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Tricomoníase Infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas Vaginalis, que costuma viver no sistema geniturinário, causando microlesões na parte interna da vagina e pode desenvolver outras DSTs, sua transmissão ocorre por relações sexuais ou contato íntimo com secreções de uma pessoa contaminada. Etiologia São da família Trichomonadidae, subfamília Trichomonadinae, ordem Trichomonadida, classe Zoomastigophorea e filo Sarcomastigophora, as 4 espécies encontradas no homem são: Trichomonas vaginalis (patogênica), Trichomonas tenax (não-patogênico, vive na cavidade bucal humana, de chimpanzés e macacos), Trichomonas hominis (não-patogênico, habita o trato intestinal humano) e Trichomitus fecalis (encontrado em 1 único paciente). O ciclo de Krebs é incompleto e não há citocromo, há grânulos densos (hidrogenossomos), portadores da piruvato ferredoxina-oxidorredutase (PFOR), enzima capaz de transformar o piruvato em acetato e de liberar ATP e H2, assim, o T. vaginalis é capaz de manter reservas de glicogênio, e pode realizar síntese de aminoácidos, com uma fraca atividade de transaminação. TRANSMISSÃO: doença venérea, ou seja, transmitida por relação sexual, pode sobreviver por > 1 semana sob o prepúcio do homem sadio (vetor) após o coito com a mulher infectada, com a ejaculação, os tricomonas na mucosa da uretra são levados à vagina pelo esperma, a transmissão não- sexual é rara mas pode acontecer através da troca de roupas íntimas e/ou outras formas de contato íntimo com secreções da pessoa infectada. axóstilo: estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo até a extremidade posterior e conecta-se anteriormente a pelta (pequena estrutura em forma crescente); aparelho parabasal: corpo em forma de V, associado a 2 filamentos parabasais, ao longo dos quais se dispõe o aparelho de Golgi composto por vesículas paralelas achatadas; blefaroplasto: situado antes do axóstilo, sobre o qual se inserem os flagelos e coordena seus movimentos. núcleo: elipsóide próximo à extremidade anterior, com dupla membrana nuclear e pequeno nucléolo. Célula polimorfa no hospedeiro natural e em meios de cultura, são elipsóides, ovais ou esféricos, é muito plástico, capaz de formar pseudópodes, usados para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas, ademais, em preparações, é elipsóide, piriforme ou oval, medindo 9,7 µm de comprimento (entre 4,5-19µm) por 7 µm de largura (entre 2,5-12,5 µm). Possui apenas a forma trofozoítica, 4 flagelos anteriores livres, desiguais em tamanho e se originam no complexo granular basal anterior (complexo citossomal), a membrana ondulante, cuja margem livre é um filamento acessório fixado ao flagelo recorrente, e a costa, cuja extremidade posterior é encoberta pelo segmento terminal da membrana ondulante, ambos nascem no complexo granular basal. O retículo endoplasmático está presente ao redor da membrana nuclear, mitocôndrias estão ausentes, mas há grânulos densos paraxostilares ou hidrogenossomos, dispostos em fileiras. Trichomonas vaginalis A tricomoníase neonatal em meninas pode ser adquirida durante o parto. PATOLOGIA problemas relacionados com a gravidez: associação entre tricomoníase, ruptura prematura de membrana e parto prematuro; problemas relacionados com a fertilidade; transmissão do HIV; mecanismo da patogênese. O T. vaginalis é um dos principais patógenos do trato urogenital humano, associado a sérias complicações, promove a transmissão do HIV, causa baixo peso e nascimento prematuro, predispõe mulheres a doença inflamatória pélvica atípica, câncer cervical e infertilidade. Pode ocorrer baixo peso de recém-nascido em grávidas com ruptura espontânea de membrana, baixo peso ao nascer associado a parto prematuro, endometrite pós-parto, natimorto e morte neonatal, pois a resposta inflamatória gerada pela infecção por T. vaginalis pode conduzir alterações na membrana fetal ou decídua. O risco de infertilidade é ≃ 2 vezes maior em mulheres com história de tricomoníase, pois o T. vaginalis relaciona-se com doença inflamatória que destrói a estrutura tubária e danifica as células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem de espermatozóides ou óvulos através da tuba uterina. A infecção por T. vaginalis provoca uma agressiva resposta imune celular local com inflamação do epitélio vaginal e exocérvice em mulheres e da uretra em homens, induzindo grande infiltração de leucócitos, incluindo células-alvo do HIV, como linfócito TCD4+ e macrófagos, aos quais o HIV pode se ligar e ganhar acessos, além disso, causa pontos hemorrágicos na mucosa, aumentando a porta de entrada para o vírus em indivíduos HIV- negativos - em uma pessoa HIV-positivo, podem aumentar os níveis de vírus nos fluidos corporais e o número de linfócitos e macrófagos infectados pelo HIV na região genital, aumentando o número de vírus livres e ligados aos leucócitos, expandindo a porta de saída do HIV. Além disso, há um aumento na secreção de citocinas que aumentam a suscetibilidade ao HIV (interleucinas 1, 6, 8 e 10), e o T. vaginalis pode degradar o inibidor de protease leucocitária secretória, que bloqueia o ataque do HIV às células - há uma probabilidade 8 vezes mais de exposição e transmissão de parceiro sexual não-infectado. O estabelecimento de T. vaginalis na vagina inicia com aumento do pH (> 5), redução de Lactobacillus acidophilus e aumento na proporção de bactérias anaeróbias, o contato inicial com os leucócitos resulta em formação de pseudópodes, internalização e degradação das células imunes nos vacúolos fagocíticos do parasito, já a interação com o hospedeiro envolve componentes associados à superfície celular do parasito e células epiteliais do hospedeiro, e componentes solúveis das secreções vaginal e uretral. A aderência e a citotoxicidade sobre as células do hospedeiro podem ser atribuídas pelos fatores de virulência, (adesinas, cisteína- proteinases, integrinas, cell-detaching factor - CDF e glicosidases), além disso, as cisteína-proteinases implicam na adesão de T. vaginalis são citotóxicas e hemolíticas e podem degradar IgG, IgM e IgA presentes na vagina assim, a expressão de genes que codificam proteinases e adesinas é modulada por fatores externos, como os níveis de Ca e Fe. BIOLOGIA LOCAL DA INFECÇÃO: o T. vaginalis habita o trato geniturinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital. REPRODUÇÃO: se dá por divisão binária longitudinal, e a divisão nuclear é criptopleuromitótica, sendo o cariótipo constituído por 6 cromossomos, não há formação de cistos, estruturas arredondadas, imóveis, com os flagelos internalizados. FISIOLOGIA: organismo anaeróbio facultativo, que cresce bem na ausência de O2, pH entre 5-7,5 e temperaturas entre 20-40oC, usando como fonte de energia: glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido, apresentam numerosas enzimas, principalmente glicolíticas, permitindo a utilização de glicídios pela via das pentoses. mulher; homem. Enquanto o número de organismos na vagina diminui durante a menstruação, os fatores de virulência mediados pelo Fe contribuem para a exacerbação dos sintomas nesse período, pois, o Fe contribui para a resistência de T. vaginalis ao complemento depositado sobre a superfície do organismo - o T. vaginalis pode se auto-revestir de proteínas plasmáticas do hospedeiro, impedindo que o sistema imune reconheça o parasito. SINTOMAS E SINAIS: o T. vaginalis apresenta alta especificidade de localização, e é capaz de produzir infecção somente no trato urogenital humano. Varia da forma assintomática ao estado agudo, o período de incubação varia de 3-20 dias, o T. vaginalis infecta o epitélio do trato genital e a exocérvice, nas mulheres adultas, pode ser observado vaginite com corrimento fluido abundante amarelo-esverdeado, bolhoso, de odor fétido, mais frequente no período pós-menstrual. O processo infeccioso é acompanhado de prurido ou irritação vulvovaginale dores no baixo ventre, geralmente há dor e dificuldade para as relações sexuais (dispareunia de intróito), desconforto nos genitais externos, dor ao urinar (disúria) e frequência miccional (poliúria), a vagina e a cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão e pontos hemorrágicos na parede cervical (colpitis macularis ou cérvice com aspecto de morango). Assintomática ou causa uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de prurido na uretra, pela manhã, antes da passagem da urina, há um corrimento claro, viscoso e pouco abundante, escasso durante o dia, com desconforto ao urinar (ardência miccional) e hiperemia do meato uretral - o parasito desenvolve-se melhor no trato urogenital do homem, pois o glicogênio é abundante - em assintomáticos, o parasito permanece na uretra, próstata, bexiga e vesícula seminal, podendo causar prostatite, balanopostite e cistite. DIAGNÓSTICO mulher; homem. CLÍNICO: pode ser confundida com outras DSTs, visto que a cérvice com aspecto de morango é observado em 2% das pacientes e o corrimento espumoso em 20% das mulheres infectadas. LABORATORIAL: necessária e essencial para o diagnóstico, uma vez que leva ao tratamento apropriado e facilita o controle da propagação da infecção, inicialmente a colheita da amostra é feita da seguinte forma: Não deverão realizar a higiene vaginal 18-24 horas antes da coleta do material, e não devem ter feito uso de medicamentos (vaginais e orais) há 15 dias, na vagina, os tricomonas são mais abundantes durante os 1os dias após a menstruação, o material é coletado na vagina com swab de poliéster ou algodão não-absorvente com espéculo não-lubrificado. Deverão comparecer ao local da colheita pela manhã, sem terem urinado no dia ou tomado nenhum medicamento tricomonicida há 15 dias, o material uretral é colhido com alça de platina ou swab de poliéster ou algodão não absorvente, o parasito é mais facilmente encontrado no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais, uma amostra fresca poderá ser obtida pela masturbação em recipiente limpo e estéril, também deve ser examinado o sedimento centrifugado dos primeiros 20 ml da urina matinal - secreção prostática e material subprepucial são coletados com swab molhado em solução salina isotônica tépida. Como o T. vaginalis é suscetível à desidratação e às mudanças do potencial de óxido-redução, o material deverá ser preservado em líquidos ou meios de transporte, como: solução salina isotônica glicosada a 0,2%, que os mantém viáveis durante horas à temperatura de 37oC, meios de transporte de Stuart e de Amies modificados, que mantém por 24 horas, e a solução do fixador álcool polivinílico (APV), que os preserva sem alterar a morfologia. exame microscópico: convencional de preparações a fresco e esfregaços fixados e corados, com métodos de cultivo, são mais comuns no diagnóstico da tricomoníase urogenital, que depende da observação do protozoário móvel, através do exame direito de esfregaços a fresco com auxílio da microscopia de campo claro, escuro e/ou contraste de fase, e pela microscopia de esfregaços fixados e corados. exame direto a fresco: dividido nas técnicas de: - preparações não-coradas: a microscopia da secreção vaginal ou cervical dos exsudatos uretrais e do líquido prostático diluídos em solução salina isotônica tépida é o exame de rotina para a identificação do flagelado, este perde sua motilidade quando as preparações estão em temperatura ambiente fria; - preparações coradas: aumenta a sensibilidade do exame microscópico direto, para isso vários corantes são adicionados às montagens salinas, os elementos celulares tomam os corantes e contrastam com organismos vivos não-corados; - preparações fixadas e coradas: devido às limitações do exame microscópico direto, uma variedade de métodos de coloração são indicados para o diagnóstico do T. vaginalis no homem e na mulher. imunológico: através de reações de aglutinação, métodos de imunofluorescência (direta e indireta) e técnicas imunoenzimáticas (ELISA), há uma triagem adequada com a possibilidade de um tratamento precoce e uma diminuição do risco da transmissão, principalmente em pacientes assintomáticos. EPIDEMIOLOGIA A tricomoníase é a DST não-viral mais comum no mundo, a prevalência é alta entre os grupos de nível socioeconômico baixo, a perpetuação do protozoário parasito depende da sobrevivência no hospedeiro humano, pois o organismo é suscetível à dessecação e altas temperaturas, mas podem viver fora de seu habitat por algumas horas sob altas condições de umidade - pode viver durante 3 horas na urina coletada e 6 horas no sêmen ejaculado. Sugere-se a existência de uma via não-venérea para a transmissão da tricomoníase, no recém-nascido, durante a passagem pelo canal de parto em consequência da infecção materna, quando a mãe não toma medidas profiláticas contra a parasitose durante a gestação ou quando não iniciou o tratamento, ≃ 5% dos neonatos podem adquirir a tricomoníase verticalmente de suas mães infectadas no parto, quando o epitélio escamoso da vagina da recém-nascida sofre ação de estrógenos maternos e pode permitir a colonização do parasito. Entretanto, esse efeito hormonal desaparece em poucas semanas após o parto, tornando o trato genital relativamente resistente à invasão do T. vaginalis, dessa forma, os bebês teriam condições de eliminar espontaneamente o parasito, similarmente, a tricomoníase é incomum na infância (1-10 anos) em função das condições vaginais (baixo pH), na adolescência, por causa da alta atividade estrogênica acompanhada de mudanças anatômicas e fisiológicas dos órgão genitais, (aumento do pH), há um ambiente suscetível ao T. vaginalis. A tricomoníase parece ser autolimitada em muitos homens, devido a uma ação tricomonicida de secreções prostáticas ou à eliminação mecânica dos protozoários que se localizam na uretra na micção. PROFILAXIA Utiliza-se medidas preventivas aplicadas no combate às outras DSTs, sendo essenciais dados sobre a data do último contato sexual, número de parceiros, hábitos e preferências sexuais, uso recente de antibióticos, métodos anticoncepcionais e história pregressa de DSTs, a partir daí preconizam-se estratégias de prevenção às DSTs, como: prática do sexo seguro, uso de preservativos, abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas, limitação das complicações patológicas pela administração de tratamento imediato, eficaz e simultâneo para parceiros sexuais. TRATAMENTO São usados fármacos como: metronidazol (Flagyl), tinidazol (Fasigyn), ornidazol (Tiberal), nimorazol (Nagoxin), carnidazol e secnidazol - em gestantes, devem ser aplicados apenas localmente por cremes, geleias ou óvulos - assim, através da manipulação da estrutura química da azomicina, foi sintetizado o metronidazol, efetivo contra infecções do tricomonas no trato genitourinário. Protozoário flagelado não-patogênico, com ampla distribuição geográfica, habitando a cavidade bucal do homem, o trofozoíto é elipsóide, ovóide ou piriforme, medindo 4-16 µm por 2-16 µm, com 4 flagelos anteriores, a transmissão é direta através da saliva ou escovas de dentes, e de alimentos previamente provados pelas mães, há relatos de infecções respiratórias e abcessos torácicos, atribuídas ao protozoário, o diagnóstico é feito pela pesquisa do organismo no tártaro dos dentes, na goma de mascar ou nas criptas das tonsilas. Trichomonas tenax LAYANE SILVA Protozoário flagelado, não-patogênico, apesar de encontrado em fezes diarréicas, apresenta ampla distribuição geográfica e maior prevalência nas regiões tropicais e subtropicais, os trofozoítos habitam o intestino grosso (ceco e cólon), o corpo é piriforme, medindo de 8-20 µm por 3-14 µm, possui 5 (4 ou 3) flagelos anteriores, 4 deles estão agrupados entre si e o 5o está separado e direcionado para a extremidade posterior, exteriorizando-se na porção posterior do protozoário como um flagelo livre, a membrana ondulante corre aolongo de toda a célula, e apresenta: filamento acessório, costa, blefaroplasto, pelta e núcleo arredondado. A multiplicação faz-se por divisão binária longitudinal, já a transmissão ocorre através da rota fecal-oral (alimentos e da água contaminada com fezes), depende dos costumes de higiene e dos hábitos de alimentação - a prevalência é entre crianças (2-6 anos), e entre internos de asilos. Trichomonas hominis
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