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SERVIDOR PÚBLICO - RESPONS CIVIL, ADMINIST E PENAL

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SERVIDOR PÚBLICO: RESPONSABILIDADE CIVIL, ADMINISTRATIVA E PENAL
RESUMO
O presente trabalho busca discutir o tema das responsabilidades que devem respeitar os servidores públicos no exercício de sua função. A saber são três esferas de responsabilidade, a administrativa, a civil e a penal. O servidor poderá ser responsabilizado nas três, já que estas são independentes uma das outras. O presente trabalho tem embasamento nas deliberações doutrinárias, constitucionais e infraconstitucionais, igualmente entendimentos jurisprudenciais propagados pela Suprema Corte.
Palavras-chave: Servidor Público. Responsabilidade Civil. Responsabilidade Administrativa. Responsabilidade Penal.
1 INTRODUÇÃO
Os servidores públicos tem a obrigação de respeitar seus deveres para que não sofram as consequências. Ao se falar destes, logo se remete à Administração Pública, ou seja, compete a ela ditar suas responsabilidades e sanções, no entanto, ele também pode cometer ilícitos de outras áreas do direito, tal qual a civil e penal, que também vão definir em seu escopo sanções acerca dos servidores.
Devido esses ramos da responsabilidade do servidor que se encontra a importância do trabalho, que visa explicar como funciona a divisão entre essas esferas, e como será responsabilizado esse servidor.
2 RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO	
O servidor público possui três espécies de responsabilidade que deverá respeitar, as quais são a civil, a administrativa e a penal.
O servidor público poderá ser responsabilizado nas três esferas, já que uma punição não exclui a outra. 
3 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA	
A responsabilidade administrativa se encontra na própria administração e possui sanções disciplinares de natureza administrativa, que são impostas pela autoridade administrativa.
Em caso de violação da responsabilidade administrativa pelo servidor público, será a própria administração pública que irá apurar os fatos, instaurando o procedimento correto, o qual normalmente é feito por sindicância ou processo administrativo disciplinar, estes devem seguir os princípios constitucionais, como o contraditório e a ampla defesa (artigo 5º, inc. LV da Constituição Federal), sob pena de nulidade.
As infrações administrativas podem ser punidas por uma advertência, suspensão, demissão, cassação da aposentadoria/disponibilidade, entre outras, as quais serão definidas conforme a gravidade da infração e os danos que esta causou.
Diferente do Direito Penal, o Direito Administrativo expõe suas infrações de forma genérica, o que gera certa liberdade para a Administração Pública punir os servidores infratores. No entanto, isto não significa que podem agir como bem entender, já que a atuação da administração é discricionária e deverá ser fundamentada de maneira minuciosa, respeitando suas limitações legais.
4 RESPONSABILIDADE PENAL	
O artigo 327 do Código Penal conceitua, de maneira ampla, quem será o servidor público, como demonstrado a seguir:
Art. 327 – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º – Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º – A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Assim, conforme o exposto, para ser responsabilizado penalmente, basta estar na administração pública, exercendo funções para ela. As infrações penais são denominadas pela doutrina como crimes funcionais.
O Código Penal traz em seu texto crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral e crimes contra as finanças públicas, há ainda a Lei nº 4.898/65 que qualifica as condutas de abuso de autoridade e a Lei nº 8.666/93 que se refere às licitações.
A competência para apurar os crimes penais dos servidores é do Poder Judiciário, que dará inicio propondo uma ação penal pelo Ministério Público. Normalmente, esses crimes são conhecidos por procedimentos administrativos, que serão verificados pelo agente da Administração Pública, que vai encaminhar ao parquet, que levará o fato ao conhecimento do Judiciário.
A sentença penal poderá ser condenatória, se comprovar a autoria e a materialidade do delito, ou poderá ser absolutória, quando possuir muitos fundamentos, tal como a ausência de materialidade, negativa de autoria ou ausência de provas.
5 RESPONSABILIDADE CIVIL	
A responsabilidade civil se encontra positivada nos artigos 186 e 927 do Código Civil, ela será apurada pelo Poder Judiciário, que se verificar a infração, obriga o servidor a reparar o dano que, por ação ou omissão, dolosa ou culposamente, causou para a administração pública.
Também será observado se o dano causado pelo servidor atingiu terceiros ou somente a administração pública, no caso desta última, a administração possui prerrogativa de autoexecutoriedade, ou seja, ela mesma pode, sem autorização do judiciário, apurar a infração por procedimentos administrativos e averiguar qual foi a extensão do dano, podendo punir com descontos em folha no limite possível ou possibilitar que o servidor faça o ressarcimento diretamente a ela, para tano deve-se garantir o devido processo legal, contraditório e ampla defesa, sob pena de nulidade.
Se o prejuízo atingir terceiros, a administração pública que responderá de forma objetiva, conforme prevê o artigo 37, § 6º da CF, porém, terá em seguida direito a ação de regresso contra o servidor causador do dano, tanto se agiu com culpa ou com dolo.
Na ação de regresso, a competência será do Poder Judiciário para determinar ao servidor que repare a administração, além de poder decretar medidas visando indenizar a mesma, tal como o sequestro de bens, perda de bens obtidos ilegalmente, entre outras formas.
6 INDEPENDÊNCIA ENTRE AS ESFERAS CIVIL, ADMINISTRATIVA E PENAL
Um único ato feito pelo servidor público poderá ser passível de responsabilidade administrativa, civil e penal, ou seja, esse ato pode acarretar três possíveis consequências, sem gerar o bis in idem. Este se fundamenta no princípio da independência e autonomia entre as instâncias. O artigo 935 do Código Civil e os artigos 66 e 67 do Código Processual Penal tem relação com este princípio.
Porém, há exceção sobre esta regra nas hipóteses em que a decisão proferida no âmbito criminal, fizer coisa julgada nas esferas cíveis e administrativas em caso de existir previsão para a conduta praticada nessas esferas. Em relação ao exposto e à sentença condenatória na instância penal, compreende a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
Quando o funcionário for condenado na esfera criminal, o juízo cível e a autoridade administrativa não podem decidir de forma contrária, uma vez que, nessa hipótese, houve decisão definitiva quanto ao fato e à autoria, aplicando-se o artigo 935 do Código Civil de 2002. (DI PIETRO, 2011)
Já nos casos de sentença absolutória, se analisará a possibilidade de a decisão penal refletir em outras esferas, observando a motivação dessa absolvição. Por exemplo, se for motivado pela insuficiência de provas, não há reflexos, pois as provas que não conseguiram provar um crime, podem servir para comprovar ilícitos cíveis ou administrativos. Mas se a sentença for fundamentada na ausência de materialidade ou autoria, esta será vinculada às demais esferas, que não poderão discutir quanto a decisão.
Quanto ao exposto, observa-se o entendimento do Supremo Tribunal de Justiça, proferido no acórdão, em sede de Recurso Especial:
DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO DISCIPLINAR. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA E PENAL. INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS. ABSOLVIÇÃO PENAL. INEXISTÊNCIA DO FATO. FALTA RESIDUAL.INEXISTÊNCIA. 1. “As responsabilidades disciplinar, civil e penal são independentes entre si e as sanções correspondentes podem se cumular (art. 125); entretanto, a absolvição criminal, que negue a existência do fato ou de sua autoria, afasta a responsabilidade administrativa (art. 126)”. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. 2. O artigo 23 da Lei 8.935/94 não resta violado quando o fato imputado ao agente, que fundamentou a aplicação da pena de suspensão por 90 (noventa) dias, restou declarado inexistente, não havendo conduta outra, cometida pelo servidor, capaz de configurar-se como infração disciplinar, a justificar a aplicação daquela penalidade. 3. É que a responsabilidade administrativa deve ser afastada nos casos em que declarada a inexistência do fato imputado ao servidor ou negada sua autoria pela instância penal. 4. Destarte, afastada a responsabilidade criminal do servidor, por inexistência do fato ou negativa de sua autoria, afastada também estará a responsabilidade administrativa, exceto se verificada falta disciplinar residual , não abrangida pela sentença penal absolutória. Inteligência, a contrario sensu, da Súmula 18 do STF, verbis: “Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público”. REsp 1199083/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/08/2010, DJe 08/09/2010; MS 13.599/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 28/05/2010; Rcl .611/DF, Rel. Ministro WALDEMAR ZVEITER, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/10/2000, DJ 04/02/2002. 5. In casu, consta do acórdão recorrido, que o fato imputado ao agente, que fundamentou a aplicação da pena de suspensão por 90 (noventa) dias, restou declarado inexistente, não havendo conduta outra, cometida pelo servidor, capaz de configurar-se como infração disciplinar, a justificar a aplicação daquela penalidade. 6. O recurso especial não é servil ao exame de questões que demandam o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, Documento: 13117543 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 03/12/2010 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça em face do óbice erigido pela Súmula 07/STJ. 7. Restando assentado pelo acórdão recorrido que, “(...) o funcionário só pode ser punido pela administração, se, além daquele fato pelo qual foi absolvido, houver alguma outra irregularidade que constitua infração administrativa, aquilo que se convencionou chamar de 'falta residual'. No caso, a infração administrativa traz, em sua definição, o mesmo objeto da imputação criminal, já reconhecido inexistente” (fl. 143), afigura-se incontestável que o conhecimento do apelo extremo importa o reexame ático-probatório da questão versada nos autos, insindicável nesta via especial, em face da incidência do verbete sumular n.º 07 deste Superior Tribunal de Justiça. 8. Recurso especial não conhecido. (BRASIL, 2010)
Por meio deste, nota-se que o entendimento do STJ é de que, quando ausente a responsabilidade criminal do servidor, pela falta de autoria ou materialidade, fica ausente também a responsabilidade administrativa, exceto em caso de existência de falta disciplinar sancionável que não esteja definida na sentença penal absolutória.
Ainda que não haja nada previsto acerca da suspensão do processo civil ou administrativo, afim de esperar a sentença do processo penal, parte da doutrina compreende a possibilidade dessa espera, visando evitar divergências nas sentenças.
Sendo assim, caso o servidor tenha sido demitido em decorrência de procedimento administrativo, e posteriormente houver ocorrido sua absolvição por motivo que se reflete nas outras esferas, ele terá direito de entrar com ação solicitando sua reintegração.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	
Conforme observamos o servidor público está sujeito a responsabilização pela prática de seus atos, sendo punido a depender de sua conduta em uma das três esferas, administrativa, civil e penal ou em todas, já que estas em regra são independentes e autônomas.
Porém, o ordenamento prevê exceção quanto essa independência, ao possibilitar que a sentença penal produza reflexos nas demais instâncias, analisando para tanto a motivação da sentença, entretanto não há dispositivo que verse sobre a suspensão dos processos em outras esferas.
Mas apesar disso, há a recomendação para que as esferas administrativas e cíveis, aguardem essa sentença, afim de diminuir os prejuízos na Administração Pública, em possíveis ações contra a mesma, que podem causar desembolso de recursos financeiro, ao ter que reintegrar o servidor público.
Sendo assim, ainda que a regra seja o princípio da independência e autonomia entre as esferas, o melhor para a Administração Pública é realizar essa espera, até a conclusão da sentença penal, visando evitar prejuízos para a mesma.
REFERÊNCIAS
AUGUSTO, Tadeu. Responsabilidades dos Servidores Públicos. JusBrasil: 2015. Disponível em: <https://tadeu1008.jusbrasil.com.br/artigos/152053855/responsabilidades-dos-servidores-publicos>. Acesso em: 01 mar. 2021.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da república federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm>. Acesso em: 10 mar. 2021.
BRASIL. Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Instituiu o Código de Processo Penal (CPP).
BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Instituiu o Código Civil (CC). Brasília, DF: Senado, 2002.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Nº 1.012.647-Rj (2007/0291819-6) nº 1.012.647-RJ. Estado do Rio de Janeiro. Rogério Marques Sequeira Costa. Relator: Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça Stj - Recurso Especial: Resp 1012647 Rj 2007/0291819-6 - Inteiro Teor. Brasília, . Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/17682797/recurso-especial-resp-1012647-rj-2007-0291819-6/inteiro-teor-17855647>. Acesso em: 10 mar. 2021.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24ª edição. São Paulo, Editora Atlas. 2011.
VERAS, Jonas. Responsabilidade do servidor público. DireitoNet: 20 ago. 2011. Disponível em:<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6433/Responsabilidade-do-servidor-publico#:~:text=O%20servidor%20P%C3%BAblico%2C%20como%20pilastra,do%20cargo%2C%20emprego%20ou%20fun%C3%A7%C3%A3o.&text=%C3%89%20necess%C3%A1rio%2C%20quando%20o%20dano,ao%20Estado%20ou%20a%20terceiros.>. Acesso em: 01 mar. 2021.

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