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ESAB - Contextos do Pensamento Ecológico

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MÓDULO DE: 
 
CONTEXTO DO PENSAMENTO ECOLÓGICO 
 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
Me. Doralice Veiga Alves 
 
Me. José Carlos dos Santos 
 
 
 
 
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Módulo de: CONTEXTOS DO PENSAMENTO ECOLÓGICO 
Conteudistas: 
Me. Doralice Veiga Alves 
 Me. José Carlos dos Santos 
 
Primeira edição: 2008 
Primeira revisao: 2010 
Segunda revisao: 2014 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
 
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes 
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando 
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, beneficiando e 
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização 
e direitos autorais. 
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas 
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA 
http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
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Apresentação 
As doze primeiras unidades abordam conceitos ecológicos e os respectivos contextos 
histórico, filosófico e teológico desta abordagem. 
Na sequência a discussão se encaminha para a história e o desenvolvimento do 
ambientalismo. 
Nas unidades 20 a 23 são trabalhados os conceitos de ecologia social, mental, integral e 
ambiental. 
As outras unidades caminham no sentido de investigar e promover os motivos da geração de 
consciência ecológica. 
Obs.: Como todos os módulos pertencentes ao programa de Educação Ambiental Urbana, 
este possui as seguintes características: 
- Textos selecionados pelo viés da (a) fácil compreensão e (b) profundidade, 
- que são dispostos para leitura em fragmentos e, na sequência, discorrem baterias de 
exercícios e dicas complementares. 
- O material produzido não serve somente como estudo para o aluno da ESAB, mas foi 
pensado e desenvolvido para que sirva de apoio didático na prática cotidiana da Educação 
ambiental (por isto a opção por uma linguagem clara e simples em sua realização). 
- O módulo incentiva a pesquisa e a compreensão do uso da internet como forma de 
conhecer e interagir em rede com instituições e espaços acadêmicos e cidadãos que 
abordam a questão ambiental. Visto também que o uso do computador e de textos da 
internet e das multimídias (e-livros, etc) é um componente que devemos incentivar visto a 
questão da preservação da natureza. 
 
 
 
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Objetivo 
Introduzir a mente à compreensão da história e fundamentação do pensamento ecológico. 
 
Ementa 
Conceitos e definições; história da natureza: nascimento, desenvolvimento e estruturação do 
ambientalismo; técnicas de educação ambiental; questões da educação ambiental; 
panoramas da educação ambiental no Brasil. 
 
Sobre o Autor 
Doralice Veiga Alves: 
 Mestre em Serviço Social (PUC-SP); 
 Bacharel em Serviços Social (UFES). 
José Carlos dos Santos: 
 Doutorando em Ciências da Religião (PUC-SP); 
 Licenciado em filosofia (PUC-MG); 
 Sócio-fundador da Associação Brasileira de Serviço Social Ecológico. 
 
 
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SUMÁRIO 
UNIDADE 1 ........................................................................................................ 8 
Noção sobre Ecologia e Meio Ambiente - questionário .................................... 8 
UNIDADE 2 ...................................................................................................... 12 
O que é Ecologia e Meio Ambiente. ............................................................... 12 
UNIDADE 3 ...................................................................................................... 16 
Olhar sobre a natureza: colhendo preconceitos ............................................. 16 
UNIDADE 4 ...................................................................................................... 20 
Elencando os abusos e preconceitos ............................................................ 20 
UNIDADE 5 ...................................................................................................... 22 
História da natureza: o meio ambiente .......................................................... 22 
UNIDADE 6 ...................................................................................................... 25 
A visão da natureza na antiguidade: a contribuição dos filósofos gregos. ..... 25 
UNIDADE 7 ...................................................................................................... 26 
O olhar sobre a vida animal na Idade Média .................................................. 26 
UNIDADE 8 ...................................................................................................... 35 
Monoteísmo e Paganismo: o olhar sobre a natureza (I)................................. 35 
UNIDADE 9 ...................................................................................................... 36 
Monoteísmo e Paganismo: o olhar sobre a natureza (II) ................................ 36 
UNIDADE 10 .................................................................................................... 37 
O Ocidente moderno: o homem, a natureza e a cidade (I) ............................ 37 
UNIDADE 11 .................................................................................................... 39 
O Ocidente moderno: o homem, a natureza e a cidade (II) ........................... 39 
UNIDADE 12 .................................................................................................... 41 
A natureza na cidade: temas para fóruns (I) .................................................. 41 
UNIDADE 13 .................................................................................................... 43 
 
 
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A natureza na cidade: temas para fóruns (II) ................................................. 43 
UNIDADE 14 .................................................................................................... 45 
O controle da natureza na modernidade (I). .................................................. 45 
UNIDADE 15 .................................................................................................... 48 
O controle da natureza na modernidade (II). ................................................. 48 
UNIDADE 16 .................................................................................................... 50 
O surgimento do ambientalismo .................................................................... 50 
UNIDADE 17 .................................................................................................... 52 
O surgimento do Ambientalismo no Brasil ..................................................... 52 
UNIDADE 18 .................................................................................................... 55 
O mundo ocidental no fervilhar do ambientalismo ......................................... 55 
UNIDADE 19 .................................................................................................... 56 
Compreendendo o ambientalismo .................................................................56 
UNIDADE 20 .................................................................................................... 60 
Pesquisando: o que é ecologia ambiental...................................................... 60 
UNIDADE 21 .................................................................................................... 62 
Pesquisando: o que é ecologia social ............................................................ 62 
UNIDADE 22 .................................................................................................... 64 
Pesquisando: o que é ecologia mental .......................................................... 64 
UNIDADE 23 .................................................................................................... 66 
Pesquisando: O que é ecologia integral ........................................................ 66 
UNIDADE 24 .................................................................................................... 69 
Sugestões didáticas para o trabalho ambiental com as categorias Ecológicas
 ...................................................................................................................... 69 
UNIDADE 25 .................................................................................................... 71 
Desenvolvimento da consciência ecológica escolar: leitura de artigos .......... 71 
Correndo atrás do Futuro .............................................................................. 76 
UNIDADE 26 .................................................................................................... 78 
Desenvolvimento da consciência ecológica urbana: leitura de artigos. .......... 78 
 
 
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UNIDADE 27 .................................................................................................... 81 
Conheça a Permacultura ............................................................................... 81 
UNIDADE 28 .................................................................................................... 85 
ONGs que trabalham com a Educação Ambiental na Cidade: endereços 
eletrônicos ..................................................................................................... 85 
UNIDADE 29 .................................................................................................... 87 
Aspectos gerais de cada módulo da pós-graduação. .................................... 87 
UNIDADE 30 .................................................................................................... 93 
Avaliação do Módulo ..................................................................................... 93 
GLOSSÁRIO .................................................................................................... 97 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 98 
 
 
 
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UNIDADE 1 
Noção sobre Ecologia e Meio Ambiente - questionário 
Objetivo: Intoduzir e levantar questionamentos acerca do que será estudado neste módulo. 
Olá, Cara aluna! 
Seja bem-vinda ao estudo acerca dos Contextos do Pensamento Ecológico! 
Este módulo tem a finalidade de introduzi-la na temática da Educação Ambiental. 
Destacaremos especial atenção para aspectos gerais que compõem o chamado Pensamento 
ecológico – suas teorias e sua situação no mundo. Agora apresentaremos para você como 
foi pensado e organizado este módulo. 
Como objetivo geral a perspectiva é a de introduzir a mente à compreensão da história e 
fundamentação do pensamento ecológico. 
As doze primeiras unidades deste módulo abordam conceitos ecológicos e os respectivos 
contextos histórico, filosófico e teológico desta abordagem. 
Na sequência a discussão se encaminha para a história e o desenvolvimento do 
ambientalismo. 
Nas unidades 20 a 23 são trabalhados os conceitos de ecologia social, mental, integral e 
ambiental. 
As outras unidades caminham no sentido de investigar e promover os motivos da geração de 
consciência ecológica. 
Obs.: Como todos os módulos pertencentes ao programa de Educação Ambiental Urbana, 
este possui as seguintes características: 
 Textos selecionados pelo viés da (a) fácil compreensão e (b) profundidade, 
 
 
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 Que são dispostos para leitura em fragmentos e, na sequência, discorrem baterias de 
exercícios e dicas complementares. 
 O material produzido não serve somente como estudo para o aluno da ESAB, mas foi 
pensado e desenvolvido para que sirva de apoio didático na prática cotidiana da 
Educação ambiental (por isto a opção por uma linguagem clara e simples em sua 
realização). 
 O módulo incentiva a pesquisa e a compreensão do uso da internet como forma de 
conhecer e interagir em rede com instituições e espaços acadêmicos e cidadãos que 
abordam a questão ambiental. Visto também que o uso do computador e de textos da 
internet e das multimídias (e-livros, etc) é um componente que devemos incentivar 
visto a questão da preservação da natureza. 
Vamos ao trabalho! Queremos sugerir para você um momento de análise acerca do seu 
entendimento sobre a temática ecologia e meio ambiente. Alertamos que é muito importante 
este tipo de abordagem - que tem como objetivo fazer com que seja recapitulado o 
imaginário – visto que somente podemos nos dar conta do processo de aprendizagem 
quando comparamos o que sabíamos antes diante do que nos é exposto no agora. 
Neste sentido, as unidades que seguem caminham na lógica de fazer com que você se 
detenha nas reflexões acerca dos conceitos envolvidos na educação ambiental. Por isto 
nada melhor que um questionário. 
Recordando a infância e aqueles tempos que não voltam mais – como dizia o poeta: 
1) Quando, na sua infância e de que forma você teve contato com as palavras ou ideias: 
ecologia e meio ambiente? 
2) Quais as impressões que você teve acerca da forma como estas palavras soaram 
para você (dentro do contexto dos afetos, lembranças, representações e imaginário)? 
3) Na sua vida de adolescente e na juventude, como estas palavras foram se 
conceituando em sua cabeça? 
 
 
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4) Qual a medida do avanço das palavras-conceitos meio ambiente e ecologia em sua 
vida até aqui – a ponto de fazer com que você procurasse um curso de pós na área de 
educação ambiental? 
5) Hoje, para você, o que vem a ser ecologia e meio ambiente? 
6) Meio ambiente e ecologia são conceitos díspares, similares, sinônimos... o que são 
afinal? Justifique a sua observação sobre a abrangência destas palavras. 
7) Ecologia se refere exclusivamente a questões ambientais ou tem outros campos de 
abrangência? Se há, ou não, justifique. 
8) Você já pensou que ecologia pode ser conceituada em paralelo a questões 
existenciais, a questões econômicas e sociais? Como você acha, ou pensa, que esta 
relação pode se estabelecer? 
9) O que é educação ambiental? Como ela se processa - você tem alguma ideia? 
10)Você tem que expectativas para o estudo de educação Ambiental? 
11)O que um curso de educação ambiental urbana inspira de abrangência para o seu 
imaginário? 
Alerta sobre o estudo desenvolvido nos módulos: 
1) Os módulos foram elaborados pensando em constituir-se material marcado 
pela: 
 Facilidade nas abordagens. Onde os textos se apresentam de forma 
simples e direta. Textos feitos por meio de pesquisas na internet nas 
qual a ideia central foi a de favorecer técnicas para que você possa 
elaborar material de auxílio para o seu futuro trabalho. 
 O material lançado são roteiros que servirão para a sua prática 
profissional. Por isto os módulos apresentam muitos exercícios 
 
 
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optativos e questões individuaisque servirão de guia e luz para as 
futuras discussões e abordagens que você fizer em seu trabalho. 
2) Material teórico mais denso você poderá encontrar como sugestão de 
leitura e obrigação (de consciência) de estudo na Bibliografia. 
3) Quanto ao conteúdo para o estudo das avaliações, cada módulo terá 
indicações sobre o assunto que cairá. Na prova presencial sempre cairão 
perguntas similares ao que foi trabalhado nos exercícios on-line e 
atividades reflexivas existentes nos textos. Por isto, se você realizar todos 
os passos das propostas para os estudos levantados o sucesso estará 
garantido. 
 
Sugerimos, por sinal, que você use deste material para a sua prática profissional quando as 
questões envolvidas forem de seu interesse. Lembre-se de que um curso de pós-graduação 
lato sensu tem por finalidade fornecer e capacitar o profissional para o aperfeiçoamento de 
suas atividades. 
Um alerta para a leitura de todos os textos do módulo: 
As referências bibliográficas das citações encontram-se na página virtual 
BIBLIOGRAFIA. As citações no corpo deste módulo vêm sinaladas por um asterisco (*) 
– solicito que você se dirija à página virtual para conferir, por unidades, o que foi 
lançado. 
 
 
 
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UNIDADE 2 
O que é Ecologia e Meio Ambiente. 
Objetivo: Levantar a proposta de estabelecer uma consciência que trabalhe os conceitos 
estabelecendo paralelos e discussões sobre eles. 
Nesta unidade lançaremos algumas definições distintas sobre os termos ecologia e meio 
ambiente. Depois de ler atentamente as definições você deverá fazer o exercício proposto. 
O que é ecologia? 
Definição 1*: 
Durante algum tempo a ecologia foi entendida como um subcapítulo da biologia que 
estuda o relacionamento dos seres vivos entre si e como o seu meio ambiente. Assim a 
entendia seu primeiro formulador, Hernst Heekel, em 1866. Mas logo em seguida, abriu-
se o leque de sua compreensão com três famosas ecologias (conforme estudo de F 
Guatari): a ambiental, que se ocupa com o meio ambiente e as relações que as várias 
sociedades históricas entretêm com ele, ora benevolentes, ora agressivas, ora 
integradas ao ser humano na natureza, ora distanciando-o; a social, que se ocupa 
principalmente com as relações sociais como pertencentes às relações ecológicas, pois 
o ser humano pessoal e social é parte do todo natural e a relação para com a natureza 
passa pela relação social de exploração, de colaboração ou de respeito e veneração; 
por fim a mental, que parte da constatação de que a natureza não é exterior do ser 
humano, mas interior, encontrando-se sob forma comportamento que concretizam 
atitudes de agressão ou de respeito e acolhida das natureza. De acordo com o 
vocabulário Básico, compilado por Iara V. De Moreira Rio de Janeiro, FEEMA, 1992: 
 
 
 
 
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Definição 2*: 
O termo "ECOLOGIA" foi criado por Hernst Haekel (1834-1919) em 1869, em seu livro 
"Generelle Morphologie des Organismen, para designar "o estudo das relações de um 
organismo com seu ambiente inorgânico ou orgânico, em particular, o estudo das 
relações do tipo positivo ou amistoso e do tipo negativo (inimigos) com as plantas e 
animais com que convive"(Haekel apud Margalef, 1980). Em português, aparece pela 
primeira vez em Pontes de Miranda, 1924, "Introdução à Política Cientifica". O 
conceito original evoluiu até o presente no sentido de designar uma ciência, parte da 
biologia, e uma área especifica do conhecimento humano que tratam do estudo das 
relações dos organismos uns com os outros e com todos os demais fatores naturais e 
sociais que compreendem seu ambientes. 
 
Definição 3*: 
"Em sentido literal, a Ecologia é a ciência ou o estudo dos organismos em "sua casa", 
isto é em seu meio... define-se como o estudo das relações dos organismos, ou grupos 
de organismos, com seu meio... Está em maior consonância com a conceituação 
moderna definir Ecologia como estudo da estrutura e da função da natureza, 
entendendo-se que o homem dela faz parte". (Odum, 1972). 
 
Agora escreva as convergências e divergências entre as definições: 
 Definição 1 Definição 2 Definição 3 
Convergências 
Divergências 
 
 
 
 
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O que é meio ambiente? 
Definição 1**: 
 A expressão “ambiente” tem sua origem no latim “ambiens”, significando “que rodeia” Já a 
expressão “meio ambiente” é definida de várias maneiras: 
- As circunvizinhanças de um organismo, incluindo as plantas, os animais e os 
microorganismos com os quais ele interage (ricklefs, 1993); 
- O mundo biótico e abiótico (Morán, 1990); 
- O meio físico, químico e biológico de qualquer organismo vivo (Pope, 1991); 
- O conjunto de todas as condições e influências externas que afetam a vida e o 
desenvolvimento de um organismo (Batalha, 1987). 
 
Definição 2: 
No Brasil o documento que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente define o 
termo meio ambiente como: 
“O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
 
Definição 3: 
A conceituação restrita de meio ambiente o coloca como sendo “só sinônimo de 
natureza”. E o que é natureza? 
Natureza é “um termo genérico que designa os organismos e o ambiente onde eles 
vivem” (dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais, 1998). 
O meio ambiente, assim entendido, não tem o componente humano, como se o homem 
 
 
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fosse deslocado do mesmo. Dentro deste enfoque, fazem parte do meio ambiente as 
florestas, as matas, animais, rios, solos e o ar. Mas será que estamos fora do meio 
ambiente? Será que trabalhamos e interferimos nele, mas não fazemos parte dele? 
Assim, influenciado pelo conceito cartesiano mecanicista, tendo por base o pensamento 
racional positivista, o meio ambiente foi trabalhado como se fosse somente um objeto 
científico, divorciado da ação humana, com limites definidos e áreas estanques. Este 
pensamento racional positivista predominante em ciências desde o século XVII, linear, 
fragmentado e analítico, dificultou a compreensão clara do funcionamento dos sub-
sistemas que o compõem, gerando ações comportamentais destruidoras dos recursos 
naturais e da natureza como um todo. 
 
 
Agora escreva as convergências e divergências entre as definições: 
 Definição 1 Definição 2 Definição 3 
Convergências 
Divergências 
 
Por fim, faça as convergências e as diferenças com as convergências dos exercícios feitos 
anteriormente. 
 Ecologia Meio ambiente 
Convergências 
Divergências 
 
 
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UNIDADE 3 
Olhar sobre a natureza: colhendo preconceitos 
Objetivo: Detectar os preconceitos acerca do ser e do lugar da natureza no imaginário social. 
É muito interessante em um trabalho de educação ambiental ou não, estabelecer pontos de 
destruição e revisão dos “valores” que os envolvidos no processo tanto têm ou carregam. 
Por exemplo, digamos que você em um encontro vá falar sobre o valor da vida matrimonial, 
dos valores da família... há todo um discurso social, religioso, cultural sobre estes aspectos. 
Muitos destes valores se encontram como que numa camisa de força. Figuram-se diante de 
nós como um pacote que deve ser comprado obrigatoriamente durante a existência de todos 
os indivíduos. Todavia, a vida não é bem assim. Não é a regra social, cultural e religiosa 
(geralmente pautada pelo critério da verdade última e formal) que pode conduzir a pessoa 
para a felicidade. A realidade comporta muitos casos que fogem à lógica muitas vezes 
fragmentada da realidade que não contempla as diferenças. 
O mesmo acontece com as nossas concepções acerca da natureza,do meio ambiente e, de 
modo mais amplo, acerca da ecologia. 
Nesta unidade queremos fazer um resgate do seu imaginário e das pessoas que o cercam 
abordando a visão que elas têm a respeito da natureza. 
Faremos esta unidade da seguinte maneira: 
Lançarei uma pergunta que você deverá responder com sinceridade. 
Na sequência lançarei uns recortes para que você compare as convergências e as 
divergências entre o seu pensamento e o exposto no recorte. 
Depois faça uma reflexão ou um debate sobre os pontos controversos que você 
encontrou neste embate de ideias. 
 
 
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Obs.: Tudo o que lançarmos nestes módulos de exercícios deverá ser apropriado por você, a 
fim de dinamizar seu trabalho de educador ambiental. Portanto, este exercício pode ser 
aplicado em seu trabalho. 
 
 
 QUESTÕES PARA SEREM REFLETIDAS E DISCUTIDAS 
1) Pense um pouco sobre o conceito aristotélico de homem: “O homem é um animal 
racional” – qual o grau de verdade deste argumento? 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
2) O que diferencia o homem de um animal? 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
3) O homem também é um animal, então, o que permite que o homem use a vida dos outros 
animais em seu favor? 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
Veja a gravura abaixo: 
 
 
 
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18 
 
br.geocities.com 
4) O que permitia que homens escravizassem outros homens? Justifique histórica e 
teologicamente (se possível for). 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
5) O homem possui diferentes níveis de conscientes inteligentes e os animais também não 
são inteligentes? 
__________________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________________ 
 
 
 
Hoje sabemos que um chimpanzé adulto tem o mesmo nível de inteligência 
 
 
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que uma criança de três anos. Como é permitido matar chimpanzés porque a 
sociedade humana não mata as crianças de até três anos e permite o aborto - 
por exemplo? 
Você sabia que todos os animais possuem níveis de inteligência? Pois é: 
possuem. Então, qual o critério usado para não matar as crianças autistas, por 
exemplo? 
A resposta para estas questões seria: porque os outros animais não 
pertencem ao grupo dos humanos? 
Se a resposta for esta, os movimentos de caráter racista não estariam corretos 
em afirmar a diferença e a supremacia de um grupo sobre o outro? 
Para escravizar os brancos diziam que os negros não tinham alma – o mesmo 
argumento usado para matar os animais. O que você tem a dizer sobre isto? 
 
 
 
 
 Procure sites que tratam sobre a inteligência animal para melhor refletir sobre o assunto e 
contextualizar o tratado. O estudo desta abordagem lhe ajudará na justificativa do que 
apresentamos acima para o seu trabalho de educador ambiental. Sugiro também a obra 
“Vida Ética” do filósofo americano Peter Singer que aborda a questão da dignidade dos 
animais e da natureza. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 4 
Elencando os abusos e preconceitos 
Objetivo: Rever os abusos e preconceitos em relação ao uso da natureza. 
Nesta unidade você deverá fazer uma pesquisa e lançá-la na página do Fórum da ESAB 
sobre os abusos e preconceitos humanos em relação à natureza. Este exercício você poderá 
aplicar como roteiro de educação ambiental em seu trabalho. 
Primeiro: escolha um ente da natureza; 
Segundo: apresente três falas que demonstrem o claro abuso e desrespeito em relação a 
este ente; 
Terceiro: encontre uma justificativa na internet, ou em outra fonte, que apresente um 
argumento contrário ao jogado pelo preconceito e abuso humano. 
Quarto: lance a sua pesquisa no banco de dados do Fórum da ESAB 
 
Reprodução - blogs.periodistadigital.com 
 
 
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Exemplo: 
Ente: vaca 
Abuso/ preconceito: Uso da carne. 
Abusos e Preconceitos em relação à natureza: 
 “A carne é a principal fonte de proteínas na alimentação humana”. 
 “A carne é imprescindível para a boa alimentação humana”. 
 “O humano é carnívoro por natureza”. 
 
Justificativa contrária ao preconceito/abuso 
Fonte: “A carne é Fraca” (vídeo do Instituto Nina Rosa). 
 “Somente o arroz contém a quantidade suficiente de proteínas para o 
sustento humano”. 
“A carne é posta de modo ideológico por parte das escolas de medicina e 
nutrição devido à forte propaganda da indústria da carne. Ela não é 
imprescindível para a boa alimentação humana.” 
 “O homem não é carnívoro por natureza. Ele recebe uma educação 
marcadamente carnívora”. 
(Textos feitos na forma de síntese) 
Obs: Não se esqueça de citar a fonte das justificativas contrárias aos abusos e preconceitos 
em seu trabalho. 
 
 
 
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UNIDADE 5 
História da natureza: o meio ambiente 
Objetivo: Introdução à compreensão da história ambiental e da relação do homem com a 
natureza. 
O texto da Wikipédia (*), em sua introdução sobre a História Ambiental, nos apresenta os 
seguintes tópicos de raciocínio que, de certa forma, norteará todo o nosso trabalho neste 
módulo: 
1. “Por muitos anos se acreditou em um distanciamento entre Cultura e Natureza. Este 
distanciamento influenciou sobremaneira as relações estabelecidas entre o Homem como 
ser diferenciado e destacado da natureza em contraposição à Natureza e seus recursos”. 
2. “Criou-se posteriormente a distinção entre paisagem natural e paisagem cultural, esta 
última seria o objeto de estudo do historiador. Esta visão ainda destacava o Homem de 
seu contexto natural, só serviriam aos estudos históricos as paisagens transformadas 
pela ação do homem”. 
3. .”Atualmente, existe a preocupação dos historiadores em perceber as relações entre o 
homem e seu meio ambiente. Nada mais óbvio que enxergar as inter-relações entre os 
diversos fatores que norteiam esta relação. A tecnologia e a economia são fatores 
importantes na relação entre uma dada sociedade e o ambiente natural que a cerca. É 
seguindo esta perspectiva teórica de inter-relações que se produzem atualmente os 
trabalhos acadêmicos em torno da História Ambiental”. 
Agora, dirija-se ao site da Wikipédia (que se encontra na página anterior) e responda as 
seguintes questões (que poderão cair na avaliação): 
1) O que Ponting que dizer com o pensamento que “(...) a história humana não pode ser 
compreendida em vácuo”? 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Historiador
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_ambiente
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade
 
 
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2) Como a ciência põe em evidência a separação da história sugerida por Karl Marx 
(história da natureza e história do homem)? 
3) Como se processou a consolidação da separação do homem com a natureza na 
modernidade? 
4) Como a natureza é entendida na modernidade? Quais os perigos (a seu ver) neste 
entendimento? 
5) Exponha (a seu ver), se apoiando no posicionamento do lugar do homem diante da 
natureza na modernidade, o perigo deste posicionamento. 
6) Como os problemasambientais redirecionaram o lugar do homem em sua relação 
com a natureza no século XX? 
7) Como se deu a proximidade entre as ciências humanas com as ciências da natureza 
na década de 30 e qual o fruto dessa proximidade? 
8) Sobre Braudel: como este pensador influenciou o pensamento sobre a questão 
ambiental e em que medida se deu esta influência? 
9) Comente sobre o fragmento do texto e procure situá-lo nas atuais preocupações 
planetárias: “história “rejeita a premissa de que a experiência humana se desenvolveu 
sem restrições naturais, de que as consequências ecológicas de seus feitos passados 
podem ser ignoradas”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 O texto estudado oferece uma preciosa dica para aqueles que pretendem estudar o elemento 
“relação do homem com a natureza pela via da história”. Confira a DICA: 
“A História Ambiental como Campo de estudo Vários autores (Stewart, 1998, Worster, 
1991, Drummond, 1991, 1997) concordam em afirmar que a História Ambiental tem sido 
feita, de modo geral, em três categorias de análises: reconstrução de ambientes naturais 
do passado, estudo dos modos humanos de produção e seu impacto sobre o ambiente; e 
a análise da história das ideias, das percepções e dos valores sobre o mundo natural. 
Esses níveis podem aparecer integrados, como no estudo sobre a mata Atlântica de 
Warren Dean (1996) ou de forma separadas, como no estudo das ideias 
conservacionistas de Pádua (2002) em “Um sopro de destruição”. Embora possa haver 
maior ênfase neste ou naquele plano, há a preocupação entre a maior parte dos estudos 
de evitar uma “racionalização das necessidades do estômago” ou um extremado 
ideacionismo, evitando a dicotomia “Barriga” e “Pensée” . A necessidade da integração de 
diferentes níveis de análises fez com que uma das principais características da História 
Ambiental seja o diálogo com outras disciplinas como a geologia, biologia, geografia, 
antropologia e, principalmente, a ecologia. Worster (1991:06) qualifica esse diálogo da 
seguinte maneira: No seu conjunto as ciências naturais são instrumentos indispensáveis 
para o historiador ambiental, que precisa sempre começar com a reconstrução de 
paisagens do passado, verificando como eram e como funcionavam antes que as 
sociedades humanas as penetrassem e as modificassem. Trata-se de colocar a natureza 
na História (Cronom, 1983), ou ir mais além, “colocar a história humana no contexto da 
natureza não-humana” (Soffiati, s/d)”. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 6 
A visão da natureza na antiguidade: a contribuição dos filósofos gregos. 
Objetivo: Averiguar os fundamentos ocidentais acerca da relação da visão da natureza tida 
pelos filósofos na antiguidade. 
Nesta unidade trabalharemos com um fragmento do texto do professor Latuf Isaias Mucci(*) 
acerca da presença da natureza pensamento pré-socrático de Heráclito. Ao terminar a leitura 
faça a seguinte atividade optativa: Pesquise a estreita relação existente entre a observação 
da natureza e a formação do pensamento filosófico. Vamos ao texto: 
Tomando Heráclito como emblema dos filósofos pré-socráticos, inserimos um 
fragmento de Heráclito e seu (dis)curso, do pensador gaúcho Donaldo 
Schüler: “ De Heráclito (540-480 a. C.) a nós algo se modificou. O mundo se 
distanciou, como o sentiu Rilke. Somos prisioneiros de signos. Heráclito sentia 
o mundo uno, vivo e ativo, unido pelo Discurso, que fazia falar - o homem e o 
universo. O Discurso vive no discorrer, o todo repercute nas partes. Fluxos são 
também sons como os da lira, percursos como os da flecha, a flecha verbal 
penetra na polpa viva das coisas, flecha em que já pensava Homero ao falar 
em palavras aladas. Flechas discursivas ligam falante e universo, harmonia de 
ritmos e de sons. O ritmo do universo treme na fala, corpo sonoro, verbal, 
musical. A unidade no fluir, limites que abrem. Dados que rolam no rolar das 
águas, que ao rolar desvelam, jogo. Do jogo inaugurado por Heráclito 
participamos”. Se Maria Bethânia, em seu mais recente e esplendoroso show, 
afirma que “no fundo do mar tem rio”, continuam a fluir, no mar das 
civilizações, o rio heraclitiano e os fragmentos pré-socráticos. 
 
 
 
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UNIDADE 7 
O olhar sobre a vida animal na Idade Média 
Objetivo: Navegar no campo da produção literária acerca dos olhares sobre a natureza no 
período medieval. 
Se você observar bem as relações com a natureza se desenvolvem nos múltiplos campos da 
vida inteligente humana. Conforme você observou e pesquisou na unidade anterior (na tônica 
filosófica) e conforme observarás nesta (de tônica literária) o que tanto queremos expor. 
 
 É muito importante, para você que é educador ambiental, tomar ciência das mais variadas 
produções culturais acerca da relação do homem com a natureza. Investigue, neste 
sentido, as áreas da filosofia e das artes no sentido de encontrar material disponível para 
a ampliação de instrumentais capazes de lhe auxiliar em seu trabalho. 
 
 
 
Esta unidade servirá somente de amostra para um possível estudo acerca do que tanto 
estamos comentando. É uma resenha de uma obra que trata da proximidade dos olhares 
debruçados sobre a vida animal na Idade Média. Averigua como estes animais inspiravam 
significados e símbolos no imaginário e nas aspirações humanas daquela época. Em 
resumo: a obra é um convite para estreitarmos o nosso ser planetário em conformidade com 
o ser planetários dos outros seres. 
 
 
 
 
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Observações: 
 O conteúdo desta unidade não cai em avaliação; 
 Encontra-se no site: http://www.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/medievalista-voisenet.htm; 
 É uma resenha escrita por Pedro Chambel - do Instituto de Estudos Medievais da FCSH-
UNL- (*) sobre a obra de Jacques Voisenet “Bêtes et hommes dans lê monde medieval lê 
bestiaire dês clercs du Vê au XIIe siècle”. Vamos ao texto: 
 
No seu primeiro livro sobre o bestiário da Alta Idade Média, Bestiaire chrétien. L‟image 
animal des auteurs du Haut Moyen Age (Vº - XIº s.), Toulouse, Presses Univ. du Mirail, 1994, 
Jacques Voisenet estudou as fontes utilizadas pelos clérigos da época na construção das 
imagens textuais dos animais que viriam a utilizar nos seus textos. No presente volume, a 
partir das fontes produzidas na Cristandade medieval, dando especial atenção às do 
Ocidente, estuda as funções dos animais nestas. Se o âmbito espacial da recolha das fontes 
é amplo, o mesmo acontece no plano temporal, pois o autor considera o que denomina de 
uma longa Idade Média, que se inicia no século V, com a implantação crescente do 
Cristianismo no Ocidente medieval, e se prolonga até ao XII, ou seja, ao momento do 
surgimento dos bestiários românicos, considerados como um ponto de chegada na 
simbologia animal, após as elaborações e propostas realizadas no período anterior. Jacques 
Voisenet propõe-se, assim, compreender como se estruturou a visão do animal até ao 
momento em que as grandes sínteses presentes nos bestiários do século XII e seguintes se 
impuseram. No entanto, o autor considera que as funções que os animais adquiriram nos 
escritos da Alta Idade Média, tornam-no num período que se individualiza do posterior no que 
respeita à visão da natureza. 
Neste sentido, Jacques Voisenet constata, inicialmente, duas constantes que caracterizam a 
visão do animal nos textos elaborados durante o período por si considerado. Assim, assinala 
como não existiu por parte dos letrados qualquer interesse pela observação da natureza, 
surgindo a descrição dos seus seres e respectivos comportamentos em função do que lhes 
http://www.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/medievalista-voisenet.htm
 
 
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foitransmitido pelas fontes da Antiguidade Clássica, nomeadamente pelos textos dos 
naturalistas, e pela Bíblia. Na verdade, se para os autores da época o homem possui dois 
“livros” cujo estudo permite orientar a sua conduta como cristãos, as Sagradas Escrituras e o 
“livro da natureza”, nunca se interessaram pelo estudo desta em si. Por outro lado, nas 
fontes então produzidas, os animais surgem sempre referidos em função do próprio homem 
e como instrumento ao serviço da ideologia clerical. 
No entanto, as funções atribuídas aos animais pelos letrados da Alta Idade Média, assim 
como as relações que estabeleceram com o homem relevam-se variadas e diversas. Assim, 
na primeira parte do livro, o autor estuda os simbolismos dos animais transmitidos pelos 
textos da época. Para tal, considera a classificação que para estes foi estabelecida pelos 
enciclopedistas, em particular por Isidoro de Sevilha e Rabano Mauro, ou seja, de forma 
antropocêntrica. Tal expediente permite ao autor aproximar-se da mentalidade dos letrados 
medievais e, assim, explicar as funções que estes atribuíram aos animais em função da sua 
classificação. Ora, esta foi elaborada tendo em conta a proximidade do animal ao homem, 
considerando as características físicas dos animais, o meio geográfico que habitavam, o seu 
tamanho e os elementos em que viviam. Assim, inicialmente são analisadas as simbologias 
dos monstros, ou seja, das denominadas raças híbridas, mais próximos do homem pelos 
atributos físicos, seguindo-se as dos animais domésticos, do gado de pequeno e grande 
porte, das bestas selvagens, incluindo as que habitavam o Ocidente medieval e as exóticas, 
dos pequenos animais, mamíferos e insectos, dos rastejantes, répteis e lagartos, as da 
abrangente designação de “vermes” e as dos animais que se movimentam nos espaços 
diferentes dos do homem, os peixes e as aves. 
Ora, ao considerar esta classificação, estabelecida pelos autores da Alta Idade Média, 
Jacques Voisenet constata como as funções atribuídas aos animais surgem em função dela. 
Assim, a proximidade ao homem implica muitas vezes a atribuição de simbologias positivas a 
estes e o progressivo “afastamento” deste tendo a conotá-los de forma negativa. No entanto, 
para além desta longa cadeia formada pelos animais tendo em conta o antropocentrismo, 
também surge outra divisão segundo um eixo vertical que os divide entre os que se 
encontram “em baixo”, como os peixes e os animais rastejantes, e os que se encontram num 
 
 
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plano mais elevado, como é o caso das aves, o que igualmente influencia a simbologia dos 
animais que se tendem a orientar de forma mais positiva de “baixo” para “cima”. Mas, dentro 
destas duas classificações, os animais também se repartem segundo uma ordem 
descendente, dos maiores para os menores, numa representação simbólica que se 
manifesta, igualmente, como um “abaixamento” em relação ao plano terreno. 
Assim, o simbolismo de cada animal é explicado em função das categorias consideradas, ou 
seja, da proximidade/distanciamento, quer do homem, quer da esfera celeste e da terra, ou 
do tamanho do animal. No entanto, estas classificações não impedem que se mantenha uma 
ambivalência fundamental que se exprime no fato de certos animais poderem ter 
simultaneamente simbologias positivas e negativas, evocando, quer o bem, quer o mal, 
enquanto outros adquiriram funções que os remeteram fundamentalmente para conotações 
negativas ou positivas. 
Em suma, os animais encontram-se ordenados segundo dois eixos fundamentais, um que se 
baseia na classificação antropocêntrica e outro, ascendente, onde se situam em função da 
escala de valores que “sobem” do Inferno para o Céu. 
Na segunda parte do livro, Jacques Voisenet aborda as relações entre o homem e os 
animais presentes nos escritos dos letrados da Alta Idade Média. Neste sentido, afirma que 
elas nunca se revelam neutras. Na verdade, pouco interessou aos autores da época o relato 
da vivência quotidiana entre homens e animais. Estes surgem ao serviço daqueles para 
permitir ao homem sair do quadro da “animalidade”. Ou seja, o animal aparece perante este 
para servir-lhe de espelho de forma a fazer-lhe reconhecer as suas fraquezas e defeitos, mas 
também como modelo a imitar. O animal surge ainda ao serviço do mundo do invisível para 
ameaçar o homem, encorajando-o a seguir o caminho da Salvação. 
O autor, após estas observações preliminares, estuda as funções dos animais nos milagres, 
nos sonhos e nas visões, onde surgem como portadores de “sinais” que uma vez 
decodificados permitem ao homem entender a mensagem que o aparecimento do animal lhe 
transmite. Assim, nestes contextos, as bestas surgem sempre como uma expressão da 
divindade e os protagonistas humanos são, globalmente, os santos. Na verdade, os 
 
 
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encontros relatados centram-se nos que acontecem entre os eleitos de Deus e o animal. 
Assim, nas hagiografias da época este surge ao santo como um ser ameaçador, mas 
também susceptível de por ele ser apaziguado. Neste sentido, o encontro do animal com o 
santo contribui para que este surja perante a comunidade dos fiéis, o auditório a quem os 
textos se destinam, como os mediadores entre o Céu e a Terra, ao mostrar a capacidade do 
eleito de modificar o comportamento do animal, fazendo surgir a sua capacidade de agir 
miraculosamente sobre a matéria e a condição de homem ou mulher capaz de ultrapassar os 
estreitos limites da experiência humana, em particular, os ligados ao espaço e ao tempo, 
para servir de exemplo à humanidade. 
Assim, nos textos da Alta Idade Média, a realidade da convivência entre os homens e os 
seres da natureza é constantemente traduzida em termos teológicos, transmitindo histórias 
exemplares que pretendem suscitar nos homens o desejo de ultrapassar a sua condição de 
pecadores de forma a restabelecer a primitiva ordem harmoniosa que orientava a relação 
homem/animal. Neste sentido, este último surge sempre com uma função simbólico-
alegórica, encontrando-se ao serviço do primeiro, nomeadamente ao permitir-lhe descobrir-
se a si próprio e ao seu lugar na Criação. O animal aparece, deste modo, “requisitado” pelas 
forças do Além que dele se servem para enviar as mensagens destinadas às comunidades 
dos crentes ou às que se pretendia evangelizar. 
Jacques Voisenet, conclui que nos textos dos letrados da Alta Idade Média, o animal surge 
ao serviço da ideologia clerical, perdendo a sua realidade física para servir de utensílio à 
divulgação de normas comportamentais a serem seguidas pelo seu auditório. A 
“personalidade” do animal desaparece para se resumir a pôr em evidência as qualidades e 
defeitos a seguir ou a evitar pelos homens. Ao surgir como um prolongamento do desejo do 
homem de se aperfeiçoar, como um modelo, como um espelho ou como um mediador entre 
o mundo terreno e o do Além, o animal remete sempre para o “outro”, seja o homem, o Diabo 
ou Deus, aparecendo com uma marcada função simbólico-alegórica. 
Na terceira e última parte do livro, Jacques Voisenet afirma que nos vários textos que os 
letrados da Alta Idade Média nos legaram, hagiografias, sermões, crônicas, enciclopédias, o 
 
 
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animal neles é referido, essencialmente como um mediador. A sua presença responde a uma 
necessidade imperiosa de possuir um intermediário para melhor conhecer a realidade 
material e espiritual. O animal estabelece nos textos uma relação tangível entre os 
elementos, os lugares, o presente e o passado, o corpo e o espírito, os mundos natural e 
espiritual, entre a Terra e o Céu, a Salvação e a danação, o pecado e a graça. Ou seja, serve 
de unificador ao que a mentalidade dos homens da época tem dificuldade em unir e 
relacionar, contribuindo, assim, para formaruma imagem de unidade e coerência do mundo. 
Ora, esta função fundamental, torna-o um elemento essencial para os clérigos transmitirem 
ensinamentos e condutas e para afirmar ideologicamente o poder terreno da Igreja. Mas a 
presença do animal nos textos da Alta Idade Média surge, igualmente, como um meio de 
evasão para o auditório a que são destinados, ajudando o homem a ultrapassar as 
contingências e dificuldades da rude vida quotidiana. 
Neste sentido, o autor analisa as funções do animal em quatro perspectivas: o animal como 
estratégia de conhecimento, como instrumento pedagógico ao serviço da ordem moral que 
os clérigos pretendem estabelecer, como um expediente ao serviço do poder terreno da 
Igreja e como um meio de evasão para os homens ao maravilhá-los com as suas naturezas, 
exotismo e comportamentos. O autor reitera então como a natureza e os seus seres não 
motivaram em si o interesse dos autores da Alta Idade Média, surgindo antes como um meio 
para proporcionar ao homem o conhecimento de si próprio e do universo, para manter a 
ordem social e a autoridade eclesiástica, ou como um meio de evasão. Assim, ele adquiriu, 
fundamentalmente, uma função ideológica, uma vez que os clérigos dele se serviram para 
transmitir a sua visão do mundo e dos seres que supostamente o povoavam. 
Na conclusão, Jacques Voisenet reafirma como os letrados da Alta Idade Média se serviram 
dos mundos vegetal e animal para transmitirem lições morais e edificantes, exemplos para 
meditação e explicações sobre os mistérios divinos. A natureza foi observada a partir da 
visão dos autores da Antiguidade, da Bíblia e dos Padres da Igreja e nela procuraram 
encontrar uma verdade que ultrapassasse o simples quadro da experiência concreta e que 
se revestisse de um caráter intemporal. 
 
 
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O autor interroga-se, então, se é possível reconhecer um sistema geral simbólico e coerente 
da animalidade transmitida na visão clerical do mundo. Ora, não obstante a variedade dos 
modos de descrição dos animais, da sua relação com o homem e das funções que 
adquiriram, o estudo da presença dos animais nos textos permite concluir e sublinhar a 
existência de alguns grandes sistemas de representação. Estes se caracterizam pelas 
funções que neles adquiriram os animais, como a de ilustrar os ensinamentos das Escrituras 
ou transmitir os enganos e armadilhas do demônio a partir de uma abundante fauna maléfica. 
Mas, sobretudo, persiste a função moral, que se apoiou em esquemas binários, como o bem 
e o mal, a vida e a morte, a ordem e a desordem, a salvação e o perigo. A natureza 
ambivalente do animal no plano simbólico que lhe permite significar, quer o bem, quer o mal, 
põe em destaque os binômios antagônicos que regem toda a existência da humanidade. 
A fauna participa assim ativamente na elaboração do sistema de representação do universo, 
no seio do qual permite aos crentes ajuizar os seus próprios comportamentos, indicando o 
caminho da Salvação. A presença do animal nos textos dos letrados da Alta Idade Média 
nunca é, pois, acidental e responde sempre a uma intenção bem precisa. Ele integra-se 
numa estrutura de pensamento coerente e que expressa ao homem o caminho a seguir em 
direção à divindade. 
Em suma, os clérigos medievais preocuparam-se, essencialmente, na representação textual 
do animal, pelo que esta podia transmitir à comunidade dos crentes. Assim, o bestiário por 
eles elaborado e divulgado, adquiriu um caráter exclusivamente didático. A Igreja serviu-se 
dele como de um verdadeiro instrumento para inculcar nas populações o respeito pela ordem 
social e moral que defendia e transmitir-lhes os ensinamentos teológicos. 
No entanto, a presença do animal nos textos da Alta Idade Média contribuiu, igualmente, 
para que o homem conhecesse o seu lugar no universo, quer no aspecto físico, quer no 
moral e espiritual. Face a um mundo mal conhecido, compreendido e ameaçador, ela ajudou-
o a encontrar o seu lugar como o ser privilegiado da Criação e o seu centro, manifestando 
uma função de segurança ao contribuir para apaziguar os temores espirituais dos homens da 
época. 
 
 
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O autor finaliza o livro com um anexo onde aborda a problemática do estudo dos animais na 
literatura da Alta Idade Média a partir das questões que lhe surgiram ao longo da sua 
investigação e perspectiva novas contribuições para a temática por ele estudada. 
Revelando uma notável erudição, Jacques Voisentet estuda na sua obra, a partir de diversas 
perspectivas, as funções que os animais adquiriram na literatura da Alta Idade Média, pondo 
em relevo a sua importância para o estudo, decodificação, análise e compreensão dos textos 
então produzidos. Trata-se, igualmente, de um livro essencial para o estudo da mentalidade 
medieval, o que explica a importância crescente que nos diversos países europeus, e mais 
recentemente, nos Estados Unidos, a temática que aborda tem adquirido. Na verdade, ela 
revela-se de crucial importância para a compreensão do mundo medieval, da sua cultura e 
valores, mas que infelizmente não tem motivado de forma persistente a elaboração de 
estudos por parte dos autores e investigadores nacionais, salvo raras exceções. O livro 
apresenta ainda um elucidativo prefácio de Jacques Le Goff onde este reitera a importância 
do estudo da presença dos animais nas fontes medievais para o desenvolvimento da análise 
da cultura e das mentalidades medievais. Neste sentido, a presente obra revela-se como um 
dos mais importantes contributos para o estudo da simbologia animal na Idade Média que se 
produziu nos últimos anos em nível internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 8 
Monoteísmo e Paganismo: o olhar sobre a natureza (I) 
Objetivo: Articular as ideias do abandono da natureza da vida da sociedade ocidental pela 
matriz religiosa. 
A presente unidade fará um estudo dirigido sobre como, mediante o pensamento religioso 
monoteísta, o ocidente foi deixando paulatinamente a sua conexão com a natureza – antes 
mediada pelo paganismo. 
O título do texto é “Para Compreender o Paganismo” e foi escrito por Cláudio Quintino(*). 
O mesmo estudo dirigido continuará na unidade seguinte. 
 
ESTUDO DIRIGIDO 
O estudo de Cláudio Quintino tem o seu início pontuando as “Definições, História e filosofia” 
do Paganismo. Afirma ele a complexidade que é estudar tal tema. Logo em seguida o autor 
começa a versar sobre as origens do termo Paganismo. Neste sentido, cabe um estudo mais 
aprimorado sobre a questão: 
1) Segundo o texto, como a religião pagã se une à noção de natureza? 
2) Como a natureza, segundo Cláudio Quintino, era tida pelos povos pré-cristãos, pelos 
cristãos e pelos povos da modernidade? 
3) Exemplifique a “coisificação” da natureza na modernidade. 
4) Apresente os argumentos teóricos que fundamentam a “coisificação” da natureza. 
 
 
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UNIDADE 9 
Monoteísmo e Paganismo: o olhar sobre a natureza (II) 
Objetivo: Articular as ideias do abandono da natureza da vida da sociedade ocidental pela 
matriz religiosa. 
Continuação do estudo do texto de Cláudio Quintino (*). Após o estudo dirija-se a página da 
ESAB e faça os exercícios da lista 1. 
5) Comente o excesso de otimismo dos românticos em relação ao apego a natureza por 
parte dos gregos. 
6) Como se desenvolveu, na modernidade a teologia neopagã? E no que ela o culto a 
Deusa? 
7) Como o autor apresenta o resultado da oposição resgate ou necessidade na busca pelo 
feminino? 
8) Como hoje, na modernidade, o conflitoentre URBE VS PAGUS é resolvido? 
 
 1) O autor parece dirigir a reflexão final para o resgate do paganismo. 
Em que medida esta reflexão tem valor levando em conta, no ocidente, a presença do 
cristianismo e da pluralidade religiosa. 
2) Como o revigoramento das antigas práticas pagãs pode ajudar a humanidade na 
conexão com a terra? 
 
 
 
 
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UNIDADE 10 
O Ocidente moderno: o homem, a natureza e a cidade (I) 
Objetivo: Dando continuidade às duas útlimas unidades, esta e a próxima unidade abordarão 
os elementos constitutivos da formação do mundo moderno. A intenção é promover algumas 
reflexões acerca da constituição deste e a sua relação com natureza (assunto que já vem se 
desdobrando em nossos estudos). 
O primeiro fragmento (*) vai tratar da Renascença enquanto movimento fundador da 
modernidade. É estabelecida uma conexão entre as temáticas: Renascença, Deus e a Igreja 
– averiguando o lugar da natureza. 
Os renascentistas não eram ateus, mas suas ideias entravam constantemente em choque 
com as concepções dogmáticas da Igreja, sendo que passaram a abrir espaço para 
métodos que tratavam da realidade do mundo como a astrologia e a magia, sendo que 
pregavam a tolerância outro fator não considerado pela Igreja. O homem passa a modificar 
o modo de ligar-se a Deus, sendo que ocorre a crise das estruturas eclesiásticas, iniciando 
um processo de desclerização. A arte surge como representação dos sentimentos e prazer 
do homem, sendo que surgem valores profanos na arte religiosa. A arte e o artista passam 
a estar a serviço do homem, sendo que este no século XIV afasta-se da Igreja, dos padres 
e se divide entre a imitação a Cristo e a possessão ao mundo. Existe uma imprecisão 
sobre os dois lados, sendo que o dever do homem passa a ser olhar o mundo e sua 
diversidade, buscando entendê-lo para dominá-lo e classificá-lo. João Maria André (1987) 
frisa a passagem do “poder da magia” para “magia do poder”, quer mostrar que ao mesmo 
tempo em que o homem separa-se do poder da magia ele usa suas potencialidades 
através da transformação da magia, na descoberta e elaboração de novos códigos e 
visões. 
A síntese entre o homem e natureza somente é possível pelo conhecimento do homem de 
si mesmo como ser simultaneamente natural e social. Só é possível este procedimento 
 
 
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através do rompimento do homem com a visão centrada em Deus, com abertura do mundo 
e o encantamento do homem consigo mesmo. Sendo que a definição de poder do homem 
é a descoberta da potência e da força dele com relação à natureza, sendo que a 
idealização de uma nova vida é o homem como poder. 
O segundo fragmento (*) abordará, na sequência da modernidade, o papel de Maquiavel no 
desenvolvimento da concepção de cidade que norteará as diretrizes modernas na tomada 
reflexiva acerca da relação do homem com a cidade e a natureza (excluída). 
A presença de Maquiavel sobre as reflexões da possível periodização do Renascimento 
surgiu de algumas duvidas quanto às interpretações de O Príncipe. Hoje não e mais possível 
continuar associando Maquiavel ao absolutismo, não só porque ele próprio nunca se definiu 
como tal, mas também porque, sabe-se, ele era defensor da republica renascentista. 
As interpretações de O Príncipe levaram os leitores a acreditar que as palavras de 
Maquiavel, propunham ações radicais de violência, por conta de seu realismo político. Mas 
tudo isso faz parte da fortuna critica de Maquiavel onde suas obras nos despertam para o 
seu republicanismo. 
A obra de Maquiavel suscita dúvidas porque revela exatamente esse momento de crise por 
que passavam os valores da primeira Renascença: indicadas pela ironia da linguagem e 
pela ideia de que a história lida com a experiência moderna, dariam essas revelações a 
chave para manutenção do poder do homem diante da sua decadência. 
O príncipe remete à analise da competência do homem em se apresentar como eficiente e 
eficaz, tornando os problemas passíveis de serem elucidados pela calma e pela ponderação, 
pelo pensamento, pela reflexão. O homem transforma suas ações, não diferenciando o 
penar e o agir. Esse modo de agir define a vida ativa na Renascença. 
Para Maquiavel, só desse modo o homem manteria o controle sobre a natureza e se firmaria 
como centro do mundo. Esse raciocínio é retirado da hipótese de que ele está muito mais 
vinculado ao século XV e ao neoplatonismo; que ele sustenta a necessidade da liberdade 
pela experiência e manutenção dos ideais, a dignidade do homem. 
 
 
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UNIDADE 11 
O Ocidente moderno: o homem, a natureza e a cidade (II) 
Continuando a unidade anterior. 
O terceiro fragmento (*) tratará da formação da consciência do homem moderno. 
O que caracteriza o homem moderno é a preocupação que ele tem consigo mesmo, ao 
contrário do pensamento medieval, os quais eram centrados em Deus. Porém isso não 
significa dizer que o homem moderno era menos religioso. O homem apesar de desejar seu 
livre arbítrio preocupa-se com seu destino perante Deus. 
Três questões atormentam o homem moderno no seu processo de autoconhecimento, são 
elas: a dignidade do homem, a imortalidade da alma e a unidade da cidade. 
O Renascimento é dividido em dois momentos: o primeiro ocorreu nos séculos XIV e XV, que 
junto ao modelo republicano expressa a liberdade e autonomia, além disso, o desejo por uma 
região mais urbana do que rural é o que mais caracteriza a identidade moderna. Nesse 
modelo de Renascimento o homem era a referência de todas as coisas. 
No séc. XVI ocorre o segundo Renascimento, o qual é praticamente o oposto do primeiro, 
pois a liberdade e a autonomia que eram consideradas como direitos individuais agora são 
atribuídas ao Estado, sendo assim não são mais admitidas singularidades, mas sim um 
modelo padrão, sendo o Estado o ditador da ordem. 
“No lugar da cidade republicana, o Estado Aristocrata”. 
Para a igreja o Renascimento não era algo positivo, por isso o Papado tornou-se o 
controlador dos textos organizados em várias bibliotecas do Vaticano, limitando assim os 
textos das escrituras por um modelo de fé e vida que a igreja decidia ser a correta. 
 
 
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O Renascimento acontece pela contemplação do que está ao redor de si. Pela maneira que 
o homem vê a cidade e passa, aos poucos, a ser sujeito na vida urbana. 
 
 
 
 EXERCÍCIO DAS UNIDADES 10 E 11 
Elabore uma síntese dos tópicos apresentados na unidade anterior. Respondendo as 
seguintes questões: 
Como o 
renascimento 
elabora a síntese 
entre o homem e a 
natureza? 
Como Maquiavel teoriza o controle 
que o homem deve manter sobre a 
natureza para se afirmar como 
centro do mundo? 
Explique a 
preocupação 
moderna do homem 
consigo mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua SALA DE 
AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 12 
A natureza na cidade: temas para fóruns (I) 
Objetivo: Promover a produção de textos e a discussão de alguns tópicos sobre a 
apropriação da natureza no plano da fantasia mercadológica por parte da cidade. 
Nesta e na unidade que segue você deverá escolher um fragmento do texto de Wendel 
Henrique (*) e dar continuidade à ideia lançada por ele produzindo um texto. Este texto, que 
deve ser feito em cinco parágrafos deve ser anexado na página do Fórum da Escola 
Superior. 
Bom trabalho! 
 
Fragmento 1: 
Os séculos XIX e XX marcam, diferenciadamente, através da produção, das técnicas, das 
indústrias e mesmo da cultura, a incorporação da natureza à vida social. O grande avanço 
tecnológico permite à sociedade ser capazde mudar algumas características essenciais 
da natureza, colocando-a cada vez mais imbricada com o homem, incorporando-a cada 
vez mais ao espaço geográfico, entendido como produto social. A modificação do mundo 
natural em território humano, legitimada pelas necessidades, requerimentos, desejos e 
esperanças dos homens, pode ser vista tanto como um projeto de emancipação coletiva, 
como pela realização do conforto na vida individual. O avanço técnico transforma a 
Natureza em algo cada vez mais social do que natural, onde o processo histórico-social 
passa a controlar, incorporar e produzir naturezas, imbuídas de qualidades humanas. 
 
 
 
 
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Fragmento 2: 
Na sociedade ocidental, objetos ou mercadorias, são e servem de mediação entre o homem 
e a natureza. Nesta virtualização da natureza, objetos/mercadorias passam pelo creme 
dental com sabor natural; pelo protetor de tela do computador com suas árvores de folhas 
vermelhas ou os peixinhos nadando; pelos lugares turísticos, onde se pode passear por 
praias desertas ou pelas trilhas ecológicas na mata; e pelos condomínios de alto padrão nas 
cidades. 
 
Fragmento 3: 
O período histórico atual também mostra claramente a construção cultural da natureza e 
como as concepções sobre a natureza estão intimamente ligadas à vida cotidiana 
urbana. Assim, na materialidade que é apresentada nos dias atuais, as grandes cidades 
acentuam o papel da ação humana na definição dos conteúdos e limites da natureza, 
sua valoração, valorização e conservação. 
 
 
Reprodução 
 
 
 
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UNIDADE 13 
A natureza na cidade: temas para fóruns (II) 
Continuidade da atividade anterior. 
Fragmento 4 (*): 
Se num primeiro momento, a natureza na cidade apresentava-se somente como um 
elemento estético dado, o qual era característico do sítio urbano, agora irá ser altamente 
incorporada à vida econômica da cidade. Além disto, observa-se uma reaproximação ou 
um 'reencanto' do mundo urbano ocidental com a natureza, ou melhor, com uma ideia, um 
padrão de natureza. A natureza é retrabalhada sob a forma de uma segunda natureza, 
incorporada, produzida e vendida de acordo com as leis e objetivos de uma racionalidade 
instrumental capitalista, voltada para o lucro, a propriedade privada, sob os fetiches e 
sensibilidades dos agentes do mercado imobiliário. 
 
Fragmento 5 (*): 
O consumismo e o marketing natural tornam-se um hábito ou um estilo de vida e passam a 
ser o foco das relações capitalistas em todas as esferas da vida - da fábrica à moradia. 
Vende-se uma vida 'em harmonia' com a 'natureza'. 
 A qualidade do ar, as praças e os parques arborizados tornam-se objetos de consumo. 
A 'natureza verde', torna-se, devido a sua raridade em algumas cidades, artigo de luxo. 
Qualquer objeto associado a uma ideia de natureza torna-se sinônimo de qualidade de vida 
e viabiliza a apropriação de valores, através do aumento dos preços dos apartamentos, 
casas e edifícios. 
 Preservam-se, conservam-se e valorizam-se aqueles elementos que moral, estética ou 
 
 
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monetariamente são relevantes. Se em algum momento da história estes julgamentos foram 
feitos com um caráter subjetivo, nos dias atuais a definição de valores estéticos e 
monetários da natureza se dá num projeto extremamente objetivo e intencional, como o 
caso das incorporadoras e construtoras de condomínios de alto padrão em São Paulo. 
 Alguns empreendimentos imobiliários buscam vender um estilo de vida 'em harmonia 
com a natureza', como os que são batizados com nomes que remetem à natureza - 'Villa 
Natura', 'Anthurium', 'Raízes da Mata', entre muitos outros que, pelo seu caráter fixo no 
espaço tornam-se verdadeiros símbolos materiais destas características atuais, substituindo 
os de outrora, como a igreja, o paço municipal, o Fórum, a escola, etc. Isto pode ser 
observado em São Paulo/SP, e em áreas densamente ocupadas, que os agentes do 
mercado imobiliário muitos com capital estrangeiro - vendem como um produto vinculado a 
uma natureza primitiva. 
 
Fragmento 6 (*): 
Estes empreendimentos imobiliários buscam criar uma relação de proximidade, 
impregnar os empreendimentos imobiliários de um valor exclusivo e, até mesmo, de 
afetividade entre certos produtos e seus consumidores. Criam uma ideia de uma 
heterogeneidade e diferença, mas que concretamente e contraditoriamente representam 
uma padronização maciça, pois insere um padrão de símbolos de natureza 'natural' 
urbana, sempre verde. Uma natureza globalizada, que nos remete a um mundo 'mais' 
civilizado, refinado, elegante e sofisticado. 
Efetivamente, alguns empreendimentos de alto padrão apresentam reservas de 
'natureza' em suas áreas, mas este espaço permanece restrito aos moradores, 
enquanto, em áreas mais pobres das cidades, além da negação da natureza primeira, 
assiste-se a um banimento até da segunda natureza, como, por exemplo, na falta de 
áreas verdes. A natureza na cidade passa a ser privilégio apenas daqueles com poder 
aquisitivo para comprá-la, preservá-la ou produzi-la. 
 
 
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UNIDADE 14 
O controle da natureza na modernidade (I). 
Objetivo: Atentar para o controle na natureza corporal humana na modernidade. 
Escolhemos o texto que segue nesta unidade (que não cairá na avaliação) por ser um 
assunto curioso e que diz respeito a nossa forma de ser –no- mundo. Foi escrito pelos 
professores Dulce Suassuna; Jônatas Barros; Aldo Azevedo; Juarez Sampaio (*). Vamos ao 
fragmento: 
O discurso moderno: a natureza sob controle 
A modernidade representa o cenário que propaga o discurso por meio do qual os vínculos 
que sustentavam a relação corpo e natureza sofreram uma cisão. Com isto sugere-se que, 
no quadro moderno, houve um redimensionamento da relação homem-natureza. Com 
efeito, enquanto a natureza está atrelada à noção de espiritual e, por essa razão, tal 
noção foi, de certo modo, discutida apenas na transversalidade dos embates sociológicos 
travados entre pensadores sociais clássicos do século XIX, o corpo, que passa a ser visto 
durante o período moderno como algo profano, é o substrato de todas as reflexões 
científicas desde o século XVIII mais precisamente, considerado o Século das Luzes. 
No pano de fundo da reflexão encontra-se a busca incessante do homem pelo controle da 
natureza, buscando aperfeiçoar técnicas e máquinas com a finalidade de promover o 
desenvolvimento. O controle sobre a natureza apresentava como elemento basilar a razão 
instrumental, que se sustentou por meio da cisão entre corpo e espírito. A cisão tornou-se 
possível com fundamento no desmantelamento da estrutura feudal e, por conseguinte, 
com a desestruturação do poder da Igreja Católica, proporcionando uma reorientação na 
concepção de homem. Conforme Le Breton (2003) desde o século XVI, mais 
precisamente 1543, com a publicação do De humani corpori fabrica, houve um momento 
 
 
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de mudança na forma de pensar o homem e sua relação com o corpo, diz o autor: "Os 
anatomistas antes de Descartes e da filosofia mecanicista fundam um dualismo que é 
central na modernidade e não apenas na medicina, aquele que distingue, por um lado, o 
homem, por outro, seu corpo" (Le Breton, 2003, p. 18). 
Por meio da interpretação do autor, percebe-se que o projeto moderno teve seu matiz 
alinhavado na forma sistemática de encarar o homem, advinda da filosofia mecanicista e, 
portanto, de Descartes. Todavia, mais do que isso, a visão moderna recupera o modelo do 
corpo como máquina, que também é decorrente do pensamento de Descartes. Com efeito, 
segundo Le Breton (2003, p. 18), Descartes ao apresentar sua ideiade cogito "prolonga 
historicamente a dissociação implícita do homem com seu corpo despojado de valor 
próprio", entendendo-se com isso que o corpo é encarado como o invólucro mecânico que 
reveste a "essência" da natureza humana, o cogito. Por meio destas observações, 
percebe-se que o projeto moderno não só se fundamenta na dissociação do corpo e 
espírito, como também se incumbe de dividir o lado material - o corpo humano - entre 
essência (cogito) e aparência (corpo - parte externa). 
Trata-se, portanto, de refletir o que significou essa dissecação apresentada sobre o corpo, 
que trouxe consigo duas referências: corpo - cogito (mente) e corpo - espírito (alma). 
Assim, ao se debruçar sobre essa dupla referência percebe-se que ocorreu uma re-
significação do que é ser homem, que de uma forma ou de outra, implica uma visão 
dualista. Isto quer dizer que o projeto moderno dividiu o homem em duas partes desiguais, 
fazendo com que este homem, ao buscar a realização material, se situe na sociedade 
como um ser em busca do sentido de sua vida, na verdade, muitas vezes desacreditado 
ou mesmo desencantado. 
A compreensão do desencantamento do homem no cenário moderno contribui para o 
entendimento de sua relação com a natureza, à medida que a cisão corpo-espírito se 
sustenta numa relação analógica entre cultural e natural. A este respeito Goldblatt (1996) 
permite uma incursão na teoria social, por meio de uma releitura de autores clássicos, 
destacando-se aqui Habermas (1987). 
 
 
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Reprodução - violencia encuesta escolar - members.tripod.com 
 
 
 
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UNIDADE 15 
O controle da natureza na modernidade (II). 
Objetivo: Sistematizar o pensamento acerca do controle da natureza na modernidade. 
1) Sintetize a visão do controle da natureza discutida por Habermas e Merleau-Ponty (em 
tópicos). Para tal atividade solicito que você se dirija ao site seguinte no tópico sobre o 
controle da natureza: 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922005000100003&script=sci_arttext 
2) O artigo é de autoria dos professores: Dulce Suassuna; Jônatas Barros; Aldo Azevedo; 
Juarez Sampaio. 
 
Habermas Merleau-Ponty 
Na mesma página resgate o pensar de Marx, Weber e Durkheim sobre o controle da 
natureza (em tópicos): 
 
Marx Durkheim Weber 
 
 
 
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Reprodução 
 
 
 
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UNIDADE 16 
O surgimento do ambientalismo 
Objetivo: Apresentar o panorama e as discussões sobre o surgimento e desenvolvimento do 
ambientalismo. 
Trabalharemos esta unidade lançando alguns fragmentos que exporão: o nascimento, o 
crescimento e consolidação do ambientalismo. Os fragmentos são partes do texto que se 
encontra na íntegra no site acima (*). Veja as referências na Bibliografia. 
O Nascimento do ambientalismo. 
De acordo com Diegues (2000, p. 19) o nascimento da consciência ecológica se dá através 
da noção de valorização da vida selvagem/natural, conhecidos nos EUA pela expressão 
“wilderness” 1[31]. Desse movimento decorre a criação do primeiro parque nacional do 
mundo, na América do Norte, o Yellowstone 2[32]. Esse movimento preservacionista 
atendia também o desejo inconsciente da busca de um paraíso perdido (campo idílico) 
pelos trabalhadores alienados no processo de produção taylorista e fordista, de acordo com 
DIEGUES (2000, p. 11). 
 
O crescimento do ambientalismo. 
A partir dos anos sessenta, uma nova etapa se inicia. Os valores ambientalistas são 
incorporados num contexto mais geral de insatisfação com o “status-quo” vigente, a partir 
da perspectiva exposta por Fuks (2001, p.16), segundo esta, 
 
 
 
 
 
 
 
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“a proteção do mundo natural, a luta pela paz e o culto à espiritualidade estão em sintonia 
com o universo de “novos valores” e práticas de grupos de jovens, especialmente nos 
EUA e na Europa Ocidental, o qual se manifestou a partir da década de 1960. Daí a força 
da associação entre ambientalismo e utopia, fundada na oposição a ideias, valores e 
práticas dominantes na sociedade urbano-industrial, que influenciou decisivamente a 
trajetória deste movimento, fazendo-se presente em algumas de suas vertentes, no perfil 
de parte dos militantes, e na própria compreensão acadêmica do fenômeno”. 
 
A consolidação do ambientalismo. 
Em resumo, da década de 60 a 80 a questão ambiental tornou-se uma preocupação global. 
Ao longo do tempo, cristalizaram-se duas abordagens do meio ambiente como problema 
social. 
A primeira, a predominante, enxerga a atuação nas questões ambientais como uma resposta 
direta à degradação do meio ambiente. “Supõem, portanto, que os fenômenos sociais 
vinculados a questão ambiental devem ser entendidos a luz das condições objetivas que os 
geraram”. (FUKS, 2001, p.16) 
A segunda abordagem desloca o foco de atenção das condições objetivas para a 
subjetividade. Consequentemente, como pretende Fuks (2001, p.17), 
“O processo social de construção do meio ambiente como problema social. De certa forma, a 
questão é menos de ordem epistemológica do que metodológica. Como, por exemplo, 
investigar problemas ambientais, considerando que a sua enunciação torna-se objeto de 
disputa em vários fóruns? Ou seja, problemas ambientais não se automaterializam eles só se 
tornam públicos à medida que são veiculados por indivíduos ou grupos. Estes atores que 
participam das arenas de disputa em torno da definição de assuntos públicos não podem ser 
considerados meros narradores do estado do meio ambiente”. 
 
 
 
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UNIDADE 17 
O surgimento do Ambientalismo no Brasil 
Objetivo: Apresentar o panorama e as discussões sobre o surgimento e desenvolvimento do 
ambientalismo no Brasil. 
Faremos um estudo dirigido com o auxílio do texto abaixo (*). As referências se encontram 
na página BIBLIOGRAFIA. Vamos ao texto: 
À primeira vista, o ideal ambientalista no Brasil estaria nos marcos da tese “pós-materialista”, 
ou seja, seria uma preocupação dos estratos mais abastados de nossa sociedade. Essa 
percepção seria reforçada pela má-distribuição de renda no Brasil. De um lado, temos uma 
parcela da população inserida na sociedade de consumo, com tamanho e poder aquisitivo 
equivalente à Bélgica e, do outro lado, a grande maioria formada pelos excluídos da 
sociedade de consumo, cujo nível de vida é equivalente aos pobres da Índia. O economista 
Edmar Bacha, ex-presidente do IBGE, criou a expressão Belíndia para sintetizar esse 
paradoxo. Essa metáfora é um resumo da contradição brasileira. 
Em desacordo com a tese “pós-materialista” observamos que no Brasil, as preocupações 
ecológicas não são exclusivas de um setor de classe média urbana e instruída. Os valores 
ecológicos são da sociedade, como um todo, independente da inserção no mundo do 
consumo 3[33] . Como hipótese plausível, nesse caso, lembra que o imaginário popular 
brasileiro tem um universo simbólico “pré-materialista” que valoriza o meio ambiente, 
sedimentado nas práticas e simbolismos religiosos 4[34]. 
 Na medida em que os valores ecológicos têm larga aceitação em nossa sociedade, o 
 
 
 
 
 
 
 
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conceito ecológico toma dimensões mais amplas. Até a versão mais radical do 
ambientalismo que coloca o meio ambiente frente ao conforto material, tem larga aceitação 
em nosso país 5[35] . 
Esse fenômeno é resumido no conceito apresentado por Fuks (2001, p. 21) e cunhado pelo 
cientista social Eduardo Viola (1992) como “ambientalismo multissetorial”. 
Este conceito expressa a mais

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