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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO BASEADOS NO FILME LARANJA MECÂNICA No filme, para que o personagem principal abandonasse seu comportamento violento, utilizou-se do tratamento Ludovico, uma representação do condicionamento respondente de Pavlov: método que consiste no emparelhamento de estímulos neutros e estímulos incondicionados, que após repetidas vezes, esse estímulo incondicionado torna- se um estímulo condicionado e gera um reflexo condicionado. Alex, então, passou por 15 sessões diárias, no qual ficou preso em uma camisa de forças, com um sistema ao redor da cabeça e com ferramentas que deixavam suas pálpebras abertas. A finalidade era que Alex experienciasse cenas de violência, emparelhadas com uma substância líquida que contia drogas e que era utilizada como colírio durante as sessões, além do emparelhamento não programado da sua canção preferida: a 9ª Sinfonia de L. V. Beethoven. A violência era um estímulo condicionado que provocava prazer em Alex e o tratamento buscava recondicionar esse prazer provocando sensações desagradáveis que eram em decorrência das drogas. Para o estímulo incondicionado, este que provoca uma resposta natural, tinha-se as drogas que causavam náuseas, vômito e medo, emparelhada com a violência assistida e sua música preferida que eram os estímulos condicionados, e posteriormente, após o emparelhamento nas 15 sessões por duas vezes ao dia, Alex foi recondicionado passando a ter náuseas, vômitos e medo em situações que envolviam violência ou após escutar sua música preferida. Este seria o novo reflexo aprendido por Alex. A partir desse pensamento, conclui-se o tratamento como um contracondicionamento aversivo, pois esse novo estímulo que seria emparelhado eliciou respostas contrárias, desagradáveis e aversivas àquela produzida pelo estímulo condicionado. O personagem Alex sentia prazer ao ver cenas de violência, e agora, depois do emparelhamento das cenas violentas com um estímulo incondicionado, Alex passou então a sentir reações contrárias como as náuseas, vômitos e medo. No caso do personagem, a dessensibilização sistemática poderia ser utilizada seguindo os seus conceitos com bases na generalização respondente, na qual fosse possível dividir o procedimento de extinção do reflexo em pequenos passos. Dessa forma, seria necessário construir uma escala crescente da intensidade do estímulo de Alex, para que fosse possível saber quais estímulos relacionados a violência eliciam em Alex maior ou menor medo, náuseas e vômitos. Na prática, a violência deveria ser apresentada gradativamente ao paciente, sendo da menos agressiva, como na representação de um beliscão por exemplo, até seu maior nível, uma violência extrema. Emparelhado a isso, a dosagem do medicamento também seguiria essa escala gradativa, no início da sessão o paciente receberia a dosagem diminuída e, aos poucos, a dose seguiria aumentando ao longo das sessões. Para o uso dessa técnica em Alex, poderia ser utilizado gradativamente fotos, encenações, vídeos e/ou objetos comumente utilizados em práticas de violências no geral, que facilitassem aos poucos a perda das respostas antes proporcionadas. Esse procedimento gradativo ocorreria até que Alex não tivesse mais reações. O tratamento fracassou porque não houve uma avaliação de Alex, não buscaram saber sobre sua origem, o que influenciou para seus comportamentos agressivos, como era sua relação familiar, e em síntese, quais os comportamentos que poderiam ser sociáveis ou não. Além disso, a técnica não foi eficiente porque mudou apenas um elemento na vida de Alex, no caso a violência, que agora o causava um mal-estar. Outro fator contribuinte, foi que ao sair da prisão, Alex foi exposto a várias situações de negações, como no desprezo pelos pais e na violência que sofreu, e sem saber lidar tentou suicídio. Ou seja, o tratamento eliminou seus comportamentos violentos, mas não ensinou a aprendizagem de novos. Sem esquecer que o tratamento recebido também fugiu das normas éticas e de bom senso. O reforço positivo é um estímulo agradável que ocorre após um comportamento desejado, dessa forma ele aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz. Em outras palavras, esse reforço oferece algo ao organismo em troca do seu comportamento desejável. Supondo que Alex tenha anorexia nervosa, o reforço positivo faria com que sua ingestão de alimentos fosse estimulada com uma recompensa. Um exemplo seria de ao concluir suas refeições diárias ser recompensado ganhando um bônus para sua loja de sapatos preferida. Dessa forma, Alex estaria mais motivado em se alimentar, e assim, ao invés de ser forçado a comer, haveria mais livre arbítrio, não afetando seu psicológico já frágil pelo transtorno alimentar. A partir do quadro de melhora de Alex, quando o comportamento desejado estivesse mais natural para Alex e seu organismo mais normalizado, outras medidas poderiam ser adotadas até não haver mais necessidade para recompensas. O reforço negativo, diferente do positivo, permite a retirada de algo indesejável. Ao não comer, Alex poderia ser chamado atenção pelos seus pais. Assim, Alex pode usar de dois comportamentos, a esquiva, se forçaria a comer em todos os horários para evitar a reclamação antecipada dos pais, ou a fuga que, a partir da reclamação, Alex comeria para que eles parassem de reclamar. Esse reforço não é eficaz pois não trata todos os efeitos da anorexia, podendo abalar ainda mais seu psicológico e Alex poderia apresentar novas dificuldades ou mesmo tomar remédios para vomitar tudo depois. A punição, esta que se destina a diminuir ou tentar eliminar comportamentos inadequados ou indesejáveis de um dado repertório, com base nos princípios de que quem é punido apresenta menor possibilidade de repetir esse comportamento novamente, não seria eficaz. Na punição, o comportamento não é extinto, e sim censurado, mas que pode voltar a acontecer quando cessada. Uma vez punido, e dependendo da intensidade da punição, esta poderia eliciar um conjunto de respostas emocionais desagradáveis em Alex, como a ansiedade, bipolaridade, depressão e fobia social. Além disso, essa punição pela não ingestão de alimentos em Alex, poderia fazê-lo produzir, paralelamente, respostas agressivas e ocasionar em uma recusa maior aos alimentos, dessa forma não sendo adequada para seu tratamento. O contracondicionamento não seria adequado, pois tendo em vista que este condiciona uma resposta contrária àquela produzida pelo estímulo condicionado, tal resposta resultaria em um quadro de compulsividade alimentar do paciente, tornando-se, portanto, outro transtorno alimentar: a bulimia nervosa. Dessa forma, Alex sairia de um quadro de rejeição alimentar, com dietas extremamente rígidas ou mesmo jejum, e entraria em um quadro contrário ao antes condicionado, ou seja, de ingestão exagerada e rápida de alimentos, acompanhada de um sentimento de perda de controle. REFERENCIAS MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do comportamento. São Paulo: Artmed Editora S.A, 2007. NOCK, Ana Mercês Bahia et al. PSICOLOGIAS uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. 492 p.
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