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gabi_fran_ Gabrielle França, CESUPA 2021 O processo de troca A respiração é o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. Uma vez que o ar atinge os alvéolos, os gases individuais, como oxigênio e o CO2, difundem-se do espaço alveolar para a corrente sanguínea. Isso ocorre devido a gradientes de pressão. A PO2 alveolar normal ao nível do mar é de 100 mmHg. A PO2 do sangue venoso ao entrar no pulmão é de cerca de 40 mmHg. O oxigênio, portanto, move-se a favor do seu gradiente de pressão parcial (concentração), dos alvéolos para os capilares. A difusão tenta manter a homeostasia e, assim, a PO2 do sangue arterial que deixa os pulmões é a mesma que a dos alvéolos: 100 mmHg. Quando o sangue arterial alcança os capilares teciduais, o gradiente é invertido. As células usam continuamente o oxigênio para a fosforilação oxidativa, nas células de uma pessoa em repouso, a PO2 intracelular média é de 40 mmHg. O sangue arterial que chega às células tem uma de 100 mmHg. Devido a uma PO2 menor nas células, o oxigênio difunde-se a favor do gradiente de pressão parcial, ou seja, do plasma para as células. Mais uma vez, a difusão ocorre até o seu equilíbrio. Como resultado, o sangue venoso tem a mesma PO2 que as células. Por outro lado, a PCO2 é mais elevada nos tecidos do que no sangue capilar sistêmico, devido à produção elevada de CO2 durante o metabolismo celular. A PCO2 intracelular em uma pessoa em repouso é de cerca de 46 mmHg, comparada à arterial, que gira em torno de 40 mmHg. Essa diferença faz o CO2 se difundir para fora das células, em direção aos capilares. A difusão ocorre até o equilíbrio, fazendo a PCO2 média do sangue venoso sistêmico girar em torno de 46 mmHg. Nos capilares pulmonares, o processo é inverso. O sangue venoso trazendo o CO2 das células tem uma PCO2 de 46 mmHg, já a PCO2 alveolar é de 40 mmHg. Devido ao fato de a PCO2 no sangue venoso ser mais elevada que a alveolar, o CO2 move-se dos capilares para os alvéolos. Quando o sangue sai da circulação pulmonar, ele tem uma PCO2 de 40 mmHg, idêntica à dos alvéolos. A unidade respiratória é composta por Bronquíolo Respiratório, Ductos Alveolares, Átrios e Alvéolos. A Troca Gasosa entre o ar que chega aos Alvéolos e o Sangue Pulmonar através de todas as membranas de todas as porções terminais dos pulmões e não somente dos Alvéolos. Todas essas membranas são conhecidas coletivamente como Membrana Pulmonar/ Respiratória. Histologia relacionada Quatro membranas separam o ar alveolar do sangue capilar, são elas: o citoplasma da célula epitelial; a lâmina basal dessa célula; a lâmina basal do capilar e o citoplasma da célula endotelial. O oxigênio do ar alveolar passa para o sangue capilar através dessas membranas e o dióxido de carbono difunde-se em direção contrária. A Membrana Pulmonar/ Respiratória: apresenta camadas, sendo elas: Camada de Líquido revestindo o Alvéolo e contendo Surfactante Pulmonar; Epitélio Alveolar; Membrana Basal Epitelial; Espaço Intersticial delgado entre o Epitélio Alveolar e a Membrana Basal Capilar; Membrana Basal Capilar, pode fundir com a Epitelial. Fatores q afetam PROBLEMAS NA PO2: Muitas variáveis influenciam a eficiência da troca gasosa alveolar e determinam se os gases do sangue arterial estarão dentro de uma faixa de normalidade. Em primeiro lugar, uma quantidade adequada de oxigênio deve chegar aos alvéolos. Uma diminuição na PO2 alveolar significa que menos oxigênio estará disponível para chegar ao sangue. Além disso, podem ocorrer problemas com a transferência dos gases entre os alvéolos e os capilares pulmonares. Por fim, o fluxo sanguíneo, ou perfusão, dos alvéolos deve ser adequado, se algum fator prejudicar o fluxo sanguíneo para o pulmão, o corpo será incapaz de obter o oxigênio que necessita. O primeiro requisito para uma oferta adequada de oxigênio aos tecidos é uma captação de oxigênio da atmosfera adequada. O principal fator que afeta o conteúdo de oxigênio atmosférico é a altitude. Se a composição do ar inspirado é normal, mas a alveolar é baixa, então a pessoa deve estar com problemas na ventilação alveolar. A ventilação alveolar baixa também é conhecida como hipoventilação, sendo caracterizada por uma redução no volume de ar que chega aos alvéolos. PROBLEMAS DE DIFUSÃO: Os fatores da área de superfície, da distância de difusão e da permeabilidade da membrana podem ser alterados em várias doenças. As mudanças patológicas que afetam a troca gasosa incluem (1) redução na área de superfície alveolar disponível para a troca gasosa, (2) aumento na espessura da membrana alveolar e (3) aumento na distância de difusão entre o espaço aéreo dos alvéolos e o sangue. A diminuição na área de superfície alveolar pode ter efeitos devastadores no enfisema, uma doença pulmonar degenerativa frequentemente causada pelo tabagismo. O efeito irritante de produtos químicos da fumaça e do alcatrão nos alvéolos ativa os macrófagos alveolares, os quais liberam elastase e outras enzimas proteolíticas. Essas enzimas destroem as fibras elásticas dos pulmões e induzem a apoptose das células, degradando as paredes dos alvéolos, causando alta complacência/baixa retração elástica pulmonar com alvéolos maiores em menor numero e menos área de superfície para as trocas gasosas. As mudanças patológicas na barreira de difusão alvéolo-capilar podem alterar as suas propriedades, e, assim, as trocas gasosas tornam-se mais lentas. Por exemplo, em doenças pulmonares fibróticas, o tecido cicatricial engrossa a parede alveolar. A difusão de gases através deste tecido cicatricial é muito mais lenta que o normal. No entanto, devido à capacidade dos pulmões de manter uma reserva de ar, um terço do epitélio de troca deve estar modificado para que a arterial caia significativamente. Normalmente, a distância de difusão pulmonar é pequena, uma vez que o alvéolo e as células endoteliais são finas e existe pouco ou nenhum líquido intersticial entre essas duas camadas de células. No entanto, em certas condições patológicas, o excesso de líquido aumenta a distância de difusão entre o espaço de ar alveolar e o sangue. O acúmulo de líquido pode ocorrer no interior dos alvéolos ou no compartimento intersticial, entre o epitélio alveolar e o capilar. Como por exemplo no edema pulmonar, se ocorre um aumento na P.A e consequentemente na pressão hidrostática dos capilares, mais liquido é extravasado e acumulado nesses espaços. Solubilidade Um último fator que pode afetar a troca gasosa nos alvéolos é a solubilidade do gás, a facilidade com a qual um gás se dissolve em um líquido. Quando um gás é colocado em contato com a água e existe um gradiente de pressão, as moléculas do gás movem-se entres as fases. Se a pressão do gás é maior na água do que na fase gasosa, então as moléculas do gás deixam a água. Se a pressão do gás é maior na fase gasosa do que na água, então o gás dissolve-se na água. Por que a solubilidade é importante na fisiologia? A resposta é porque a baixa solubilidade do oxigênio em soluções aquosas determina que muito pouco oxigênio pode ser dissolvido no plasma. A sua baixa solubilidade também implica no edema pulmonar. A difusão do oxigênio nos capilares alveolares não tem tempo para entrar em equilíbrio antes que o sangue deixe os capilares. O resultado é uma PO2 arterial diminuída, embora a PO2 alveolar seja mantida. O dióxido de carbono é relativamente solúvel nos fluidos corporais, de modo que o aumento da distância de difusão não afeta significativamente a troca de CO2. Em alguns casos de edema pulmonar, a PO2 arterial é baixa, mas a PCO2 arterial é normal, devido às diferentes solubilidades dos dois gases. Leis dos gases ALEI DA DIFUSÃO DE FLICK admite que a Taxa de Difusão de um gás é diretamente proporcional à Área de Superfície x o Gradiente de Concentração do Gás x a Permeabilidade da Membrana Respiratória para o gás; dividido pela Espessura da Membrana Respiratória, a qual é inversamente proporcional. A LEI DE DALTON afirma que a pressão total exercida por uma mistura de gases é a soma das pressões exercidas pelos gases individualmente. Na fisiologia respiratória, não estamos interessados somente na pressão atmosférica total, mas também na pressão individual do oxigênio e do dióxido de carbono. A pressão de um único gás em uma mistura é conhecida como pressão parcial (Pgás). A pressão exercida por um gás individual é determinada somente por sua abundância relativa na mistura e é independente do tamanho ou da massa molecular do gás. Por exemplo, o oxigênio move-se de áreas de pressão parcial mais elevada para áreas de pressão parcial menos elevada. A difusão dos gases individuais é importante para a troca de oxigênio e de dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue e do sangue para as células A pressão exercida por um gás ou por uma mistura de gases em um recipiente fechado é criada pelas colisões das moléculas do gás em movimento com as paredes do recipiente e umas com as outras. Se o tamanho do recipiente é reduzido, os choques entre as moléculas de gás e as paredes tornam-se mais frequentes, e, assim, a pressão aumenta. E pode ser expressa pela equação da LEI DE GASES DE BOYLE: P1V1 = P2V2 EQUAÇÃO GERAL DOS GASES: PV= nRT; Em que P é a pressão, V é o volume, n é o número de moles de gás, T é a temperatura absoluta e R representa a constante universal dos gases, 8,3145 j/mol K. No corpo humano, podemos supor que o número de moles e a temperatura são constantes. Removendo as constantes, temos a seguinte equação: V= 1/P; Esta relação diz que, se o volume de gás aumenta, a pressão diminui, e vice-versa. LEI DE HENRY: A quantidade de um gás que se dissolve em um líquido é proporcional à pressão parcial do gás e à sua solubilidade. A capacidade de um gás de permanecer na solução é maior quando sua pressão parcial é mais alta e quando o gás possui alta solubilidade. SATURAÇÃO: Se todos os locais de ligação da hemoglobina estiverem ocupados por oxigênio, o sangue estará 100% oxigenado, ou saturado com oxigênio. Se metade dos sítios de ligação disponíveis está transportando oxigênio, a hemoglobina está 50% saturada, e etc O processo de transporte Os gases que entram nos capilares primeiramente se dissolvem no plasma. Todavia, os gases dissolvidos representam apenas uma pequena parte do oxigênio que será fornecido às células. Os glóbulos vermelhos, ou eritrócitos, têm um papel fundamental em garantir que o transporte de gás entre o pulmão e as células seja suficiente para atender às necessidades celulares. CONTEXTUALIZXAÇÃO: Um importante indicador clínico da eficácia das trocas gasosas nos pulmões é a concentração de oxigênio no sangue arterial. o oxímetro de pulso é preso à ponta do dedo, e em segundos gera uma leitura digital da saturação da hemoglobina arterial. O oxímetro funciona medindo a absorção de luz da hemoglobina tecidual em dois comprimentos de onda. Já o sensor de oxigênio transcutâneo, mede o oxigênio dissolvido no plasma, utilizando uma variação de um eletrodo tradicional para a mensuração de gás. Transporte de O² O transporte de oxigênio no sangue tem dois componentes: o O2 que está dissolvido no plasma (PO2) e o O2 ligado à hemoglobina (Hb). Em outras palavras: Conteúdo total de O2 no sangue = O2 dissolvido no plasma + O2 ligado à Hb. A hemoglobina, a proteína de ligação do oxigênio, que dá aos eritrócitos a sua cor, liga-se reversivelmente ao oxigênio, como será resumido na equação: Hb + O2 -> <- HbO2. POR QUE A HEMOGLOBINA É UM EFICIENTE TRANSPORTADOR DE OXIGÊNIO? A resposta está na sua estrutura molecular. A hemoglobina (Hb) é um tetrâmero de quatro cadeias proteicas globulares (globinas), cada uma centrada em torno de um grupamento heme contendo ferro. O átomo de ferro central de cada grupo heme pode ligar-se reversivelmente a uma molécula de oxigênio. A interação ferro-oxigênio é uma ligação fraca que pode ser facilmente rompida sem alterar a hemoglobina ou o oxigênio. Com quatro grupamentos heme por molécula de hemoglobina, uma molécula de hemoglobina tem o potencial de se ligar a quatro moléculas de oxigênio. A hemoglobina ligada ao oxigênio é conhecida como oxi-hemoglobina (HbO2). CAPTURA DE O2: À medida que a concentração de O2 livre aumenta, mais oxigênio liga-se à hemoglobina, e, assim, a equação desloca-se para a direita, produzindo mais HbO2. Se a concentração de O2 diminui, a equação desloca- se para a esquerda. Essa prot. libera o oxigênio, e a quantidadebde oxi-hemoglobina diminui. No sangue, o oxigênio livre para se ligar à hemoglobina está dissolvido no plasma e é indicado pela PO2 plasmática. Nos capilares pulmonares, o oxigênio alveolar dissolve-se primeiro no plasma, e, então, para dentro dos eritrócitos, ligando-se à hemoglobina. A hemoglobina age como uma esponja, captando o oxigênio do plasma até que a reação atinja o equilíbrio. Uma vez que o sangue arterial alcance os tecidos, o processo de troca que acontece nos pulmões se inverte. O oxigênio dissolvido difunde-se dos capilares sistêmicos para as células, que têm uma PO2 menor. Este fluxo diminui a PO2 plasmática e altera o equilíbrio da reação de ligação oxigênio-hemoglobina pela remoção de O2 do lado esquerdo da equação. Curva de dissociação da oxi- hemoglobina A quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina depende de dois fatores: (1) a no plasma que circunda os eritrócitos e (2) o número de locais disponíveis para a ligação à Hb. A PO2 arterial é estabelecida pela composição do ar inspirado, pela frequência ventilatória alveolar e pela eficiência das trocas gasosas. O número total de sítios de ligação ao oxigênio depende do número de moléculas de hemoglobina nos eritrócitos. As pessoas que perdem grandes quantidades de sangue necessitam repor hemoglobina para o transporte de oxigênio. Uma transfusão de sangue é a reposição ideal para a perda de sangue. A curva de dissociação em si ilustra a relação entre a PO2 no sangue e o número de moléculas de O2 ligadas à Hb. A forma em S da curva demonstra a dependência da saturação da Hb em relação à PO2, sobretudo quando as Pressões Parciais são inferiores a 60mmHg. A importância clínica da parte plana da curva (>60mmHg) está no fato de que a queda da PO2 dentro de ampla faixa de variação da pressão parcial (100 a 60mmHg), tem apenas efeito mínimo sobre a saturação da Hb, que permanece entre 90% e 100%, nível suficiente para que o transporte e a liberação do O2, sejam normais. A importância clínica da parte inclinada da curva (<60mmHg) está no fato de que grande quantidade de O2 é liberada da Hb com apenas pequena alteração da PO2 o que facilita a liberação do O2, e sua difusão para o tecido. O ponto da curva no qual 50% da Hb está saturada com O2 é denominado P50 e corresponde a 27 mmHg, em adultos normais. Fatores que afetam a curva AFINIDADE ENTRE HEMOGLOBINA E O2: a diminuição da afinidade é um fator que aumenta a dissociação do O2, deslocando a Curva para a direita. Consequentemente, em dada Pressão Parcial de Oxigênio, menos Hb está ligada ao O2, o que aumenta o P50. A curva é deslocada para esquerda quando a afinidade da Hb pelo O2 aumenta, e a dissociação do O2 e sua liberação para o tecido são inibidas. GÁS CARBÔNICO (CO2) E PH: a produção tecidual e a liberação ao sangue de CO2 aumentada leva áformação de íons H+, diminuindo o pH e, consequentemente, deslocando a Curva de Dissociação para a direita. Esse deslocamento é benéfico, uma vez que auxilia o oxigênio a se libertar da Hemoglobina para, em seguida, se difundir nos tecidos. O efeito da concentração de CO2 sobre a Afinidade entre a Hemoglobina e o O2 é denominado EFEITO BOHR e aumenta a captação de oxigênio nos Pulmões e a liberação desse gás aos tecidos. De modo inverso, à medida que o sangue passa pelos pulmões, o CO2 é expirado, e, como consequência, ocorre aumento do pH, o que produz um deslocamento da Curva de Dissociação da Oxi-hemoglobina para a esquerda. TEMPERATURA: a elevação da temperatura corporal, observada durante os exercícios físicos, por exemplo, desloca a Curva de Dissociação da OxiHemoglobina para a direita e permite que mais O2 seja liberado para os tecidos, onde ele é necessário em razão do aumento da demanda. Durante o tempo frio, a queda da temperatura do corpo, sobretudo das extremidades, desloca a Curva de Dissociação da Oxi-Hemoglobina para a esquerda (maior afinidade da Hb pelo O2). 2,3-DIFOSFOGLICERATO: os Glóbulos Vermelhos Maduros não têm mitocôndrias e, como consequência, sua respiração celular baseia-se na Glicólise Anaeróbica. Durante a glicólise formam-se grandes quantidades de um intermediário metabólico, o 2,3-DPG, no interior dos Glóbulos Vermelhos, e a afinidade da Hb pelo O2 diminui à medida que os níveis de 2,3- DPG aumentam. Como consequência, a Curva de Dissociação da Oxi-hemoglobina se desloca para a direita. Como isso ocorre? A ligação do 2,3-DPG à Hb produz efeito alostérico que inibe a ligação do O2. Transporte de CO² O CO2 é um subproduto da Respiração Celular, sendo potencialmente tóxico quando não removido adequadamente. Sua concentração elevada leva à Hipercapnia, responsável pela diminuição do pH, situação conhecida como Acidose. O dióxido de carbono é mais solúvel nos fluidos corporais do que o oxigênio, porém as células produzem muito mais CO2 do que a capacidade de solubilização plasmática desse gás. Ele é transportado de três maneiras: apenas cerca de 7% do CO2 está dissolvido no plasma do Sangue Venoso; aproximadamente 93%, difunde- se para os Eritrócitos, sendo que 23% desse conteúdo se liga à hemoglobina (HbCO2) e 70% são convertidos em bicarbonato (HCO3 -). COMO O CO2 É CONVERTIDO EM HCO3-? A rápida produção de HCO3- depende da presença da enzima Anidrase Carbônica (AC), encontrada em altas concentrações nos Eritrócitos. O CO2 dissolvido no plasma difunde-se para os Eritrócitos, onde podem reagir com a água na presença da Enzima Anidrase Carbônica, formando Ácido Carbônico (H2CO3). O Ácido Carbônico, então, dissocia-se em um Íon Hidrogênio e um Íon Bicarbonato. A conversão de CO2 a HCO3 serve a duas finalidades: (1) fornecer uma via adicional para o transporte de CO2 das células para os pulmões e (2) fazer o HCO3- estar disponível para atuar como um tampão para os Ácidos Metabólicos, ajudando, assim, a estabilizar o pH do corpo. HEMOGLOBINA E CO2: cerca de 23% do CO2 no Sangue Venoso se liga diretamente a Hemoglobina. Quando o oxigênio deixa seu sítio de ligação na molécula hemoglobina, o CO2 liga- se com a Hemoglobina livre nos grupos amino expostos, formando a Carbaminoemoglobina: CO2 + Hb -> Hb-CO2. REMOÇÃO DE CO2 NOS PULMÕES: quando o Sangue Venoso chega nos pulmões, o processo que ocorre nos capilares se inverte. A PCO2 dos Alvéolos é menor que a do Sangue Venoso. Por isso, o CO2 se difunde a favor do seu gradiente para dentro dos Alvéolos e a PCO2 no plasma começa a cair. A diminuição de CO2 no plasma permite que o CO2 dissolvido se difunda para dentro dos Eritrócitos. CURVA DE DISSOCIAÇÃO DO CO2: ao contrário da Curva de Dissociação do O2, a Curva de Dissociação do CO2 no sangue é linear e diretamente relacionada à PCO2. O grau de saturação da Hb com O2 tem efeito importante sobre a curva de dissociação do CO2. Embora o O2 e o CO2 se liguem à Hb em sítios diferentes, a Hb desoxigenada tem afinidade maior pelo CO2 que a Hb oxigenada. Assim, o Sangue Desoxigenado (Sangue Venoso) capta espontaneamente e transporta mais CO2 que o Sangue Oxigenado. Alcalose e Acidose Alcalose respiratória é a diminuição primária da pressão parcial de dióxido de carbono (PCO2) com ou sem redução compensatória do bicarbonato (HCO3−); o pH pode estar alto ou quase normal. A causa é o aumento da frequência respiratória e/ou do volume (hiperventilação). O aumento da ventilação ocorre, em geral, como resposta fisiológica a hipóxia (p. ex. alta altitude), acidose metabólica e aumento de demandas metabólicas. A acidose respiratória caracteriza-se por elevação primária da pressão parcial do dióxido de carbono (PCO2), com ou sem aumento compensatório no HCO3−; o pH geralmente é baixo, mas pode estar próximo do normal. A causa é a diminuição da frequência respiratória e/ou no volume (hipoventilação), tipicamente em razão de condições iatrogênicas, pulmonares ou do sistema nervoso central. Ventilação e perfusão A relação ventilação perfusão (V/Q) é a razão existente entre a quantidade de ventilação e a quantidade de sangue que chega a esse pulmão, tendo como valores normais por volta de 0,8. Para que ocorra uma troca gasosa ideal é necessário que o volume de ar que entra no alvéolo (V) seja próximo ao volume de sangue (Q) que passa através do pulmão. A. Índice V/Q ALTO – neste caso a ventilação é alta e o fluxo sanguíneo é baixo, isso produz aumento de espaço morto, produzindo hipoxemia e hipercapnia . B. Índice V/Q BAIXO – neste caso a ventilação é baixa e o fluxo sanguíneo é alto, pode ser chamado de shunt intrapulmonar, pode produzir uma hipoxemiacom ou sem hipercapnia. C. Índice V/Q nula - não há nem ventilação e nem perfusão sanguínea Nos pulmões, há dois tipos de circulação: a pulmonar e a brônquica (sistêmica). Circulação pulmonar: tem como função principal a arterialização do sangue por meio de trocas gasosas no nível alveolocapilar. Circulação brônquica: nutre as estruturas pulmonares, não participando da hematose. A perfusão pulmonar se distribui de forma heterogênea, fato esse explicado pelas diferenças de pressão hidrostática no interior dos vasos sanguíneos. Zonas de West Sabe-se que o fluxo sanguíneo através dos pulmões não é uniforme. De acordo com o conceito de West, a circulação pulmonar está dividida em três zonas funcionais, por influência das pressões que interferem no fluxo sanguíneo pulmonar (FSP) - a pressão alveolar, a pressão arterial pulmonar e a pressão venosa pulmonar. Dessa forma, o FSP vai aumentando à medida que se afasta dos ápices pulmonares. Existem três pressões básicas para a compreender a distribuição da perfusão ao longo dos pulmões: a pressão alveolar (PA), a pressão arterial pulmonar (Pa) e a pressão venosa (Pv). Para que ocorra a perfusão sanguínea, a pressão arterial pulmonar deve ser sempre maior que a pressão alveolar, e o fluxo de sangue depende da diferença de pressão entre a pressão venosa e a pressão arterial pulmonar. ZONA 1: representada pela porção superior dos pulmões. Zona 1: PA > Pa > Pv A pressão arterial pulmonar (Pa) é superior à pressão venosa (Pv) e inferior à pressão alveolar (PA), pois não consegue vencer a pressão da coluna de líquido de 30 cm. Nesse caso, os capilares são espremidos e não ocorre perfusão. Fisiologicamente, a zona 1 de West não existe em um indivíduo normal, pois não haveriam trocas gasosas. Está presente apenas em situações patológicas, como em uma hemorragia grave ZONA 2: representada pela porção intermediaria dos pulmões. Zona 2: Pa > PA > Pv A Pressão arterial pulmonar (Pa) levemente maior que a pressão alveolar (PA), possibilitandoque ocorra a perfusão do sangue e as trocas gasosas. A pressão venosa (Pv) ainda é inferior à pressão alveolar (PA), fazendo com que a extremidade venosa dos capilares pulmonares fiquem praticamente fechadas. A diferença de pressão se eleva progressivamente e o fluxo sanguíneo ocorre, permitindo que haja perfusão. ZONA 3: representada pela porção inferior dos pulmões. Zona 3: Pa > Pv > PA Pressão arterial pulmonar (Pa) e pressão venosa (Pv) superam a pressão alveolar (PA). Ocorre a diferença de pressão necessária para que haja fluxo sanguíneo e, consequentemente, a perfusão. A ventilação pulmonar é maior na base dos pulmões e decresce em direção ao ápice. A razão fundamental para tal distribuição é a desigualdade nos valores da pressão intrapleural ao longo da altura dos pulmões, causada principalmentepela ação da gravidade. Espaço Morto Denomina-se espaço morto as regiões ocupadas por ar, onde não ocorrem trocas gasosas (hematose). Pode ser espaço morto fisiológico ou anatômico. Anatômico – espaços em que não há hematose, porque não existe epitélio especializado nesta função. Por exemplo: traqueia, brônquios e bronquíolos. Fisiológico – ar que entra nos alvéolos, mas não participam efetivamente da hematose. Shunt Áreas do pulmão são adequadamente perfundidas, mas não são adequadamente ventiladas, o que gera hipoxemia. Denomina-se shunt quando a obstrução dos alvéolos é total e efeito shunt é quando a obstrução é apenas parcial. Correlações GRAVIDEZ: A função respiratória é expressivamente afetada durante a gravidez. O crescimento do útero gera uma elevação na posição de repouso do diafragma e uma mudança na configuração do tórax, que se amplia no diâmetro ântero-posterior. O ângulo subcostal aumenta e, consequentemente, a circunferência torácica também. Além disso, os músculos abdominais vão sendo submetidos a um extremo alongamento. ALTITUDE: O organismo se adapta a processos agudos ou crônicos, ele aumenta o fluxo sanguíneo para compensar a redução de oxigênio e aumentar a concentração de hemoglobina. O processo de aclimatação varia de acordo com o tempo de exposição e o nível de altitude, durante esse processo pode ocorrer alguns problemas de saúde relacionados diminuição do oxigênio. MERGULHO: A resposta fisiológica ao mergulho pode ser desencadeada antes mesmo de o mergulho iniciar. Ela é desencadeada pelo simples ato de cessar voluntariamente a ventilação ou apneia propriamente dita. Além disso, ela também é desencadeada pela imersão da face na água ou o seu esfriamento. Durante o mergulho, ocorrem modificações na distribuição do volume de sangue nas várias regiões do corpo. Essas mudanças visam a priorizar o fluxo de sangue para estruturas vitais para a manutenção da vida. Além disso, elas facilitam a adaptação para a sobrevivência num ambiente com aumento da pressão externa. PRONAÇÃO: A abertura dos pulmões na posição de pronação permite maior fluxo sanguíneo, devido redução de peso. Na posição prona (de bruços), há melhora dos parâmetros respiratórios, facilitando a abertura dos alvéolos pulmonares que não participavam da respiração em posição supina (dorso), proporcionando, assim, melhores trocas gasosas. Controle neural A respiração é um processo rítmico que normalmente ocorre sem o pensamento consciente ou consciência. Nesse aspecto, assemelha-se ao batimento rítmico do coração. Contudo, os músculos esqueléticos, ao contrário do músculo cardíaco autoexcitável, não são capazes de se contrair espontaneamente. Em vez disso, a contração do músculo esquelético precisa ser iniciada pelos neurônios motores somáticos, os quais, por sua vez, são controlados pelo sistema nervoso central. A respiração ocorre automaticamente por toda a vida de uma pessoa, mas também pode ser controlada voluntariamente até certo ponto. A presença de interações sinápticas complicadas entre neurônios cria os ciclos rítmicos de inspiração e expiração. Esses neurônios são influenciados continuamente por estímulos sensoriais, principalmente a partir de quimiorreceptores que detectam CO2, O2 e H . O padrão ventilatório depende, em grande parte, dos níveis dessas três substâncias no sangue arterial e no líquido extracelular. Este modelo estabelece que: 1. Os neurônios respiratórios do bulbo controlam músculos inspiratórios e expiratórios. 2. Os neurônios da ponte integram informações sensoriais e interagem com neurônios bulbares para influenciar a ventilação. 3. O padrão rítmico da respiração surge de uma rede do tronco encefálico com neurônios que despolarizam automaticamente. 4. A ventilação está sujeita à modulação contínua por vários reflexos associados a quimiorreceptores, mecanorreceptores. Uma área chamada de núcleo do trato solitário (NTS) contém o grupo respiratório dorsal (GRD) de neurônios que controlam principalmente os músculos da inspiração. Os sinais provenientes do GRD vão via nervos frênicos para o diafragma e via nervos intercostais para os músculos intercostais. Os neurônios respiratórios da ponte recebem informação sensorial do GRD e, por sua vez, influenciam o início e o término da inspiração. O grupo respiratório ventral (GRV) do bulbo tem múltiplas regiões com diferentes funções. Uma área conhecida como complexo pré- Bötzinger contém neurônios que disparam espontaneamente e que podem atuar como o marca-passo básico do ritmo respiratório. Os grupos respiratórios pontinos - chamados de centro pneumotáxico e apneutico - e outros neurônios pontinhos enviam sinais tônicos para as redes bulbares para ajudar a coordenar um ritmo respiratório uniforme. A entrada sensorial proveniente dos quimiorreceptores centrais e periféricos modifica a ritmicidade da rede de controle para ajudar a manter a homeostasia dos gases sanguíneos. O dióxido de carbono é o estímulo primário para as mudanças na ventilação. O oxigênio e o pH do plasma desempenham um papel menos importante. Os quimiorreceptores sensíveis ao oxigênio e ao dióxido de carbono estão estrategicamente associados à circulação arterial. Se muito pouco oxigênio estiver presente no sangue arterial destinado ao encéfalo e a outros tecidos, a frequência e a amplitude da respiração aumentam. Se a produção de CO2 pelas células exceder a sua taxa de remoção de CO2 pelos pulmões, a arterial aumenta, e a ventilação é intensificada com o objetivo de eliminar o CO2. Os quimiorreceptores periféricos enviam para o SNC informações sensoriais sobre as mudanças na PO2 , no pH e na PCO2 plasmática. Quando as células especializadas tipo 1 ou células glomais nos corpos carotídeos são ativadas por uma diminuição na PO2 ou no pH ou por um aumento da PCO2 , elas desencadeiam um aumento reflexo da ventilação. qualquer condição que reduza o pH plasmático ou aumente a ativará as células glomais das carótidas e da aorta, aumentando a ventilação. Os quimiorreceptores centrais respondem a alterações na concentração de CO2 no líquido cerebrospinal. Os receptores centrais primários estão na superfície ventral do bulbo, perto dos neurônios envolvidos no controle respiratório. Esses receptores ajustam o ritmo respiratório, fornecendo um sinal de entrada contínuo para a rede de controle. Quando a PCO2 arterial aumenta, o CO2 atravessa a barreira hematencefálica e ativa os quimiorreceptores centrais. Esses receptores sinalizam para a rede neural de controle da respiração, provocando um aumento na frequência e na profundidade da ventilação, melhorando, assim, a ventilação alveolar e a remoção de CO2 do sangue. Apesar de dizermos que os quimiorreceptores centrais monitoram o CO2, eles respondem diretamente às mudanças de pHno líquido cerebrospinal (LCS). Ritmos alterados A Respiração de CHEYNE-STOKES é um distúrbio do sono caracterizado por períodos de hiperventilação em que o volume corrente, crescente ou decrescente, se alternam com a apneia obstrutiva do sono ou a apneia central do sono. A Respiração de Cheyne-Stokes causa sonolência diurna e dispneia paroxística noturna. A respiração de KUSSMAUL é um tipo de padrão respiratório. Nesses casos, a respiração do indivíduo é lenta e profunda, e, quando encontrada, deve alertar o médico para quadros de intoxicação no bulbo respiratório. A respiração de BIOT apresenta-se de forma aleatoriamente irregular, com respirações ora superficiais, ora profundas, intercaladas por breves períodos de apneia. Tem como causas depressão respiratória e danos no sistema nervoso central (principalmente ao nível bulbar). O ritmo de CANTANI é caracterizado pelo aumento da amplitude dos movimentos respiratórios, de modo regular e secundário à presença de acidose metabólica. Tal ritmo pode ser evidenciado, por exemplo, em casos de cetoacidose diabética e de insuficiência renal.
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