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O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA COMO MECANISMO DE EMPODERAMENTO DO SUJEITO ENQUANTO SER SOCIAL Deise Lobo Bizarro1 Ederson Murbach Escobar2 RESUMO A linguagem é o meio de comunicação empregada para interagir com o espaço social em que vivemos essencial para que possamos relacionar-nos com as pessoas. Desta forma, o objetivo da pesquisa é destacar a importância da língua inglesa para a emancipação do sujeito, podendo se tornar um agente de mudança frente à multiplicidade das possibilidades que a língua inglesa pode propiciar. A metodologia consiste numa revisão bibliográfica embasada em autores que abordam sobre o tema. A opção por essa proposta se justifica devido à necessidade de construção e promoção de um planejamento de ensino com estratégias inovadoras, que permitam ao aluno uma aprendizagem significativa e motivadora na qual o professor é mediador na construção do conhecimento. Conclui-se, a partir da fala dos autores que se faz necessário propostas embasadas na coparticipação dos educandos juntamente com os professores para que busquem mecanismos capazes de otimizar o processo de aprendizagem e inserir a disciplina de Língua Inglesa, no Educação básica das escolas públicas, de forma atrativa e que estimule o processo de aprendizagem, propiciando mudanças, assegurando assim, uma inserção no idioma que levem a mudanças que levem ao processo crítico-emancipatória. Palavras-chave: Língua Inglesa. Educação Básica. Crítico- Emancipatória. 1 INTRODUÇÃO A comunicação em todo o mundo, vem se transformando. Em pouco tempo, graças ao avanço tecnológico as coisas se modificam através dos mecanismos de disseminação de informação e de interação entre os indivíduos em diferentes lugares mudando a maneira de pensar da sociedade, além de terem mudado a forma como lidamos com a informação e com outros povos. Na educação, tais fatos apresentam grande impacto. Essa verificação provoca mudanças no ensino de maneira geral e em especial, no ensino de línguas, visto que aulas devem ser diferenciadas, pois a tecnologia é tida como 1 Aluna concludente do curso de licenciatura em Letras/ Inglês da Universidade Estácio de Sá. 2 Professor Orientador do artigo da Universidade Estácio de Sá. uma ferramenta de várias possibilidades no que diz respeito à utilização de materiais e oportunidades de comunicação, mobilidade de práticas de habilidades de leitura, escrita, fala e compreensão auditiva, além de proporcionar informações atualizadas a todo momento. No entanto, apesar de toda esta evolução, ainda se percebe uma grande lacuna no que tange a utilização de recursos tecnológicos no processo educacional e no aprendizado de idiomas. Amparadas em legislações, sabemos que a língua inglesa é tão importante quanto as demais disciplinas. Apesar disso, sabe-se que idiomas estrangeiros são trabalhados de forma mecânica e pouco atrativas, de maneira que os alunos, além de não compreenderem o processo, aprendem somente algumas palavras repetidas, e saem da educação básica, com pouco ou nenhum conhecimento da língua, que é visto pela escola somente como um componente obrigatório para cumprimento de carga horária. Tais fatos devem ser repensados e inseridos de forma a proporcionar ao aluno o conhecimento e a apropriação de uma segunda língua. Percebe-se que o ensino de Língua Estrangeira deve considerar as relações que podem ser estabelecidas entre a língua estudada e a inclusão social, buscando o desenvolvimento da consciência da função das línguas na sociedade e o reconhecimento da diversidade cultural. A presente pesquisa se justifica com base no atual cenário socioeducacional, devido à necessidade de enfatizar a importância da língua inglesa numa perspectiva emancipatória. A proposta é trazer aos educandos, mecanismos capazes de otimizar o processo de aprendizagem e inserir a disciplina de Língua Inglesa e suas variações linguísticas na Educação Básica das escolas públicas podendo funcionar como um meio de mudanças, assegurando assim, uma sociedade mais democrática e dinâmica. Logo, é importante que educadores busquem uma prática pedagógica que tenha como foco a compreensão da língua inglesa, como um idioma que tem grande importância, uma vez que é um dos mais falados no mundo e está inserido no nosso dia a dia, buscando fazer a partir de uma perspectiva crítica e conectada com a sociedade atual. Visto por este ângulo, pontua-se algumas inquietações que motivaram o interesse do estudo, que será de cunho bibliográfico, com o objetivo de compreender a língua inglesa como ferramenta de empoderamento do sujeito. 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1 ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA Sabemos que na escola pública, o ensino da língua inglesa normalmente ocorre de forma mecânica, fazendo com que os alunos a vejam como uma disciplina de menor importância que componentes como português, matemática, entre outros. E assim, não ocorre uma apropriação da língua e saem da escola sabendo somente algumas construções básicas. O contato com a língua inglesa não é só um exercício intelectual de aprendizagem de formas e estruturas linguísticas em um código diferente, mas sim uma experiência de vida, pois amplia as possibilidades de se agir discursivamente no mundo. Desta forma, o educando se sentirá preparado para entender-se como ser capaz de aprender e comunicar- se no mundo globalizando, sentindo-se como participante do processo, e não um coadjuvante do que ocorre ao seu redor. Nesta perspectiva Pallú, aponta que: Os propósitos de uso do inglês precisam ser buscados para o planejamento do processo de ensino aprendizagem nas escolas, bem como do planejamento de uma agenda de pressupostos, em que a intencionalidade e também a regionalidade do inglês, sejam exploradas (PALLÚ 2013, p. 69). Corroborando com a ideia, Pimentel (2010), nos diz que numa sociedade onde as tecnologias permitem que professores proporcionem situações reais de uso da língua através de chats, leituras de textos autênticos, compreensão auditiva, filmes e vídeos, jogos, interações em blogs, redes sociais, surgem como fonte na construção do conhecimento, permitindo ao aluno se tornar co-autor mais autônomo e ter poder sobre seu planejamento didático. O autor afirma ainda que a aprendizagem de línguas estrangeiras é uma possibilidade de aumentar a auto percepção do aluno como ser humano e como cidadão. Neste aspecto, os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam que: “Os alunos analisem as questões sociais-políticas-econômicas da nova ordem mundial, suas implicações e que desenvolvam uma consciência crítica a respeito do papel das línguas na sociedade ” (PCN, 2014, p. 55). Segundo Bortoni-Ricardo (2004), um domínio social é um espaço físico onde pessoas assumem determinados papéis sociais ao interagirem. Sendo estes definidos por normas socioculturais e construídos no próprio processo de interação humana. Dentro de uma sala de aula, por exemplo, existe o domínio social e encontra-se a variação linguística na fala de educadores e educandos, cabendo aos diversos gêneros textuais veiculados a cada curso, a cada nível de escolarização. Cabe ressaltar que, os professores constituem um grupo social com mais experiência, entretanto, apresentam menos formalidade e menos monitoração linguística em alguns eventos de oralidade, mesmo em sala de aula. Em contrapartida, a grande maioria dos educadores têm um respaldo ao que se refere aos materiais didáticos na teoria, e, ou, maneiras de se aperfeiçoarem aos novos métodos de ensino para aplicarem nas aulas práticas, no entanto o material didático teórico, é um instrumento de trabalho com alto teor de conteúdos bem elaborados, portanto, o que falta é um método eficaz para ser aplicado na prática, e no ensino obter números positivos. 2.1.2 ALegislação e o fazer didático Com a promulgação da Lei 9.394 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB, o ensino de Língua Estrangeira Moderno torna-se obrigatório, a partir do sexto ano do ensino fundamental II. O Artigo 26, § 5º versa que: Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir de quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição (BRASIL, 1996, p.90). Desta forma, a escolha da língua ficava a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades que a instituição possuía. Esse parágrafo foi alterado com a Lei nº 13.415 e instituiu a obrigatoriedade do inglês no currículo do ensino fundamental a partir do sexto ano das séries finais. Corroborando com a ideia os PCNs (2014), preconizam que a língua inglesa para comunicação e práticas sociais, particularmente com relação ao trabalho interligado a oralidade e ao contexto social, tendo em vista a importância da língua inglesa na sociedade contemporânea, e dos problemas ligados desde o ensino, ao que diz respeito a adquirir uma segunda língua(inglês), o que se torna uma qualidade que poucos obtém em sua formação, sendo bem vista como instrumento de trabalho no mundo moderno, beneficiando nos aspectos culturais, profissionais, educacionais e enquanto ser social. É uma possibilidade de aumentar a auto percepção do aluno como ser humano e cidadão. Embora as legislações e documentos explicitem o que deve ser feito, o que ocorre cotidianamente está muito distante do que rege o documento, visto que sabemos mazelas da escola pública, como excesso de alunos nas salas, heterogeneidade, falta de material didático, desinteresse, pouca participação da família, atingir os objetivos de ensino e aprendizado é uma tarefa árdua. Se falarmos especificamente da Língua Inglesa, percebe- se que o aluno não se identifica com o idioma, por lhe parecer algo muito distante de seu cotidiano, ou ausência de metodologias diversificadas e atrativas, que veiculem o ensino da língua com seu cotidiano, uma vez que o idioma está em vários espaços como jogos de videogames, manuais, expressões cotidianas, filmes, o que poderia ser linkado com a prática pedagógica. No entanto é comum os professores trabalharem conteúdos que nada têm de significativo aos alunos, o que se torna algo maçante e reproduzido de forma automática. Desta forma, deve existir a compreensão que professor e aluno se reconhecem na incompletude que os constitui e assumem a luta pelas possibilidades concretas de compreensão e superação da realidade, e que todos os dias estamos aprendendo e nos modificando enquanto seres incompletos. O ensino e a aprendizagem de Língua Inglesa inserido na escola pública necessita de uma mudança com propostas metodológicas, tanto para os professores, quanto a formação de alunos no contexto globalizado, sendo o inglês muito importante para seu crescimento intelectual, social, e, ou, crítico democrático. Diante tantas mudanças envolvendo a educação, o professor se torna o principal transmissor de transformação social e de valores agregados ao ensino-aprendizagem. Para Morin, (2000), ‘’é necessário aprender a “estar aqui” no planeta. Aprender a estar aqui significa: aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar; é o que se aprende somente nas “ e por meio de “ culturas singulares. Precisamos doravante aprender a ser, viver, dividir, e comunicar como humanos do planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também ser terrenos’’ (p. 76). O aprendizado de uma segunda língua, além de ampliar os conhecimentos do educando, prepara para compreender melhor os fatores externos da língua, dando apropriação das novas culturas, influenciando em seu caráter transformador. Os professores da Língua Inglesa no Brasil enfrentam uma realidade cotidiana dentro das salas de aula. Sendo assim, devem adaptar o ensino, focando no individual, saber das suas dificuldades e principalmente, ampliar suas possibilidades de aprendizagem. Neste aspecto, Perrenoud (2000) enfatiza que, ‘’as novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas e diversificadas que ajudarão na formação dos alunos” (p.139). A importância de um novo idioma em tempos de globalização, tornou-se uma exigência para o ser humano. De acordo com Leffa : ‘’um fator ainda não estabelecido no ensino de línguas é até que ponto a metodologia empregada faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da aprendizagem. Às vezes dá-se à metodologia uma importância maior do que ela realmente possui, esquecendo-se de que o aluno pode tanto deixar de aprender como também apreender apesar da abordagem usada pelo professor. As inúmeras variáveis que afetam a situação de ensino podem sobrepujar a metodologia usada, de modo que o que parece funcionar numa determinada situação não funciona em outra e vice-versa’’ (LEFFA, 2016, P.42), A globalização pode ser vista e definida de várias maneiras, sendo elas nos aspectos ideológicos, econômicos e tecnológicos. Desta forma, a tecnologia se torna o fator mais importante, pois transforma o mundo através da sua interação digital. O ensino de línguas, neste caso, o inglês, deve haver uma reciprocidade entre o professor e o aluno, como uma forma de interação do indivíduo, com o computador e o uso das tecnologias. Sendo assim, o lado positivo da globalização, aumenta o conhecimento cultural, e os alunos aprendem a conviver com a diversidade na aprendizagem da linguística. Em contrapartida, a globalização paulatinamente mais, vem tornando o trabalho do professor uma premência para a sociedade, projetando o presente e o futuro com o seu papel indispensável para a formação de educandos, na busca incansável de gerar e transmitir conhecimentos. Partindo da ideia de Lévy (1999), 1. a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no começo de seu percurso profissional serão obsoletas no fim de sua carreira; 2. trabalhar equivale cada vez mais a aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos; 3. o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas (LÉVY 1999, P. 157) Outro fator importante que influencia no processo de ensino-aprendizagem, está relacionado às crenças, que definem direta e indiretamente no resultado das aulas quando colocadas em prática. Crenças e valores que são trazidas com os educadores, baseadas em seus históricos na época em que foram alunos. Neste sentido, Garbuio (2006, p. 91) aponta que, ‘’as crenças dos professores podem estar baseadas nos treinamentos que tiveram nas suas experiências de ensino ou ainda enquanto aprendizes de uma língua’’. Ainda, neste sentido, Valadares (2002, p. 193) ressalta que, ‘’a prática reflexiva é entendida com um propósito claro: incluir os problemas da prática em uma perspectiva de análise que vai além de nossas intenções e atuações pessoais. Implica colocar-se contexto de uma ação, participar de uma atividade social e tomar decisões frente a ela’’. Segundo Diniz-Pereira, vislumbram o professor como “um profissional que reflete, questiona e constantemente examina sua prática pedagógica cotidiana, a qual por sua vez não está limitada ao chão da escola” (2008, p. 26). Por conseguinte, o professor tem sua influência sobre o aluno. Consequentemente, reflete suas ações no ensino-aprendizagem, sendo assim, o aprofundamento na busca pelo conhecimento e aperfeiçoamento em se atualizar na aprendizagem de novas técnicas da Língua Inglesa, se torna um processo sempiterno e aprazível. De acordo com Medrado (2011): O professor, como elemento do contextodo aluno, influencia na aprendizagem de acordo com sua experiência e com suas crenças, atitudes e comportamentos político-pedagógicos. Com base nestas questões, pode-se afirmar que o exercício da aprendizagem e as diferenças de estilo de cada sujeito dependem da história de vida de cada indivíduo, do seu momento e do contexto em que está inserido (MEDRADO, 2011, p.65) O professor é visto como um modelo na vitrine de uma loja. Ele traz consigo suas ações e através delas, estilos de aprendizagens variados para atender aos inúmeros tipos de alunos em sala de aula. Ou seja, o professor tem que acreditar em si, no que faz e ter vocação. Sendo assim, através do seu ensino e suas variadas formas de aplicar a metodologia da Língua Inglesa, ele é o principal mediador e motivador de aprendizagem dos seus alunos. 2.2.3 O Ensino da língua como forma de empoderamento do sujeito A aprendizagem de outro idioma possibilita o desenvolvimento crítico do aluno como cidadão e ser humano. Por se tratar de Língua Estrangeira, neste caso, a Língua Inglesa, ela não deve ser vista de forma isolada nas disciplinas escolares, e sim, desenvolver no aluno a autonomia do ensino aprendizagem do idioma, como maneira de empoderamento enquanto sujeito social. A relação professor-aluno é ressignificada, ou seja, "quando se fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade pela qual, professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação social” (LIBÂNEO, 1994, p. 64). Ainda de acordo com o autor, os significados construídos no mundo social refletem os embates discursivos, sendo estes caracterizados pela confrontação entre discursos que veiculam percepções, crenças, visões de mundo, ideologias diferentes, vivencias, culturas, entre outros aspectos que tornam o ensino da Língua Inglesa além de obrigatórios, fundamental para a interação social e a conexão com o mundo globalizado. Apesar de ocorrerem mudanças significativas, no que tange a legislação ainda se observa um paradoxo entre o fazer e o saber fazer, pois normalmente trabalha-se com metodologias descontextualizadas, poucos recursos, tanto físicos, quanto de espaço, o que interfere na criação de propostas critico-emancipatórias, por parte dos profissionais da área. Ensinar um conhecimento existente, falando do ensino da Língua Inglesa, utilizando o que tanto os alunos reclamam, de entrar na sala de aula e ouvirem o famoso verbo ‘’to be’’, e que passam de um ano para o outro, escutando seus diferentes professores, aplicando o mesmo método, sem buscarem inovação. Isso faz com que a capacidade de aprenderem ou terem um certo interesse no idioma, seja tirada deles, sem que tenham a autoridade e liberdade no processo educativo de aguçar a sua curiosidade e criatividade. Os educadores de todos os níveis têm o compromisso político-pedagógico de buscarem alternativas capazes de materializar no cotidiano da escola perspectivas superadoras, audaciosas e desafiadoras, que apontem para a construção da cidadania plena do educando, embora na realidade não é o que se observa. De acordo com Libâneo, (2013), planejar uma aula que atenda a aprendizagem dos nossos alunos é imprescindível, uma vez que muitos professores só escolhem atividades que acham interessantes, e esquecem de fato dos objetivos para aquela aula. O que devemos propor é revelar o potencial que um planejamento de aula pode ter em relação a garantia de aprendizagem. Gadotti (1996), salienta que se faz necessário primeiro entender como podemos torná-lo um instrumento que garanta essa aprendizagem delineando nosso olhar sobre o planejamento, destacando a importância de um alinhamento entre o que se quer que o aluno aprenda e a atividade avaliativa que irá verificar se essa aprendizagem aconteceu de fato (p. 83-84). E assim, conforme Freire (1997), a educação emancipatória exige que os educadores recriem todos os meios que possibilitem a problematização do objeto, ou da realidade a ser descoberta e apreendida pelos sujeitos do processo educativo, reconhecendo-os como sujeitos do conhecimento. O autor salienta ainda que “a consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca” (p. 64). Todavia, o condicionamento ao qual o professor remete este ensino perante os alunos ao aprenderem um segundo idioma, traz consigo a influência no processo de repassar o conteúdo, e fazendo os alunos acreditarem que não são capazes de aprenderem uma língua estrangeira, tornando-os retraídos, propícios a se tornarem sujeitos sem predisposição. Cruz, et.al (2014) compreendem que: O ciclo que perpetua o “fracasso” da LI na escola faz com que o professor não valorize a sua disciplina, assim como seus colegas e a direção da escola; essa atmosfera negativa consegue baixar, ainda mais, a autoestima do professor, frustrando-o. Ele não consegue (ou já não deseja mais) mudar a postura de seu aluno diante do estudo da língua, e toda essa rede de desencontros faz com que o aluno primeiro suspeite, depois acredite, e por fim, constate que ali (a escola) não é o lugar para se aprender Inglês. Triste engano (CRUZ, et. Al, 2014, p. 196). Neste sentido, Ribeiro (2018, p. 73) nos diz que as tecnologias nos ajudam ou nos permitem fazer coisas que talvez fossem mais difíceis ou mesmo impossíveis sem elas. No caso da educação, podem permitir ensinar melhor e mais eficazmente; ou podem favorecer o aprendizado de forma mais fácil ou mais eficiente, ajustando as tecnologias aos propósitos, para essa integração fazer realmente sentido e ser prolífica. E assim, o profissional da educação deve conceber diversas situações de aprendizagens, pois dentro de uma sala de aula, existem diferentes estilos de linguagens em seus alunos. Se o professor aplicar as várias formas de aprendizagens, consequentemente, os alunos conseguirão captar o conteúdo. Antunes orienta que: O conhecimento em uma visão atual resulta da interação entre o indivíduo, a informação que lhe é exterior e o significado que este lhe atribui. É, pois, resultado de um processo de construção que implica o sujeito que o constrói como principal protagonista desse processo (ANTUNES, 2013, p, 26). Para o autor, importância da Língua Inglesa, enquanto ferramenta de empoderamento do sujeito social, deve ter como objetivo central, aferir a quantidade de saberes que estão retidos ao sujeito. Aferir o aprimoramento retido das habilidades e competências, frente aos desafios trazidos pelo professor, devem permitir abordagens de diferentes naturezas através de uma aprendizagem com resolução de problemas, estimulando os alunos a enfrentarem seus medos, desafiando-os no seu dia-a-dia, trabalhando seu pensamento para se tornarem críticos e democráticos. É essencial que se determine com clareza, tanto o que se busca na aprendizagem conceitual, como o procedimento na aprendizagem do aluno, conscientizando-os sobre a importância deste aprendizado, desenvolvendo dentro da Educação Básica, mecanismos capazes de otimizar o processo de aprendizagem da disciplina de Língua Inglesa e suas variações linguísticas, podendo funcionar como um catalisador de mudanças, assegurando assim, uma sociedade mais madura, democrática no futuro capaz de administrar conflitos fortalecendo suas relações interpessoais. Freire aponta, o que falhamos nas escolas é ensinar aos alunos os conhecimentos existentes, sem nenhuma preocupação com os conhecimentos que ainda não existem. Não penso em ter estudantes pendentes todo o tempo do que ainda não existe. Esta é uma obra social que tem de começar a ser realizada (2014, p.171). O êxitono aprendizado de uma língua estrangeira depende de um certo grau de maturidade na língua materna. A criança pode transferir para a nova língua o sistema de significados que já possui na sua própria. O oposto também é verdadeiro – uma língua estrangeira facilita o domínio das formas mais elevadas da língua materna. A criança aprende a ver a sua língua como um sistema específico entre muitos, a conhecer os seus fenômenos à luz de categorias mais gerais, e isso leva à consciência das suas operações linguísticas (VIGOTSKI, 2008, p.137). Os avanços tecnológicos têm desequilibrado e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor se sinta eternamente no estado de "principiante" em relação ao uso do computador na educação. Entendemos que a formação contínua do professor é significativa, pois, visa corrigir distorções de sua formação inicial, e também contribui para uma reflexão acerca das mudanças educacionais que estejam ocorrendo (BETTEGA, 2004, p. 38). Para superar os obstáculos, o professor deve construir conhecimentos sobre as técnicas computacionais, interagir com as novas modalidades do sistema educacional, sendo uma mudança de interatividade de forma contínua, integrando o computador e a internet na sua prática pedagógica como ferramenta fundamental e essencial nessa mudança, com a capacidade de aprender para repassar as informações aos educandos. Nesse modelo virtual não se admite um método de ensino e aprendizagem único, mas transitório, com fatores que deem uma aprendizagem significativa capaz de interagir com as mudanças rápidas, que a informação em parceria da comunicação via internet norteia os modos de viver tanto dos educandos quanto de seus educadores. Assim, Rapaport ancora a ideia dizendo que apresentar novas formas de ensinar, certamente, pressupõe orientar nossos alunos sobre as formas de aprender. Colocando em termos construtivistas, temos de focar em “como a mídia instrucional, independentemente de sua definição, pode ser utilizada para facilitar a construção do conhecimento e significados por parte do aluno (2008, p.127). A partir de todas estas ideias e as conversas entre autores, devemos nos ancorar na teoria de Vigotsky (2001), que diz que o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio da interação social, ou seja, de sua interação com outros indivíduos e com o meio, e que a aprendizagem é uma experiência social, mediada pela utilização de instrumentos e signos, entendendo-se assim, que o aluno aprende a partir do significado que dá ao objeto do aprendizado. Nesse sentido, é na relação mediada por signos e instrumentos que se dá o desenvolvimento. Pois, como descrevem Cole e Scribner (2003, p. 9), “os sistemas de signos [...], assim como o sistema de instrumentos, são criados pelas sociedades ao longo do curso da história humana e mudam a forma social e o nível de desenvolvimento cultural”. A internalização desses sistemas promove transformações comportamentais e a ligação entre as formas iniciais e as posteriores de desenvolvimento individual. Em sua teoria Vygotsky (2003) ressalta que “[...] o processo de desenvolvimento progride de forma lenta e atrás do processo de aprendizado [...]” (VYGOTSKY, 2003, p. 118). E assim, você só vai aprender uma nova língua se pensar de acordo com sua estrutura linguística, tentando internalizá-la e entende-la. Chomsky (2002), aponta que a língua pode ser analisada por meio da gramática e independentemente da semântica, posto que para ele a gramática é um recurso gerador de frases da língua (p.106). Desse modo, o autor propõe um estudo de estruturas básicas da língua e, como elas passam por um processo de transformação, a adoção do termo “gramática gerativista ou transformacional”, que faz com que o sujeito a internalize de forma dinâmica. Em relação à influência de fatores externos na aquisição de outro idioma por crianças, pode-se concluir que essas podem perfeitamente atingir níveis satisfatórios de proficiência desde que o ambiente no qual ela esteja inserida seja propício para que de fato ela alcance esses objetivos. Desse modo, pode-se também inferir que a maneira com que os alunos aprendem outro idioma é diferente dos adultos e, por esse motivo, o foco está voltado para atividades de cooperação entre os alunos, assim como atividades que enfatizem a oralidade em detrimento da escrita, por meio de introdução de vocabulário e atividades simbólicas que contribuam sobremaneira para a aquisição da nova língua. CONSIDERAÇÕES FINAIS Partindo do princípio que a língua é um sistema específico, em tempos de formação continuada para os professores de idiomas, as possibilidades de ampliarem espaços de aprendizagem por meio dos ambientes virtuais, servem para diminuir essa lacuna entre os elementos convencionais, servindo para unificar aos virtuais. Sendo assim, promovem um benefício aos educandos que dentro desse espaço de ensino virtual, estão suas inúmeras possibilidades de aprendizagens de línguas. Assim sendo, é imprescindível a importância de os professores, além de se qualificarem constantemente na área em que atuam, e, ou, diferentes áreas, tornarem os conteúdos das aulas de Inglês, de forma colaborativa, uma pedagogia mais adequada em sintonia com a realidade digital. Portanto, um professor que não instruí seus alunos, certamente terá reflexo na aprendizagem. O ato de ensinar vai além de instruir, e sim conceber habilidades de conhecimentos que façam os alunos se capacitarem, confrontando suas realidades e reconstruindo saberes. Sendo assim, para um aluno aprender um outro idioma, começa um confronto entre sua realidade, interligada aos seus objetivos e seus diferentes significados, acerca dessa nova realidade, que é o seu empoderamento diante das circunstancias dos novos saberes. Uma aula não se limita a espaços fechados, visto que já trazem uma bagagem a ser considerada, dessa forma conseguem aprender, se levarmos em conta os seus saberes relacionados com o contexto social e familiar que estão inseridos, bem como os recursos tecnológicos que estão presentes no dia a dia de todos, podendo usá-los como um elo estimulador, desafiando-os e provocando em si a verdadeira aprendizagem que seja associada com seu cotidiano. Portanto, no ensino de Língua Inglesa deve ser levado em conta as habilidades linguísticas, e inserir a elas as diferentes práticas sociais que o professor deve desenvolver, ampliando o aprendizado através de uma ressignificação do ensino da Língua Inglesa, com a mediação didático-pedagógica, envolvendo a utilização das tecnologias de informação, voltadas a capacitação do educando e tornando-o apto a enfrentar o mundo enquanto cidadão consciente e apto a enfrentar a realidade de forma crítica e ciente de sua importância e capacidade transformadora. Nesse sentido, consideramos de suma importância a perspectiva crítica atrelada às ações didáticas para legitimar o conteúdo nas aulas de Língua Inglesa, como matriz teórica, uma vez que esta proposta permite a instrumentalização dos alunos para além das capacidades de conhecimentos e lhes possibilita vivenciar o idioma como instrumento para o desenvolvimento da capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar os sentidos e significados da vida refletindo acerca deste, em um processo comunicativo, para todo o seu relacionamento com o mundo social, político, econômico e cultural. REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Professores e Professauros: reflexões sobre a aula e práticas pedagógicas diversas/ Celso Antunes. -7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. BETTEGA, Maria Helena Silva. A educação continuada na Era Digital. São Paulo: Cortez, 2004. BORTONI-RICARDO, Stella M. Educação em línguamaterna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004. BRASIL. 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