AULA 6 CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS E ANÁLISE DE DESEMPENHO ENERGÉTICO Profª Giselle Dziura 2 INTRODUÇÃO Nesta aula daremos continuidade aos estudos sobre as categorias 4 a 14 correspondentes à Certificação AQUA-HQE, sendo: a) Categoria 4 – Energia b) Categoria 5 – Água c) Categoria 6 – Resíduos d) Categoria 7 – Manutenção e) Categoria 8 – Conforto higrotérmico f) Categoria 9 – Conforto acústico g) Categoria 10 – Conforto visual h) Categoria 11 – Conforto olfativo i) Categoria 12 – Qualidade dos espaços j) Categoria 13 – Qualidade do ar k) Categoria 14 – Qualidade da água Lembramos que há o referencial técnico para edifícios residenciais e não residenciais. Aqui, abordaremos a estrutura de edifícios não residenciais em construção aplicáveis no Brasil, com base em Fundação Vanzolini (2016). TEMA 1 – CERTIFICAÇÃO AQUA-HQE – CATEGORIA 4 – ENERGIA A categoria 4 corresponde aos critérios relacionados à energia e faz parte do Grupo Energia e Economias. Para os edifícios não residenciais, essa categoria estrutura-se da seguinte forma (Vanzolini, 2016, p. 43): “redução do consumo de energia por meio da concepção arquitetônica; redução do consumo de energia primária1; redução das emissões de poluentes na atmosfera”. Como itens BASE em edifícios não residenciais, tem-se que: a) propor edifícios cuja concepção bioclimática leve em conta o nível “C” com base no Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C)2 1 O consumo de energia de uma construção é expresso em energia primária (Cep). 2 O Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) teve a primeira versão regulamentada pela Portaria Inmetro n. 53, de 27 de fevereiro de 2009, posteriormente sucedida pela Portaria Inmetro n. 163, de 8 de junho de 2009. Tem como objetivo criar condições para etiquetagem do nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos quanto à eficiência energética, os quais são avaliados três requisitos principais: sistema de iluminação, sistema de ar-condicionado e envoltória do edifício. 3 publicado pelo Inmetro/Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica). As justificativas a serem analisadas no projeto arquitetônico consideram a volumetria, a orientação das superfícies envidraçadas e os componentes bioclimáticos; b) aplicar técnicas, sistemas construtivos e equipamentos que comprovem 10% de ganho com relação a um consumo de referência, utilizando uma base de simulação energética, relacionado a aquecimento, resfriamento, aquecimento da água, ventilação, iluminação e equipamentos auxiliares; c) aplicar limite “C” conforme o RTQ-C do Inmetro para a iluminação dos espaços; d) empregar energias renováveis com elaboração de estudo de viabilidade, demonstrando a utilização de modalidades energéticas locais de origem renovável e a expressão do percentual de cobertura da demanda de energia por energias locais de origem renovável; e) utilizar sistemas de ar-condicionado com eficiência mínima segundo regulamento RTQ-C publicado pelo Inmetro/Procel, nível “C”; f) apresentar o cálculo das quantidades de CO2 (eq-CO2) emitidas pela utilização da energia nos sistemas levados em consideração no item b). Saiba mais Recomendamos a leitura do estudo sobre o método de avaliação do sistema de iluminação do RTQ-C, conduzido por Greici Ramos e Roberto Lamberts. Ele está disponível no seguinte link: <http://www.cbcs.org.br/userfiles/comitestematicos/energia/Relatorio- Iluminacao_RTQ-C.pdf>. Também é importante conhecer o Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas. O acesso é possível por meio do link: <http://www.pbeedifica.com.br/sites/default/files/projetos/etiquetagem/comercial/ downloads/Port372-2010_RTQ_Def_Edificacoes-C_rev01.pdf>. A seguir, vamos apresentar algumas pontuações de 1 a 4 em cada subcategoria, para que você possa perceber como é possível ir além, até chegar a uma “boa prática” ou “melhor prática”. Então, confira exemplos do que é preciso para se obter 1 a 3 pontos na categoria 4: 4 a) reduzir a demanda de energia do edifício por meio de simulação termodinâmica, seja de aquecimento, seja de resfriamento, seja de iluminação (1 ponto); b) adotar medidas para melhorar a permeabilidade ao ar da envoltória, contendo os defeitos de estanqueidade (2 pontos); c) aplicar técnicas, sistemas construtivos e equipamentos que comprovem 20% de ganho com relação a um consumo de referência, utilizando uma base de simulação energética, relacionado a aquecimento, resfriamento, aquecimento da água, ventilação e equipamentos auxiliares (5 pontos); d) aplicar medidas de potência instalada ou gestão artificial para limitar o consumo de energia relacionada à iluminação artificial de estacionamento cujo fim não se relaciona ao conforto visual dos usuários (2 pontos); e) aplicar limite “B” (1 ponto) e “A” (2 pontos) conforme o RTQ-C do Inmetro para a iluminação dos espaços; f) utilizar energias renováveis demonstrando a demanda total do edifício em relação a aquecimento, resfriamento, iluminação artificial e aquecimento da água sendo coberta: até 10% pontua 1; 20%, pontua 2; 30%, pontua 3; e 40%, pontua 4; g) demonstrar, por meio de cálculos e justificativas satisfatórias, que a escolha energética – quantidades de CO2 (eq-CO2) emitidas pelas diferentes alternativas de energia – condiz com o melhor compromisso entre tais emissões de CO2 e os objetivos ambientais do empreendedor. Para essa categoria, e para edifícios não residenciais que não sejam frigoríficos, a pontuação é da seguinte forma: Nível B – respeito ao nível BASE; Nível BP – respeito ao nível BASE E ≥ 30% dos pontos aplicáveis, sendo 1 ponto na exigência referente à demonstração de redução de demanda de energia por meio de simulação energética e 5 pontos na exigência referente ao ganho proveniente da avaliação do desempenho energético do edifício; Nível MP – respeito ao nível BASE E Soma dos pontos ≥ 50% dos pontos aplicáveis, sendo 1 ponto na exigência referente à demonstração de redução de demanda de energia por meio de simulação energética e 6 pontos na exigência referente ao ganho proveniente da avaliação do desempenho energético do edifício; 5 Número de pontos disponíveis: BP = 15 e MP = 26. Saiba mais Se você deseja ler mais sobre a contribuição do setor da construção civil à redução de emissões e de uso de fontes renováveis de energia, vale conferir o material “Energia nas construções”, elaborado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ele está disponível em: <https://cbic.org.br/wp- content/uploads/2017/11/Energia_na_Construcao_2017-1.pdf>. TEMA 2 – CERTIFICAÇÃO AQUA-HQE – CATEGORIA 5 – ÁGUA A categoria 5 corresponde aos critérios relacionados à água e faz parte do Grupo Energia e Economias. Para os edifícios não residenciais, essa categoria estrutura-se da seguinte forma (Fundação Vanzolini, 2016, p. 52): “redução do consumo de água potável; gestão das águas pluviais no terreno; gestão das águas servidas”. Como itens BASE em edifícios não residenciais, tem-se que: a) propor que no edifício o limite de vazão de utilização na pressão do sistema seja de máximo 300 kPa; b) limitar a demanda de água no uso sanitário como chuveiros, torneiras, lavatórios, válvulas de descarga, considerando valor menor ou igual as referências abaixo, com base em Fundação Vanzolini (2016, p. 54): válvula de descarga: 6,8 litros/fluxo mictório: 3 litros/fluxo torneira de pia de banheiro: 10 litros/minuto chuveiro: 12 litros/minuto c) estabelecer o limite de consumo