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Atividade realizada para APS da disciplina Prática Médica III. Disciplina: Prática Médica III. Docentes: Laísa Baptista e Maria Sampaio. Discentes: Larissa Cunha Hipólito Rodrigues. Laura Gabriella Perdigão Silva. Lucas Celes Dominguez. Luíza Fonsêca Morais Soares. Vitórya Fabyane Conceição Castro. Turma: MR01 – Terceiro Semestre – 2020.2. Atividade Prática Supervisionada Caso Clínico: CEF, sexo masculino, 63 anos, casado, natural e procedente de Valença QP: Episódios de tontura, sudorese e palpitações. HMA: Paciente refere episódios de tontura, sudorese, palpitações e sensação de fome sobretudo matinais, logo ao acordar, que melhoram imediatamente logo após a ingesta de alimentos. Tais episódios começaram há 03 meses, após o início do uso de insulina para o controle do diabetes. AM: Diagnóstico de Diabetes Mellitus há 03 anos, fazendo uso de medicações orais, mas com recomendação para iniciar insulina há 03 meses, devido a mal controle (SIC). Nega HAS ou outras patologias. AF: Nega Diabetes entre familiares. HV: Sedentário. Hábito alimentar irregular. Ingesta de bebida alcoólica desde os 18 anos de idade, sobretudo de destilados, diariamente. ISDA: Queixa-se de poliúria e polidpsia. Refere parestesias em pés, bilateralmente, sobretudo à noite. Dor abdominal em quadrante superior, em faixa, de caráter intermitente há cerca de 05 anos; realizou investigação com ultrassonografia, mas sem esclarecimento diagnóstico. Refere aumento do número das dejeções, 3 a 4 X dia, fezes com odor fétido que costumam flutuar na água. Ao Exame: FC=90 bpm PA=120x80mmHG Alt=1,76 Peso=58 IMC=19 . Paciente emagrecido, pele seca. Mucosas anictéricas. Pescoço= tireoide normopalpável. Precordio=BNR RCR Ap resp: MV bem distribuído sem RA. Abdomen= escavado, sem visceromegalias. Monofilamento+ sensibilidade mantida. Exames Realizados: Glicemia Jejum= 68mg/dl (valor normal < 100) Glicemia 2 hs pós refeição =330mg/dl Hbglicada=12,0 % (valor normal <5,7) Triglicérides=280mg/dl (vn < 150) Colesterol Total=190mg/dl (vn < 200) HDL colesterol =58 (vn > 50 ) LDL colesterol = 110 (VN < 130) TGO=23 (vn <40) TGP=28(vn < 40) Raio X Simples de abdomen: Calcificações em topografia do pâncreas Medicações em uso: Insulina NPH 20ui antes do café, 10 ui antes do almoço e 10 ui antes do jantar. Perguntas: 1. Qual o tipo do Diabetes Mellitus desse paciente? O paciente tem diabetes do tipo 3C, diabetes pancreatogênico que consta com destruição do pâncreas endócrino e exócrino devido pancreatite crônica por uso de álcool que cursou com calcificação. 2. Qual o motivo de estar tão descompensado apesar de pouco tempo de Diabetes? (hemoglobina glicada > 9,0 denota importante descompensação). O paciente está descompensado apesar de pouco tempo de Diabetes devido ao diagnóstico errôneo de Diabetes Melitus ao invés de Diabetes do tipo 3c, o que implica no tratamento inadequado e causa da descompensação. O consumo diário e excessivo de álcool desencadeou uma pancreatite crônica alcoólica que tem como mecanismo fisiopatológico a destruição da função endócrina e exócrina do pâncreas desenvolvendo o Diabetes pancreatogênico. Com a rápida perda de função do pâncreas o tratamento com insulina deve ser imediato e associado a enzimas digestivas. Já na Diabetes Mellitus tratamento inicial é com medicação oral e foi o erro diagnóstico que impediu o tratamento correto do paciente. 3. Você enxerga alguma correlação entre a hipoglicemia matinal e o tipo de diabetes desse paciente? Explique. Sim. Ocorrerá uma insuficiência endócrina devido ao diabetes pancreatógeno, que é uma forma de diabetes secundário à pancreatite crônica. Normalmente, o jejum noturno não afetaria tanto os níveis de açúcar no sangue, já que o organismo saudável evita que a glicose caia à níveis perigosos utilizando de mecanismos contra-regulatórios. A hipoglicemia em diabéticos é fundamentalmente o resultado de tratamentos que promovem o aumento dos níveis de insulina com a diminuição da glicemia. E em pacientes que apresentam diagnostico de diabetes pancreatógeno, o risco de hipoglicemia com o tratamento insulínico é ainda maior, devido à perda concomitante de hormônios contra-reguladores, como glucagon e polipeptídeo pancreático. Que foi o que aconteceu com este paciente, apresentando sintomatologia após o início do tratamento para diabetes. 4. Qual o mecanismo fisiopatológico da dor abdominal neste paciente? Com base nos dados fornecidos (excesso de ingesta de álcool diariamente, dor abdominal em quadrante superior, em faixa, de caráter intermitente há cerca de 05 anos e calcificações no pâncreas) o provável diagnóstico do paciente é a pancreatite crônica alcoólica. Os mecanismos fisiopatológicos da dor na pancreatite crônica não estão claros e ainda são debatidos, mas entre eles podemos incluir: a hipertensão intraductal pancreática (provavelmente o principal fator envolvido), causada por deposição de rolhas proteicas, fibrose e compressões por pseudocisto, além de surtos de inflamação aguda da doença, inflamação perineural, complicações locais (como estenose do colédoco ou duodeno, pseudocistos, câncer pancreático), isquemia glandular e estresse oxidativo (causado pela superatividade das oxidases de função mista do fígado, através do refluxo da bile nos ductos pancreático, tendo como resultado inflamação recorrente e dano tecidual). 5. Quais exames complementares seriam necessários para a avaliação da dor abdominal neste caso? Nesse caso, foram encontradas calcificações em topografia do pâncreas, e calcificações difusas observadas na radiografia simples de abdome costumam indicar dano significativo do pâncreas e são patognomônicas de pancreatite crônica. Logo, o diagnóstico estaria fechado. Porém, caso seja necessária uma confirmação maior, poderia ser requisitado um Teste de Secretina, que se trata do exame diagnostico com mais sensibilidade e especificidade. É um teste que estimula a secreção pancreática a fim de avaliar sua reserva funcional. Caso ele não esteja disponível e ainda seja necessária uma confirmação, pode-se pedir uma TC do abdome.
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