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Livro - Pesquisa em Servico Social

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PESQUISA EM
SERVIÇO SOCIAL
Sara Alencar de Lima Planas
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Pesquisa em 
Serviço Social
Sara Alencar de Lima Planas
Curitiba
2021
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
P699p Planas, Sara Alencar de Lima
Pesquisa em serviço social / Sara Alencar de Lima Planas. – 
Curitiba: Fael, 2021.
315 p. il.
ISBN 978-65-86557-48-0
1. Pesquisa de avaliação 2. Serviço social 3. Assistência social 
I . Título
CDD 361.25
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlo Sardo
Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Bakhtiar Zein
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. O que é pesquisa | 7
2. Bases teórico-filosóficas 
da pesquisa em Serviço Social | 33
3. A produção de conhecimento 
e a pesquisa em Serviço Social | 57
4. Aspectos da pesquisa em Serviço Social | 85
5. Pesquisa em serviço social e as dimensões da profissão | 111
6. Ética e pesquisa em Serviço Social | 141
7. Classificação da pesquisa com base nos 
procedimentos técnicos utilizados | 167
8. Elementos que compõem pesquisas elaboradas 
por materiais indiretos e pesquisa-ação e participante | 197
9. Elementos que compõem 
pesquisas elaboradas por documentos diretos | 223
10. Como elaborar um projeto de pesquisa | 259
Gabarito | 293
Referências | 309
Prezado(a) aluno(a),
A pesquisa em Serviço Social é intrínseca ao processo his-
tórico da profissão, tanto em seu processo de formulação quanto 
de prática e de construção social e ideológica. Sendo assim, o 
objetivo desta obra é orientar o(a) leitor(a) ao longo do processo 
de organização e elaboração de pesquisa, principalmente no que 
tange à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), 
que deve ser construído de acordo com o atual projeto ético-polí-
tico da profissão.
Para atingir os objetivos deste livro, levantamos por meio 
de análise documental e bibliográfica os principais aspectos que 
envolvem a pesquisa em Serviço Social e a elaboração do TCC. 
Na graduação, o TCC é caracterizado pela elaboração de uma 
monografia, e serve como um instrumento avaliativo para forma-
ção e obtenção de diploma de nível superior.
Sendo assim, nossas discussões darão suporte tanto para a 
elaboração da monografia quanto para pesquisas posteriores à 
graduação; com isso, pretendemos contribuir não apenas com a 
formação acadêmica, mas também com a dimensão investiga-
tiva do Serviço Social, que envolve a produção de conhecimento 
e a prática profissional.
Carta ao Aluno
1
O que é pesquisa
O conhecimento científico é fundamental para o exercício 
profissional, mas só é possível obtê-lo por meio de pesquisa. 
Sendo assim, o primeiro capítulo terá como objetivo construir 
habilidades para que o leitor tenha acesso aos aspectos introdutó-
rios da pesquisa científica; para isso, será definido o que é e como 
se dá a produção de conhecimento, quais são as diferenças entre 
as formas de conhecimento (senso comum, filosófico religioso 
e científico), finalizando com a discussão acerca do conceito de 
método e de quais são seus elementos.
Para finalizar, trataremos os conceitos de método e metodo-
logia, apresentando o primeiro como um caminho para a produ-
ção de conhecimento e o segundo como as ferramentas utilizadas 
ao longo desse caminho; ainda, discutiremos as formas de méto-
dos científicos e os elementos que compõem cada uma.
1.1 Tipos de conhecimento 
A pesquisa é um dos principais elementos para a forma-
ção acadêmica, pois aproxima o pesquisador tanto da realidade 
Pesquisa em Serviço Social
– 8 –
vivenciada como do trabalho profissional, por isso é indispensável seu 
entendimento crítico. Antes de discutirmos a pesquisa em si, cabe ava-
liarmos alguns elementos importantes, então iniciaremos tratando a 
definição do que é conhecimento e quais são suas principais formas e 
características.
Seguindo o conceito básico exposto por Ferreira (2001), conhecer é 
saber algo, é ter habilidades e noções a respeito de valores, possibilidades 
e limitações sobre alguma coisa; conhecer é aprofundar o saber em relação 
ao que se deseja uma aproximação, e para isso é necessário observar e 
conviver como o objeto, a situação ou a realidade que se pretende conhe-
cer. Já o conhecimento significa “ato ou efeito de conhecer; informação 
ou noção adquiridas pelo estudo ou pela experiência; consciência de si 
mesmo” (FERREIRA, 2001, p. 176).
Lakatos e Marconi (2007) apontam a existência de quatro fontes prin-
cipais de conhecimento: religioso, senso comum, filosófico e científico. 
Sobre o assunto Gil (2011), explica que desde o início do mundo os seres 
humanos dispensam suas forças e seus recursos em busca de conheci-
mento, e por meio de suas capacidades vêm sistematizando ideias que 
permitem conhecer o mundo, a natureza, os fatores naturais e o compor-
tamento humano.
O Quadro 1.1 demonstra de forma sistematizada as principais carac-
terísticas e as diferenças entres os tipos de conhecimentos.
Quadro 1.1 – Tipos de conhecimento
Conhecimento popular 
(senso comum)
Valorativo
Reflexivo
Assistemático
Verificável
Falível
Inexato
Conhecimento científico 
Real
Contingente
Sistemático
Verificável
Falível
Aproximadamente exato
– 9 –
O que é pesquisa
Conhecimento filosófico
Valorativo
Racional
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato 
Conhecimento religioso
Valorativo
Inspiracional
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato
Fonte: Lakatos e Marconi (2007).
O primeiro tipo de conhecimento demonstrado é o senso comum, 
caracterizado por sua objetividade e sua racionalidade limitada; ou seja, 
tem um conhecimento limitado que está relacionado a sua percepção 
estreita apenas com ações e experiências pessoais sem auxílio de bases 
teóricas. Outra característica do senso comum é que seu conhecimento é 
produzido por meio da relação direta com coisas e seres humanos, o que 
leva a descrevê-lo como o saber que circula e habita no cotidiano das pes-
soas, sem se haver estudado, sem aplicações de métodos e sem reflexão.
O senso comum é para Silva (2015) um tipo de conhecimento carac-
terizado pelo conhecimento das coisas como elas são apresentadas, por 
isso a partir dele os fenômenos e os acontecimentos são conhecidos de 
forma superficial, carregados de teorias acríticas e imediatas; sobretudo, é 
mediante esse tipo de conhecimento que a humanidade tem conhecimento 
sobre o mundo que a cerca.
De forma geral, o senso comum é tido como um conhecimento super-
ficial, sensitivo, subjetivo, assistemático e acrítico. Superficial pois se limita 
à aparência ou se pode comprovar simplesmente por ter visto, sentido ou 
porque todos dizem ser; sensitivo pois se refere à vivências e às emoções 
da vida diária; subjetivo pois é constituído pelo próprio indivíduo que o cria 
ou o adquire por ouvir dizer; assistemático pois a acumulação desse conhe-
cimento não visa a uma organização de fatores que busca sua validação; e 
acrítico pois, verídicos ou não, tais conhecimentos são apresentados livres 
de reflexões mais aprofundadas e críticas (LAKATOS; MARCONI, 2007).
Pesquisa em Serviço Social
– 10 –
A característica valorativa do senso comum está relacionada com 
a gama de informações reunidas decorrentes da relação entre o sujeito 
observador e o objeto observado, e a partir dessa relação conhecimen-
tos são construídos. Essa relação entre observador e objeto acontece de 
maneira limitada, apenas pela familiarização do sujeito sobre o objeto, 
contudo não exclui desse conhecimento o próprio valor.
A particularidade assistemática do conhecimento do senso comum se 
relaciona com sua propriedade de acepção em organização de ideias, o que 
levaria a uma formulaçãomais ampla sobre a explicação de determinado 
conhecimento; ou seja, é assistemático pois as informações a respeito dos 
fenômenos são derivadas de experiências próprias de cada indivíduo, e 
por esse mesmo motivo é verificável, já que se limita aos acontecimentos 
diários e que são percebidos no cotidiano dos sujeitos. E se torna infalível 
e inexato por se conformar com a aparência e com o “ouvi dizer”, par-
ticularidade que não permite a criação de hipóteses sob a ocorrência de 
fenômenos que vão além de percepções claras e objetivas.
O segundo tipo de conhecimento a ser discutido, o filosófico, é dito 
como valorativo pois parte da formulação de hipóteses não submetidas à 
observação, então se baseia na experiência, e não na experimentação, sem 
perder seu valor, porém se torna não verificável, porque, ao contrário da 
ciência, não pode ser confirmado nem negado e é considerado racional 
pelo fato de se basear em um composto de informações que de forma 
lógica mantêm um relacionamento entre si.
O conhecimento filosófico busca uma explicação coerente sobre 
o objeto de estudo e para isso organiza ideias, pensamentos, hipóteses 
e informações, demonstrando uma característica sistemática. Por fim, é 
infalível e exato pois sua busca em compreender a realidade vivenciada 
e os instrumentos utilizados para isso não são passíveis de observação e 
experimentação, então é construído e caracterizado pelo esforço da razão 
humana em questionar a relação do homem com o mundo.
Diferentemente da ciência, o conhecimento filosófico não é sub-
metido a observações diretas e indiretas por meio de instrumentais. 
Enquanto a ciência se baseia em métodos experimentais e constrói 
conhecimentos em cima de fatos que são comprovados somente após 
– 11 –
O que é pesquisa
a fase de experimentação, a filosofia baseia sua construção de conheci-
mento na dedução sem exigir experimentações, sendo suficiente apenas 
a coerência lógica.
Partindo para o conhecimento religioso ou teológico, este se debruça 
em doutrinas sagradas e por meio delas seus valores são construídos, os 
quais podem ter sidos adquiridos e acumulados em experiências espiri-
tuais ou sobrenaturais, o que o faz inspiracional, infalível e indiscutível. 
O conhecimento religioso é ainda uma organização sistêmica, com ori-
gem, finalidade, significado e destino, sistema fruto da obra de um criador 
divino, que vem embasado em atitudes de fé e por isso é não verificável. 
Por se tratar de questões divinas e de fé, o conhecimento religioso se torna 
uma verdade infalível e sem abertura para discussão.
O conhecimento científico é então o conhecimento real e factual, pois 
é trabalhado e construído com ocorrências e fatos que se expressam na 
forma de acontecimento e existência; caracteriza-se também por ser con-
tingente, uma vez que por meio de experimentos prova tanto sua veraci-
dade como sua falsidade.
Tal conhecimento é também sistemático, pois organiza seus saberes 
de forma ordenada e lógica, o que forma um sistema de ideias e teorias. 
Sendo assim, essa construção de conhecimento não ocorre de forma dis-
persa e desconexa, o que gera uma característica de veracidade, sendo 
dispensado do conhecimento científico, de ideias e hipóteses impossí-
veis de serem provadas; no entanto, é considerado falível por não ser 
um processo acabado e único. Seu conhecimento é aproximadamente 
exato onde a reformulação e as ideias podem mudar e reformular teorias 
já existentes.
Há diversas diferenças entre o conhecimento comum, o filosófico, 
o religioso e o científico; cabe destacar que o conhecimento científico se 
fundamenta em fatos concretos e experimentados, ao passo que o filosó-
fico se baseia em evidências, hipóteses e fundamentos lógicos; o religioso 
se fundamenta em doutrinas religiosas, não busca evidências das informa-
ções nem comprovações dos manuscritos em livros sagrados – eles apenas 
creem, elevando o conhecimento religioso acima de qualquer outro –; e o 
senso comum se baseia em experiências vivenciadas e em tudo o que pode 
ser visto, ouvido ou sentido de forma superficial.
Pesquisa em Serviço Social
– 12 –
Ao longo da construção de conhecimento e
no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cog-
noscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, 
por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atu-
ação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência 
cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, 
através de investigação experimental, as relações existentes entre 
determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto 
à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; final-
mente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua 
imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os tex-
tos sagrados. Por sua vez, estas formas de conhecimento podem 
coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao 
estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, 
estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua 
vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso 
comum (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 79).
Parafraseando Gil (2011), os estudiosos mais críticos e que buscam 
conhecimentos mais precisos sobre a realidade e a relação do homem com 
a sociedade não deixam de considerar os saberes produzidos por meio da 
religião, do senso comum e da filosofia, contudo, encontram no conheci-
mento científico as respostas mais adequadas para a explicação de aconteci-
mentos e fenômenos mais complexos; dessa forma, a ciência se estabelece 
como um dos principais e mais importantes componentes intelectuais do 
mundo contemporâneo, capaz de responder à questões mais complexas.
Lakatos e Marconi (2007) explicam que, além dos quatro conheci-
mentos discutidos, a educação é considerada uma forma de produção de 
conhecimento que é acompanhado por uma figura de autoridade, e isso 
ocorre desde a infância, momento em que pais e professores apresentam o 
mundo às crianças, estendendo-se até a fase adulta, quando líderes gover-
namentais, jornalistas e escritores repassam valores, comportamentos e 
crenças tidos como certos, e conforme a sociedade lhes dá credibilidade 
tais informações passam a ser consideradas verdadeiras.
Sobre o conhecimento adquirido via educação, pode ser religioso, 
do senso comum, filosófico e até mesmo científico. Cabe destacar que 
o processo de educação passa por diferentes fases e formas, ou seja, os 
primeiros ensinamentos de uma criança vêm dos pais ou responsáveis por 
– 13 –
O que é pesquisa
sua criação; é nesse momento que são aprendidos os primeiros conceitos 
sobre certo e errado, sobre o que é permitido fazer ou não, sobre regras, 
limites, entre outros princípios e valores que se diferenciam de acordo 
com a cultura e o contexto familiar.
Comumente, o segundo contato com o conhecimento via educação é 
por meio do sistema formal de ensino, que se inicia na educação infantil, 
na básica (ensinos Fundamental e Médio), no ensino superior, na pós-
-graduação (stricto e lato sensu) e na formação permanente e continuada.
Ao analisarmos os estudos de Lakatos e Marconi (2007) sobre a 
relação entre educação e figura de autoridade, percebemos que em para-
lelo à educação transmitida pela família e a transmitida pelas instituições 
de ensino existe a educação transmitida por figuras de autoridades que 
estão além desses espaços, como líderes religiosos, políticos, governan-
tes e patrões, ou seja, as pessoas estão constantemente aprendendo novos 
conhecimentos e saberes por meio de seus líderes; contudo, mesmo sendo 
sempre válidos, nem sempre esses conhecimentos são verdadeiros.
Gil (2011) esclarece que os conhecimentos obtidos em experiências 
individuais e sociais, com figuras de autoridade e vias de educação não 
formais (não adquiridos em instituições de ensino), em sua maioria não 
passam de ficção; ainda assim; é impossível deixar de lhes atribuir rele-
vânciaenquanto produtores de informações a respeito do mundo, uma vez 
que em grande parte são conhecimentos que vêm sendo construídos ao 
longo dos anos e até dos séculos.
1.2 Ciência e produção de conhecimento científico 
A origem da palavra ciência está relacionada ao conhecimento; no 
entanto, como vimos, nem todos os tipos de conhecimento pertencem à 
ciência. Para Gil (2011), embora o significado etimológico da ciência não 
esteja vinculado a sua definição, isso não impossibilita a reflexão sobre a 
diferença que existe entre o conhecimento científico e outras formas de 
conhecimento, podendo “considerar a ciência como uma forma de conhe-
cimento que tem por objetivo formular, mediante linguagem rigorosa e 
apropriada – se possível, com auxílio da linguagem matemática –, leis que 
regem os fenômenos” (GIL, 2011, p. 22).
Pesquisa em Serviço Social
– 14 –
Segundo Lakatos e Marconi (2007, p. 80) “Entendemos por ciência 
uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logi-
camente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que 
se deseja estudar [...]”. Vemos, então, que a ciência atenta para o conheci-
mento mais aprofundado de algo, e isso ocorre por meio de observação, 
identificação, explicação e de um conjunto de conhecimentos sistematiza-
dos e adquiridos ao longo de uma pesquisa, tendo como objetivo descrever 
e comprovar de forma metódica e racional teorias acerca de acontecimentos.
Seguindo os estudos de Gil (2011) e Lakatos e Marconi (2007), as 
leis que regem os fenômenos são as mais variáveis possíveis, mas podem 
de forma mais precisa descrever a ciência considerando suas caracterís-
ticas essenciais, pois são capazes de descrever com maior exatidão uma 
sequência de fenômenos, podem comprovar algo mediante observação e 
experimentação e têm a capacidade de minimamente prever acontecimen-
tos futuros. Sendo assim, a ciência se caracteriza como um conhecimento 
produzido de forma objetiva, racional, sistemática, geral, verificável e 
falível. Podemos explicá-la da seguinte maneira:
é objetivo porque descreve a realidade independentemente dos capri-
chos do pesquisador. É racional porque se vale sobretudo da razão, e 
não de sensação ou impressões, para chegar a seus resultados. É siste-
mático porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas 
racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidades 
cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamen-
talmente à elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos 
os fenômenos de certo tipo. É verificável porque sempre possibilita 
demonstrar a veracidade das informações. Finalmente, é falível por-
que, ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo 
homem, reconhece sua própria capacidade de errar (GIL, 2011, p. 21).
As ciências contemplam algumas características que as tornam mais 
fáceis de serem compreendidas, pois têm um objetivo ou uma finalidade e 
buscam delimitar características e acontecimentos comuns entre determi-
nado grupo de fenômenos, além de terem uma capacidade de função em 
que seu alvo é melhorar a relação do homem com o mundo. Sua delimitação 
acerca do objeto a ser estudado é apresentada de forma definida e subdi-
vida em dois grupos: o primeiro grupo está relacionado com definir o que é 
material, aquilo que se pretende estudar, analisar e compreender; o segundo 
grupo é o objetivo formal que se pretende alcançar com a pesquisa.
– 15 –
O que é pesquisa
Em face da multiplicidade dos fenômenos universais e da necessi-
dade do ser humano de estudar e compreendê-los, surgiram diversas rami-
ficações das ciências, cada uma específica a sua complexidade e conteúdo.
Figura 1.1 – Ramificações da ciência
CIÊNCIAS
FORMAIS
FACTUAIS
SOCIAIS
NATURAIS
Matemática
Lógica
Antropologia Cultural
Direito
Economia
Política
Psicologia Social
Sociologia
Física
Química
Biologia
Fonte: Lakatos e Marconi (2007).
Inicialmente a ciência se desdobra em duas categorias: formais e 
factuais, também chamada de empíricas. As ciências formais são ideias 
lógicas em que a matemática e a lógica formal são as mais importantes; as 
ciências factuais atuam por meio de acontecimentos e processos e se sub-
dividem em dois grupos classificados como ciências naturais e sociais. As 
ciências naturais abrangem principalmente a física, a química e a biologia; 
entre as ciências sociais estão antropologia cultural, direito, economia, 
política, psicologia social e sociologia.
A ciência é dividida em diversos ramos, sendo cada um deles res-
ponsável por uma área de estudo específica. A ciência vinculada ao ramo 
da lógica e da matemática por meio de estudos busca correlacionar os 
acontecimentos da vida humana com a lógica numérica e constantemente 
provar fatos por meios precisos e exatos. As ciências naturais são res-
ponsáveis pelo estudo da natureza e dos fenômenos naturais relacionados 
ao mundo, como a chuva, plantas, mares, microrganismos e demais seres 
vivos. As ciências sociais são um ramo interligado com as ciências huma-
nas, responsáveis por estudar as relações humanas em sociedade; contudo, 
quando nos referimos às ciências humanas, existem situações em que é 
difícil identificar o que é ciência e o que é filosofia, visto que alguns auto-
res integram a filosofia ao campo das ciências humanas.
Pesquisa em Serviço Social
– 16 –
Ao longo dos estudos acerca da ciência e da produção de conheci-
mento, percebemos que existem diversas formas de adquirir conhecimento, 
mas que nem todo conhecimento adquirido é de fato verdadeiro. A ciência 
busca explicá-los, prová-los ou não, no entanto mesmo não tendo base teó-
rica e científica os conhecimentos do senso comum, o religioso e o filosó-
fico são indispensáveis para a produção do conhecimento científico, pois é 
a partir da descoberta de novos fatos e fenômenos que muitas vezes nascem 
da curiosidade que surgem também novos conhecimentos científicos.
Observando os estudos de Silva (2015), podemos concluir que todo 
tipo de conhecimento, científico ou não, foi acumulado historicamente 
pelo homem e por isso tem o próprio valor e o que os distingue é o modo 
são produzidos. O que podemos compreender por intermédio da expli-
cação de Silva (2015), Gil (2011) e Lakatos e Marconi (2007) é que a 
ciência não é a única forma de obter o conhecimento verdadeiro; determi-
nado fenômeno ou objeto de estudo pode ser observado tanto pelo homem 
científico como pelo homem comum e o que levará para o conhecimento 
comum ou científico será a metodologia utilizada para a observação.
Para que haja uma compreensão racional de sistematizações acerca de 
acontecimentos e fenômenos, precisa-se de conhecimentos que ultrapas-
sem o conhecimento comum. Posto isso, é necessária a utilização de sabe-
res teóricos em que se baseiam as ciências. Podemos assim concluir que
o ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da rea-
lidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançado se não 
ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da 
experiência particular; é necessário abandonar o ponto de vista 
antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de 
objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos senti-
dos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxí-
lio das teorias (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 76).
O conhecimento científico se constitui no conjunto de processos e 
métodos que empregam a investigação, e sua construção ultrapassa o 
empírico e o imediato daquilo que está posto na realidade. Contemporane-
amente, o conhecimento científico tem como objeto a maior aproximação 
possível ao que de fato é verídico e para isso utiliza um método capaz 
de auxiliá-lo no controle, na sistematização, na revisão e na segurança, 
afastando saberes não científicos; porém, mesmo com sua constante busca 
– 17 –
O que é pesquisa
pela verdade, cabe lembrar que a ciência é um processo inacabado e em 
construção e por esse motivo pode ser alterado e evoluído.De acordo com Richardson (2010), o conhecimento científico tem 
três etapas: a fase dos reflexos primordiais, a fase do saber e a fase da ciên-
cia. O autor explica que todas têm uma característica comum, a capacidade 
que o ser humano tem de representar o espaço que o rodeia e consequen-
temente de reagir a ele. Para Richardson (2010), a terceira etapa merece 
destaque, na qual o conhecimento é questionado por explicações e pro-
blematizações de acontecimentos, fatos, fenômenos e objetos em estudo. 
É nesse processo, então, que o saber científico se define como metódico. 
Podemos ainda dizer que a terceira etapa do conhecimento científico é na 
qual ocorre a organização da realidade em busca da descoberta da essência 
das leis que definem os seres, os fenômenos e os acontecimentos, tendo 
por fim um único alvo: utilizar as particularidades de coisas e de processos 
naturais em prol da espécie humana; nesse contexto, a ciência possibilita 
a transformação da natureza e amplia o conhecimento.
1.3 Método científico e seus elementos 
Originalmente, a palavra método é grega (meta = além de, pós de; 
ódos = caminho) e a partir de sua origem podemos concluir que método é a 
maneira ou o caminho que será percorrido para obter determinado resultado:
Estes métodos esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que 
deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos 
fatos da natureza e da sociedade. São, pois, métodos desenvol-
vidos a partir de elevado grau de abstração, que possibilitam ao 
pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das 
regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações 
(GIL, 2011, p. 9).
Concluindo o conceito de método, é certo dizer que é a junção de 
atividades sistemáticas e racionais que por meio de maior segurança 
abre caminhos para que a ciência alcance seus objetivos de construção 
de conhecimento válidos e verdadeiros. Contudo, para que os objetivos 
sejam alcançados o pesquisador precisa definir a metodologia que será 
seguida, ou seja, o conjunto de procedimentos e instrumentais técnicos 
que serão utilizados ao longo da pesquisa.
Pesquisa em Serviço Social
– 18 –
A metodologia é o cuidado com a escolha dos instrumentais que serão 
utilizados e para que a ciência alcance seus objetivos, ou seja, “a metodo-
logia é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer ciência. 
Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da 
ciência é tratar a realidade teórica e praticamente” (DEMO, 1987, p. 18).
Contudo, essa forma de metodologia científica nem sempre existiu. 
Conforme os estudos de Gil (2011), a busca por explicações dos fenô-
menos naturais vem de muito tempos e foi no século XVI que se iniciou 
uma linha de pensamento que aponta para a construção de conhecimento 
sustentado por maiores veracidade na busca do real. A partir daquele 
momento, deixou-se de buscar apenas as causas concretas dos fenômenos, 
passando a questionar também a relação existente entre a natureza e seus 
fenômenos, alinhando assim a observação científica ao raciocínio.
Parafraseando os estudos de Gil (2011), o conhecimento científico 
pode ser construído, principalmente, a partir do método indutivo, dedutivo, 
hipotético dedutivo e o método dialético. Para que esses métodos alcancem 
os objetivos científicos, precisam seguir algumas etapas, sendo elas desco-
brimento do problema, colocação precisa do problema, procura de conhe-
cimentos ou instrumentos relevantes ao problema, tentativa de solução do 
problema com auxílio dos meios identificados, invenção de novas ideias, 
obtenção de uma solução, investigação das consequências da solução 
obtida, prova (comprovação) da solução e correção de hipóteses, teorias, 
procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta.
Quadro 1.2 – Etapas de um método científico 
Ordem 
da etapa Nome da etapa Descrição da etapa
1ª Descobrimento do problema
Onde é descoberta a lacuna 
que existe em determi-
nado conhecimento e que 
precisa ser pesquisada. 
2ª Colocação pre-cisa do problema
Recolocação de um velho 
problema à luz de novos conhe-
cimentos (empíricos ou teóricos, 
substantivos e metodológicos).
– 19 –
O que é pesquisa
Ordem 
da etapa Nome da etapa Descrição da etapa
3ª
Procura de conheci-
mentos ou instrumentos 
relevantes ao problema
Levantamento de dados empí-
ricos, teorias, aparelhos de 
medição, técnicas de cálculo 
ou de medição, analisando 
o conhecimento em busca 
de resolver o problema.
4ª
Tentativa de solução do 
problema com auxílio 
dos meios identificados 
Busca de resposta ao pro-
blema por meio dos conhe-
cimentos identificados. 
5ª Invenção de ideias 
Levantamento de hipóteses, teo-
rias ou técnicas para a produção 
de novos dados empíricos que 
prometam resolver o problema.
6ª Obtenção de solução
Exata ou aproximada resolu-
ção do problema com auxílio 
do instrumental conceitual 
ou empírico disponível.
7ª
Investigação das 
consequências da 
solução obtida
Em se tratando de uma teo-
ria, é a busca de prognósticos 
que possam ser feitos com 
seu auxílio; tratando-se de 
novos dados, é o exame das 
consequências que possam ter 
para as teorias relevantes.
8ª Prova (comprova-ção) da solução
Confronto da solução com 
a totalidade das teorias e da 
informação empírica perti-
nente. Se o resultado é satisfa-
tório, a pesquisa é dada como 
concluída até novo aviso. 
Pesquisa em Serviço Social
– 20 –
Ordem 
da etapa Nome da etapa Descrição da etapa
9ª
Correção de hipóteses, 
teorias, procedimentos 
ou dados emprega-
dos na obtenção da 
solução incorreta
Avaliação sob a resposta 
obtida referente ao problema, 
sendo muito comum ocor-
rer o começo de um novo 
ciclo de investigação.
Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 1.2 – Etapas para a produção de conhecimento científico
Problema ou lacuna
Não explicação
Colocação precisa do problema
Procura de conhecimento ou instrumentos relevantes
Tentativa de solução
Inútil
Invenção de novas ideias ou produções de novos dados empíricos
Obtenção de uma solução
Prova da solução
Satisfatória
Não satisfatória
Início de novo ciclo
Explicação
Satisfatória
Conclusão
Fonte: Lakatos e Marconi (2007).
– 21 –
O que é pesquisa
O Quadro 1.2 apresenta as etapas de produção do conhecimento cien-
tífico de forma esquematizada. Caso o problema ou a lacuna encontrada 
já tenha uma explicação, a sistematização se encerra ali, no entanto; se 
houver a necessidade de busca por uma explicação, o pesquisador necessita 
colocar o objeto de pesquisa em forma de problema apresentando-o sempre 
de forma clara e precisa; feito isso, avança-se à terceira etapa, a de levan-
tamento de dados e de conhecimentos já produzidos acerca do problema, 
buscando a solução do problema. Nessa etapa, a pesquisa pode seguir dois 
caminhos: um quando a solução se torna satisfatória e então o pesquisa-
dor segue seus estudos com a etapa de prova da solução, momento em 
que busca provar a solução do problema levantado – sendo satisfatória a 
prova, a pesquisa se dá por concluída; quando não satisfatória, inicia-se um 
novo ciclo de estudos em busca de novas respostas. O outro caminho citado 
ocorre quando a tentativa de solução é inútil e a partir daí o pesquisador 
precisa inventar novas ideias ou produzir novos dados empíricos, buscando 
a obtenção de uma solução, que pode ser provada ou não, seguindo assim o 
mesmo percurso mencionado na descrição do caminho anterior.
Ainda sobre a esquematização das etapas que percorrem os métodos 
científicos e o processo de produção do conhecimento científico, seguimos 
os estudos de Richardson (2010) e verificamos que nas mais diversas áreas 
da ciência existem cinco elementos que, de forma comum, estruturam as 
pesquisas científicas: as metas, o modelo, os dados, a avaliação e a revisão.
De acordo com Richardson (2010) , a meta diz respeito ao objetivo 
do estudo, o que se pretende alcançar com o estudo realizado; já o modelo 
diz respeito à forma como serão levantadase organizadas as informações 
acerca da realidade estudada; dados são informações levantadas ao longo 
das investigações; a avaliação trata do processo de decisão sobre a validade 
do modelo escolhido para a coleta de dados, quando se verifica a sufici-
ência dos instrumentais utilizados para coletar e analisar as informações 
que envolvem o objeto de estudo; a revisão, nada mais é que as mudanças 
necessárias no modelo;: se o modelo não dá conta dos dados, procede-se a 
uma revisão, modificação ou substituição (RICHARDSON, 2010, p. 23).
Concluindo a discussão acerca do conceito de método e de metodolo-
gia científica, vale destacar que o método científico é um processo dinâmico 
de avaliação e revisão do processo da pesquisa, então está sempre em 
movimento na busca por novas explicações e soluções.
Pesquisa em Serviço Social
– 22 –
1.4 Tipos de métodos 
Conforme Lakatos e Marconi (2007), o método indutivo é caracteri-
zado por ser um processo mental que parte de particularidades, suficiente 
e constante de algum fato, inferindo um caráter verídico sob determi-
nada informação. A indução parte do raciocínio que, após considerar um 
número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral sobre 
o objeto de estudo. O método indutivo busca concluir conhecimentos que 
vão além das premissas que baseiam determinado fato.
Por exemplo: o avião 1 é azul, o avião 2 é azul, o avião 3 é azul, x 
aviões são azuis; logo, todo avião é azul. O método indutivo, além das 
características citadas, é orientado por leis, regras e fases. Diante dessa 
informação, necessita-se considerar três elementos indispensáveis para 
toda indução: a observação dos fenômenos, a descoberta da relação entre 
eles e a generalização da relação.
Na observação dos fenômenos, o pesquisador busca observar fatos e 
fenômenos tendo em vista localizar suas causas e manifestações. A segunda 
fase ocorre a partir da descoberta da relação entre eles, quando momento o 
pesquisador, por meio de comparação, busca uma aproximação sobre fatos 
ou fenômenos ocorridos tendo como objetivo descobrir relações entre eles. 
A terceira e última etapa ocorre com a generalização encontrada na prece-
dência da relação entre os fatos ou fenômenos, ou seja, a relação que existe 
entre os fatos e fenômenos apresentados logo na primeira etapa.
Figura 1.3 – Exemplo de método indutivo
Marta, Maria, Madalena e outros seres humanos são mortais.
Ser humano é ser mortal.
Todos os seres humanos são mortais.
Fonte: elaborada pelo autor.
Vemos que na primeira fase identifica-se que Marta, Maria, Mada-
lena e outros seres humanos são mortais; na segunda fase observa-se a 
relação entre ser humano é ser mortal; na terceira fase generaliza-se que 
– 23 –
O que é pesquisa
todos os seres humanos são mortais. Essa conclusão vem embasada nas 
informações apresentadas na primeira fase.
Figura 1.4 – Fases para evitar erros no método indutivo
Verificar 
se realmente 
existe relação 
entre os 
fatos e os 
fenômenos 
a serem 
estudados.
Verificar 
se os fatos e 
os fenômenos 
são idênticos.
Considerar 
o aspecto 
quantitativo 
da ciência.
Fonte: elaborada pelo autor.
As fases citadas evitam possíveis erros relacionados à indução; a pri-
meira fase evita o estudo de fatos e fenômenos que não têm relações uns 
com os outros; a segunda evita aproximação entres objetos de estudos 
diferentes em que a semelhança é meramente acidental; e a última garante 
a verificação matemática e estatísticas dos objetos de estudo.
Parafraseando Gil (2011), as fases e as regras do método indutivo são 
fundamentadas por duas leis. A primeira indica que as mesmas circuns-
tâncias produzem as mesmas causas e os mesmos efeitos, e a segunda é 
que toda verdade sobre determinado objeto individual é verdade para esse 
mesmo objeto universal, conforme mostrado na Figura 1.3 – se vários 
seres humanos são mortais; logo, todos os seres humanos são mortais.
De acordo com Lakatos e Marconi (2007), o método indutivo ocorre 
de duas formas. Uma delas foi citada por Aristóteles, a completa ou for-
mal; para o filósofo, essa forma de indução não se baseia em alguns casos, 
mas em todos; sendo assim, cada um dos elementos anteriores é com-
provado pela experiência. Exemplo: segunda, terça, quarta, quinta, sexta, 
sábado e domingo têm 24 horas, todos esses dias são dias da semana; logo, 
todos os dias da semana têm 24 horas.
O que percebemos com essa forma do método indutivo é que por meio 
dela não são criadas informações novas, e são apresentadas apenas informa-
Pesquisa em Serviço Social
– 24 –
ções já existentes; por esse motivo, essa forma é dispensável à ciência. Outra 
opção foi apresentada por Galileu e aprimorada por Francis Bacon: a incom-
pleta ou científica, que não se baseia em fato ou fenômenos já comprovados 
ou enumerados pela experiência, e sim cria possibilidades para a negação 
ou a verdade sobre algo que se pode dizer, porém ainda não foi dito ou 
comprovado. Podemos dizer, ainda, que a forma indutiva incompleta ou 
científica está fundamentada na causa ou na lei que rege os acontecimentos 
em torno de um considerável número de fatos ou fenômenos. Janeiro, feve-
reiro, março, abril, maio, junho julho, agosto, setembro, outubro, novembro 
e dezembro têm dias e semanas, então janeiro, fevereiro, março, abril, maio, 
junho julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro têm dias e 
semanas; logo, todos os meses do ano são compostos por dias e semanas.
Sobre a necessidade de coleta de amostras para comprovação ou 
negação de determinado fato ou fenômeno, é necessário observar um 
levantamento que seja sempre o suficiente para estudo. Cohen e Nagel, 
citados por Lakatos e Marconi (2007), apontam para o seguinte: alguns 
casos de indução necessitam de um número mais elevado de amostras, 
enquanto outros dispensam pouca quantidade de amostras. No entanto,
nunca podemos estar completamente seguros de que um caso veri-
ficado seja uma amostra imparcial de todos os casos possíveis, em 
algumas circunstâncias a probabilidade de que isto seja verdade é 
muito alta. Tal acontece quando o objeto de investigação é homo-
gêneo em certos aspectos importantes. Porém, em tais ocasiões, 
torna-se desnecessário repetir um grande número de vezes o expe-
rimento confirmatório de generalização, pois, se o caso verificado 
é representativo de todos os casos possíveis, todos eles são igual-
mente bons (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 89).
As amostras devem ser coletadas em quantidade suficiente para 
estudo, tendo como finalidade afirmar com clareza e objetividade que fatos 
e fenômenos são provocados por acontecimentos regidos pelas próprias 
leis naturais; no entanto, é necessário levantar possibilidades de variações 
que podem ser provocadas por acontecimentos acidentais – caso o objeto 
de estudo continue ocorrendo pelas mesmas circunstâncias, torna-se quase 
certo afirmar que a causa de determinado fenômeno é a própria natureza.
De acordo com Gil (2002), a quantidade numérica de amostra depende 
da quantidade do universo. Por exemplo, considerando um universo de 2,5 
– 25 –
O que é pesquisa
mil indivíduos, a amostra pode variar de 3,8% a 50% em relação ao total, 
contudo a amostragem de 3,8% terá margem de erro de 10%, ao passo que 
a amostragem de 50% terá margem de erro de apena 2%. No caso de um 
universo com 100 mil indivíduos, uma amostragem de 9% terá margem de 
erro de aproximadamente 1%, enquanto a amostragem de 1% do universo 
terá margem de erros de 10%.
O pesquisador precisa verificar as condições e o tempo disponível para 
finalizar a pesquisa e diante disso verificar a quantidade de amostra sufi-
ciente e passível de alcance. Portanto, quanto maior e mais significativa for 
a amostra maior será a força de argumentação sobre algo, por isso devemos 
sempre nos atentar para a quantidade de amostras, para que não haja pro-
blemas de legitimidade sobre o conhecimento produzido. Quando a amostra 
é insuficiente, as informações acerca dos acontecimentos se tornaminsufi-
cientes para sustentar a generalização final ou o resultado do estudo.
Outro risco é a coleta de amostras tendenciosas, que ocorre quando a 
coleta de amostras abrange uma parcela de acontecimentos que estão vin-
culados apenas a uma circunstância do fato ou fenômeno. Por exemplo, 
quando determinado político decide fazer uma pesquisa de satisfação, porém 
mesmo que abranja um considerável número de pessoas alcança apenas os 
apoiadores dele; logo, o resultado não será verdadeiro, e sim tendencioso.
O segundo método é dedutivo. Uma das características que não pode-
mos deixar de apresentar é que, assim como no indutivo, suas conclusões 
ocorrem com base em suas premissas, no entanto as verdadeiras consequen-
temente o levam a conclusões verdadeiras, enquanto no método indutivo as 
premissas verdadeiras levam apenas a conclusões prováveis e aproximadas.
De acordo com Gil (2011), ambos têm diversas finalidades, ao passo 
que o dedutivo busca solucionar e explicar o conteúdo incluído em suas 
premissas, em suas informações iniciais acerca do objeto de estudo, e o 
indutivo tem o objetivo de buscar novas informações acerca de determi-
nado fenômeno, por isso pode ser verdadeiro ou não.
Nesse âmbito, podemos concluir que, no caso do método dedutivo, quando 
suas primícias não sustentam a conclusão da observação, não são suficientes 
para a conclusão; em outras palavras, para uma conclusão verdadeira a dedu-
ção depende de uma premissa que sustente por completo sua conclusão.
Pesquisa em Serviço Social
– 26 –
Já no método indutivo, para sustentar sua conclusão os argumen-
tos suportam diferentes graus de intermédios entres suas premissas e as 
demais informações observadas ao longo da pesquisa. As informações 
indutivas elevam o conteúdo das premissas em prol de um resultado mais 
próximo possível da verdade, então o método indutivo cria informações 
em busca da certeza enquanto o método dedutivo se baseia apenas nos 
argumentos já postos.
Outro método apresentado pelas autoras é o hipotético-dedutivo, que 
pode ser apresentado sob duas perspectivas: uma delas é segundo Karl R. 
Popper. Lakatos e Marconi (2007) apontam que o método científico se 
inicia com um problema (P1), oferecendo um tipo de resolução provisória 
e dando continuidade com uma teoria-tentativa (TT), parte para a crítica 
da solução, tendo como objetivo a eliminação do erro (EE), podendo esse 
processo se renovar e dar origem a um novo problema (P2), ocorrendo 
assim o processo dialético, no qual a produção de conhecimento começa 
e termina com um problema e pode ser apresentado esquematicamente da 
seguinte forma:
Quadro 1.3 – Esquema das fases do método hipotético-dedutivo
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5
Conhe-
cimento 
levantado 
previamente
Problema 
inicial (P1)
Teoria-ten-
tativa (TT): 
Levan-
tamento 
de novas 
informações 
acerca do 
objeto de 
estudo.
Eliminação 
do erro (EE) 
Origem de 
um novo 
problema 
(P2)
Fonte: elaborado pelo autor.
De acordo com Pópper, citado por Lakatos e Marconi (2007), esse 
processo consiste no aspecto investigatório da pesquisa, em que o pro-
blema surge tendo como base conflitos em teorias existentes. A segunda 
fase, a conjectura, é uma nova teoria proposta para a solução do problema 
– 27 –
O que é pesquisa
e que passará por teste, a terceira fase; o falseamento é a fase de observa-
ção e experimentação para provar ou não a teoria levantada. Nesse último 
momento, caso a hipótese (nova teoria) levantada não seja comprovada 
é considerada uma hipótese falseada e exige então da reformulação do 
problema e da hipótese.
Outra perspectiva sobre o método hipotético-dedutivo é segundo 
Bunge, citado por Lakatos e Marconi (2007), em que o método se inicia 
com a colocação do problema. Na primeira fase ocorrem o levantamento e a 
classificação dos fenômenos a serem estudados, encontro de lacunas e teorias 
já existentes a respeito do objeto de estudo e por último a formulação do pro-
blema, ou seja, a questão que será respondida ou não ao longo da pesquisa.
A segunda etapa é a construção de um modelo teórico, quando são 
levantadas informações pertinentes para a solução do problema, criam-se 
as hipóteses e as possíveis soluções e variáveis observadas ao longo do 
levantamento de informações. A terceira etapa consiste na dedução das 
consequências particulares, ou seja, a busca por fundamentos racionais do 
modelo teórico levantado.
Em sequência, na quarta etapa ocorre o teste das hipóteses levanta-
das. Por último, a quinta fase é fundamentada pela adição ou introdução 
das conclusões na teoria, quando ocorre a comparação entre as conclusões 
levantadas no modelo teórico; não tendo um resultado positivo, ocorre em 
sequência o reajuste do modelo teórico. Findada a quinta etapa, quando 
o modelo não é confirmado, buscam-se os erros e as lacunas no processo 
metodológico; quando confirmado, podem-se desdobrar novos estudos 
para possíveis extensões e construções de novos conhecimentos sobre o 
objeto de estudo, a hipótese e o problema confirmado.
De acordo com Gil (2011), o conceito de dialética é antigo e foi uti-
lizado por Platão tendo como significado de arte do diálogo; ao longo da 
idade média era um termo utilizado com o significado de lógica. Na con-
temporaneidade, dialética é fundamentado sob preceitos de Hegel, para 
quem o contexto histórico da humanidade sofreu processo dialético, pois 
as contradições e os fatos originados delas são ultrapassados e dão origem 
a novas contradições e fatos que passam a requerer novas respostas, dessa 
forma a teoria hegeliana apresenta a hegemonia das ideias sobre a matéria.
Pesquisa em Serviço Social
– 28 –
No entanto, Marx (2013) em sua obra O capital: Crítica à econo-
mia política, no qual o filósofo discute a relação entre os aspectos que 
envolvem o modo de produção capitalista e as mudanças na sociedade, o 
autor apresenta algumas objeções em relação à concepção de Hegel sobre 
o método dialético.
Observando a obra citada e Netto (2009), percebemos que, enquanto 
Hegel acreditava que a dialética (a constante mudança na sociedade) 
estava ligada apenas a fatores materiais, Marx defendia que o processo 
dialético que envolve essas mudanças tem uma ligação direta não apenas 
aos fatores materiais, mas também os fatores subjetivos como a cultura, a 
educação e os costumes que regem uma sociedade.
Gil (2011) esclarece que a partir dessa discussão o método dialético 
passou a ser regido por três princípios: unidade dos opostos, quantidade 
e qualidade e negação da negação, no entanto Lakatos e Marconi (2007) 
apontam para um quarto princípio, a interpenetração dos contrários, con-
tradição ou luta dos contrários.
No princípio da unidade dos opostos, todos os objetos e fenômenos 
têm características opostas, mas que são organicamente ligadas umas às 
outras, constituindo uma unidade de opostos inseparáveis; no entanto, os 
opostos se apresentam em constante luta entre si, o que consequentemente 
institui a realidade existente. Um exemplo de opostos que segue essas 
características apontada por Gil (2011) e foi muito comentado e estudado 
pelo filósofo Karl Marx é a relação existente entre capital e trabalho, na 
qual uma classe depende da outra para ser estabelecida, o que as torna 
inseparáveis; contudo, decorrente de seus interesses antagônicos, man-
têm-se em constante conflito, no chamado conflito de classes.
Diante do exposto, podemos concluir que a dialética apresenta fun-
damentos capazes de proporcionar uma interpretação o mais próximo pos-
sível da realidade, visto que considerada o total, da sociedade, ou seja, 
fatores materiais e subjetivos.
Conforme Lakatos e Marconi (2007), os métodos específicos das 
ciências sociais são classificados em nove tipos: método dos métodos, 
método histórico, método comparativo, método monográfico, método 
estatístico, método tipológico, método funcionalista, método estruturalista 
– 29 –
O que é pesquisa
e métodos de quadro de referência. Daremos início falandobrevemente do 
método dos métodos, que constitui os métodos indutivo, dedutivo, hipoté-
tico dedutivo e dialético.
Outro método específico das ciências sociais apontado por Lakatos e 
Marconi (2007) é o método histórico, que mostra para que as formas atu-
ais da sociedade e dos fenômenos têm suas raízes no passado, o que torna 
indispensável uma pesquisa histórica, ou seja, o método histórico consiste 
em investigar a influências de fatos do passado sob fatos do presente.
Outro método é o comparativo, no qual se observa tanto as diferenças 
como as semelhanças entre os diversos grupos e povos que constituem 
uma sociedade, tendo como objetivo principal compreender de forma 
mais exata o comportamento humano.
Conforme os estudos de Gil (2011) e Lakatos e Marconi (2007), o 
método monográfico se baseia na primazia de que um objeto estudado 
em profundidade pode servir de base aos demais casos e objetos seme-
lhantes e tem como objetivo estudar determinados indivíduos, profissões, 
condições, instituições, grupos ou comunidades com a finalidade de obter 
informações generalizadas.
O método estatístico diz respeito a termos quantitativos e que permi-
tem observar a relação entre diferentes grupos e conjuntos. Diante disso, 
diminui a presença de fenômenos sociológicos, políticos e econômicos, 
dando prioridade a fenômenos quantitativos e estatísticos, tendo como 
objetivo, demonstrar a relação entre os fenômenos e a generalização refe-
rente a ocorrência, origem ou significado dos fatos ocorridos; o método 
estatístico busca apresentar dados quantitativos sobre a sociedade.
O método tipológico é semelhante ao comparativo pois, ao observar 
fatos complexos na sociedade, o pesquisador cria modelos ideais tendo 
como base os fundamentos dos fatos observados. O método funcionalista 
é vinculado; mais a interpretação do que a investigação, estuda a socie-
dade a partir do papel desempenhado por cada grupo social, considerando 
sempre que cada um é mais compreendido quando olhado na perspectiva 
de suas funções.
O método estruturalista investiga determinado fenômeno em seu 
aspecto concreto, no entanto segue os estudos ao nível abstrato do objeto 
Pesquisa em Serviço Social
– 30 –
de estudo, e isso ocorre pois se considera indispensável para uma boa 
compreensão concreta da sociedade e uma linguagem abstrata dela, tendo 
em vista encontrar outro modelo que represente melhor o objeto de estudo. 
O modelo estruturalista busca apresentar novos modelos para a sociedade, 
caminhando sempre do concreto para o abstrato e do abstrato ao concreto.
O último método é quadro de referência, que se apresenta de forma 
diferente dos métodos de abordagem, considerado um método de proce-
dimento que utiliza um conjunto de método, buscando o levantamento de 
diversos aspectos sobre determinado objeto; em uma só pesquisa, podem 
ser utilizados dois ou mais dos métodos que foram citados.
Síntese 
Como observamos, o conceito de ciência está relacionado ao conhe-
cimento, mas não podemos dizer que todo conhecimento é produzido 
cientificamente, pois existem aqueles construídos com bases religiosas, 
filosóficas ou no senso comum; contudo, tanto um como outro, no que 
tange à produção de novos conhecimentos, têm os próprios valores. O 
que diferencia os tipos de conhecimentos é a forma como as informa-
ções são produzidas. Sobre isso, podemos afirmar que a ciência utiliza 
métodos e metodologias mais sistematizadas e organizadas, o que torna 
a produção científica objetiva, racional, sistemática, geral, verificável e 
falível. O conhecimento científico é produzido sob fundamento de fatos 
experimentados seguindo sempre um método, ou seja, um caminho pró-
prio da produção científica. Concluindo nossos estudos sobre a produção 
de conhecimento científico, observamos que, além do método, o pesqui-
sador utiliza um conjunto de instrumentais ao longo desse caminho, os 
quais junto à definição do método, compõem a metodologia; ou seja, para 
o conhecimento ser científico, precisa ser embasado em uma metodolo-
gia científica, composta por instrumentais e métodos científicos. Sendo 
assim, ao elaborar uma pesquisa vinculada ao Serviço Social, o pesqui-
sador precisa estar atento aos métodos e à metodologia mais apropriada 
a essa matéria. Ao desenvolver uma pesquisa, o profissional em Serviço 
Social precisa delimitar a metodologia de ensino considerando, preferen-
cialmente, o método histórico-dialético, pois a base teórica da profissão 
– 31 –
O que é pesquisa
se vincula estreitamente aos pensamentos teórico-marxistas. Contudo, 
a utilização do método histórico-dialético não exclui do profissional em 
Serviço Social a necessidade de conhecer os demais métodos científicos, 
uma vez que isso possibilita construir novos conhecimentos dentro do que 
é proposto pela base teórica e metodológica do Serviço Social, evitando 
a construção de conhecimentos que trazem pouca contribuição teórica à 
profissão, por isso aconselhamos que as obras citadas ao longo do capítulo 
sejam lidas e estudadas íntegra.
Atividades 
1. O processo de pesquisa é responsável pela produção de novos 
conhecimentos e por isso se torna indispensável tanto para a for-
mação acadêmica como para a prática profissional; no entanto, 
o conhecimento não é o único tipo de conhecimento apontado 
por Gil (2011) e Lakatos e Marconi (2007). Explane acerca dos 
quatro tipos de conhecimentos apontados:
2. O conceito de ciência está relacionado ao conhecimento; logo, 
a ciência busca a produção de conhecimentos. No entanto, nem 
todo conhecimento é científico. Diante do exposto, fale acerca 
do conceito de ciência:
3. Toda ciência e toda forma de produção de conhecimento para 
produzir novas informações utiliza métodos e metodologia que 
direcionam e embasam os dados levantados, mas nem todo conhe-
cimento que utiliza métodos e metodologias é considerado cien-
tífico. Discorra acerca da diferença entre método e metodologia:
4. Desde os primórdios, o homem busca a construção de conhe-
cimento que o leve a compreender o mundo em que vive. Foi 
no século XVI que, de acordo com Lakatos e Marconi (2007), 
iniciou-se uma linha de pensamento que direcionava uma cons-
trução de conhecimento sustentada por causas e informações 
mais concretas. Atualmente, o método científico utiliza alguns 
elementos (etapas) indispensáveis para a produção de novos 
conhecimentos. Aponte quais são esses elementos:
2
Bases 
teórico-filosóficas 
da pesquisa em 
Serviço Social 
Ao longo do capítulo, teremos como objetivo discutir as 
principais bases teórico-filosóficas para a pesquisa em Serviço 
Social. No primeiro momento, veremos o que é pesquisa, a prin-
cipal forma de produção de conhecimento, também muito utili-
zada no Serviço Social tanto ao longo da formação acadêmica 
como na atuação profissional; dessa forma, a pesquisa pertence 
ao processo social e político da profissão. Na sequência, veremos 
as principais características do positivismo, que na filosofia se 
trata de uma corrente do idealismo filosófico que, entre outras 
características, estuda os acontecimentos e os fenômenos de uma 
sociedade de forma isolada.
No terceiro momento, discutiremos a fenomenologia, que, 
assim como o positivismo, é considerada uma corrente do idea-
lismo filosófico. A leitura da realidade por meio dessa perspec-
tiva acredita que fenômenos e objetos existem e acontecem da 
mesma forma que são apresentados na consciência do sujeito, 
que precisa estar despido de valores, juízos e preconceitos. Por 
último, trataremos da corrente filosófica e crítica de Marx, que 
tem como base para a produção de conhecimentos o método 
Pesquisa em Serviço Social
– 34 –
materialismo histórico-dialético, sendo uma resposta filosófica embasada 
na prática social vivenciada pela humanidade.
 Teoria à Prática
Quando falamos em prática, é normal pensarmos em como 
vamos relacionar o conteúdo estudado com nosso cotidiano; 
dentro de uma realidade acadêmica, podemos vincular os estu-
dos deste capítuloà produção do trabalho de conclusão de curso 
(TCC), pois só após conhecer as principais bases teóricas do Ser-
viço Social é que poderá ser elaborado com qualidade, clareza e 
teorias concretas que tratam da realidade de forma crítica.
Sendo assim, definir os pontos que percorrem uma pesquisa 
deve ser o primeiro passo para a produção do conhecimento que 
dará corpo ao trabalho: definir o tema de pesquisa, o objeto a ser 
investigado, seus objetivos, a metodologia de pesquisa a ser apli-
cada e as categorias de análise, partindo da realidade vivida pelo 
pesquisador. Outro aspecto importante independente de a qual 
área será destinado o TCC (política de assistência social, saúde, 
educação, habitação, justiça, movimentos sociais), o pesquisador 
deverá definir qual linha teórica utilizará para fundamentar seu 
projeto, seja ela positivista, seja fenomenológica, seja marxista.
2.1 Base teórico-filosófica da 
pesquisa em Serviço Social
2.1.1 Positivismo
Conforme os estudos de Demo (1985), a pesquisa é o principal ins-
trumento para a produção de novos conhecimentos e indispensável para 
a aproximação da realidade social com a realidade profissional, o que a 
torna essencial para a atuação e um dos principais elementos para a for-
mação do assistente social principalmente porque a
– 35 –
Bases teórico-filosóficas da pesquisa em Serviço Social 
Pesquisa é a atividade científica pela qual descobrimos a realidade. 
Partimos do pressuposto de que a realidade não se desvenda na 
superfície. Não é o que aparenta à primeira vista. Ademais, nossos 
esquemas explicativos nunca esgotam a realidade, porque esta é 
mais exuberante que aqueles. A partir daí, imaginamos que sempre 
existe o que descobrir na realidade, equivalendo isto a aceitar que a 
pesquisa é um processo, interminável, intrinsecamente processual. 
É um fenômeno de aproximações sucessivas e nunca esgotado, não 
uma situação definitiva, diante da qual já não haveria o que desco-
brir (DEMO, 1985, p. 23).
De forma geral, a pesquisa consiste em procurar e encontrar respostas 
para algo por meio de teorias e bases científicas e produzir novos conhe-
cimentos acerca do objeto de estudo; sendo assim, todo pesquisador deve 
pensar cientificamente diante do fenômeno ou do objeto a ser estudado. 
Para pensar cientificamente, o pesquisador deve ampliar seus conhecimen-
tos, aprofundar a teoria e desvendar a realidade dos fenômenos estudados 
e por meio de reflexões encontrar conexões entre as teorias e os objetos ou 
fenômenos, pois só assim poderá definir verdades e desenvolver análises e 
sínteses por meio de reflexões acerca do assunto pesquisado.
Seguindo os estudos de Netto (2006), vale destacar que, mesmo sendo 
uma profissão intrinsecamente ligada à prática de pesquisa, o Serviço 
Social não tem uma teoria própria, não é uma ciência nem tem método 
próprio. A interlocução da profissão com a ciência é feita, principalmente, 
com as ciências sociais e humanas, sendo a partir desse diálogo realizadas 
mediações para análises e produção de conhecimento; ou seja, os métodos 
e as teorias das ciências sociais e humanas são adaptados para a realidade 
do Serviço Social.
Netto (2006, p. 12) explica que o Serviço Social se configura como 
profissão regulamentada, e desde a década de 1980 é considerado área do 
conhecimento, contribuindo para a construção de conhecimentos e a afir-
mação de um estatuto teórico. Sendo assim,
O Serviço Social é uma profissão – uma especialização do traba-
lho coletivo, no marco da divisão sociotécnica do trabalho – com 
estatuto jurídico reconhecido (Lei 8.669, de 30 de junho de 1993); 
enquanto profissão, não é uma ciência nem dispõe de teoria pró-
pria; mas o fato de ser uma profissão não impede que seus agentes 
realizem estudos, investigações, pesquisas etc. e que produzam 
Pesquisa em Serviço Social
– 36 –
conhecimentos de natureza teórica, incorporáveis pelas ciências 
sociais e humanas. Assim, enquanto profissão, o Serviço Social 
pode se constituir, e se constituiu nos últimos anos, como uma área 
de produção de conhecimentos [...].
De acordo com Gil (2008), para construir novos conhecimentos e 
chegar ao resultado esperado, o pesquisador deve utilizar ao longo da 
pesquisa instrumentos e técnicas que darão base para a construção de 
respostas. No âmbito do Serviço Social, as principais bases utilizadas 
em uma pesquisa para a produção de conhecimento e a aproximação 
com a realidade são as filosóficas. O conceito e as principais caracterís-
ticas do conhecimento filosófico foram discutidos no capítulo anterior, 
contudo, vale destacar que, conforme Deleuze e Guattari 1992, p. 03), “a 
filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos”; isto é, a 
filosofia é uma forma de conhecer o mundo, com a qual o filósofo busca 
explicar de forma científica a natureza e a sociedade utilizando algumas 
ideias sistematizadas.
Nos estudos de Lakatos e Marconi (2007) e Deleuze e Guattari 
(1992), observamos que existem três ideias principais que denotam expli-
cações e abordagens sobre o conhecimento filosófico. A primeira vincula 
o conhecimento filosófico a conquistas científicas; ou seja, seu entendi-
mento sobre o homem e o mundo é alterado conforme o conhecimento 
científico, acreditando, assim, que os acontecimentos do mundo não são 
fenômenos acabados, e sim estão em constante mudança e transformação.
A segunda ideia da filosofia é que seu conhecimento tem como base 
afirmações científicas; ou seja, a filosofia não trata de especulações rasas, 
pois está sempre pautada em hipóteses e teorias já comprovadas cientifi-
camente. E a terceira e última ideia do conhecimento filosófico é que o 
homem, por meio de leis do desenvolvimento do mundo, pode conhecer a 
realidade tanto natural como social da sociedade em que vive.
Partindo dessas ideias centrais que dão base ao conhecimento filosó-
fico, podemos observar que o mundo está repleto de fenômenos e objetos 
de natureza material ou espiritual, e foi por meio deles que surgiu toda 
forma de entendimento da realidade. Nesse aspecto, os fenômenos e os 
objetos de natureza material são aqueles que ficam fora da consciência 
humana, como as noções de temperatura externa (morno, quente e frio), os 
– 37 –
Bases teórico-filosóficas da pesquisa em Serviço Social 
objetos palpáveis (cadeira, mesa, cama, água) e os de natureza espiritual 
ou ideal, que são produzidos dentro da consciência humana (pensamento, 
juízo de valor, emoções, sentimentos, ideias).
Para responder às indagações acerca dos fenômenos e dos objetos 
materiais e espirituais, devemos observar duas linhas de pensamentos filo-
sóficos: “uma está representada pelo Idealismo Filosófico que considera 
primário o espírito, a ideia, o pensamento, a consciência. A outra, pelo 
Materialismo Filosófico, que diz o contrário, que é a matéria o primeiro, 
que ela existiu antes do pensamento” (TRIVIÑOS, 1987, p. 18).
Quadro 2.1 – Comparativo entre idealismo filosófico e materialismo filosófico
Linhas de 
pensamento 
Principais 
características 
Exemplos de 
fenômenos 
e objetos 
Corrente 
filosófica 
Idealismo 
filosófico
Suas explica-
ções partem 
de fenôme-
nos e objetos 
imaterial.
Espírito, ideia, 
consciência, 
emoções, 
valores e 
pensamento.
Positivista 
e fenome-
nológica.
Materialismo 
filosófico
Suas explica-
ções partem 
de fenôme-
nos e objetos 
material.
Cheiro, cor, 
mesa, cadeira, 
água etc.
Materialismo 
histórico-
-dialético.
Fonte: elaborado pelo autor.
Vemos, então, que para os idealistas os aspectos espirituais, constituí-
dos internamente pela consciência, criaram a realidade objetiva, enquanto 
os materialistas defendem que a natureza espiritual é derivada da realidade 
objetiva, material. Sobre o assunto, Andrade e Ramos Junior (2018) colo-
cam que o idealismo filosófico é a forma mais antiga de compreender o 
mundo e, assim como Triviños (1987), explicam que o idealismo parte de 
pressupostos que residem no campo das ideias e da consciência humana,sendo essa vertente a responsável pelos acontecimentos que ocorrem na 
humanidade, palpáveis ou não.
Pesquisa em Serviço Social
– 38 –
Andrade e Ramos Junior (2018) esclarecem que esse pensamento 
ainda está presente na sociedade contemporânea, e isso acontece por três 
principais motivos. O primeiro motivo é que a essência de algo é mani-
festada no acontecimento de forma superficial e, ao mesmo tempo que 
demonstra a essência, esconde-a; logo, não pode ser compreendida em 
sua totalidade, então a aparência de um fato nem sempre condiz com sua 
essência. O segundo motivo, de acordo com Marx (2008), está vinculado 
aos interesses da classe dominante, visto que essa classe não detém apenas 
os meios de produção trabalhista, mas também os meios de produção inte-
lectual, e essa isso ocorre de maneira tão intensa que os meios intelectuais 
são muitas vezes acessados apenas pela classe dominante.
O terceiro motivo, conforme Andrade e Ramos Junior (2018), está 
relacionado ao fato de a sociedade estar preocupada em tratar os indiví-
duos apenas como força de trabalho, além de formar profissionais que 
desconhecem o processo de trabalho em sua totalidade; ou seja, para a 
atual organização social, o que interessa é apenas preparar indivíduos que 
atuem e se qualifiquem para áreas de trabalhos específicas.
Em relação ao materialismo filosófico, Andrade e Ramos Junior 
(2018) explicam que as teorias elaboradas por meio do materialismo têm 
contribuído significativamente para os avanços sociais da sociedade, pois, 
a partir de suas percepções, tem-se concluído que a realidade é formada 
por um conjunto de fatores históricos e em constante mudança, permitindo 
uma análise mais aprofundada do que realmente precisa ser mudado – 
nesse aspecto, temos o materialismo histórico-dialético
para o qual a transformação da realidade requer conhecê-la cien-
tificamente, ou seja, nos seus detalhes. Isto porque os aspectos da 
realidade nem sempre são captáveis a partir dos sentidos, exigindo 
esforço intelectual para abstrairmos e, dessa forma, construirmos 
conhecimentos que ajudem a melhorar o nosso processo de huma-
nização (ANDRADE; RAMOS JUNIOR, 2018, p. 9).
Ao contrário do idealismo, o materialismo produz seus conhecimen-
tos com base em atividades práticas e tem como objetivo desenvolver res-
postas às necessidades humanas; sendo assim, é essa prática que tem per-
mitido à sociedade criar e acumular conhecimentos que contribuem para 
os avanços tecnológicos e da ciência e consequentemente para melhorar 
as condições de vida em sociedade.
– 39 –
Bases teórico-filosóficas da pesquisa em Serviço Social 
De acordo com Netto (2001), a terceira década do século XIX foi 
marcada pelo aumento das desigualdades sociais decorrentes da primeira 
onda de industrialização iniciada na Inglaterra. Nesse processo emergiu 
também a expressão questão social, explicada pelo autor como todas as 
formas de pauperismo consequentes da relação desigual entre capital e 
trabalho e da má distribuição da riqueza socialmente construída. Diante 
desse cenário de pauperização, Godim, Bezerra e Costa (2018) explicam 
que surgem dois entendimentos teórico-metodológicos para a compreen-
são da questão social: o positivismo baseado em Auguste Comte e o mate-
rialismo dialético baseado em Karl Marx e Friedrich Engels.
O positivismo dentro da filosofia é uma tendência do idealismo 
filosófico que surgiu na França no início do século XIX. A corrente de 
pensamento positivista se baseia nas ciências naturais e acredita que 
o conhecimento científico é a única forma de produzir conhecimentos 
verdadeiros e que a partir dele é possível responder às indagações dos 
fenômenos que ocorrem em uma sociedade. De acordo com Triviños 
(1987), o primeiro a utilizar o termo positivista foi o filósofo francês 
Claude Henri (1760-1825), para qualificar a ciência como um método 
para a produção de conhecimento; no entanto, foi seu discípulo Auguste 
Comte (1798-1857) que utilizou o termo para caracterizar uma corrente 
de pensamento filosófico.
Observando os estudos de Triviños (1987) e Godim, Bezerra e Costa 
(2018), percebemos que o positivismo de Comte apresenta sete ideias bási-
cas. A primeira é que o positivismo é uma corrente vinculada ao idealismo 
filosófico e apresenta nele uma linha do idealismo subjetivo. A segunda é 
que o positivismo não nasceu no século XIX com Comte, mas teve suas 
bases concretas e sistematizadas já nos séculos XVI, XVII e XVIII, com 
pensadores como Francis Bacon, Isaac Newton, Claude Henri, Thomas 
Hobbes e David Hume.
A terceira ideia básica do positivismo é sua relação com a sociologia 
e a política, tendo como base científica as ciências naturais. Comte teria 
criado o termo sociologia para designar a ciência responsável por estudar 
a sociedade e politicamente acreditava que a religião por meio da pre-
gação moral acalmaria os capitalistas, que seriam mais humanos com a 
classe trabalhadora, sem extinguir a propriedade privada.
Pesquisa em Serviço Social
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A quarta ideia básica do positivismo é a distinção de dois momentos 
históricos do positivismo. O primeiro foi chamado de positivismo clás-
sico, fundado por Comte, e o segundo ocorreu na metade do século XIX 
e início do século XX, momento em que o positivismo sofreu influência 
matemática, passando a buscar a lógica para a criação de teorias sobre os 
fatos ocorridos, denominando-se neopositivismo ou positivismo lógico. 
De forma geral, todo esse conjunto de junção do neopositivismo manteve 
as características fundamentais do pensamento de Comte, de serem idea-
listas e subjetivos.
A quinta ideia básica do positivismo é que se trata de uma reação da 
filosofia positivista que busca solucionar, por meio do idealismo, os fatos 
de uma sociedade. A sexta ideia apontada pelo autor é uma concepção 
mais sistemática do que de fato é o positivismo clássico e que pode se 
desdobrar em sete aspectos centrais:
1. De acordo com Triviños (1987), Comte manifesta que no posi-
tivismo clássico o homem deixa de buscar respostas a partir da 
origem e das coisas, passando a considerar suas causas íntimas 
e suas leis fixas, ou seja, a forma que rege os acontecimentos e 
as relações entre si; nesse aspecto, a explicação dos fenômenos 
é fundamentada na ligação estabelecida entre diversos aconteci-
mentos. A partir dessa ideia de Comte, pesquisadores estabelecem 
pesquisas com base no positivismo, considerando a relação que 
existe entre os fenômenos ocorrentes e as teorias já existentes.
2. Comte ao mesmo tempo que se posiciona a favor da especializa-
ção de conhecimentos ressalta o cuidado ao desconhecido, que 
pode ocorrer sob a busca exagerada de conhecimento, mas tam-
bém destaca a generalidade da ciência como uma grande espe-
cialidade e conclui que humanamente falando é impossível ter o 
conhecimento de todos os saberes científicos de forma separada. 
Por isso, é indispensável uma base geral para a explicação de 
todos os fenômenos naturais que devem ter origem de estudos 
sobre os próprios objetos de estudo.
3. Considerando a relação entre teoria e prática, Comte define que 
o estudo científico está além dos interesses industriais, pois está 
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Bases teórico-filosóficas da pesquisa em Serviço Social 
primeiramente inclinado a responder à necessidade fundamen-
tal da inteligência humana: conhecer as leis e regras que regem 
os fenômenos que percorrem o universo, tendo como base todo 
acontecimento prático.
4. Para Comte, a imaginação, aquilo que é abstrato, deve estar sub-
misso à observação, no entanto isso não quer dizer que a ciên-
cia real produzirá conhecimentos incoerentes; essa submissão 
ocorre para que o pesquisador possa compreender que o positi-
vismo não está desconectado do empirismo.
5. O positivismo explicado por Comte propõe ser a previsão de 
fatos e fenômenos a principal função da ciência; nesse sentido, o 
filósofo acredita que é preciso ver para prever.
6. Comte aponta cinco significados para palavra positivo, que éde 
onde vem a corrente positivista. O primeiro é relacionado ao real, 
em que o homem deve buscar explicação apenas sobre o que é 
suscetível a explicação, eliminando tanto as primeiras como as 
últimas causas dos fenômenos; outro significado está relacio-
nado com utilidade, em que o positivo busca levantar respostas 
sobre todos os aspectos significativos para a humanidade, isto é, 
nenhuma produção de conhecimento útil deve ficar de lado; outro 
aspecto é que o positivo deve caminhar para a certeza das coisas 
e não para a indecisão, partindo para o quarto significado, da pro-
dução de conhecimento preciso, eliminando o vago; e o quinto 
significado para a palavra positivo está relacionado com o contrá-
rio do negativo, em que se busca organizar e excluir informações.
7. O último aspecto central do positivismo é o ecletismo, que, 
segundo Triviños (1987), ainda está presente entre os inte-
lectuais, o que para o autor é perigoso, visto que a prática do 
ecletismo ocorre sob intenção de conciliar conhecimentos sem 
seguir princípios próprios e com pontos de vistas incompatíveis.
A sétima e última ideia básica do positivismo são as características que 
percorrem o positivo, principalmente relacionadas ao neopositivismo e ao 
positivismo lógico, sendo considerar os fatos isolados, sem se atentar ao con-
texto geral que percorre pelo fenômeno – só aceita fatos existentes passíveis 
Pesquisa em Serviço Social
– 42 –
de observação. O positivismo não considera nem as causas primárias nem as 
finais das coisas e consequentemente, por não estar interessado em conhecer 
as causas dos fenômenos, levanta-se a bandeira da neutralidade da ciência.
Outro traço característico, ainda vinculado à terceira ideia básica do 
positivismo, está relacionado com a rejeição do conhecimento da metafí-
sica. No entanto, o neopositivismo rejeita a metafísica por motivos diferen-
tes dos expostos por Comte, pois acredita que o conhecimento metafísico 
não deve ser excluído por ser falso, e sim por suas afirmações necessitarem 
de significado, sendo essa uma das diferenças entre o positivismo clás-
sico e o neopositivismo. A última característica é que para o positivismo 
lógico todo conhecimento relacionado ao mundo deve ser confrontado com 
dados, o que limita o conhecimento científico à experiência.
Quadro 2.2 – Ideias básicas sobre o positivismo de Comte
1 Doutrina filosófica vinculada ao idealismo filosófico.
2 Bases concretas e sistematizadas inicia-das nos séculos XVI, XVII e XVIII.
3 Doutrina sociológica e política.
4 Dois principais momentos históricos positivis-tas: positivismo clássico e neopositivismo.
5 Utiliza o idealismo para dar respostas aos problemas sociais
6
Baseia-se em fenômenos e teorias; além de conhecimentos 
específicos, baseia-se em teorias gerais acerca dos fenôme-
nos, busca respostas para solucionar os problemas mantendo a 
ordem social capitalista, tem coerência na produção de conhe-
cimento, necessita ver para prever; a construção de conheci-
mento se baseia no que é real, útil, na certeza das coisas que 
se vê, produção de conhecimento preciso, organização de 
ideias; produção de conhecimento vinculado ao ecletismo
7
Relação do positivismo clássico com o neopositi-
vismo, que se baseia na experimentação e na com-
provação dos dados e nega a metafísica por acreditar 
que só pode ser explicado o que pode ser visto.
Fonte: elaborado pelo autor.
– 43 –
Bases teórico-filosóficas da pesquisa em Serviço Social 
Para concluir nossos estudos sobre o positivismo, cabe destacar que 
essa corrente filosófica considera apenas dois tipos de conhecimentos ver-
dadeiros: “o empírico, representado pelos achados das ciências naturais 
[...] e o lógico, constituído pela lógica e pela matemática” (TRIVIÑOS, 
1987, p. 39). E pode ser visto de diversas formas, mas a principal carac-
terística do pensamento positivista está em considerar as partes isoladas 
dos fatos, e por não considerar o todo pode desenvolver conhecimentos 
a partir de um olhar fragmentado da sociedade, o que leva a pesquisas 
desassociadas da realidade apresentada.
Suas origens estão no século XVII e seu auge, na década de 1970; 
após esse período, foi perdendo espaço para outras correntes de pensa-
mento, entre elas a fenomenologia e o marxismo, contudo, o positivismo, 
mesmo sendo substituído por outras correntes filosóficas, foi indispensá-
vel para a união entre ciência e técnica, influenciando de maneira signifi-
cativa a sociedade em âmbitos da política, da economia, social e espiritual.
2.1.2 Fenomenológica
A fenomenologia é um método de estudo e uma corrente filosófica 
que estuda os fenômenos, a fim de descrevê-los de forma rigorosa. Essa 
corrente foi desenvolvida inicialmente por Edmund Husserl (1859-1938), 
de acordo com Aranha e Martins (1993), e teve como base para o desen-
volvimento da fenomenologia outros filósofos, como Platão e Descartes, 
Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty e o dinamar-
quês Soren Kierkegaard, que acreditava que Deus era o centro da criação 
do homem.
A fenomenologia ganhou força no fim da década de 1970 e início da 
década de 1980, após o enfraquecimento da corrente positivista, período 
em que começou a ganhar espaço e força nas universidades de graduação 
e pós-graduação. A fenomenologia apresentada por Husserl tinha como 
objetivo um fundamento mais concreto, livre de hipóteses, pois acredi-
tava que as verdades que rodeavam a corrente positivista não passavam 
de informações ingênuas, sem bases sólidas. Sendo assim, para a feno-
menologia, a principal fonte para a produção de conhecimento é a cons-
ciência doadora originária; ou seja, é um estudo que tem como base o 
Pesquisa em Serviço Social
– 44 –
 conhecimento dos fenômenos da consciência, e nesse aspecto todo conhe-
cimento produzido por ela está fundamentado em como a consciência 
humana entende e interpreta os fenômenos.
Nos estudos de Aranha e Martins (1993), percebemos que a base do 
conhecimento da fenomenologia é a intencionalidade, por isso não existe 
um objeto sem sujeito, que o significa em sua consciência, buscando a 
superação do conhecimento empirista e positivista. Entre outras palavras,
A fenomenologia pretende realizar a superação da dicotomia 
razão-experiência no processo de conhecimento, afirmando que 
toda consciência é intencional. Isso significa que, contrariamente 
ao que afirmam os racionalistas, não há pura consciência, separada 
do mundo, mas toda consciência tende para o mundo; toda consci-
ência é consciência de alguma coisa. Mas também, contrariamente 
aos empiristas, os fenomenólogos afirmam que não há objeto em 
si, já que o objeto só existe para um sujeito que lhe dá significado. 
Com o conceito de intencionalidade a fenomenologia se contrapõe 
à filosofia positivista do século XIX, presa demais à visão objetiva 
do mundo (ARANHA; MARTINS, 1993, p. 134).
Vemos que a principal diferença entre a teoria positivista e a fenome-
nológica é que no positivismo é analisado apenas o que é visto e que já é 
conhecido, ao passo que na fenomenologia se busca questionar e avaliar 
partes do fenômeno que ainda não podem ser vistas. Entretanto, conforme 
Godim, Bezerra e Costa (2018), assim como o positivismo, a fenomeno-
logia, aos estudar os fenômenos, não considera o contexto social, eco-
nômico, político e cultural que a cerca e busca desenvolver respostas à 
questões sociais, contudo sem abalar a hegemonia de classes; ou seja,
em nenhum momento esta corrente do pensamento está interessada 
em colocar em relevo a historicidade dos fenômenos. A busca da 
essência, isto é, o que o fenômeno verdadeiramente é, depois de 
sofrer um isolamento total uma redução, eliminando o eu que vivên-
cia e o mundo com seus valores, cultura etc., carece de toda refe-
rência que não seja a de sua pureza como fenômeno, de modo que o 
componente histórico, que tão pouco interessava ao positivismo, não 
é tarefa que preocupe o pesquisador que se movimenta orientado 
pelos princípios da fenomenologia

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