 753, § 2.º, CPC/2015 dispõe que a perícia a ser realizada no processo 
de interdição, definirá a extensão da mesma, ou seja, para quais atos o interditado estará 
impedido. 
 
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir a vontade 
Aqui enquadram-se todas as pessoas que não possam exprimir sua vontade, seja por 
situação permanente ou transitória. Nesse quadro estão os surdos-mudos, desde que não 
 
10 
 
tenham recebido educação adequada e permaneçam isolados. Se tiverem recebido educação e 
puderem, por qualquer forma, exprimir sua vontade, serão capazes. 
Também se encaixam os portadores de mal de Alzheimer. 
Em todos os casos, necessária a interdição, conforme já mencionado. 
Alguns, mais desavisados, podem questionar: e os portadores de síndrome de down, são 
enquadrados como? Em razão do Estatuto da pessoa com deficiência que, sabiamente, alterou 
a teoria das incapacidades, estes indivíduos – até por questões de desenvolvimento e estímulo – 
são, via de regra, plenamente capazes. Eventualmente, pode ser caso de tomada de decisão 
apoiada ou, então, enquadrados como relativamente incapazes por força do inciso III, do art. 4.º, 
CC. Contudo, é situação excepcional. A regra é a capacidade plena. 
 
Pródigos. 
Pródigo é aquele que dissipa seu patrimônio desvairadamente, aquele que gasta 
imoderadamente, colocando seu patrimônioem risco. Contudo, o pródigo só passará a ser 
considerado relativamente incapaz com a sentença de interdição que lhe qualifique como tal. 
A justificativa da interdição do pródigo é o fato de que está permanentemente em risco 
de se submeter a miséria, colocando todo seu patrimônio fora. Sua interdição refere-se tão 
somente quanto a atos de disposição e oneração do patrimônio. Pode administrar seu 
patrimônio, mas não poderá praticar atos que venham a desfalca-lo. Os demais atos (votar, ser 
jurado, testemunha, etc) poderá praticar. 
 
 
Situação dos índios 
O art. 4.º, no seu § único traz a normatização com relação aos índios, deixando para lei 
especial a apreciação. O Estatuto do Índio (lei 6.001/73), deixa a responsabilidade, quanto a sua 
proteção, a cargo da FUNAI (Fundação Nacional do Índio). A Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) 
considera que o índio que não estiver integrado ficará sob tutela, reputando-se nulos todos os 
atos praticados por eles sem a devida assistência do órgão responsável (art. 8.º). Contudo, se o 
índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo pelo ato praticado, será 
considerado plenamente capaz para os atos da vida civil. 
Sabe-se que os índios estão constantemente sendo integrados na sociedade brasileira, de 
forma que não há mais justificativa para que sejam considerados incapazes. Assim, os índios 
 
11 
 
somente poderão ser considerados incapazes quando restar comprovado que não são 
civilizados e que não possuam discernimento sobre os atos a serem praticados. 
 
1.3.4 Modos de suprimento das incapacidades (representação e assistência) 
A incapacidade absoluta é suprida através da representação pelos pais ou representantes 
legais. Se o absolutamente incapaz praticar atos sem a devida representação o ato será nulo. 
Dessa forma, no caso da representação, é o representante quem pratica o ato, no interesse do 
incapaz. 
A representação (legal ou voluntária) está disciplinada nos arts. 115 a 120 do CC. Contudo, 
deve-se ter em mente que existem dois tipos de representação diferentes: a representação 
legal e a representação voluntária (aquela que ocorre através de mandato – procuração) – art. 
115, CC. A representação voluntária – mandato – será tratada nos negócios jurídicos. 
O suprimento da incapacidade relativa, por sua vez, se dá pela assistência, ou seja, o 
relativamente incapaz pratica o ato jurídico em conjunto com o assistente, sob pena de 
nulidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
* Para todos verem: mapa mental sobre Pessoa Natural 
 
 
QUESTÕES 
 
 
 
 
13 
 
02. Cessação da incapacidade em razão da idade. Maioridade e emancipação. Tutela e 
curatela 
 
2.1 Cessação da incapacidade 
A incapacidade cessa quando desaparecem os motivos que a determinam. Quando a 
causa da incapacidade é a idade, desaparece pela maioridade ou pela emancipação. 
 
2.1.1 Maioridade 
Nos termos do art. 5.º, CC, a incapacidade cessa aos 18 anos, quando a pessoa passa a estar 
habilitada para praticar todos os atos da vida civil. A menoridade cessa, dessa forma, no primeiro 
momento do dia em que o indivíduo perfaz os 18 anos, ou seja, se o nascimento ocorreu em 29 
de fevereiro de ano bissexto, completa a maioridade no dia 1.º de março. Ex.: nasceu em 05/10. 
Completa a maioridade em 05/10. 
O critério é etário e não há diferença entre o homem e a mulher. Contudo, essa 
capacidade civil não pode ser confundida com a capacidade eleitoral ou a capacidade para o 
casamento, previstas em dispositivos especiais, nem mesmo com a maioridade penal. 
Com a maioridade, os jovens passam a responder civilmente pelos danos causados a 
terceiros, ficando autorizados a praticar todos os atos da vida civil, sem a necessidade de 
assistência de seu representante legal. 
 
2.1.2 Emancipação 
Mas a capacidade plena também pode ser antecipada, em razão da autorização dos 
representantes legais do menor ou do juiz ou, ainda, pela ocorrência de fato que a lei atribui 
força para tanto. Trata-se dos casos de emancipação. 
A emancipação é, portanto, uma forma de aquisição da capacidade civil antes da idade 
legal. É a antecipação da aquisição da capacidade de fato (exercício da capacidade civil por si 
próprio). 
Nos termos do art. 5.º, § único, a incapacidade cessará: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou 
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 
completos; 
 
14 
 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria. 
 
Deve-se observar que se trata de aquisição de capacidade para fins civis. Mas o indivíduo 
não deixa de ser menor, ou seja, segue sendo aplicado o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Nesse sentido, o enunciado 530 da Jornada de Direito Civil: 
A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e 
do Adolescente. 
 
Sendo assim, mesmo emancipado, não pode retirar carteira de motorista, ou entrar em 
locais proibidos ou, então, ingerir bebida alcóolica. 
A emancipação, uma vez realizada, é definitiva, irretratável e irrevogável, salvo por 
ocorrência de vício de vontade (todos os negócios jurídicos ou atos praticados podem ser 
anulados em razão de vício de vontade). Neste sentido, o enunciado 397 das Jornadas de Direito 
Civil: 
A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está 
sujeita à desconstituição por vício de vontade. 
 
Pela redação do § único do art. 5.º, CC, a emancipação, conforme a causa ou origem, pode 
ser de três espécies: voluntária, judicial e legal. 
 
a) Emancipação voluntária: Ocorre pela concessão dos pais, quando estes, em conjunto (ou, 
um deles, na falta do outro), concedem, mediante escritura pública, independentemente de 
homologação judicial, a emancipação para o filho que tenha completado 16 anos. A 
emancipação é ato irrevogável, de forma que os pais não podem, a posteriori, arrependerem-se 
de ter emancipado o filho. Contudo, respondem pelos danos causados pelo filho que 
emanciparam. Deve ser registrada no Cartório do Registro Civil, nos termos do art. 107, § 1.º, Lei 
6.015/73. 
 
15 
 
b) Emancipação judicial: A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, nos casos em 
que o menor está sob tutela, sendo ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos completos. 
Pode ser, também, nos casos em que um dos genitores concordar e o outro não com a 
emancipação. Deve ser registrada no Cartório do Registro Civil, nos termos do art. 107, § 1.º, Lei 
6.015/73. No caso de incapacidade relativa declarada por decisão judicial (aplicável aos ébrios 
habituais, pródigos, etc.), bem como nos casos de incapacidade superveniente (ou não afastada) 
pela maioridade, a retomada da capacidade dar-se-á apenas mediante nova decisão judicial. 
Até tal reconhecimento, será realizada nomeação de responsável (curador, para maiores; tutor, 
para menores) pela assistência ou representação do incapaz (relativo ou absoluto). 
c) Emancipação legal: A emancipação legal é aquela que advém da disposição legal. Trata-se 
dos casos previstos nos incisos II, III, IV e V, CC, ou seja, em razão de casamento, emprego 
público, constituição de empresa ou colação de grau em curso superior. Dispensa o registro no 
Cartório de Registro Civil, produzindo efeitos independentemente desse registro. 
 
CASAMENTO: O homem e a mulher podem casar a partir dos 16 anos de idade, 
desde que autorizados pelos pais ou representantes legais, nos termos do art. 1.517, CC. 
Dessa forma, caso haja o casamento de menor de 18 anos, adquire, este indivíduo, a 
capacidade civil plena,pois não faria sentido que, após casados, os cônjuges 
permanecessem sob o poder familiar, já que constituíram um novo núcleo familiar. Nesses 
casos, mesmo que haja a dissolução do casamento pelo divórcio, o emancipado não 
retorna a situação anterior de incapacidade civil. No caso de anulação ou nulidade do 
casamento, caso tenha sido contraído de boa-fé (casamento putativo), persiste a 
maioridade. Se tiver sido contraído de má-fé, retorna a situação de incapacidade 
(anulação retroage a data da celebração e é como se o casamento jamais tivesse existido). 
 
EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO: Havendo a nomeação de caráter 
efetivo em cargo ou emprego público efetivo (independentemente se celetista ou 
estatutário, desde que não seja cargo em comissão), o agente adquire plena capacidade 
civil, emancipando-se. Contudo, essa disposição está esvaziada de conteúdo, já que é 
difícil algum cargo ou emprego público efetivo antes dos 18 anos de idade. 
 
 
16 
 
COLAÇÃO DE GRAU EM CURSO SUPERIOR: Essa hipótese também é bastante rara 
de ocorrer, pois o próprio período de estudo anterior (1.º e 2.º grau) é extenso. 
Normalmente, quando o estudante cola grau, já é maior de idade. 
 
ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL, OU EMPREGO QUE O MENOR TENHA 
ECONOMIA PRÓPRIA: Trata-se, também, de uma hipótese remota, pois é difícil que 
alguém com 16 anos estabelecer-se comercialmente. 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
2. 2. TUTELA E CURATELA 
A tutela, assim como a curatela, faz parte do chamado “direito assistencial”, no estudo 
das relações familiares. A base de sustentação destes dois institutos é a solidariedade familiar. 
 
2.2.1 Conceito: TUTELA X CURATELA 
Apesar de as vezes serem tratados como sinônimos, tutela e curatela são institutos 
jurídicos diferentes e autônomos, mas que possuem uma finalidade comum: proporcionar a 
representação legal e a administração de sujeitos incapazes de praticar atos jurídicos. 
A diferença fundamental entre ambas é a de que, enquanto a TUTELA refere-se à 
menoridade legal (indivíduos menores de 18 anos não emancipados, não sujeitos ao poder 
familiar), a CURATELA destina-se àquelas pessoas que são incapazes de gerir sua vida, pessoas 
 
17 
 
estas, devidamente interditadas. Conceitos baseados nas alterações trazidas pelo CPC/2015 e 
pelo Estatuto da Pessoa Portadora de Deficiência, Lei 13.146/2015. 
 
2.2.2 Tutela – art. 1.728 e ss., CC e art. 759 e ss. CPC/2015 
A tutela é a representação legal de indivíduo menor de idade, seja absolutamente ou 
relativamente incapaz, em razão da falta de seus pais (falecimento, ausência ou perda do poder 
familiar). Art. 1.728, CC. 
Seu grande objetivo é a administração dos bens patrimoniais do menor. 
 
2.2.2.1 Tutores 
O art. 1.729, CC estabelece que os pais têm o direito de nomear tutor, através de 
testamento ou outro documento público. Isto porque, o tutor será a pessoa responsável pela 
formação e pela administração do patrimônio dos infantes cujos pais não mais existem. 
Se o testamento contiver a nomeação de mais de um tutor, entende-se haver uma 
ordem de preferência, de forma que a tutela será deferida àquela pessoa primeiro nomeada, 
sendo que os demais serão substitutos. Art. 1.733, §1.º, CC. 
Se, contudo, os pais não tiverem feito a nomeação, o art. 1.731 estabelece a ordem de 
preferência na indicação dos tutores: 
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos 
parentes consanguíneos do menor, por esta ordem: 
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; 
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos 
mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em 
qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a 
tutela em benefício do menor. 
 
Este rol não é absoluto, cabendo ao juiz analisar a situação que maior benefício trará 
para a criança ou adolescente. 
Além disto, aos irmãos, será nomeado um só tutor e, no caso de não haver tutor indicado 
pelos pais e, ainda, não sendo possível nomear tutor que seja parente consanguíneo da criança 
ou adolescente, o tutor nomeado deve residir no mesmo local em que os tutelados. 
 
 
18 
 
2.2.2.2 Espécies 
São três as formas de tutela: 
a) Testamentária: regulada pelos arts. 1.729 e 1.730, CC, quando o tutor será nomeado 
pelos pais, em conjunto. Enquanto vivos os pais podem – no exercício do poder familiar – 
deixarem testamento nomeando tutor aos filhos menores de idade. Esta nomeação pode ser 
feita através de testamento ou de qualquer outro documento público ou particular – qualquer 
documento, desde que as assinaturas dos pais estejam com firma reconhecida pelo 
Tabelionato. 
b) Legítima: é a tutela que se estabelece quando não há a nomeação de tutor por parte 
dos pais. Está indicada no art. 1.731, CC, sendo estabelecida a ordem de preferência – esta ordem 
não é absoluta, devendo ser observado o melhor interesse da criança e do adolescente. 
c) Dativa: esta é a tutela que ocorre quando não há a nomeação de tutor pelos pais e 
não há a possibilidade de ser nomeado nenhum dos parentes do menor de idade indicados 
pelo art. 1.731 (ou porque não existem ou porque são inidôneos). Está prevista no art. 1.732, CC. 
 
2.2.2.3 Incapacidade para o exercício da tutela 
Não é qualquer pessoa que pode exercer a tutela. Assim, em razão da grande 
responsabilidade a ser assumida, além da capacidade civil (maioridade), também é exigida 
capacidade especial, de forma que o art. 1.735, CC estabelece os casos daqueles que não 
poderão ser tutores, sendo, portanto, excluídos da tutela: 
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a 
exerçam: 
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens; 
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem 
constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer 
direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem 
demanda contra o menor; 
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes 
expressamente excluídos da tutela; 
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, 
contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena; 
 
19 
 
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as 
culpadas de abuso em tutorias anteriores; 
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa 
administração da tutela. 
 
2.2.2.4 Escusa da tutela 
Em se tratando de um múnus público, via de regra, a tutela não pode ser recusada, 
especialmente nos casos do art. 1.731, quando há parentesco com o tutelado. Contudo, toda 
regra admite exceções e, neste caso, o art. 1.736 traz elencadas sete situações que podem, em 
razão da natureza, atrapalhar o exercício da tutela. 
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: 
I - mulheres casadas; 
II - maiores de sessenta anos; 
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos; 
IV - os impossibilitados por enfermidade; 
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a 
tutela; 
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; 
VII - militares em serviço. 
 
Em regra, quem é parente do menor não pode se escusar, exceto se preencher alguma 
dessas situações elencadas. 
Se, porém, não houver parentesco com o menor, há a possibilidade de recusa, se houver 
algum parente em condições de exercê-la, nos termos do art. 1.737,CC. 
O procedimento para a escusa é através de simples petição ao magistrado que o 
nomeou, no prazo de 5 dias, nos termos do art. 760, CPC/2015. O prazo inicia antes de aceitar o 
encargo, da data da intimação para prestar compromisso e, depois de entrar no exercício do 
encargo, da data em que sobrevier o motivo da escusa. 
 
2.2.2.5 Exercício da tutela 
O exercício da tutela importa em uma responsabilidade grande por parte do tutor, queultrapassa os atos de mera administração de bens. O tutor assume toda a responsabilidade com 
 
20 
 
relação a educação, alimentação e criação do tutelado. Nesse sentido, os arts. 1.740 e 1.747 do 
Código Civil estabelecem os atos que o tutor pode praticar, com relação ao tutelado, 
independentemente de autorização judicial: 
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor: 
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os 
seus haveres e condição; 
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o 
menor haja mister correção; 
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, 
ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade. 
 
Art. 1.747. Compete mais ao tutor: 
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e 
assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte; 
II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas; 
III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de 
administração, conservação e melhoramentos de seus bens; 
IV - alienar os bens do menor destinados a venda; 
V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens 
de raiz. 
 
Deve-se atentar, contudo, para o fato de que o tutor não é pai. É certo que o tutelado 
deve obediência ao tutor, mas este último não tem a possibilidade de disciplinar o menor de 
idade. Neste caso, há a necessidade de atuação judicial, pois o tutor não exerce o poder familiar. 
O tutor também não tem a obrigação de sustentar o menor. Seu sustento sairá de parte 
de seus bens, devendo o juiz fixar as quantias que lhe pareçam suficientes e necessárias. Art. 
1.746, CC. 
Existem outros atos que exigem para sua concretização, a atuação/interferência do juiz. 
São aqueles que, normalmente, envolvem o patrimônio do tutelado: 
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz: 
I - pagar as dívidas do menor; 
 
21 
 
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com 
encargos; 
III - transigir; 
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os 
imóveis nos casos em que for permitido; 
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas 
as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele 
movidos. 
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do 
tutor depende da aprovação ulterior do juiz. 
 
2.2.2.6 Responsabilidade e prestação de contas 
O tutor assume uma grande responsabilidade no exercício da tutela. Em razão disso, há 
um rigor na fiscalização de suas atividades, nos termos do art. 1.752 e, mais do que isto, há a 
exigência de prestação de contas do exercício da tutela. Esta prestação de contas não poderá 
ser dispensada sequer pelos pais que eventualmente tenham instituído a tutela. 
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos 
tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração. 
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão 
ao juiz o balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos 
autos do inventário. 
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também 
quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez 
que o juiz achar conveniente. 
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da 
audiência dos interessados, recolhendo o tutor imediatamente a 
estabelecimento bancário oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, 
ou títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do art. 1.753. 
 
2.2.2.7 Cessação 
A tutela terminará com o término da incapacidade. Nestes termos, o art. 1.763: 
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado: 
 
22 
 
I - com a maioridade ou a emancipação do menor; 
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou 
adoção. 
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor: 
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir; 
II - ao sobrevir escusa legítima; 
III - ao ser removido. 
 
2.2.3 Curatela – art. 1.767 e ss., CC e art. 747 e ss. CPC/2015 
A curatela visa a proteção de uma pessoa maior, mas que padeça de alguma 
incapacidade ou de alguma circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação de 
vontade. 
Em razão do Estatuto da Pessoa com Deficiência – lei 13.146/2015 –, a curatela só incide 
para os maiores relativamente incapazes, que são os ébrios habituais (alcoólatras), viciados em 
tóxicos, pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir sua vontade e os 
pródigos. 
 
2.2.3.1 Curador 
Para ser curador de alguém é necessário que a pessoa tenha capacidade para os atos da 
vida civil. Assim, em tese, qualquer cidadão pode ser curador de outrem. Contudo, não é 
admissível que qualquer indivíduo, aleatoriamente, seja nomeado curador. Há uma previsão de 
ordem legal no art. 1.775, CC: 
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de 
fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. 
§1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a 
mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto. 
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais 
remotos. 
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a 
escolha do curador. 
 
 
23 
 
Esse rol, contudo, não é vinculativo do juiz, ou seja, ele poderá escolher o curador 
atentando para o melhor interesse do curatelado. 
Pode, ainda, haver a nomeação de dois curadores, nos termos do art. 1.775-A, CC, nos 
casos de pessoa com deficiência. 
 
2.2.3.2 Pessoas sujeitas à curatela 
Estão sujeitas a curatela as pessoas que não possuem capacidade civil, com exceção dos 
menores de idade, que estão sujeitos à tutela. Nestes termos, o art. 1.767, CC, dispõe: 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade; 
II - (Revogado); 
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
IV - (Revogado); 
V - os pródigos. 
 
A curatela será deferida durante o curso do processo de interdição (arts. 747 e ss., 
CPC/2015), que terá natureza declaratória, com eficácia ex tunc, de forma que o magistrado 
apenas declarará uma situação já existente. 
 
2.2.3.3 Prestação de contas 
O art. 1.783, CC estabelece que quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do 
casamento for o da comunhão universal de bens não haverá a obrigatoriedade de prestação de 
contas, salvo por determinação judicial. 
Dessa forma, o curador deve periodicamente prestar contas ou todas as vezes em que 
for instado a tal mister, assim como o tutor. 
 
2.2.3.4 Cessação da curatela 
Ao contrário da tutela que é temporária, a curatela tem um ânimo definitivo. Todavia, 
ocorrerá o término da curatela por impossibilidade material da continuidade por parte do 
curador (por exemplo, se estiver doente) ou na hipótese de negligência, prevaricação ou 
incapacidade superveniente (aplicação analógica do art. 1.766, CC). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
 
24 
 
Também cessa a curatela pelo falecimento do curador ou do curatelado. 
 
2.2.4 Processo de interdição 
Para que alguém seja posto sob curatela, precisa passar por um processo de interdição, 
cujo procedimento está previsto no art. 747 e ss. do CPC/2015. 
A interdição pode ser promovida por: 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I - pelo cônjuge ou companheiro; 
II - pelos parentes ou tutores; 
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o 
interditando; 
IV - pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por 
documentação que acompanhe a petição inicial. 
Na inicial deveestar especificado o motivo e os fatos que demonstrem a incapacidade 
do interditando para administrar seus bens (art. 749, CPC/2015). Havendo necessidade, o juiz 
pode nomear curador provisório (art. 749, § único, CPC/2015), contudo, deverá haver laudo 
médico para provar as alegações do autor (art. 750, CPC/2015). 
O juiz ouvirá o interditando em audiência ou, na impossibilidade de deslocamento, no 
local onde se encontrar (art. 751, § 1.º, CPC/2015), utilizando-se dos meios tecnológicos 
necessários para a entrevista. 
O interditando pode (e deve) defender-se, no prazo de 15 dias (art. 752, CPC/2015). 
Haverá intervenção do MP como fiscal da lei (art. 752, § 1.º, CPC/2015). 
Após este prazo de defesa, haverá a produção de prova, com perícia no interditando (art. 
753, CPC/2015). O laudo deve indicar os atos para os quais há incapacidade. Trata-se, portanto, 
de uma interdição relativa, já que os interditandos são sempre relativamente incapazes. 
Uma vez que se tenha o laudo e todas as provas, o juiz sentenciará. Na sentença, o juiz 
obedecerá alguns requisitos: 
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz: 
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará 
os limites da curatela, segundo o estado e o desenvolvimento mental do 
interdito; 
 
25 
 
II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas 
potencialidades, habilidades, vontades e preferências. 
§ 1o A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos 
interesses do curatelado. 
§ 2o Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a 
responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor 
puder atender aos interesses do interdito e do incapaz. 
§ 3o A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas 
naturais e imediatamente publicada na rede mundial de computadores, 
no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de 
editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) 
meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, 
com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito 
e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo 
total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar 
autonomamente. 
 
Se o interdito se recuperar, poderá levantar a interdição e a curatela, nos termos do art. 
756, CPC/2015. 
* Para todos verem: mapas mentais sobre pessoa natural e tutela e curatela 
 
26 
 
 
 
 
TUTELA CURATELA 
Representação legal de menores de idade (art. 3º, 
art. 4º, I, CC) 
Representação legal de maiores de idade, mas 
incapazes (Art. 4º, II, III e IV, CC) 
Hipóteses (Art. 1728, CC) - Pais falecidos ausentes ou 
destituídos do Poder Familiar 
Necessária ação de interdição, pois são situações 
de indivíduos maiores de idade, mas que 
tornam-se incapazes. 
Direito de nomear tutor aos filhos é dos pais, por 
testamento ou outro documento autêntico (tutela 
testamentária – art. 1729, CC) 
Legitimidade para requerer a interdição = Art. 
747 CC. 
Se os pais não nomearem tutor, caberá aos 
parentes consanguíneos (tutela legítima – 1731, CC) 
A perícia determinará os atos que podem e os 
que não podem ser praticados pelos 
interditandos. 
 
27 
 
Não havendo nomeação, nem parentes, cabe ao juiz 
indicar o tutor (Tutela dativa – Art. 1732) 
Sentença de interdição estabelece a 
incapacidade e nomeia curador. 
Nomeação e compromisso via ação de tutela (Art. 
759 e ss, CC) 
Legitimidade par ao exercício da curatela (Art. 
1775, CC) 
 
Cônjuge ou companheiro 
Pai ou mãe 
Descendentes 
Juiz escolhe 
Devem prestar contas de 2 em 2 anos 
Sentença de interdição e nomeação de curador 
deve ser inscrita no CRCPN 
Exercem a representação legal do menor de idade e 
administram o patrimônio 
 
Sentença de nomeação do tutor deve ser inscrita no 
CRCPN 
 
 
03. Tomada de decisão apoiada e da capacidade plena da pessoa com deficiência. Extinção 
da personalidade e direitos de personalidade 
3.5 Tomada de decisão apoiada 
O art. 6.º do Estatuto da pessoa com deficiência (lei 13.146/2015) determina que a 
deficiência não afeta a plena capacidade para gestão do plano familiar e existencial do 
indivíduo: 
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, 
inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a 
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
 
28 
 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como 
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais 
pessoas. 
 
Além disto, às pessoas com deficiência é permitida a adoção da tomada de decisão 
apoiada ou o estabelecimento da curatela, conforme art. 84 do Estatuto da pessoa com 
deficiência. 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício 
de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais 
pessoas. 
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à 
curatela, conforme a lei. 
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de 
tomada de decisão apoiada. 
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida 
protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias 
de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua 
administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. 
 
A tomada de decisão apoiada está prevista, também, no art. 1.783-A, CC. Trata-se de um 
processo pelo qual o deficiente pode escolher duas pessoas idôneas e de sua confiança para 
auxiliar nas decisões de atos da vida civil. 
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a 
pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com 
as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes 
os elementos e informações necessários para que possa exercer sua 
capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 1o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com 
deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os 
limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
 
29 
 
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos 
direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar. (Incluído 
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 2o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa 
a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o 
apoio previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
§ 3o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão 
apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do 
Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que 
lhe prestarão apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 4o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre 
terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio 
acordado. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial 
pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contratoou acordo, 
especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. 
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 6o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo 
relevante, havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um 
dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a 
questão. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 7o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não 
adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer 
pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. 
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 8o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, 
ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para 
prestação de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
(Vigência) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
 
30 
 
§ 9o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de 
acordo firmado em processo de tomada de decisão apoiada. 
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do 
processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento 
condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. (Incluído pela 
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as 
disposições referentes à prestação de contas na curatela. (Incluído 
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
A tomada de decisão apoiada visa o auxílio da pessoa com deficiência para a celebração 
de atos mais complexos – casos dos contratos. Trata-se de um processo judicial no qual a 
pessoa com deficiência elege duas pessoas, de sua confiança, para lhe auxiliar nos atos da vida 
civil. Com a nomeação dos apoiadores, toda decisão tomada por pessoa portadora de 
deficiência será válida e produzirá efeitos, nos limites do apoio acordado (art. 1.783-A, § 4.º, CC). 
Não se trata de interdição! 
 
3.2 Personalidade/Extinção da personalidade/Morte 
O art. 6.º, CC define que a extinção da personalidade natural se dá com a morte, 
presumindo-se esta quanto aos ausentes, quando autorizada a abertura da sucessão definitiva. 
O art. 7.º, CC, por sua vez, estabelece os casos de declaração da morte sem decretação da 
ausência: 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se 
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva. 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de 
ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de 
vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
 
31 
 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, 
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e 
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A morte divide-se, portanto em (o aprofundamento dessas situações será feito no direito 
sucessório): 
* Para todos verem: esquema 
 
32 
 
 
 
3.3 Registro Civil - Pessoa natural: 
Registro Civil é o local onde se encontra a história da vida de uma pessoa. É a perpetuação 
de seus dados pessoais. Trata-se de anotação feita por pessoa autorizada (Registrador Civil) de 
dados pessoais e fatos jurídicos de maior relevância na vida de alguém. Sua função é dar 
autenticidade, segurança, eficácia e publicidade a tais dados. 
O Registro Civil está disciplinado no Código Civil e na Lei dos Registros Públicos. O art. 9.º, 
CC determina os atos que serão registrados no Registro Público: 
Art. 9o Serão registrados em registro público: 
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
Por sua vez, o art. 10, CC trata das averbações em registros públicos: 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
 
33 
 
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, 
o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade 
conjugal; 
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a 
filiação; 
 
Averbação é anotação feita à margem do registro para informar sobre alguma alteração 
ocorrida no estado jurídico do registrado. Nesse sentido, o casamento é registrado e o divórcio, 
averbado. 
Todo nascimento deve ser levado a registro no local onde ocorreu o parto ou no lugar da 
residência dos pais, no prazo de 15 dias ou, no prazo de até 3 meses quando o local do parto ou 
da residência for distante mais de 30 km da sede do cartório. 
Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser 
dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da 
residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado 
em até três meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros 
da sede do cartório. 
§ 1º Quando for diverso o lugar da residência dos pais, observar-se-á a 
ordem contida nos itens 1º e 2º do art. 52. 
§ 2º Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição 
do nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de 
assistência aos índios. 
§ 3º Os menores de vinte e um (21) anos e maiores de dezoito (18) anos 
poderão, pessoalmente e isentos de multa, requerer o registro de seu 
nascimento. 
§ 4° É facultado aos nascidos anteriormente à obrigatoriedade do 
registro civil requerer, isentos de multa, a inscrição de seu nascimento. 
§ 5º Aos brasileiros nascidos no estrangeiro se aplicará o disposto neste 
artigo,ressalvadas as prescrições legais relativas aos consulados. 
 
O registro de nascimento do indivíduo compete, pela ordem legal (art. 52, LRP): 
Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: 
 
34 
 
1o) o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto 
no § 2o do art. 54; 
2º) no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados no item 1o, 
outro indicado, que terá o prazo para declaração prorrogado por 45 
(quarenta e cinco) dias; 
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior 
achando-se presente; 
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior os 
administradores de hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem 
assistido o parto; 
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da 
mãe; 
6º) finalmente, as pessoas (VETADO) encarregadas da guarda do 
menor. 
§ 1° Quando o oficial tiver motivo para duvidar da declaração, poderá ir à 
casa do recém-nascido verificar a sua existência, ou exigir a atestação do 
médico ou parteira que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas 
pessoas que não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido. 
§ 2º Tratando-se de registro fora do prazo legal o oficial, em caso de 
dúvida, poderá requerer ao Juiz as providências que forem cabíveis para 
esclarecimento do fato. 
 
Deve-se observar que a Lei nº 13.484, de 2017 prevê, uma alteração no art. 54 da lei dos 
registros públicos, no que diz respeito ao local da naturalidade do indivíduo, que será o 
município do nascimento ou o de residência de sua genitora: 
§ 4º A naturalidade poderá ser do Município em que ocorreu o 
nascimento ou do Município de residência da mãe do registrando na 
data do nascimento, desde que localizado em território nacional, e a 
opção caberá ao declarante no ato de registro do nascimento. 
 
3.4 Direitos da personalidade 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13484.htm#art1
 
35 
 
Ao lado dos direitos patrimoniais, existem direitos, não menos importantes, que estão fora 
do comércio e encontram-se inseridos na personalidade do indivíduo. Os direitos da 
personalidade, também chamados de liberdades públicas têm proteção especial por parte do 
Estado. São tutelados tanto pelo Direito Público, como também, pelo Direito Privado. São 
direitos inerentes e ligados à pessoa humana e a sua dignidade, de forma perpétua e 
permanente. Dentre estes direitos destacam-se a vida, liberdade, nome, próprio corpo, imagem 
e honra. 
O enunciado 274 das Jornadas de Direito Civil prevê que: 
Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo 
Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa 
humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade 
da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode 
sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
 
Pode-se dizer que são direitos da personalidade: vida e integridade físico-psíquica, nome 
da pessoa (natural ou jurídica), imagem (imagem-retrato e imagem-atributo), honra (subjetiva e 
objetiva) e intimidade. Essa proteção dos direitos da personalidade encontra-se, tanto no 
Código Civil, como, também, na Constituição Federal de 1988, que prevê, no seu art. 5. º, X: 
“X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação”. 
 
O Código Civil destinou um capítulo especial para a proteção dos direitos da 
personalidade – art. 11 a art. 21, CC. Esse rol, contudo, é exemplificativo, conforme dispõe o 
enunciado 274 das Jornadas de Direito Civil. 
Esses direitos tratam-se, portanto, de direitos que “têm por objeto os atributos físicos, 
psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais” (GAGLIANO e PAMPLONA 
FILHO, p. 184). 
 
3.4.1 Natureza 
Quanto a natureza jurídica desses direitos, a maior parte da doutrina entende que, por se 
tratarem de direitos inatos ao ser humano, cabe ao Estado apenas reconhecê-los e sancioná-los 
 
36 
 
no âmbito do direito positivo, de forma que o indivíduo possa proteger tais direitos contra 
arbítrios do poder público ou de particulares. 
No caso do Brasil, esses direitos, além de serem protegidos no âmbito do Direito Civil, 
também tem uma proteção constitucional, conforme visto (art. 5.º, X, CF), o que lhes confere um 
status diferenciado – direito subjetivo (possibilidade de exigir respeito) + direito objetivo 
(vinculação a todos, dever de não infringir). 
 
3.4.2 Titularidade 
Os direitos da personalidade são próprios dos seres humanos. Contudo, como já discutido, 
também protege o nascituro que, embora não tenha personalidade jurídica, detém proteção, 
desde a concepção, dos seus direitos da personalidade (art. 2.º, CC). 
Não se pode excluir, contudo, as pessoas jurídicas desta proteção, pois, nos termos do art. 
52, CC, aplica-se “às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. 
Dessa forma, as pessoas jurídicas também têm a faculdade de exigir respeito e proteção quanto 
à sua imagem (intimidade, vida privada e honra, não é possível em razão das particularidades 
de tais direitos), podendo ser requerida indenização pela violação a tal direito. Este 
entendimento consubstancia-se na redação da súmula 227 do STJ, que diz que: “A pessoa 
jurídica pode sofrer dano moral.” Tenham cuidado com o enunciado 268 das Jornadas de 
Direito Civil, que diz que não pode a pessoa jurídica ser titular de direitos da personalidade. Este 
enunciado contraria o que determina a súmula 227 do STJ. Esta súmula é que poderá ser 
cobrada no Exame da OAB, por ser a posição majoritária. 
 
3.4.3 Características 
Os direitos da personalidade são ligados à pessoa humana, representando seus direitos 
íntimos e fundamentais. São qualidades que se agregam ao homem e, portanto, 
intransmissíveis e irrenunciáveis. O art. 11, CC traz algumas das características dos direitos da 
personalidade: Contudo, existem outras características: 
• Inato: inerente, pertencente desde o nascimento. 
• Absolutos: os autores falam que os direitos da personalidade são absolutos, sendo 
uma forma de materialização da oponibilidade erga omnes. 
Apesar dessa característica, deve-se ressaltar que os direitos da personalidade 
podem ser restringidos, dependendo da situação. 
 
37 
 
Os enunciados das Jornadas de Direito Civil dispõe sobre essa possibilidade de 
relativização ou limitação voluntária dos direitos da personalidade. 
Enunciado n.º 4: “O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação 
voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. 
Significa dizer, portanto, que em cada caso concreto deverá ser feito um 
sopesamento a fim de verificar se é ou não necessária a relativização do direito da 
personalidade. 
Ex.: biografias não autorizadas. Podem ser publicadas, embora sem autorização, 
referente a pessoas públicas. Relativização dos direitos da personalidade em nome 
a vedação da censura. 
Enunciado n.º 139: “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda 
que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso 
de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”. 
Ex.: proteção da intimidade e vida privada é relativizada quando há uma exposição 
desse direito. Top less em praia pública – relativização da intimidade. 
Ex.: art. 15, CC. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Um paciente, a beira da morte, 
necessita de cirurgia. A intervenção trará alto risco, gerando dúvidas se o médico 
deve ou não realizar o procedimento. Isso gera uma série de discussões, pois há 
resoluções do Conselho Federal de Medicina que autorizam o médico a suspender 
o tratamento depacientes terminais, de doenças incuráveis quando assim for de 
sua vontade (ortotanásia). Contudo, decisões judiciais já foram contrárias a essa 
prática. 
Há, ainda, o Enunciado 528, das Jornadas de Direito Civil, que autoriza o chamado 
testamento vital ou biológico, que nada mais é do que uma autorização para a 
prática da suspensão do tratamento médico: 
“É válida a declaração de vontade expressa em documento autêntico, também 
chamado "testamento vital", em que a pessoa estabelece disposições sobre o tipo 
de tratamento de saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se encontrar 
sem condições de manifestar a sua vontade”. 
De igual modo, há, também a situação de paciente que, em razão de sua crença 
religiosa, não permita submissão a tratamento médico. No caso de este paciente 
 
38 
 
estar sob risco real e iminente de morte, pode ser dispensada a autorização para a 
realização de cirurgia. Significa dizer, então que, nestes casos, o médico pode salvar 
a vida, mesmo sem a autorização do paciente ou familiar. Trata-se de um conflito 
entre o direito a vida e o direito a liberdade religiosa. Deve-se utilizar a técnica da 
ponderação, neste caso. Há quem diga que, pela ponderação, deve prevalecer a 
vida. Outros dirão que a vontade do paciente deve ser respeitada. Neste sentido, o 
enunciado 403 das Jornadas de Direito Civil: 
“O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da 
Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento 
médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do 
tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) 
capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) 
manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga 
respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.” 
• Generalidade: são outorgados a todas as pessoas, pelo simples fato de existirem. 
• Extrapatrimonialidade: ausência de conteúdo patrimonial direto, ou seja, os 
direitos, em si, não possuem valor patrimonial, ainda que, havendo lesão, possa 
haver indenização pecuniária (mas, neste caso, em razão do dano causado). 
• Indisponibilidade: significa que tais direitos não podem, por vontade do indivíduo, 
mudar de titular. Abrange tanto a intransmissibilidade (impossibilidade de 
modificação de titular gratuita ou onerosa, ou seja, não é possível ceder tal direito a 
outrem), como a inalienabilidade (não podem ser alienados), a inacessibilidade 
(não podem ser objeto de cessão), e a intransacionabilidade (não podem sofrer 
transação ou compromisso de arbitragem). É permitida, contudo, a cessão de uso 
da imagem, por exemplo, (famoso que autoriza a utilização de sua imagem em 
outdoors). Isso significa que há uma parcela dos direitos da personalidade, que se 
relaciona a direitos patrimoniais, que pode ser passível de disposição (direitos de 
imagem, direitos autorais, cessão de partes do corpo para fins científicos ou 
altruísticos – art. 14, CC). 
• Irrenunciabilidade: trata-se da impossibilidade voluntária do abandono, de 
abdicar, de forma que ninguém pode renunciar direitos da personalidade. 
 
39 
 
Exemplo: contrato de namoro. Este contrato é nulo, pois seria uma forma de 
pessoas que vivem em união estável renunciarem aos direitos dela decorrentes. A 
união estável envolve direitos existenciais de personalidade. Ademais, é uma 
espécie de fraude a lei imperativa, o que conduz a nulidade absoluta do 
documento firmado (art. 166, VI, CC). 
Outro exemplo seriam os reality shows (Big Brother Brasil), onde o participante 
renuncia a qualquer direito de buscar indenização por danos morais em 
decorrência da exibição de sua imagem. Tal contrato também é nulo, pois não é 
possível a renúncia a direitos da personalidade, a teor dos arts. 11 e 166, VI, CC. 
Nestes casos é possível, inclusive, que se utilize das medidas previstas no art. 12, CC 
para fazer cessar a exibição das imagens que violem a moral do participante. 
• Imprescritibilidade: não se extinguem pelo não uso, de forma que não há prazo 
para o seu exercício. Salienta-se que esta imprescritibilidade é quanto ao direito 
em si, não quanto ao exercício do direito de reparação quanto a dano moral pela 
violação do direito da personalidade (honra, p.ex.). 
O exercício do direito a reparação de danos se sujeita a prazos prescricionais – 3 
anos, no caso, nos termos do art. 206, § 3.º, V, CC. 
Contudo, existem decisões do STJ que reconhecem a imprescritibilidade do pleito 
de reparação de danos: “É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de 
Justiça segundo o qual as ações de indenização por danos morais e materiais 
decorrentes de atos de violência ocorridos durante o Regime Militar são 
consideradas imprescritíveis, independentemente dos legitimados ad causam.” 
“Como é cediço, a prescritibilidade é a regra, só havendo falar em 
imprescritibilidade em hipóteses excepcionalíssimas, como no tocante às ações 
referentes ao estado das pessoas. Somente alguns direitos subjetivos, observada 
sua envergadura e especial proteção, não estão sujeitos a prazos prescricionais, 
como na hipótese de ações declaratórias de nulidades absolutas, pretensões 
relativas a direitos da personalidade e ao patrimônio público”. (EDcl no AgRg no 
REsp 1229068/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado 
em 06/10/2015, DJe 16/10/2015) 
• Impenhorabilidade: em razão de serem inerentes à pessoa e dela inseparáveis, 
não podem ser penhoráveis, pois a função da penhora é a venda judicial para 
 
40 
 
satisfação de um crédito. Contudo, esta indisponibilidade é quanto ao direito em si 
(vedação da penhora do direito à imagem), mas não se refere a penhora dos 
direitos patrimoniais resultantes do exercício deste direito (a cessão de uso da 
imagem gera um ressarcimento patrimonial e, este, pode ser penhorado). O art. 
832, CPC/2015 determina que estão a salvo da execução os bens que a lei considere 
impenhoráveis ou inalienáveis. Neste caso, enquadram-se os direitos da 
personalidade. 
• Vitaliciedade: são adquiridos no momento da concepção e acompanham a pessoa 
até sua morte, ainda que alguns desses direitos sejam resguardados mesmo após 
a morte da pessoa (honra, memória, direito de autor, p. ex.). Ex.: não é porque o 
Chico Anísio faleceu que sua imagem caiu no domínio público. Há o direito de 
indenização pelo uso indevido da imagem do humorista. Neste sentido, o art. 12 
define que a legitimação para requerer a indenização é do cônjuge sobrevivente 
ou qualquer parente em linha reta (filho, neto, pais, avós) ou colateral até quarto 
grau (primos). 
 
3.4.4 Classificação 
Apesar de haver um rol de direitos da personalidade previsto no Código Civil, este rol não é 
taxativo (enunciado 274, Jornada de Direito Civil). São direitos inatos ao ser humano, qualidades 
que se agregam ao homem. O texto protege a vida, nome integridade físico-psíquica, honra, 
imagem, intimidade e produção intelectual. Contudo, não tutela questões de liberdade sexual, 
por exemplo. A proteção quanto aos direitos da personalidade divide-se em: 
a) CORPO – Vida e integridade física (corpo vivo, cadáver, voz). 
b) MENTE – integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, 
privacidade, segredo). 
c) ESPÍRITO – integridade moral (honra, imagem, identidade pessoal). 
 
3.4.5 Proteção dos direitos da personalidade 
A proteção aos direitos da personalidade está prevista tanto na Constituição Federal 
quanto no Código Civil. 
Considerando que visa resguardar a dignidade humana através de medidas judiciais, esta 
proteção pode ser: preventiva ou tutela inibitória; repressiva ou tutela reparatória. 
 
41 
 
 PREVENTIVA – objetivando suspender atos que ameacem ofender a integridade do 
indivíduo 
REPRESSIVA ou TUTELA REPARATÓRIA – ação indenizatória,que visa uma reparação 
patrimonial pelo dano causado. A reparação pode ser por DANO MORAL, quando a agressão for 
contra um direito da personalidade e não houver conteúdo econômico dessa lesão. Poderá ser, 
também por DANO MATERIAL, quando houver perda ou prejuízo por lesão a bem patrimonial. 
Esses danos podem ser danos emergentes (o que a pessoa perdeu) e lucros cessantes (o que a 
pessoa deixou de ganhar). A jurisprudência do STJ vem admitindo a possibilidade cumulação 
de danos materiais, morais e, ainda, danos estéticos, conforme súmula 387, STJ: “é lícita a 
cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”. 
 
3.4.6 Direito à vida 
Sem a vida, não há nenhum outro direito à pessoa jurídica. Esse direito é protegido desde 
a concepção, de forma que é vedado o aborto. O direito à vida compreende tanto o manter-se 
vivo, quanto o viver de forma digna. Dessa forma, alimentos transgênicos estão relacionados ao 
direito à vida, pois violam o direito à saúde (diretamente relacionado com a vida). 
 
Aborto: interrupção criminosa da vida em formação. É crime previsto nos arts. 124 a 227, 
CP. Contudo, há a exclusão do crime em diferentes hipóteses: 
Aborto terapêutico – não houver outro meio de salvar a vida da Mãe. Art. 128,I, CP 
Aborto sentimental (ético) – consentido pela gestante, quando a gravidez resultar de 
estupro. Art. 128,II, CP 
Aborto de feto anencefálico – feto que, comprovadamente, não possui atividade cerebral – 
decisão do STF na ADPF 54 (2012). 
Aborto dentro do primeiro trimestre de gestação – “... 3. Em segundo lugar, é preciso 
conferir interpretação conforme a Constituição aos próprios arts. 124 a 126 do Código Penal – 
que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção 
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, 
viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. 
4. A criminalização é incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e 
reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação 
indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas 
 
42 
 
existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre, no seu corpo e no seu 
psiquismo, os efeitos da gravidez; e a igualdade da mulher, já que homens não engravidam e, 
portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa 
matéria”. (HC 124306, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO 
BARROSO, Primeira Turma, julgado em 09/08/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-052 DIVULG 
16-03-2017 PUBLIC 17-03-2017). 
 
Fertilização in vitro: nos casos de fertilização in vitro, mesmo havendo o descarte dos 
embriões que tenham sido fecundados, o STF decidiu, no julgamento da Lei de Biossegurança 
(ADI 3510), que não há aborto neste caso, pois não houve a gravidez ainda, sendo, portanto, 
permitida a realização de pesquisa em células tronco embrionárias. 
 
Eutanásia: configura eutanásia a suspensão do tratamento ordinário a que está 
submetido o paciente ou a interrupção da alimentação do paciente, mesmo que por via 
intravenosa, a fim de provocar a morte por inanição. Também configura a eutanásia a 
suspensão do auxílio externo para respiração. 
Com isso, em razão da proteção de uma vida digna, há a discussão sobre a questão do fim 
da vida através da eutanásia (proibida no Brasil). Ex.: filme “A menina de ouro”. No exemplo do 
filme, haveria uma vida digna após o acidente? 
Portanto, mesmo que a eutanásia seja praticada com o consentimento do paciente é 
contrária ao ordenamento jurídico, por ferir o direito à vida. 
Ortotanásia = eutanásia passiva – suspensão de medicamentos – morte digna. 
Distanásia = prorrogar a vida com medicamentos. 
 
3.4.7 Direito ao próprio corpo – integridade física 
Os arts. 13 a 15, CC tratam do direito ao próprio corpo. Prevê o art. 13 do CC a proteção a 
integridade física do indivíduo: 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do 
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade 
física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de 
transplante, na forma estabelecida em lei especial. 
 
43 
 
 
Este artigo refere-se a possíveis mutilações a que os indivíduos possam se submeter. 
Autoriza, contudo a realização de um transplante. Mas a doação só é permitida de partes duplas 
do corpo (rins) ou regeneráveis (fígado) ou tecidos (medula, pele), desde que não prejudique, 
nem mutile o doador. 
O § único do art. 13, CC permite, contudo, a realização de transplantes de partes do corpo 
humano, conforme disposição em lei especial. A lei que rege os transplantes é a 9.434/97, com 
as alterações da lei 10.211/01. Referidas leis permitem a retirada de partes do corpo (tecidos, 
órgãos e partes do corpo vivo), desde que gratuitamente e desde que não representem risco 
para a sua integridade física e mental. O enunciado 532 das Jornadas de Direito Civil é claro 
nesse sentido: 
É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos 
exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil. 
 
Pode haver, também, cessão de direitos de uso de material biológico, para fins de 
pesquisa, nos termos do enunciado 401 das Jornadas de Direito Civil: 
Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de direitos de uso de 
material biológico para fins de pesquisa científica, desde que a 
manifestação de vontade tenha sido livre, esclarecida e puder ser 
revogada a qualquer tempo, conforme as normas éticas que regem a 
pesquisa científica e o respeito aos direitos fundamentais. 
 
Não se enquadra, nesta situação, conforme diversas decisões judiciais, os casos de 
transexualidade. Muito se discutiu sobre a cirurgia de adequação sexual, se seria mutiladora ou 
não. Restou pacificado pela jurisprudência que não se trata de mutilação, mas sim de uma 
adequação da realidade biológica à realidade psicológica, já que o contrário não é possível, eis 
que o transexual não aceita. O Conselho Federal de Medicina, através de resolução, considera 
lícita a intervenção cirúrgica. 
Nesse sentido, o enunciado 276, das Jornadas de Direito Civil: 
O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por 
exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em 
conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho 
 
44 
 
Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo 
no Registro Civil. 
 
O corpo é a expressão da individualidade da pessoa, sendo, em razão disso, inalienável, 
tanto em vida, quanto após a morte. 
 
O art. 14, por sua vez, dispõe sobre a disposição post mortem do próprio corpo: 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição 
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a 
qualquer tempo. 
 
Para tanto, é preciso que seja diagnosticada a morte encefálica. Assim, se o indivíduo 
pretende ser doador, deverá deixar declaração escrita. Se nada dispuser a respeito, a família 
deverá anuir expressamente para que seja feita a doação. Nesse sentido, o enunciado 277 das 
Jornadas de Direito Civil: 
O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do 
próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da 
morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos 
em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação 
do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do 
potencial doador. 
 
Não poderá haver remoção de órgãos de pessoa não identificada. 
Após a retirada dos órgãos o corpo deve ser recomposto e entregue

Continue navegando