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Em Ensaio Sobre a Taxa de Salários,400 um de seus primeiros
estudos econômicos, H. Carey tenta provar que os diferentes salários
nacionais variam diretamente com os graus de produtividade das jor-
nadas nacionais de trabalho, para extrair dessa proporção internacional
a conclusão de que o salário em geral sobe e desce de acordo com a
produtividade do trabalho. Nossa análise da produção da mais-valia
comprova o absurdo dessa conclusão, mesmo que Carey tivesse de-
monstrado sua premissa, em vez de, segundo seu costume, amontoar
e embaralhar superficialmente e sem nenhuma crítica o material es-
tatístico recolhido ao acaso. O melhor é que ele não afirma que a coisa
se comporta realmente como segundo a teoria ela deveria se comportar.
A intervenção do Estado na verdade falseou as relações econômicas
naturais. Têm-se, portanto, de calcular os salários nacionais de tal
forma, como se a parte destes que vai para o Estado como imposto
coubesse ao próprio trabalhador. Não deveria o sr. Carey continuar a
refletir se esses “custos do Estado” não são também “frutos naturais”
do desenvolvimento capitalista? O raciocínio é totalmente digno do
homem que primeiro declarou as relações de produção capitalista como
leis eternas da Natureza e da razão, cujo jogo livre e harmônico somente
seria perturbado pela intervenção do Estado, para depois descobrir
que a influência diabólica da Inglaterra no mercado mundial, uma
influência que, ao que parece, não decorre das leis naturais da produção
capitalista, torna necessária a intervenção do Estado, a saber a proteção
daquelas leis da Natureza e da razão pelo Estado, aliás o sistema
protecionista. Ele descobriu ainda que os teoremas de Ricardo etc., em
que são formuladas as antíteses e contradições sociais existentes, não
constituem o produto ideal do movimento econômico real, mas que, ao
contrário, as antíteses reais da produção capitalista na Inglaterra e
noutros países são o resultado das teorias de Ricardo etc.! Ele descobriu,
finalmente, que em última instância é o comércio que destrói as belezas
e harmonias inatas do modo de produção capitalista. Com um passo
a mais ele talvez descubra que o único mal da produção capitalista é
o próprio capital. Só um homem com tal espantosa falta de senso crítico
e erudição de faux aloi401 mereceria, apesar de sua heresia protecionista,
tornar-se a fonte secreta da sabedoria harmônica de um Bastiat e de
todos os livre-cambistas otimistas da atualidade.
MARX
193
400 Essay on the Rate of Wages: with an Examination of the Causes of the Differences in the
Conditions of the Labouring Population Throughout the World. Filadélfia, 1835.
401 De falsa substância. (N. dos T.)

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