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Mercado Financeiro e de capitais - Livro Texto Unidade II

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74
Unidade II
Unidade II
5 VALOR DAS EMPRESAS E O MERCADO DE CAPITAIS
As empresas nascem para durar para sempre. Entretanto, elas se modificam ao longo do tempo, por 
vários motivos. Algumas crescem e prosperam, outras atingem a maturidade e permanecem por um 
longo tempo nesse estágio e há aquelas que entram em declínio quando seu modelo de negócio já não 
atende mais às expectativas dos seus clientes.
Assim, podemos avaliar as empresas a partir de três tipos de valores: valor patrimonial, valor 
mercadológico e valor econômico.
5.1 Valor patrimonial das empresas
O valor patrimonial é o valor do patrimônio líquido da empresa, apresentado no balanço, na conta 
de Patrimônio Líquido (PL), conforme exemplo a seguir.
Tabela 10 
Balanço patrimonial – contas sintéticas
Ativo Passivo
Ativo circulante 2.445.500,00 Passivo circulante 2.100.000,00
Disponível 531.500,00 Obrigações a fornecedores 845.000,00
Clientes (vendas mensais) 640.000,00 Empréstimos e financiamentos 570.500,00
Tributos a recuperar 85.000,00 Tributos a recolher 139.000,00
Estoques 1.189.000,00 Obrigações trabalhistas 545.500,00
Ativo permanente 554.500,00 Patrimônio líquido 900.000,00
Ativo imobilizado 475.000,00 Capital social 840.000,00
Intangível 79.500,00 Reservas de capital 60.000,00
Total do ativo 3.000.000,00 Total do passivo 3.000.000,00
A conta de Patrimônio Líquido (R$ 900 mil) é formada por duas subcontas: Capital Social (R$ 840 mil) 
e Reservas de Capital (R$ 60 mil).
Como se formaram essas contas?
O Capital Social, no valor de R$ 840 mil, foi criado na abertura da empresa, com recursos financeiros 
dos seus proprietários. Esse capital pode ter sido aplicado em diversos ativos: dinheiro em bancos, 
aplicações financeiras, instalações, veículos, aquisição de marcas, entre outros.
75
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Assim que a empresa iniciou suas atividades, ela foi efetuando compras e vendas de produtos e/ou 
serviços que geraram resultados, que podem ser positivos (lucro) ou negativos (prejuízo).
Como exemplo, vamos assumir que a empresa teve um lucro de R$ 60 mil, e os proprietários 
decidiram não distribuir esse lucro aos sócios. Assim, criaram uma conta chamada Reservas de Capital 
(R$ 60 mil) que, futuramente, terá seu valor integralizado ao Capital Social, aumentando, assim, o valor 
patrimonial da empresa.
O valor patrimonial é muito importante para empresas que precisam de uma estrutura patrimonial 
para operar, como as indústrias, as plataformas de extração de petróleo, os hospitais, as grandes 
empresas de agronegócio, entre outros. No entanto, com o desenvolvimento dos setores de serviços, o 
valor patrimonial nem sempre é o fator decisivo para valorizar a empresa. Veja o exemplo a seguir:
Atualmente, algumas empresas são negociadas bem acima do seu valor patrimonial na Bovespa. 
Um dos exemplos é a Cielo. O múltiplo preço por valor patrimonial da ação está em 17,43x. Em outras 
palavras, isso significa que o mercado está pagando por essas empresas mais do que elas realmente 
valem em termos de patrimônio. Além da Cielo, outras 16 empresas estão nesta situação, conforme o 
levantamento realizado pela Ativa Corretora (MAMONA, 2016).
Por que isso acontece?
Porque as empresas possuem outros dois valores muito importantes, além do valor patrimonial: o 
valor mercadológico e o valor econômico, que determinam o valor de uma empresa.
5.2 Valor mercadológico das empresas
O valor mercadológico é aquele obtido por meio de uma imagem positiva na mente dos 
stakeholders (todos os públicos interessados) e se reflete no valor das ações das empresas negociadas 
nas bolas de valores.
Atualmente, com as preocupações voltadas para a responsabilidade social 
e o meio ambiente, as empresas não podem pensar somente no lucro 
financeiro. Elas precisam cuidar do meio ambiente, desenvolver produtos e 
serviços que economizem recursos esgotáveis, evitar fraudes e escândalos 
por corrupção, bem como desenvolver projetos de inovação em seu modelo 
de negócio para que se mantenham atualizadas com as necessidades dos 
seus clientes e da sociedade em geral.
5.3 Valor econômico das empresas
O valor econômico é o potencial de geração de receita líquida ao longo do tempo. De nada adianta 
a empresa ter um valor patrimonial elevado e uma imagem positiva na mente dos públicos interessados 
se ela não for capaz de gerar lucro para atender aos proprietários da empresa.
76
Unidade II
Desse modo, quando um modelo de negócio inicia um processo de perda de receita líquida, é 
fundamental que seus gestores analisem cuidadosamente todos os fatores que retiram valor da empresa 
e busquem soluções para aumentar o potencial de geração de lucro. Pode ser a abertura de novas filiais 
em locais com demanda reprimida e/ou o encerramento das filiais que já se esgotaram.
5.4 Como aumentar o valor das empresas
Para manter uma empresa perene e maximizar o seu valor ao longo do tempo, os objetivos de médio 
e longo prazo envolvem as seguintes decisões estratégicas:
• inovação no modelo de negócio, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias;
• publicidade, treinamento, consultorias, projetos de qualidade;
• renovação tecnológica: substituição de equipamentos obsoletos;
• expansão: novas unidades, novos mercados;
• desmobilização do patrimônio líquido, com a venda de imóveis, gerando capital de giro.
Contudo, para aumentar o valor de uma empresa e auxiliá-la na consecução de seus objetivos, são 
necessários recursos financeiros, provenientes de algumas fontes. De onde vêm os recursos para as 
empresas? Basicamente são quatro as formas de se obter recursos, e cada uma delas tem suas vantagens 
e desvantagens:
• Financiamento interno: por meio de retenção de lucros dos acionistas ou proprietários. A 
vantagem é que os recursos estão praticamente disponíveis, porém, será necessária uma avaliação 
do custo de oportunidade. Assim, a rentabilidade da empresa deve ser maior que a rentabilidade 
de outros investimentos, principalmente nos médio e longo prazos.
• Financiamento externo: por meio do mercado de capitais, com emissão de ações (IPO – initial 
public offering) e de debêntures/commercial papers, entre outros. Se a empresa possui um projeto 
atraente para novos investidores, a emissão de ações é uma alternativa muito interessante, porém, 
a análise de risco deve ser muito aprimorada em relação à opção anterior. Qualquer acionista 
busca obter a melhor rentabilidade com o menor risco possível.
• Financiamento com terceiros: empréstimos em bancos. Em períodos de baixa inflação e taxas 
de juros baixas, essa pode ser uma opção a ser considerada, porém, no Brasil, infelizmente essa 
alternativa é a mais arriscada. Tomar dinheiro emprestado em bancos deve ser efetuado com todo 
o cuidado possível. As taxas de juros são, geralmente, muito altas, e a rentabilidade da empresa 
fica seriamente comprometida. Todo cuidado é pouco.
• Desmobilização do patrimônio líquido: as empresas poderão reduzir seu valor patrimonial 
por meio da venda dos ativos imobilizados e alugar os imóveis. Além de melhorar o índice de 
77
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
imobilização e gerar capital de giro para inovações no seu modelo de negócio, ela poderá se 
beneficiar com a redução de impostos, abatendo as despesas com aluguéis. Isso é possível com a 
estruturação de fundos de investimento imobiliário, negociados no mercado de capitais.
Vale ressaltar, ainda, que a escolha da fonte de financiamento está relacionada com o ciclo de vida 
da empresa, como visto a seguir:
Início
Capital próprio
Amadurecimento
Lucros retidos e 
capital de terceiros
Declínio
Desinvestimento, 
recompra de ações
Crescimento
Capital de risco
(ventura capital)
Abertura de capital
Initial public offering (IPO)
Figura 23 
Na implantação da empresa, em geral se utiliza capital próprio dos empreendedores. Como eles não 
podem dar garantias de que o projeto será viável, dificilmente captam recursos financeiros de outras 
fontes de financiamento para seusinvestimentos iniciais.
Em geral, as empresas nessa fase são constituídas por meio de contrato social em que os sócios são 
os proprietários das cotas estabelecidas na proporção dos recursos financeiros que cada sócio investe 
na empresa. Assim, a empresa ganha a denominação de limitada (LTDA.). Em outras palavras, os sócios 
proprietários das empresas serão responsáveis pela gestão, e pelos riscos e os retornos (positivos ou 
negativos) serão de responsabilidade deles.
Na fase de crescimento, a empresa poderá buscar financiamento externo, ou seja, investidores no 
mercado de capitais. Os investidores surgem quando as empresas começam a crescer e necessitam 
intensamente de recursos.
A falta de acesso a créditos bancários incentiva as empresas a buscarem recursos junto aos 
investidores de risco (venture capital) e isso pode ser feito mediante a abertura de capital da empresa, 
por meio de emissão de ações (initial public offering – IPO). Esses investidores podem ser pessoas ou 
outras empresas com capacidade financeira para realizar os aportes necessários.
As empresas precisão mudar seu Contrato Social para um Estatuto Social, em que as cotas dos 
proprietários são transformadas em ações e a empresa se torna uma sociedade por ações (S/A). Nesse 
caso, a propriedade da empresa será diluída entre todos os investidores que compraram as ações.
78
Unidade II
A gestão da empresa S/A se torna muito mais complexa do que a LTDA. e será necessário criar uma 
estrutura administrativa com muitos controles a fim de proteger e fiscalizar os recursos financeiros dos 
novos investidores.
Na fase madura, os resultados se tornam mais previsíveis e as empresas já possuem ativos que 
podem ser dados como garantia a empréstimos bancários. Para o desenvolvimento de projetos, 
as empresas podem utilizar os lucros retidos dos sócios (no caso das LTDAs), bem como capital de 
terceiros (no caso das S/As).
A existência de poucos projetos leva as empresas a promoverem o desinvestimento, a distribuir um 
percentual maior dos lucros como dividendos para os sócios proprietários (no caso das LTDAs) ou mesmo 
a realizar a recompra das ações dos investidores (no caso das S/As).
Contudo, em qualquer fase do ciclo de vida das empresas, ela poderá reduzir seu valor patrimonial 
por meio da venda dos ativos imobilizados e pagar aluguel. Além de melhorar o índice de imobilização e 
gerar capital de giro para inovações no seu modelo de negócio, ela poderá se beneficiar com a redução 
de impostos, abatendo as despesas com aluguéis. Isso é possível com a estruturação de fundos de 
investimento imobiliário, negociados no mercado de capitais.
5.5 Financiamentos internos e a estrutura de capital
Além do seu valor patrimonial, as empresas devem conhecer a sua estrutura de capital, ou seja, como 
se relacionam o capital próprio e o capital de terceiros e como avaliar o custo médio ponderado de capital.
Por que isso é importante?
Porque ao conhecer a composição da estrutura de capital da empresa, são obtidas informações que 
permitem analisar a melhor opção a ser utilizada em um investimento.
 Lembrete
As empresas podem obter financiamento interno por meio da retenção 
de lucros dos acionistas, praticamente disponíveis. Porém, será necessária 
uma avaliação do custo de oportunidade e análise da estrutura de capital.
5.5.1 Análise da estrutura de capital da empresa
As empresas possuem obrigações, apresentadas no passivo do balanço patrimonial, cuja origem do 
capital pode ser de duas fontes:
• Capital próprio: patrimônio líquido da empresa, composto pelo capital social e reservas de lucros.
• Capital de terceiros: constituído de todas as obrigações da empresa (passivo circulante e exigível 
de longo prazo).
79
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
O esquema a seguir apresenta o balanço patrimonial indicando na seta lateral a composição do 
capital de terceiros e a composição do capital próprio:
Ativo (direitos) Passivo (obrigações)
Ativo circulante
- Disponibilidades
Realizável a curto prazo
- Contas a receber
- Estoques
Passivo circulante
- Fornecedores
- Salários e encargos
- Empréstimo de curto prazo
- Impostos a pagar
Passivo não circulante
- Exigível a longo prazo
Ativo não circulante
- Investimentos
- Imobilizado
- Inatingível
Patrimônio líquido
- Capital social
- Reservas de lucros
Ca
pi
ta
l d
e 
te
rc
ei
ro
s
Ca
pi
ta
l p
ró
pr
io
Figura 24 
Será necessário, portanto, efetuar análises da estrutura de capital para apurar qual cenário terá 
maior retorno sobre o investimento.
5.5.2 Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)
Esse é um dos recursos importantes para a empresa monitorar a sua estrutura de capital. É a média 
ponderada entre o custo do capital próprio e o capital de terceiros.
Em inglês, utiliza-se a sigla WACC (weighted average cost of capital). A cada balanço patrimonial 
apurado na empresa, é possível conhecer o CMPC, por meio da seguinte equação:
CPMC = ((E / V) x Re) + ((D / V x Rd) x (1 - T)
onde:
E = percentual do capital próprio
D = percentual do capital de terceiros
V = E + D
Re = taxa de retorno do capital próprio
Rd = taxa de retorno do capital de terceiros
80
Unidade II
T = aliquota de IRPJ para apuração do lucro real
(1 - T) = benefício fiscal
Exemplo de aplicação
A partir dos dados a seguir, calcule o WACC da empresa:
E = capital próprio = 50%
D = capital de terceiros = 50%
V = E + D = 100%
Re = taxa de retorno do capital próprio = 22,5%
Rd = taxa de retorno do capital de terceiros = 12,75%
T = alíquota de IRPJ para apuração do lucro real = 25%
Se utilizarmos uma planilha eletrônica, podemos deixar programada e estudar variações do grau de 
endividamento, como no exemplo a seguir:
Figura 25 
Quanto menor o CMPC, maior é o risco, pois depende muito mais do capital de terceiros do que do 
capital próprio.
81
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
5.5.3 Estudo de alternativas de investimento em dois cenários
Vamos imaginar uma empresa que precisa efetuar investimentos de R$ 100.000. Ela apresenta 
duas alternativas de investimentos. Na alternativa A, utilizamos apenas capital próprio da empresa; 
na alternativa B, R$ 50.000 de capital próprio e R$ 50.000 de capital de terceiros – por exemplo, 
financiamento com juros de 20% no período (R$ 10.000). O lucro antes dos juros e do imposto de renda 
é R$ 30.000 (Lajir). Nas duas alternativas, o IR sobre o lucro é de 10%.
Tabela 11 
Alternativa A Alternativa B
Capital próprio 100.000 50.000
Capital de terceiros 50.000
Lajir 30.000 30.000
Juros 10.000
Lair 30.000 20.000
IR (10%) 3.000 2.000
Lucro líquido 27.000 18.000
Retorno sobre o capital 27% 36%
Nas condições apresentadas, em que o lucro operacional (Lajir) é de 30% sobre o capital 
investido, será mais interessante para a empresa a alternativa B, pois a taxa de juros no período é 
menor (20%).
O que ocorre é que o pagamento de juros a terceiros origina um benefício fiscal (pagamento de 
juros) que reduz o custo do capital como um todo. Quando uma empresa utiliza capital de terceiros, a 
custo fixo (juros), na sua composição de capital, diz-se que ela está alavancada financeiramente.
Se por um lado a alavancagem financeira aumenta a riqueza dos acionistas, por outro, 
se utilizada sem acompanhamento por muito tempo, pode colocar a empresa em risco, pelas 
mutações do macroambiente, tais como mudanças nas taxas de juros, aumento da concorrência, 
entre outros.
Desse modo, a definição da estrutura de capital de uma empresa é uma decisão estratégica muito 
importante e deve ser acompanhada rotineiramente.
82
Unidade II
 Saiba mais
Robert Kiyosaki, autor do livro Pai rico, pai pobre, apresenta oito formas 
de conhecer um bom investimento para a empresa, explicando conceitos de 
alavancagem operacional e financeira:
KIYOSAKI, R. 8 formas de saber se é um bom investimento. Seu Dinheiro, 
2020. Disponível em: https://www.seudinheiro.com/2020/colunistas/
coluna-do-pai-rico-pai-pobre/8-formas-de-saber-se-e-um-bom-
investimento/.Acesso em: 14 abr. 2020.
5.5.4 Investimentos em cenários de expansão e recessão
A empresa pode avaliar as alternativas de investimentos que possui, levando em conta 
as mudanças do macroambiente. Além de avaliar a estutura de capital da empresa, como 
demonstramos anteriormente, ela poderá estimar seu retorno em cenários do ambiente externo: 
resultado esperado, resultado em ambiente em expansão e resultado em ambiente de recessão. 
Veja o exemplo a seguir:
Exemplo de aplicação
Uma empresa deseja decidir entre duas estruturas de capital:
• Sem alavancagem:100% de capital próprio, com patrimônio líquido de R$ 2 milhões.
• Com alavancagem: 60% de capital próprio, com patrimônio líquido de R$ 1,2 milhão e R$ 800 
mil em dívidas, a um custo de 13% a.a.
A empresa trabalha com três cenários, cujo IR é 25%:
• Cenário esperado: o lucro antes dos juros e imposto de renda (Lajir) esperado da empresa é de 
R$ 300 mil.
• Cenário de recessão: o cenário pessimista é de R$ 200 mil.
• Cenário de expansão: o cenário otimista é de R$ 360 mil.
Qual das duas estruturas de capital propostas é a mais adequada para o Lajir dado nos três cenários?
83
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Figura 26 
Figura 27 
Figura 28 
Análise dos resultados
Baseando-se nos resultados obtidos, apenas no cenário em recessão ela deve optar pela estrutura 
de capital sem alavancagem, pois o retorno sobre o patrimônio líquido (RoE – return on equity) é maior 
nesse caso, ou seja, 7,5% contra 6%.
84
Unidade II
Tanto no cenário esperado quanto no cenário otimista, a empresa deve optar pela estrutura de capital com 
alavancagem, pois o retorno sobre o patrimônio líquido (RoE - return on equity) é maior: no cenário esperado, 
12,25% contra 11,25%; no cenário otimista, o ganho é ainda mais significativo, de 16% contra 13,50%.
5.6 A migração do valor econômico das empresas
Em 1983, o consultor de empresas norte-americano Adrian Slywotzky desenvolveu uma metodologia 
para avaliar se as empresas estão ganhando ou perdendo valor econômico. Essa metodologia foi publicada 
no Brasil em 1997 e muito pouco divulgada. Entretanto, ela traz informações interessantes sobre as empresas 
que estão perdendo valor econômico por diversas razões. Pode ser pelas inovações tecnológicas que os 
concorrentes adotam e elas, não; pode ser por mudanças políticas e econômicas, entre outras razões.
 Lembrete
Valor econômico é o potencial de geração de receita ao longo do tempo. 
De nada adianta a empresa ter um valor patrimonial elevado se ela não 
gerar lucro aos acionistas.
Slywotzky (1997) escreve que de 1984 a 1994, a IBM e a DEC perderam US$ 55 bilhões em valor de 
mercado, enquanto a Microsoft, a Intel, a EDS e a Novel ganharam US$ 80 bilhões. Ele chama atenção para 
a migração do valor entre as empresas no setor de tecnologia e informação, de modo rápido e profundo.
De acordo com o autor, existem três fases para um modelo de negócio: influxo de valor, estabilidade 
e escoamento de valor.
• Fase do influxo de valor: nessa fase inicial, a empresa começa a absorver valor de outras 
empresas do seu setor, porque seu modelo de negócio demonstra ser superior, na perspectiva de 
melhor atender aos clientes.
• Fase da estabilidade: essa fase se caracteriza pelo modelo de negócio que se ajusta às prioridades 
dos clientes e pelo equilíbrio competitivo geral. Essa fase pode variar, dependendo da velocidade 
de mudanças ambientais e das prioridades dos clientes. Embora o valor continue na empresa, não 
existem expectativas de crescimento se não forem efetuadas inovações do modelo de negócio.
• Fase do escoamento do valor: nessa terceira fase, o valor começa a se afastar das atividades 
tradicionais da empresa, aproximando-se dos modelos de negócios que satisfazem, de modo mais 
eficaz, as prioridades dos clientes. Embora possa começar lentamente, o escoamento do valor se acelera 
na medida em que um modelo de negócio se torna cada vez mais obsoleto (SLYWOTZKY, 1997).
Quando um modelo de negócio passa pelas três fases da migração do valor, a tarefa dos gerentes 
muda. Em cada fase, os gerentes precisam adotar atitudes bem diferentes para efetuar as adequações 
necessárias na empresa.
85
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
O índice que determina a fase de valor em que a empresa se encontra é obtido pela divisão do valor 
de mercado da empresa pelo faturamento anual.
Se o índice estiver entre 0 e 1, a empresa está na fase de escoamento do valor; se estiver entre 1 e 2, 
a empresa está na fase de estabilidade de valor; e se o índice for maior que 2, a empresa está na fase de 
influxo de valor.
O esquema a seguir ilustra como cada uma dessas fases é identificada:
As três fases da migração de valor
Va
lo
r d
e 
m
er
ca
do
 / 
fa
tu
ra
m
en
to
— Concorrência limitada
— Alto crescimento
— Alta lucratividade
— Estabilidade competitiva
— Participação de mercado estável
— Margens de lucros estáveis
— Intensidade competitiva
— Declínio das vendas
— Lucros baixos
Influxo de valor Estabilidade de valor Escoamento de valor
Talento, recursos e 
clientes desertam 
em rítmo acelerado
1
2
Figura 29 
Como podemos obter esses dados para saber em qual fase de valor a empresa se encontra?
O valor da empresa pode ser obtido multiplicando-se o valor da ação da empresa pela quantidade 
de ações, e o faturamento pode ser obtido da demonstração de resultados do exercício (DRE).
Esses dados estão disponíveis no site da bolsa de valores B3, para todas as empresas listadas.
Exemplo de aplicação
Uma determinada empresa do setor de comércio varejista possui ações na bolsa de valores B3. No 
dia 8 de agosto de 2019, às 14h, cada ação dessa empresa estava sendo negociada por R$ 23,10.
Essa empresa possui 2 milhões de ações ordinárias. Desse modo, o valor de mercado da empresa é de 
R$ 23,10 x 2.000.000 = R$ 46.200.000,00.
O faturamento anual da empresa em 2018 foi de R$ 28.370.000.
86
Unidade II
Assim, o índice de valor econômico da empresa é:
R
R
$ . .
$ . .
,
46 200 000
28 370 000
16285=
Comparando com o esquema apresentado, podemos dizer que a empresa se encontra em fase de 
estabilidade de valor, pois seu índice de valor se situa entre 1 e 2.
5.7 Entendendo o mercado de valores mobiliários
O mercado de valores mobiliários é o segmento do sistema financeiro que viabiliza a transferência 
de recursos de maneira direta entre os agentes econômicos.
Nesse mercado, as instituições financeiras atuam como prestadoras de serviço. O risco de uma 
possível inadimplência dos tomadores de recursos é de responsabilidade dos próprios investidores. As 
operações são, em geral, de médio e longo prazo, e os títulos negociados são valores mobiliários.
 Lembrete
Uma das formas de a empresa obter financiamento externo é 
o mercado de capitais, com emissão de ações (IPO – initial public 
offering). Se a empresa possui um projeto atraente, essa é uma 
alternativa muito interessante.
Para compatibilizar os diversos interesses entre companhias e investidores, estes recorrem aos 
intermediários financeiros, que cumprem a função de reunir investidores e companhias, propiciando 
a alocação eficiente dos recursos financeiros na economia. O papel dos intermediários financeiros é 
harmonizar as necessidades dos investidores com as das companhias abertas.
Por exemplo, uma companhia que necessita captar recursos para investimentos, se desejar fazê-lo 
através do mercado de capitais, deve procurar os intermediários financeiros, que irão distribuir seus 
títulos para serem oferecidos a diversos investidores, possibilitando mobilizar o montante de recursos 
requerido pela companhia.
Esses intermediários financeiros irão orientar a companhia sobre a melhor alternativa de 
financiamento, isto é, alternativas para que a companhia possa se financiar.
5.7.1 Abertura do capital
Serão necessários vários procedimentos jurídicos e administrativos para a abertura do capital 
de uma empresa. O primeiro passo para isso é a obtenção do registro de companhia aberta junto 
àCVM. A companhia irá solicitar e deverá apresentar uma série de documentos especificados pela 
87
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
CVM. Entre eles, os principais são os atos societários, as últimas demonstrações financeiras e o 
parecer de auditor independente.
Uma vez obtido o registro de companhia aberta junto à CVM, a empresa pode, por exemplo, emitir 
títulos representativos de seu capital, as ações, ou títulos representativos de dívida da companhia, como 
debêntures e notas comerciais (commercial papers), através de uma operação de oferta pública de 
valores mobiliários.
É importante destacar que a lei retira, expressamente, da lista de valores mobiliários os títulos da 
dívida pública federal, estadual ou municipal e os títulos cambiais de responsabilidade das instituições 
financeiras, exceto as debêntures.
De fato, se a captação é feita por entes governamentais ou por instituições financeiras, regulamentadas 
pelo Banco Central do Brasil, com a responsabilidade destas, não há razões para se pleitear a tutela da 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
Nenhuma emissão pública de valores mobiliários poderá ser distribuída no mercado sem prévio 
registro na CVM, entendendo-se por atos de distribuição a venda, promessa de venda, oferta à venda ou 
subscrição, aceitação de pedido de venda ou subscrição de valores mobiliários.
5.7.2 Ofertas públicas
Após o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa deverá contratar um ou mais 
intermediários financeiros, que irão atuar como líderes da distribuição, organizando as operações de 
oferta pública de ações. Em geral, os intermediários financeiros se associam em consórcios, num esforço 
para vender todos os títulos ou valores mobiliários emitidos pela companhia.
A colocação inicial desses títulos ou valores mobiliários ocorre no mercado primário, onde as ações 
e/ou debêntures, por exemplo, são vendidas pela primeira vez e os recursos financeiros obtidos são 
direcionados para a respectiva companhia.
5.7.3 Negociação
Finalizada a oferta pública de distribuição, os investidores que adquiriram os títulos e valores 
mobiliários podem revendê-los no chamado mercado secundário, onde ocorre a sua negociação entre 
os investidores. Os investidores podem negociar diretamente entre si para comprar e vender ações e 
outros títulos e valores mobiliários. Contudo, na maioria dos casos, essa não é a forma mais eficiente 
porque implica em altos custos de transação.
Para facilitar a negociação desses títulos no mercado secundário, foram criadas instituições 
que têm por objetivo administrar sistemas centralizados, regulados e seguros para a negociação 
desses títulos. A função básica dessas instituições é proporcionar liquidez aos valores de emissão de 
companhias abertas, ou seja, possibilitar ao investidor que adquiriu esses títulos vendê-los de forma 
eficiente e segura. São exemplos dessas instituições as bolsas de valores e as entidades administradoras 
do mercado de balcão organizado.
88
Unidade II
5.7.4 Fechamento do capital
Uma empresa, da mesma forma que decide abrir seu capital, poderá desejar, por uma decisão 
estratégica/empresarial, fazer a operação inversa. O fechamento do capital obedece às regras previstas 
na Instrução CVM 361/02 e ocorre por meio de uma OPA (oferta pública de aquisição de ações).
De forma simplificada, o acionista controlador irá recomprar ações de emissão da companhia e 
poderá fechar o capital desde que acionistas minoritários titulares de mais de 2/3 (dois terços) das ações 
em circulação aceitem os termos do negócio.
6 MERCADO DE CAPITAIS: ACIONÁRIO
Como visto anteriormente, o mercado de capitais tem como objetivo canalizar recursos de médio 
e longo prazo para empresas que estejam necessitando de recursos financeiros, através das operações 
de compra e de venda de títulos e valores mobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e 
intermediários. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o principal órgão responsável pelo controle, 
normatização e fiscalização desse mercado.
A característica que o difere dos outros mercados financeiros (monetário, crédito e cambial) é a 
existência do mercado primário e do mercado secundário. Apesar de as debêntures e os commercial 
papers fazerem parte desse mercado, trataremos aqui do mercado acionário, por ser o mais importante.
6.1 Mercado de ações
Ações são títulos que representam a menor fração com que subdivide o capital social de uma empresa 
organizada sob a forma de sociedade anônima (sociedade por ações), representando um investimento 
permanente na empresa. O acionista é, portanto, um proprietário da empresa, participando dos resultados 
alcançados por ela proporcionalmente à quantidade de ações que possui.
As sociedades por ações (até 1990 eram conhecidas como sociedade anônima) podem ser de capital 
aberto ou capital fechado. As de capital fechado geralmente são empresas familiares e têm um número 
restrito de sócios portadores de ações. As de capital aberto estão necessariamente registradas na CVM e 
são obrigadas a fornecer ao mercado uma série de informações de caráter econômico, social e financeiro, 
pois suas ações podem ser negociadas na bolsa de valores ou no mercado de balcão.
6.1.1 Ações ordinárias (ON) e ações preferenciais (PN)
As ações podem ser classificadas como ordinárias (ON) ou preferenciais (PN). As ações ordinárias 
são ações comuns, e seus possuidores têm todos os direitos e obrigações de legítimos proprietários da 
empresa. Tais acionistas têm direito a voto nas assembleias de acionistas, nas quais cada ação equivale 
a um voto.
As ações preferenciais, ao contrário do que o nome sugere, são aquelas em que os possuidores têm 
restrição de direitos em relação aos acionistas possuidores de ações ordinárias.
89
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Os possuidores de ações preferenciais não podem votar nas assembleias; porém, para compensar 
essa limitação, eles têm prioridade no recebimento de dividendos, e em caso de liquidação da empresa, 
têm prioridade no recebimento do reembolso de capital.
A distribuição de dividendos é a principal forma de remuneração dos acionistas; porém, por lei, o 
dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% do lucro líquido. Sob o ponto de vista econômico, 
essa distribuição mínima obrigatória não faz necessariamente sentido. Isso dependerá de cada empresa, 
da fase do ciclo de vida em que ela se encontra.
Uma empresa de grande crescimento, com muitos projetos de investimento, não deveria ser obrigada 
a distribuir dividendos, pois isso talvez não esteja de acordo com os interesses dos acionistas.
Por outro lado, uma empresa já madura, gerando muito lucro e que não tenha muitos projetos 
de investimento, talvez prefira distribuir todo ou quase todo o lucro em forma de dividendos. A relação 
percentual entre a parte distribuída em forma de dividendos e o lucro líquido total é denominada 
taxa payout.
6.1.2 Mercado primário e mercado secundário
O mercado de ações pode ser classificado em mercado primário e mercado secundário. Diz-se que 
o mercado é primário quando as ações são lançadas pela primeira vez e o dinheiro arrecadado, líquido 
de custos, vai para a empresa emitente. Diz-se que o mercado é secundário quando essas ações mudam 
de mãos, quando negociadas pelos seus proprietários para outros acionistas. Nesse caso, os valores 
envolvidos apenas trocam de mãos, de um acionista para outro, sem financiar projetos de investimentos 
para a empresa emitente.
6.1.3 Bolsas de valores e mercado de balcão
Após uma empresa vender suas ações em uma oferta pública inicial (IPO), é importante que exista 
um mercado secundário onde os investidores que investiram nessas ações possam revendê-las quando 
acharem apropriado. Buscando garantir a liquidez dos investimentos, foram criados os ambientes de 
Bolsas de Valores e Mercados de Balcão.
6.1.4 O que são bolsas de valores?
As bolsas de valores são ambientes organizados para negociação de títulos e valores mobiliários. Suaprincipal função é proporcionar um ambiente mais líquido, transparente e seguro para a realização de 
negócios, contribuindo assim para a eficiência do mercado de capitais.
As bolsas de valores utilizam sistemas eletrônicos de negociação para registro das ordens de 
compra e venda. No Brasil, atualmente, as bolsas são organizadas sob a forma de sociedade por 
ações (S.A.), reguladas e fiscalizadas pela CVM. As bolsas têm autonomia para exercer seus poderes de 
autorregulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam. Todas as corretoras são registradas 
no Banco Central do Brasil e na CVM.
http://www.bussoladoinvestidor.com.br/artigos/ipo_ofertas_publicas_e_subscricao_o_que_sao-388,1.html
90
Unidade II
 Observação
Somente através das corretoras e distribuidoras, os investidores têm 
acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de 
compra e venda.
As companhias que têm ações negociadas nas bolsas são chamadas companhias “listadas”. A 
companhia deve, ainda, atender aos requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei n. 6.404, de 15 de 
dezembro de 1976) e pelas instruções da CVM, além de obedecer a uma série de normas e regras 
estabelecidas pelas próprias bolsas.
Os mercados de capitais são mais eficientes em países onde existem bolsas de valores bem estruturadas, 
transparentes e líquidas. Para que elas desempenhem suas funções, o ambiente de negócios do país 
tem que ser livre e as regras devem ser claras. Nesses contextos, as bolsas podem beneficiar todos os 
indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de companhias abertas.
No Brasil, a única bolsa de valores é a B3 (fusão da Bolsa de Valores – Bovespa com a Bolsa de 
Mercadorias e Futuros – BMF e a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos – Cetip). A 
primeira fusão, entre a Bovespa e a BMF, ocorreu em 2007, depois de uma reorganização societária que 
transformou a Bovespa em sociedade anônima (sociedade por ações) em um processo conhecido como 
desmutualização. Passou ser chamada de BM&FBovespa. A segunda fusão ocorreu em 2017, com a 
fusão da BM&FBovespa e a Cetip, formando a B3.
6.1.5 O que é mercado de balcão?
No Brasil, a bolsa de valores é mais focada nas companhias de grande porte; portanto, uma empresa 
de porte menor que deseje ir para esse mercado pode perder um pouco de visibilidade, além de ser um 
processo mais burocrático e custoso. Para essas empresas, o mercado de balcão pode ser a solução 
ideal, já que suas ações podem ser facilmente negociadas, sem ter que atender todas as exigências 
necessárias para a bolsa de valores.
Existe em nosso país a Sociedade Operadora do Mercado de Ativos S/A (Soma), que administra o 
mercado de balcão e oferece um ambiente de negociações pelo SOMAtrader, pelo qual as ordens são 
enviadas. Há o mercado de balcão organizado (estruturado em um sistema de negociação, conectando 
as instituições financeiras) e o não organizado (sem um sistema de negociação).
6.1.6 O que é mercado de balcão organizado?
O mercado de balcão organizado é um ambiente com sistemas informatizados e regras para 
a negociação de títulos e valores mobiliários (ações, cotas de fundo e outros ativos). Esse ambiente 
é administrado por instituições autorizadas a funcionar pela CVM e por ela supervisionadas. São as 
chamadas instituições autorreguladoras, entre as quais citamos as corretoras e os bancos.
91
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
As transações do mercado de balcão são feitas por telefone ou eletronicamente entre as instituições 
financeiras e não têm um local físico definido. Existe uma série de requisitos que uma instituição deve 
obedecer para atuar como intermediário financeiro, englobando a conduta, a fiscalização e a aplicação 
de penalidades aos infratores.
6.1.7 Quem pode intermediar as negociações?
Basicamente, podem intermediar as negociações todas as instituições integrantes do sistema de 
distribuição de valores mobiliários: as corretoras de valores, as distribuidoras e os bancos de investimento, 
desde que atendam aos requisitos impostos pela CVM (Comissão de Valores Monetários) e pelo Banco 
Central. Os intermediários irão executar e liquidar as ordens de seus clientes (os investidores), que 
devem estar previamente cadastrados antes de iniciar qualquer operação.
6.1.8 Pregão e mercado à vista
O pregão é uma das modalidades de licitação veiculadas no Brasil. Essa modalidade possibilita o 
incremento da competitividade e a ampliação das oportunidades de participação nas operações de 
compra e venda de ativos financeiros, por pessoas físicas ou jurídicas. Assim, o pregão se constitui como 
a janela, ou sessão, de transações feitas em lances de compra e venda das ações negociadas numa bolsa 
de valores, que pode ser feito diretamente na sala de negociações ou por via eletrônica através dos 
sistemas de negociação da BM&FBovespa.
O mercado à vista representa o conjunto de operações de compra das ações negociadas em bolsa a 
preços estabelecidos em pregão. As forças de oferta e demanda originam os preços dos ativos no pregão. 
Quando uma negociação é realizada, cabe ao comprador enviar o valor pago e ao vendedor fornecer o 
título-objeto da negociação.
6.2 Rendimento e risco das ações
De acordo com Congo (2017), o Brasil tem fraca cultura de investimento. A educação financeira passa 
longe dos bancos escolares, e apenas 16% da população diz possuir R$ 2.500 para uma emergência. Por 
isso, passamos a ver com naturalidade pesquisas cujos resultados mostram que enquanto nos Estados 
Unidos 65% da população investem no mercado acionário, no Brasil esse índice chega a míseros 0,29%. 
Aparentemente, as pessoas têm medo. Mas qual é o real risco de investir em ações?
Congo (2017) faz uma citação do pensamento de um bilionário norte-americano e maior especialista 
mundial em bolsa de valores, Warren Buffett, que dizia: “o maior inimigo do investidor é ele mesmo”.
De fato, aplicar em ações envolve riscos. Entretanto, são riscos inerentes a qualquer investimento em 
renda variável. O problema não é o risco em si, mas a ausência de conhecimento sobre como atenuá-lo.
Vamos mostrar quais os tipos de risco de investir em ações e como gerenciá-los para mudar a 
história de sua vida financeira.
https://www.bussoladoinvestidor.com.br/abc_do_investidor/pregao?utm_source=abc
92
Unidade II
6.2.1 O que é risco de investimento?
Risco é a probabilidade de alguma incerteza ou variável não calculada impactar o desempenho de 
um investimento. O risco está, portanto, diretamente ligado à previsibilidade de retorno dessa aplicação.
Existem os chamados “micos” da Bolsa: ações de “terceira linha”, pouco procuradas pelos investidores 
qualificados, de baixo preço e, geralmente, oriundas de empresas falidas/em recuperação judicial. Se você 
aplicar em ações assim, suas possibilidades de retorno vão variar de percentuais negativos a rentabilidade 
acima dos 100%. Essas ações de empresas com fundamentos duvidosos, pouca transparência e altíssima 
volatilidade são exemplos de ações de alto risco.
Por outro lado, quem investe em ações “defensivas” (de empresas que, mesmo durante recessões, 
não sofrem impacto no consumo de seus serviços) está menos suscetível à volatilidade do mercado. É o 
caso de empresas do setor elétrico e bancário.
Perceba que quanto maior a variabilidade no retorno, maior o risco. É exatamente por isso que 
investimentos de baixo risco (como a caderneta de poupança, protegida pelo Fundo Garantidor de 
Créditos) costumam ter também retornos menos impactantes. O segredo é montar uma carteira de 
investimentos que equalize os diversos riscos.
6.2.2 Risco de investir em ações
Os principais riscos de investir em ações são os seguintes:
• Risco de liquidez: é a dificuldade de encontrar rapidamente compradores para as ações que você queira 
vender. Esse risco pode ser minimizado com a compra de papéis de empresas sólidas (chamadas blue chips), 
evitando os “micos”. Ações de empresas sólidas tendem a ser bastante demandas na Bolsa;logo, boa liquidez.
• Risco de mercado: o preço da ação pode se desvalorizar em decorrência de variáveis 
macroeconômicas externas, fora do controle da empresa. Um aumento da intervenção estatal 
nos bancos públicos pode fazê-los perder competitividade no mercado (concedendo crédito a 
juros mais baixos do que o restante do mercado, por exemplo). Interferências externas como essa 
representam risco de mercado, assim como variações na inflação, taxas de desemprego e de juros.
• Risco da empresa: os balanços da empresa em que você quer investir mostram crescimento ou prejuízo? 
Você já verificou o Ebtida, índices de rentabilidade e endividamento? Empresas com problemas de caixa 
ou de crescimento tendem a ser mal avaliadas pelo mercado financeiro, e isso influencia no preço das 
suas ações. A análise das demonstrações financeiras (como balanço patrimonial e demonstração do 
resultado do exercício) pode revelar muito sobre a saúde financeira da organização.
• Risco da corretora: a corretora de valores atua obrigatoriamente na intermediação entre investidores 
e empresas, na compra e venda de ações. Mas e se sua corretora quebrar? Com suas ações, não 
aconteceria nada, pois elas permanecem em seu nome na Câmara de Ações (antiga CBLC). O problema 
é seu saldo livre em conta, que pode ser “confiscado” em caso de falência (algo raro, mas possível).
https://blog.magnetis.com.br/tipos-de-acoes/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost
https://blog.magnetis.com.br/rendimento-da-poupanca-hoje-e-ruim/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost
93
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
 Saiba mais
“Bolsa é feita para perder dinheiro”. Você concorda com essa frase? 
Então vale a pena conhecer a história de Luiz Barsi. O ex-engraxate saiu 
de um cortiço no centro de São Paulo para se tornar um dos homens mais 
ricos do Brasil após estudar profundamente o mercado financeiro. Sua 
fortuna foi avaliada em mais de R$ 1 bilhão. Leia sobre o pensamento de 
Luiz Barsi no link:
POLI, M. Estou torcendo para a próxima crise chegar, diz bilionário. 
Exame, 18 set. 2014. Disponível em: https://exame.abril.com.br/mercados/
estou-torcendo-para-a-proxima-crise-chegar-diz-bilionario/?utm_
source=blog&utm_campaign=rc_blogpost. Acesso em: 14 abr. 2020.
Veja também o caso do administrador de empresas que perdeu R$ 200 
mil em ações da OGX.
CONGO, M. As ações da OGX viraram pó e o Guilherme perdeu R$ 200 
mil. Magnetis, 2 nov. 2018. Disponível em: https://blog.magnetis.com.br/
as-acoes-da-ogx-viraram-po-e-o-guilherme-perdeu-r-200-mil/?utm_
source=blog&utm_campaign=rc_blogpost. Acesso em: 16 mar. 2020.
O maior risco de investir em ações, no entanto, está no próprio comportamento do investidor, uma 
vez que não são poucos os que investem sem saber o que estão fazendo. Muitos não aplicam, apostam. 
E os riscos de não levar a sério a “ciência” do mercado financeiro podem ser amargos.
Existem diversas técnicas e metodologias para avaliar o mercado e o próprio desempenho dos ativos 
em Bolsa (como análise técnica e fundamentalista), as quais são capazes de diminuir a imprevisibilidade 
do mercado, reduzindo riscos e maximizando as possibilidades de lucro.
Além disso, paciência e frieza também são bem-vindas em um mercado no qual alta volatilidade não 
significa catástrofe, necessariamente. Uma tendência de queda (realização de lucros) é salutar para que 
uma ação volte a apresentar valorização no médio/longo prazo.
6.3 Índices representativos do mercado de ações
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) coleta, organiza e divulga uma série de informações sobre 
os negócios realizados em cada pregão (sessão em que se efetuam negócios com ativos listados, 
por sistema de negociação eletrônica), e entre elas estão os índices que mostram o comportamento 
de todo mercado ou de segmentos específicos de mercado. A título de exemplo, vamos apresentar 
alguns a seguir.
http://exame.abril.com.br/mercados/estou-torcendo-para-a-proxima-crise-chegar-diz-bilionario/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost
https://blog.magnetis.com.br/acoes/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost
94
Unidade II
Índice Bovespa (IBovespa)
É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 2 de janeiro 
de 1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética.
Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então, considerando-se 
somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras 
(tais como reinversão de dividendos recebidos e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição 
e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação). Dessa forma, o índice reflete não apenas as 
variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado 
um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes.
Índice Brasil (IBrX)
É um índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica composta por 100 ações 
selecionadas entre as mais negociadas na BM&FBovespa, em termos de número de negócios e volume 
financeiro. Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo número de ações 
disponíveis à negociação no mercado.
Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC)
Tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas 
que apresentem bons níveis de governança corporativa. Tais empresas devem ser negociadas no Novo 
Mercado ou estar listadas nos Níveis 1 ou 2 da BM&FBovespa.
 Saiba mais
Os índices de desempenho utilizados pelo mercado estão disponíveis no 
site da CVM:
http://portaldoinvestidor.gov.br/
7 MERCADO DE CAPITAIS: MERCADORIAS E FUTUROS
O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas e de commodities do mundo, e o mercado futuro 
é a ferramenta necessária para todos aqueles que participam desta cadeia produtiva. O crescimento e 
desenvolvimento dos Mercados Futuros no Brasil têm gerado demanda por conhecimento, que até 
então se encontrava nas mãos de algumas poucas pessoas.
O Mercado Futuro foi criado para que produtores, cooperativas, indústrias, bancos, financeiras, 
exportadores, importadores, entre outros, possam utilizá-lo como ferramenta de proteção para oscilação 
de preços de commodities, moedas, índices financeiros, entre outros.
95
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Também vale ressaltar que o Mercado Futuro é atraente para aqueles que desejam utilizá-lo como 
forma de investir e aproveitar as oscilações de preços para obter ganhos financeiros (MERCADOS..., [s.d.]).
7.1 O que são commodities?
O termo commodity, em inglês, significa mercadoria. São todas as matérias-primas essenciais 
que possuem baixo nível de industrialização. Elas são produzidas em grande quantidade sem 
diferenças entre marcas e podem ser estocadas sem perda de qualidade. Exemplos de commodities 
são: petróleo, trigo, suco de laranja congelado, entre outros.
As commodities servem de base para a indústria no mundo inteiro e são comercializadas 
globalmente em grande volume. Atualmente também são considerados commodities alguns 
produtos de uso comum mundial, como lotes de camisetas brancas básicas ou lotes de calças jeans.
As commodities são uma forma de investimento, uma opção entre as tantas opções de 
investimento no mercado, como poupança ou fundos de investimento.
Então, uma saca de trigo é uma commodity que posso negociar?
Não. Para um dos produtos citados ser uma commodity, isto é, uma forma de investimento, é 
necessário que exista uma estrutura de mercado onde vendedores e compradores se encontram 
e onde se torna possível essa forma de investimento.
Mas como funciona um investimento em commodities?
Um investimento em commodities se faz através do mercado de futuros que, em linhas 
básicas, funciona da seguinte maneira: você compra no mercado de futuros um contrato com 
um grande produtor de laranjas, estipulando que ele se compromete a entregar daqui a sete meses 
400 toneladas de laranjas, pelas quais vocêse compromete a pagar R$ 140,00 por tonelada. Nessa 
transação você espera poder vender esse contrato de laranjas para algum interessado, antes da sua 
data de vencimento, por um preço maior por tonelada do que pagou, obtendo lucro na transação. 
Como qualquer tipo de investimento, a opção de investir em commodities será analisada pelos 
seguintes parâmetros:
• retorno: ganho percentual sobre o capital investido que se espera ganhar em comparação com 
outras formas de investimento;
• risco: incerteza quanto a investir em uma opção de investimento.
Na análise quanto ao risco e retorno de um investimento, a escolha varia de pessoa para pessoa, 
já que alguns aceitam riscos maiores em troca de retornos maiores, enquanto outras pessoas preferem 
retornos menores mas com riscos também menores.
96
Unidade II
Mas o que fazer com tantas laranjas se eu não conseguir vendê-las?
Como investidor – ou melhor, como especulador – você não vai ter nenhuma posse física das 
commodities que negocia, você somente vai comprar e vender contratos, como outros tantos investidores, 
antes da data de vencimento dos contratos. Assim, pode ser que daqui a cinco dias você ache que 
o preço por tonelada de laranjas está satisfatório em R$145,00 e o venda para outro especulador. 
Pronto, vocês fez a operação no mercado de futuros e nem por isso teve de se preocupar em onde 
colocar 400 toneladas de laranja.
Então commodities são iguais às ações da Bolsa de Valores?
Não. O mercado de ações e o mercado de futuros (que negocia as commodities) têm diferenças. No 
mercado de ações, negociam-se tanto ações “velhas”, emitidas há vários anos, quanto ações “novas”, 
emitidas por uma empresa nova, por exemplo.
No mercado de ações ocorre a distribuição de dividendos (uma participação nos lucros das empresas 
aos acionistas possuidores de ações). No mercado de futuros somente se negociam produtos disponíveis 
para consumo imediato ou futuro. Não se pode negociar o trigo consumido há cinco anos, por exemplo. 
Nesse mercado, não há distribuição de dividendos.
Então no mercado de futuros somente circulam especuladores atrás de lucros? 
Quase sempre, pois cerca de 90% dos negócios são feitos com finalidade especulativa, mas também 
existem compradores que desejam o produto final. Por exemplo, a Nestlé tem o cacau como matéria-prima 
básica para sua linha de produção de chocolates. Para manter um nível de produção regular, ao longo 
do tempo, a Nestlé compra, no mercado de futuros, contratos de cacau a um preço acertado que lhe 
permita manter também os custos e o preço final do produto. Outra vantagem para os consumidores 
finais das commodities é o ganho com a eliminação dos custos de estocagem e manuseio da produção.
Mas e se o produtor de uma commodity que faz um contrato futuro sofre uma quebra de produção, 
não podendo mais honrar o contrato?
Nesse caso, o produtor terá que comprar um outro contrato no mercado, na mesma proporção que o 
seu, seja mais caro ou mais barato, de modo que, quando chegar a data término do seu contrato, o que 
ele comprou, vencerá. Assim, ele cumprirá o contrato com a produção de outro produtor. O produtor, 
na verdade, anula seu contrato. É por esse motivo que os produtores de commodities tratam com tanta 
discrição as informações sobre a produção, para poderem realizar operações de anulação se necessário. 
Por exemplo, o relatório sobre a produção de laranjas nos EUA tem data marcada para ser apresentado 
para o público.
Mas o que um especulador faz se o preço da commodity da qual tem um contrato começa a cair? 
Nesse caso, se o especulador não acredita na alta de preços daquela commodity ou se prefere 
anulá-lo naquele momento, temendo perdas maiores, então realiza um processo de anulação igual 
97
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
ao que o produtor faria se houvesse quebra de sua produção, pagando a diferença entre os contratos, 
sendo este seu prejuízo. Esse tipo de contrato é chamado de short position. 
Também pode ocorrer de o especulador acreditar que o preço da commodity subirá antes do final 
do contrato que possui. Assim, ele pode decidir entre duas alternativas: ou manterá o contrato, ou 
comprará de alguém que esteja “passando para frente”, como um short position. Esse contrato será, 
então, um contrato de long position para esse especulador.
Onde são negociados esses contratos futuros? Nas Bolsas de Mercadoria e Futuros, como a B3 no 
Brasil, nas bolsas de Chicago, de Londres, de Nova York, entre outras.
É o próprio especulador que faz os contratos com o produtor?
Não. Como nas bolsas de valores, os negócios são realizados através de corretoras que recebem 
remunerações em porcentagem dos contratos, e se os ganhos em um contrato são grandes, ganham 
também participações nos lucros (COMMODITIES, [s.d.]).
7.2 O que são bolsas de mercadorias e futuros?
As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a 
compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico.
Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos livre e 
transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações de 
hedge (proteção) diante de flutuações de preço de commodities agropecuárias, índices, taxas de juro, 
moedas e metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja incerteza 
de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades. Possuem autonomia financeira, 
patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (BANCO 
CENTRAL DO BRASIL, [s.d.]b).
7.3 O que são derivativos?
Derivativos são aplicações financeiras que “derivam” de outros valores. No mercado de câmbio, por 
exemplo, os derivativos são aplicações que “derivam” do valor do dólar. Há vários tipos de operações, 
mas três são mais conhecidas: mercado a termo, mercado futuro e mercado de opções.
Veja como funcionam, de forma simplificada, as operações no mercado de câmbio:
• Mercado a termo: duas pessoas assumem compromisso de compra ou venda de dólares em 
determinada data futura, a um preço prestabelecido. O compromisso é cumprido na data combinada.
• Mercado futuro: um investidor pode comprar um contrato de venda ou de compra de dólar a 
determinado preço em determinada data, mas pode vendê-lo a outro investidor antes do prazo 
estabelecido, o que aumenta o número de negócios e, portanto, a liquidez desse mercado.
98
Unidade II
• Mercado de opções: neste caso, o investidor compra o direito de comprar ou vender dólares por 
um determinado preço numa determinada data. Ele paga uma quantia por esse direito, mas não 
é obrigado a exercê-lo. Por outro lado, quem vendeu a opção é obrigado a cumprir o acordo, caso 
o comprador queira executar a operação.
Por exemplo, uma pessoa compra a “opção de compra” de dólar a R$ 2 daqui a três meses e paga 
R$ 0,05 por esse direito. No prazo final, se o dólar estiver custando mais que R$ 2,05, ela exerce o seu 
direito e consegue gastar menos para comprar a moeda, ou comprá-la mais barata e lucrar com isso. Se, 
por outro lado, o dólar estiver valendo R$ 1,90, ela desiste da sua opção de compra. Nesse caso, perde 
os R$ 0,05 que já pagou para assegurar o direito. Os derivativos são negociados principalmente com 
duas funções: proteger-se de uma variação no preço de um ativo ou simplesmente obter lucros - o que 
se costuma chamar de especulação.
No primeiro caso, por exemplo, uma empresa com dívidas em dólar a serem pagas em seis meses 
pode garantir, desde já, a cotação do dólar, comprando um contrato no mercado futuro por um valor 
que lhe seja favorável. Supondo que o valor deste contrato seja R$ 2 por dólar, mesmo que a moeda 
esteja valendo R$ 2,2 no prazo final, essa empresa terá, na prática, assegurada a compra de dólares pelo 
preço do contrato (R$ 2 por dólar). Isso é conhecido como hedge.
No segundo caso, a possibilidade de ganhoscom derivativos aumenta porque é possível apostar 
num determinado resultado sem possuir todos os recursos envolvidos na operação. Por exemplo, de 
forma simplificada, um investidor que acredite que o dólar vai custar R$ 2,10 daqui a seis meses pode 
comprar um contrato no mercado futuro que lhe garanta a venda de dólares a R$ 2,20, mesmo sem ter 
a moeda. No prazo final, se sua previsão se realizar, bastaria que ele comprasse os dólares a R$ 2,10 e 
vendesse pelo preço contratado para obter lucro (ENTENDA..., 2013).
7.4 O que são swaps cambiais?
Swap é uma modalidade de derivativo. O termo swap é uma expressão inglesa que, em tradução 
literal, significa troca.
Na teoria, swaps cambiais enquadram-se na categoria de derivativos – instrumentos financeiros 
estabelecidos mediante contratos cujos preços são determinados e variam em função do preço de outro 
ativo (SÁ; CÂNDIDO, 2015). Na prática, swap cambial é um dos instrumentos que o Banco Central utiliza 
para “acalmar o mercado” quando os investidores começam a fugir do Brasil para investir em outros 
países, que apresentam menores riscos econômicos ou políticos.
Um cenário político-econômico de crescente incerteza aumentou os riscos associados ao Brasil e ao 
real (R$), afugentando investidores e levando o dólar (US$) a registrar o maior valor nominal em mais 
de 10 anos. Nesta década, a variação acumulada da moeda norte-americana em relação à brasileira foi de 
mais de 100%.
A tabela a seguir apresenta a evolução da cotação do dólar entre 2010 e 2020, tomando-se como 
base o valor do dólar no último dia de janeiro de cada ano.
99
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Tabela 12 
Ano Câmbio (1 US$) Variação ano (%) Variação acm (%)
2010 R$ 1,8850 - -
2011 R$ 1,6675 -11,54 % -11,54 %
2012 R$ 1,7472 4,78 % -6,76 %
2013 R$ 1,9908 13,94 % 7,18 %
2014 R$ 2,4127 21,19 % 28,38 %
2015 R$ 2,6824 11,18 % 39,55 %
2016 R$ 3,9988 49,08 % 88,63 %
2017 R$ 3,1509 -21,20 % 67,43 %
2018 R$ 3,1859 1,11 % 68,54 %
2019 R$ 3,6440 14,38 % 82,92 %
2020 R$ 4,2824 17,52 % 100,43 %
Fonte: Investing (s.d.).
 Observação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou as taxas de 
juros para atrair investidores. Os investidores estrangeiros retiraram seus 
investimentos dos países emergentes (grupo do qual o Brasil faz parte) para 
aplicar nos Estados Unidos, levando em conta principalmente o fator risco, 
ou seja, o fato de o dinheiro nos EUA ter menor risco do que no Brasil.
A dinâmica é simples: ao sair do país, investidores trocam seus reais por dólares, diminuindo a 
quantidade de moeda estrangeira em circulação; ao mesmo tempo, a maior demanda por dólares eleva 
seu valor em moeda nacional, no caso, o real.
Diante desse quadro, o Banco Central do Brasil intervém no mercado cambial para conter a fuga 
de capitais. A saída de dolares do país provoca uma acentuada e rápida desvalorização do real. É aí que 
entram os swaps cambiais.
Ao estabelecer tais contratos, o Banco Central se compromete a pagar ao investidor o diferencial 
de valor observado na moeda estrangeira em relação ao real, seja ele de valorização ou desvalorização, 
somado a uma taxa de juros efetiva. Em troca, o investidor paga ao Banco Central o valor da taxa Selic 
corrente. Desta forma, os swaps funcionam como um seguro para quem quer se proteger de uma forte 
alta do dólar, desestimulando a procura pela moeda e, assim, impedindo que ela suba mais.
Mas e aquela história de que os contratos de swap cambial ofertados pelo Banco Central funcionam 
como uma venda de dólares no futuro?
100
Unidade II
Essa explicação é usada porque na prática é isso que ocorre em caso de queda na taxa de câmbio. 
Uma vez que o Banco Central se compromete a restituir o investidor com o valor equivalente à 
desvalorização do real em determinado período, ao atingir o vencimento do contrato, os dólares usados 
em tal transação serão análogos a uma operação de venda da moeda estrangeira. No futuro, serão 
pagos pelo Banco Central para o investidor.
Agora, resta entender como tais operações complexas no mercado financeiro afetam a sua vida, 
assim como a minha e a de todos nós. Primeiro, as más notícias. Quanto maior a oferta de contratos 
de swap, maior parte de nossa reserva cambial estará potencialmente comprometida. Isso acontece 
porque, ao atingirem seu vencimento, os contratos de swap podem ter seu diferencial pago em dólares 
ou reais, dependendo da opção do investidor. Caso optem por receber em dólares, o montante usado 
no pagamento de tais papéis tem origem no volume de reservas em dólares, estocado pelo país. Essas 
reservas em dólares servem para superar períodos de adversidade e, também, para aumentar a autonomia 
monetária do Brasil em um sistema financeiro internacional de câmbio flutuante.
Tais títulos, ofertados pelo Banco Central, costumam ser eficazes para conter movimentos 
especulativos no mercado de câmbio, evitando um período de instabilidade financeira.
Por fim, vale destacar que apesar de colocarem as reservas cambiais, ativos importantes para o país, 
em risco no longo prazo, os swaps cambiais permitem que o Banco Central as proteja pelo menos no 
curto prazo, uma vez que, até que os títulos atinjam seu vencimento, toda a operação ocorre em reais.
7.5 O que é hedge cambial?
Assim como o swap, o hedge é, também, uma modalidade de derivativo. O termo hedge é uma 
expressão inglesa que, em tradução literal, significa proteção.
A instabilidade político-econômica de um país pode afetar as operações das empresas brasileiras, 
principalmente aquelas que atuam no mercado internacional.
As operações de exportação ou importação de bens e serviços têm seus preços contratados e cotados 
na moeda norte-americana, prática adotada no Brasil em quase todas as operações internacionais.
No Brasil, não é possível uma empresa manter uma conta corrente em qualquer moeda que não seja 
o real (R$).
Desse modo, quando uma empresa vende seus produtos ou serviços para outros países, as receitas 
provenientes dessas vendas chegam ao Brasil em dólares norte-americanos (US$); porém, os bancos 
convertem esses dólares em reais antes de creditar os valores na conta corrente da empresa, por meio 
de uma operação de câmbio.
Se uma empresa exportou US$ 1.000 em produtos em janeiro de 2016, ela recebeu R$ 3.998,80. 
Por outro lado, se essa mesma operação ocorreu em janeiro de 2017, a empresa recebeu R$ 3.150,90.
101
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
A variação do dólar entre 2016 e 2017 foi negativa em 21,20%, o que representa uma diminuição 
nas receitas da empresa em 21,20%. Quando as receitas são calculadas sobre valores elevados, podem 
ocasionar até a falência da empresa, pois todas as suas despesas com fornecedores, empregados, 
encargos trabalhistas, impostos e outras contas precisam ser pagas em reais.
Com base nessas cotações apresentadas, uma empresa que pretende exportar produtos para entrega 
futura pode comprar a “opção de compra” de dólar, por exemplo, a R$ 3,90 para daqui um ano e pagar 
R$ 0,09 por esse direito ao investidor.
No prazo final, se o dólar estiver custando menos que R$ 3,90, ela exerce o seu direito que já pagou 
para assegurar a compra do dólar a R$ 3,90 e preservar seu fluxo de caixa, acrescentando o custo de 
R$ 0,09 que ela já desembolsou.
Se, por outro lado, o dólar estiver valendo mais que R$ 3,90, ela desiste da sua opção de compra. 
Nesse caso, perde os R$ 0,09 que já pagou para assegurar o direito.
Nesse exemplo, a empresa possui compromissos em reais a serem pagos em um ano e pode garantir, 
desde já, a cotação do dólar, comprando um contrato no mercado futuro por um valor que lhe seja 
favorável. Isso é conhecido como hedge cambial.
8 MERCADO DE CAPITAIS: FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO
8.1 Conceito de Fundos de Investimento Imobiliário (FII)
Em qualquer fase do ciclo de vida da empresa, ela poderá reduzir seu valor patrimonial por meio da 
venda dos ativos imobilizados e pagar aluguel para continuar utilizando suas instalações.
 LembreteUma das formas de as empresas obterem recursos financeiros é por 
meio da desmobilização do patrimônio líquido: as empresas vendem parte 
dos ativos imobilizados e alugam aqueles que necessita para operar.
Além de melhorar o índice de imobilização contábil e gerar capital de giro para inovações no 
seu modelo de negócio, ela poderá se beneficiar da redução de impostos, abatendo as despesas com 
aluguéis no cálculo do imposto de renda. Isso é possível com a estruturação de fundos de investimento 
imobiliário, negociados no mercado de capitais.
Assim, cabe aos intermediários financeiros fazer a aproximação entre empresas que tenham interesse 
em desmobilizar seus ativos e investidores que desejam investir seus recursos em fundos de investimentos.
Para as empresas que têm interesse em desmobilizar seus ativos, o esquema a seguir ilustra os 
lançamentos contábeis:
102
Unidade II
Ativo (direitos) Passivo (obrigações)
Ativo circulante
- Disponibilidades
Realizável a curto prazo
- Contas a receber
- Estoques
Passivo circulante
- Fornecedores
- Salários e encargos
- Empréstimo de curto prazo
- Impostos a pagar
Passivo não circulante
- Exigível a longo prazo
Ativo não circulante
- Investimentos
- Imobilizado
- Inatingível
Patrimônio líquido
- Capital social
- Reservas de lucros
Figura 30 
Com a venda dos imobilizados, os recursos financeiros obtidos irão para a conta de disponibilidades, 
que a empresa poderá utilizar para promover inovações do seu modelo de negócios, ampliar a produção, 
entre outros.
Como a empresa vai continuar utilizando as instalações vendidas, ela irá celebrar um contrato de 
locação com o FII que será constituído para as suas instalações.
O aluguel mensal será adicionado na conta de despesas administrativas das Demonstrações de 
Resultados Mensais e consolidadas na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), em despesas 
administrativas. Desse modo, essa despesa beneficiará a empresa no Imposto de Renda.
Demonstração do resultado do exercício 
(DRE)
Ano 20XX
(+) Receita bruta
(-) Impostos
(=) Receita líquida
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (CVM)
(=) Lucro bruto
(-) despesas comerciais
(-) Despesas administrativas (incluir o valor do aluguel)
(-) Despesas financeiras
(=) lucro operacional
(-) IR (15%) e CSLL (9%)
(=) Lucro líquido
Figura 31 
103
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Para o investidor, a rentabilidade ocorrerá de duas maneiras: a primeira delas é a valorização 
imobiliária que será incorporada no valor das cotas e a segunda é o recebimento mensal dos aluguéis.
 Saiba mais
O Clube FII Educação disponibiliza diversas modalidades de cursos para 
iniciantes, disponíveis em:
CLUBE FII. Cursos de fundos imobiliários. [s.d.]. Disponível em: https://
www.clubefii.com.br/cursos-de-fundos-imobiliarios. Acesso em: 9 abr. 2020.
8.2 O produto
O FII é uma comunhão de recursos de inúmeros investidores, destinados à aplicação em 
empreendimentos imobiliários, tais como a construção e a aquisição de imóveis para posterior locação 
ou arrendamento.
Os Fundos de Investimento Imobiliários são constituídos, regulados e fiscalizados pela Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), com o objetivo de promover a aplicação coletiva dos recursos de seus participantes.
Você já deve ter investido, ou conhece alguém, que investiu em um fundo de investimento, distribuído 
por bancos e outras instituições financeiras, tais como os das categorias renda fixa, referenciado DI 
e ações.
É importante ressaltar que ao contrário do fundo de investimento no qual você está acostumado a 
investir, o FII é constituído sob a forma de condomínio fechado, o que significa dizer que as suas cotas 
não podem ser resgatadas a pedido dos investidores. O investidor tem que comprar e vender suas 
cotas na bolsa de valores (B3) ou participando de uma oferta pública.
Na prática, esses fundos, principalmente os listados em bolsa de valores, permitem um acesso 
democrático às oportunidades de investimentos imobiliários de grande porte, como lajes corporativas, 
shopping centers e galpões logísticos (CLUBE FII, [s.d.]).
8.3 Direitos e deveres dos investidores em FII
Os Fundos de Investimento Imboliário foram criados pela Lei n. 8.668/93 e são regulamentados pela 
Instrução CVM n. 472/08. O lançamento de um novo fundo no mercado, ou mesmo a emissão de novas 
cotas de um fundo já listado, depende de prévio registro e aprovação da CVM, que é o órgão responsável 
pela regulamentação e fiscalização do mercado de capitais no Brasil.
Os cotistas investidores são os donos das cotas dos FII. Ao contrário do investidor, que compra 
diretamente um imóvel, o cotista de um FII não poderá exercer qualquer direito real sobre os 
104
Unidade II
imóveis e empreendimentos integrantes da carteira do fundo. Entretanto, o cotista também não 
responde pessoalmente por qualquer obrigação legal ou contratual relativa aos imóveis integrantes 
do fundo (CLUBE FII, [s.d.]).
Todo FII possui um regulamento que, entre outras disposições, determina a política de investimento 
do fundo. A política pode ser específica e estabelecer, por exemplo, que o FII invista apenas em imóveis 
prontos destinados ao aluguel de salas comerciais, ou ser genérica e permitir ao fundo adquirir 
imóveis prontos em geral ou em construção, os quais poderão ser alugados ou vendidos.
Com a aquisição dos imóveis, o fundo obterá renda com sua locação, venda ou arrendamento. Caso 
aplique em títulos e valores mobiliários, a renda se originará dos rendimentos distribuídos por esses 
ativos ou ainda pela diferença entre o seu preço de compra e de venda. Os rendimentos auferidos pelo 
FII são distribuídos periodicamente aos seus cotistas.
O FII é constituído sob a forma de condomínio fechado, em que não é permitido ao investidor 
resgatar as cotas antes de decorrido o prazo de duração do fundo. A maior parte dos FIIs tem prazo 
de duração indeterminado, ou seja, não é estabelecida uma data para a sua liquidação. Nesse caso, se 
o investidor decidir sair do investimento, somente poderá fazê-lo através da venda de suas cotas no 
mercado secundário (B3, [s.d.]).
8.4 Estrutura de um FII
Fundos de Investimento Imobiliário possuem estruturas independentes. Cada FII possui sua própria 
estrutura, composta por um administrador e um gestor.
O administrador é responsável pelo funcionamento e manutenção do fundo. Ele contrata outros 
prestadores de serviço para ajudá-lo na administração do FII. A instituição financeira, que é a 
administradora do fundo, possui diversas obrigações perante a CVM e os cotistas.
Por sua vez, o gestor é responsável pelos investimentos realizados pelo fundo, ou seja, é quem 
escolhe os imóveis, empreendimentos ou títulos que irão compor a carteira, mas sempre respeitando a 
política de investimento e as regras definidas no regulamento do fundo imobiliário.
O patrimônio do fundo imobiliário é de propriedade dos cotistas. O administrador e o gestor prestam 
serviços para o fundo e recebem uma taxa pelos serviços prestados.
Dessa forma, a possível falência dos administradores ou gestores não afeta o patrimônio do 
fundo. Nesse caso, os próprios cotistas vão escolher um novo administrador ou gestor para o fundo. O 
importante é que seu patrimônio está protegido.
Outros prestadores de serviços também garantem o bom funcionamento e a segurança jurídica e 
operacional do FII, como a auditoria externa, possíveis consultores imobiliários e o custodiante.
105
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
8.5 Categorias de FII
O investidor individual, normalmente, só tem acesso no mercado imobiliário aos investimentos em 
imóveis residenciais (casa, apartamento ou terreno) e corporativos (salas comerciais de pequeno porte). 
No mercado de fundos imobiliários o investidor terá acesso a um leque grande de possibilidades e 
diversificação setorial.
Os tipos de fundos podem ser hotéis, hospitais, shopping centers, instituições educacionais, agências 
bancárias, lajes corporativas, logística, híbridos e recebíveis imobiliários.Dentro dessas categorias, o investidor pode encontrar fundos com uma gestão passiva ou gestão 
ativa. Os fundos com gestão passiva têm como objetivo único a obtenção de renda. Os fundos com 
gestão ativa possuem uma política de investimentos cujo objetivo é gerar ganhos de capital na compra 
ou venda de imóveis, incorporação de imóveis e emissão de títulos lastreados em operações imobiliárias 
como os Certificados de Recebível Imobiliário (CLUBE FII, [s.d.]).
8.6 Vantagens dos FII sobre outros investimentos
A principal vantagem dos FII sobre outros investimentos é o fato de permitir ao investidor aplicar 
em ativos relacionados ao mercado imobiliário sem, de fato, precisar comprar um imóvel. Assim, 
não há a necessidade de desembolsar todo o valor normalmente exigido para investimento em um 
imóvel. Permite ainda ao investidor diversificação em diferentes tipos de ativos do mercado imobiliário 
(exemplos: shopping centers, hotéis, residências etc.).
As receitas geradas pelos imóveis ou ativos detidos pelo fundo são periodicamente distribuídas 
para os cotistas. O aumento nos preços dos imóveis do fundo gera aumento do patrimônio do fundo e, 
consequentemente, valorização do valor das suas cotas.
Todo o conjunto de tarefas ligadas à administração de um imóvel fica a cargo dos profissionais 
responsáveis pelo fundo: a busca dos imóveis, os trâmites de compra e venda, a procura de inquilinos, a 
manutenção do imóvel, o controle dos impostos, entre outros (B3, [s.d.]).
Um dos grandes atrativos dos fundos imobiliários em relação às demais alternativas de investimentos 
financeiros, bem como no próprio investimento direto em imóveis, é a isenção de imposto de renda.
A Lei n. 11.196 (BRASIL, 2005) determina que os rendimentos recebidos pelos cotistas pessoas físicas 
sejam isentos de imposto de renda quando as condições a seguir forem atendidas. Praticamente todos 
os FIIs listados em bolsas de valores cumprem essas exigências:
• O cotista beneficiado tiver menos do que 10% das cotas.
• O fundo imobiliário tiver no mínimo 50 cotistas.
• As cotas do fundo forem negociadas exclusivamente em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.
106
Unidade II
Vale ressaltar que a isenção de IR para pessoas físicas só é válida para os valores recebidos a título de 
dividendos. Nos ganhos de capital obtidos na venda de cotas dos fundos, o investidor paga uma alíquota 
de 20% sobre esse ganho.
Além da já mencionada isenção de imposto de renda para pessoas físicas nos dividendos, podemos 
destacar as seguintes vantagens no investimento em fundos imobiliários:
• Começar a investir em renda variável com menor risco que os demais ativos dessa categoria.
• Possibilidade de acesso a empreendimentos imobiliários de qualidade e grande porte.
• Possibilidade de diversificação de carteira, mesmo com poucos recursos.
• Rentabilidade líquida superior aos aluguéis – investimentos imobiliários diretos com o objetivo de 
obtenção de renda.
• Proteção contra inflação no longo prazo.
• Liquidez elevada em comparação ao mercado imobiliário tradicional, pois as cotas são negociadas 
em bolsa.
• Fracionamento, ou seja, o investidor pode vender apenas uma parcela do investimento imobiliário, 
ao contrário do imóvel físico, pois os FIIs são negociados em cotas.
• Facilidade e comodidade para investir, pois não existe a necessidade de corretor, pagamentos de 
taxas e demais burocracias que envolvem a compra e a gestão de um imóvel (CLUBE FII, [s.d.]).
8.7 Como investir em FII
Investir em fundos imobiliários é fácil, rápido e de custo baixo em comparação ao investimento 
direto em imóveis.
O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores, pois para comprar ou vender 
cotas na Bolsa de Valores (B3) ou participar de uma oferta pública é obrigatório realizar essas 
operações via corretora.
Existem no mercado várias corretoras que têm como foco o atendimento ao varejo, ou seja, pessoas 
físicas. O processo de abertura de conta é simples e rápido. Em poucos dias você está apto a iniciar suas 
operações através do home broker ou via assessor de investimentos. É necessário transferir seus recursos 
da sua conta corrente bancária para a sua conta na corretora.
Toda a custódia dos investidores pessoas físicas que compram ativos na B3 é centralizada em um 
setor específico. O registro e as movimentações dos ativos são feitos eletronicamente, ou seja, não 
existem mais documentos físicos de propriedade.
107
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
Cada investidor tem uma conta individual em seu nome e CPF. Todos os FIIs e demais ativos que 
você comprar na B3 ficam creditados nessa conta. A segregação de contas é um mecanismo adicional 
de proteção do investidor.
A corretora é apenas seu agente de custódia. Assim, você não corre risco algum com uma possível 
quebra da sua corretora de valores – algo improvável de acontecer, mas que ainda preocupa alguns 
investidores iniciantes que não conhecem o sistema de custódia seguro.
O investidor recebe os dividendos mensais dos fundos imobiliários de sua carteira na conta de sua 
corretora. Você consegue visualizá-los no extrato mensal (CLUBE FII, [s.d.]).
 Resumo
As empresas nascem para durar para sempre. Entretanto, elas se 
modificam ao longo do tempo, por vários motivos. Algumas crescem e 
prosperam, outras atingem a maturidade e permanecem por um longo 
tempo nesse estágio e há aquelas que entram em declínio quando seu 
modelo de negócio já não atende mais às expectativas dos seus clientes.
Podemos avaliar as empresas a partir de três tipos de valores: valor 
patrimonial, valor mercadológico e valor econômico. O valor patrimonial 
é o valor do patrimônio líquido da empresa, apresentado no balanço, na 
conta de Patrimônio Líquido (PL).
O valor mercadológico é aquele obtido por meio de uma imagem 
positiva na mente dos públicos interessados e se reflete no valor das ações 
negociadas nas bolsas de valores. O valor econômico é o potencial de 
geração de receita ao longo do tempo.
Para manter uma empresa perene e maximizar o seu valor ao longo do 
tempo, os objetivos de médio e longo prazo envolvem as seguintes decisões 
estratégicas: inovação no modelo de negócio; pesquisa e desenvolvimento 
de novas tecnologias; publicidade, treinamento, consultorias e projetos de 
qualidade; renovação tecnológica (substituição de equipamentos obsoletos); 
expansão (novas unidades, novos mercados); desmobilização do patrimônio 
líquido, com a venda de imóveis, gerando capital de giro.
Para aumentar o valor de uma empresa e auxiliá-la na consecução 
de seus objetivos, são necessários recursos financeiros, provenientes de 
algumas fontes. Basicamente são quatro as formas de se obter recursos:
Financiamento interno: por meio de retenção de lucros dos acionistas 
ou proprietários. A vantagem é que os recursos estão praticamente 
108
Unidade II
disponíveis, porém, a rentabilidade da empresa deve ser maior que a 
rentabilidade de outros investimentos, principalmente nos de médio e 
longo prazos.
Alguns recursos são utilizados para análises das vantagens e 
desvantagens de se obter financiamento interno. Além do seu valor 
patrimonial, as empresas devem conhecer a sua estrutura de capital, ou 
seja, como se relacionam o capital próprio e o capital de terceiros e como 
avaliar o custo médio ponderado de capital.
A empresa deve, também, efetuar simulações dessas análises, levando-se 
em conta cenários macroeconômicos: cenário esperado, cenário em 
expansão e cenário em recessão.
Financiamento externo: por meio do mercado de capitais, com emissão 
de ações (IPO – initial public offering). Se a empresa possui um projeto 
atraente para novos investidores, a emissão de ações é uma alternativa 
muito interessante. Qualquer acionista busca obter a melhor rentabilidade 
com o menor risco possível.
Para se obter financiamentos externos por meio do mercado de capitais, 
será necessário cumprir exigências da Comissão de Valores Mobiliários e 
da Bolsa de Valores (B3). A empresa pode

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