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COMO SE PREPARAR PARA O EXAME DE ORDEM 1ª FASE VOLUME 1 - TEORIA RESUMIDA XXXII EXAME DE ORDEM Material elaborado por Ana Clara Fernandes @viciodeumaestudante O arquivo é de uso pessoal. PROIBIDO O REPASSE SEMANA 1 • 21/12 – 27/12 2020 Edição revista atualizada ampliada 2a edição 2 V O LU M E 1 - T EO R IA R ES U M ID A VOLUME 1 - TEORIA RESUMIDA* CONSTITUCIONAL 1. Teoria da constituição ................................................................................................................................... 61 3. Direitos e garantias fundamentais ............................................................................................................ 62 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1. Da competência ............................................................................................................................................. 565 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 1. Normas fundamentais ................................................................................................................................... 373 2. Atos processuais .............................................................................................................................................. 374 DIREITO EMPRESARIAL 1. Teoria geral do direito empresarial ........................................................................................................... 327 DIREITO CIVIL PARTE GERAL 2. Pessoa física ou natural ou de existência visível 2.1. Personalidade jurídica ................................................................................................................................... 184 2.2. Pessoa física: conceito ................................................................................................................................... 184 2.3. Emancipação .................................................................................................................................................... 185 2.4. Estado da pessoa ............................................................................................................................................. 186 2.5. Extinção da pessoa física ou natural ........................................................................................................ 186 3. Pessoa jurídica 3.1. Conceito ............................................................................................................................................................. 188 3.2. Surgimento da pessoa jurídica ................................................................................................................... 188 3.3. Desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica (“disregard doctrine ”) ....... 188 3.4. Sociedades despersonificadas ................................................................................................................... 189 3.5. Representação da pessoa jurídica............................................................................................................. 189 * Observação: número da página no Livro. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 3 V O LU M E 1 - T EO R IA R ES U M ID A 3.6. Classificação das pessoas jurídicas ........................................................................................................... 189 3.7. Extinção da pessoa jurídica ......................................................................................................................... 191 4. Direitos da personalidade 4.1. Introdução e conceito ................................................................................................................................... 192 4.2. Características .................................................................................................................................................. 192 4.3. Tutela jurisdicional .......................................................................................................................................... 192 4.4. Classificação ...................................................................................................................................................... 192 4.5. Direitos da personalidade da pessoa jurídica ....................................................................................... 194 5. Domicílio 5.1. Introdução ......................................................................................................................................................... 195 5.2. Domicílio da pessoa natural ........................................................................................................................ 195 5.3. Domicílio da pessoa jurídica ....................................................................................................................... 195 5.4. Espécies de domicílios .................................................................................................................................. 195 DIREITO PROCESSUAL PENAL 5. Inquérito policial ............................................................................................................................................. 470 6. Ação penal ......................................................................................................................................................... 480 DIREITO PENAL 3. Classiicação doutrinária de crimes ........................................................................................................... 409 DIREITO ADMINISTRATIVO 3. Organização da administração pública ...................................................................................................... 134 4. Poderes administrativos ............................................................................................................................... 137 4 D IR EI TO C O N ST IT U C IO N A L DIREITO CONSTITUCIONAL Paulo Lépore 1. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO Classificação das Constituições I. Quanto à Origem 1. Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legítimos representantes do povo, normalmente organizados em torno de uma Assembleia Constituinte. 2. Outorgada: é aquela elaborada sem a presença de legítimos representantes do povo, imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitário, não democrático. 3. Constituição Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: é aquela criada por um ditador ou imperador e posteriormente submetida à aprovação popular por plebiscito ou referendo. 4. Pactuada/Dualista: originada de um compro- misso instável de duas forças políticas rivais, de modo que o equilíbrio fornecido por tal espécie de Consti- tuição é precário. Esse modelo foi muito utilizado na monarquia da Idade Média. A Magna Carta de 1215, que os barões obrigaram João Sem Terra a jurar, é um exemplo. II. Quanto ao Conteúdo: 1. Formal: compõe-se do que consta em documento solene que tem posição hierárquica de destaque no ordenamento jurídico. 2. Material: composta por regras que exteriorizam a forma de Estado, organizações dos Poderes e direi- tos fundamentais. Portanto, suas normas são aquelas essencialmente constitucionais, mas que podem ser escritas ou costumeiras, pois a forma tem importância secundária. III. Quanto à Forma: 1. Escrita/Instrumental: formada por um texto. 2. Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurisprudência predominante e até mesmo por docu- mentos escritos (por mais contraditório que possa parecer). IV. Quanto à Estabilidade: 1. Imutável: não prevê qualquer processo para sua alteração. 2. Fixa: só pode ser alteração pelo Poder Consti- tuinte Originário. 3. Rígida: aquela em que o processo para a altera- ção de qualquer de suas normas é mais difícil do que o utilizado para criar leis. * Vale ressaltar que alguns autores falam em Consti- tuiçãosuper-rígida, como aquela em que além de o seu processo de alteração ser mais difícil do que o utilizado para criar leis, dispõe ainda de uma parte imutável (cláusulas pétreas). 4. Flexível: aquela em que o processo para sua alte- ração é igual ao utilizado para criar leis. 5. Semirrígida ou semiflexível: é aquela dotada de parte rígida (em que somente pode ser alterada por processo mais difícil do que o utilizado para criar leis), e parte flexível (em que pode ser alterada pelo mesmo processo utilizado para criar leis). V. Quanto à Extensão: 1. Sintética: é a Constituição que regulamenta ape- nas os princípios básicos de um Estado. 2. Analítica ou prolixa: é a Constituição que vai além dos princípios básicos, detalhando também outros assuntos. VI. Quanto à Finalidade: 1. Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas. 2. Dirigente: confere atenção especial à implemen- tação de programas pelo Estado. VII. Quanto ao Modo de Elaboração: 1. Dogmática: sistematizada a partir de ideias fun- damentais. 2. Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo. VIII. Quanto à Ideologia: 1. Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia. 2. Eclética: fundada em valores plurais. IX. Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loe- wenstein): 1. Normativa: dotada de valor jurídico legítimo. 2. Nominal: sem valor jurídico; com papel eminen- temente social. 3. Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício de um Poder não democrático. São meros simulacros de Constituição. Colisão de Direitos Fundamentais: em toda coli- são de princípios deve ser respeitado o núcleo intangí- vel dos direitos fundamentais concorrentes, mas sempre se deve chegar a uma posição em que um prepondere sobre outro (mas, sem eliminá-lo). A colisão deve ser resolvida por concordância prática (Konrad Hesse), com aplicação do princípio da proporcionalidade (tradição alemã) ou pela dimensão de peso e importância (Ronald Dworkin), com aplicação do princípio da razoabilidade (tradição norte-americana). Classificação das Normas Constitucionais quanto à Eficácia * No que tange à eficácia, segundo classificação de José Afonso da Silva, as normas constitucionais po- dem ser: plenas, contidas e limitadas. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 5 D IR EI TO C O N ST IT U C IO N A L Normas de eficácia plena são aquelas dotadas de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois não necessitam de lei infraconstitucional para torná-las apli- cáveis e nem admitem lei infraconstitucional que lhes restrinja o conteúdo. Em outras palavras: elas trazem todo o conteúdo necessário para a sua materialização prática. São entendidas como de aplicabilidade direta, imediata e integral, pois não necessitam de lei infra- constitucional. Normas de eficácia contida ou restringível são aquelas que têm aplicabilidade direta, imediata, mas não integral, pois admitem que seus conteúdos sejam restringidos por normas infraconstitucionais, o que ocorre, por exemplo, com o enunciado que garante o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei esta- belecer (art. 5º, XIII, da CF). Normas de eficácia limitada ou reduzida são aquelas que possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida (não direta, não imediata e não integral), pois exigem norma infraconstitucional para que se materializem na prática. Entretanto, apesar de não se realizarem sozinhas na prática, elas são dotadas de eficácia jurídica, pois revogam as leis anteriores com elas incompatíveis; vinculam o legislador, de forma permanente, à sua realização; condicionam a atuação da administração pública e informam a interpretação e aplicação da lei pelo Poder Judiciário. Elas podem ser de princípio progra- mático ou princípio institutivo. 3. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Os direitos civis e políticos formam, juntamente com os direitos econômicos, sociais e culturais, e tam- bém com os direitos de solidariedade ou fraternidade, um conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os quais não há qualquer relação hierárquica. • Segundo apontamentos doutrinários, são todos direitos humanos, caracterizados pela indivisibi- lidade, irrenunciabilidade e incaducabilidade, e que decorrem da exigência de atendimento do princípio da dignidade da pessoa humana. Sendo assim, por terem o mesmo fundamento, tem tam- bém igual força normativa, não havendo hierarquia entre eles. • Os tratados e convenções internacionais sobre di- reitos humanos que forem aprovados, em cada Ca- sa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. • Nas hipóteses de grave violação de direitos hu- manos, o Procurador Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obri- gações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, po- derá suscitar, perante o Superior Tribunal de Jus- tiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Trata-se do disposto no § 5º do art. 109 da CF. 3.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS, COLETIVOS • Os direitos e deveres individuais e coletivos estão concentrados no art. 5º da CF. • Apesar do caput do artigo 5º garanti-los apenas a brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, a doutrina e o STF os estende também para es- trangeiros em trânsito e pessoas jurídicas (HC 94.016, julgado em 2008 e relatado pelo Ministro Celso de Mello). • Segundo entendimento pacífico do Supremo Tri- bunal Federal, as pessoas jurídicas também são titulares de direitos fundamentais (AC 2.032-QO/ SP, relatada pelo Ministro Celso de Mello e julgada em 2008). • O caput do art. 5º da CF enuncia que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu- reza”. Segundo posição doutrinária pacífica, trata-se do reconhecimento da igualdade formal. Entretan- to, implícita ao texto constitucional também existe a igualdade material, que significa conferir trata- mento desigual, para igualar. A igualdade material leva em consideração os sujeitos e valores envolvi- dos e busca equilibrar as relações de fato. INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Regra Exceções: hipóteses em que se pode penetrar em casa mesmo sem o consentimento do morador A casa (englobando escri- tórios, motéis, hotéis e congêneres, segundo o STF) é asilo inviolável do indivíduo e nela ninguém pode penetrar sem con- sentimento do morador. a) a qualquer horário: em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro b) somente durante o dia: por determinação judicial. • É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. • Assegura-se a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Po- deres Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. • É livre o direito de reunião pacífica, não sendo ne- cessária autorização. Entretanto, exige-se prévio aviso (não pedido de autorização) à autoridade competente, para que não frustre outra reunião anteriormente convocada. • A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão (não detenção). • Somente os crimes de racismo e de ações de gru- pos armadas, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático são im- prescritíveis (além de inafiançáveis). Já os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro- gas afins, terrorismo e os definidos em lei como hediondos, são insuscetíveis de graça ou anistia (além de inafiançáveis). • Princípio da Razoável Duração do Processo: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoávelduração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tra- mitação. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 6 D IR EI TO P R O C ES SU A L D O T R A B A LH O DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Simone Soares Bernardes 1. DA COMPETÊNCIA 1.1. Competência material: No processo do traba- lho, a competência em razão da matéria é delimitada pela natureza da relação jurídica material deduzida em juízo. Assim, o que define a competência material é a causa de pedir e o pedido (exemplo: pedido de reconhecimento de vínculo empregatício), indepen- dentemente se serão utilizadas normas jurídicas de outra natureza na solução do litígio (exemplo: normas de direito civil ou administrativo). 1.2. Hipóteses de competência material da Jus- tiça do Trabalho: A) Ações envolvendo relação de trabalho: rela- ção de trabalho é o gênero e consiste na relação em que há prestação de serviços por pessoa física em que não se caracteriza a relação de emprego (espé- cie). Inclui relações de trabalho autônomo, de trabalho avulso (portuário), de trabalho eventual etc. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra – OGMO decorrentes da relação de trabalho. B) Ações envolvendo agentes públicos regidos pela CLT. Inclui os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate a endemias (art. 198, § 5º, da CF/88), exceto se existir estatuto próprio no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (nesse caso a competência será da Justiça Comum). C) Ações envolvendo direito de greve (ações judiciais prévias, concomitantes ou posteriores à greve). A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. D) Ações sobre representação sindical e sindi- catos E) Mandados de segurança, habeas corpus e habeas data. ATENÇÃO: a CF/88 não previu expressa- mente a competência trabalhista para julgar Mandado de Injunção. Não é da competência material trabalhista apreciar Mandado de segurança contra ato de dele- gado regional do trabalho, que indeferiu o benefício do Seguro Desemprego porque a relação é de direito administrativo e a competência será da Justiça Federal. F) Conflitos de competência envolvendo juris- dição trabalhista G) Ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido. OBSERVAÇÕES: 1) As ações acidentárias (em que se pleiteiam benefícios previdenciários) são da competência da Justiça Comum Estadual; 2) No caso do acidente de trabalho, a competência não alcança processos que já tinham sentença de mérito na Justiça Comum quando do advento da EC 45/2014. H) Ações relativas à atividade fiscalizatória do Ministério do Trabalho I) Execução, de ofício, das contribuições sociais calculadas sobre as parcelas deferidas nas sen- tenças proferidas ou nos acordos homologados: A competência da Justiça do Trabalho limita-se à execu- ção das contribuições previdenciárias decorrentes dos acordos ou condenações que proferir. Essa execução pode ser promovida, inclusive, de ofício (Súmula Vin- culante n. 53). 1.3. Lides que não são da competência da Justiça do Trabalho: 1) Ação de cobrança de honorários de profissional liberal, inclusive advocatícios; 2) Ações envolvendo relações de consumo; 3) Representação comercial; 4) Complementação de aposentadoria; 5) autorização para trabalho artístico de menor; 6) causas que envolvam relação jurídica administra- tiva (estatutária) entre o servidor e o Poder Público, o que inclui hipótese de contratação temporária no serviço público e até mesmo discussão sobre validade desse tipo de contrato; 7) ações penais. 1.4. Competência territorial: é fixada com base no local da prestação de serviços, ainda que o empre- gado tenha sido contratado noutro local ou no estran- geiro (art. 651 da CLT). 1.5. Exceções à regra geral do local da pres- tação de serviços: I) Agente ou viajante comercial; II) Empregado brasileiro que trabalha no exterior; III) Empregador que realiza atividades fora do lugar do contrato de trabalho. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 7 D IR EI TO P R O C ES SU A LD O T R A B A LH O Hipótese Competência territorial Regra geral local da prestação do ser- viço Viajante ou agente comer- cial local em que a empresa tiver a sede ou a filial a que o trabalhador estiver subordinado; ou local do domicí lio do empregado ou da locali- dade mais próxima. Empregador promove ati- vidades em local diverso do local da contratação local da celebração do contrato; ou local da prestação dos ser- viços. Conflito trabalhista ocor- rido no exterior VT no Brasil, observada a competência territorial das hipóteses acima, mas desde que: (i) Empregado seja brasi- leiro; e ( i i ) Não haja t rat ado internacional em sentido diverso. 1.6. Conflito de competência: Verifica-se quando dois órgãos jurisdicionais se acham competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito nega- tivo) para processar e julgar determinada demanda. Conflito Quem julga? Varas do Trabalho vs. Vara do Trabalho pertencente ao mesmo TRT TRT respectivo (art. 808, a, da CLT) Vara do Trabalho vs. Vara do Trabalho pertencente a TRT diverso TST (art. 808, b, da CLT) Vara do Trabalho ou TRT vs. Vara da Justiça Comum (Estadual ou Federal), TJ ou TRF STJ (art. 105, I, d, da CF/88) TST vs. Juiz ou Tribunal da Justiça Comum (Estadual ou Federal) STF (art. 102, I, o, da CF/88) Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 8 D IR EI TO P R O C ES SU A L C IV IL DIREITO PROCESSUAL CIVIL Luciano Alves Rossato 1 NORMAS FUNDAMENTAIS ` Modelo Constitucional de Processo As Normas Fundamentais têm a sua origem na Constituição Federal, constituindo-se na forma de como o legislador compreendeu a aplicação, no âmbito pro- cessual, do princípio do devido processo legal em sua plenitude, nele contido todos os princípios que lhe são derivados, como os do contraditório, ampla defesa, boa-fé etc. Para tanto, as Normas Fundamentais partem do modelo fundamental ou do modelo constitucional de processo. Portanto, estabelece a Constituição as linhas funda- mentais do processo, suas bases normativas e garantias mínimas, competindo ao legislador infraconstitucional traçar as especificidades próprias de cada ramo proces- sual rumo à sua otimização. ` O Princípio do devido processo legal como princípio nuclear Os princípios fundamentais decorrem de um núcleo comum, que é o princípio do devido processo legal, indicado por Nelson Nery Júnior como “o gênero do qual todos os demais princípios constitucionais do processo são espécies”. O devido processo legal se caracteriza de duas formas: material (devido processo legal em sentido material) e processual (devido pro- cesso legal em sentido processual). ` Regra jurídica da iniciativa da parte e do impulso oficial Deverá o Poder Judiciário ser provocado para que possa atuar no caso concreto. Trata-se de efeito coro- lário da regra jurídica da iniciativa da parte, dispositivo ou inércia da jurisdição. ` Princípio do acesso à justiça ou inafastabili- dade do controle jurisdicional O princípio do acesso à justiça foi positivado no inciso XXXV, do art. 5º, do Texto Fundamental, garan- tindo-se que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Ao contrário do que pode parecer, o dispositivo constitucional não revela apenas ao direito de ação, ou seja, de peticionar e requerer providências pelo Estado-juiz. A par da própriaconsciência de respeito e confiança na Justiça, a garantia está ligada à noção de democracia e igualdade, com o objetivo de tornar efetivos os direitos individuais e coletivos por meio do processo. Trata-se, a um só tempo, de direito fundamen- tal e de garantia à efetivação de direitos, formando-se entre as partes uma situação de interdependência e não propriamente de submissão. ` Princípio da primazia do julgamento de mérito Em conformidade com o disposto no art. 4º do CPC, “as partes têm o direito de obter em prazo razoá- vel a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. Neste dispositivo é possível extrair o prin- cípio da preferência ou da primazia pelo julgamento de mérito. ` Princípio da duração razoável do processo Seguindo a tendência internacional, a Emenda Constitucional n. 45/2004 inseriu o inciso LXXVIII ao art. 5º da Constituição Federal e, partir de então, o princípio da duração razoável do processo passou a ter status constitucional. ` Princípio da boa-fé processual Sendo a segurança jurídica um dos fundamentos da República, tem a boa-fé processual base na Constituição Federal, também como decorrência da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e da própria solidariedade social (art. 3º, I). Para outros, trata-se de corolário do devido processo legal. ` Princípio da cooperação processual O princípio processual da cooperação processual tem o seu cerne na concepção de que o processo rege uma relação processual entre as partes e o juiz, que interagem entre si, estabelecendo-se uma comunidade de trabalho. ` Princípio da isonomia O art. 7º do CPC assegura a paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades pro- cessuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, cabendo ao magis- trado zelar pelo efetivo contraditório. Encampou-se o direito à igualdade processual como sendo um compo- nente integrante do processo justo. ` Princípio da publicidade dos atos processuais Em conformidade com o art. 5º, LX, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”, enquanto o art. 93, IX, dispõe que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos”. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 9 D IR EI TO P R O C ES SU A L C IV IL ` Princípio do contraditório dinâmico Não há processo sem o efetivo contraditório. Trata- -se de princípio inerente ao devido processo legal, pelo qual deve ser garantido às partes a possibilidade de se manifestar previamente à decisão judicial, com a fina- lidade de influenciá-lo, evitando-se a decisão surpresa. ` Princípio da fundamentação analítica A fundamentação das decisões judiciais é um dever imposto pela Constituição Federal (art. 93, IX), reiterado pelo Código de Processo Civil de 2015 (art. 11), que registrou um conteúdo mínimo das decisões judiciais (art. 489 do CPC). Em conformidade com o previsto no § 1º do art. 489 do CPC, não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I) se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II) empregar con- ceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III) invocar motivos que prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V) se limitar a invocar prece- dente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. ` Atendimento preferencial da ordem crono- lógica De acordo com o art. 12, do CPC, houve previsão no sentido de que “os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. Estão excluídos da regra do caput: I – as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; II – o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III – o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de deman- das repetitivas; IV – as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; V – o julgamento de embargos de declaração; VI – o julgamento de agravo interno; VII – as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conse- lho Nacional de Justiça; VIII – os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; IX – a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. Novidade legislativa Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, entre outros procedimentos, aqueles em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei Maria da Penha. ` Princípios regentes da aplicação do ordena- mento jurídico Conforme dispõe o art. 8º do Código de Processo Civil, ao aplicar o ordenamento jurídico, “o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguar- dando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”. ` Garantias constitucionais do processo As garantias constitucionais são princípios quali- ficados que limitam o poder. Há várias garantias pre- vistas na Constituição Federal, como o habeas corpus, o habeas data, a garantia do direito à propriedade, do direito à herança etc. 2. ATOS PROCESSUAIS ` Definição São atos processuais aqueles que se destinam à cria- ção, modificação, conservação ou extinção da relação jurídica processual.1 Podem ser praticados pelas partes, pelos auxiliares do juízo e pelo magistrado. Diferenciam-se dos fatos processuais, que são fatos humanos ou não que tenham repercussão no processo. ` Forma, Tempo e Lugar Os atos processuais não dependem de prova deter- minada, salvo quando a lei expressamente o exigir. Princípio da instrumentalidade das formas: con- sideram-se válidos os atos processuais que, embora realizados de outro modo, tenham preenchido a fina- lidade essencial. Deve ser observado, ainda, os princípios da prima- zia do julgamento do mérito e do máximo aproveita- mento do ato processual. Como regra, os atos processuais são públicos. Porém, correrão em segredo de justiça: i) aqueles em que se exija o interesse público ou social; ii) que ver- sem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; iii) em que constem dados pro- tegidos pelo direito constitucional à intimidade; iv) que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipu- lada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Os atos processuais serão praticados em horário autorizado por lei, qual seja, das 6 às 20 horas. Se inicia- dos antes, podem ser concluídos após as 20 horas, se o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. As citações, intimações e as penhoras podem ser realizadas no período de férias forenses, nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido, desde que se observe a impossibilidade de ingresso em domicílio em horário noturno sem a autorização do morador. O ato eletrônico poderá ser praticado até as 24 horas do último dia do prazo. Os atos processuais, como regra, serão praticados na sede do juízo. Excepcionalmente, poderão ser prati- cados em outro lugar em razão de deferência, interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculoarguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. 1. WAMBIER, Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. ALMEIDA. Flávio Renato Correia. Curso Avançado de Processo Civil. VOL. 1. 10ª ed. São Paulo: RT, 2008. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 10 D IR EI TO P R O C ES SU A L C IV IL ` Os pronunciamentos judiciais Conforme dispõe o parágrafo primeiro do art. 203, “ressalvadas as disposições expressas dos procedimen- tos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. A decisão interlocutória constitui-se no pronuncia- mento judicial de natureza decisória que não se enqua- dre nas hipóteses de sentença (art. 203, § 2º do NCPC). Admitem-se decisões interlocutórias (portanto, com carga decisória) com ou sem análise de mérito. Pode-se dizer que serão com análise de mérito todas as decisões proferidas e que, muito embora não encerrem uma fase procedimental, tenham como conteúdo uma das hipóteses indicadas no art. 487 do Novo Código de Processo Civil. A interlocutória que prefere julgamento antecipado parcial da lide é uma hipótese de decisão interlocutória de mérito. Em conformidade com o art. 203, § 3º, do Novo Código de Processo Civil, são despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no pro- cesso, de ofício ou a requerimento da parte. O acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. Assim indicou o art. 204, do Novo CPC. Vê-se que a definição foi aperfeiçoada se comparada com o CPC de 1973, que não havia levado em consi- deração a existência de decisões monocráticas dos integrantes dos Tribunais. ` Prazos A lei prescreverá os prazos em que serão realiza- dos os atos processuais. Se a lei não fizer previsão do prazo, o juiz o fixará, levando em consideração a sua complexidade. Contagem dos prazos processuais no processo civil a) Regra: somente serão contados os dias úteis. b) Juizados Especiais: na contagem de prazo em dias, estabelecidos por lei ou pelo juiz, para a prática de qual- quer ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis (art. 12-A, da Lei nº 9.099/1995). c) Procedimentos do Estatuto da Criança e do Ado- lescente que tramitem perante a Vara da Infância: os prazos estabelecidos no ECA e aplicáveis aos seus procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento. ` Comunicação dos atos processuais Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. Para que a relação processual seja válida, é imprescindível a citação do réu ou do executado, salvo nas hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. Decorrem certos efeitos da citação válida, ainda que o ato tenha sido ordenado por juiz incompetente. Efeitos da citação válida: i) induzir litispendência; ii) tornar litigiosa a coisa;iii) constituir em mora o devedor, ressalvadas excepcionalidades previstas no Código Civil. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 11 D IR EI TO E M PR ES A R IA L DIREITO EMPRESARIAL Daniel Messias da Trindade Estefânia Rossignoli 1. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL 1.1 TEORIA GERAL DA EMPRESA O Código Comercial de 1850 adotava a Teoria dos Atos de Comércio, originada no Direito Francês. Refe- rida teoria tratava do comerciante (pessoa física) e da sociedade comercial (pessoa jurídica) como sendo aqueles que praticavam atos de comércio com habi- tualidade e finalidade lucrativa. O Direito Comercial regulava, portanto, as relações jurídicas decorrentes da prática de alguns atos tipificados como atos de comércio. O Código Civil de 2002 passou a adotar a Teoria da Empresa, originada no Direito Italiano, de autoria de Alberto Asquini, em substituição a antiga teoria dos atos de comércio (art. 966, CC). LEMBRE-SE: • A teoria da empresa foi desenvolvida na Itália, sendo um de seus expoentes Alberto Asquini. • Para a Teoria da Empresa, adotada no Brasil com o Código Civil de 2002, é empresarial a atividade eco- nômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Será empresário, pois, aquele que exercer profissionalmente essa atividade. 1.2 A EMPRESA E O EMPRESÁRIO A empresa não se confunde com o conceito de empresário: Empresário Empresa Empres ár io é a p es- soa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária e empresa individual de res- ponsabilidade limitada) que exerce profissional- mente atividade econô- mica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Empresa significa a pró- pria atividade empresarial exercida pelo empresário, pessoa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária e empresa individual de res- ponsabilidade limitada). 1.3 DO CONCEITO DE EMPRESA Em termos jurídicos, a empresa é a atividade eco- nômica organizada exercida pelo empresário. Atividade econômica organizada é aquela que reúne os quatro os fatores de produção (mão de obra + matéria prima + capital + tecnologia). Para a doutrina majoritária, faltando qualquer um dos fatores de produção, não há falar em atividade empresarial. 1.4 DO EMPRESÁRIO Conceito: empresário é a pessoa física (empresá- rio individual) ou jurídica (sociedade empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada) que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. O conceito está no art. 966, CC (“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”). Elementos do conceito de empresário: a) profis- sionalmente: habitualidade/continuidade; b) atividade econômica: finalidade lucrativa; c) organizada: reunião dos quatro fatores de produção (mão de obra, matéria prima, capital e tecnologia). Na ausência de qualquer um dos fatores de produção não há falar em atividade empresarial. Interessante anotar posição mais moderna de André Luiz Santa Cruz Ramos (a qual nos filiamos), para quem a “ideia fechada de que a organização dos fatores de produção é absolutamente imprescindível para a caracterização do empresário vem perdendo força no atual contexto da economia capitalista. Com efeitos, basta citar o caso dos microempresários, os quais, não raro, exercem atividade empresarial única ou preponderantemente com trabalho próprio. Pode-se citar também o caso dos empresários virtuais, que muitas vezes atuam completamente sozinhos, resumindo-se sua atividade à intermediação de produtos ou serviços por meio da internet” (Direito Empresarial Esquemati- zado. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014, p. 38). Inscrição: o empresário é obrigado a efetuar seu registro no Registro Público de Empresas Mercantis, antes de iniciar sua atividade. O art. 967 do CC dispõe que “é obrigatória a inscrição do empresário no Regis- tro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”. O registro do empre- sário tem natureza jurídica de condição de regularidade. Legislação sobre o registro do empresário: a Lei 8.934/94 dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis. Consequências da ausência do registro: a) res- ponsabilidade ilimitada; b) impossibilidade de requerer falência de terceiros (no entanto, pode pedir a própria Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 12 D IR EI TO E M PR ES A R IA L falência); c) impossibilidade de requerer a própria recu- peração judicial; d) impossibilidade de participar de licitação. Desconsideração da personalidade jurídica: não cabe desconsideração da personalidade jurídica do empresário individual. Isso porque,o empresário individual não tem personalidade jurídica. Sócio: o sócio da sociedade empresária não é empresário. Quem exerce atividade empresária é a pessoa jurídica (sociedade empresária) e não o sócio. Empresário rural: de acordo com o art. 971 do Código Civil, é o empresário, cuja atividade rural consti- tua sua principal profissão. Caso o empresário rural efe- tue o registro, ficará equiparado ao empresário comum, tendo as mesmas obrigações deste. No entanto, o regis- tro do empresário rural tem natureza constitutiva. MEI, ME e EPP: Quem pode ser? Qual a receita bruta anual? Microempreendedor individual – MEI Só o empresário individual. Até 81.000 reais. Microempresa – ME Empresário individual; Sociedade empresária; Empresa individual de responsabilidade limitada; Sociedade simples. Até 360.000 reais. Empresa de pequeno porte – EPP Empresário individual; Sociedade empresária; Empresa individual de responsabilidade limitada; Sociedade simples. De 360.000 até 4.800.000 reais. 1.5 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Conceito: empresário individual é a pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens. De acordo com o art. 972 do CC, “podem exercer a ativi- dade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. Capacidade: Podem exercer a atividade de empre- sário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos, nos termos do art. 972 do Código Civil. Menor emancipado: a emancipação antecipa a capacidade plena, portanto, o menor emancipado pode exercer atividade empresarial. No entanto, se praticar ato tipificado como crime falimentar, submeter-se-á às regras do Estatuto da Criança e do Adolescente. Incapaz: há apenas duas hipóteses em que o incapaz poderá ser empresário: a) continuação da empresa no caso de incapacidade superveniente; ou b) continuação da empresa no caso de sucessão hereditá- ria. Trata-se de prestígio ao princípio da continuação da empresa. Atenção: o incapaz não poderá iniciar a ativi- dade empresarial, mas no caso de incapacidade super- veniente ou sucessão hereditária poderá continuar a empresa já existente. Requisitos: o incapaz deve estar devidamente representado (no caso de incapacidade absoluta) ou assistido (no caso de incapacidade relativa), bem como deve haver prévia autorização judicial (o juiz deve analisar a pertinência da continuação da empresa). Atenção para o art. 974, § 2º, do Código Civil: “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdi- ção, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização”. Assim, desde que estranhos ao acervo da empresa, o patrimônio que o incapaz tinha antes da continuação da atividade não ficam sujeitos às dívidas sociais. Empresário casado: no caso do empresário casado aplica-se a regra do art. 978 do CC, que é uma exceção ao art. 1647, I, do CC, dispondo que: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. Atenção: tudo que envolva o aspecto patrimonial do empresário individual deve ser levado a registro (ex.: o pacto antenupcial do empresário indivi- dual deve ser levado a registro). Segundo o Código Civil: “Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clau- sulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. ” Responsabilidade do empresário individual: o empresário individual tem responsabilidade ilimitada. Pessoas legalmente impedidas de serem empre- sários individuais: não podem ser empresários: a) fun- cionários públicos civis da União, dos Estados, dos Muni- cípios e do Distrito Federal; b) magistrados; c) membros do Ministério Público; d) falidos, enquanto não houve- rem sido reabilitados; e) estrangeiros não residentes no País; f) corretores e leiloeiros; g) cônsules, salvo os não remunerados; h) médicos, para o exercício simultâneo da medicina e farmácia, drogaria ou laboratório; i) mili- tares da ativa das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e da Polícia Militar. Casos estas pes- soas exerçam atividade própria de empresário, haverá responsabilidade ilimitada pelas dívidas decorrentes da exploração da atividade empresarial (art. 973, CC). Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 13 D IR EI TO E M PR ES A R IA L Atenção: essa proibição não impede que tais pessoas sejam sócios (acionistas ou quotistas) de sociedade empresária. Atenção! “CC, art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. ” 1.6 DA EIRELI (EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA) Previsão legal: art. 980-A ao Código Civil. Conceito: empresa individual de responsabilidade limitada é a pessoa jurídica de direito privado, composta por um único titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País. Integralização: O capital social da empresa indi- vidual de responsabilidade limitada deve estar total- mente integralizado. A integralização pode ser feita com dinheiro e bens, mas não pode ser feita com pres- tação de serviços, por aplicação subsidiária de regra da sociedade limitada (art. 1.055 da CC). • Vale lembrar também que a imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização do capi- tal da empresa individual de responsabilidade limitada. Responsabilidade: é limitada (as dívidas sociais não alcançam os bens particulares do titular, só os bens da pessoa jurídica). Nome empresarial: CC, art. 980-A, § 1º: “O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão ‘EIRELI’ após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. ” Desconsideração da personalidade jurídica: é possível. Capital mínimo: o capital social não pode ser infe- rior a 100 vezes o valor do salário mínimo (por isso é que a Eireli é chamada popularmente de “PJ 100”). Titular: O § 2º do art. 980-A do CC diz que a EIRELI só pode ser constituída por pessoa física. O Enunciado 468 da V Jornada de Direito Civil do CJF é no mesmo sentido (“A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural”). Ocorre que o DREI, via Instrução Normativa 38/2017, alterou seu entendimento sobre o tema, sendo que pela nova redação do item 1.2.5 (“Capacidade para ser titular de Eireli”) do Manual de Registro da EIRELI, na alínea “c”, admite-se expressamente que o titular seja pessoa jurídica nacional ou estrangeira. De qualquer modo, vale lembrar que o titular não pode constituir mais de uma empresa individual de responsabilidade limitada. Reorganização societária: uma sociedade empre- sária pode ser transformada em Eireli, desde que as quotas estejam concentradas num único sócio. Também é possível que a Eireli se transforme em empresário individual ou em sociedade empresária. Regime jurídico subsidiário: se aplica, subsidiaria- mente, as regras da sociedade limitada. Com efeito, o administrador da Eireli pode ser tanto o titular quanto um terceiro contratado. Autonomia patrimonial da EIRELI: Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívi- das da empresa individual de responsabilidade limi- tada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude. (art. 980-A, § 7º do CC, incluído pela Lei 13.874/2019). ` Enunciados da V Jornada de Direito Civil do CJF: • Enunciado 468. A empresa individualde respon- sabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural. • Enunciado 469. A empresa individual de respon- sabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado. • Enunciado 470. O patrimônio da empresa indivi- dual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsidera- ção da personalidade jurídica. • Enunciado 471. Os atos constitutivos da EIRELI de- vem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade super- veniente. • Enunciado 472. É inadequada a utilização da ex- pressão “social” para as empresas individuais de res- ponsabilidade limitada. • Enunciado 473. A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização do capi- tal da EIRELI. ` Enunciados da I Jornada de Direito Comercial do CJF/STJ: • Enunciado 3. A Empresa Individual de Respon- sabilidade Limitada – EIRELI não é sociedade uni- pessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária. • Enunciado 4. Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores alterações no salário mínimo. 1.7 DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, CLIENTELA E AVIAMENTO Conceito: O estabelecimento empresarial com- preende o complexo (conjunto) de bens, corpóreos e incorpóreos, organizados pelo empresário para o exercício da atividade empresarial. Sinônimo: fundo de comércio. O estabelecimento empresarial é sujeito de direitos? Não. O estabelecimento empresarial não é sujeito de direitos e obrigações, uma vez que não possui personalidade jurídica. O estabelecimento empresarial é objeto de direito, porquanto possui proteção legal. Elementos: O estabelecimento empresarial é for- mado por elementos corpóreos e incorpóreos. Atributos: O estabelecimento empresarial possui dois atributos: o aviamento e a clientela. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 14 D IR EI TO E M PR ES A R IA L Elementos corpóreos ou materiais Elementos incorpóreos ou imateriais • Bens móveis (ex: mercadorias em estoque); • Bens imóveis (ex: imóvel utilizado como armazém para depósitos das mercadorias; prédios apropriados para instalação de usinas; estacionamentos para cargas, etc.) Propriedade industrial (patente de invenção e de modelo de utilidade; registro de marca e de desenho industrial). Nome empresarial; Ponto empresarial. 1ª OBSERVAÇÃO: • Mercadorias em estoque. Segundo o STJ, as mercadorias em estoque constituem elementos materiais do estabelecimento empresarial, pois são bens corpóreos utilizados pelo empresário na exploração da atividade econômica (REsp 1.079.781/RS). • Nome de domínio. Nome de domínio é o nome indicativo do website do empresário. O nome de domínio constitui elemento imaterial do estabelecimento empresarial, pois é bem incorpóreo utilizado pelo empresário na exploração da atividade econômica. 2ª OBSERVAÇÃO: • Aviamento. O aviamento é a potencialidade do estabelecimento de gerar lucros. O aviamento não compõe o conceito de estabelecimento. Ou seja, o aviamento não é elemento do estabelecimento, mas atributo deste, que corresponde a sua capacidade de gerar lucros. • Clientela. A clientela é conjunto de pessoas que mantém relação de fidelidade com o empresário, adquirindo seus produtos e serviços. Está diretamente relacionada ao aviamento, pois, quanto maior a clientela, tanto maior será o aviamento. A clientela não compõe o conceito de estabelecimento. Ou seja, a clientela não é um elemento do estabelecimento, mas atributo deste, que corresponde a sua capacidade de gerar lucros. Natureza jurídica: prevalece que o estabeleci- mento empresarial tem natureza jurídica de universa- lidade de fato (bens que estão juntos por vontade do titular). O estabelecimento é uma universalidade de fato, formada por bens corpóreos e incorpóreos, porque os elementos que o compõe formam uma coisa unitária por destinação do próprio empresário. Penhora do estabelecimento: Segundo o STJ, “é legítima a penhora do estabelecimento comercial”, nos termos da Súmula nº 451. 1.7.1 TRESPASSE Conceito: é o nome que se dá ao contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial. Trata-se de um negócio jurídico translativo. Trespasse vs. Cessão de quotas: O trespasse não se confunde com a cessão de quotas. No trespasse ocorre a transferência da titularidade do estabele- cimento. Já na cessão de cotas ocorre a modificação do quadro societário, mas não a transferência da titularidade do estabelecimento. Formalidades: Averbação + publicação na imprensa oficial. O contrato de trespasse só produz efei- tos quanto a terceiros, depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresá- ria, no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) e de publicado na Imprensa Oficial (art. 1.144, CC). EXCEÇÃO! As microempresas e empresas de pequeno porte estão desobrigadas do requisito de publicação na imprensa oficial (art. 71 da LC n. 123/2006). Formalidade adicional: Se o alienante não tiver bens suficientes para saldar as dívidas do estabeleci- mento, é necessária uma formalidade adicional, que é a notificação dos credores, que terão prazo de 30 dias para concordar de forma expressa ou tácita com a alienação. Consequência do trespasse sem o cumprimento dos requisitos legais: caso o trespasse seja realizado sem o pagamento de todos os credores ou sem a noti- ficação de todos os credores, o contrato será ineficaz. Ineficácia do contrato de trespasse: o credor pode pedir a ineficácia do contrato de trespasse tanto em ação ordinária como em ação de falência (arts. 129, VI, e 136, todos da Lei 11.101/05). Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante de boafé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. E se os credores não concordarem com a venda do estabelecimento? Caso não concordem com a venda do estabelecimento, o alienante ainda poderá fazê-lo, mas desde que pague todos os credores. É o que diz o art. 1.145 do Código Civil: “Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. ” E se a alienação for feita sem a notificação dos credores? Caso a alienação seja feita sem a notificação de todos os credores, o contrato de trespasse será ineficaz. E se todos os credores foram notificados, mas não consentiram com a alienação? Caso a alienação seja feita sem o pagamento de todos os credores, o contrato de trespasse será ineficaz. Como o credor pode pleitear a ineficácia da alie- nação? O credor pode pleitear a ineficácia do contrato de trespasse tanto em ação ordinária como em ação de falência. Na falência, reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 15 D IR EI TO E M PR ES A R IA L estado anterior, e o contratante de boafé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. Responsabilidade do alienante pelas dívidas anteriores ao trespasse: O alienante responde soli- dariamente com o adquirente pelas dívidas anteriores, pelo prazo de um ano. Se a dívida estiver vencida, con- ta-se um ano da data da publicação do trespasse na imprensa oficial. Se a dívida é vincenda, conta-se um ano da data do vencimento. Responsabilidade do adquirente: 1)Dívidas posteriores ao trespasse: Após o trespas- se, todas as dívidas sociais correm por conta do ad- quirente. 2) Dívidas anteriores ao trespasse: O adquirente responde pelas dívidas anteriores, desde que regu- larmente contabilizadas. Exceção: se a compra do estabelecimento ocorreu no processo de falência ou de recuperação judicial, o adquirente não res- ponde pelas dívidas anteriores, inclusive as tributá- rias e trabalhistas. 3) Dívidas tributárias anteriores ao trespasse: O adquirente que continua explorando a atividade empresarial antes desenvolvida pelo alienante, responde pelos tributos do estabelecimento ad- quirido devidos até a data do trespasse: a) inte- gralmente: se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; b) subsidiaria- mente com o alienante: se o alienante prosseguir na exploração ou iniciar dentro de 6 meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. Exceção: se a compra do estabelecimento ocorreu no processo de falência ou de recuperação judicial, o adquirente não responde pelas dívidas anteriores, inclusive as tributárias e trabalhistas. Cláusula de não restabelecimento ou de não concorrência: A cláusula de não restabelecimento é uma cláusula implícita do contrato de trespasse, pois decorre da própria lei (art. 1.147 do CC). Por se tratar de uma cláusula implícita, se não houver autorização expressa no contrato de trespasse, o alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente nos cinco anos subsequentes à transferência do estabelecimento. Abusividade da cláusula de não concorrência sem limitação de tempo: Segundo o STJ, é abusiva a vigência, por prazo indeterminado, da cláusula de não restabelecimento, também denominada cláusula de não concorrência. Sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento adqui- rido: desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação. É o que dis- põe o art. 1.148 do Código Civil: “Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. ” Cessão de créditos referentes ao estabeleci- mento transferido: produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publica- ção da transferência na Imprensa Oficial, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente (art. 1.149 do Código Civil). ` ENUNCIADOS DO CJF Enunciado 7 da I Jornada de Direito Comercial: O nome de domínio integra o estabelecimento empresa- rial como bem incorpóreo para todos os fins de direito. Enunciado 8 da I Jornada de Direito Comercial: A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação. Enunciado 59 da II Jornada de Direito Comercial: A mera instalação de um novo estabelecimento, em lugar antes ocupado por outro, ainda que no mesmo ramo de atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista no art. 1.146 do CC. Enunciado 67 da II Jornada de Direito Comercial: Na locação built to suit, é válida a estipulação con- tratual que estabeleça cláusula penal compensatória equivalente à totalidade dos alugueres a vencer, sem prejuízo da aplicação do art. 416, parágrafo único, do Código Civil. Enunciado 233 da III Jornada de Direito Civil: A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o con- junto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial. Enunciado 234 da III Jornada de Direito Civil: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se trans- mite automaticamente ao adquirente. Enunciado 393 da IV Jornada de Direito Civil: A validade da alienação do estabelecimento empresarial não depende de forma específica, observado o regime jurídico dos bens que a exijam. ` SÚMULAS APLICÁVEIS: STF – Súmula 451: É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial. STJ – Súmula 166: Não constitui fato gerador do ICMS, o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte. 1.8 NOME EMPRESARIAL O nome empresarial é uma cláusula pétrea, nos ter- mos do art. 5º, XXIX, da CF (“a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresariais e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;”). Conceito: nome empresarial é o elemento de identi- ficação do empresário (individual, sociedade empresá- ria ou empresa individual de responsabilidade limitada) no meio empresarial. “CC, art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa”. Modalidades: há duas modalidades de nome empresarial, quais sejam a firma e a denominação. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 16 D IR EI TO E M PR ES A R IA L Firma Pode ser: firma individual ou firma social. Firma individual Aplicada ao empresário individual, nos termos do art. 1.156 (“o empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade”). Composição: nome civil do empresário, completo ou abreviado. Ex: Daniel Messias da Trindade; D.M.T., D. Messias da Trindade, etc. Ramo de atividade: a inclusão do ramo de atividade é facultativa. Caso queira, o empre- sário individual poderá acrescentar uma designação mais precisa da pessoa ou gênero de atividade (ramo de atividade). Firma social Aplica-se às sociedades que possuem sócio com responsabilidade ilimitada: sociedade em nome coletivo e sociedade em comandita simples, nos termos do art. 1.157 do CC (“A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão “e companhia” ou sua abreviatura”). Atenção: os sócios que figurarem no nome empresarial, são solidária e ilimitadamente responsáveis pelas dívidas contraídas pela sociedade. Composição: nomes dos sócios (pessoas físicas), completos ou abreviados. Ex: Daniel Messias da Trindade e João da Silva; D. Trindade e J. Silva; D. Trindade e Cia. Ramo de atividade: o ramo de atividade também é facultativo. Denominação Aplica-se às sociedades que possuem sócios com responsabilidade limitada (sociedade limitada e sociedade anônima). Cuidado: a sociedade limitada pode adotar tanto firma como denominação (art. 1.158, CC), integradas pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura. Da mesma forma, a empresa individual de responsabilidade limitada também pode usar firma ou denominação (art. 980-A, CC). Na denominação, o nome empresarial é composto por uma expressão linguística (nome fantasia) e o ramo de atividade. O ramo de atividade é obrigatório. O elemento fantasia é facultativo. O nome dos sócios não aparece. No entanto, excepcionalmente, admite-se a inclusão de nome de sócio, a fim de prestar-lhe uma homenagem. Composição: Expressões linguísticas (elemento fantasia) + ramo de atividade. Exemplos: Divina Delícia Pizzaria; Doce Festa Doceria; Escola Aprender S.A. Quadro sinótico: Firma • Empresário individual; • Sociedade em nome coletivo; • Sociedade em comandita simples. Denominação • Sociedadeanônima; • Sociedade cooperativa. Firma ou denominação • Empresa individual de responsabilidade limitada; • Sociedade limitada; • Sociedade comandita por ações; Proteção ao nome empresarial: a proteção do nome empresarial ocorre automaticamente do registro do empresário (art. 33, Lei 8.934/94). A proteção do nome empresarial se dá nos limites do Estado (art. 1.166, CC). Para ter efeito em outros estados da federação, o empresário deve efetivar o registro em cada um deles. Princípios aplicáveis ao nome empresarial: a) novidade: o nome empresarial deve ser novo, original; e b) veracidade: o nome empresarial deve ser verdadeiro, não podendo conter informação falsa. Inalienabilidade do nome empresarial: nos termos do art. 1.164 do CC, “o nome empresarial não pode ser objeto de alienação”. O nome empresarial é personalíssimo e inalienável, porque envolve direitos da personalidade que também são assegurados às pessoas jurídicas. “CC, art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. ” Anulação da inscrição do nome empresarial: não há prazo para a ação de anulação de inscrição do nome empresarial, nos termos do art. 1.167 do CC (“Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato”). Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 17 D IR EI TO E M PR ES A R IA L Nome empresarial, marca e título de estabe- lecimento: Nome empresarial Marca Título de estabelecimento Identifica o empresário no meio empre- sarial. Identifica o produto ou serviço no meio empresarial. Identifica o estabelecimento empre- sarial. É protegido a partir do momento em que o empresário registra os seus atos constitutivos na Junta Comercial, que é um órgão estadual. A proteção é de âmbito estadual. É protegida a partir do momento em que é registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que é um órgão federal. A proteção é de âmbito federal. Não precisa ser registrado. Não pode ser alienado. Pode ser alienada. Pode ser alienado. ` Escrituração Todo empresário (salvo o pequeno empresário) tem obrigação de escriturar os livros empresariais. Isso porque os empresários são obrigados a manter um sistema de contabilidade. • A escrituração dos livros materializa a higidez da empresa e do sistema contábil, trazendo vantagens ao empresário, porque os livros fornecem subsídios para a escolha de estratégias de gestão e atuação no mercado. • Para que sejam considerados regulares e tenham eficácia probatória em favor do empresário, os li- vros empresariais devem preencher requisitos in- trínsecos e extrínsecos. ATENÇÃO! O pequeno empresário está dispensado da escrituração de livros. Requisitos da escrituração dos livros empre- sariais: a) Requisitos intrínsecos: os livros empresariais devem ser escriturados em idioma nacional, moeda corrente e forma contábil, ordem cronológica e sem rasura. b) Requisitos extrínsecos: se relacionam com a se- gurança e autenticidade, que ocorre quando o livro empresarial possui contiver termos de abertura e de encerramento, e estiver autenticado pela Junta Comercial. • Livro obrigatório: Livro Diário. O livro diário pode ser datilografado (escrituração mecânica) ou informatizado. Consequências da ausência de escrituração: a) ineficácia probatória dos livros comerciais; b) ilegitimidade ativa para requerer a recuperação ju- dicial; c) configuração de crime falimentar (Lei 11.101/05, art. 178). Sigilosidade: Os livros empresariais são sigilosos. No entanto, há exceções: a) Súmula 260 do STF (“O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os litigantes”); b) O juiz poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência; c) A sigilosidade dos livros comerciais não se aplica às autoridades fazendárias, quando no exercício da fis- calização de impostos; d) Arts. 420 e 421 do CPC/2015. ATENÇÃO! O procedimento de exibição judicial está no art. 396 do CPC/2015 e depende da apresentação de justo motivo, a saber: questões sucessórias, questões societárias, questões sobre a administração/gestão e falência. Força probatória dos livros empresariais: Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não corres- pondem à verdade dos fatos. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários. Além disso, como a escrituração contábil é indivisível, se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade. Falsificação de livro mercantil: A falsificação de livro mercantil configura o crime de falsificação de documento público, nos termos do art. 297 do Código Penal. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 18 D IR EI TO C IV IL DIREITO CIVIL Luciano L. Figueiredo / Roberto L. Figueiredo ` PARTE GERAL 2. Pessoa Física ou Natural ou de Existência Visível 2.1. PERSONALIDADE JURÍDICA A Personalidade Jurídica consiste na aptidão gené- rica conferida a alguém para titularizar direitos e contrair deveres na ordem jurídica. É a qualidade de ser pessoa. É o pressuposto dos demais direitos. Aquele que tem personalidade jurídica é denomi- nado de sujeito de direito, incluindo-se, neste rol, as pessoas físicas e jurídicas. Nessa senda, informa o art. 1º do CC que toda pessoa é capaz de contrair direitos e deveres no ordenamento jurídico. Recorda-se, porém, que há os batizados Entes Des- personalizados. Estes, como o nome já traduz, são desprovidos de personalidade jurídica, entretanto, possuem a nominada capacidade judiciária. Exempli- fica-se tais entes com a massa falida, a herança jacente, a herança vacante... SUJEITO DE DIREITO Personalizados Pessoa Física Pessoa Jurídica Entes despersonalizados 2.2. PESSOA FÍSICA: CONCEITO A pessoa física é o ente dotado de complexidade biopsicológica, titular de direitos e deveres e que interage na ordem jurídica mediante a prática de atos civis. É chamada de pessoa física, natural ou de exis- tência visível. 2.2.1. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PELA PESSOA NATURAL Para o Código Civil, a aquisição da personalidade “começa do nascimento com vida” (art. 2°, CC). Entende- -se por nascimento com vida o início do funcionamento do aparelho cardiorrespiratório, após a expulsão do ventre materno. Por conseguinte, ainda em uma análise do direito posto, infere-se que o Código Civil brasileiro é adepto à teoria natalista. Assim, o recém-nascido adquire a personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, a partir do seu nascimento com vida, mesmo vindo a falecer minutos depois, o que pode ser muito relevante para análise da cadeia sucessória. Após o nascimento a pessoa física será registrada. O registro da pessoa natural consiste em ato meramente declaratório, que retroage à data do nascimento com vida, tendo eficácia ex-tunc. 2.2.2. O NASCITURO O nascituro é aquele já concebido, ainda não nas- cido, e dotado de vida intrauterina. A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere pessoa, coloca a salvo, desde a concepção, os seus direitos (art. 2º, CC). Diante desta concepção, revela-se na doutrina a percepção de que é possível falar-se em uma personalidade jurídica: i) Formal, a qual é adquirida desde a concepção e re- mete a direitos de fundo extrapatrimoniais, a exem- plo da vida e ii) Material, a qual fica sob condição, aguardando o nascimento com vida e remete a direitos de fundopatrimonial, a exemplo da propriedade. E O NATIMORTO? TEM PERSONALIDADE JURÍDICA? O natimorto é aquele que já nasceu morto. Antes de morrer, porém, fora um nascituro. Justo por isso deve-se proteger o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, sendo deferido, por exemplo, tutela ao nome, a imagem e a memó- ria daquele que nasceu morto (sepultura), como entende o 1º Enunciado do Conselho da Justiça Federal (CJF). Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 19 D IR EI TO C IV IL 2.2.3. CAPACIDADE Capacidade é a medida jurídica da personali- dade. Juridicamente, a capacidade é um gênero que conta com duas espécies. ESPÉCIES ` a) Capacidade de Direito, Jurídica ou de Gozo É uma capacidade genérica, adquirida juntamente com a personalidade. Assim, adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e deveres na ordem jurídica (art. 1º do Código Civil). b) Capacidade de Fato, Exercício ou Ação Consiste na capacidade de pessoalmente praticar atos da vida civil, agindo de forma autônoma. Os desprovidos de capacidade de fato são denomi- nados de incapazes. Quando a pessoa física cumula as duas capacida- des, afirma-se que ela possui a chamada capacidade jurídica plena ou geral. I. Vênia Conjugal: A Outorga Uxória e Marital Em virtude do casamento, a legislação civilista demanda, para a prática de certos atos da vida civil, uma autorização, batizada como vênia conjugal. O gênero vênia conjugal subdivide-se em outorga uxó- ria – quando a autorização é conferida pela esposa – e outorga marital – quando a autorização é conferida pelo marido. Demanda-se a aludida outorga, nas pegadas do art. 1.647 do CC, para alienar ou gravar de ônus real bens imóveis; pleitear como autor ou réu acerca desses bens; prestar fiança ou aval e fazer doação, não remuneratória, de bens comuns ou dos que possam integrar a futura meação. Atenção! Apesar do Código Civil informar a anulabi- lidade do ato praticado sem a outorga, o Superior Tri- bunal de Justiça firma, na Súmula 332, que a ausên- cia de outorga no contrato de fiança ocasionará a ineficácia total da garantia. Assim, deve o futuro advogado ficar bastante atento para questões que versem sobre ausência de outorga no contrato de fiança, verificando se o enunciado pergunta, espe- cificamente, sobre o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça. II. Venda de Ascendente para Descendente Tal alienação, para ser válida, depende de autori- zação expressa de todos os demais descendentes e do cônjuge, salvo se casado no regime de separação obrigatória, sob pena de anulabilidade. Percebe-se, aqui, mais uma casuística de legitima- ção, pois ainda que vendedor e comprador possuam capacidade jurídica geral ou plena, mister será a exigên- cia da autorização expressa dos demais descendentes e do cônjuge. 2.2.4. INCAPACIDADE Inicialmente é importante destacar que o Estatuto da Pessoa Com Deficiência (EPD – Lei 13.146/15), alterou significativamente o regime jurídico das incapacida- des, modificando, sobremaneira, os arts. 3º e 4º do CC. A incapacidade é a ausência ou abrandamento da capacidade de praticar sozinho os atos da vida civil. Em um passeio pelas incapacidades no Código Civil, percebe-se que ela pode decorrer de um critério: a) Objetivo, Etário ou Cronológico. Trata-se de crité- rio facilmente aferível com a simples verificação da certidão de nascimento ou carteira de identidade. b) Subjetivo ou Psíquico. Trata-se de critério com maior dificuldade de aferição, o que demanda um processo de interdição. INCAPACIDADE ABSOLUTA Atualmente a incapacidade absoluta envolve os denominados menores impúberes e se limita ao cri- tério etário. Assim, é absolutamente incapaz o menor de 16 anos (CC, art. 3º). Registra-se, porém, que o absolutamente incapaz será eventualmente escutado, mormente em ações que digam respeito à sua situação existencial, a exem- plo de guarda e adoção (Enunciado 138 do CJF). INCAPACIDADE RELATIVA São incapazes relativamente a certos atos ou à maneira de os exercerem (CC, art. 4º): I. Os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos. II. Ébrios habituais e os viciados em tóxico. III. Aqueles que, por causa transitória ou perma- nente, não puderem exprimir sua vontade. Trata-se de novidade decorrente do Estatuto da Pes- soa com Deficiência (EPD). Antes da reforma, se tratava de situação de incapacidade absoluta, que hoje migrou para relativa. Além disso, a reforma retirou a hipótese anterior, a qual indicava como incapaz os deficientes sem desen- volvimento mental completo. IV. Pródigos. A prodigalidade é um desvio comportamental por meio do qual o indivíduo, desordenadamente, dilapida o seu patrimônio sem um motivo razoável, podendo-o reduzir-se à miséria. Nestes casos, deve o pródigo ser interditado na defesa do seu mínimo existencial. Assim, a curatela do pródigo somente o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração (CC, art. 1.782). • E o Indígena? Regem a capacidade dos índios as legislações espe- ciais: a Lei 5.371 (Estatuto da Funai) e a 6.001 (Estatuto do Índio). Segundo a disciplina especial, os silvícolas – os oriundos da selva ou índios sem hábitos urba- nos – são considerados absolutamente incapazes. Os demais, em regra, estarão sob tutela da FUNAI e, eventualmente, poderão ser integrados à sociedade como capazes. Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Teoria Resumida (Semana 1 • 21/12 – 27/12) 20 D IR EI TO C IV IL SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE (REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA) O suprimento da incapacidade absoluta dá-se por meio da representação, sob pena de nulidade abso- luta (CC, art. 166, I). De outro modo, na incapacidade relativa, dá-se tal suprimento por meio da assistência, sob pena de anulabilidade (CC, art. 171, I). Relativamente Incapaz é Assistido Absolutamente Incapaz é Representado R I A 2.2.5. CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE Cessa a incapacidade com a causa que a originou: a) Com o final de sua causa objetiva: Maioridade. b) Com o final de sua causa subjetiva: Revisão do Pro- cesso de Interdição. Todavia, há uma outra forma de cessar a incapaci- dade: a Emancipação. 2.3. EMANCIPAÇÃO Consiste a emancipação na antecipação da capaci- dade plena. Trata-se de ato irretratável e irrevogável. Passaremos, então, ao estudo das modalidades de emancipação. 2.3.1. VOLUNTÁRIA É aquela concedida por ambos os pais ou, por um deles, na falta do outro, mediante instrumento público, indepen- dentemente da homologação do Juiz, desde que o menor tenha, no mínimo, 16 anos completos. Se houver conflito na decisão dos pais, cabe ao juiz decidir (art. 1.631, CC). A emancipação voluntária não é hábil a afastar a responsabilidade civil dos pais. (Resp 122.573/PR, STJ) (E. 41 do CJF). 2.3.2. JUDICIAL A emancipação judicial é aquela concedida pelo tutor ao pupilo ou tutelado que tenha, ao menos, 16 (dezesseis) anos completo. Tal se dará por meio de processo judicial, com parecer do Ministério Público. 2.3.3. LEGAL Decorre da constatação de situação jurídica incom- patível com a incapacidade. São as hipóteses: ` a) Pelo casamento A separação ou divórcio posterior não revogam a emancipação. b) Exercício de emprego público efetivo É o exercício e não a aprovação no concurso público. c) Colação de grau em ensino superior É a colação de grau e não a aprovação no vestibular. d) O estabelecimento civil ou comercial, ou a exis- tência de relação de emprego, desde que, em fun- ção deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria; A emancipação legal é imediata e automática, não sendo necessária declaração judicial. Se houver vários atos emancipatórios seguidos, deve-se considerar apenas o primeiro, não havendo de se falar em diversas emancipações. 2.4. ESTADO DA PESSOA
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