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QUESTÕES “ANGÚSTIA” DE GRACILIANO RAMOS 1. Assinale a afirmativa INCORRETA sobre o enredo de Angústia: a) A história do romance é contada por seu protagonista, Luís da Silva, último filho de uma família rural decadente. b) O narrador é um homem atormentado pelas lembranças do tratamento rude recebido na infância, pelas figuras do avô e do cangaceiro José Bahia, migra para a cidade, passa também ali por misérias e humilhações, mas termina conseguindo um emprego como jornalista. c) O narrador é um homem culto, funcionário público e jornalista, de vida urbana, mas de origem rural, de modo que o romance é narrado com brutalidade da linguagem e, em alguns momentos, em linguagem erótica. d) O narrador é um homem atormentado que tem as visões do seu passado recobradas na memória. Angústia é, portanto, a história contada após o abalo nervoso que o assassinato lhe provocara. e) Luís da Silva, o narrador de Angústia, ao fim da vida, busca na memória os eventos que possam esclarecer as causas da sua infelicidade, do noivado com sua vizinha, Marina, até a morte de Julião, em uma narrativa linear do passado para o presente. 2. Assinale a afirmativa que mais acertadamente esclarece sobre a razão do homicídio cometido por Luís. a) Luís precisava continuar vivendo, e sua vida só seria possível sem a existência de Julião Tavares. Foi preciso matar com as próprias mãos para concluir que suas mãos de velho eram, na verdade, fortes e úteis. b) Luís mata por ciúme, para impor-se, para existir como homem, portanto para não ser reduzido à completa insignificância, embora reconheça depois que sua vida não mudou, permanece na mesma inutilidade (“monótona, agarrada à banca das nove horas ao meio dia, e das duas às cinco”) c) Matar Marina foi a única forma de Luís se ver livre da convivência com a memória da traição que lhe atormentava. d) Luís teve todos os motivos para matar Julião Tavares, desferindo-lhe uma facada no peito. Foi este o golpe suficiente para restituir a tranquilidade que tanto buscava. e) Luís da Silva matou pelo clichê do homem ofendido que mata por ciúme, para só assim ver reestebelecida sua paixão por Marina e retomar a vida a dois com o enxoval já comprado, da paixão interrompida pelo rude Julião no seu momento de maior fervor. 3. Relacione os trechos retirados do livro Angústia, de Graciliano Ramos, às afirmações a seguir. 1. “Era como se a gente houvesse deixado a Terra. De repente surgiam vozes estranhas. Que eram? Ainda hoje não sei. Vozes que iam crescendo, monótonas, e me causavam medo”. 2. “Ia cheio de satisfação maluca. Não tirava a mão do bolso, apalpava as caixinhas, sentia através do papel de seda a macieza do veludo. Na alvura do braço roliço a fita do relógio faria uma cinta negra; a pedrinha branca faiscaria no dedo miúdo”. 3. “E Julião Tavares parado. Minutos antes andava na maciota, o cigarro aceso, o pensamento na cama da mocinha sardenta. Agora ali junto da cerca, estirado. Inconveniente ficar ao lado dele. Inconveniente”. 4. “Não haveria desatino: as duas mulheres eram fatalistas e queixavam-se da sorte. Malucas. Revoltava-me o recurso infantil de se xingarem, arrancarem os cabelos. Era evidente que Julião Tavares devia morrer. Não procurei investigar as razões desta necessidade. Ela se impunha, entravame na cabeça como um prego. Um prego me atravessava os miolos.” 5. “– D. Aurora, tenha paciência. Veja se me arranja um quarto mais barato. Os tempos andam safados, d. Aurora[...] -Tudo pela hora da morte, seu Luís. – É verdade, tudo pela hora da morte, d. Adélia. – A senhora já reparou nos preços dos remédios? A farmácia tem uma goela!” ( ) O Brasil sentia os reflexos econômicos da queda da bolsa de Nova York, em 1929, e da revolução de 1930. ( ) Luís da Silva é um homem atormentado e sua narrativa revela confusão. ( ) Após o homicídio, a memória de Luís da Silva é fragmentada, passado e presente se confundem. ( ) Empolgado com o noivado, Luís da Silva se vê desejando entregar à Marina o presente que tanto lhe custara. ( ) Luís da Silva alimenta ódio por Julião Tavares. A gravidez e o abandono de Marina são a mola propulsora para o assassinato. Assinale a alternativa que apresenta a numeração em sequência CORRETA, de cima para baixo. a) 3-2-4-5-1 b) 4-1-3-2-5 c) 4-5-1-3-2 d) 5-1-3-2-4 e) 5-4-3-1-2 4. “Quando eu ainda não sabia nadar, meu pai me levava para ali, segurava-me um braço e atirava-me num lugar fundo. Puxava-me para cima e deixava-me respirar um instante. Em seguida repetia a tortura. Com o correr do tempo aprendi natação com os bichos e livrei-me disso.Mais tarde, na escola de mestre Antônio Justino, li a história de um pintor e de um cachorro que morria afogado. Pois para mim era no poço da Pedra que se dava o desastre. Sempre imaginei o pintor com a cara de Camilo Pereira da Silva, e o cachorro parecia-se comigo. Se eu pudesse fazer o mesmo com Marina, afogá-la devagar, trazendo-a para a superfície quando ela estivesse perdendo o fôlego, prolongar o suplício um dia inteiro... Debaixo da chuva, a mangueira do quintal está toda branca. O papagaio na cozinha bate as asas, sacudindo os salpicos que vêm da biqueira. Afago o pelo macio do meu gato mourisco, que dorme enroscado numa cadeira. As ideias ruins desaparecem. Marina desaparece. Ponho-me a vagabundear em pensamento pela vila distante, entro na igreja, escuto os sermões e os desaforos que padre Inácio pregava aos matutos: – “Arreda, povo, raça de cachorro com porco.” Sento-me no paredão do açude, ouço a cantilena dos sapos. Vejo a figura sinistra de seu Evaristo enforcado e os homens que iam para a cadeia amarrados de cordas. Lembro-me de um fato, de outro fato anterior ou posterior ao primeiro, mas os dois vêm juntos. E os tipos que evoco não têm relevo. Tudo empastado, confuso. Em seguida os dois acontecimentos se distanciam e entre eles nascem outros acontecimentos que vão crescendo até me darem sofrível noção de realidade. As feições das pessoas ganham nitidez. De toda aquela vida havia no meu espírito vagos indícios. Saíram do entorpecimento recordações que a imaginação completou. A escola era triste. Mas, durante as lições, em pé, de braços cruzados, escutando as emboanças de mestre Antônio Justino, eu via, no outro lado da rua, uma casa que tinha sempre a porta escancarada mostrando a sala, o corredor e o quintal cheio de roseiras. Moravam ali três mulheres velhas que pareciam formigas.” A partir da leitura do texto anterior, retirado do livro Angústia, de Graciliano Ramos, pode-se afirmar: I. O primeiro parágrafo traz o transtorno emocional do narrador em sua relação com o pai. A brincadeira no poço não o ensinara a nadar, antes, era uma tortura. O narrador explica que aprendeu a nadar com os bichos. II. O narrador é um homem atormentado, de ideias agressivas, até mesmo homicidas, como se vê no segundo parágrafo, o que se justifica pelo tratamento recebido na infância. III. Ao observar e acarinhar seus bichos de estimação “as ideias ruins desaparecem. Marina desaparece”. Esse trecho comprova que Marina é a causa primeira de tudo o que atormenta Luís da Silva. IV. Apesar da relação difícil com o pai, as memórias da infância do narrador são afáveis: a vida farta na fazenda, os belos sermões do padre Inácio e as lições inesquecíveis do mestre Antônio Justino. V. A metáfora produzida com animais demonstra a inferioridade com que Luís percebe a si e aos outros. a) Somente as afirmativas I, II e V estão corretas. b) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas. c) Somente as afirmativas II, III e V estão corretas. d) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 5. Leia o seguinte trecho extraído do romance Angústia. “Onde andariam os outros vagabundos daquele tempo? Naturalmentea fome antiga me enfraqueceu a memória. Lembro-me de vultos bisonhos que se arrastavam como bichos, remoendo pragas. Que fim teriam levado? Mortos nos hospitais, nas cadeias, debaixo dos bondes, nos rolos sangrentos das favelas. Alguns, raros, teriam conseguido, como eu, um emprego público, seriam parafusos insignificantes na máquina do Estado e estariam visitando outras favelas, desajeitados, ignorando tudo, olhando com assombro as pessoas e as coisas. Teriam as suas pequeninas almas de parafusos fazendo voltas num lugar só.” RAMOS, Graciliano. Angústia, Rio de Janeiro: Ed. Record, 56. ed. 2003, p. 140-1. a) No momento da narração, a posição social do narrador personagem difere de sua condição de origem? Responda sim ou não e justifique. b) Na citação acima, o termo “parafusos” remete ao verbo “parafusar” que, além do significado mais conhecido, também tem o sentido de “pensar”, “cismar”, “refletir”, “matutar”. Como esses dois sentidos podem ser relacionados ao modo de ser do narrador personagem? c) De que maneira o segundo sentido do verbo “parafusar” está expresso na técnica narrativa de Angústia? 6. O texto a seguir, extraído de “Angústia”, romance de Graciliano Ramos, descreve um encontro entre três personagens. “Ao chegar à Rua do Macena recebi um choque tremendo. Foi a decepção maior que já experimentei. À janela da minha casa, caído para fora, vermelho, papudo, Julião Tavares pregava os olhos em Marina, que, da casa vizinha, se derretia para ele, tão embebida que não percebeu a minha chegada. Empurrei a porta brutalmente, o coração estalando de raiva, e fiquei de pé diante de Julião Tavares, sentindo um desejo enorme de apertar-lhe as goelas. O homem perturbou-se, sorriu amarelo, esgueirou-se para o sofá, onde se abateu. – Tem negócio comigo? A cólera engasgava-me. Julião Tavares começou a falar e pouco a pouco serenou, mas não compreendi o que ele disse. Canalha.” a) Quem é o narrador desta passagem? Que vínculos existem entre o narrador, Marina e Julião Tavares? b) Transcreva expressões do trecho acima nas quais está caracterizada a reação emocional do narrador à conversa que presencia. c) De que maneira essas expressões antecipam o desfecho do romance? 7.. De forma sucinta, destaque as principais diferenças sociais e de personalidade entre Luís da Silva e Julião Tavares. 8.Em “Angústia” de Graciliano Ramos, encontramos sequências instigantes: Penso em indivíduos e em objetos que não têm relação com os desenhos: processos, orçamentos, o diretor, o secretário, políticos, sujeitos remediados que me desprezam porque sou um pobre-diabo. Tipos bestas. Ficam dias inteiros fuxicando nos cafés e preguiçando, indecentes. (…) Fomos morar na vila. Meteram-me na escola de seu Antônio Justino, para desasnar, pois, como disse Camilo quando me apresentou ao mestre, eu era um cavalo de dez anos e não conhecia a mão direita. Aprendi leitura, o catecismo, a conjugação dos verbos. O professor dormia durante as lições. E a gente bocejava olhando as paredes, esperando que uma réstia chegasse ao risco de lápis que marcava duas horas. Saíamos em algazarra. (Graciliano Ramos, “Angústia”. Rio de Janeiro: Ed. Record, 56• ed, 2003, p. 8-9 e 15). a) Que processos permitem as construções ‘preguiçando’ e ‘desasnar’ na língua? b) Se substituirmos ‘preguiçando’ por ‘descansando’ e ‘desasnar’ por ‘aprender’, observamos uma relação diferente com a poesia da língua. Explicite essa diferença. c) O uso de ‘desasnar’ pode nos remeter, entre outras palavras, a ‘desemburrecer’ e ‘desemburrar’. No Dicionário Houaiss da língua portuguesa (ed. Objetiva, 2001), o verbete ‘desemburrar’ apresenta como acepções tanto ‘livrar-se da ignorância’, quanto ‘perder o enfezamento’, e marca sua etimologia como DES + EMBURRAR. Seguindo nossa consulta, encontramos no verbete ‘emburrar’ o ano de 1647 que, segundo a Chave do Dicionário Houaiss, indica a ‘data em que [essa palavra] entrou no português’. A fonte dessa datação é a obra “Thesouro da lingoa portuguesa” composta pelo Padre D. Bento Pereyra, publicada em Lisboa. Embora ‘desemburrecer’ não apareça no dicionário, encontramos ‘emburrecer’, cuja entrada no português, segundo o Houaiss, data de 1998, atestada pela obra de Celso Pedro Luft “Dicionário prático de regência verbal”, publicada em São Paulo. O verbete ‘desasnar’ data de 1713, atestado pela obra “Vocabulário portugueza e latino” de Rafael Bluteau, publicada em Coimbra-Lisboa. Tendo em vista as observações acima apresentadas – a presença ou não desses verbetes no dicionário, as datas de entrada no português e as fontes que atestam essas entradas – o que se pode compreender sobre a relação entre o dicionário e a língua? Texto para as questões 09 e 10 “ (…) Sem dúvida o meu aspecto era desagradável, inspirava repugnância. E a gente da casa se impacientava. Minha mãe tinha a franqueza de manifestar-me viva antipatia. Dava-me dois apelidos: bezerro-encourado e cabra-cega. (…) Devo o apodo ao meu desarranjo, à feiura, ao desengonço. Não havia roupa que me assentasse no corpo: a camisa tufava na barriga, as mangas se encurtavam ou alongavam, o paletó se alargava nas costas, enchia-se como um balão. (…) Zanguei-me permanecendo exteriormente calmo, depois serenei. Ninguém tinha culpa do meu desalinho, daqueles modos horríveis de cambembe. Censurando-me a inferioridade, talvez quisessem corrigir-me. (…)” 9. O trecho acima, narrado em 1ª pessoa, foi extraído do livro Infância, de Graciliano Ramos. O autorretrato lido permite identificarmos uma das personagens importantes do livro Angústia, do mesmo autor. Indique-a. a) Camilo Pereira da Silva b) Moisés c) Seu Ivo d) Julião Tavares e) Luís da Silva 10. O último período do texto fornece com perfeição um traço da personalidade do narrador de Angústia, encontrado na alternativa: a) Intensa rebeldia contra seus próprios familiares. b) Autocrítica levando à baixa autoestima. c) Despreocupação com a opinião alheia a seu próprio respeito. d) Humor negro sobre o comportamento humano. e) Discordância sistemática da opinião de terceiros 11. Aponte a alternativa em que se encontra uma característica modernista presente no livro Angústia, de Graciliano Ramos. a) Atitude crítica em relação a certos valores sociais, como o provincianismo e a falta de cultura. b) Ênfase a aspectos regionais e a tradições populares. c) Clara aversão a comportamentos ditados pelo modismo estrangeiro. d) Violações gramaticais sistemáticas, como forma de desprezo pela língua padrão. e) Opção pela narrativa linear, cronológica, evitando flashbacks. 12. A respeito de Angústia, de Graciliano Ramos, é correto afirmar: 01) Este é um volume do famoso ciclo da cana-de-açúcar, em que se narra a vinda de um rapaz do engenho falido do avô, onde fora criado, para a cidade. 02) O crime de Luís da Silva nos é apresentado como passional, mas é possível dizer que ele também representa uma desforra social. 04) Trata-se de um romance regionalista típico, já que sua ação, passada no sertão alagoano, gira em torno de um crime político muito comum no Nordeste brasileiro. 08) Luís da Silva, oriundo de uma família de proprietários rurais, sente-se isolado na cidade, não se enquadrando bem em nenhum círculo social. 16) O narrador onisciente em 3ª pessoa permite a exploração psicológica de um crime tanto por parte do assassino, Luís da Silva, quanto da vítima, Julião Tavares. 32) Em várias ocasiões, a forma escolhida por Luís da Silva para cometer o assassinato – o enforcamento – é antecipada. Exemplo disso é a semelhança que ele vê entre um cano exposto na cozinha de sua casa e uma corda. 64) A personagem principal, Luís da Silva, deseja uma revolução socialista, pois essa revolução pode transformá-lo em alguém mais importante que Julião Tavares. SOMA: ________________________13.O crítico Álvaro Lins, analisando o romance “Angústia”, de Graciliano Ramos, assim se expressa: “As personagens são projeções da personagem principal. Julião Tavares e Marina só existem para que Luís da Silva se atormente e cometa o seu crime. Tudo vem ao encontro do personagem principal – inclusive o instrumento do crime”. De acordo com esse texto e considerando a trama do romance, é possível depreender-se que a) Luís da Silva e Julião Tavares são projeções de um mesmo sentimento, qual seja o de destruição e morte de Marina. b) Luís da Silva, acometido por uma crise de ciúme, mata Marina, a vizinha por quem nutria uma paixão recalcada. c) o instrumento do crime ocorrido na narrativa foi um pedaço de cano que, segundo Luís da Silva era “uma arma terrível, sim senhor, rebenta a cabeça dum homem”. d) Julião Tavares seduz Marina, ex-namorada de Luís da Silva, e este se vinga, estrangulando-o com um pedaço de corda, presente de Seu Ivo. e) traído e espezinhado no orgulho de homem por Julião Tavares, Luís da Silva usa uma cobra como instrumento para enforcar o rival. 14. Aponte o item que melhor conceitua a obra Angústia, de Graciliano Ramos. a) Essa obra complementa Memórias do Cárcere, do mesmo autor, relativamente às suas memórias, mas sem o seu envolvimento político. b) Narrativa ficcional de forte tendência psicológica, seguindo o fluxo do pensamento do narrador em 1ª pessoa. c) A exemplo das narrativas de Jorge Amado e Érico Veríssimo, em Angústia, Graciliano Ramos privilegia a ação, de forma a registrar o universo das tradições nordestinas. d) Em Angústia, o autor movimenta as personagens em ações que lhe permitem registrar as relações exteriores entre pessoas de diferentes crenças e origens, como num painel ou palco teatral. e) Os contos reunidos no volume Angústia, de interação psicológica, assemelham-se aos de Insônia, do mesmo autor, e a algumas coletâneas de Clarice Lispector. 15. Quatro das frases abaixo são de Luís da Silva, protagonista do livro Angústia, de Graciliano Ramos, e, ainda que fragmentadamente, ajudam a compor sua realidade psicológica e social. A quinta frase foi dita pelo antagonista Julião Tavares e mostra uma faceta de sua personalidade. Marque-a. a) À noite fecho as portas, sento-me à mesa da sala de jantar, a munheca emperrada, o pensamento vadio, longe do artigo que me pediram para o jornal. b) Agarrava a papelada com entusiasmo de fogo de palha. Tempo perdido. c) Afinal, para a minha história, o quintal vale mais do que a casa. Era ali, debaixo da mangueira, que, de volta da repartição, me sentava todas as tardes, com um livro. d) Por disciplina, entende? Considero a religião um sustentáculo da ordem, uma necessidade social. e) A corda enlaçou o pescoço do homem, e as minhas mãos apertadas afastaram-se 16. – A leitura de romances como Vidas Secas, São Bernardo ou Angústia permite afirmar sobre Graciliano Ramos que: a) sua grande capacidade fabuladora e o tom lírico de sua linguagem servem a uma obra dominada pelo impulso, em que se mesclam romantismo e realismo, poesia e documento. b) sua obra transcende as limitações do regional ao evoluir para uma perspectiva universal, ao mesmo tempo que sua expressão parte para o experimentalismo e para as invenções vocabulares inovadoras. c) sua obra, preocupada em fixar os costumes e falas locais do meio rural e da cidade, é um registro fiel da realidade nordestina, quase um documento transfigurado em ficção. d) sua obra, toda condicionada pela realidade humana e social de uma árida região de coronéis e cangaceiros, apresenta uma narrativa linear, mas de linguagem exuberante, própria dos grandes contadores de história. e) tanto o enfoque trágico do destino do homem ligado às raízes regionais quanto a análise dos conflitos existenciais do homem urbano conferem uma dimensão universal à sua obra. 17. Otto Maria Carpeaux, analisando o romance de Graciliano Ramos, afirma: “Após ter lido ANGÚSTIA até o fim, é preciso rever as primeiras páginas, para compreendê-las”. Isso se justifica porque o romance apresenta a) um mundo fechado em si mesmo, mas com linhas narrativas independentes e soltas. b) estrutura circular em que início e fim se tocam em relação de causa e efeito. c) relação temporal em que o passado e o presente se interpenetram, dando ao texto uma estrutura labiríntica. d) narração em terceira pessoa, com linha narrativa ondulatória. e) desordem na sequência narrativa como consequência do distúrbio mental que acometera a personagem. 18. Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o”, pode‐se dizer que Luís da Silva, o narrador‐ protagonista de Angústia, já não se comove com a leitura de “histórias fáceis, sem almas complicadas” porque a) rejeita, como jornalista, a escrita de ficção. b) prefere alienar‐se com narrativas épicas. c) é indiferente às histórias de fundo sentimental. d) está engajado na militância política. e) se afunda na negatividade própria do fracassado. 19. Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto do público na medida em que compõe uma atmosfera a) dramática, ao representar as tensões de seu tempo. b) grotesca, ao eliminar a expressão individual. c) satírica, ao reduzir os eventos ao plano do riso. d) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e mundo. e) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira. 20. Em “Angústia” de Graciliano Ramos, Luís da Silva espera das vizinhas, e mesmo de sua noiva Marina, o padrão de mulheres restritas ao ambiente fechado do lar, com um comportamento austero e obediente como o de sua avó Germana que aceita resignada que o marido tivesse relacionamento com escravizadas. Aos olhos machistas do protagonista, d.Rosália, d. Mercedes e Antônia. apresentam-se como transgressoras da mentalidade do mundo patriarcal. O olhar crítico e machista de Luís também encontraria um foco de reprovação no comportamento de qual personagem feminina a seguir? a) Marília, em “Romanceiro da Inconfidência” b) Nhanina, em “Campo Geral” c) Maria Benedita, em “Quincas Borba” d) Patrocínio, em “A Relíquia” e) Izidra, em “Campo Geral 21. Em “Angústia” de Graciliano Ramos, o narrador protagonista Luís da Silva considera elogiável e ideal o padrão de mulheres restritas ao ambiente fechado do lar, com um comportamento austero e obediente. Nos mergulhos ao passado distante, a figura patriarcal do avô torna-se extremamente relevante para que se possa compreender a maneira de o herói pensar. Aos olhos machistas de Luís, todas as mulheres a seguir apresentam-se como transgressoras da mentalidade do mundo patriarcal, exceto: a) Germana b) Quitéria c) Mercedes d) Rosália e) Marina 1. 22. Leia este excerto da obra “Mayombe” do escritor angolano Pepetela, em que o personagem Teoria se apresenta: “Os meus conhecimentos levaram-me a ser nomeado professor da Base. Ao mesmo tempo, sou instrutor político, ajudando o Comissário. A minha vida na Base é preenchida pelas aulas e pelas guardas. Por vezes, raramente, uma ação.” Teoria é o guerrilheiro responsável por divulgar os preceitos marxistas-leninistas em suas aulas nos locais que o grupo conquista. Na obra “Angústia” de Grailiano Ramos , a personagem que carrega panfletos incendiários e inicia Luís nos valores comunistas é:] a) Moisés b) Ivo c) Julião Tavares d) Ramalho e) Pimentel Gabarito 1.e 2.b 3.d 4.a 5. a) Antes do momento narrado no trecho, Luís fora neto de proprietário rural decadente e filho de pequeno comerciante. Órfão, foi socorrido por conhecidos, também pobres. Posteriormente, chegou a ser pedinte, serviu ao Exército, foi mestre-escola, trabalhou como revisor, além de fazer poesias para vender para estudantes, acabando por chegar a funcionário público e redator de jornal. Essas duas últimas atividadescompunham a sua situação social no momento registrado pelo texto e lhe davam alguma estabilidade. b) O primeiro significado tem o sentido de mera peça de um mecanismo maior, ou seja, insignificância. O segundo uso remete à estagnação social em que vivia o narrador: girava à volta do seu próprio eixo sem sair do lugar, sem evoluir na escala social, atormentado pelas suas reflexões repetidas sobre seus ódios, ressentimentos e culpas. c) O pensamento de Luís gira em torno praticamente das mesmas coisas, e uma delas é verdadeiramente uma obsessão, como se fosse uma “ideia-parafuso”: o assassinato de Julião Tavares. Essa ideia vai e volta constantemente, até que ele a realiza, o que lhe dá a sensação de algum poder, de não ser, afinal, tão insignificante; quem sabe assim tenha saído do lugar, do buraco em que fora colocado para ficar girando em torno de si mesmo. 6. a) narrador desta passagem é Luís da Silva. Seus vínculos com Marina e Julião Tavares são de amor e ódio. b) As expressões emotivas são: “choque tremendo”, “decepção maior”, “coração estalando de raiva”, “desejo enorme de apertar-lhe as goelas”, “a cólera engasgava-me” e “canalha”. c) Luís da Silva, depois de muito sofrimento, estrangula Julião Tavares com uma corda. 7. Luís é pobre, sente-se fracassado e humilhado diante da sociedade; desenvolve rancor e pessimismo em relação a todos que, socialmente, estão em melhor condição que ele, além de criticar quase tudo na sociedade. Ao contrário dele, Julião tem dinheiro e é egoísta, não tendo nenhuma preocupação social em relação aos outros, pois, para ele, conta apenas o seu próprio interesse. 8. a) A palavra “preguiçando” é formada por sufixação, e “desasnar” é formada por parassíntese. b) “Ficar preguiçando” marca uma ideai de produzir preguiça, pela própria sonoridade da palavra, que é aumentada pelo uso não-usual do gerúndio. “Ficar descansando” dá uma impressão diferente, é como se houvesse uma pausa, durante o trabalho, e uma retomada. Com relação à palavra “desasnar”, a própria palavra passa uma ideia bruta, grosseira (deixar de ser asno), o que não acontece com a palavra “aprender”. c) Que os dicionários são registros dos usos atestados entre os usuários da língua e que tais atestações procedem de fontes escritas. Conclusão: a “data de entrada” de uma palavra na língua pode ser anterior àquela registrada no dicionário, pois a palavra poderia já ter ingressado na língua oral bem antes de encontrar acolhida em algum texto. 9.e 10.b 11.a 12 2 + 8 + 32 = 40 13.d 14b 15.d 16.e 17.b 18. e 19. a 20.b 21.a 22. A
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